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<p>LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA</p><p>Me. Luciana Lobo</p><p>GUIA DA</p><p>DISCIPLINA</p><p>1 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>1. BASES DO DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>Objetivos:</p><p> Identificar as diferenças entre o direito, a moral e a religião;</p><p> Apresentar o conceito do Direito Tributário;</p><p> Analisar as fontes do Direito Tributário.</p><p>Palavras-Chave: Direito Tributário; Conceito; Fontes.</p><p>Certamente você deve, como eu, se irritar com a quantidade de</p><p>tributos que pagamos no Brasil. Contudo, vamos tentar dissociar esta</p><p>má impressão que temos dos tributos do estudo que vamos iniciar.</p><p>Em outras palavras, vamos tentar esquecer no transcorrer do</p><p>nosso curso que pagamos eventualmente tributos demais, ou que este</p><p>dinheiro não é usado de maneira adequada, para, assim, focar nas</p><p>suas qualidades e características importantes na nossa vida</p><p>profissional.</p><p>Vamos lá!</p><p>1.1. Conceito e características do Direito</p><p>Olá, vamos começar nosso curso, repletos de disposição e abertos para novas</p><p>experiências.</p><p>Conto com você!</p><p>Nosso curso primeiramente irá analisar o direito como um todo, para depois focar no</p><p>Direito Tributário em si, verificando suas características. Ademais, iremos verificar a</p><p>incidência do Direito Tributário junto à Constituição Federal.</p><p>O homem é um ser social dotado de duas características básicas: a sociabilidade e</p><p>a politicidade. Contudo, ao se inserir no seio da sociedade, interagindo com os demais,</p><p>2 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>surgem conflitos. Antecipo que esses conflitos são dirimidos por normas religiosas, normas</p><p>de trato moral e normas de direito.</p><p>A sociabilidade revela-se pelo impulso que o homem tem de viver junto de seu</p><p>semelhante, trocando experiências, emoções e comunicando-se. Já a politicidade envolve</p><p>as várias relações que os homens mantém entre si, por integrarem a mesma comunidade.</p><p>E na medida em que o homem se integra em grupos vai assumindo papéis e</p><p>responsabilidades perante o próximo e perante a comunidade como um todo. Revela-se,</p><p>então, o ser político que ele é, e, consequentemente, passa a ser titular de direitos e</p><p>obrigações.</p><p>Conforme acima dito, como titular de diretos e obrigações e atuando na sociedade</p><p>de forma política surgem os conflitos. Estes podem ser solucionados, antes mesmo da</p><p>aplicação propriamente dita do direito (leis), através da aplicação de regras de moral,</p><p>religião e trato social.</p><p>Logo, inúmeros conflitos sociais não chegam ao judiciário em decorrência de uma</p><p>postura moral, ou devido a um comportamento religioso, que acabam por solucionar a lide.</p><p>Ao analisar as características do direito, da moral e da religião, verificamos</p><p>diferenças pontuais, pois enquanto no direito temos a heteronomia, bilateralidade e a</p><p>coercibilidade, na moral e na religião denota-se a presença da autonomia, unilateralidade</p><p>e incoercibilidade.</p><p>Diante da heteronomia, cabe consignar que a pessoa deve cumprir uma norma legal</p><p>mesmo que discorde dela, e caso não o faça poderá ser forçado a fazê-lo. Ademais, para</p><p>a lei, enquanto uma pessoa ostente direitos, outra, certamente, apresenta obrigações, posto</p><p>que bilateral. Por exemplo, se uma pessoa reside em um condomínio, diante das</p><p>determinações legais, essa tem o dever de pagar as despesas condominiais, queira ou não</p><p>queira, ache justo ou não, pois assim determinam as regras de direito. Caso não o faça,</p><p>poderá o condomínio ingressar em juízo obrigando o cumprimento desse dever.</p><p>Por outro lado, o cumprimento de uma regra moral ou religiosa somente se dá se a</p><p>pessoa estiver agindo de acordo com sua vontade, isto é, aquilo que acredita e tem a</p><p>3 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>intenção de fazer. Ademais, diante da incoercibilidade, característica inerente desses</p><p>institutos, se uma regra moral ou religiosa não for cumprida as demais pessoas não podem</p><p>obrigar sua realização.</p><p>Passando a analisar o direito em si, cabe colocar que todas as regras disciplinadoras</p><p>da vida em sociedade recebem o nome de Direito.</p><p>Ex. direito à felicidade, direito à vida digna, direito de ser respeitado em seu ambiente</p><p>de trabalho, etc.</p><p>A finalidade primária do direito é realizar e regular as relações humanas, buscando</p><p>a paz e a prosperidade no meio social, impedindo e reprimindo a desordem, os crimes. Sem</p><p>o Direito imperaria a lei do mais “forte”, do medo.</p><p>O Direito e a força são dois pontos que se encontram ligados, porém a forma como</p><p>se dá essa ligação apresenta diversas vertentes. Sobre o tema há, principalmente, três</p><p>correntes de pensamentos:</p><p> Uma primeira linha de pensamento sustenta haver incompatibilidade entre direito</p><p>e força, da mesma forma que não há conciliação entre moral e força, pois</p><p>entende que as pessoas voluntariamente cumprem suas obrigações. Essa teoria</p><p>idealiza o mundo jurídico, desconsiderando o que ocorre na realidade social.</p><p>Seria realmente uma vitória se todas as pessoas voluntariamente cumprissem</p><p>com suas obrigações. Mas sabemos que isso está longe de ser nossa realidade</p><p>social;</p><p> Diametralmente oposta, de acordo com 1Miguel Reale, temos a teoria que vê no</p><p>Direito uma expressão da força. L hering, seu idealizador, defende que o Direito</p><p>se reduz à fórmula NORMA+COAÇÃO. Para seus adeptos, esclarece o jurista,</p><p>o Direito é uma ordenação coercitiva da conduta humana (p. 47).</p><p>A crítica maior que se faz a esta corrente está ligada ao fato de que várias pessoas</p><p>cumprem voluntariamente as normas, independentemente de qualquer aplicação de</p><p>coação/força;</p><p>1 Reale, Miguel. Lições Preliminares de Direito - 27ª Ed. 2002, Saraiva.</p><p>4 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p> Para uma terceira corrente o Direito é a ordenação coercível da conduta humana.</p><p>Segundo Miguel Reale a diferença em relação à corrente anterior reside no fato</p><p>de que para os primeiros a força está sempre presente no mundo jurídico,</p><p>enquanto que para os últimos, a coação no Direito é meramente potencial. É</p><p>denominada Teoria da Coercibilidade.</p><p>Essa é certamente a teoria em vigor, pois a princípio as pessoas cumprirem com</p><p>suas obrigações. E apenas para a parcela que deixa de agir de acordo com a lei, o Direito</p><p>tem a possibilidade de aplicar a força, dentro dos ditames da lei.</p><p>Diante disso, o fato é que temos o dever de cumprir a lei, não podendo alegar</p><p>ignorância ou desconhecimento. Logo, podemos até lutar pela mudança, mas enquanto a</p><p>norma não for revogada ou modificada, devemos cumpri-la.</p><p>Da exposição acima, conclui-se que o DIREITO É UMA ORDENAÇÃO</p><p>HETERÔNOMA E COERCÍVEL DA CONDUTA HUMANA. (Lições Preliminares de Direito,</p><p>p.48/9).</p><p>Ademais, podemos concluir que as normas de direito possuem uma estrutura</p><p>IMPERATIVO-ATRIBUTIVA, pois ao mesmo tempo que impõem um DEVER jurídico a</p><p>alguém, atribuem um PODER ou DIREITO subjetivo a outrem. Daí, porque se diz que a</p><p>cada direito corresponde um dever. Por exemplo, se o trabalhador possui direitos, o</p><p>empregador possui deveres.</p><p>1.2. Conceito de Direito Tributário e suas fontes.</p><p>O Direito Tributário é considerado um importantíssimo ramo do direito, tendo em vista</p><p>sua relevância para a manutenção da máquina administrativa, pois o Estado necessita de</p><p>recursos para propiciar à coletividade o bem-estar geral, proporcionado saúde, educação,</p><p>segurança pública, dentre outros pontos indispensáveis a manutenção da vida em</p><p>sociedade. Esses recursos, como veremos adiante, tem como origem principal os tributos.</p><p>Cabe consignar, de plano, que o Direito Tributário faz parte do ramo do direito</p><p>público, posto que, ao regular os direitos e deveres do cidadão perante o Estado, visa</p><p>atender os interesses da sociedade de um modo geral. Apenas com o intuito de</p><p>5 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa</p><p>tributante a majorar paulatinamente</p><p>a alíquota destes tributos.</p><p>Há dois tipos de progressividade: a fiscal, na qual para o aumento progressivo das</p><p>alíquotas importa apenas o valor da base de cálculo, de modo que o imposto é calculado</p><p>em faixas de incidência, tanto maior quanto maior for à base de cálculo.</p><p>36 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Esta progressividade se dá nos casos do IR e numa das hipóteses do IPTU após a</p><p>emenda constitucional nº 29.</p><p>Ao analisar a tabela do IR percebe-se que há no Brasil 3 (três) faixas de incidência,</p><p>uma inicial isenta, uma alíquota de 15% e outra de 27,5%, sendo que em cada uma se</p><p>deduz o volume já atingido pela faixa anterior.</p><p>A outra progressividade é a extrafiscal, modalidade na qual o aumento progressivo</p><p>das alíquotas não se dá em relação ao valor da base de cálculo e sim por conta de fatores</p><p>não essencialmente tributários, normalmente vinculados a alguma política pública como a</p><p>política urbana e a função social da propriedade e a política agrária. Em resumo, esta</p><p>progressividade autoriza o poder tributante a impor a alíquota maior como se fosse uma</p><p>penalidade ao contribuinte por ter ele infringido alguma norma não tributária, como por</p><p>exemplo, manter terreno não edificado ou área rural improdutiva. É o caso dos artigos 153,</p><p>§ 4º e 182, § 4º, da CF.</p><p> Princípio da Não-cumulatividade – Este princípio antigamente era afeto apenas</p><p>ao ICMS e ao IPI, contudo, hoje também se estende a algumas contribuições</p><p>como a COFINS e o PIS e pelo qual se permite abater do montante de imposto</p><p>devido pelo contribuinte na sua operação o valor de imposto incidente na</p><p>operação anterior (e não necessariamente que tenha sido pago), de maneira que</p><p>o imposto sempre recairá sobre o valor agregado à mercadoria pelo contribuinte.</p><p>Desta forma, ao adquirir uma mercadoria ou insumo o adquirente se credita do valor</p><p>acrescido à mercadoria, mas pago pelo comerciante ou industrial anterior. E ao vender a</p><p>mercadoria ele debita do valor do imposto devido de sorte que o saldo será a diferença</p><p>entre o débito e o crédito.</p><p>Nesse sentido temos a lição do ilustre professor Ricardo Alexandre8:</p><p>“A não cumulatividade é técnica que tem por objetivo limitar a incidência tributária</p><p>nas cadeias de produção e circulação mais extensas, fazendo com que, a cada</p><p>etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa.</p><p>8 Direito Tributário Esquematizado / Ricardo Alexandre. – 9 ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,</p><p>2015. Pág. 51.</p><p>37 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Assim, ao final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior</p><p>alíquota, multiplicado pelo valor final da mercadoria. ”</p><p>Em se tratando de ICMS, a título de exemplo, cabe colocar que quando uma</p><p>mercadoria é fornecida a R$ 200,00 (duzentos reais), incidirá aqui o imposto sobre a</p><p>totalidade do montante. E se esta mesma mercadoria é revendida por R$ 250,00 (duzentos</p><p>e cinquenta reais), incidirá novamente o ICMS sobre esse valor, até chegar ao destinatário</p><p>final.</p><p>Pois bem, conforme o exemplo acima citado, o segundo alienante da mercadoria de</p><p>R$ 250,00 terá direito à compensação do crédito, vez que o primeiro alienante pagou</p><p>também o ICMS.</p><p> Princípio da Seletividade – Constitui um notável exemplo de extrafiscalidade, de</p><p>modo a selecionar os bens de consumo mais ou menos essencial ao cidadão. A</p><p>Constituição Federal estabelece a observância do princípio da seletividade em</p><p>dois impostos: o IPI (art. 153, §3º, I) e o ICMS (art. 155, §2º, III).</p><p>Na verdade, esse princípio é afeto ao IPI e ao ICMS, porém, a jurisprudência também</p><p>o estende ao PIS e COFINS, permitindo que se estabeleça tratamento diferenciado para</p><p>certos produtos em função de critérios de essencialidade fixados em lei, de sorte que um</p><p>gênero alimentício de primeira necessidade pode sofrer incidência privilegiada em relação</p><p>ao outro gênero não essencial.</p><p>Nesse contexto, a Justiça Federal de São Paulo proferiu uma importante decisão</p><p>relativa a não cumulativa/seletividade do PIS/COFINS. Por esta, as empresas do setor</p><p>editorial foram beneficiadas com uma inédita sentença judicial da 25ª Vara da Justiça</p><p>Federal de São Paulo, que ampliou o conceito de insumos para as contribuições sociais</p><p>destacadas.</p><p>A mencionada decisão reconhece direito creditório para as editoras, cuja atividade</p><p>econômica depende essencialmente da aquisição de direitos autorais para obter o resultado</p><p>econômico faturamento.</p><p>http://www.direitoeleis.com.br/index.php?title=Extrafiscalidade&action=edit&redlink=1</p><p>http://www.direitoeleis.com.br/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal</p><p>http://www.direitoeleis.com.br/index.php?title=IPI&action=edit&redlink=1</p><p>http://www.direitoeleis.com.br/ICMS</p><p>38 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Entendeu o Juízo que os gastos ou as despesas sofridas pela editora na compra de</p><p>direitos autorais, geram o direito de apropriar-se dos créditos de PIS e COFINS não</p><p>cumulativos. Desta forma, foi reconhecido o direito da editora de recuperar os pagamentos</p><p>indevidos a maior a título de PIS e da COFINS, vez que, aquisição de direitos autorais cria</p><p>o direito de desconto de 9,25% sobre os gastos com estes insumos diante das pessoas</p><p>jurídicas que comercializam o direito autoral.</p><p>Esse mecanismo é realizado na contabilidade do contribuinte, através do crédito</p><p>pelas mercadorias adquiridas (o valor a se creditar vem na Nota Fiscal emitida pelo</p><p>vendedor e que acompanha a mercadoria) e, posteriormente, pelo débito do imposto devido</p><p>na operação de venda do contribuinte (este valor a ser debitar é aquele que consta da Nota</p><p>Fiscal de saída e que acompanha a mercadoria quando da venda).</p><p>O direito autoral foi reconhecimento como insumo para as editoras, bem como a</p><p>recuperação dos pagamentos realizados indevidamente a maior dos últimos cinco anos.</p><p>Assim, a União Federal foi obrigada a devolver ao contribuinte os recolhimentos efetivados</p><p>dentro deste período 5 (cinco) anos, devidamente atualizados pela taxa SELIC.</p><p>Na verdade, se entendeu que os gastos financeiros para a aquisição das obras</p><p>literárias devem ser entendidos como um custo intrinsecamente ligado à criação da obra</p><p>literária para a editora, ou seja, um insumo pertinente à sua cadeia produtiva, ligados à sua</p><p>atividade fim.</p><p>O juiz acolheu o pedido da editora com base ao princípio da não-cumulatividade das</p><p>contribuições do PIS e da COFINS estampados no artigo 3º da lei 10.637/02 e 10.833/03,</p><p>considerando o aproveitamento aos créditos previstos pela própria legislação.</p><p>Resumo do Módulo</p><p>Caro aluno, para apresentar o resumo deste módulo, entendemos por bem</p><p>apresentar novos exemplos sobre os princípios supra ressaltados.</p><p>Vamos lá!</p><p>1º exemplo: Não cumulatividade</p><p>39 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>2º exemplo: Progressividade</p><p>40 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>6. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar as imunidades tributárias;</p><p> Verificar as consequências dessas imunidades;</p><p> Verificar as diferenças entre imunidade e isenção.</p><p>Palavras-Chave: Imunidade; Consequências; Diferenças.</p><p>Caro aluno!</p><p>Vamos iniciar mais essa aula tratando de um assunto de extrema relevância para os</p><p>cofres públicos e, consequentemente, para a sociedade.</p><p>Conto com seu empenho de sempre.</p><p>Vamos lá estudar as imunidades!</p><p>As imunidades são normas constitucionais que impedem o nascimento da lei</p><p>tributária que descreva os fatos arrolados por elas.</p><p>O ilustre Doutrinador Paulo de Barros Carvalho conceitua imunidade nos seguintes</p><p>termos9:</p><p>“A classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas</p><p>no texto</p><p>da Constituição Federal, que estabelecem de modo expresso a incompetência das</p><p>pessoas políticas de direito interno, para expedir regras instituidores de tributos que</p><p>alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas. ”</p><p>Trazendo o caso legal para o nosso cotidiano podemos dizer que quando se afirma</p><p>que uma determinada pessoa está imune a certa doença se entende que ela está protegida</p><p>contra esta moléstia, ou seja, que não corre o risco de vir a contrai-la. Desta forma, fazendo</p><p>um paralelo com a imunidade tributária, quando falamos que determinada situação está</p><p>imune, estamos a dizer que está protegida contra o poder de tributar do Estado, não está</p><p>correndo risco de ser tributada.</p><p>9 Curso de Direito Tributário - 28ª Ed. 2017</p><p>https://www.saraiva.com.br/curso-de-direito-tributario-28-ed-2017-9415225.html</p><p>41 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Cabe ressaltar que ao anal alisar a conceituação desse instituto encontramos muitos</p><p>doutrinadores que definem a imunidade como não incidência constitucionalmente</p><p>qualificada. E o que significa isso?</p><p>Vamos por partes:</p><p> Não incidência – significa que determinada situação se coloca fora da incidência</p><p>de uma regra de tributação.</p><p> Constitucionalmente – isso se dá pelo fato de que as hipóteses de imunidade</p><p>estão previstas exclusivamente no texto constitucional.</p><p> Qualificada – isso se dá porque na imunidade temos uma previsão expressa</p><p>(positiva) de hipótese de não-incidência.</p><p>Obs. Na circunstância de não-incidência simples a situação deixa de ser</p><p>definida como hipótese de incidência ou o ente político deixar de exercer a</p><p>competência atribuída pela Constituição Federal (negativa) simplesmente.</p><p>Logo, tem-se a imunidade quando determinado fato é tido pela Constituição como</p><p>protegido contra a incidência tributária, devendo o legislador ordinário que respeitar essa</p><p>limitação.</p><p>As imunidades somente se dirigem aos impostos e não aos demais tributos.</p><p> Espécies de imunidades tributárias: Estão previstas no artigo 150, inciso VI, da</p><p>Constituição Federal. São elas:</p><p>42 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>I. Imunidade recíproca – esta protege os entes políticos entre si, estendendo-</p><p>se às autarquias e fundações públicas, com relação às finalidades essenciais</p><p>delas. (Art. 150 VI letra à). Por esta imunidade um ente estatal não pode</p><p>instituir um imposto sobre outro ente estatal relacionado ao patrimônio, a</p><p>renda ou serviços, uns dos outros.</p><p>Cabe lembrar que apenas os impostos estão abrangidos por esta imunidade,</p><p>podendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cobrarem as demais</p><p>espécies tributárias uns dos outros.</p><p>Exemplo: se o estado do Paraná comprar um terreno para construção de uma</p><p>creche, o Município onde se situa o terreno não poderá cobrar IPTU ou ITBI daquela área.</p><p>Ao contrário, se uma autarquia estadual, por exemplo, o DETRAN, comprar uma área para</p><p>a construção de uma creche para os filhos dos seus funcionários, estará sujeito ao</p><p>pagamento do IPTU e ITBI, pois esta não é a finalidade essencial do órgão.</p><p>Com relação às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, a</p><p>imunidade recíproca também foi reconhecida pela Corte Suprema em AC 1550, Rel. Min.</p><p>Gilmar Mendes, consignada em informativo de n° 456, trazemos à colação parte do voto do</p><p>Ministro Relator:</p><p>“...Conforme atestam os documentos juntados aos autos, a Companhia de Águas e</p><p>Esgotos do Estado de Rondônia – CAERD é sociedade de economia mista</p><p>prestadora do serviço público obrigatório de saneamento básico (abastecimento de</p><p>água e esgotos sanitários) e, portanto, de acordo com a jurisprudência deste</p><p>Tribunal, está abrangida pela imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, “a”,</p><p>da Constituição. Outro não foi o entendimento esposado pelo voto vencido no</p><p>acórdão impugnado pelo recurso extraordinário (fls. 131-140): “Nitidamente,</p><p>constata-se que de atividade econômica, estrito sensu, nada possui a CAERD,</p><p>porquanto está a cargo de cumprir, como acentua sua lei de instituição, as metas</p><p>das políticas de saneamento do Poder Público (...) Inegavelmente se trata de um</p><p>manus público-estatal para cumprimento de mais uma atividade-obrigação do</p><p>Estado, qual seja, o saneamento básico. (...) É de observar que a apelante,</p><p>efetivamente, é prestadora de serviço público obrigatório, não podendo ser</p><p>comparada às empresas privadas, devendo, portanto, ser beneficiada pela</p><p>imunidade tributária. ” (fls. 137-138)...” Fonte:</p><p>(http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(1550.PRO</p><p>C.)&base=baseInformativo)</p><p>Em suma, a imunidade recíproca alcança os entes políticos (União, Estados, Distrito</p><p>Federal e Municípios), as autarquias e fundações públicas (com relação as finalidades</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(1550.PROC.)&base=baseInformativo</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(1550.PROC.)&base=baseInformativo</p><p>43 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>essenciais delas), bem como as sociedades de economia mista e empresas públicas,</p><p>quando prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória pelo Estado.</p><p>II. Imunidade dos templos – se encontra previsto no artigo 150, VI, b, da CF,</p><p>protegendo os templos de qualquer religião da cobrança de impostos</p><p>relacionados ao patrimônio, renda ou serviços. Esta veda à União, Estados,</p><p>Distrito Federal e Municípios instituir impostos sobre templos de qualquer</p><p>culto, posto que vivemos em um país constitucionalmente reconhecido como</p><p>laico. Cabe consignar que a presente imunidade tem por base a proteção da</p><p>liberdade religiosa prescrita no art. 5°, inciso VI da Carta Magna.</p><p>Entretanto cabe ressaltar que essa imunidade apenas se estende o patrimônio, a</p><p>renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das instituições religiosas.</p><p>Nesse diapasão tem-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal, consubstanciado no</p><p>RE 325.822-SP, e publicado no informativo n° 295:</p><p>“INFORMATIVO Nº 295 TÍTULO Imunidade Tributária de Templos PROCESSO RE</p><p>- 325822 ARTIGO A imunidade tributária concedida aos templos de qualquer culto</p><p>prevista no art. 150, VI, b e § 4º, da CF, abrange o patrimônio, a renda e os serviços</p><p>relacionados com as finalidades essenciais das instituições religiosas (CF, art. 150:</p><p>"Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,</p><p>aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI - instituir impostos sobre: ...</p><p>b) templos de qualquer culto. ... § 4º As vedações expressas nos incisos VI, alíneas</p><p>b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com</p><p>as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas"). Com esse</p><p>entendimento, o Tribunal, por maioria, conheceu de recurso extraordinário e o</p><p>proveu para, assentando a imunidade, reformar acórdão do Tribunal de Justiça do</p><p>Estado de São Paulo que, à exceção dos templos em que são realizadas as</p><p>celebrações religiosas e das dependências que servem diretamente a estes fins,</p><p>entendera legítima a cobrança de IPTU relativamente a lotes vagos e prédios</p><p>comerciais de entidade religiosa. Vencidos os Ministros Ilmar Galvão, relator, Ellen</p><p>Gracie, Carlos Velloso e Sepúlveda Pertence, que, numa interpretação sistemática</p><p>da CF à vista de seu art. 19, que veda ao Estado a subvenção a cultos religiosos ou</p><p>igrejas, mantinham o acórdão recorrido que restringia a imunidade tributária das</p><p>instituições religiosas, por conciliar o valor constitucional que se busca proteger, que</p><p>é a liberdade de culto, com o princípio da neutralidade confessional do Estado laico.</p><p>RE 325.822-SP, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,</p><p>18.12.2002. (RE-325822)”</p><p>Fonte:</p><p>(http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(325822.PR</p><p>OC.)&base=baseInformativo).</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(325822.PROC.)&base=baseInformativo)</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(325822.PROC.)&base=baseInformativo)</p><p>44 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>III. Imunidade dos sindicatos, partidos políticos, associações de educação e</p><p>filantrópicas sem fins lucrativos – para ter direito à imunidade devem ser</p><p>cumpridos os seguintes requisitos:</p><p>a. Não distribuir o lucro entre associados, gerentes, etc.;</p><p>b. Reinvestir na sociedade; e</p><p>c. Manter em dia a escrita fiscal (art. 150, VI, c).</p><p>Ou seja, o art. 150 VI, “a” da Constituição Federal veda à União, Estados, Distrito</p><p>Federal e Municípios a instituição de impostos sobre o “patrimônio, renda ou serviços dos</p><p>partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das</p><p>instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos</p><p>da lei. ”</p><p>Esta vedação ao direito de tributar do Estado tem como escopo a necessidade de</p><p>preservar os instrumentos asseguradores da Democracia (art. 1°, V da CF), na liberdade</p><p>de associação sindical (art. 8° da CF) e no fomento de iniciativas de caráter social (art. 6°</p><p>da CF).</p><p>Resumidamente, essa vedação se refere a três casos:</p><p> Partidos políticos e suas fundações - no que tange os partidos políticos é</p><p>imprescindível, para que se tornar beneficiário da imunidade, o seu registro no</p><p>Tribunal Superior Eleitoral – TSE, adquirindo personalidade jurídica;</p><p> Entidades sindicais dos trabalhadores - apenas as entidades sindicais dos</p><p>empregados é que são beneficiárias desta imunidade, não se estendendo às dos</p><p>empregadores;</p><p> Instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos – cabe colocar</p><p>que a questão relativa à ausência dos fins lucrativos se dirige apenas a este item,</p><p>pois as Entidades Sindicais dos Trabalhadores e os Partidos Políticos e suas</p><p>fundações já são, por essência, sem fins lucrativos. As instituições educacionais,</p><p>além de não ostentarem fins lucrativos, também devem aplicar todos os seus</p><p>recursos no Brasil e manter escrituração de suas receitas e despesas em livros,</p><p>de acordo com a lei.</p><p>45 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Cabe lembrar, por fim, que essa imunidade também não é irrestrita, apenas</p><p>abrangendo os impostos relacionados ao patrimônio, renda e serviços vinculados e</p><p>relativos às suas finalidades essenciais.</p><p>IV. Imunidade dos livros, jornais e papel – o STF já decidiu que há de se</p><p>interpretar finalissimamente essa imunidade, ou seja, levando em</p><p>consideração a finalidade educacional, incluindo, assim, os filmes</p><p>fotográficos e assemelhados desde que destinados àquele fim. Salienta-se,</p><p>por fim, que é possível com este raciocínio incluir na imunidade também os</p><p>CD-ROM que se igualem aos livros (art. 150 VI d);</p><p>Podemos verificar que a extensão dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)</p><p>ao tratar da imunidade relativa a livros e papeis deve-se ao vetor axiológico</p><p>escolhido pelo legislador, senão, vejamos:</p><p>‘Álbum de figurinhas’. Admissibilidade. A imunidade tributária sobre livros,</p><p>jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar</p><p>embaraços ao exercício da liberdade de expressão intelectual, artística,</p><p>científica e de comunicação, bem como facilitar o acesso da população à</p><p>cultura, à informação e à educação. O Constituinte, ao instituir esta benesse,</p><p>não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das</p><p>informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não cabe</p><p>ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal</p><p>instituído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia,</p><p>por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor</p><p>pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil. (RE</p><p>221.239, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25-5-2004, Segunda Turma, DJ</p><p>de 6-8-2004. No mesmo sentido: RE 179.893, Rel. Min. Menezes Direito,</p><p>julgamento em 15-4-2008, Primeira Turma, DJE de 30-5-2008. (grifo nosso).</p><p>6.1. Diferença entre imunidade e isenção</p><p>Conceituada a imunidade, passamos agora a diferenciá-la da isenção. Assim, cabe</p><p>colocar que a imunidade atua no plano da definição da competência tributária, tem previsão</p><p>constitucional e é uma hipótese de não-incidência qualificada; enquanto que a isenção atua</p><p>no plano do exercício da competência tributária, é definida por lei infraconstitucional e é</p><p>uma hipótese de exclusão do crédito tributário.</p><p>46 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>1ª Diferença – quanto à competência</p><p>A imunidade interfere na definição da competência, enquanto que a isenção atinge</p><p>o exercício da competência. Exemplo - quando falamos que os papéis e revistas estão</p><p>imunes ao ICMS, estamos afirmando que esta situação está fora da esfera de competência</p><p>do Estado. Se incidisse a isenção, e não a imunidade, diríamos que o Estado tem a</p><p>competência para cobrar o ICMS de revistas e papéis, mas resolveu não a exercer, ao</p><p>prever em lei Estadual que esta hipótese estaria isenta.</p><p>2ª Diferença – quanto à previsão</p><p>A imunidade está prevista no texto constitucional, mesmo naquelas situações em</p><p>que a Constituição fala em isenção, está tratando de imunidade. Exemplo - o art. 195, § 7°</p><p>da Constituição Federal que dispõe: “são isentas de contribuição para a seguridade social</p><p>às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas</p><p>em lei”, contudo, o que trata aqui é de mais um caso de imunidade.</p><p>Nesse sentido manifestou-se o Supremo Tribunal Federal sobre o assunto ao decidir</p><p>em sede de RMS 22.192/DF, Rel. Min. Celso de Mello, 28.11.1985, que a cláusula inscrita</p><p>no art. 195 § 7° da Constituição Federal traduz-se em típica garantia de imunidade e não</p><p>de simples isenção.</p><p>As isenções, por seu turno, se concretizam através das leis infraconstitucionais, e</p><p>nada mais são do que a dispensa no pagamento de um tributo. As isenções, ao lado da</p><p>anistia, são consideradas hipóteses de exclusão do crédito tributário.</p><p>3ª Diferença - se refere a não incidência qualificada, presente na imunidade,</p><p>em contraposição a exclusão do crédito tributário, prevista na isenção</p><p>A imunidade interfere na própria definição de competência de determinado ente,</p><p>enquanto a isenção pressupõe a competência de determinado ente para dispor acerca de</p><p>determinada situação, e este ente através de lei determina a exclusão do crédito tributário.</p><p>Resumo do Módulo</p><p>Vamos apresentar alguns esquemas para auxiliar na sedimentação dos pontos</p><p>apresentados acima:</p><p>47 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>48 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>7. IMPOSTOS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS.</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar os impostos federais;</p><p> Verificar os impostos estaduais, dando maior ênfase ao ICMS;</p><p> Analisar os impostos municipais.</p><p>Palavras-Chave: Imposto, diversos entes da federação.</p><p>A verdade é que todas as pessoas, direta ou indiretamente, aqui no nosso país</p><p>pagam tributos, e, de uma forma mais especifica, a população arca com uma grande carga</p><p>de impostos que incidem em diversos atos do cotidiano. Os impostos que pagamos podem</p><p>ser federais, quando destinados ao governo federal, estaduais, quando dirigidos aos</p><p>estados e municipais quando o imposto for para os cofres municipais.</p><p>O imposto, conforme já colocamos em aulas anteriores, é uma das cinco espécies</p><p>tributárias existentes em nosso</p><p>ordenamento jurídico, sendo definido pelo art. 16 do Código</p><p>Tributário Nacional, como o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação</p><p>independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.</p><p>Carrazza10 considera o imposto como: [...] uma modalidade de tributo que tem por</p><p>hipótese de incidência um fato qualquer, não consistente numa atuação estatal.</p><p>Nesse sentido, Geraldo Ataliba11 chama o imposto de tributo não-vinculado, isto é,</p><p>não vinculado a uma atuação estatal, pois os impostos são prestações pecuniárias</p><p>desvinculadas de qualquer relação de troca ou utilidade.</p><p>10 Carrazza, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 497.</p><p>11 Hipótese de Incidência Tributária, 6ª ed. São Paulo: Malheiros,</p><p>https://www.saraiva.com.br/hipotese-de-incidencia-tributaria-a-informacao-de-que-e-6-edicao--12-tiragem-324675.html</p><p>49 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Os impostos ostentam várias categorias. Assim, tendo em vista o fato gerador, estes</p><p>podem ser divididos da seguinte forma:</p><p>1. Patrimonial: neste caso os impostos irão incidir sobre determinado patrimônio,</p><p>como é o caso do IPTU (imóveis), IPVA (automóveis) ou ITR (propriedades</p><p>rurais);</p><p>2. Renda: neste caso o imposto é calculado considerando a renda de uma pessoa,</p><p>seja ela física ou jurídica durante determinado período, conforme já analisamos,</p><p>tendo como exemplo o Imposto de Renda;</p><p>3. Consumo: nesta hipótese os impostos podem ser cobrados de forma indireta, ou</p><p>seja, quando uma pessoa adquire determinado produto ou serviço, ela já está</p><p>pagando o imposto que se encontra embutido no valor da compra. Isto ocorre,</p><p>por exemplo, com o ISS;</p><p>4. Comércio Exterior: são tributos voltados para a exportação e importação de</p><p>mercadorias;</p><p>5. Circulação e produção: são impostos relacionados a circulação e produção de</p><p>produtos e mercadorias.</p><p>Quanto aos entes da federação, os impostos se dividem da seguinte forma:</p><p>1. Impostos Federais: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para</p><p>o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de</p><p>qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito,</p><p>câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade</p><p>territorial rural; VII - grandes fortunas;</p><p>2. Impostos Estaduais: I - Transmissão "causa mortis" e doação, de quaisquer bens</p><p>ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre</p><p>prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de</p><p>comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III</p><p>- propriedade de veículos automotores;</p><p>3. Impostos Municipais: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão</p><p>"inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou</p><p>acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem</p><p>como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não</p><p>compreendidos no artigo 155, II, definidos em lei complementar.</p><p>50 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Passaremos agora a analisar cada categoria, tendo em vista o ente da federação.</p><p>Vejamos:</p><p>7.1. Imposto Federais</p><p>Conforme já colocado, existem várias espécies de impostos de competência da</p><p>União.</p><p>7.1.1. Imposto de Importação</p><p>De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o fato gerador do II é a entrada real</p><p>ou ficta do produto estrangeiro no território nacional.</p><p>Conforme dispõe o artigo 19 do CTN, poderão ser considerados sujeito passivo do</p><p>II uma das seguintes pessoas: o importador, o arrematante de produtos apreendidos ou</p><p>abandonados, o destinatário de remessa postal internacional ou o adquirente de mercadoria</p><p>em entrepostos aduaneiros.</p><p>7.1.2. Imposto de Exportação</p><p>Este ostenta como fato gerador a saída do território nacional para o exterior, de</p><p>produtos nacionais ou nacionalizados. A base de cálculo do imposto é o preço que o produto</p><p>alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional.</p><p>O sujeito passivo do IE é o exportador, assim considerada qualquer pessoa que</p><p>promova a saída de produto nacional ou nacionalizado do território nacional.</p><p>7.1.3. Imposto de Renda</p><p>Apresenta como uma das suas principais características a progressividade, tendo</p><p>como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda</p><p>decorrente do capital, do trabalho ou da conjugação de ambos e de proventos de qualquer</p><p>natureza.</p><p>51 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>O sujeito passivo do IR é pessoa física ou jurídica, desde que seja titular de renda</p><p>ou provento de qualquer natureza, podendo a lei atribuir à fonte pagadora da renda a</p><p>responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto. A base de cálculo do imposto é</p><p>o montante real da renda ou provento de qualquer natureza.</p><p>7.2. Imposto sobre Produto Industrializado</p><p>Este poderá ter por fato gerador os seguintes itens:</p><p> Importação;</p><p> Saída de produtos industrializados de estabelecimento industrial ou equiparado</p><p>a industrial;</p><p> Aquisição em leilão de produto abandonado ou apreendido; e</p><p> Outras hipóteses especificadas na lei.</p><p>O sujeito passivo será determinado de acordo com o fato gerador efetivamente</p><p>realizado.</p><p>Assim, poderá ser o importador ou quem a lei a ele equiparar, o industrial ou a quem</p><p>a ele a lei equiparar, o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça a</p><p>industriais ou a estes equiparados e o arrematante de produtos apreendidos ou</p><p>abandonados, levados a leilão.</p><p>A base de cálculo do imposto também varia de acordo com o fato gerador. Logo, a</p><p>base de cálculo poderá ser o valor da operação de saída do produto, ou o preço normal,</p><p>acrescido do II e das taxas aduaneiras ou, ainda, o preço de arrematação do produto</p><p>apreendido ou abandonado.</p><p>Cabe ressaltar que as alíquotas do IPI não são progressivas, a elas se aplicando o</p><p>princípio da proporcionalidade. Além disso, este imposto deverá ser seletivo em razão da</p><p>essencialidade dos produtos e, ainda, será não-cumulativo, compensando-se o que for</p><p>devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.</p><p>Em relação à imunidade, é importante salientar que o IPI não incidirá sobre produtos</p><p>industrializados destinados ao exterior, nos termos do artigo 153, § 3º, III, da CF).</p><p>52 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>7.2.1. Imposto sobre operações financeiras</p><p>Tem incidência sobre as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos</p><p>ou valores mobiliários. Tem por fato gerador os seguintes ponto:</p><p> Quanto às operações de crédito, o fato gerador será a entrega do montante que</p><p>constitua o objeto da obrigação;</p><p> Quanto às operações de câmbio, o fato gerador se dá a entrega de moeda</p><p>nacional ou estrangeira e, assim, na liquidação do contrato de câmbio;</p><p> Quanto às operações de seguro, o fato gerador ocorre com a emissão de apólice</p><p>ou recebimento do prêmio; e</p><p> Quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliário, o fato surge com a</p><p>emissão, transmissão, pagamento ou resgate desses.</p><p>A base de cálculo do imposto será o valor da operação, ressalvada a hipótese de</p><p>operações de seguros, nas quais a base de cálculo será o montante do prêmio.</p><p>7.3. Imposto Territorial Urbano</p><p>São fatos geradores desse imposto: a propriedade, o domínio útil ou a posse de</p><p>imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do Município. Cabe esclarecer que o</p><p>conceito de zona rural se dá por exclusão, ou seja, levando-se em consideração a zona</p><p>urbana do Município. Diante disso, conclui-se que o sujeito passivo desse tributo é o</p><p>proprietário</p><p>do imóvel, o titular do domínio útil e o possuidor.</p><p>A base de cálculo do ITR será o valor fundiário do imóvel, enquanto suas alíquotas</p><p>serão proporcionais e progressivas, a fim de desestimular a manutenção de propriedades</p><p>improdutivas.</p><p>Cabe esclarecer, ainda, que esse imposto não incide, conforme determina o artigo</p><p>153, §4º, da CF, sobre pequenas glebas rurais quando as explore o proprietário que não</p><p>possua outro imóvel.</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/129053/lei-do-imposto-rural-lei-8847-94</p><p>53 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>A Emenda Constitucional nº 42/2003 conferiu aos Municípios, que assim</p><p>optarem, a possibilidade de arrecadarem e fiscalizarem o ITR, nos termos da</p><p>lei, desde que tais atividades não impliquem em renúncia de receita para a</p><p>União.</p><p>7.3.1. Imposto sobre grandes fortunas</p><p>Este imposto depende para sua efetivação de lei complementar. Diante da</p><p>inexistência dessa norma, a União ainda não exerceu sua competência tributária sobre esse</p><p>imposto.</p><p>7.4. Impostos Estaduais</p><p>7.4.1. Imposto de transmissão causa mortis ou doação</p><p>Na hipótese de transmissão causa mortis, o sujeito passivo desse tributo será o</p><p>herdeiro ou legatário, enquanto que em se tratando de doação, o sujeito passivo será o</p><p>doador ou donatário.</p><p>Surge o fato gerador desse imposto com a transmissão gratuita de quaisquer bens</p><p>(móveis ou imóveis), a saber que mencionada transmissão pode se dar mediante contrato</p><p>de doação ou, ainda em razão do falecimento de seu titular (causa mortis).</p><p>No caso de transmissão de bens imóveis, o imposto será recolhido ao Estado da</p><p>situação do bem ou ao DF. Contudo, se houver a transmissão de bem móvel, o tributo</p><p>competirá ao Estado/distrito Federal onde de processar o inventário ou tiver domicílio o</p><p>doador.</p><p>Este tributo tem por base de cálculo o valor venal dos bens ou direitos transmitidos</p><p>e da doação. A alíquota máxima do imposto é fixada pelo Senado Federal (Resolução nº</p><p>9/92 - 8%).</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103867/emenda-constitucional-42-03</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/129053/lei-do-imposto-rural-lei-8847-94</p><p>54 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>7.4.2. Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços</p><p>Tem como fatos geradores os seguintes casos: circulação de mercadorias,</p><p>prestação de serviço de transporte interestadual, prestação de serviço de transporte</p><p>intermunicipal e a prestação de serviço de comunicação. Logo, terá como sujeito passivo</p><p>os praticantes dos atos supram referidos.</p><p>O ICMS incide na importação de bens, independentemente de o importador</p><p>ser pessoa física ou jurídica.</p><p>Com relação às alíquotas, o Senado Federal fixará as mínimas e as máximas,</p><p>consoante expressa disposição do artigo 155, § 2º, inc. IV e V, da Lei Maior.</p><p>O ICMS é um imposto não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada</p><p>operação com o montante cobrado nas anteriores, sendo vedada a apropriação de créditos</p><p>na hipótese de as operações anteriores serem isentas ou não.</p><p>7.4.3. Imposto sobre propriedade de veículo automotor</p><p>Seu fato gerador é a propriedade de veículo automotor de qualquer espécie. Assim,</p><p>seu sujeito passivo é o proprietário desse veículo, seja pessoa física ou jurídica e a base</p><p>de cálculo será o valor venal de referido veículo.</p><p>Conforme dispõe o artigo 155, § 6º, da CF, esse tributo terá suas alíquotas mínimas</p><p>fixadas pelo Senado Federal, podendo, ainda, possuir alíquotas diferenciadas em razão do</p><p>tipo e da utilização do veículo.</p><p>De acordo com a Emenda Constitucional nº 42/2003, a mudança na base de cálculo</p><p>do IPVA não necessita obedecer ao princípio da noventena. Assim, a majoração da base</p><p>de cálculo deste imposto somente observa a anterioridade do exercício seguinte.</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10668550/artigo-155-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666422/par%C3%A1grafo-6-artigo-155-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103867/emenda-constitucional-42-03</p><p>55 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>7.5. Impostos Municipais</p><p>7.5.1. Imposto sobre a propriedade territorial urbana</p><p>O sujeito passivo dessa espécie tributária será o proprietário, o titular do domínio útil</p><p>ou o possuidor do bem imóvel. O fato gerador, por seu turno, se dá com a propriedade, o</p><p>domínio útil ou com a posse de bem imóvel localizado na zona urbana.</p><p>Importante apresentar nesse momento o conceito de “zona urbana”, previsto no</p><p>art.32< § 1º, I a V, do CTN.</p><p>Nesse sentido cabe colocar que é necessário preencher dois dos cinco incisos</p><p>discriminados, com os melhoramentos respectivos, para que a área possa ser considerada</p><p>“zona urbana”</p><p>A base de cálculo desse imposto é o valor venal do bem imóvel.</p><p>7.5.2. Progressividade de Alíquotas:</p><p>Depois da EC 29/2000 se passou a ter quatro critérios de progressividade. São eles:</p><p>“localização”, “valor”, “uso” e a “função social”, conforme se depreende do art. 156, § 1º, I e</p><p>II c/c Art. 182, § 4º, II, CF.</p><p>7.5.3. Imposto sobre serviço de qualquer natureza</p><p>Este imposto tem por sujeito passivo o prestador dos serviços constantes da lista</p><p>anexa à LC 166/2003, excetuados aqueles que prestam serviços em relação de emprego,</p><p>os trabalhadores avulsos e os diretores e membros de Conselhos Consultivo e Fiscal de</p><p>Sociedades (Art. 2º, II, da LC 116/2003).</p><p>O fato gerador surge com a prestação de serviços constantes da lista mencionada,</p><p>que traz cerca de 230 serviços, divididos em 40 itens. Além das situações de exclusão de</p><p>contribuintes citadas na letra anterior “excetuados aqueles que prestam serviços sem</p><p>relação de emprego, os trabalhadores avulsos e os diretores e membros de Conselhos</p><p>Consultivo e Fiscal de Sociedades - Art. 2º, II, da LC 116/2003”, não se dá o fato gerador</p><p>na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal (neste caso incide o</p><p>ICMS), na prestação de serviços para o exterior (devido a uma imunidade específica</p><p>56 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>prevista para o caso) e na prestação de serviços pelo próprio ente tributante (em</p><p>decorrência da imunidade recíproca prevista na CF).</p><p>A base de cálculo é o preço do serviço, ou na sua impossibilidade a aferição ocorrerá</p><p>pelo valor recolhido periodicamente, tendo-se aqui o ISS fixo, atribuído aos profissionais</p><p>liberais.</p><p>As alíquotas estarão disciplinadas em lei ordinária elaborada pelo Município,</p><p>respeitadas as normas gerais dispostas em lei complementar.</p><p>No que tange o local da prestação do serviço, vige a regra do recolhimento</p><p>para o Município do estabelecimento prestador. Todavia, a LC 116/2003</p><p>trouxe 22 situações de exceção à regra (Art. 3º, I a XXII, da LC 116/2003), nas</p><p>quais o recolhimento do imposto deverá ser feito para o Município da</p><p>prestação do serviço. Vale a pena ler os incisos, para uma ligeira noção dos</p><p>assuntos lá constantes. Como exemplo podemos citar os serviços como</p><p>demolição, edificação de pontes, florestamento, dragagem de rio etc.</p><p>Por fim, ressalta-se que o art. 156, § 3º, I, CF determina que competirá à lei</p><p>complementar estabelecer alíquotas máximas e mínimas sobre o ISS. A LC 100/1999 fixou</p><p>em 5% a alíquota máxima do imposto, percentual confirmado pela legislação posterior – a</p><p>LC 116/2003. Quanto à alíquota mínima, o art. 88 do ADCT (acrescentado pela EC 37/2002)</p><p>trouxe a previsão de 2%. Frise-se que este percentual não foi confirmado pela LC 116/2003,</p><p>porém se deve entender que permanece válido.</p><p>7.5.4. Imposto de transmissão de bens imóveis</p><p>– também conhecido por “sisa”</p><p>O sujeito passivo deste imposto se refere a qualquer das partes da operação</p><p>tributária de transmissão de bem imóvel, contudo, costumeiramente, é o adquirente.</p><p>O fato gerador ocorre com a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato</p><p>oneroso, de bens imóveis. Cabe mencionar que o fato gerador ocorrerá no momento do</p><p>registro imobiliário.</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666279/artigo-156-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10665826/par%C3%A1grafo-3-artigo-156-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10665787/inciso-i-do-par%C3%A1grafo-3-do-artigo-156-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103950/lei-complementar-100-99</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98439/lei-complementar-116-03</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/99153/emenda-constitucional-37-02</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/98439/lei-complementar-116-03</p><p>57 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Obs. Não gera a incidência do ITBI:</p><p> A propriedade adquirida por “usucapião”;</p><p> A promessa particular de venda como contrato preliminar à escritura pública de</p><p>compra e alienação.</p><p>A base de cálculo é o valor venal dos bens imóveis transmitidos ou direitos reais</p><p>cedidos.</p><p>Com relação às alíquotas, salienta-se que não se pode variar o ITBI em razão da</p><p>presumível capacidade contributiva do contribuinte, aplicando-se lhe a “proporcionalidade”</p><p>– técnica de variação do imposto, com imposição de alíquota única, graduando-se o</p><p>gravame em função da base de cálculo.</p><p>Conforme artigo 156, § 2º, I, CF existe uma imunidade para o ITBI segundo a qual</p><p>não incidirá o imposto nas transmissões de bens ou direitos nas realizações de capital,</p><p>fusões, incorporações, cisões ou extinções de pessoas jurídicas. Exceção: essa regra será</p><p>excepcionada, isto é, haverá a incidência do imposto se a atividade preponderante do</p><p>‘adquirente’ for o arrendamento mercantil, a locação ou a compra e venda desses bens</p><p>imóveis.</p><p>Resumo do Módulo</p><p>Primeiramente iremos rever a divisão dos impostos perante os entes da federação.</p><p>Vejamos:</p><p>Classificação</p><p>Entidade</p><p>Patrimônio Renda Serviços</p><p>Comércio</p><p>Exterior</p><p>Circulação e</p><p>produção</p><p>União ITR IR</p><p>IPI</p><p>IOF</p><p>II</p><p>IE</p><p>________</p><p>Estado-Membro e</p><p>Distrito Federal</p><p>ITD</p><p>IPVA</p><p>_____</p><p>___</p><p>ICMS</p><p>_______</p><p>_</p><p>ICMS</p><p>Municípios</p><p>IPTU</p><p>ITBI</p><p>_____</p><p>___</p><p>ISS</p><p>_______</p><p>_</p><p>________</p><p>58 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>8. IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar o imposto de renda e suas peculiaridades;</p><p> Verificar o IRPF e suas especificidades.</p><p>Palavras-Chave: Imposto de renda das pessoas físicas; especificidades.</p><p>Caro aluno, espero que esteja gostando do</p><p>nosso curso!</p><p>Vamos aproveitar essa oportunidade para</p><p>analisar um dos tributos de maior impacto na vida</p><p>das pessoas, diante da enorme carga tributária</p><p>suportada, tanto pela pessoa física como pela</p><p>jurídica, em decorrência deste.</p><p>8.1. Imposto Sobre a Renda</p><p>8.1.1. Conceito de renda</p><p>Como é de conhecimento notório o patrimônio amealhado pelas pessoas, físicas ou</p><p>jurídicas, sofre mudanças no curso do tempo. Essas podem ser de duas formas:</p><p>permutativas ou modificativas. As permutativas são aquelas que geram apenas uma troca</p><p>de objetos no patrimônio, sem modificar seu valor. Já as modificações modificativas geram</p><p>alteração no valor do patrimônio, para mais ou para menos.</p><p>O imposto de renda atinge apenas a hipótese de mutação modificativa de</p><p>caráter aumentativo.</p><p>59 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Ademais, é bom saber que a renda pode ser conotativa ou denotativa. Em sentido</p><p>denotativo, é considerado renda: o salário, o aluguel, o pro labore, a doação, os alimentos</p><p>(pensão), os juros, os dividendos, o lucro, a herança etc. Já em sentido conotativo a renda</p><p>se verifica como o acréscimo patrimonial.</p><p>Para o artigo 43 do CTN a base de cálculo do imposto de renda tem natureza</p><p>denotativa, pois estabelece que o tributo incide sobre rendimentos decorrentes do trabalho,</p><p>do capital, da combinação de ambos, e também de proventos de qualquer natureza.</p><p>Ato contínuo, despois de verificado o acréscimo patrimonial, a incidência do tributo</p><p>fica condicionada, ainda, à disponibilidade econômica ou jurídica dessa riqueza nova.</p><p> Disponibilidade econômica - corresponde ao recebimento dessa riqueza, ou</p><p>seja, a dinheiro no bolso;</p><p> Disponibilidade jurídica - equivale ao mero direito de receber a riqueza, mesmo</p><p>que ela ainda que ela não tenha materialmente ingressado no patrimônio do</p><p>contribuinte.</p><p>Exemplo: quando uma pessoa jurídica vende a prazo um bem, adquire, desde o</p><p>momento da venda, disponibilidade jurídica, pois já adquiriu o direito de receber as</p><p>prestações, contudo, a disponibilidade econômica só existirá quando as prestações forem</p><p>sendo quitadas.</p><p> Imposto de renda da pessoa jurídica - o mero direito de receber a riqueza</p><p>já autoriza a incidência do tributo (regime de competência).</p><p> Imposto de renda da pessoa física - o tributo só pode ser exigido quando o</p><p>dinheiro ou o bem for efetivamente recebido pelo sujeito que</p><p>experimentar acréscimo patrimonial (regime de caixa).</p><p>Já sabemos pelo quanto estudamos que a renda existe com o acréscimo patrimonial.</p><p>Mas quando se está diante do efetivo aumento do patrimônio, necessário para a presença</p><p>do fato que gera o imposto de renda?</p><p>60 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>8.1.2. Recebimento de indenização gera o pagamento de imposto de renda?</p><p>De plano cabe esclarecer que a ideia de indenização pressupõe reparação, ou seja,</p><p>um retorno ao status quo ante. Ora, se a indenização se limita a recompor um dano o que</p><p>se tem é apenas um elemento permutativo do patrimônio, isso se esta indenização apenas</p><p>se limitou ao ingresso de quantia exatamente correspondente a reposição patrimonial.</p><p>Diante disso, a jurisprudência predominante estabelece que o recebimento de indenização,</p><p>nessa hipótese, não dá margem à incidência do imposto de renda.</p><p>Contudo, se o valor recebido exceder a mera recomposição patrimonial, a parte que</p><p>extravasar esse limite estará sujeita à incidência do imposto12.</p><p>O mesmo pensamento é aplicado quando do recebimento de valores em decorrência</p><p>de desapropriação, pois também se trata de verba meramente indenizatória, haja vista que</p><p>o bem imóvel é substituído pelo valor correspondente à justa indenização prevista pelo texto</p><p>constitucional. Logo, não incide o imposto de renda (STF, Representação n° 1260).</p><p>12 Nesse sentido tem-se o parecer do Ministro do Superior Tribunal de Justiça Teori Albino Zavascki:</p><p>TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A EMPREGADO, POR OCASIÃO DA</p><p>RESCISÃO DO CONTRATO. GRATIFICAÇÃO POR LIBERALIDADE. NATUREZA. REGIME</p><p>TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. DISTINÇÃO ENTRE INDENIZAÇÃO POR DANOS AO</p><p>PATRIMÔNIO MATERIAL E AO PATRIMÔNIO IMATERIAL. PRECEDENTES (RESP 674.392-SC E</p><p>RESP 637.623-PR). EXISTÊNCIA DE NORMA DE ISENÇÃO (ART. 6º, V, DA LEI 7.713/88).</p><p>1. O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus</p><p>parágrafos do CTN, os "acréscimos patrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do</p><p>contribuinte.</p><p>2. O pagamento de indenização pode ou não acarretar acréscimo patrimonial, dependendo da natureza do bem</p><p>jurídico a que se refere. Quando se indeniza dano efetivamente verificado no patrimônio material (= dano</p><p>emergente), o pagamento em dinheiro simplesmente reconstitui</p><p>a perda patrimonial ocorrida em virtude da lesão,</p><p>e, portanto, não acarreta qualquer aumento no patrimônio.</p><p>Todavia, ocorre acréscimo patrimonial quando a indenização (a) ultrapassar o</p><p>valor do dano material verificado (= dano emergente), ou (b) se destinar a</p><p>compensar o ganho que deixou de ser auferido (= lucro cessante), ou (c) se</p><p>referir a dano causado a bem do patrimônio imaterial (= dano que não importou</p><p>redução do patrimônio material).</p><p>[…] (EREsp 770.078/SP, Primeira Seção, julgado em 26/04/2006)</p><p>61 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>E mais, a indenização por dano moral também pode ser entendida como operação</p><p>de efeito permutativo13.</p><p>Outro ponto relevante se refere à incidência do imposto sobre verbas de natureza</p><p>trabalhista. O entendimento da jurisprudência sobre o tema foi assim sintetizado pela</p><p>Ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon:</p><p>TRIBUTÁRIO – EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA – IMPOSTO DE RENDA – ART.</p><p>43 DO CTN – VERBAS: NATUREZA INDENIZATÓRIA X NATUREZA REMUNERATÓRIA.</p><p> O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica</p><p>ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN).</p><p> A jurisprudência desta Corte, a partir da análise do art. 43 do CTN, firmou</p><p>entendimento de que estão sujeitos à tributação do imposto de renda, por não</p><p>possuírem natureza indenizatória, as seguintes verbas:</p><p>a) “Indenização especial" ou "gratificação" recebida pelo empregado quando da</p><p>rescisão do contrato de trabalho por liberalidade do empregador;</p><p>13 Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, firmado sob o regime dos recursos repetitivos (art. 543-C do</p><p>CPC):</p><p>PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE</p><p>CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INCIDÊNCIA DO</p><p>IMPOSTO DE RENDA. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER INDENIZATÓRIO DA VERBA RECEBIDA.</p><p>VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.</p><p>1. A verba percebida a título de dano moral tem a natureza jurídica de indenização, cujo objetivo precípuo é a</p><p>reparação do sofrimento e da dor da vítima ou de seus parentes, causados pela lesão de direito, razão pela</p><p>qual torna-se infensa à incidência do imposto de renda, porquanto inexistente qualquer acréscimo patrimonial.</p><p>(Precedentes: REsp 686.920/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em</p><p>06/10/2009, DJe 19/10/2009; AgRg no Ag 1021368/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado</p><p>em 21/05/2009, DJe 25/06/2009; REsp 865.693/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA</p><p>TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 04/02/2009; AgRg no REsp 1017901/RS, Rel. Ministro FRANCISCO</p><p>FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2008, DJe 12/11/2008; REsp 963.387/RS, Rel. Ministro</p><p>HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/10/2008, DJe 05/03/2009; REsp 402035 / RN, 2ª</p><p>Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 17/05/2004; REsp 410347 / SC, desta Relatoria, DJ 17/02/2003).</p><p>2. In casu, a verba percebida a título de dano moral adveio de indenização em reclamação trabalhista.</p><p>3. Deveras, se a reposição patrimonial goza dessa não incidência fiscal, a fortiori, a indenização com o escopo</p><p>de reparação imaterial deve subsumir-se ao mesmo regime, porquanto ubi eadem ratio, ibi eadem legis</p><p>dispositio.</p><p>[…] (REsp 1152764/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 23/06/2010)</p><p>62 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>b) Verbas pagas a título de indenização por horas extras trabalhadas;</p><p>c) Horas extras;</p><p>d) Férias gozadas e respectivos terços constitucionais;</p><p>e) Adicional noturno;</p><p>f) Complementação temporária de proventos;</p><p>g) Décimo-terceiro salário;</p><p>h) Gratificação de produtividade;</p><p>i) Verba recebida a título de renúncia à estabilidade provisória decorrente de</p><p>gravidez;</p><p>j) Verba decorrente da renúncia da estabilidade sindical.</p><p> Diferentemente, o imposto de renda não incide sobre:</p><p>a) APIP's (ausências permitidas por interesse particular) ou abono-assiduidade</p><p>não gozados, convertidos em pecúnia;</p><p>b) Licença-prêmio não-gozada, convertida em pecúnia;</p><p>c) Férias não-gozadas, indenizadas na vigência do contrato de trabalho e</p><p>respectivos terços constitucionais;</p><p>d) Férias não-gozadas, férias proporcionais e respectivos terços</p><p>constitucionais, indenizadas por ocasião da rescisão do contrato de trabalho;</p><p>e) Abono pecuniário de férias;</p><p>f) Juros moratórios oriundos de pagamento de verbas indenizatórias</p><p>decorrentes de condenação em reclamatória trabalhista;</p><p>g) Pagamento de indenização por rompimento do contrato de trabalho no</p><p>período de estabilidade provisória (decorrente de imposição legal e não de</p><p>liberalidade do empregador).</p><p>[…] (Pet 6.243/SP, Primeira Seção, julgado em 24/09/2008)</p><p>8.1.3. Critérios constitucionais que devem ser observados pelo imposto de renda14:</p><p> Universalidade: este imposto abrange todos os rendimentos auferidos pelo</p><p>residente no País, ainda que auferido no exterior. Quanto ao tema, a</p><p>jurisprudência é pacífica hoje no sentido de que os rendimentos podem ser</p><p>14 art. 153, § 2º, I, da Constituição.</p><p>63 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>tributados de forma isolada e incomunicável (REsp 939.527), sem a aplicação</p><p>da universalidade nesse caso.</p><p> Progressividade: este critério determina que a carga tributária deve ser mais</p><p>gravosa na medida em que o contribuinte tenha maior capacidade contributiva,</p><p>atribuindo a este uma alíquota mais elevada para aquele que auferir maior renda.</p><p>Salienta-se que tal critério tem fundamento no ideal de justiça, de isonomia</p><p> Generalidade: de acordo com este todos os contribuintes devem ser tributados</p><p>pelo imposto de renda. Esse critério também tem respaldo no princípio da</p><p>isonomia.</p><p>8.1.4. Imposto sobre a renda pessoa física</p><p>Considerando que a grande parte da população ostenta uma renda mensal pequena,</p><p>criou-se um sistema simplificado de cálculo e apuração do imposto devido, ou seja, o</p><p>sistema de dedução simplificado que atualmente é utilizado pela grande maioria das</p><p>pessoas físicas.</p><p>Cabe ressaltar que a renda é de difícil identificação, mensuração e evidenciação, há</p><p>necessidade de alta normatização, o que gera grande dificuldade de fiscalização</p><p>(diferentemente do IPVA e IPTU, por exemplo).</p><p>É de se consignar que a partir da CF/88 o imposto de renda da pessoa física foi</p><p>totalmente reformulado para simplificar a apuração não havendo mais segregação entre os</p><p>tipos de receitas e os tipos de deduções, reduzindo-se também o número de alíquotas.</p><p>Assim, após 88 há duas grandes regras para apuração. São elas:</p><p> Pagamento de pessoa física para pessoa física – há o recolhimento mensal</p><p>obrigatório (também conhecido como carne leão) segundo a tabela progressiva</p><p>mensal. Portanto, trata-se de auto recolhimento que deve ocorrer, de regra, até</p><p>o último dia do mês seguinte, exceto algumas previsões legais diversas.</p><p> Pagamento de pessoa jurídica para pessoa física – imposto de renda na fonte</p><p>antecipado e utiliza a tabela progressiva mensal.</p><p>64 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Obs. Há um complemento a essas duas regras que é o CAO – complemento</p><p>anual obrigatório e que deduz retenções na fonte ao longo do ano.</p><p>Deduções permitidas:</p><p> Mensais:</p><p>a) INSS;</p><p>b) Pensão alimentícia;</p><p>c) Dependentes;</p><p>d) Previdência privada.</p><p> Anuais:</p><p>a) Saúde;</p><p>b) Instrução.</p><p>8.1.5. Sistemas de apuração do imposto de renda da pessoa física</p><p>Há cinco sistemas distintos para a apuração e o recolhimento do imposto de renda</p><p>da pessoa física. Além desses sistemas, existem também as hipóteses de dispensa de</p><p>recolhimento do tributo por isenção, não incidência e imunidade.</p><p>A definição do regime de incidência do imposto de renda estará prevista em lei. De</p><p>regra, o legislador</p><p>buscou utilizar o regime da fonte para todas as hipóteses em que tal</p><p>sistema for possível, posto que tal modalidade simplifica a fiscalização e reduz a</p><p>sonegação. No mais, se prevê o auto recolhimento.</p><p>65 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Resumidamente, esses sistemas podem ser assim apresentados:</p><p>Fonte</p><p>1) Exclusivo</p><p>2) Antecipação</p><p>Auto recolhimento</p><p>3) Alíquota fixa</p><p>4) Recolhimento mensal obrigatório (RMO)</p><p>5) Complementação anual obrigatória (CAO)</p><p>Isenção, não incidência e</p><p>imunidade</p><p>_____________</p><p>Assim, nos sistemas 1 e 3, isto é, tributação exclusiva na fonte e auto recolhimento</p><p>com alíquota fixa, a tributação incide em um momento apenas, não existindo possibilidade</p><p>de ajuste no final do ano e também não se permite a dedução de despesas da base de</p><p>cálculo.</p><p>Porém, quando a incidência do imposto decorrer de pagamento de pessoa jurídica</p><p>para pessoa física, aplica-se o sistema 2, ou seja, de tributação na fonte por antecipação.</p><p>Por outro lado, quando uma pessoa física efetua pagamento para outra pessoa</p><p>física, aplica-se o sistema 4, ou seja, o recolhimento mensal obrigatório.</p><p>Cabe esclarecer que o tributo não é exigido sobre o acréscimo patrimonial auferido</p><p>pelo contribuinte, mas por uma soma de acréscimos representados em rendimentos</p><p>distintos e, por vezes, incomunicáveis.</p><p>O contribuinte terá direito a restituição de valores caso tenha antecipado</p><p>mensalmente quantias superiores ao valor devido. Entretanto, se configurado</p><p>o dever de recolher o saldo do imposto, devido ao ajuste anual deste, ocorrerá</p><p>a complementação anual obrigatória – CAO, que pode se dar das seguintes</p><p>formas:</p><p> Através da forma simplificada para apuração do imposto – neste caso,</p><p>ao optar pelo desconto simplificado, não serão feitas deduções nem</p><p>mesmo os descontos admitidos em lei, tendo-se, apenas a dedução de</p><p>20% do valor dos rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste</p><p>66 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Anual, independentemente do montante desses rendimentos,</p><p>dispensadas a comprovação da despesa e a indicação de sua espécie;</p><p> Utilizando as deduções - comprovação da despesa e a indicação de sua</p><p>espécie.</p><p>Abaixo apresentaremos algumas tabelas relevantes para o nosso cotidiano, porém</p><p>estas devem ser atualizadas regulamente.</p><p>Resumo do módulo</p><p>8.2. Tabelas IR 201715</p><p>8.2.1. Tabelas de incidência mensal</p><p>Rendimento para o ano</p><p>calendário 2016</p><p>Base de Cálculo (em</p><p>R$) para o IRPF2017 já com</p><p>5% de aumento</p><p>Alíquota</p><p>Parcela a</p><p>Deduzir do IR</p><p>(em R$)</p><p>Mensal Até R$ 1.999,18 isento</p><p>Mensal</p><p>De R$1.999,19 até</p><p>R$ 2.967,98</p><p>7,5 % R$149,94</p><p>Mensal</p><p>De R$ 2.967,99 até</p><p>R$ 3.938,60</p><p>15% R$372,54</p><p>Mensal</p><p>De R$ 3.938,61 até</p><p>R$ 4.897,91</p><p>22,5 % R$667,94</p><p>Mensal Acima de R$ 4.897,92 27,5 % R$912,83</p><p>AVISO: Todos aqueles que não são Isentos de pagamento do IRPF precisam fazer a declaração de</p><p>Ajuste Anual do Imposto de Renda.</p><p>8.2.2. Tabelas progressivas anuais</p><p>A partir do exercício 2017, ano-calendário de 2016:</p><p>Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)</p><p>Até 22.847,76 - -</p><p>De 22.847,77 até 33.919,80 7,5 1.713,58</p><p>De 33.919,81 até 45.012,60 15 4.257,57</p><p>De 45.012,61 até 55.976,16 22,5 7.633,51</p><p>Acima de 55.976,16 27,5 10.432,32</p><p>15 http://ir2017.com.br/tabelas-ir-2017</p><p>67 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Para o exercício 2016, ano-calendário de 2015:</p><p>Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)</p><p>Até 22.499,13 - -</p><p>De 22.499,14 até 33.477,72 7,5 1.687,43</p><p>De 33.477,73 até 44.476,74 15 4.198,26</p><p>De 44.476,75 até 55.373,55 22,5 7.534,02</p><p>Acima de 55.373,55 27,5 10.302,70</p><p>8.2.3. Limites anuais referentes ao desconto simplificado</p><p>Ano-calendário Quantia (R$)</p><p>A partir de 2015 16.754,34</p><p>2014 15.880,89</p><p>8.2.4. Dedução anual por dependente</p><p>Ano-calendário Quantia a deduzir por dependente (R$)</p><p>2015 e posteriores 2.275,08</p><p>8.2.5. Rendimentos previdenciários isentos para maiores de 65 anos</p><p>Ano-calendário Valores isentos mensais (R$)</p><p>A partir do mês de abril do ano-calendário de 2015 até 1.903,98</p><p>2015, até o mês de março até 1.787,77</p><p>2014 até 1.787,77</p><p>68 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>9. IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar o imposto de renda relacionado às pessoas jurídicas;</p><p> Verificar o IRPJ e suas especificidades.</p><p>Palavras-Chave: Imposto de renda das pessoas jurídicas; especificidades.</p><p>Primeiramente cabe colocar que a lei</p><p>entende que são contribuintes e, portanto,</p><p>estão sujeitos ao pagamento do IRPJ, as</p><p>pessoas jurídicas e as pessoas físicas a</p><p>elas equiparadas, domiciliadas no País.</p><p>Estas devem apurar o IRPJ com base no lucro, que pode ser real, presumido ou</p><p>arbitrado.</p><p>9.1. E quem é considerado uma pessoa jurídica?</p><p>Antes de apresentar o conceito de “pessoa jurídica”, é interessante conhecer o</p><p>conceito de pessoa.</p><p>Assim, “Pessoa” é o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo</p><p>sinônimo de sujeito de direito. Já “sujeito de direito” é aquele que é sujeito de um dever</p><p>jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de</p><p>uma ação, o não-cumprimento do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção</p><p>da decisão judicial” (Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed,</p><p>Saraiva: São Paulo, 2002, p.116).</p><p>Além das pessoas físicas ou naturais temos, também como sujeito de direito,</p><p>entidades abstratas, criadas pelo homem, às quais se atribui personalidade. Estas são as</p><p>denominadas pessoas jurídicas. (Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, atualizado</p><p>por Vilson Rodrigues Alves, Bookseller, 1999, p.345).</p><p>69 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>O Código Civil Brasileiro de 2002, por sua vez, não enuncia o conceito de pessoa</p><p>jurídica, mas acompanha a conceituação de Clóvis Bevilácqua, qual seja: “todos os</p><p>agrupamentos de homens que, reunidos para um fim, cuja realização procuram, mostram</p><p>ter vida própria, distinta da dos indivíduos que os compõem, e necessitando, para a</p><p>segurança dessa vida, de uma proteção particular do direito”.(Clóvis Bevilácqua, Teoria</p><p>Geral do Direito Civil, 2ª edição, Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1929, p. 158).</p><p>Salienta-se que tanto a pessoa jurídica como a física são sujeitos de direito personalizado,</p><p>em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como por exemplo o nascituro,</p><p>a massa falida.</p><p>Depois dessas considerações iniciais podemos conceituar a pessoa jurídica como</p><p>sendo “a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução de certos</p><p>fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações”. (Maria Helena</p><p>Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002, p.206). Em</p><p>síntese, pessoa jurídica consiste num conjunto de pessoas e/ou bens, dotado de</p><p>personalidade jurídica própria e constituído de acordo com a lei.</p><p>Em decorrência do conceito podemos concluir que são três os requisitos para a</p><p>existência da pessoa jurídica:</p><p> Organização de pessoas e/ou bens;</p><p> Licitude de propósitos ou fins;</p><p> Capacidade jurídica reconhecida por norma.</p><p>As pessoas jurídicas podem ser de direito público (interno ou externo) ou de privado.</p><p>O Art. 41 do CC elenca quais são as pessoas jurídicas de direito público interno.</p><p>As pessoas jurídicas de direito público interno se dividem em entes de administração</p><p>direta União, Estados, Distrito Federal e Territórios e Município e entes de administração</p><p>indireta, como é o caso das autarquias (como o INSS) e das demais entidades de caráter</p><p>público criadas por lei,</p><p>como, por exemplo, as fundações públicas de direito público.</p><p>70 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>O Art. 42, o mesmo dispositivo legal, por seu turno, dispõe sobre as pessoas jurídicas</p><p>de direito público externo. São elas: os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem</p><p>regidas pelo direito internacional público.</p><p>São exemplos de pessoas jurídicas de direito público externo as nações</p><p>estrangeiras, Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, União Europeia, Mercosul,</p><p>etc).</p><p>As pessoas jurídicas de direito privado se encontram definidas no Art. 44. Estas são</p><p>as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas, os partidos</p><p>políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. Estas são instituídas por</p><p>iniciativa de particulares.</p><p>As pessoas jurídicas de direito privado dividem-se em estatais ou particulares. As</p><p>estatais apresentam no capital, contribuição do Poder Público (sociedades de economia</p><p>mista, empresas públicas). Já os particulares são constituídos apenas com recursos</p><p>particulares.</p><p>Cabe colocar, por fim, que as pessoas jurídicas de direito privado particular pode</p><p>revestir seis formas diferentes: a fundação, a associação, a cooperativa, a sociedade, a</p><p>organização religiosa, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade</p><p>limitada.</p><p>Agora que sabemos de quem estamos falando, podemos analisar com mais</p><p>propriedade o imposto de renda relacionado a pessoa jurídica.</p><p>Vamos lá!</p><p>9.2. Imposto Sobre a Renda das Pessoas Jurídicas</p><p>O Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas também possui regras especificas,</p><p>conforme consta da Constituição Federal de 1988.</p><p>Assim, conforme determina o art. 153 da Constituição Federal este tributo é de</p><p>competência da União, ou seja, é este um imposto federal de aplicação em todo território</p><p>nacional.</p><p>71 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Características desse tributo:</p><p> Generalidade;</p><p> Universalidade;</p><p> Progressividade.</p><p>O Código Tributário Nacional, por seu turno, estabelece as normas gerais para</p><p>Imposto de Renda, especificamente nos artigos 43 a 45, determinando o fato gerador, a</p><p>base de cálculo e os contribuintes.</p><p> Contribuinte do imposto de renda pessoa jurídica - é a pessoa jurídica titular de</p><p>renda ou provento de qualquer natureza, sendo certo que o fato gerador para tal</p><p>obrigação tributária é a disponibilidade econômica/jurídica de renda decorrente</p><p>do capital ou trabalho.</p><p> Fato gerador do imposto de renda - é o auferimento de renda, de forma que toda</p><p>pessoa jurídica que aufere renda ou proventos será contribuinte do imposto de</p><p>renda.</p><p> Base de cálculo - é a soma de fatores positivos e negativos que se agregam ao</p><p>patrimônio. Salienta-se que a incidência se dá sobre o crédito líquido do</p><p>contribuinte, ou seja, a diferença entre a renda ou provento bruto auferido e os</p><p>encargos admitidos em lei.</p><p>Obs. A apuração da base de cálculo para o recolhimento do Imposto sobre a Renda</p><p>das Pessoas Jurídicas pode ser realizada de forma:</p><p>1. Presumida - o lucro presumido é uma presunção realizada pelo fisco, do que</p><p>seria o lucro de uma empresa caso não existisse a contabilidade.</p><p>Neste regime não importa o efetivo lucro da empresa, pois o cálculo será feito a partir</p><p>de presunções, de forma que, mesmo uma empresa com prejuízo terá imposto devido.</p><p>As empresas de menor porte ou que não possuam uma escrituração contábil em</p><p>perfeita ordem, e que não estejam obrigadas a adotar o regime do lucro real, devem,</p><p>em regra, optar pelo regime de tributação.</p><p>72 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>2. Real - este tem por base os registros contábeis e fiscais efetuados</p><p>sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais. É o mais complexo</p><p>regime, porém o mais completo e abrangente, podendo ser adotado por qualquer</p><p>contribuinte.</p><p>Neste regime são levados em consideração para a base de cálculo do imposto os</p><p>lucros líquidos do período de apuração.</p><p>Obs. Lucro líquido é o resultado positivo encontrado depois dos descontados os</p><p>gastos efetuados para obtenção de receita.</p><p>3. Arbitrada, pelo Simples Nacional ou na modalidade do Microempresário</p><p>Individual – este é realizado pela autoridade tributária (Receita Federal) ou pelo</p><p>próprio contribuinte. Ocorre quando a pessoa jurídica deixa de cumprir as</p><p>obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real, presumido ou</p><p>simples, conforme o caso.</p><p>É ele feito de ofício como um instrumento da fiscalização da Receita Federal no</p><p>momento em que vê impedida ou não aceite o lucro real apurado da pessoa jurídica. Ou</p><p>seja, é uma modalidade de tributação excepcional, que só deve ser usada depois de</p><p>esgotadas as possibilidades de apuração do lucro real, ou seja, quando o contribuinte deixa</p><p>de cumprir com suas obrigações tributárias.</p><p> Alíquotas – São elas, conforme Regulamento do Imposto de Renda, nos art. 541</p><p>e 542:</p><p>1. 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado apurado</p><p>pelas pessoas jurídicas em geral, seja comercial ou civil o seu objeto;</p><p>2. 6% (seis por cento) sobre o lucro inflacionário acumulado até 31 de</p><p>dezembro de 1987, das empresas concessionárias de serviços públicos de</p><p>energia elétrica e telecomunicações, das empresas de saneamento básico</p><p>e das empresas que exploram a atividade de transporte coletivo de</p><p>passageiros, concedida ou autorizada pelo poder público e com tarifa por ele</p><p>fixada, realizado no período de apuração (trimestral ou anual) do imposto.</p><p>73 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>9.3. Simples nacional</p><p>A Lei Complementar nº. 123/2006</p><p>instituiu o regime de tributação denominado</p><p>Simples Nacional, criado um tratamento</p><p>tributário diferenciado às microempresas e</p><p>empresas de pequeno porte no âmbito da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações tributárias</p><p>acessórias.</p><p>Assim, podem optar por esse regime as empresas de pequeno porte e as</p><p>microempresas (a lei apresentará limites de receita bruta para enquadrar as empresas</p><p>dentro dessa classificação, ou seja, como ME ou EPP).</p><p>Com relação ao imposto de renda, o simples nacional possui diversas bases de</p><p>cálculos e alíquotas, variando de 0,54% até mais de 20%, tendo em vista o ramo de</p><p>atividade e receita bruta anual.</p><p>Cabe colocar, por fim, que, embora este seja um regime menos complexo, nem</p><p>sempre apresenta menor carga tributária. Logo, antes de optar pelo Simples Nacional se</p><p>deve analisar as demais possibilidades, isto é, o regime do Lucro Real e Presumido (essa</p><p>comparação também deve ser feita regularmente, a fim de sempre manter a menor carga</p><p>tributária possível).</p><p>BIBLIOGRAFIA BÁSICA</p><p>MELLO, C. M. Código Civil Comentado. 6. Ed. Rio de Janeiro: Editora Processo,</p><p>2021. (BV)</p><p>MEZZOMO, C. Introdução ao direito. Caxias do Sul, RS: Educs, 2011. (BV)</p><p>GLASENAPP, R. B. Direito tributário. São Paulo: Pearson Education do Brasil,</p><p>2016. (BV)</p><p>BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR</p><p>74 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>CAROTA, J.C. Manual de Direito Tributário e Financeiro Aplicado. Rio de</p><p>Janeiro, Freitas Bastos Editora, 2018. (BV)</p><p>GLASENAPP, R. (Org.). Introdução ao direito. São Paulo: Pearson Education do</p><p>Brasil, 2014. (BV)</p><p>MAZZA, A. (Org) Vade Mecum Tributário. 3. Ed. São Paulo: Redeel, 2012. (BV)</p><p>PICHILIANI, M. C. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Rideel, 2018. (BV)</p><p>SILVA, V.B. Direito Tributário – Concurso Descomplicado. 2.ed. São Paulo:</p><p>Rideel, 2014. (BV)</p><p>Cecília - Educação a Distância</p><p>complementar o raciocínio, prudente esclarecer que o direito privado, em contrapartida,</p><p>busca a harmonia dos interesses particulares em si.</p><p>Desta forma, o Direito Tributário, como ramo do direito público que é, regulamenta a</p><p>atividade estatal de fixar e cobrar os tributos, tudo de acordo com a lei, lei esta que, por sua</p><p>vez, é elaborada, de regra, pelo poder legislativo. Ou seja, o Direito Tributário tem por</p><p>finalidade essencial apresentar regras relativas à instituição, arrecadação e fiscalização dos</p><p>tributos.</p><p>Na verdade, esse ramo do direito está presente na nossa vida cotidiana, pois</p><p>pagamos tributos diariamente, como, por exemplo, no consumo da energia elétrica, compra</p><p>de produtos, dentre inúmeros outros atos corriqueiros.</p><p>Salienta-se que para bem regularizar toda essa atividade tributária do Estado, o</p><p>direito, através da Constituição Federal, estabelece as competências tributárias para cada</p><p>um dos entes políticos, apresentando quais são os impostos federais, estaduais e</p><p>municipais, como veremos mais adiante.</p><p>No entendimento do Douto Doutrinador Paulo de Barros Carvalho (2014)2, o Direito</p><p>Tributário é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das</p><p>proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição,</p><p>arrecadação e fiscalização de tributos.</p><p>No mesmo sentido, contudo de uma forma mais direta, Luciano Amaro3 coloca que</p><p>o Direito Tributário é a disciplina jurídica que trata dos tributos.</p><p>Dando continuidade ao nosso estudo analisaremos</p><p>as fontes do Direito Tributário, ou seja, seu nascedouro.</p><p>Nesse sentido, temos que as normas jurídicas são</p><p>formadas pelas fontes, que se dividem em formais e</p><p>materiais.</p><p>2 CARVALHO, P.B. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2014.</p><p>3 Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro - 21ª Ed. 2016.</p><p>http://www.saraiva.com.br/direito-tributario-brasileiro-21-ed-2016-9269604.html</p><p>6 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>As fontes materiais são os fatos que acontecem na sociedade e que apresentam</p><p>relevância ao Direito. Já as fontes formais são as normas postas que viabilizam a aplicação</p><p>do Direito ao caso concreto. Através das leis o Estado passa a ter o direito de arrecadar e</p><p>o contribuinte, que praticou o fato gerador, o dever de pagar4.</p><p>As fontes formais do Direito Tributário se dividem em primárias e secundárias. As</p><p>primárias se evidenciam quando há uma mudança da lei que atinge a relação entre o</p><p>Estado/fisco e o contribuinte. Já as fontes formais secundárias ostentam um caráter</p><p>explicativo das normas primarias.</p><p>Assim, a junção das fontes formais primárias e secundárias forma a legislação</p><p>tributária, conforme se denota através do artigo 96 do CTN (Código Tributário Nacional):</p><p>Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as</p><p>convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem,</p><p>no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.</p><p>As fontes formais primárias do Direito Tributário estão primeiramente previstas na</p><p>Constituição Federal (artigo 59) apresentando as espécies tributárias, as imitações ao</p><p>poder de tributar do Estado, além de distribuir as competências entre os entes da federação</p><p>(União, Estados-membro, Municípios e Distrito Federal).</p><p>Abaixo da Constituição Federal temos a lei complementar, sendo que a mais</p><p>importante no âmbito do Direito Tributário é o Código Tributário Nacional. De regra, a lei</p><p>complementar não cria tributo, no entanto, existem algumas exceções, a saber:</p><p> Empréstimo compulsório (artigo 45);</p><p> Imposto sobre grandes fortunas (artigo 153);</p><p> Competência residual (artigo 154).</p><p>4 A compreensão tridimensional do Direito sugere que uma norma adquire validade objetiva integrando os fatos</p><p>nos valores aceitos por certa comunidade num período específico de sua história. No momento de interpretar uma norma</p><p>é necessário compreendê-la em função dos fatos que a condicionam e dos valores que a guiam. A conclusão que nos</p><p>permite tal consideração é que o Direito é norma e, ao mesmo tempo, uma situação normatizada, no sentido de que a</p><p>regra do Direito não pode ser compreendida tão somente em razão de seus enlaces formais - CARVALHO, José Mauricio</p><p>de. O homem e a filosofia, pequenas meditações sobre a existência e a cultura. 2. ed., Porto Alegre: Edipucrs, 2007.</p><p>7 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Ainda como fonte primária do Direito tributário temos:</p><p> Lei ordinária, que necessita apenas de maioria simples para aprovação (basta a</p><p>maioria dos presentes na hora da votação);</p><p> Medida provisória para a criação de imposto apenas, ou seja, as demais</p><p>espécies tributárias não podem ser instituídas por MP;</p><p> Lei delegada;</p><p> Tratados internacionais;</p><p> Decreto Legislativo;</p><p> Resolução. Ela serve para determinar alíquotas de tributos (IPVA)</p><p>As fontes do Direito Tributário secundárias são:</p><p> Decretos. Estes especificam uma lei já existente, fazendo parte do poder</p><p>regulamentar da administração pública. Esse poder serve para especificar uma</p><p>lei já existente. Exemplo: RIR (Regulamento do Imposto de Renda) e RIP.</p><p> Atos Administrativos;</p><p> Convênios. Estão são acordos que podem ser estabelecidos entre a União, os</p><p>estados, o distrito e os municípios. Salienta-se que estes não podem contrariar</p><p>a lei;</p><p>Obs. Doutrina, jurisprudência e costumes.</p><p>Para alguns doutrinadores estes não são fontes formais diretas, posto que não</p><p>vinculam a sociedade, contudo, não se pode negar que estas ao menos servem de base</p><p>para a elaboração das leis, uma vez que apresentam opiniões sobre determinados</p><p>assuntos.</p><p>Cabe esclarecer, por fim, que existe uma outra forma de divisão das fontes,</p><p>classificação está bastante usada entre os doutrinadores.</p><p>Vamos lá!</p><p> Fontes materiais: são os elementos que contribuem para a formação do</p><p>conteúdo das normas jurídicas, como por exemplo, os fatores climáticos,</p><p>8 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>geográficos, econômicos, entre outros, que originam normas jurídicas</p><p>concedendo incentivos fiscais para empresas que no Nordeste se instalem.</p><p> Fontes formais: são as formas como as normas jurídicas se tornam conhecidas,</p><p>sendo que a mais usual é a lei.</p><p>Essas fontes formais podem vir da sociedade ou do próprio Estado, nesse sentido</p><p>as fontes se dividem em:</p><p> Estatais: são originadas em atos estatais, como se dá com a lei e a</p><p>jurisprudência. Isto é, a lei e criada preponderantemente pelo poder legislativo e</p><p>a jurisprudência pelo judiciário;</p><p> Legislação: É a mais importante fonte do Direito. Abrange todas as</p><p>modalidades de normas jurídicas escritas, como por exemplo, a Constituição</p><p>Federal, as Leis Ordinárias, as Medidas provisórias, etc.</p><p> Jurisprudência: São as decisões reiteras dos tribunais, no mesmo sentido e</p><p>sobre o mesmo tema, ocorrendo no momento em que o poder judiciário</p><p>aplica a lei ao caso concreto.</p><p> Não estatais: estas advêm da sociedade, como por exemplo, os costumes e a</p><p>doutrina.</p><p> Costume: é o conjunto de normas de conduta social, criadas</p><p>espontaneamente pela sociedade, através do uso reiterado e uniforme,</p><p>gerando na população certeza de sua obrigatoriedade.</p><p> Doutrina: É exteriorizada através dos trabalhos dos juristas, materializada</p><p>em seus livros, comentando temas relacionados com o Direito.</p><p>Veja que independentemente da classificação dada, o importante é que a origem do</p><p>direito tributário, ou seja, sua fonte principal é a mesma, isto é, as leis.</p><p>Resumo do Módulo</p><p>Primeiramente, verificamos as diferenças entre direito, moral e religião, diferenças</p><p>estas ressaltadas no quadro abaixo</p><p>9 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa</p><p>Cecília - Educação a Distância</p><p>Direito Moral Religião</p><p>Heteronomia Autonomia Autonomia</p><p>Coercibilidade Incoercibilidade Incoercibilidade</p><p>Bilateralidade Unilateralidade Unilateralidade</p><p>Posteriormente falamos das fontes do conceito e das fontes do direito tributário.</p><p>Lembrando que uma possível classificação a ser apresentada é a seguinte:</p><p>• Estatais – lei e jurisprudência;</p><p>• Não estatais – costumes e doutrina.</p><p>Espero que esteja gostando tanto quanto eu. Conto com você como meu fiel</p><p>companheiro por essa incrível viagem pelo Direito tributário.</p><p>10 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>2. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E SUAS RECEITAS</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar o Sistema Tributário Nacional;</p><p> Verificar suas receitas;</p><p> Descrever a repartição dessas receitas.</p><p>Palavras-Chave: Sistema Tributário; Receitas; Repartição.</p><p>Caro aluno!</p><p>Gostaria de iniciar esse nossa aula com um pensamento de NORBERTO BOBBIO5</p><p>que muito se encaixa ao Sistema Tributário atual: “não é verdade que o aumento da</p><p>liberdade seja sempre um bem ou o aumento do poder seja sempre uma mal”.</p><p>Pense nisso, ao adentrar pelo mundo do Direito Tributário.</p><p>Bons estudos!</p><p>2.1. Receitas Tributárias</p><p>O Estado para cumprir com todas suas obrigações perante a sociedade e a lei,</p><p>necessita de receitas que viabilizem o ingresso de dinheiro em seus cofres e, assim, a</p><p>realização de todas as suas metas, quer em relação às suas próprias necessidades</p><p>estruturais (por exemplo, em decorrência do pagamento de seus funcionários), quer em</p><p>relação aos anseios sociais (construção de uma creche, por exemplo).</p><p>Assim, essas receitas diferenciam-se por sua natureza em 2 (duas) grandes</p><p>espécies: as receitas originárias e as receitas derivadas. As primeiras têm origem em atos</p><p>do próprio Estado, utilizando-se de bens que possuem, como o arrendamento de bens</p><p>públicos, por exemplo. Já as receitas derivadas originam-se por meio de dinheiro advindo</p><p>dos contribuintes diante do pagamento dos tributos. Ante o exposto, denota-se que nem</p><p>todo ingresso de receita qualifica-se como tributo, não sendo, pois, sinônimos.</p><p>5 A era dos direitos, 11ª edição. Campus. Rio de Janeiro: 1992.</p><p>11 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>2.2. Sistema Tributário Nacional</p><p>Primeiramente cabe definir de forma direta o significado do termo “Sistema Tributário</p><p>Nacional”. Assim, o sistema nada mais é do que o conjunto de normas e institutos que tem</p><p>por finalidade criar e arrecadar tributos que, conforme disposição constitucional, são</p><p>repartidos entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios.</p><p>Infelizmente sabemos que o Brasil é mundialmente conhecido como país de grande</p><p>desigualdade social, e um dos fatos geradores dessa desigualdade é exatamente a</p><p>existência de um Sistema Tributário por vezes ineficiente e injusto, sistema este que</p><p>necessita de uma reforma urgente, sob pena de acabar por paralisar o país diante da</p><p>enorme carga tributária interna, como também em decorrência da desigualdade legal que</p><p>o país apresenta para com seus parceiros comerciais.</p><p>Assim, a lei define tributos e suas espécies, apresenta os princípios basilares desse</p><p>sistema, conforme veremos adiante.</p><p>Cabe consignar que, conforme consta na Lei Maior o Brasil é uma Federação. Essa</p><p>forma federativa, conforme determina a Constituição Federal, tem como consequência a</p><p>união de Estados, Municípios e Distrito Federal que de forma independente e autônoma,</p><p>formam o Brasil.</p><p>Assim, a Constituição Federal distribui competências entre os entes da federação,</p><p>concedendo poderes para administrar e legislar a cada um deles. Diante disso, no que</p><p>tange a União, a Constituição Federal, nos artigos 21, 22, 23 e 24 concede as competências</p><p>necessárias para sua administração.</p><p>Com relação os Estados e ao Distrito Federal a outorga das competências se dá</p><p>através do artigo 25. Por fim, os Municípios recebem suas incumbências através do artigo</p><p>30, também da Lei Maior.</p><p>Diante da repartição das competências em geral, também são atribuídas pela</p><p>constituição às competências tributárias. Tal fato se vislumbra ao se analisar a Lei Maior no</p><p>título VI - da tributação e do orçamento, bem como o capítulo I - do Sistema Tributário</p><p>Nacional, dando-se relevância aos artigos 145, 153, 155 e 156 daquele Texto Magno,</p><p>conforme texto abaixo:</p><p>12 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir</p><p>os seguintes tributos:</p><p>I - Impostos;</p><p>II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou</p><p>potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou</p><p>postos a sua disposição;</p><p>III - Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.</p><p>Art. 153. Compete União instituir impostos sobre:</p><p>I - Importação de produtos estrangeiros;</p><p>II - Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;</p><p>III - Renda e proventos de qualquer natureza;</p><p>IV - Produtos industrializados;</p><p>V - Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores</p><p>mobiliários;</p><p>VI - Propriedade territorial rural;</p><p>VII - Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>I - Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;</p><p>II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços</p><p>de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as</p><p>operações e as prestações e iniciem no exterior;</p><p>III - Propriedade de veículos automotores;</p><p>Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:</p><p>I - Propriedade predial e territorial urbana;</p><p>II - Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por</p><p>natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia,</p><p>bem como cessão de direitos e sua aquisição.</p><p>III - Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.155, II, definidos em</p><p>lei complementar.</p><p>Além das competências ordinárias acima ressaltadas, que pertencem a cada um dos</p><p>entes e que estão previstas expressamente nos artigos 153, 155 e 156, há em favor da</p><p>União o estabelecimento de competências extraordinárias, previstas no artigo 154,</p><p>originando o Imposto de Guerra (incidente sobre qualquer fato econômico, ainda que já seja</p><p>gerador de tributo previsto na CF) e o Imposto residual (que somente se cria por Lei</p><p>Complementar e que só pode incidir sobre fato econômico novo, ainda não previsto na CF).</p><p>Obs. Conforme determina o artigo 147, competem à União, em Território</p><p>Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em</p><p>Municípios, cumulativamente, os impostos Municipais; (...).</p><p>https://jus.com.br/tudo/poder-de-policia</p><p>https://jus.com.br/tudo/servicos-publicos</p><p>https://jus.com.br/tudo/propriedade</p><p>13 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Logo, no tocante aos tributos estaduais, dentre os quais se destaca o ICMS, tem a</p><p>União à competência para sua instituição, nos territórios federais.</p><p>Depois de analisados os pontos constitucionais relacionados ao Sistema Tributário</p><p>Nacional, cabe destacar o Código Tributário Nacional, onde se verifica um sistema de</p><p>harmonização das competências tributárias, buscando atribuir, a cada ente da federação a</p><p>competência por legislar e administrar tributos sob todas as categorias econômicas</p><p>tributárias.</p><p>O quadro abaixo demonstra a divisão das competências tributárias e as categorias</p><p>econômicas sobre os quais recaem os tributos previstos em nossa legislação6:</p><p>União Estados Municípios</p><p>Renda</p><p>IR;</p><p>Contr. Previdenciária;</p><p>Contr. ao Seguro de</p><p>Acidente do Trabalho;</p><p>Contr. ao Salário</p><p>Educação.</p><p>_________ _________</p><p>Patrimônio</p><p>ITR;</p><p>Grandes Fortunas;</p><p>Contribuição de Melhoria.</p><p>ITCMD;</p><p>IPVA;</p><p>Contribuição de</p><p>Melhoria.</p><p>IPTU;</p><p>ITBI;</p><p>Contribuição de</p><p>Melhoria.</p><p>Atividade</p><p>Econômica</p><p>IPI; IOF; II; IE; COFINS;</p><p>PIS; CSLL; CIDE.</p><p>ICMS ISS</p><p>Através da análise do quadro acima se verifica uma grande concentração da política</p><p>tributária sob a competência da União Federal, em detrimento dos Estados e Municípios,</p><p>diante da efetiva concentração de poder político e econômico nas mãos da União Federal</p><p>em detrimento dos demais entes federativos.</p><p>Salienta-se que existem dois modos de repartição tributária:</p><p>6 No site em destaque http://www.portaltributario.com.br/glossario.htm encontram-se os significados das siglas</p><p>dos tributos acima elencados.</p><p>http://www.portaltributario.com.br/glossario.htm</p><p>14 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p> Direta: ocorre quando a receita passa</p><p>diretamente para o ente beneficiário, sem</p><p>qualquer intermediário e sem que esta receita</p><p>faça, antes da repartição, parte de qualquer</p><p>fundo constitucional.</p><p> Indireta: quando os recursos a serem</p><p>repartidos são destinados a um fundo de</p><p>participação, e os beneficiários receberão receitas divididas seguindo os critérios</p><p>legais e constitucionais previamente definidos. É o caso da quota do Fundo de</p><p>Participação dos Municípios. Como o repasse é feito após a destinação dos</p><p>recursos sujeitos à repartição (47% do Imposto de Renda e 47% do IPI) ao citado</p><p>fundo.</p><p>Em síntese, são diretas as repartições previstas nos artigos: 153, parágrafo 5º, 157</p><p>e 158, da CF/88 e indiretas, estas quando as relativas aos fundos de participação (CF, art.</p><p>159, I, a, b e c) ou compensatórios (DF, art. 159, II).</p><p>A união reparte com os estados e municípios. Os estados repartem com os</p><p>municípios e estes últimos (municípios) não repartem com ninguém.</p><p>Assim, por exemplo, certo tributo federal quando arrecadado é depois redistribuído</p><p>entre estados e municípios de acordo com a relação que estes tenham com o fato que</p><p>originou o tributo. Da mesma forma quando um tributo é arrecadado pelos estados devem</p><p>eles repassar parte dessa receita para os municípios localizados neste estado.</p><p>A Constituição define que pertencem aos estados e municípios o Imposto de Renda</p><p>Retido na Fonte que são por eles retidos por pagamentos realizados. A eles pertencem</p><p>também um volume de aproximadamente 22% do produto da arrecadação do Imposto de</p><p>Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para a formação dos Fundos dos</p><p>Estados e dos Municípios.</p><p>Além disso, os municípios têm direito a 50% da arrecadação do Imposto Territorial</p><p>Rural, cobrado pela União e 50% da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de</p><p>Veículos Automotores, cobrado pelos estados, além de 25% do Imposto sobre Circulação</p><p>de Mercadorias, do Estado.</p><p>15 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Obs. Cabe acrescentar que a competência do Distrito Federal abrange a exercida</p><p>pelos Estados-membros e pelos Municípios.</p><p>E mais, existem tributos cujas receitas não são repartidas:</p><p> Todos os impostos arrecadados pelos Municípios e pelo Distrito Federal;</p><p> O imposto estadual sobre transmissão causa mortis e doações – ITCD;</p><p> Os impostos federais sobre importação, exportação, grandes fortunas e os</p><p>extraordinários de guerra;</p><p> Os tributos vinculados, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais,</p><p>empréstimos compulsórios, não estão sujeitos a qualquer repartição.</p><p>Assim, terminamos mais uma aula. Espero que estejam compreendendo, mas em</p><p>caso de dúvida é só me procurar na plataforma.</p><p>Até a próxima!</p><p>Resumo do Módulo</p><p>Primeiramente falamos das receitas tributárias, lembrando que estas podem ser</p><p>receitas originárias e as receitas derivadas.</p><p>Ademais, analisamos o sistema tributário nacional sob a ótica da Constituição,</p><p>trazendo a repartição das competências entre os entes da federação.</p><p>16 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>3. TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS</p><p>Objetivos:</p><p> Entender a extensão do termo tributo e analisar suas características;</p><p> Verificar as espécies tributárias e suas características;</p><p>Palavras-Chave: Gênero Tributo; Espécies Tributárias.</p><p>3.1. Tributo</p><p>Trata-se de uma receita derivada que permite ao Estado manter sua atividade</p><p>genérica ou específica em alguns casos, a fim de atender as necessidades sociais. O tributo</p><p>além de apresentar um caráter estritamente fiscal, também ostenta outras duas funções</p><p>muito importantes. Assim, o tributo também apresenta uma característica extrafiscal, no</p><p>momento em que exerce uma função que não é essencialmente arrecadatória, mas sim</p><p>regulatória de certo ramo econômico, atuando de modo a permitir que o Estado tenha nele</p><p>instrumentos intervencionistas, como, por exemplo, através da instituição do CIDE</p><p>(contribuição interventiva do domínio econômico). Por fim, poderá ter uma característica</p><p>parafiscal, permitindo que entes não pertencentes ao Estado recebam a condição de</p><p>credores tributários, de modo que nestes casos o tributo ingressando diretamente nos</p><p>cofres daquela entidade sirva a propósitos específicos, tendo como exemplo as</p><p>contribuições profissionais.</p><p>Cabe consignar, em seguida, que o conceito legal de tributo está escrito no artigo 3º</p><p>do CTN e fundamentalmente podemos destacar os seguintes requisitos:</p><p> Prestação pecuniária - a noção de tributo exige que a prestação a ser oferecida</p><p>ao Estado seja em moeda ou em valor que pode se exprimir em moeda. Logo,</p><p>não é considerado um tributo às prestações não pecuniárias, ainda que seja</p><p>criada por lei. É o caso da prestação de serviço militar e da prestação de serviço</p><p>eleitoral;</p><p> Criado por lei - o tributo jamais será o resultado de uma obrigação criada por</p><p>um contrato celebrado com o ente da Federação, nem fruto de uma condenação</p><p>judicial do particular em favor do Estado;</p><p>17 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p> Cobrado mediante atividade estatal vinculada - será sempre o poder público que</p><p>executará as tarefas de fiscalização do crédito;</p><p> Que não constitua sanção de ato ilícito - o tributo nunca estará relacionado a</p><p>prática pelo particular de um ato ilícito administrativo, os quais geram multas,</p><p>mas jamais tributos.</p><p>Diante dessas caracteristicas podemos concluir que não é considerado tributo:</p><p> Obrigação contratual (ex: contratos de concessão, celebrado entre o poder</p><p>público e uma concessionária);</p><p> Condenação judicial que gera pagamento, por exemplo, de custas ao governo;</p><p> Multas administrativas, como aquelas de trânsito.</p><p>Existem basicamente quatro formas de tributação: Lucro real, presumido,</p><p>arbitrado e simples nacional para ME – Microempresa, EPP – Empresa de</p><p>Pequeno Porte e para MEI – Microempreendedor Individual.</p><p> Lucro Real: é o resultado das receitas descontando-se os custos e despesas</p><p>ajustado pelas adições e exclusões. O interessante neste caso, ou seja, com a</p><p>utilização do RIR – Regulamento de Imposto de Renda, a empresa paga o</p><p>imposto apenas quando obtém lucro;</p><p> Lucro Arbitrado: até o advento da Lei nº 8.981/95, somente a autoridade fiscal</p><p>poderia arbitrar o resultado. Contudo, a partir de 1996 foi concedido ao</p><p>contribuinte a possibilidade de fazer a opção por essa modalidade de base de</p><p>cálculo do Imposto de Renda, conforme artigo 26 da referida lei, regulamentada</p><p>pelo artigo 530 do RIR, conforme texto abaixo [...]:</p><p>VII – o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis</p><p>recomendadas, livro Razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por conta</p><p>ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.</p><p>§ 1º Quando conhecia a receita bruta, o contribuinte poderá efetuar o pagamento</p><p>do Imposto</p><p>de Renda correspondente com base nas regras previstas nesta seção.</p><p>§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior:</p><p>A apuração do Imposto de Renda com base no lucro arbitrado abrangerá todo ano-</p><p>calendário, assegurada a tributação com base no lucro real relativa aos meses não</p><p>18 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser de escrituração exigida</p><p>pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real não abrangido por</p><p>aquela modalidade de tributação, observando o disposto no § 5º do artigo 37;</p><p>Por fim, é estipulado pela fiscalização, em decorrência da inaptidão ou falta de</p><p>documentação por parte do sujeito passivo:</p><p> Lucro Presumido: conforme determina o § 1º do artigo 516 do RIR, esta espécie</p><p>é definida em relação a todo o ano-calendário (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, §</p><p>1º), aplicando-se um percentual sobre o faturamento, conforme determinação</p><p>legal;</p><p> Simples Nacional: nesta hipótese, a Lei Complementar nº 123/2006, define uma</p><p>forma simplificada para a tributação de impostos federais, estaduais e municipais</p><p>para as micro, pequenas empresas e para o MEI, contudo deve-se atentar as</p><p>atividades que podem optar por esse regime e identificar o anexo das alíquotas</p><p>para cálculo dos impostos.</p><p>Não deixe de analisar o site abaixo indicado, a fim de enriquecer seus conhecimentos:</p><p>www.portaldomicroempreededorindividual.com.br</p><p>Depois de apresentado o conceito de tributo e de entender que este é gênero que</p><p>ostenta diversas espécies, passamos a analisar essas espécies tributárias. Assim, através</p><p>do conceito legal de tributo podemos verificar 5 (cinco) espécies de tributos, com</p><p>características que as diferenciam umas das outras.</p><p>Para se configurar cada espécie tributária tem-se uma norma que possui uma</p><p>previsão abstrata de um fato econômico que se denomina HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA</p><p>(como por exemplo, auferir renda, prestar serviço, ser proprietário) e uma ocorrência</p><p>concreta, ou seja, a realização real do fato antes previsto abstratamente a que se denomina</p><p>FATO IMPONÍVEL (é o auferir, é o prestar serviço, é o ser proprietário).</p><p>Quando se verifica a perfeita coincidência entre o fato concreto e a previsão abstrata</p><p>dizemos que ocorreu o FATO GERADOR do tributo.</p><p>No instante em que ação real se iguala àquela previsão do abstrato há a perfeita</p><p>coincidência entre norma e fato, surgindo o fato gerador do tributo. Assim, no exato instante</p><p>http://www.portaldomicroempreededorindividual.com.br/</p><p>19 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>em que alguém realiza concretamente aquilo que a norma previa abstratamente, podemos</p><p>dizer que nasce a obrigação tributária. Neste dia dizemos que ocorreu o fato gerador.</p><p>Desta forma, ao estudar as características do fato econômico previsto na lei teremos</p><p>a diferenciação entre impostos, taxas e contribuições de melhoria, como veremos abaixo.</p><p>3.2. Espécies Tributárias</p><p> Impostos</p><p> Taxas</p><p> Contribuições de melhoria</p><p> Empréstimos Compulsórios</p><p> Contribuições especiais</p><p>3.2.1. Os impostos</p><p>Esta é a espécie tributária mais importante para as receitas dos entes federativos.</p><p>Como veremos a seguir estes são divididos entre todos os entes da Administração Pública</p><p>Direta - União, Estados membros, Municípios e Distrito Federal.</p><p>Cabe consignar que o imposto é uma espécie tributária que ostenta como fato</p><p>gerador uma atuação do contribuinte, independentemente de qualquer atuação estatal</p><p>específica em relação a ele. Ou seja, os fatos econômicos que geram a cobrança dos</p><p>impostos serão sempre praticados pelos contribuintes, sem qualquer vínculo com qualquer</p><p>espécie de atuação do ente estatal. Por exemplo, o IPVA tem por fato gerador o fato de ser</p><p>o contribuinte “proprietário de um veículo”, independentemente de qualquer atuação direta</p><p>do Estado o dever de pagar esse imposto é presente ante a propriedade.</p><p>Os impostos no Brasil estão todos previstos, expressamente previstos na</p><p>Constituição, sendo que os de competência da União estão previstos no artigo 153 e 154;</p><p>dos Estados e Distrito Federal no artigo 155; e dos municípios no artigo 156. Ressalta-se,</p><p>como já colocado em momento anterior que o Distrito Federal tem tanto a competência</p><p>estadual quanto a competência municipal.</p><p>20 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Sem essa repartição os contribuintes não saberiam para quem pagar seus impostos</p><p>eis que suas atuações (fatos econômicos) não fazem com que se vinculem a nenhum dos</p><p>três entes de forma direta. Por exemplo, não há razão lógica que me leve a pagar o IPVA</p><p>para os estados e o IR para a União. Desta forma, isso de dá em decorrência de uma ordem</p><p>constitucional, já que em nenhum dos exemplos o fato do contribuinte ser proprietário de</p><p>certo bem o vincula ao, ao estado ao a União.</p><p>Obs. Através da competência extraordinária já analisada surgem as seguintes</p><p>espécies de imposto da União:</p><p> Imposto de Guerra - incidente sobre qualquer fato econômico, ainda que já seja</p><p>gerador de tributo previsto na CF;</p><p> Imposto residual - que somente se cria por Lei Complementar e que só pode</p><p>incidir sobre fato econômico novo, ainda não previsto na CF.</p><p>As taxas, ao contrário dos impostos, são tributos que têm por fato gerador uma</p><p>atuação estatal diretamente vinculada ao contribuinte, ou seja, trata-se da contraprestação</p><p>pela atividade estatal que se dirige ao contribuinte. Esta atuação estatal pode vir na forma</p><p>de serviço público ou na forma de exercício do poder de polícia.</p><p>O poder de polícia é o atributo que o poder público tem de intervir na esfera individual</p><p>com a finalidade de tutelar ou proteger interesses coletivos. Assim nesta modalidade a</p><p>atuação do estado é diretamente vinculada não ao beneficiário, que é toda a sociedade,</p><p>mas ao causador da atividade pública, como no caso de um alvará para abertura de um</p><p>estabelecimento comercial, onde quem paga a taxa é o solicitante, dono do comercio.</p><p>É indispensável que o serviço público ou o exercício do poder de polícia apresente</p><p>as seguintes características:</p><p> Seja divisível ou individualizável, de modo que se conheça o seu beneficiário</p><p>(serviço) ou o seu causador (poder de polícia). Exemplo: o serviço público de</p><p>emissão de passaporte ou de prestação de serviço judicial verifica-se a</p><p>individualização claramente;</p><p> Basta que esse serviço seja colocado à disposição do contribuinte para motivar</p><p>a cobrança.</p><p>21 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Obs. Os serviços públicos universais, como a segurança pública, não permitem, por</p><p>esta razão, a cobrança de taxa, posto que prestado para toda a coletividade de forma</p><p>indivisível.</p><p>Salienta-se que os serviços universais são essenciais e precisam ser realizados, mas</p><p>o serão com receita oriunda dos impostos, que servem a tudo, ou de outras receitas, como,</p><p>por exemplo, um financiamento.</p><p>Atualmente a CF prevê a cobrança de uma contribuição de iluminação pública,</p><p>entretanto se discute a legalidade dessa cobrança, pois como o fato gerador é</p><p>uma prestação de serviço, o tributo correspondente seria uma taxa e não uma</p><p>contribuição. Por outro lado, não poderia se aplicar a taxa, pois se trata de um</p><p>serviço indivisível. Quanto à ilegalidade da cobrança de taxa de iluminação</p><p>pública já decidiu o STF, conforme texto abaixo:</p><p>"A orientação do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a Taxa de</p><p>Iluminação Pública é inconstitucional, uma vez que seu fato gerador tem</p><p>caráter inespecífico e indivisível." (AI 479587 AgR, Relator Ministro Joaquim</p><p>Barbosa, Segunda Turma, julgamento em 3.3.2009, DJe de 20.3.2009)</p><p>Logo, quando a inaceitabilidade da cobrança de taxa relativa à iluminação pública ou</p><p>pelo serviço de limpeza pública não mais se discute.</p><p>Ocorre que alguns doutrinadores e juristas entendem que esses serviços indivisíveis</p><p>deveriam ser custeados pelos impostos, uma vez que o fato gerador não apresenta a</p><p>característica da taxa nem mesmo de outra espécie tributária vinculada. Nesse sentido: "É</p><p>assente nesta colenda Corte que as taxas de iluminação pública e de limpeza pública se</p><p>referem a atividades estatais que se traduzem em prestação de utilidades inespecíficas,</p><p>indivisíveis e insuscetíveis de serem vinculadas a determinado contribuinte, não podendo</p><p>ser custeadas senão por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais." (AI 463910</p><p>AgR, Relator Ministro Ayres Britto, Primeira Turma, julgamento em 20.6.2006, DJ de</p><p>8.9.2006).</p><p>Foi nesse contexto que a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública foi</p><p>positivada no Sistema Constitucional Tributário com a Emenda Constitucional n.º 39, de 19</p><p>de dezembro de 2002, que adicionou ao texto constitucional o art. 149-A. Com isso, a CIP</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=582822</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=369224</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=369224</p><p>22 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>passou a integrar o rol das espécies tributárias, amealhando recursos para os cofres</p><p>municipais.</p><p>Oportuna à transcrição do art. 149-A, da Constituição Federal, verbis:</p><p>“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir</p><p>contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço</p><p>de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.</p><p>Parágrafo único: É facultada a cobrança da contribuição a que se refere</p><p>o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”</p><p>A partir daí passou a se discutir a legalidade desta emenda, contudo, a posição hoje</p><p>dominante, inclusive perante o STF, entende pela legalidade da Emenda Constitucional que</p><p>criou a CIP, e consequentemente pela manutenção da sua cobrança.</p><p>Por fim, é de se consignar que taxa não é a mesma coisa que tarifa. De plano, cabe</p><p>esclarecer que taxa é uma espécie tributária, enquanto tarifa não o é.</p><p>A partir dessa afirmação outras inúmeras diferenças se apresentam, conforme</p><p>quadro abaixo publicado no Portal Educação em 15/04/2013:</p><p>(http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre-</p><p>as-taxas-tarifas-e-precos).</p><p>Taxa Tarifa</p><p>Objeto</p><p>Exercício do poder de polícia</p><p>ou a utilização de serviços</p><p>públicos específicos e</p><p>divisíveis. Art. 145, II, CF.</p><p>Serviços públicos</p><p>explorados por</p><p>concessionários. Art. 175,</p><p>parágrafo único, III, CF.</p><p>Obrigatoriedade</p><p>Existente por se tratar de</p><p>tributo. A contraprestação pelo</p><p>serviço é devida</p><p>independentemente da vontade</p><p>do contribuinte. Art. 145, II, CF</p><p>Inexistente. Fica obrigado</p><p>a pagar somente aquele</p><p>que opta pelo serviço.</p><p>Finalidade Lucrativa</p><p>Não há. A prestação pecuniária</p><p>existe apenas para cobrir os</p><p>custos da atividade.</p><p>Existente como o principal</p><p>interesse do particular em</p><p>explorar uma atividade</p><p>pública.</p><p>Natureza jurídica Tributo Preço público</p><p>Exemplo Taxa de esgoto Tarifa de ónibus</p><p>http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre-as-taxas-tarifas-e-precos</p><p>http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre-as-taxas-tarifas-e-precos</p><p>23 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>As contribuições de melhoria, por seu turno, são espécies tributárias que têm por</p><p>fato gerador uma ação estatal na forma de obra pública que cause valorização imobiliária.</p><p>Nota-se que tanto quanto as taxas as contribuições de melhoria se vinculam a uma</p><p>atuação estatal individual, entretanto as contribuições de melhoria não se vinculam a um</p><p>serviço generalizado ou ao poder de polícia, mas sim a uma obra pública que valoriza o</p><p>imóvel particular.</p><p>Assim, sempre que houver uma obra pública que comprovadamente cause aos</p><p>imóveis vizinhos de forma direta uma valorização imobiliária real pode-se em tese pensar</p><p>neste tributo.</p><p>A fixação desse tributo dar-se-á com o respeito a dois limites:</p><p> Limite global – a soma de todas as contribuições cobradas por causa da obra</p><p>não pode exceder o custo da própria obra, sob pena de haver enriquecimento</p><p>sem causa do ente da federação que realizou a obra;</p><p> Limite individual – a base de cálculo da contribuição para cada proprietário nunca</p><p>poderá ser maior do que a própria valorização auferida por ele. Assim, se seu</p><p>imóvel antes da obra valia 20 e depois da obra passou a valer 25, a base para a</p><p>cobrança será apenas cinco, ou seja, sobre a efetiva valorização.</p><p>O procedimento de verificação da valorização encontra-se previsto no CTN.</p><p>Outra espécie tributária é o empréstimo compulsório que se encontra previsto no</p><p>artigo 148 da CF, incidindo sobre qualquer fato econômico real, ou seja, a CF não elenca</p><p>os fatos que poderão sofrer incidência do EC, mas em compensação descreve claramente</p><p>os motivos que permitem sua instituição.</p><p>Esse tributo somente pode ser criado através de Lei Complementar, oriunda de ato</p><p>do Congresso Nacional, onde sua aprovação necessita de maioria absoluta e quórum</p><p>qualificado, ao contrário das leis ordinárias, que são aprovadas por maioria simples.</p><p>Ademais, a Constituição Federal determina, também, que apenas a União poderá instituí-</p><p>lo.</p><p>24 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Os motivos para a instituição dessa espécie tributária, como acima dito, se</p><p>encontram estipulados na Lei Maior, isto é, nos incisos do artigo 148, e são os seguintes:</p><p> Inciso I – nos casos de calamidade pública e de guerra externa;</p><p> Inciso II – nos casos de investimento público de caráter urgente e de relevante</p><p>interesse nacional.</p><p>Além disso, o parágrafo único do mesmo artigo determina que a destinação da</p><p>receita é específica e dirigida ao motivo que originou sua instituição.</p><p>Por fim, como última espécie tributária as contribuições especiais são divididas em</p><p>três espécies, nos exatos termos do artigo 149, da Constituição Federal:</p><p> Contribuições Sociais;</p><p> Contribuições de Intervenção no domínio econômico;</p><p> Contribuições no interesse das categorias profissionais ou econômicas;</p><p> Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública. Salienta-se que está espécie</p><p>já foi acima explicada quando falamos da taxa.</p><p>As contribuições especiais, como um todo, são tributos que não possuem natureza</p><p>própria, de modo que ora se apresentam com características de imposto e ora com o perfil</p><p>de taxas.</p><p>A grande especificidade desse tributo é que normalmente se apresentam sob a forma</p><p>de contribuições parafiscais, ou seja, apesar da competência para sua criação pertencer à</p><p>União, esta delega, entretanto, a capacidade tributária (aptidão de arrecadar, ser credor)</p><p>para outros entes que são criados exatamente para o fim a que se destina a contribuição.</p><p>Por exemplo, nas contribuições sociais previdenciárias a competência para</p><p>instituição é da União que delega a capacidade tributária ao INSS, o qual passa a ter a</p><p>capacidade ativa do tributo, arrecadando-o. Essa delegação de capacidade denomina-se</p><p>parafiscalidade. O mesmo se dá com os Conselhos Profissionais como OAB, CFM e outros.</p><p>Vê-se, pois, que a competência de criação é indelegável, conforme determina a</p><p>Constituição, onde somente os entes da Federação (União, Estados, Municípios) podem</p><p>25 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>criar tributos. Assim, ou pertence à União ou aos estados (DF) ou aos municípios e se</p><p>pertence a um não pertencerá a outro.</p><p>3.2.2. Resumo do Módulo</p><p>Analisamos nessa aula o tributo, bem como as diversas espécies tributárias que</p><p>delem derivam com todas as suas especificações, verificando</p><p>as características que as</p><p>diferenciam.</p><p>26 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>4. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS</p><p>Objetivos:</p><p> Analisar os princípios tributários previstos na Lei Maior;</p><p> Verificar as consequências desses princípios.</p><p>Palavras-Chave: Princípios Tributários; Consequências.</p><p>Estamos iniciando nossa segunda semana e continuo contando com a sua</p><p>companhia por esta viagem ao mundo do Direito Tributário. No mais, espero que esteja</p><p>apreciando e que o conteúdo contribua para o seu crescimento na área das Ciências</p><p>Contábeis.</p><p>Conforme será analisado nesta semana, a Constituição Federal se preocupou em</p><p>colocar limites à ação tributária do Estado. Estas limitações funcionam, na verdade, como</p><p>verdadeiros princípios em favor dos contribuintes que os defendem contra a ânsia</p><p>arrecadatória do fisco, apoiado pelo poder legislativo.</p><p>Cabe esclarecer que a presente matéria se encontra na Carta Magna, Seção II,</p><p>denominada “Das Limitações do Poder de Tributar”, conforme descrito abaixo:</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado</p><p>à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;</p><p>II - Instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação</p><p>equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou</p><p>função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos</p><p>rendimentos, títulos ou direitos;</p><p>III - Cobrar tributos:</p><p>a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os</p><p>houver instituído ou aumentado;</p><p>b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu</p><p>ou aumentou;</p><p>c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os</p><p>instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;</p><p>IV - Utilizar tributo com efeito de confisco;</p><p>V - Estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos</p><p>interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização</p><p>de vias conservadas pelo Poder Público;</p><p>VI - Instituir impostos sobre:</p><p>a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;</p><p>b) Templos de qualquer culto;</p><p>27 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>c) Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,</p><p>das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de</p><p>assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;</p><p>d) Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.</p><p>e) Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras</p><p>musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas</p><p>por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os</p><p>contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a</p><p>laser.</p><p>§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I,</p><p>153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos</p><p>previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo</p><p>dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.</p><p>§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas</p><p>e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos</p><p>serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.</p><p>§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao</p><p>patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades</p><p>econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em</p><p>que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem</p><p>exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao</p><p>bem imóvel.</p><p>§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente</p><p>o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das</p><p>entidades nelas mencionadas.</p><p>§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos</p><p>acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.</p><p>§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de</p><p>crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições,</p><p>só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que</p><p>regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo</p><p>ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.</p><p>§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de</p><p>responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva</p><p>ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia</p><p>paga, caso não se realize o fato gerador presumido.</p><p>Art. 151. É vedado à União:</p><p>I - Instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique</p><p>distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município,</p><p>em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a</p><p>promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes</p><p>regiões do País;</p><p>II - Tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos</p><p>agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para</p><p>seus agentes;</p><p>III - Instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal</p><p>ou dos Municípios.</p><p>Art. 152. “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer</p><p>diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua</p><p>procedência ou destino”.</p><p>28 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Os princípios representam os alicerces inabaláveis do sistema jurídico pátrio e se</p><p>constituem em regras de respeito absoluto. Nessa direção, cabe esclarecer que foi a</p><p>Constituição Federal quem elegeu certos valores como sendo valores supremos e</p><p>relacionados às diversas áreas da vida social. Assim temos diversos princípios dos vários</p><p>campos legais. Por exemplo:</p><p> Princípios relacionados à pessoa humana - direito à vida, à saúde;</p><p> Princípios relativos aos direitos individuais - o princípio da ampla defesa e do</p><p>contraditório.</p><p> Princípios do campo econômico - princípio da liberdade econômica e da livre</p><p>iniciativa.</p><p> Princípios penais - princípio da presunção de inocência.</p><p>Pois bem, nossa matéria também é repleta de princípios que deverão estar presentes</p><p>não só na atuação do poder público como executor das leis, mas também pelos próprios</p><p>legisladores quando da confecção das normas jurídicas que irão formar o direito tributário.</p><p>Logo, os alicerces tributários são os princípios constitucionais tributários, presente</p><p>na nossa Lei Maior que tem como destinatário toda a coletividade. Salienta-se que esses</p><p>princípios são verdadeiros limites ao poder de tributar, limitando a atuação dos entes da</p><p>federação nesse campo, a fim de proteger o contribuinte.</p><p>Diante dessa explanação inicial, passamos agora aos princípios propriamente ditos.</p><p>Vamos lá!</p><p> Princípio da legalidade – encontra- se previsto no art. 150, I, CF. Dele se extrai</p><p>o fundamento de que no Brasil os tributos devem ser criados ou majorados</p><p>(aumentados) por meio de lei. De regra utiliza-se a regra é a lei ordinária,</p><p>contudo, os impostos, as contribuições residuais e o empréstimo compulsório só</p><p>pode ser criado ou aumentado por lei complementar.</p><p>Cabe colocar, ainda, quanto a este princípio que a Medida Provisória, depois da EC</p><p>32 é instrumento para tratar de matéria tributária atinente à lei ordinária, de modo que não</p><p>29 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>há dúvida sobre a possibilidade de medida provisória poder criar ou aumentar um tributo</p><p>que também poderei ter sido criado ou majorado por lei ordinária.</p><p>Assim, se certo tributo só pode ser criado por Lei Complementar só por Lei</p><p>Complementar é que poderá ser aumentado.</p><p>Ressalta-se que mesmo que criado por medida provisória este tributo só ganhará</p><p>eficácia desde que respeitando os critérios da anterioridade previstos para cada tributo,</p><p>como veremos mais a frente e somente a partir de sua transformação em lei pelo congresso.</p><p>Nunca é demais ampliar nossos conhecimentos, por isso, abaixo apresento o texto</p><p>constitucional referente à medida provisória, corriqueiramente chamada de MP.</p><p>Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar</p><p>medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao</p><p>Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela</p><p>Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>I - Relativa à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>a) Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>b) Direito penal processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>c) Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia</p><p>de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>d) Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e</p><p>suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>II - Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer</p><p>outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>III - Reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de</p><p>2001)</p><p>IV - Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente</p><p>de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto</p><p>os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício</p><p>financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que</p><p>foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,</p><p>desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,</p><p>prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso</p><p>Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória,</p><p>suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. (Incluído</p><p>pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>30 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito</p><p>das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus</p><p>pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)</p><p>§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados</p><p>de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada</p><p>uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a</p><p>votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver</p><p>tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória</p><p>que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação</p><p>encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas</p><p>provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão</p><p>separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído</p><p>pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que</p><p>tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após</p><p>a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas</p><p>constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão</p><p>por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida</p><p>provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja sancionado ou</p><p>vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).</p><p>Outras exceções ao princípio da legalidade se refere aos impostos.</p><p>Vejamos:</p><p> Regra – os impostos só podem ser criados ou majorados por lei complementar;</p><p> Exceção - os impostos extras fiscais, isto é, o II, IE, IPI e IOF podem ter suas</p><p>alíquotas aumentadas por ato do Poder Executivo, como por exemplo, decreto,</p><p>instrução normativa.</p><p> Princípio da irretroatividade - previsto no art. 150, III, a, CF. Significa dizer que a</p><p>lei tributária só se dirige aos fatos futuros, de modo que para que determinado</p><p>fato econômico possa ser atingido por uma nova lei tributária que tenha criado</p><p>um tributo ou seu aumento é necessário que o fato seja posterior à lei.</p><p>Entretanto, como é comum no direito, existe uma exceção quanto ao tema. Assim,</p><p>se a lei posterior for mais benéfica ao contribuinte, impondo pena mais branda a este, em</p><p>caso de infração à lei, esta norma não seguirá o princípio da irretroatividade. Trata-se, pois,</p><p>de caso em que a lei retroage para diminuir a pena do contribuinte.</p><p>31 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p> Princípio da anterioridade - encontra-se previsto no art. 150, III, b/c, CF. Esse</p><p>princípio tem a finalidade de minimizar as surpresas tributárias ao contribuinte.</p><p>Por este a lei tributária apenas passe a produzir efeitos a partir de 1º de janeiro</p><p>do ano seguinte ao da publicação (exercício financeiro seguinte). Antes disso a</p><p>lei tem vigência, mas não eficácia.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado</p><p>à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>III - Cobrar tributos:</p><p>b) No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu</p><p>ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993).</p><p> Princípio da noventena – Também com o intuito de minimizar surpresas, além</p><p>do princípio da anterioridade o legislador criou o princípio da noventena, previsto</p><p>na letra c ao inciso III do artigo 150, de modo que hoje além de a nova norma</p><p>tributária ter que aguardar o exercício financeiro seguinte, também é preciso que</p><p>haja ainda um prazo de 90 dias a separar a publicação da lei do início de sua</p><p>eficácia.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado</p><p>à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>III - Cobrar tributos:</p><p>c) Antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que</p><p>os instituiu ou</p><p>aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 42, de 19.12.2003).</p><p>Assim, a partir de agora para que realmente tenha eficácia em 1º de janeiro, a lei</p><p>deve ser publicada até 90 dias antes do final do exercício financeiro. Logo, se, por exemplo,</p><p>for publicada em 20 de dezembro uma norma que institui um tributo teremos que contar 90</p><p>dias para dar início a sua eficácia.</p><p>Exceções: O parágrafo 1º do artigo 150 enumera os casos em que não será</p><p>necessário cumprir nenhuma das duas exigências.</p><p>São situações que refletem ou casos de urgência ou casos de extrafiscalidade.</p><p>Assim é que o e empréstimo compulsório de guerra (148, I), o imposto de guerra (154, II),</p><p>o II, o IE e o IOF, EC e IG (153, I, II e V) podem ser dentro do mesmo exercício sem que</p><p>tenham que aguardar os 90 dias.</p><p>32 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>Já o IPI (artigo 153, IV, CF) pode ser aumentado no mesmo ano, mas deve aguardar</p><p>os 90 dias da letra C, ou seja, é apenas exceção ao princípio da anterioridade, mas segue</p><p>a regra do princípio da noventena.</p><p>Ao contrário, o IR, IPVA e IPTU deve aguardar o ano seguinte (respeito à letra B,</p><p>mas não precisa ter o lapso de 90 dias, ou seja, é exceção ao princípio da noventena.</p><p> Princípio da igualdade – Por este princípio, previsto no artigo 150, II, da</p><p>Constituição Federal, tem-se a regra segundo a qual pessoas ou situações</p><p>semelhantes devem sofrer o mesmo tratamento tributário do estado.</p><p>Esse princípio, entretanto, deve ser lido com cuidado, pois é possível a instituição de</p><p>diferenças entre pessoas semelhantes em decorrência de isenções ou para garantir a</p><p>igualdade socioeconômica entre diferentes regiões do país.</p><p> Princípio da Uniformidade Geográfica - Princípio previsto no artigo 151, I, que</p><p>determina ser vedado à União o estabelecimento de diferenças tributárias entre</p><p>contribuintes que estejam localizados em locais diferentes. Ou seja, se o tributo</p><p>é nacional o tratamento nacional deve ser igualitário.</p><p>Exceção à regra há na hipótese de concessão de incentivos fiscais apenas para</p><p>promover o equilíbrio socioeconômico das regiões, beneficiando certa região mais fraca.</p><p>Isenções – São regras estabelecidas em lei que garantem a determinados</p><p>contribuintes um tratamento tributário privilegiado em relação a certo tributo</p><p>por se encontrar ele na situação que a lei indica como sendo apta a gerar o</p><p>tratamento diferenciado.</p><p>Aparentemente essas hipóteses geram certa ruptura com o princípio da igualdade,</p><p>entretanto, esta apenas se dá em função estritamente da peculiaridade que a lei vê como</p><p>especial. Por exemplo, o fato gerador do IPTU é ser proprietário de imóvel urbano. Assim,</p><p>em tese, todos nesta condição deveriam ser tributados da mesma forma. Ocorre que a lei</p><p>pode entender que alguma situação de fato exige um tratamento mais benéfico, como por</p><p>33 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>exemplo, os idosos aposentados com um único imóvel podem ficar isentos deste tributo por</p><p>conta dessa situação que a lei entenda como especial.</p><p>Resumo do Módulo</p><p>A Constituição Federal determina limites ao poder de tributar do Estado, e esses</p><p>limites se vislumbram através dos princípios constitucionais tributários. Salienta-se que</p><p>esses princípios ostentam exceções, como anteriormente visto.</p><p>Vamos rever os mais relevantes:</p><p> Princípio da legalidade:</p><p>a) Regra: Imposto, empréstimo compulsório e contribuições residuais – só</p><p>podem ser criados ou aumentados por lei complementar;</p><p>Exceção: II, IE, IOF e IPI – podem ter sua alíquota majorada da por mero ato</p><p>do poder executivo;</p><p>b) Regra: Taxa, contribuição de melhoria e contribuição especial pode ser</p><p>criada ou aumentada por lei complementar – também podem através de MP.</p><p> Princípio da anterioridade e da noventena.</p><p>34 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>5. ANÁLISE DOS DEMAIS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS</p><p>Objetivos</p><p> Analisar os demais princípios tributários previstos na Lei Maior;</p><p> Verificar as consequências desses princípios.</p><p>Palavras-Chave: Princípios Tributários; Consequências.</p><p>Caro aluno, vamos dar continuidade ao nosso estudo referente aos princípios</p><p>constitucionais tributários, que, conforme já colocamos, acabam por limitar o poder de</p><p>limitar dos entes tributantes.</p><p> Princípio do Não Confisco - este se encontra previsto no artigo 150, inciso IV, da</p><p>Constituição, do capítulo I - Do Sistema Tributário Nacional, da Seção II – Das</p><p>Limitações do Poder de Tributar. Este princípio se dirige a todos os entes da</p><p>federação, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios.</p><p>Trata-se, na verdade, de uma barreira ao poder de tributar, impedido o livre-arbítrio</p><p>do legislador na instituição (criação ou majoração) dos tributos. Desta forma, o tributo</p><p>utilizado com efeito de confisco será tido como inconstitucional pelo Supremo Tribunal</p><p>Federal, devendo a lei ser retirada do ordenamento jurídico.</p><p>Nesse diapasão podemos citar o Hugo de Brito Machado ao afirmar que: "Os</p><p>princípios jurídicos da tributação existem para proteger o cidadão contra os abusos do</p><p>Poder de Tributar pertencente ao Estado” 7.</p><p>Analisando a aplicabilidade do tema na prática prudente trazer a sessão plenária do</p><p>julgamento da ADIN 2010-2, onde se questionava a constitucionalidade da lei que</p><p>possibilitava a elevação de 25% da alíquota da contribuição previdenciária dos servidores</p><p>públicos, assim se manifestou o Ministro Carlos Mário Velloso em seu voto:</p><p>É que a Constituição não tolera a utilização de tributo com efeito de confisco (CF,</p><p>art. 150, IV). Como se chega a essa conclusão? Qual seria o conceito de ‘tributo</p><p>com efeito de confisco? O conceito é indeterminado, caso em que o juiz laborará</p><p>7 Curso de Direito Tributário - 37ª Ed. 2016</p><p>35 Legislação Tributária</p><p>Universidade Santa Cecília - Educação a Distância</p><p>em área que chamaríamos de ‘área cinzenta’. Em primeiro lugar, a questão, ao que</p><p>me parece, deve ser examinada no conjunto de tributos que o servidor pagará, no</p><p>seu contracheque, dado que se trata de tributo incidente sobre o vencimento, salário</p><p>ou proventos. (...) ademais, o efeito de confisco se caracterizaria, sobretudo, no fato,</p><p>por exemplo, de o servidor, em razão da exigência fiscal, ter que se privar de bens</p><p>ou utilidades de que vinha se utilizando.</p><p>Na verdade, por mais que o tributo incida sempre sobre um fato econômico gerador</p><p>ou demonstrador de riqueza, o tributo não pode retirar desse fato sua quantidade de riqueza</p><p>de modo a desaparecer para o particular o benefício do seu próprio ato.</p><p>Entendemos que este princípio deveria ostentar uma aplicação em âmbito maior,</p><p>impedindo não só que um tributo especificamente seja confiscatório, mas que a carga</p><p>tributária sobre determinada atividade ou até de modo global o seja. Porém, infelizmente,</p><p>isso ainda não ocorre efetivamente, posto que a análise se dá apenas some um tributo</p><p>específico.</p><p>Caro aluno, faça agora um exercicio de pesquisa pessoal e entre na página da</p><p>Receita Federal e pesquise acerca da carga tributária dos impostos federais no</p><p>Brasil e veja que para um cidadão médio no Brasil a carga significa</p><p>aproximadamente quatro meses de sua receita anual.</p><p>Cabe consignar, por fim, no que tange esse principio, que também é bom ressaltar</p><p>que a noção de confisco está intimamente ligada à quantidade e qualidade dos serviços</p><p>públicos prestados, pois em países avançados, como os países nórdicos, a carga pessoal</p><p>tributária é muito elevada, mas em compensação o nível dos serviços públicos é</p><p>sensacional, o que afasta por si só a ideia de confisco ou lesão.</p><p> Princípio da progressividade - é um princípio constitucional atinente ao IR, ao</p><p>ITR e ao IPTU, pelo qual se autoriza o poder</p>