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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
E ORÇAMENTÁRIA 
 Me. Nilton Rogério Marcondes 
 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
 
1 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. CONCEITOS BÁSICOS EM FINANÇAS 
 
Neste texto vamos conhecer a área de finanças, suas funções e todo o 
funcionamento do mercado financeiro. 
 
1.1. Conceitos Básicos e Áreas de Atuação 
Todas as decisões de negócio envolvem um componente financeiro. Este fato 
obriga os executivos de qualquer área, inclusive aqueles que atuam em setores 
tidos como não financeiros a terem conhecimentos que lhes permitam transitar com algum 
conforto nesta área. No mundo atual é impossível fazer carreira em negócios sem uma 
base segura em administração financeira. 
 
Nem sempre esta função teve a importância que tem nos dias de hoje. Inicialmente 
voltada para os aspectos legais nas fusões e aquisições empresariais e nas diversas formas 
de levantar capitais vem evoluindo desde então para uma posição extremamente 
sofisticada na empresa moderna. 
 
1.2. Histórico 
Nos anos 30, época de grandes crises financeiras é natural que estivesse voltada 
para falências e concordatas. Passado este turbilhão, volta-se para a regulamentação do 
mercado de títulos com intuito de evitar novos desastres. Neste período começam a tomar 
forma melhores controles internos e métodos mais sofisticados de preparação de relatórios 
financeiros que retratassem com maior fidelidade a posição financeira das empresas. 
 
Nos anos 50 o foco muda para o valor das empresas e a melhor forma de escolher 
investimentos em ativos e financiamentos para maximizar o valor das empresas. Vinte anos 
depois, na década de 70, o foco volta-se para administração do capital de giro e a obtenção 
de melhor forma de controlar os ativos buscando melhores métodos de manutenção dos 
registros financeiros e análise dos relatórios. 
 
A partir dos anos 90 testemunhamos uma grande expansão da Administração 
Financeira buscando prever com maior acuidade a utilização de recursos cada vez mais 
escassos buscando investimentos mais eficazes com menores riscos. Técnicas de 
 
 
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simulação mais sofisticadas utilizando Tecnologia da Informação que permitam decisões 
mais seguras. 
 
O século XXI traz consigo a comunicação instantânea, a rede mundial e 
computadores. Este novo ambiente conduz a administração das finanças das empresas a 
um novo patamar de decisões real time e on line disponibilizando fundos e investimentos 
nos pontos mais distantes do planeta e tempo real. 
 
1.3. Funções Principais do Administrador Financeiro 
Apesar de não participar diretamente das decisões operacionais é o Administrador 
Financeiro, quem – em última análise – fornece os recursos necessários para materializar 
as atividades operacionais. Para isto, as empresas possuem uma função dedicada 
exclusivamente à gestão dos assuntos financeiros. 
 
 O Organograma abaixo ilustra a estrutura típica da Função Financeira em uma 
empresa de grande porte. 
 
 
1.4. Funções Principais da Administração Financeira 
As funções principais da Administração Financeira são: 
Planejamento, controle e análise financeira: consiste em determinar o nível de 
capital necessário para a operação adequada da empresa. Para tanto busca reduzir as 
 
 
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operações da empresa a dados financeiros que permitam uma análise adequada das 
atividades. 
 
Decisões de investimentos: consiste na escolha da destinação dos recursos para 
aplicá-los a curto prazo – em ativos circulantes – ou e investimentos não correntes – 
realizável a longo prazo ou ativos permanentes tendo em vista a relação apropriada entre 
risco e retorno dos investimentos. 
 
Decisões de financiamento: em determinadas situações as operações da empresa 
necessitam a obtenção de recursos financeiros a curto ou longo prazo que satisfaçam estas 
necessidades dentro do perfil de endividamento mais adequado à estrutura da empresa. 
 
Geração de previsões financeiras para uso da alta administração: projeções que 
demonstrem as necessidades e excedentes de caixa através do tempo. Estas informações 
são essenciais para decisões de produção, comercialização e investimentos. 
 
1.5. O Sistema Financeiro Nacional 
O Sistema Financeiro Nacional – SFN – tem por finalidade intermediar os fluxos 
de recursos entre os diversos participantes do mercado financeiro. Foi criado pela 
Lei 4595 de 31 de dezembro de 1964 com a seguinte constituição: 
 Conselho Monetário Nacional; 
 Banco Central do Brasil; 
 Banco do Brasil S/A; 
 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico; (este nome seria mais tarde 
trocado para Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – 
BNDES) 
 Demais instituições financeiras públicas e privadas. 
 
Posteriormente, com a Lei 6385 de 7 de dezembro de 1976 o Sistema Financeiro 
Nacional foi completado com a criação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. 
 
O Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil, o Banco do Brasil, o 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e a Comissão de Valores 
 
 
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Mobiliários são as chamadas Autoridades Monetárias e têm a função de regular e fiscalizar 
o mercado. 
 
1.6. Autoridades Monetárias 
Conselho Monetário Nacional: é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. 
Sua competência é definida pelo art. 4o da Lei 4595/64. É um órgão normativo, não tendo, 
portanto, funções executivas sendo o responsável pela regulamentação das diretrizes de 
política monetária, creditícia e cambial (art. 3o incisos I a VII e art. 4o incisos I a XXXI e par. 
1o a 7o), o Ministro da Fazenda é presidente do CMN. 
 
Banco Central do Brasil: o Banco Central do Brasil (BACEN) tem – entre outras – 
as seguintes atribuições (art. 10o): 
 Emitir moeda dentro dos limites autorizados pelo Conselho Monetário 
 Nacional; 
 Executar os serviços do meio-circulante; 
 Determinar o recolhimento dos depósitos à vista e de outros títulos contábeis 
das instituições financeiras; 
 Receber os recolhimentos compulsórios e os depósitos voluntários à vista das 
instituições financeiras; 
 Realizar operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras; 
 Controlar o crédito sob todas as formas; 
 Efetuar o controle dos capitais estrangeiros; 
 Ser o depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e de 
 Direitos Especiais de Saque; 
 Fiscalizar as instituições financeiras; 
 Conceder autorização de funcionamento, instalação, transformação, fusão e 
incorporação de instituições financeiras. 
 
Comissão de Valores Mobiliários: de acordo com o art. 8o da lei 6385/76 a 
Comissão de Valores Mobiliários disciplina e fiscaliza o mercado de capitais. 
 
Banco do Brasil: o Banco do Brasil S/A é essencialmente um banco múltiplo 
participando normalmente do mercado financeiro. Além disto, o art. 19 da lei 4595/64 
 
 
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especifica que o Banco do Brasil também agirá como instrumento da execução da política 
creditícia e financeira do Governo Federal. 
 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: definido no par. 2o do 
art. 22 da lei 4595/64 como o principal instrumento da execução da política de investimentos 
do Governo Federal. 
 
1.7. Instituições Financeiras 
A lei 4595/64 divide as instituições financeiras em públicas e privadas. Segundo o 
art. 22 as Instituições Financeiras Públicas são os órgãos auxiliares da execução da política 
de crédito do Governo Federal. As Instituições
do projeto em 
análise, descontado pelo custo médio ponderado de capital. 
 
6.2. Decisão de Investimentos: Payback 
Payback é o período de tempo necessário para que as entradas de caixa do 
projeto se igualem ao valor a ser investido, ou seja, o tempo de recuperação do 
investimento realizado. Se levarmos em consideração que quanto maior o horizonte 
temporal, maiores são as incertezas, é natural que as empresas procurem diminuir seus 
riscos optando por projetos que tenham um retorno do capital dentro de um período de 
tempo razoável. Consiste em calcular o número de períodos necessários para que se 
 
 
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recupere um investimento feito, para que se possa analisar se o tempo é aceitável em 
relação ao risco do negócio. 
 
O método do payback é um dos métodos mais simples de avaliação. Este método 
compara o tempo necessário para recuperar o investimento, com o tempo máximo tolerado 
pela empresa para recuperar o investimento. O payback é o indicador do nível de risco de 
um projeto de investimento. 
 
Se o fluxo de caixa do payback for constante, podemos calcular o payback facilmente 
através da seguinte fórmula: 
 
Exemplo: 
Uma empresa que faz instalação de TV a cabo tem uma oportunidade de ampliação 
de mais um veículo. A empresa teria um lucro líquido de R$2.000,00 por mês com esse 
veículo. O custo do investimento será de R$35.000,00, valor do carro mais modificações 
necessárias (instalação de escadas, luminárias e ferramentas). 
 
Qual o payback desse investimento? 
 
Solução: 
Deve-se fazer uma tabela na qual se vai abatendo o valor do investimento até que o 
investimento seja pago: 
 
 Lucro Saldo 
Hoje 0 (35.000,00) 
1º mês 2000 (33.000,00) 
2º mês 2000 (31.000,00) 
3º mês 2000 (29.000,00) 
4º mês 2000 (27.000,00) 
5º mês 2000 (25.000,00) 
 
 
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6º mês 2000 (23.000,00) 
7º mês 2000 (21.000,00) 
8º mês 2000 (19.000,00) 
9º mês 2000 (17.000,00) 
10º 2000 (15.000,00) 
11º 2000 (13.000,00) 
12º 2000 (11.000,00) 
13º 2000 (9.000,00) 
14º 2000 (7.000,00) 
15º 2000 (5.000,00) 
16º 2000 (3.000,00) 
17º 2000 (1.000,00) 
18º 2000 1.000,00 
19º 2000 3.000,00 
 
Como temos fluxo de caixa constante, podemos utilizar a fórmula dada: 
 
Resposta: 
O payback será entre o 17º e o 18º mês, por conservadorismo, será considerado o 
arredondamento para cima, ou seja, pior. Então a resposta é 18 meses. 
 
Embora tenha cálculo simples e muito utilizado por leigos, possui limitações: 
 Não considera o valor do dinheiro no tempo. Para isso deve ser calculado o 
payback descontado; 
 Não existe fundamentação econômico-financeira para sua utilização; 
 Não informa o lucro; 
 Não considera a rentabilidade do investimento, ou seja, no caso acima, não 
sabemos qual o lucro que esse investimento retornará, nem se ele será 
superior a uma aplicação financeira. 
 
 
 
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Então o payback deve ser utilizado como forma complementar de análise, para 
considerar apenas os riscos. 
 
Observação: 
No caso citado da empresa que instala TV a cabo, o payback servirá não para medir 
rentabilidade, mas medir os riscos e fornecer subsídios para o gestor responder às 
seguintes perguntas: 
 O payback é de 18 meses. O contrato com a empresa de TV a cabo é superior 
a esse período? 
 Pois se for menor, corre-se o risco do contrato acabar antes do investimento 
retornar e a empresa não ter o que fazer com o carro. 
 Mesmo o contrato tendo mais que 18 meses, existe alguma cláusula que 
possibilite o mesmo ser encerrado pela empresa de TV a cabo? Em caso 
afirmativo, existe alguma multa? 
 Nesse caso a análise é para se saber se essa multa a ser recebida é suficiente 
para terminar o retorno do investimento. 
 Mesmo o contrato tendo mais de 18 meses, a empresa contratante costuma 
honrar seus contratos? Pois, se ela rompê-lo, não teremos o retorno do 
investimento. No caso de lançamento de produtos, deve-se prever se a 
demanda vai continuar constante, senão o cálculo do payback pode estar 
errado. 
 
6.3. DECISÃO DE INVESTIMENTOS: A Taxa Interna de Retorno – TIR 
A taxa interna de retorno é um dos principais métodos de análise de 
investimentos. No MS Excel, é representado por TIR e nas calculadoras 
financeiras por “IRR” (do inglês internal rate return). 
 
A Taxa Interna de Retorno – TIR é a taxa “i” que se iguala as entradas de caixa ao 
valor a ser investido em um projeto. Em outras palavras, é a taxa que iguala o VPL de um 
projeto a zero. 
 
Um aspecto que deve ser considerado é que a utilização exclusiva da TIR como 
ferramenta de análise pode levar ao equívoco de se aceitar projetos que não remuneram 
 
 
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adequadamente o capital investido, por isso deve ser uma ferramenta complementar à 
análise de investimentos. 
 
A taxa interna de retorno (TIR) é muito utilizada para avaliação da viabilidade de 
projetos, daí o nome Taxa Interna de Retorno, porém é pelo mesmo critério que se calcula 
a taxa de juros quando temos um fluxo irregular, ou seja, parcelas desiguais ou períodos 
desiguais, quando não podemos mais usar as funções financeiras normais (por exemplo: 
VP, PMT, VF etc.). 
 
A diferença básica entre o cálculo da TIR e do VPL é que o VPL tem seus valores 
expressos em valores monetários e a TIR em percentuais. Então, a vantagem da TIR é que 
ela pode ser comparada às taxas de juros pagas pelos bancos, para se saber se é vantajoso 
o projeto de investimento ou se é mais viável simplesmente investir num fundo qualquer de 
um banco. 
 
TIR é a taxa que mede o retorno do investimento. Retornando todas as parcelas 
(entradas e saídas) de um fluxo de caixa para o “momento zero” (hoje) e igualando 
ao valor presente. 
 
Fórmula: 
 
Onde: 
ECj = entradas de caixa de ordem j. 
SCj = saídas de caixa de ordem j. 
Desta forma, queremos encontrar uma taxa de juros em que o valor presente líquido 
seja zero. 
 
Exemplo: 
Um indivíduo está avaliando se é viável comprar um táxi para trabalhar. O táxi custa 
com todos os impostos/licenças R$ 40.000,00. Os resultados por ano, considerando receita 
menos impostos/depreciação, são: 1º ano: R$7.500,00; 2º ano: R$10.000,00; 3º ano: 
R$10.000,00; 4º ano: R$8.000,00; e 5º ano: R$7.000,00. Ao final do 5º ano, o carro será 
 
 
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vendido por R$9.000,00. Sabendo- se que uma aplicação financeira rende 12% ao ano, a 
compra do táxi é viável? 
 
Agora é calcular a TIR. Mas não vamos ficar preocupados, esse cálculo só é possível 
fazer com uma calculadora financeira ou científica ou então um computador. 
 
Não vamos “fazer na mão” essas contas. Antes do advento dessas calculadoras, a 
determinação da TIR era feita com uma tabela em que seu valor era aproximado. Uma 
calculadora financeira faz esse cálculo por tentativa e erro, ou seja, vai jogando valores de 
TIR até que um faça a equação ficar igual a zero. Por esse motivo é que, ao digitar os 
cálculos em uma calculadora financeira, ela demorará alguns segundos para dar o 
resultado. No caso de computadores é o mesmo processo, porém, como sua capacidade 
de cálculo é muito alta, não é possível perceber essa demora. 
 
Vamos calcular a TIR utilizando o Excel: 
Primeiro passo, fazendo a tabela: 
 
 
 
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Note que no 5º ano são somados os valores do resultado do ano
(7.000) mais o valor 
da venda do carro (9.000). Além disso, o investimento deve constar como valor negativo 
porque é um desembolso. Então chamando a função: “inserir”, “função”, e escolhendo a 
TIR: 
 
Só agora em vez de apontar cada célula, deve-se clicar no ícone à direita do campo: 
 
 
 
 
 
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E clicar e arrastar nas células: 
 
Então clicamos em “OK”, e ao resultado aparece: 
 
Ou seja, a TIR no período é MENOR que uma aplicação financeira, que é 12% e, 
portanto, o projeto não é viável. Porém, e se o indivíduo comprasse um carro mais simples? 
E se ele tivesse que investir somente R$30.000,00 tendo os mesmos gastos? 
 
Agora sim o projeto é viável. 
Neste texto você conheceu a análise de investimentos, falamos sobre VPL VPL – 
valor presente líquido, a TIR – Taxa interna de retorno e Payback. 
 
 
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7. PLANEJAMENTO FINANCEIRO – VISÃO INTEGRADA DO FLUXO DE 
CAIXA 
 
Introdução 
O resultado das empresas depende também de suas políticas financeiras e da 
eficiência com que são administradas suas disponibilidades e exigibilidades. 
Cabe ao executivo responsável pela administração financeira da empresa colocar em 
prática as políticas definidas pela alta direção mantendo o equilíbrio entre os ativos e 
passivos a curto prazo de forma que os compromissos sejam saldados dentro dos prazos 
interagindo com as operações geradoras de caixa de forma a manter o equilíbrio 
necessário. 
 
O instrumento principal de gestão das disponibilidades é o Fluxo de Caixa, 
documento que demonstra a movimentação dos fundos durante um determinado período 
de tempo. 
 
7.1. Fluxo de Caixa 
Já vimos que as contas de patrimônio – contas de balanço – são chamadas de contas 
de fluxo, ou seja, o saldo final é obtido utilizando-se a seguinte expressão: 
 
Ou 
 
 
É extremamente importante observar: 
As cobranças (entradas nas contas de disponibilidades) são as saídas da conta de 
clientes (ou contas a receber); 
 
Os pagamentos (saídas nas contas de disponibilidades) são as saídas da conta de 
fornecedores (ou contas a pagar). 
 
 
 
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O documento principal para uma gestão efetiva de caixa – disponibilidades – é o 
Fluxo de Caixa Projetado. O Fluxo de Caixa Projetado parte do saldo de caixa existente e 
inclui o movimento futuro – ou seja – as cobranças e pagamentos futuros projetados. 
O documento tem o formato abaixo: 
COMPANHIA BRASILEIRA DE PRODUTOS 
FLUXO DE CAIXA PROJETADO 
Período de ___/__/_____ Em Reais 
 
CONTA Período 1 Período 2 Período 3 TOTAL 
Saldo inicial 
 
 
+ Cobranças 
 
 
- Pagamentos 
 
 
= Saldo final 
 
 
 
Este formulário dá ao tesoureiro – assumindo que este seja o título do executivo 
responsável pela movimentação dos recursos da empresa – a visão futura que lhe permitirá 
manter o saldo de caixa necessário. Observe que o tesoureiro poderá aumentar os detalhes 
das entradas e saídas de caixa acrescentando outros tipos de recebimentos e desembolsos 
de caixa. 
 
7.2. Manutenção do saldo de caixa 
Acompanhando a evolução do saldo de caixa neste documento o tesoureiro é 
capaz de determinar quando seu fluxo de caixa irá apresentar uma posição de falta de 
caixa de forma que possa entrar no mercado para obter os fundos necessários pelo prazo 
necessário. Poderá também definir as datas em que terá sobras de caixa e planejar a 
melhor forma de investi-las de forma a evitar exposições inúteis. 
 
7.3. Gestão de Caixa 
A Importância do Caixa na Administração do Capital de Giro 
 
 
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O fracasso das empresas está ligado à falta de disponibilidade, ou seja, a 
incapacidade de saldar seus compromissos no vencimento. A capacidade de gerar caixa é 
simplesmente essencial à sobrevivência de uma empresa e você tem que compreender 
que a lucratividade não é sinônima de gerar caixa. “As empresas pagam suas obrigações 
correntes com dinheiro e não com lucros.”. Uma empresa pode operar com lucro e ainda 
assim ficar sem caixa. 
 
É importante observar que consideramos como caixa além dos recursos monetários 
– principalmente depósitos bancários a vista – as aplicações financeiras de liquidez 
imediata. 
 
7.4. Razões para Manutenção de Caixa 
A literatura nos mostra que os agentes econômicos demandam moeda com três 
finalidades: 
 Transações. 
 Precaução. 
 Especulação (portfólio). 
 
7.4.1. Transações 
O motivo principal para uma empresa manter um saldo de caixa é sua própria 
operação. O saldo de caixa funciona essencialmente como um amortecedor entre os 
eventos de entrada e de saída uma vez que estes fluxos dificilmente ocorrerão no mesmo 
momento. Se houvesse um perfeito casamento de prazos entre as entradas e as saídas de 
caixa não haveria necessidade da manutenção de um saldo de caixa. 
 
7.4.2. Precaução 
A finalidade deste saldo e cobrir a incerteza inerente às datas de recebimento e 
pagamento. Pagamentos inesperados ou recebimentos atrasados levam as empresas a 
reter uma parcela de caixa como precaução. Em outras palavras, esta manutenção de 
disponibilidade resulta não apenas do que já foi dito acima com relação ao descompasso 
entre os fluxos de entrada e saída, mas a variações entre os fluxos projetados e realizados. 
É bom observar que a necessidade de manutenção e o valor deste saldo variam na razão 
inversa da facilidade de obtenção de fundos a curto prazo. 
 
 
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7.5. Para aproveitar oportunidades especiais 
Os economistas preferem chamar este motivo de especulação. Weston e Brigham 
afirmam que este motivo de manutenção de caixa é inerente aos indivíduos e não às 
empresas. Em algumas poucas ocasiões pode-se observar a manutenção de saldos de 
caixa na expectativa de oportunidades de lucro, como por exemplo, a compra futura de 
títulos quando houver perspectiva de aumento da taxa de rendimento destes títulos, ou 
mesmo para a aquisição de estoques em situações excepcionais. 
 
7.6. Princípios de Administração de Disponibilidades 
Não podemos perder de vista que o saldo de caixa funciona como um verdadeiro 
“reservatório” que sofre influências significativas causadas pelo volume de entradas e 
saídas. No entanto é imperioso observar que o administrador financeiro deve ter em mente 
a necessidade de equilíbrio entre a liquidez e a rentabilidade. Em uma economia 
inflacionária o dinheiro ficará exposto ao desgaste da inflação, e a manutenção de saldos 
de caixa elevados implica na perda de receitas financeiras resultantes da aplicação destes 
saldos. O que nos leva a concluir que a boa administração de caixa inclui a manutenção de 
saldos de caixa mais baixos. 
 
7.7. O Fluxo de Caixa e as Operações da Empresa: Uma visão Integrada 
As decisões que dão origem ao fluxo de recursos – pagamentos e recebimentos – 
são tomadas antes que estes aconteçam e muitas vezes por gestores de áreas que não a 
financeira. Tendo este fato em mente a administração das disponibilidades deve ser 
concentrada no acompanhamento cuidadoso do fluxo de caixa, agindo sobre seus três 
componentes: 
 Saldos. 
 Entradas (cobranças). 
 Saídas (pagamentos). 
 
Este procedimento será completado por uma aplicação cuidadosa dos excedentes 
ociosos em títulos de curto prazo que ofereçam algum rendimento. 
 
 
 
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7.8. Controle do nível de caixa
Existem desencontros previsíveis entre as saídas e as entradas de caixa, o que 
conduz a uma acumulação de saldo para os períodos em que as saídas superarem as 
entradas. A ferramenta básica para este procedimento é o fluxo de caixa diário. Para as 
discrepâncias imprevisíveis, a solução é a manutenção de um piso fixo de caixa que deverá 
ser mantido para estas situações. 
 
É importante que a empresa conte com fontes alternativas de fundos. Duas das 
formas mais utilizadas são a obtenção de níveis de crédito mais altos com fornecedores e 
as parcerias com instituições financeiras. 
 
7.9. Controle das entradas de caixa 
Uma das formas de gerir as disponibilidades consiste em manter um controle eficaz 
sobre as entradas de caixa e uma política da redução de prazos de recebíveis o que terá 
uma grande influência sobre a necessidade de capital de giro, pela redução do ciclo 
financeiro. 
 
Um bom controle interno é importante para evitar desvios e atrasos de recebimentos. 
Neste caso a divisão de funções é de extrema importância de forma a evitar o acumulo de 
atribuições a uma única posição, o que aumenta a possibilidade de fraudes e/ou desfalques. 
 
7.10. Controle das saídas de caixa 
O fluxo de caixa deve ser preparado tendo em vista os prazos negociados com os 
fornecedores de recursos e a liberação destes pagamentos deve ser feita de acordo com 
este planejamento. Como visto acima, deve haver um rígido controle dos desembolsos 
através de uma divisão de funções eficiente principalmente no que se relaciona a 
reconciliações de saldos bancários com os controles de emissão de cheques e as diversas 
contas da razão. É extremamente importante observar que todos os pagamentos deverão 
ser efetuados em cheques nominais. Outra ferramenta importante é uma carta de níveis de 
aprovação de processos de pagamentos, que deverá ser consultada antes das assinaturas 
dos cheques. 
 
 
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7.11. Fluxo de caixa 
Introdução 
A Administração eficiente das disponibilidades, mais precisamente o caixa, contribui 
de uma forma significativa para a maximização do lucro das empresas. Quando o 
departamento financeiro recebe ou paga, normalmente as decisões que geraram estes 
pagamentos e recebimentos já foram tomadas anteriormente pelos gestores responsáveis. 
Para a administração financeira é imprescindível que as informações de recebimento e 
pagamento estejam disponíveis antes dos mesmos serem efetivados. É o fluxo de caixa 
que na maioria das vezes fornece estas informações. 
 
Conceitos 
O fluxo de caixa é um esquema, ou modelo, que representa todas as entradas e 
saídas de caixa ao longo do tempo. Costuma-se afirmar que em um fluxo de caixa, deve 
existir pelo menos uma entrada e pelo menos uma saída de caixa ou vice-versa. 
 
A representação acima citada pode ser feita através de tabela ou através de gráficos. 
Veja a seguir um exemplo da representação do fluxo de caixa. 
 
EXEMPLO: Um investidor efetuou um investimento no valor de R$ 110.000 no 
instante inicial (mês zero) e teve os seguintes retornos: R$ 40.000 no mês 2, R$ 50.000 no 
mês 3 e R$ 60.000 no mês 6. Porém, o investidor teve que desembolsar mais R$ 10.000 
no mês 3 e R$ 20.144 no mês 5. 
 
7.12. Representação Através de Tabela 
MESES ENTRADA SAÍDA SALDO 
0 110.000 110.000 
1 110.000 
2 40.000 150.000 
3 50.000 10.000 190.000 
4 190.000 
5 20.144 169.856 
6 60.000 270.144 
 
 
 
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7.13. Representação Gráfica 
 
7.14. Cálculos e Componentes 
“Uma unidade monetária recebida hoje vale mais do que uma unidade monetária 
esperada no futuro distante”. (Brigham, 2004). 
 
Por fluxo de caixa define-se, segundo Ross (2000), a diferença entre a quantidade 
de dinheiro que entrou no caixa e a quantidade que saiu. 
 
Através do estudo do fluxo de caixa, pode-se analisar o valor do dinheiro no tempo, 
contribuindo de diversas maneiras para a empresa, variando do estabelecimento de 
cronogramas para liquidação de empréstimos a decisões sobre a necessidade da aquisição 
de um novo equipamento. 
 
Existem padrões de fluxo de caixa. O convencional é aquele seguido por apenas 
uma série de fluxos de entrada; o não-convencional é aquele cujo fluxo de saída de caixa 
não é seguido por apenas uma série de fluxos de entradas. 
 
7.15. Fluxos de Caixa Relevantes 
Na avaliação das alternativas de dispêndios de capital, a empresa tem de determinar 
os fluxos de caixa relevantes, que são os fluxos de saída de caixa incrementais após o IR 
e os fluxos de entrada resultantes subsequentes, associados ao dispêndio proposto. 
 
Porém, existem os fluxos de caixa incrementais, que representam os fluxos de caixa 
adicionais que devem resultar de um dispêndio de capital proposto. 
 
A construção de fluxos de caixa envolve 3 componentes: 
1. Investimento inicial; 
20.144 
40.000 40.000 60.000 
110.000 
 
 
55 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. Fluxos de entrada de caixa operacionais; 
3. Fluxo de caixa residual. 
 
Todos os projetos possuem os dois primeiros componentes, porém, em alguns, não 
existe o fluxo de caixa residual. 
 
7.16. Determinação do Investimento Inicial 
Refere-se às saídas de caixa relevantes a ser consideradas quando se avalia um 
gasto de capital proposto, ocorrendo em uma data zero. 
 
O fluxo de caixa que deve ser considerado quando da determinação do investimento 
inicial associado a um gasto de capital é: o custo instalado do novo ativo, os recebimentos 
(se houver) depois do IR, decorrentes da venda de um antigo ativo, e a variação (se ocorrer) 
de capital de giro líquido. Se não houver custos de instalação, ou caso não seja substituição 
de um ativo, então o preço de compra do ativo será o investimento inicial. 
 
Exemplo: 
Custo instalado do novo ativo 
(-) recebimentos depois do IR com a venda do antigo 
(- ou +) variação de capital de giro líquido 
(=) Investimento Inicial 
 
Onde: 
Custo instalado do novo ativo = Custo do novo ativo + custos de instalação 
(-) recebimentos depois do IR com a venda do antigo ativo = Recebimentos com a 
venda do antigo ativo (- ou +) imposto sobre a venda do antigo ativo 
(- ou +) variação de capital de giro líquido 
 
Custo do novo ativo: é o desembolso para aquisição; 
 Custos de instalação: custos para colocar um ativo em funcionamento; 
 Custo instalado do novo ativo: é igual ao somatório do custo do novo ativo + 
custo de instalação. Este custo é passível de depreciação. 
 
 
56 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Recebimentos depois do IR com a venda do ativo antigo: correspondem à 
diferença entre o produto da venda do antigo ativo e os pagamentos ou 
devoluções de IR relacionados a sua venda; 
 Recebimentos com a venda do antigo ativo: é igual ao fluxo líquido de 
entrada, gerado pela venda, depois de deduzido o gasto incorrido no 
processo de remoção do ativo (despesas de limpeza e remoção). 
 Variação do capital líquido: é a diferença entre a variação dos ativos 
circulantes e a dos passivos circulantes; se essa diferença for negativa, é 
tratada como entrada inicial, e se for positiva, é tratado como saída inicial. 
 Neste texto falamos de administração do caixa e fluxo de caixa. 
 
 
57 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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8. CAPITAL DE GIRO E ADMINISTRAÇÃO DO CAIXA 
 
Introdução 
A administração do capital de giro envolve basicamente as decisões de compra 
e venda tomadas pela empresa, assim como suas atividades operacionais e 
financeiras. No mundo
globalizado as organizações enfrentam um mercado turbulento, 
completamente cheio de incertezas, com características de taxas de juros elevadas, 
variações internas e externas na demanda. Sendo assim, são exigidas das empresas 
diversas mudanças, tanto na área financeira, quanto humana, tornando-se imprescindível 
para as empresas uma administração eficiente e eficaz de suas finanças, principalmente 
do capital de giro. Compreender melhor a administração do capital de giro e os indicadores 
operacionais, de liquidez e rentabilidade auxilia as empresas e seus gestores, a melhor 
administrar seus recursos, com objetivo de maximizar os resultados. A importância do 
capital de giro varia em função das características da empresa, do desempenho da 
economia e da relação risco/rentabilidade desejada. 
 
8.1. Capital de giro 
Considerando que no ativo encontra-se as aplicações de recursos e as suas fontes 
estão registradas no passivo, no Ativo Circulante estão as aplicações de curto prazo, 
compreendendo os valores em disponibilidades, os valores aplicados em créditos 
concedidos a clientes e, finalmente, os valores dos estoques, que incluem desde as 
matérias-primas, os componentes, os insumos, os produtos em processo e os produtos 
acabados. A capacidade de uma empresa saldar seus compromissos depende de uma 
eficaz administração do capital de giro. Ou seja, de uma eficaz administração do caixa, 
clientes e estoques. 
 
Os ativos circulantes utilizados nas operações das empresas são chamados de 
capital de giro ou capital de giro bruto. De acordo com Brigham, Gapenski e Ehrhartd (2001, 
p 766): 
 
 “A expressão capital de giro originou-se com o velho mascate Yankee, que enchia 
sua carroça com produtos e saia em sua viagem para comercializar seus bens. A 
mercadoria era chamada de capital de giro, pois era o que de fato ele vendia, ou “girava” 
para produzir seu lucro. ” 
 
 
58 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
8.2. Capital de giro liquido ou Capital Circulante Liquido 
O capital de giro liquido (CGL), também conhecido como capital circulante liquido 
(CCL) é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante da empresa, obtido da 
seguinte forma: 
 CGL = Ativo Circulante – Passivo Circulante, ou 
 CGL = Passivo não circulante – Ativo não circulante. 
 
O CCL pode ser positivo ou negativo. Se o CCL for negativo, a ideia é que a empresa 
financia o ativo de longo prazo com recursos de curto. Assim, pela análise do CCL, de 
maneira mais ampla, verifica-se como o ativo está sendo financiado, ou, qual é a 
composição do passivo (capital próprio, financiamentos de longo prazo, financiamentos de 
curto prazo, fornecedores, etc.) que está relacionada com o ativo. 
 
O objetivo da administração financeira de curto prazo é gerir cada ativo circulante e 
cada passivo circulante de maneira a alcançar um equilíbrio entre rentabilidade e risco que 
contribua positivamente para o valor da organização. 
 
8.3. Ciclo operacional e ciclo financeiro 
O ciclo operacional pode ser definido como o tempo demandado para aquisição de 
insumos de produção, transformação desses insumos em produtos acabados e serviços, 
venda e recebimento dos mesmos. A figura 1 mostra o ciclo operacional e financeiro: 
 
Figura 1 – Ciclo operacional e financeiro 
 
Ciclo Operacional 
Compra Venda 
Pagamento 
das Compras 
Recebimento 
das Vendas 
Compra Venda Recebimento 
Compra Pagamento Recebi mento 
Compra Recebimento Pagamento 
Positivo 
Prazo Médio de Pagamento de Compras 
Prazo Médio de Pagamento de Compras 
Prazo Médio de Renovação de Estoques Prazo Médio de Recebimento de Vendas 
PMPC Ciclo de Caixa 
PMRE PMRV 
 
PMPC Ciclo de Caixa 
Negativo 
 
 
59 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O ciclo operacional da empresa inicia na aquisição da matéria-prima para a produção 
– caso de uma indústria – e se finaliza no recebimento pela venda do produto final. Em 
outras palavras, o ciclo operacional incorpora sequencialmente todas as fases operacionais 
presentes no processo empresarial de produção-venda recebimento. 
 
Empresas com processos produtivos mais complexos tendem a apresentar um ciclo 
operacional mais longo, em face da necessidade de maior tempo gasto na etapa de 
produção. Em consequência, essas empresas podem apresentar uma necessidade maior 
de capital de giro. Quanto maior for o ciclo operacional, ou seja, quanto mais demorada for 
a entrada de recursos financeiros, maior será a necessidade de recursos para financiar o 
giro da empresa. 
 
O ciclo financeiro, por outro lado, focaliza as movimentações de caixa, abrangendo 
o período entre o momento em que a empresa realiza os pagamentos e o momento em que 
recebe pelas vendas, como mostra a figura 1. Para obter o ciclo financeiro, soma-se o prazo 
médio de estoque com o prazo médio de recebimento e subtrai-se o prazo médio de 
pagamento. 
 
8.4. Prazo médio de estoque 
O prazo médio de estoques também conhecido como prazo de rotação dos estoques, 
mostra por quantos dias os estoques ficam parados na empresa, entre a compra e sua 
venda, no caso de uma empresa comercial. O prazo médio de estoque mede a atividade 
ou liquidez do estoque de uma empresa. 
 
O objetivo da administração dos estoques é girá-los o mais rapidamente possível, 
sem perder vendas por falta de estoque. O prazo médio de estocagem “revela o tempo 
médio que os estoques totais de uma empresa industrial permanecem armazenados à 
espera de serem consumidos, produzidos e vendidos“. É representado pela formula a 
seguir: 
 
PME = Estoque Médio x 360 Estoque Médio x 
 Custo dos Produtos ou Mercadorias Vendidas 
360 
 
CPV ou CMV 
 
 
 
60 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Quando se utiliza o CMV ou CPV na formula do prazo médio de estoques, considera-
se as saídas de estoques ao preço de custo, ou seja, vendas passadas. O correto seria, 
pois, tomar as vendas dos próximos meses após o balanço, mas como isso não está 
disponível aos analistas externos, tomam-se as vendas passadas ao preço de custo. 
 
8.5. Prazo médio de pagamento 
O prazo médio de pagamento, ou idade média das contas a pagar, constitui o tempo 
médio entre a recepção da matéria-prima e seu pagamento ao fornecedor, é calculado 
dividindo as contas a pagar aos fornecedores pelas compras médias realizadas por dia. 
Que também pode ser representado pela formula a seguir: 
 
PMP = Fornecedores (Duplicatas a Pagar) x 360 Fornecedores x 
 Compras médias 360 Compras médias 
 
A grande dificuldade no cálculo desse índice resulta da necessidade de conhecer o 
valor das compras a prazo, que não é divulgado nas demonstrações financeiras publicadas. 
Normalmente, as compras são estimadas como uma proporção do custo dos produtos 
vendidos. 
 
8.6. Prazo médio de recebimento 
O prazo médio de recebimento, ou idade média das contas a receber, constitui o 
tempo médio requerido para converter as contas a receber em caixa, ou seja, receber os 
produtos vendidos aos clientes. É calculado dividindo as contas a receber dos clientes pelas 
vendas médias realizadas por dia. É representado pela formula a seguir: 
= 
 
PMR 
 
Duplicatas a Receber x 360 
Receita Líquida + Impostos sobre 
Vendas 
 
DR 
RLV 
 
8.7. Administração do caixa 
Para falar sobre a administração do caixa vou começar com uma pergunta. O que é 
realmente importante saber para uma boa administração financeira? Esta pergunta é 
comum entre os empresários, mas é de difícil elaboração. Pode-se dizer que tudo na 
administração financeira é importante, mas, se fosse necessário eleger apenas um item, o 
 
 
61 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade
Santa Cecília - Educação a Distância 
eleito seria a administração do caixa, que ao meu ver é de extrema importância, para o 
sucesso de uma empresa e de seus gestores. Vamos ver agora maiores detalhes sobre a 
administração do caixa. 
 
A administração do caixa compreende uma tarefa de suma importância para a 
organização. A grande maioria dos fracassos empresariais tem fortalecido a convicção de 
que a principal razão da chamada mortalidade precoce das pequenas e médias empresas 
é a falta da habilidade gerencial de seus administradores em tratar a administração do 
caixa. Administrar o caixa de uma empresa de forma eficaz, é fundamental para a 
maximização de seu retorno. No processo de maximização do retorno de seus proprietários, 
a empresa para atingir esse objetivo, pode utilizar uma série de instrumentos de 
administração do caixa, conforme veremos neste texto. 
 
Vamos iniciar com dois conceitos fundamentais da análise da adequação do caixa 
de uma organização: 
 Ciclo de caixa; 
 Giro de caixa. 
 
8.8. Ciclo de Caixa 
Um dos fatores importantes na determinação da necessidade de capital de giro é o 
ciclo de caixa. O ciclo de caixa é definido como o tempo decorrido entre o pagamento da 
matéria prima e o recebimento da venda. Durante esse período os recursos da empresa 
estão aplicados no capital de giro. Outra forma de entendermos o ciclo de caixa é definindo 
esse período como sendo o tempo necessário para que a rotação do ativo circulante possa 
fazer frente aos pagamentos relativos ao passivo circulante nas respectivas datas de 
pagamento. 
 
Como cada empresa tem uma relação de rotação e pagamentos diferentes, o nível 
de capital de giro para cada empresa será diferente. De uma forma geral, o nível suficiente 
de capital de giro depende diretamente do grau de liquidez dos ativos operacionais da 
empresa (duplicatas a receber e estoques). 
 
Resumindo podemos definir o ciclo de caixa como: 
Ciclo de caixa = Data recebimento venda – Data pagamento compra 
 
 
62 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Na determinação do ciclo de caixa, implicitamente estamos verificando também os 
prazos médios de estoques, pagamento de duplicatas e recebimento de vendas a prazo, 
daí a importância desse conceito. Isso pode ser facilmente verificado quando 
representamos o ciclo de caixa graficamente: 
 
 
8.9. Giro de Caixa 
O giro de caixa representa o número de vezes em que o caixa girou no período de 
análise, utilizando a mesma conceituação teórica do giro do estoque, contas a receber e 
contas a pagar. Definido a partir do conceito do ciclo de caixa, o giro de caixa é 
representado pela seguinte relação: 360 / Ciclo de Caixa 
 
Quanto maior for o giro de caixa, menor será a necessidade de caixa para suportar 
as operações. Da mesma forma que o giro do estoque, o giro do caixa deve ser maximizado, 
sem, no entanto, incorrer no risco da falta de recursos. 
 
8.10. Maximização do giro do caixa 
Existem maneiras de maximizar o giro do caixa, minimizando, por conseguinte as 
necessidades de caixa: 
 Aumentar o giro do estoque através de: 
o Aumento do giro das matérias primas; 
 
 
63 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
o Diminuição do ciclo de produção; 
o Aumento do giro de produtos acabados. 
 Aceleração do processo de recebimento. 
 Redução do prazo concedido nas vendas a prazo. 
 Aumento do prazo de pagamento a fornecedores, inclusive via atraso de 
pagamento, quando a relação custo X benefício, com relação ao conceito 
de crédito, for favorável a empresa. 
 
Algumas empresas utilizam também uma técnica mais específica para maximizar o 
giro do caixa, embora de aplicação questionável. Sob o ponto de vista financeiro, em 
épocas de taxas elevadas, o ganho pela utilização dessa ferramenta é bastante 
interessante, seja pela aplicação dos recursos gerados pelo floating oriundo desses 
instrumentos, ou através da economia gerada pela eliminação da necessidade de captação 
de recursos externos. Esse instrumento consiste em emitir cheques para pagamentos 
contra bancos que não pertencem a compensação nacional. Esses cheques são debitados 
na conta do emitente dias úteis após a emissão, gerando ganhos pela aplicação dos 
recursos durante esse prazo ou economia de juros pela captação de recursos por um prazo 
menor. 
 
Neste texto falamos sobre o capital de giro e administração de caixa. 
 
 
 
64 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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9. ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER E ADMINISTRAÇÃO 
DOS ESTOQUES 
 
 Introdução 
Um velho conhecido especialista em finanças, especificamente nas contas a 
receber, que conheci costumava dizer: “as contas a receber na realidade são 
estoques da empresa em poder de terceiros, a venda pode até ter sido feita e o produto 
entregue, mas o dinheiro que é bom ainda não chegou”. Na realidade, ele queria dizer que 
o Ativo Circulante deve ser visto como um todo – sem separações – e que o ponto 
importante a ser analisado é exatamente o destino de todos os ativos: o caixa. 
 
9.1. Contas a receber 
Duas das funções mais importantes do gerenciamento do ativo circulante são as 
funções de crédito e cobrança. São exatamente estas funções que garantem que os valores 
devidos à empresa são recebidos dentro dos prazos negociados, assegurando o fluxo de 
caixa necessário para as operações. 
 
9.1.1. Fatores condicionantes do investimento em contas a receber 
O contas a receber é na realidade um volume de recursos que são imobilizados 
temporariamente com a finalidade de viabilizar os negócios da empresa. O valor deste 
investimento depende diretamente dos seguintes fatores: 
a) A participação das vendas a prazo no valor total das vendas; 
b) A relação entre o custo direto do produto ou serviço e seu preço; 
c) A sazonalidade das vendas; 
d) Os limites de crédito individuais; 
e) As políticas de prazo da empresa; 
f) As políticas de cobrança da empresa. 
 
9.2. Crédito 
A administração de contas a receber deve adotar artifícios que estejam em sintonia 
com a política de crédito da empresa. 
 
 
 
65 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As contas a receber resultam das vendas a prazo originadas pela concessão de 
crédito aos clientes. Estas vendas trazem consigo o risco da inadimplência além de custos 
extras relacionados com concessão de crédito, cobrança e recebimento, mas resultam num 
aumento de vendas e lucro. 
 
Segundo Hoji: 
“As vendas a prazo são condições necessárias para aumentar o nível de operações 
e o giro dos estoques e, assim, ganhar a escala e maximizar a rentabilidade. ” 
 
O controle do nível de vendas a prazo é feito através de: 
(1) uma política de crédito que inclui seleção de crédito, padrões de crédito, 
e termos de crédito; 
(2) uma política de cobrança. 
 
Esta última sofre uma grande pressão do ambiente de negócio e da concorrência. 
Um ambiente altamente competitivo irá naturalmente redundar em uma política de cobrança 
menos agressiva. 
 
9.3. Os cinco “Cs” de Crédito 
Os analistas de crédito usam uma sistemática que recebeu o nome de Cinco Cs que 
tem uma grande eficácia na análise de crédito. Vamos aproveitar para revê-los: 
1. Caráter – os registros históricos do cliente no cumprimento de seus 
compromissos passados. Compromissos financeiros, contratuais e éticos. 
Utilizam os históricos de pagamentos, processos legais em andamento ou já 
julgados, além de suas atitudes e comportamento ético com clientes, 
fornecedores, financiadores e a comunidade. 
2. Capacidade – capacidade financeira de honrar seus compromissos. A 
ferramenta mais usada é a análise de relatórios financeiros através de índices
com ênfase na liquidez e endividamento. 
3. Capital – a força financeira do cliente com base em sua posição patrimonial. Uma 
análise da composição de seu financiamento, – se próprio ou externo – seu nível 
de lucratividade e retorno de investimento (ROI). 
4. Colateral (garantia real) – o nível de ativos que o cliente possui para uso em 
garantias de crédito. Quanto maior o montante dos ativos do cliente, maior será 
 
 
66 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
a probabilidade da empresa reaver seus recursos no caso de inadimplência. 
Inclui uma análise de balanço com ênfase no valor dos ativos do cliente e 
quaisquer demandas legais que envolvam estes ativos. 
5. Condições – uma revisão do cenário econômico empresarial e das circunstâncias 
específicas que afetam as transações a crédito. Devem ser analisadas as 
condições econômicas gerais, do setor e da empresa. 
 
Como regra geral, os analistas dão maior importância aos dois primeiros Cs – 
caráter e capacidade - já que são os mais essenciais para a concessão de crédito. Os 
três últimos relacionam-se mais com o nível de crédito e as condições que serão 
acordadas. 
 
9.4. Política de Crédito 
A política de crédito preocupa-se com os seguintes aspectos: prazo, seleção de 
clientes e limite de crédito. 
 
Uma política de crédito liberal aumenta o volume de vendas, enquanto uma política 
rígida irá ter um impacto contrário sobre o nível de vendas. Uma política de crédito mais 
liberal tende a aumentar o nível de recebíveis o que irá gerar uma necessidade maior de 
capital de giro para financiar o aumento do saldo de contas a receber. 
 
As vendas a prazo são um fator essencial para as operações da empresa. As 
políticas de crédito assumem ao mesmo tempo aspectos de método e condição de venda 
e pagamento e também um viés estratégico como uma forma para obtenção de vantagem 
competitiva. O risco de inadimplência destas operações depende de uma análise de crédito 
dos compradores. Estas análises devem incluir levantamentos comerciais e financeiros 
dos clientes através de revisões de seus relatórios contábeis e levantamento de sua Ficha 
Cadastral. 
 
Deve-se acompanhar cuidadosamente a evolução financeira e comercial dos 
clientes de forma a assegurar pagamentos pontuais. Pode-se obter informações cadastrais 
utilizando o serviço de entidades especializadas como o SCPC – Serviço Central de 
Proteção ao Crédito da Associação Comercial de São Paulo ou Centralização de Serviços 
 
 
67 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Bancários – SERASA. Existem também empresas privadas especializadas neste serviço 
como a multinacional Dun & Bradstreet. 
 
As políticas de crédito são um fator preponderante no nível de vendas e lucros das 
empresas. O investimento em contas a receber não só exige recursos para seu 
financiamento, como dos demais componentes dos ativos circulantes, que são uma 
aplicação sem retorno. Um baixo índice de rotatividade de contas a receber irá fatalmente 
prejudicar a rentabilidade das operações. 
 
Políticas de Crédito claras e bem definidas permitem um acompanhamento 
adequado dos clientes o que irá resultar em recebimentos dentro do prazo negociado. 
 
9.5. Cobrança 
Junto com a política de crédito deve-se colocar em prática uma política de cobrança. 
A análise de crédito deve acompanhar as expectativas de cobrança; de tal forma que os 
clientes, onde se antecipa uma dificuldade de cobrança, a análise de crédito seja mais 
rígida. A cobrança bancária é a forma mais eficaz de realizar as cobranças; mais barata, 
segura e efetiva que a cobrança em carteira. O banco toma a si a responsabilidade de 
entrar em contato com o cliente evitando atritos desnecessários no relacionamento com o 
cliente. Neste caso a empresa define a condições dentro das quais as cobranças deverão 
ser realizadas e o banco cumprirá estas instruções, permitindo que a manutenção de boas 
relações com seus clientes. 
 
De qualquer forma temos que ter presente que o esforço de cobrança não deve ter 
um custo maior do que o valor a ser recebido. Sua finalidade precípua é transformar em 
caixa a receita obtida com a venda dos produtos, dentro dos prazos e valores planejados. 
 
9.6. Política de Cobrança 
Devemos entender por política de cobrança os procedimentos utilizados pela 
empresa para receber as duplicatas no seu vencimento. Uma boa forma de aferir a eficácia 
desta política é o nível de despesas com contas incobráveis. Este nível não está ligado 
apenas à política de cobrança, mas principalmente à política de crédito. 
 
 
 
68 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
As duas devem caminhar em paralelo. Uma política de crédito liberal irá criar a 
necessidade de uma política de cobrança mais rígida ou vice-versa. Um equilíbrio entre os 
dois focos é essencial, pois sem dúvida a empresa não deve gastar em seu esforço de 
cobrança um valor superior àquele que tem a receber. 
 
Uma das formas de aferir ambas as políticas é um relatório analítico onde as contas 
a receber são classificadas por idade, ou seja: aquelas a vencer e as vencidas, estas 
últimas classificadas por tempo de vencimento. Esta talvez seja a ferramenta mais 
importante para avaliação das políticas de crédito e cobrança, além de ser fundamental 
para controle e análise do saldo das contas a receber. 
 
9.7. Procedimentos de Cobrança 
Sem dúvida que a cobrança feita por intermédio de bancos é mais segura e prática, 
além de ter um custo inferior ao da cobrança em carteira. O sistema bancário brasileiro 
permite que o título, até seu vencimento, seja pago em qualquer banco, facilidade que não 
terá caso o título esteja em atraso. A cobrança bancária normalmente é mais eficiente, uma 
vez que o contato com o cliente não é tão estreito o que permite ao banco uma maior rigidez 
na cobrança sem afetar o relacionamento da empresa com o cliente. 
 
As cobranças em carteira por motivo de um melhor controle dos recebíveis devem 
ser depositadas em contas bancárias previamente determinadas para receberem estes 
depostos. 
 
Outro ponto importante de controle deve ser a rigidez de registros nas contas dos 
clientes, que devem ser movimentadas exclusivamente pelo faturamento na venda e por 
avisos bancários, ou recibos de depósitos, não sendo aceitos outras formas de registro de 
contas a receber. 
 
9.8. Administração de Estoques 
Os estoques representam normalmente de 20% a 40% dos ativos totais de uma 
empresa. A operação da empresa está centrada na venda do estoque, ou seja, o lucro é 
proveniente da venda dos estoques. Nas empresas comerciais os estoques são 
representados pelas mercadorias adquiridas para revenda. Nas empresas industriais, 
 
 
69 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
dependendo de seu estágio de produção os estoques classificam-se em matérias primas, 
produtos em processo de fabricação e produtos acabados. As empresas industriais utilizam 
também uma conta de estoque para os materiais auxiliares. 
 
Ao contrário das disponibilidades e dos recebíveis, os estoques não estão sob a 
responsabilidade direta do administrador financeiro. Esta, na maioria das vezes, está 
dividida entre áreas e pessoas diferentes dentro da organização. Ao gerente de compras 
cabe garantir estoques em níveis que não interrompam a cadeia produtiva, com preços 
mais baixos possíveis. Este escopo pode conduzir às compras de lotes muito grandes para 
evitar faltas e obter descontos de quantidade. O gerente industrial, para evitar interrupções 
na produção, busca estoques mais altos. Por seu lado, o gerente de vendas também deseja 
estoques mais altos para evitar perdas de vendas ou atrasos de entrega de mercadorias.
9.9. O Sistema ABC 
Esse método é baseado na Lei de Pareto, também conhecida como Lei 80/20 – 
desenvolvida no século XIX pelo economista italiano Wilfredo Pareto. Pareto demonstrou 
que 20% das causas produzem 80% dos efeitos. Este princípio levado à administração nos 
ensina que 20% dos itens são responsáveis por 80% do valor dos estoques, e, ao contrário, 
80% dos itens são responsáveis por 20% do valor. Isto significa que se controlarmos 20% 
dos itens de estoque estaremos controlando 80% do valor. 
 
Com base na lei de Pareto, o sistema ABC divide o estoque em três grupos: A, B, e 
C. O grupo A inclui os itens que têm um custo de aquisição mais alto. Normalmente estes 
itens representam cerca de 20% da quantidade de itens e 80% do valor do estoque. O grupo 
B é formado pelos itens de custo intermediário e o grupo C é formado por um grande 
número de itens que totalizam um valor muito pequeno dos estoques. Lemes Jr. et ali 
apresentam um quadro que nos dá uma visão ampla deste princípio e sua aplicação aos 
estoques: 
 
GRÁFICO ABC DE ESTOQUES 
GRUPOS VALOR ITENS 
A 70% 10% 
B 20% 20% 
C 10% 70% 
Figura 1: Curva ABC de estoques 
 
 
70 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Os itens do grupo A devem receber um controle mais intenso tendo em vista o alto 
nível de investimento. Seus níveis de estoque devem ser monitorados frequentemente, 
possivelmente utilizando registros permanentes de estoque com acompanhamento 
semanal – ou mesmo diário dos itens de custo mais alto. Os itens do grupo B devem ser 
controlados com frequência menor, com a utilização de verificações periódicas. Os itens do 
grupo C podem ser controlados através de cartões de prateleira. 
 
Para os itens dos grupos A e B seria apropriado à utilização do Modelo do Lote 
Econômico de Compra. 
 
9.10. Lote Econômico de Compra (LEC) 
O lote econômico de compra é utilizado para determinar a quantidade ótima a ser 
adquirida de um item de estoque. Este modelo baseia-se no fato de que além do custo de 
aquisição dos itens de estoque, temos dois outros tipos de custos: 
 Custos de pedido: são os custos administrativos incorridos na emissão e 
recebimento de um pedido de estoque: custos de emissão e processamento da 
requisição de compras, análise e desenvolvimento de fornecedores, cotação, e 
emissão do pedido de compra. 
 Custos de manutenção de estoques: incluem os custos incorridos durante a 
permanência do estoque na empresa. Além do custo financeiro do capital de giro 
investido nos estoques – talvez o mais significativo – inclui ainda os seguintes 
custos: 
o Custo do espaço – depreciação e manutenção da área utilizada para 
estocagem. 
o Custo das instalações e equipamentos – depreciação e manutenção dos 
equipamentos de movimentação e instalações de estocagem. 
o Custo do pessoal envolvido no manuseio, segurança e guarda do estoque. 
o Custo de seguros. 
o Obsolescência. 
 
 A seguir a fórmula para o cálculo do Lote Econômico de Compra (LEC) 
CP
SO2
LEC  
 
 
 
71 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Onde: 
S - demanda do período em unidades; 
O - custo unitário de emissão do pedido; 
C - custo de manutenção de estoque (em porcentagem sobre o custo do estoque); 
O - custo de aquisição (produção) do item. 
 
9.11. Lote Econômico de Compra: aplicação prática 
A seguir uma aplicação prática da fórmula de cálculo do Lote Econômico de Compra: 
A empresa BCD compra regularmente peças de montagem para seus produtos. A 
peça 234-9076 tem um custo unitário de R$2.500,00. Este componente tem uma utilização 
semestral de 10.000 unidades. O custo unitário de emissão de pedido é R$45,00. O custo 
de manutenção de estoque é 26,94% ao ano. Assim temos: 
S = 10.000 unidades 
O = R$45,00 
C = 26,94% ao ano 13,47% ao semestre 
P = R$2.500,00 
CP
SO2
LEC  
 Substituindo temos: 
 
500.21347,0
45000.102
LEC


 
 
75,336
000.900
LEC  
LEC = 51,69725 
LEC = 52 unidades 
 
9.12. Ponto de Pedido (“Reorder Level”) 
O cálculo do Lote Econômico de Compra informa à empresa o quanto comprar, resta 
saber agora quando comprar. O ponto de fazer novo pedido deve: contemplar o prazo 
necessário para colocar o pedido, aguardar o recebimento, receber e inspecionar o material 
e finalmente colocá-lo na prateleira. A este período chamamos tempo de espera (do inglês 
lead time). 
 
O tempo de espera, na realidade é formado por três componentes: 
 
 
72 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Tempo de escritório – engloba a emissão e processamento da requisição de 
compra, processamento e emissão do pedido de compra e remessa deste para 
o fornecedor. 
• Tempo de produção – período de fabricação do produto – tanto interna quanto 
externamente. 
• Tempo de recebimento – recebimento, inspeção e estocagem do material. 
 
Assim, o ponto de pedido é determinado como abaixo: 
Ponto de pedido = tempo de espera x demanda diária 
 
9.13. O Sistema MRP (“Material Requirement Planning”) 
O sistema MRP utiliza os conceitos do LEC para determinar o tamanho do pedido. 
Partindo da lista de materiais, traça uma estrutura escalonada dos materiais, partes e peças 
que compõe o produto final. Produz uma estrutura conhecida como “árvore do produto” 
onde o produto final é dividido em níveis –subconjuntos – e estes subconjuntos subdivididos 
em seus componentes. Com base neste escalonamento de subconjuntos o sistema 
determina as necessidades de produção, usando os saldos de estoques disponíveis. Com 
base no tempo em que leva a obtenção de cada subconjunto e o prazo necessário para 
obter os materiais usados na produção, o sistema determina quando os pedidos devem ser 
feitos para os vários itens na lista de materiais. 
 
9.14. Sistema Just in Time (JIT) 
Fruto do Sistema Toyota de Produção baseia-se na eliminação dos estoques 
fazendo com que as peças sejam entregues na própria linha de montagem no momento em 
que vão ser utilizadas. 
 
O objetivo principal desta metodologia é reduzir o nível de investimentos em 
estoques, evitando a própria estocagem. O material é entregue diretamente na linha de 
montagem não passando nos armazéns. 
 
O sistema JIT baseia-se no kanban – também conhecido como “supermercado de 
peças” que adota a prática de só produzir um componente quando houver necessidade, 
não produzindo, portanto, para estoque. Este processo é conhecido como “pull” (“puxar”) 
em oposição à sistemática tradicional de “push” (empurrar) a produção. Observe que no 
primeiro caso não haverá aumento de estoques porque a produção só acorrerá se houver 
 
 
73 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
demanda para o componente. No segundo caso, se houver uma queda na produção 
teremos um aumento de estoque já que haverá uma redução da demanda pelos 
componentes. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
LUZ, A.E. Introdução à administração financeira e orçamentária. Curitiba: 
Intersaberes, 2015. (BV) 
 
LUZ, E.E. (ORG). Gestão financeira e orçamentária. São Paulo: Pearson, 2015. (BV) 
 
ROBERTO, M. Administração financeira e orçamentária. 2ª Ed. São Paulo: Rideel, 
2015. (BV) 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
ANDRICH, E.G.; CRUZ, J.A. Finanças corporativas: análise de demonstrativos 
contábeis e de investimentos. Curitiba: Intersaberes, 2014. (BV) 
 
CRUZ, J.A.W.; ANDRICH, E.G. Gestão financeira moderna: uma abordagem 
prática. Curitiba: Intersaberes, 2013. (BV) 
 
FERREIRA, M.A. Sistema financeiro nacional: uma abordagem introdutória dos 
mecanismos das instituições financeiras. 1ª Ed. Curitiba: Intersaberes, 2014. (BV) 
 
SELEME, L.D.B. Finanças sem complicação. Curitiba: Intersaberes, 2012. (BV) 
 
VEIGA, J.A.; KUHL, C.A.; ARBUÉS, J.B.
Análise financeira das empresas. 2ª Ed. 
Editora Freitas, 2015. (BV) 
 
	1. CONCEITOS BÁSICOS EM FINANÇAS
	1.1. Conceitos Básicos e Áreas de Atuação
	1.2. Histórico
	1.3. Funções Principais do Administrador Financeiro
	1.4. Funções Principais da Administração Financeira
	1.5. O Sistema Financeiro Nacional
	1.6. Autoridades Monetárias
	1.7. Instituições Financeiras
	1.8. Outras considerações
	1.9. O Banco Central do Brasil
	1.10. Histórico e Evolução
	1.11. Competências
	1.12. Mercado Financeiro
	1.13. Mercado Monetário
	1.14. Mercado de Crédito
	1.15. Mercado de Capitais
	1.16. Mercado de câmbio
	2. OBJETIVO DAS EMPRESAS, RISCO E RETORNO
	2.1. Objetivo das empresas
	2.2. Atividades empresariais
	2.3. Regime de Competência e regime de Caixa
	2.4. Retorno de um Investimento
	2.5. Retorno
	2.6. Risco
	2.7. Risco sistêmico
	2.8. Risco não sistêmico
	2.9. Avaliação do Risco
	2.10. Distribuição de Probabilidades
	2.11. O Desvio Padrão como medida de risco
	3. ANALISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
	3.1. Análise horizontal e vertical
	3.2. Análise horizontal
	3.3. Análise vertical
	3.4. O Balanço Patrimonial em Percentagens
	3.5. Utilidade do Balanço Patrimonial em Percentagens
	3.6. Elaboração do Balanço Patrimonial em Percentagens
	3.7. Análise por Índices
	3.8. Classificação dos Índices
	3.9. Índices de Estrutura de Capital
	4. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ROTAÇÃO
	4.1. Índices de Liquidez
	4.1.1. Liquidez Geral
	4.1.2. Liquidez Corrente
	4.1.3. Liquidez Seca
	4.2. Índices Operacionais
	5. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE RENTABILIDADE E RETORNO
	5.1. Índices de Rentabilidade
	5.1.1. Margem Bruta
	5.1.2. Margem Operacional
	5.1.3. Giro dos Ativos
	5.1.4. Lucro por Ação
	5.1.5. Índices de Retorno
	5.1.6. A Fórmula da Dupont
	6. ANALISE DE INVESTIMENTOS
	6.1. Decisão De Investimentos: Valor Presente Líquido (Vpl)
	6.1.1. Valor Presente Líquido
	6.2. Decisão de Investimentos: Payback
	6.3. DECISÃO DE INVESTIMENTOS: A Taxa Interna de Retorno – TIR
	7. PLANEJAMENTO FINANCEIRO – VISÃO INTEGRADA DO FLUXO DE CAIXA
	7.1. Fluxo de Caixa
	7.2. Manutenção do saldo de caixa
	7.3. Gestão de Caixa
	7.4. Razões para Manutenção de Caixa
	7.4.1. Transações
	7.4.2. Precaução
	7.5. Para aproveitar oportunidades especiais
	7.6. Princípios de Administração de Disponibilidades
	7.7. O Fluxo de Caixa e as Operações da Empresa: Uma visão Integrada
	7.8. Controle do nível de caixa
	7.9. Controle das entradas de caixa
	7.10. Controle das saídas de caixa
	7.11. Fluxo de caixa
	7.12. Representação Através de Tabela
	7.13. Representação Gráfica
	7.14. Cálculos e Componentes
	7.15. Fluxos de Caixa Relevantes
	7.16. Determinação do Investimento Inicial
	8. CAPITAL DE GIRO E ADMINISTRAÇÃO DO CAIXA
	8.1. Capital de giro
	8.2. Capital de giro liquido ou Capital Circulante Liquido
	8.3. Ciclo operacional e ciclo financeiro
	8.4. Prazo médio de estoque
	8.5. Prazo médio de pagamento
	8.6. Prazo médio de recebimento
	8.7. Administração do caixa
	8.8. Ciclo de Caixa
	8.9. Giro de Caixa
	8.10. Maximização do giro do caixa
	9. ADMINISTRAÇÃO DAS CONTAS A RECEBER E ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES
	9.1. Contas a receber
	9.1.1. Fatores condicionantes do investimento em contas a receber
	9.2. Crédito
	9.3. Os cinco “Cs” de Crédito
	9.4. Política de Crédito
	9.5. Cobrança
	9.6. Política de Cobrança
	9.7. Procedimentos de Cobrança
	9.8. Administração de Estoques
	9.9. O Sistema ABC
	9.10. Lote Econômico de Compra (LEC)
	9.11. Lote Econômico de Compra: aplicação prática
	9.12. Ponto de Pedido (“Reorder Level”)
	9.13. O Sistema MRP (“Material Requirement Planning”)
	9.14. Sistema Just in Time (JIT)
Públicas terão suas atividades reguladas 
pelo CMN ao qual deverão submeter seus programas de recursos e aplicações. 
 
Por outro lado, as instituições financeiras privadas deverão ser constituídas 
unicamente sob a forma de sociedade anônima sendo a totalidade de seu capital com 
direito a voto sob a forma de ações nominativas. No entanto, esta norma não se aplica às 
cooperativas de crédito. 
 
As instituições financeiras podem se apresentar sob os seguintes tipos: 
Bancos Comerciais: formam a base de todo sistema financeiro. Representam 
os intermediadores financeiros cujo objetivo principal é levantar os recursos necessários 
para financiar as operações a curto e médio prazo de pessoas físicas e jurídicas. Prestam 
também uma variedade de serviços como cobrança de títulos e recebimento de tributos. 
Realizam também operações de câmbio. 
 
Caixa Econômica: É essencialmente uma instituição com objetivos sociais que 
concedem empréstimos e financiamentos a programas e projetos habitacionais, assistência 
social, saúde, educação e outros de cunho semelhante. Além destas operações também 
agem como bancos comercias. São parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo 
e do Sistema Financeiro da Habitação. A Caixa Econômica Federal é a administradora dos 
Recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 
 
Bancos de Investimento: são basicamente intermediadores de fundos de médio e 
longo prazo para financiamento de capital fixo ou de giro. Não podem captar recursos 
 
 
6 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
através de depósitos, mas apenas através de CDB’s – Certificados de Depósito Bancário – 
ou venda e cotas de fundos de investimento. 
 
Sociedades de Arrendamento Mercantil: são as companhias empresas de leasing. Seus 
recursos são captados principalmente através de empréstimos ao médio e longo prazo e 
financiam as operações de arrendamento mercantil. 
 
1.8. Outras considerações 
Não podemos encerrar esta discussão sem mencionar instituições que apesar 
de não serem consideradas como instituições financeiras têm uma atividade 
importante no mercado financeiro. São elas: 
 
Empresas de factoring – empresas especializadas na cessão de créditos a vencer 
representados por duplicatas de vendas mercantis ou de prestação de serviços. Não 
confundir com desconto bancário. Nesta operação as duplicatas são compradas pela 
empresa de factoring. 
 
As empresas de factoring são regulamentadas pelo Código Comercial e não pelo 
Banco Central. Apenas são consideradas agentes financeiros aquelas entidades que 
captam recursos no mercado para então investi-los. As empresas de factoring utilizam-se 
de capital próprio para suas operações – não captando, portanto, recursos no mercado. Por 
este motivo não são considerados como agentes financeiros e suas operações são, em 
realidade, operações mercantis. 
 
Bolsas de Valores – são instituições sem fins lucrativos formadas pelas corretoras 
de valores onde as ações são negociadas. Apesar desta definição no Brasil temos em 
operação apenas a Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA 
 
Administradoras de Cartão de Crédito – podem ser consideradas como empresas 
de intermediação entre o varejista e o consumidor. 
 
 
 
7 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.9. O Banco Central do Brasil 
Instituído pela Lei no. 4.595 de 31 de dezembro de 1964, O Banco Central do Brasil 
é uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, sendo vinculada ao 
ministério da Fazenda. É o executor central do Sistema Financeiro Nacional, responsável 
pela fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o funcionamento do Sistema 
Financeiro Nacional de acordo com as normas expedidas pelo Conselho Monetário 
Nacional (CMN). 
 
Como os demais bancos centrais do mundo é a principal autoridade monetária. 
 
1.10. Histórico e Evolução 
Antes da criação do Banco Central o papel de autoridade monetária do Brasil era 
desempenhado pela SUMOC – Superintendência da Moeda e Crédito, pelo 
Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional. 
 
A SUMOC, órgão criado em 1945 era responsável pelo controle monetário além da 
preparação de um banco central, sendo também responsável por determinar as reservas 
obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas de redesconto e assistência financeira da 
liquidez, e juros sobre depósitos bancários. A ele cabia, também, supervisionar a atuação 
dos bancos comerciais, orientar a política cambial e representar o País junto a organismos 
internacionais. 
 
O Banco do Brasil era em realidade o banco do governo, controlando as operações 
de comércio exterior, recebimento dos depósitos voluptuários e compulsórios dos bancos 
comerciais e as operações de câmbio em nome de empresas públicas e do Tesouro 
Nacional, de acordo com as normas da SUMOC. 
 
Por seu turno, o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda. 
A criação do Banco Central foi o ponto de partida para o realinhamento das 
instituições financeiras brasileiras. Este realinhamento teve início com o aparelhamento do 
Banco Central para desempenhar o papel de “bancos dos bancos”. 
 
Em 1985 teve início o reordenamento financeiro governamental com a separação 
das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional. 
 
 
8 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Em 1986 foi extinta a chamada “conta movimento” e o fornecimento de recursos pelo 
Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos de ambos os bancos, 
eliminando-se, destarte, os suprimentos automáticos de fundos pelo Banco do Brasil, 
suprimentos estes que prejudicavam as operações do BACEN. 
 
Este processo de reordenamento prosseguiu até 1988 quando as funções 
monetárias foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central. 
As funções que não eram ligadas a ele como as relacionadas ao fomento e à administração 
da dívida pública federal foram transferidas para o Tesouro Nacional. 
 
A Constituição de 1988 definiu a competência exclusiva da União de emitir moeda 
além da exigência da aprovação prévia do Senado Federal, após arguição pública, dos 
nomes indicados para ocupar os cargos de presidente e diretores do órgão. No mesmo 
corpo legal, ficou proibida a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro 
Nacional. 
 
 O artigo 192 da Constituição prevê a elaboração da Lei Complementar do 
Sistema Financeiro Nacional que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir 
atribuições e estrutura do Banco Central. 
 
1.11. Competências 
 São seguintes as competências do Banco Central do Brasil: 
 Emitir moeda (papel moeda e moeda metálica); 
 Executar serviços de meio circulante; 
 Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais; 
 Realizar operações de redesconto e empréstimos de assistência à liquidez às 
instituições financeiras; 
 Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros 
papéis. 
 Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e 
venda de títulos públicos federais; 
 Autorizar, normatizar, fiscalizar e intervir nas instituições financeiras; e, 
 Controlar o fluxo de capitais estrangeiros, garantindo o correto funcionamento 
do mercado cambial. 
 
 
9 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.12. Mercado Financeiro 
Mercado Financeiro é onde acontece a intermediação entre investidores e 
tomadores. 
 Investidores: são os agentes superavitários que desejam investir seus 
recursos. 
 Tomadores: são os agentes deficitários que vêm ao mercado em busca de 
financiamento. 
 
 
O mercado financeiro se divide em: 
 Mercado monetário; 
 Mercado de
crédito; 
 Mercado de capitais; 
 Mercado de Câmbio. 
 
1.13. Mercado Monetário 
No mercado monetário acontecem normalmente as operações de curto e curtíssimo 
prazo. Além destas operações cabe a este mercado atender às necessidades de caixa dos 
agentes econômicos e intermediadores financeiros. 
 
É neste mercado que as autoridades monetárias regulam a liquidez geral do sistema 
através da negociação de títulos emitidos pelo Banco Central. Caso seja necessário reduzir 
a liquidez do mercado, o governo aumenta o volume do depósito compulsório – que é o 
depósito obrigatório feito pelos bancos no Banco Central. Outra estratégia de política 
monetária para reduzir o excesso de moeda em circulação consiste na venda títulos 
públicos os quais uma vez adquiridos pelos agentes financeiros reduzem a liquidez do 
mercado. 
 
Aqui também são negociados títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional – 
Notas do Tesouro Nacional – NTN e Letras do Tesouro Nacional – LTN. Também são 
negociados títulos emitidos pelos Estados e Municípios e por instituições privadas – CDI – 
Certificado de Depósitos Interbancários e CDB – Certificado de Depósito Bancário. 
 
 
 
10 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Dois conceitos extremamente importantes são os conceitos de Meios de Pagamento 
e Base monetária, mencionados diariamente pelos jornais. Abaixo tentamos dar uma 
explicação simples para estes termos. 
 
Meios de pagamento: – ou oferta da moeda – é o estoque de moeda disponível 
para uso da coletividade – por coletividade entenda-se o setor privado não bancário – a 
qualquer momento. Objetiva-se desta forma medir a liquidez do mercado – que são as 
necessidades dos agentes do setor privado não bancário para satisfazer suas transações 
com bens e serviços. 
 
O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo de moeda em poder do 
público mais o saldo dos depósitos à vista. Este conceito também é chamado de M1. 
 
No entanto outros conceitos podem ser utilizados como abaixo: 
 M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do 
público, fundos de aplicação financeira e de renda fixa de curto prazo e 
depósitos especiais remunerados. 
 M3 = M2 + depósitos em caderneta de poupança. 
 M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e letras 
imobiliárias) (Nota: esta é a classificação de Marco Antonio Sandoval de 
Vasconcellos. Carmo Lopes e Rossetti adotam uma classificação um pouco 
diferente). 
 
Base monetária: é o total de moeda em poder do público mais as reservas dos 
bancos comerciais. Reservas dos bancos comerciais são a soma do caixa dos bancos 
comerciais mais os depósitos destes bancos no Banco Central sejam eles voluntários ou 
compulsórios. (A Base Monetária representa o Passivo da Autoridade Monetária.) 
 
1.14. Mercado de Crédito 
A função básica do mercado de crédito é suprir as necessidades de crédito a curto 
e médio prazo tanto das pessoas físicas quanto jurídicas. Os créditos de um modo geral 
são financiamentos para capital de giro – pessoas jurídicas – e financiamentos de bens e 
serviços – pessoas físicas. 
 
 
 
11 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Os recursos negociados originam-se nos depósitos captados pelas instituições 
financeiras, repasse de linhas de crédito – nacionais e estrangeiras – e recursos próprios 
das instituições financeiras. 
 
As operações mais comuns são as seguintes: 
1. Empréstimos para capital de giro: 
2. Conta garantida; 
3. Adiantamento de contrato de câmbio; 
4. Repasses de recursos externos (Resolução 2.770); 
5. Financiamento de importações; 
6. Financiamento de serviços e bens de consumo duráveis. 
 
1.15. Mercado de Capitais 
O mercado de capitais atende às necessidades de financiamento a médio e, 
principalmente, a longo prazo dos agentes produtores. A maior parte dos financiamentos 
destina-se a capital fixo e se originam normalmente de agentes financeiros não bancários. 
 
Os principais meios de financiamento são: 
 Ações; 
 Debêntures; 
 Notas promissórias (commercial papers). 
 
De um modo geral as ações e as debêntures são negociadas inicialmente no 
mercado primário. Neste mercado os títulos são emitidos pelas empresas e obtêm novos 
recursos para satisfazer suas necessidades. 
 
No mercado secundário estes títulos são transacionados entre os proprietários dos 
mesmos sem que o resultado das transações seja destinado às empresas emissoras. Os 
recursos pertencem aos próprios investidores que negociam estes títulos – ações e títulos 
de crédito – nas bolsas de valores. 
 
 
 
12 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.16. Mercado de câmbio 
As negociações com moeda estrangeira são realizadas por empresas que 
mantenham operações de comércio internacional ou que captam recursos no exterior, além 
das instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio. As instituições que realizam 
operações de câmbio devem ser autorizadas pelo Banco Central, que controla e autoriza 
estas operações. 
 
A legislação brasileira não permite operações em moedas estrangeira no Brasil. 
Assim, as moedas estrangeiras recebidas devem ser vendidas aos agentes de câmbio 
quando do recebimento e os importadores devem trocar o valor em moeda local pelo 
equivalente em moeda estrangeira para efetuar seus pagamentos no exterior. 
 
Esta sistemática aplica-se também a outros tipos de operações que envolvam moeda 
estrangeira – investimentos, empréstimos, financiamentos, pagamentos de juros, remessa 
de dividendos, viagens internacionais etc. 
 
Nesta aula conhecemos a área de finanças, suas funções e todo o funcionamento 
do mercado financeiro. 
 
 
13 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. OBJETIVO DAS EMPRESAS, RISCO E RETORNO 
 
Neste texto vamos estudar o objetivo das empresas, as atividades empresariais, 
retorno e riscos dos investimentos e vamos fazer um breve estudo sobre regime 
de caixa e regime de competência. 
 
2.1. Objetivo das empresas 
A maioria dos estudantes acreditam que o objetivo das empresas é o lucro. Na 
realidade o lucro é apenas um meio. O objetivo real das empresas é a 
maximização de seu valor à longo prazo – daí o lucro ser um meio e não o fim. 
 
Os investimentos são feitos com a expectativa de um retorno aliado com os riscos 
assumidos. Este retorno deve ser alcançado através da produção de resultados 
econômicos e financeiros – lucros e caixa – adequados por um extenso período de tempo. 
 
A contabilidade define esta situação através do Postulado da Continuidade que 
considera a empresa como sendo uma entidade em continuidade, ou de forma simplificada, 
considera a empresa como sendo um empreendimento que foi realizado com a finalidade 
de manter-se em funcionamento. 
 
2.2. Atividades empresariais 
De um modo geral podemos agrupar as atividades de uma empresa como a seguir: 
Atividades operacionais: são aquelas executadas para preencher a finalidade 
da empresa visando obter um retorno adequado para os investimentos feitos pelos 
proprietários. Estas atividades geralmente refletem-se no Demonstrativo Resultado do 
Exercício (DRE) e geram o resultado operacional. 
 
Atividades de investimento: este grupo inclui as operações de aplicações de 
recursos para dar continuidade à empresa e permitir seu funcionamento. Estas aplicações 
referem-se normalmente às contas do Ativo Circulante ou Permanente de acordo com o 
prazo destes investimentos. 
 
 
 
14 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Atividades de Financiamento: são reflexo da forma que a empresa decidiu 
financiar seus
investimentos (Ativos): financiamento de terceiros (Exigível) ou 
financiamento próprio (Patrimônio Líquido). 
Já deve ter ficado evidente que as atividades operacionais refletem-se na DRE, as 
operações de investimento e de financiamento, no Balanço: aquelas no Ativo e estas no 
Passivo. 
 
2.3. Regime de Competência e regime de Caixa 
Enquanto o Contador trabalha com o Regime de Competência o Administrador 
Financeiro trabalha em regime de Caixa. 
 
No Regime de Caixa, a Receita e a Despesa são reconhecidas – registradas – 
apenas quando realizadas, ou seja, no efetivo recebimento ou pagamento. Assim, quando 
apuramos o Lucro, o valor obtido é palpável e tangível e deve estar todo na gaveta da caixa 
registradora do feliz proprietário da empresa. 
 
Por seu turno no Regime da Competência a Receita e as Despesas são 
reconhecidas quando incorridas, independente do recebimento efetivo. 
 
Com isto o Lucro é o resultado puro e simples da contraposição de receitas e 
despesas incorridas no mesmo período independente do recebimento de uma e do 
pagamento da outra. 
 
2.4. Retorno de um Investimento 
Todos os investimentos são efetuados na expectativa de um retorno. Por retorno 
devemos entender um valor ganho por um investimento: o valor do lucro e dos 
ganhos de capital gerados por um investimento. 
 
Os investidores têm consciência que retorno e risco caminham sempre juntos, assim, 
definem o que chamamos de retorno exigido que é o retorno necessário para convencer 
uma pessoa a realizar um investimento. 
 
 
15 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2.5. Retorno 
O retorno é uma função direta do risco, ou seja, o retorno varia na razão direta do 
risco. 
 
A primeira variável a ser examinada em qualquer investimento é o retorno. 
Retorno é o resultado – ganho ou perda – de qualquer investimento em um 
período. O que estamos dizendo é que um investimento qualquer muda de valor 
no decorrer do tempo, seja um aumento ou uma redução no seu valor. 
 
O retorno de um investimento normalmente é medido sob a forma de porcentagem 
e não em valores monetários. Exprime a variação do valor do investimento acrescido de 
qualquer retorno em caixa que este tenha rendido no período. Assim, podemos exprimir 
esta variação como a seguir: 
 
Onde: 
I0 = Investimento inicial (no tempo 0); 
I1 = Valor final do investimento (investimento no tempo t); 
Ct = Lucro corrente do (fluxo de caixa, dividendos ou juros) recebido do investimento 
no tempo t; t = Taxa de retorno do investimento durante o tempo t. 
 
 Veja um exemplo de cálculo do retorno de um investimento. Observe que o retorno 
está intimamente ligado aos valores de mercado do investimento através do tempo. 
 
A empresa Sebastião Pereira & Noras Ltda., decidiu investir na compra de ações. 
Assim, em janeiro de 200X adquiriu um lote de ações da Companhia A por 
R$22.000,00. Ao final do semestre as ações estavam cotadas a R$23.730,00. No mês de 
junho a empresa recebeu 800,00 em dividendos. Na mesma época adquiriram também um 
lote de ações da Companhia B por R$14.000,00, que ao final do semestre valiam apenas 
R$12.750,00, A Companhia B, no entanto recebeu R$3.000,00 de dividendos. Qual 
investimento teve melhor rentabilidade? 
 
 
 
16 Administração Financeira e Orçamentária 
 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Um grande diferencial a ser observado nos exemplos citados acima, é que os 
valores recebidos em dividendos foram primordiais para o estabelecimento dos 
percentuais de rentabilidade. No caso A, houve uma valorização das ações, acontecendo 
o inverso na situação do Caso B. Apesar disso, os valores recebidos em dividendos foram 
primordiais para o estabelecimento de uma melhor rentabilidade no caso da empresa B. 
 
2.6. Risco 
O risco é a incerteza que o retorno realizado seja diferente do retorno esperado. 
Como as decisões financeiras são tomadas no presente e os resultados ocorrem 
no futuro, o risco é parte integrante de todas as decisões financeiras. 
 
 Determinados investimentos apresentam resultados maiores que outros. Os 
resultados menores estão relacionados a riscos menores. 
 
Os executivos financeiros, de um modo geral, preferem riscos mais baixos, 
mesmo que isto represente retornos menores. Este raciocínio é lógico, se 
considerarmos que os recursos investidos por eles pertencem aos investidores e, por 
conseguinte, precisam ser protegidos. 
 
O risco de uma carteira de investimento pode ser dividido como abaixo: 
 
2.7. Risco sistêmico 
De acordo com Securato (1999, pag. 142), o risco sistêmico é também conhecido 
como risco conjuntural, não-diversificável ou risco de mercado. Consiste no risco a que 
estamos sujeitos em função das variações da conjuntura econômica, política e social. 
 
 
17 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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2.8. Risco não sistêmico 
O risco não sistêmico relaciona-se a um empreendimento ou a um setor da 
economia; este risco é diversificável. 
 
A forma de medir o risco não-sistemático é se baseando no desvio-padrão dos 
retornos do papel em questão. A forma mais eficaz de se evitar o risco não-sistemático é 
através da diversificação de portfólio. 
 
Segundo William Sharpe – professor da Universidade de Stanford, e Prêmio 
Nobel de Economia de 1990 – somente o risco sistêmico (β) paga o prêmio. O 
risco não sistêmico é diversificável e por este motivo não paga o prêmio. 
 
2.9. Avaliação do Risco 
Podemos analisar o risco empregando a análise de sensibilidade e a distribuição de 
probabilidades para verificar o comportamento dos retornos. Desta forma podemos ter uma 
visão do nível de risco embutido em um determinado ativo. 
 
Na análise de sensibilidade utilizamos uma quantidade de estimativas de retornos 
possíveis para analisar a variabilidade entre os resultados. Normalmente estimamos uma 
possibilidade pessimista (pior), a mais provável (esperada) e uma otimista (melhor), 
associadas a um determinado ativo. O risco será medido pelo intervalo obtido pela 
subtração entre o resultado otimista e o pessimista. 
 
A empresa XYZ tem duas alternativas de investimento: A e B. Ambos exigem um 
desembolso inicial de caixa de R$30 000 e ambos têm a taxa de retorno mais 
provável de 15%. Para avaliar o risco de cada um destes ativos a administração fez 
estimativas pessimistas e otimistas dos resultados associados a cada um deles: 
 
 Ativo A Ativo B 
Investimento Inicial R$30.000 R$30.000 
Taxa anual de retorno 
Pessimista 8% 4% 
Mais provável 12% 12% 
Otimista 16% 20% 
Intervalo 8 16 
 
 
18 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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 O ativo A parece ser menos arriscado do que B uma vez que seu intervalo (8 pontos 
porcentuais) é menor do que o de B (16 pontos porcentuais). Assim, apesar dos dois ativos 
apresentarem o mesmo retorno mais provável, o ativo B aparenta um risco maior e o 
administrador financeiro – avesso ao risco – iria preferir o primeiro. 
 
Apesar de este método ser muito simples, dá ao administrador uma visão global do 
comportamento esperado dos investimentos, que serve para uma avaliação bruta dos 
resultados. 
 
2.10. Distribuição de Probabilidades 
Outro modelo que pode ser utilizado para avaliação de risco é a distribuição de 
probabilidades. Neste modelo relacionamos probabilidades de acontecimentos a cada um 
dos retornos projetados. A probabilidade de um dado resultado é na realidade sua chance 
de ocorrer. Um retorno com a probabilidade de 100% é uma certeza. 
 
No caso da XYZ estas probabilidades de ocorrência – em ambos os 
investimentos – são respectivamente de 25%, 50% e 25% para os retornos 
pessimista, mais provável e otimista. Observe que a soma das probabilidades
deve ser 
sempre 100%, ou seja, as probabilidades devem cobrir todas as alternativas consideradas. 
 
O retorno esperado, ou retorno médio (μ) seria a média de todos os retornos, 
levando-se em conta as probabilidades de cada um destes retornos. 
 
Assim, o retorno esperado do ativo A é: 
 
O retorno médio ou retorno esperado seria 12%. 
 
2.11. O Desvio Padrão como medida de risco 
A forma mais aceita de determinar o risco de um determinado investimento é calcular 
os desvios dos retornos em relação a um retorno médio esperado (ver acima). 
 
 
 
19 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Supomos inicialmente que todos os valores envolvidos têm uma distribuição normal. 
Assim sendo, podemos medir a volatilidade dos retornos para cada projeto em relação ao 
retorno esperado, ou retorno médio. 
 
 O desvio padrão dos retornos prováveis de um investimento em relação ao 
investimento médio é a medida de risco do investimento. 
 
Veja a seguir como é feito o cálculo do Desvio Padrão de um investimento. 
 
Vamos calcular o desvio padrão dos dois investimentos planejados pela XYZ. O 
investimento que apresentar um desvio padrão menor deverá ser o escolhido, 
uma vez que terá um risco menor. 
 
 
 
 
 
20 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Sem qualquer dúvida o investimento A deverá ser escolhido, uma vez que seu desvio 
padrão é menor. 
 
Neste texto estudamos os objetivos das empresas, as atividades empresariais, onde 
vimos as atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades de 
financiamentos, estugamos o retorno e riscos dos investimentos e falamos sobre regime de 
caixa e regime de competência. Até o próximo texto! 
 
 
21 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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3. ANALISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS 
 
Nesta aula estudaremos a análise dos demonstrativos financeiros, vamos falar 
sobre a analise horizontal e vertical e a analise através dos índices. 
 
3.1. Análise horizontal e vertical 
 A análise dos Demonstrativos Contábeis nasce da necessidade, principalmente 
dos financiadores, de determinar a situação econômico-financeira das empresas 
tomadoras de empréstimos, para se decidirem pela concessão ou não de financiamentos, 
bem como para determinar os níveis de garantias necessárias para suportar as operações 
financeiras. 
 
Internamente, esta ferramenta é utilizada pela direção das empresas para analisar o 
desempenho e indicar possíveis pontos fracos ou oportunidades. Serve também para 
suportar decisões de investimentos ou programas de crescimento. Os acionistas utilizam-
se destas análises para determinar a rentabilidade e o valor da empresa, de modo que 
possam escolher adequadamente onde irão investir. 
 
3.2. Análise horizontal 
Nesta análise, buscamos acompanhar a evolução das várias contas dos 
demonstrativos contábeis ao longo do tempo. Colocamos os relatórios lado a lado e 
comparamos os valores e a forma com que evoluem de um período para outro. 
 
Normalmente, toma-se por base o relatório do exercício mais antigo – base 100 – e 
calcula-se a evolução percentual dos demais períodos em relação a este período base. 
 
A análise horizontal tem por finalidade verificar o comportamento do patrimônio e do 
resultado da entidade. É utilizada para avaliar a relação, ao longo do tempo, de cada conta 
das Demonstrações Contábeis entre, no mínimo, dois períodos. Os valores da 
Demonstração Contábil de data mais remota são tidos como base, enquanto os valores dos 
anos mais recentes são expressos em percentagem, em relação ao valor do ano anterior. 
 
 
 
22 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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O objetivo da análise horizontal é permitir o exame da evolução histórica dos valores 
que compõem o patrimônio da empresa. Vale ressaltar que para aplicação da técnica de 
análise horizontal, faz-se necessário posicionar todas as demonstrações contábeis para a 
moeda de uma mesma data (último ano), ou seja, se estamos examinando valores de três 
exercícios sociais seguidos, como 2012, 2013 e 2014, deve-se corrigir (inflacionar ou 
deflacionar) os valores de 1012 e 2013 para que o efeito inflacionário sofrido (se houver) 
por estes valores seja eliminado, permitindo a análise de valores reais em uma mesma 
data. 
 
Tradicionalmente, na análise horizontal tomamos o primeiro exercício como base 
100 e estabelecemos a evolução dos demais exercícios comparativamente a essa base 
inicial. 
 
Por exemplo, se uma empresa no ano de 20X1 teve um ativo total de $ 2.560.000, 
este valor representará a base 100. Se no ano de 20X2 o valor do ativo teve um pequeno 
decréscimo para $ 2.350.000, teremos neste ano um índice de 91,8, ou seja, 91,8% em 
relação ao valor de ativo de 20X1. Se em 20X3 o ativo total registrar um valor de $ 3.480.000 
teremos então um índice de 135,9, ou seja, 135,9 % em relação ao valor do ativo de X1. 
Percebe-se que os anos de X2 e X3 estão sendo comparados sempre com a base (X1), o 
que permite a visualização histórica da evolução do saldo das contas, como o ativo em 
nosso exemplo. 
 
Para o cálculo do índice, utilizamos a seguinte fórmula: 
𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 = ( 
valor data
valor base
 ) − 1 𝑥 100 
 
 Segue abaixo um exemplo de cálculo: 
Conta ou 
Grupo 
Saldo do ano 
anterior – R$ 
Saldo do ano 
atual – R$ Cálculo 
Variação 
% 
Caixa 10.000 15.000 [(15.000/10.000)-1] 
x 100 
+ 50,0% 
Fornecedores 20.000 16.000 [(16.000/20.000)-1] 
x 100 
- 20,0% 
Vendas 100.000 115.000 [(115.000/100.000)-
1] x 100 
+ 15,0% 
Lucro 
Operacional 
15.000 13.000 [(13.000/15.000)-1] 
x 100 
- 13,0% 
 
 
23 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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A análise horizontal por si só não faz muito sentido, pois não se mostra muito 
conclusiva com relação a identificação das causas das evoluções demonstradas pela série 
de valores analisados, devendo sempre que possível ser empregada em conjunto com a 
análise vertical”. 
 
3.3. Análise vertical 
Por outro lado, na análise vertical, nosso objetivo é examinar a importância relativa 
de cada conta dentro do total para que tenhamos uma visão da importância de cada uma 
delas nos períodos sob análise. 
 
A análise comparativa dos balanços patrimoniais em valores expressos em moeda 
corrente, contribuiu significativamente para que a utilização dos informes contábeis no 
processo decisório das organizações se desenvolvesse. Entretanto, foi necessário 
aperfeiçoar a comparação dos valores dessas demonstrações, razão pela qual foi 
desenvolvida a análise comparativa dos balanços patrimoniais em valores relativos, ou em 
percentagens. 
 
3.4. O Balanço Patrimonial em Percentagens 
Consiste na redução dos balanços patrimoniais à uma grandeza uniforme, de modo 
que em qualquer balanço patrimonial em percentagens o ATIVO TOTAL tem o mesmo valor 
de 100. A igualdade dos dois lados do balanço se mantém, pois, a soma do passivo com o 
patrimônio líquido tem o mesmo valor de 100. 
 
Este procedimento permite a comparação de todos os balanços patrimoniais em 
percentagens, tanto os elaborados pela mesma empresa em datas diferentes, como os 
elaborados por empresas diferentes, independentemente dos tamanhos, setores de 
atividade, data ou moeda em que estão expressos. Isto se torna possível na medida em 
que as percentagens refletem as proporções e características existentes nos balanços 
originais, independentemente da data ou moeda, mas que foram reduzidos a uma grandeza 
uniforme permitindo a comparação. 
 
 
 
24 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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3.5. Utilidade
do Balanço Patrimonial em Percentagens 
O balanço patrimonial em percentagens proporciona uma nítida visão de como se 
distribuem os investimentos de capital no ativo, evidenciando a proporção de cada conta 
ou grupo de conta no seu total. Informa também a composição das origens de capitais, com 
a importância de cada conta ou grupo de contas, que figura no passivo ou no patrimônio 
líquido. 
 
Trata-se de informação preliminar importante que serve de base para orientar as 
conclusões nas demais etapas da análise. Evidencia de forma simples e objetiva os efeitos 
no balanço patrimonial determinados pela gestão e pelas características inerentes ao tipo 
de atividade praticada pela empresa, no que se refere a composição dos capitais. 
 
Por exemplo, a maioria das empresas de transportes tem uma preponderância 
manifesta de investimento no imobilizado em relação aos demais grupos do ativo. Nas 
empresas que se dedicam ao transporte urbano de passageiros, que normalmente vendem 
suas passagens à vista, é provável que o ativo circulante não contenha a conta de valores 
a receber de clientes, reduzindo com isto sua importância. 
 
Em empresas deste tipo é comum apurar-se um valor de ativo permanente que seja 
igual ou maior que o patrimônio líquido. Por isso, utilizam com frequência operações 
especiais de financiamento visando obter recursos para formar sua frota de veículos. 
 
Também através do exame da composição do ativo podemos perceber a 
característica da gerência da entidade, como no caso de empresas conservadoras, que no 
correr do tempo destinaram parcela preponderante dos recursos havidos para investir em 
aplicações financeiras como forma de manter o valor de seu ativo. Existem organizações 
que chegam a ter mais de 50% do ativo investidos desta forma. Esta situação deve ser 
avaliada com cuidado para evitar erros de apreciação. 
 
Outro aspecto importante revelado pela análise das percentagens é a participação 
de cada tipo de capital no conjunto dos recursos utilizados. 
 
O balanço patrimonial em percentagens, na medida em que revela a importância de 
cada conta no conjunto dos valores patrimoniais, evita a confusão muitas vezes cometida, 
entre grandeza e solidez de uma empresa, como segue: 
 
 
25 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Empresa “X”- Estoque de mercadorias no valor de $ 10 mil 
Empresa “Y”- Estoque de mercadorias no valor de $ 100 milhões. 
 
A princípio, pode-se pensar que a empresa “Y” tem maior solidez do que a empresa 
“X”. Isto pode estar incorreto, pois para um julgamento mais seguro é conveniente examinar 
o montante das existências em comparação com os demais valores dos respectivos 
balanços patrimoniais. 
 
O Balanço patrimonial em percentagens proporciona ainda as seguintes vantagens: 
a) maior clareza na análise comparativa devido a redução dos balanços 
patrimoniais em valores absolutos a uma grandeza uniforme, comparável; 
b) possibilidade de comparação entre quaisquer balanços patrimoniais em 
percentagens como se exemplifica abaixo: 
 balanços patrimoniais em percentagens de anos diferentes de uma mesma 
empresa; 
 balanços patrimoniais em percentagens de empresas diferentes, 
independentemente do seu ramo de atividade; 
c) possibilidade de elaboração de um balanço patrimonial em percentagens 
d) consolidado de um setor de atividades, estabelecendo, assim, os valores 
típicos que servem de base de comparação para as empresas do ramo; 
e) possibilidade de elaboração do balanço patrimonial em percentagens do 
período, na tabela de análise dos balanços patrimoniais, estabelecendo os 
valores típicos internos da empresa como base de comparação para as 
percentagens de cada ano; 
f) evidenciação das contas de maior importância no conjunto de valores, 
evitando, deste modo, interpretações errôneas decorrentes do exame dos 
valores absolutos; 
g) possibilidade de elaboração de um gráfico que representa a situação 
h) patrimonial e financeira da empresa. 
 
Pelo exposto, concluímos que o balanço patrimonial em percentagens constituísse 
num instrumento muito importante para a análise comparativa, que proporciona elementos 
de grande valor para realizar apreciações e julgamentos adequados com relação a situação 
financeira das empresas em geral. 
 
 
26 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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3.6. Elaboração do Balanço Patrimonial em Percentagens 
Conforme exposto, a elaboração do balanço patrimonial em percentagens 
consiste no cálculo da relação percentual de cada conta do balanço patrimonial, com o 
ativo total do respectivo ano. 
 
Para demonstrar a forma de elaboração do balanço em percentagens, utilizamos 
o exemplo da empresa “ALFA” que possui os seguintes valores ativos em seus balanços 
de 20X1 e 20X2: 
ATIVO 20X1 
(R$) 
AV 
(%) 
20X2 
(R$) 
AV 
(%) 
(X2 – X1) 
(R$) 
(X2 – X1) 
AV(%) 
Disponibilidades 10.000 10,0 15.000 11,8 5.000 1,8 
Clientes 25.000 25,0 26.000 20,5 1.000 (4,5) 
Estoques 25.000 25,0 28.000 22,0 3.000 (3,0) 
Ativo Circulante 60.000 60,0 69.000 54,3 9.000 (5,7) 
Realiz. L. Prazo 2.000 2,0 8.000 6,3 6.000 4,3 
Permanente 38.000 38,0 50.000 39,4 12.000 1,4 
Ativo N. Circul. 40.000 40,0 58.000 45,7 18.000 5,7 
Ativo Total 100.000 100,0 127.000 100,0 27.000 0,0 
PASSIVO + 
PATR. LÍQUIDO 
20X1 
(R$) 
AV 
(%) 
20X2 
(R$) 
AV 
(%) 
(X2 – X1) 
(R$) 
(X2 – X1) 
AV(%) 
Fornecedores 25.000 25,0 21.000 16,5 -4.000 -8,5 
Empr. a Pagar 10.000 10,0 18.000 14,2 8.000 4,2 
Salários a Pagar 5.000 5,0 8.000 6,3 3.000 1,3 
Passivo circulan. 40.000 40,0 47.000 37,0 7.000 -3,0 
Exig. Longo Prz 6.000 6,0 7.000 5,5 1.000 -0,5 
Passivo N. Circ. 6.000 6,0 7.000 5,5 1.000 -0,5 
Patrim. Líquido 54.000 54,0 73.000 57,5 19.000 3,5 
P.Total + PL 100.000 100,0 127.000 100,0 27.000 0,0 
 
Para elaborar a tabela acima, utilizou-se as seguintes fórmulas: 
a) Coluna AV(%) 
 
 
 
27 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Tomamos o saldo da conta desejada, dividindo-o pelo valor do Ativo Total e 
multiplicando-se o resultado por 100, obtendo-se então o percentual desta conta em relação 
ao Ativo Total. 
 
Exemplo: Conta Disponibilidades em 20X2 
 
 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎 15.000 
 =×100 = 11,8% 
 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 127.000 
 
Conclusão: Por este cálculo, concluímos que ao final de X2 as disponibilidades 
representavam 11,8% do Ativo total da empresa. 
a) Colunas de diferenças: 
a.1) (X2-X1) em $ - Esta coluna visa mostrar o aumento ou redução 
do saldo das contas de um ano para outro. Se o resultado da subtração for 
positivo, significa que o saldo aumentou, mas se o resultado da subtração for 
negativo, é sinal que o saldo da conta diminuiu. 
 
Exemplo: Conta Disponibilidades 
Saldo em 20X2: $ 15.000, Saldo em 20X1: $ 10.000, logo; 
X2 - X1 ==> 15.000 - 10.000 = 5.000, o que demonstra que de X1 para X2 o saldo 
da conta Disponibilidades da Cia Alfa teve um acréscimo de $ 5.000. 
a.2) (X2 - X1) em % - Esta coluna tem o objetivo de mostrar o 
aumento ou a redução da conta na sua participação em relação ao Ativo Total. 
Assim como no item b.1) se o resultado da subtração for positivo, é sinal que 
aumentou a participação relativa da conta no total, mas se o resultado da 
subtração for negativo, significa que a participação em relação ao Ativo Total 
diminuiu. 
 
Exemplo: Conta de Clientes 
Participação em 20X1: 25,0; Participação em 20X2: 20,5 
X2 - X1 ==> 20,5 - 25,0 = - 4,5 ==> (4,5); o que demonstra que a participação da 
conta clientes em relação ao Ativo Total de X1 para X2 teve uma redução de 4,5%, mesmo 
que o seu valor absoluto tenha aumentado de
$ 25.000 para $ 26.000, como mostra o 
balanço da Cia Alfa. 
 
 
28 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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3.7. Análise por Índices 
A Matemática nos ensina que Índice é uma relação entre duas grandezas. Assim, 
a análise de Demonstrativos Financeiros com a utilização de índices ou 
coeficientes consiste basicamente no estudo comparativo dos valores para determinar a 
eficácia operacional da empresa. 
 
De uma maneira geral, a análise por índices serve para medir o estado geral da 
empresa, uma vez que, através desta, pode-se formar uma ideia bastante clara do 
comportamento financeiro, seu endividamento e suas operações. 
 
Nas análises comparativas, os índices obtidos nos demonstrativos financeiros da 
empresa examinada são comparados com índices do ramo ou uma evolução temporal 
destes índices. Existem empresas especializadas em publicar índices setoriais para 
comparação. Estes índices são uma média dos índices das principais empresas do ramo e 
servem perfeitamente para balizar os resultados obtidos. 
 
3.8. Classificação dos Índices 
 A seguir, os principais grupos de índices - apesar de existirem outros grupos, vamos 
nos restringir a apenas estes. 
 Índices de Estrutura de Capital 
 Índices de Liquidez 
 Índices de Rentabilidade 
 Índices de Operações 
 
3.9. Índices de Estrutura de Capital 
Já vimos que os Passivos são as fontes de financiamento e que os Ativos são as 
aplicações destes financiamentos. O Passivo é a soma dos Capitais Próprios (Patrimônio 
Líquido) e Capitais de Terceiros (Exigíveis em Curto e em Longo Prazo). 
 
Assim: 
FONTES DE RECURSOS = capitais próprios + capitais de terceiros 
 
 
29 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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Estes índices nos mostram como a empresa financia seus ativos – se com capital 
próprio ou de terceiros. No primeiro caso, ela estaria a salvo de flutuações de mercado, 
uma vez que não depende de capitais externos para seu financiamento. 
 
No segundo, está exposta a uma série de variações externas, tais como taxas de 
juro e disponibilidade de capitais, o que a torna mais exposta. É interessante também 
observar que, caso a empresa tenha uma grande concentração de financiamentos em curto 
prazo, as pequenas reversões de mercado terão um impacto significativo sobre ela. Uma 
concentração em longo prazo permite rever as tendências e alterar a rota. 
 
Índice de Participação do Capital de Terceiros 
PCT = Total do Exigível / Patrimônio Líquido 
Também chamado de Grau de Endividamento, este índice mede a relação entre o 
financiamento próprio e o financiamento de terceiros. Indica o nível de dependência da 
empresa dos capitais externos. 
 
Índice de Endividamento 
IE = Total do Exigível / Total do Ativo 
Este índice mostra o percentual dos Ativos, que é financiado por capitais externos. 
Naturalmente, quanto menor for este índice, menor será a dependência da empresa em 
relação ao mercado. 
 
Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido 
 IPL = Ativo Permanente / Patrimônio Liquido 
Observe que este índice é calculado sobre o Ativo Permanente. Indica-nos quanto 
do Patrimônio Líquido está sendo dirigido para aquisição de Permanente, o que poderá 
prejudicar a própria liquidez da empresa. Ou seja, este índice nos indica quanto está sendo 
investido no giro dos negócios. 
 
 
 
30 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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4. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ROTAÇÃO 
 
Introdução 
A maioria das pessoas acredita que o prejuízo é o causador da falência. 
Naturalmente, uma empresa com prejuízos seguidos por um longo tempo terá um problema 
de fluxo de caixa e, eventualmente, tornar-se incapaz de solver seus compromissos, o que 
irá conduzi-la à falência. Assim, o que realmente causa à bancarrota é a incapacidade de 
saldar os compromissos, ou seja, a falta de liquidez. 
 
Por seu turno, os índices de rotação relacionam-se com o giro dos ativos. 
Medem a eficácia da empresa em gerir seus ativos em curto prazo. 
 
Todos nós sabemos que o dinheiro varia de valor com o tempo, ou seja, com o 
decorrer do tempo, irá render o valor definido pelo tempo em que foi empregado e a taxa 
de juro que foi negociada entre as partes. Assim, é importante que os ativos girem de forma 
a se transformarem em caixa o mais rápido possível, para que possam então ser investidos. 
 
4.1. Índices de Liquidez 
Estes índices têm a ver com a capacidade da empresa de honrar seus 
compromissos, ou seja, sua capacidade de pagamento. 
4.1.1. Liquidez Geral 
LG = (Ativo Circulante + Realizável em Logo Prazo) / (Passivo Circulante + Exigível 
em Longo Prazo). 
 
Este índice leva em consideração todos os ativos da empresa, sem considerar seu 
prazo de maturação, comparando estes ativos com todas as suas obrigações, também sem 
considerar seus prazos. Ou seja, este índice mede a capacidade geral da empresa de 
saldar seus compromissos. É importante, no entanto, levar em conta que poderá haver um 
grande descasamento de prazos, o que irá conduzir o índice a conclusões errôneas. 
 
4.1.2. Liquidez Corrente 
LC = Ativo Circulante / Passivo Circulante 
Neste caso, estamos comparando duas grandezas mais próximas, ou seja, os prazos 
estão mais próximos – estamos comparando ativos com prazo de maturação semelhante 
 
 
31 Administração Financeira e Orçamentária 
 
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ao prazo de vencimento dos passivos. Estamos medindo a capacidade que a empresa tem 
de saldar seus compromissos em curto prazo. 
 
4.1.3. Liquidez Seca 
LS = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante 
Nesse caso estamos subtraindo os Estoques do total dos ativos circulantes, isto 
porque, apesar de os Estoques serem parte integrante do Ativo Circulante, devemos levar 
em conta que normalmente é o de realização mais lenta, pois, na melhor das hipóteses, 
ainda deverá ser vendido – transformado em contas a receber – para então transformar-se 
em caixa. Assim, tomando uma posição mais conservadora, excluímos os Estoques, para 
então calcularmos uma nova posição de liquidez. 
 
4.2. Índices Operacionais 
Prazo médio de recebimento (prazo médio de contas a receber) 
PMR = (Duplicatas a receber X 365) / Vendas 
NOTA: usamos 365 dias caso queiramos fazer o cálculo sobre o ano civil. Caso seja 
usado o ano comercial, o valor é 360 dias. 
 
Não podemos deixar de observar que o saldo da Conta Duplicatas a receber 
representa o saldo das contas em aberto dos clientes no encerramento do período contábil; 
assim, será mais representativo se utilizarmos o saldo médio de duplicatas a receber. Neste 
caso, utilizamos uma média aritmética simples entre o saldo inicial e o saldo final do ano 
corrente: 
 
Saldo médio = (Saldo inicial do exercício + saldo final do exercício) / 2 
Este índice nos mostra o tempo médio em que as duplicatas são recebidas. É um 
índice importante, quando comparado com o prazo normal de vendas; serve para medir 
também a eficácia do departamento de cobrança. 
 
Outra ferramenta importante para mensurar a eficácia do departamento de cobrança 
é a análise do Contas a Receber por idade – accounts receivable age analysis - que nos dá 
uma visão global dos recebíveis da empresa de acordo com sua idade. 
 
 
 
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Um excelente instrumento de análise e controle dos recebíveis é a Análise do Contas 
a Receber por idades ou Age Analysis. Este relatório nos mostra a composição de nosso 
Contas a Receber sob o ponto de vista do prazo de vencimento. 
 
Prazo Médio de Pagamentos 
PMP = Fornecedores x 365 / Compras 
Como no caso anterior, vamos calcular o saldo médio da conta de Fornecedores:
Saldo Médio = (Saldo Inicial de Fornecedores + Saldo final de Fornecedores) / 2 
Devemos observar que o saldo da conta de Compras normalmente não é indicado 
nos balanços, assim devemos utilizar a seguinte fórmula para obtê-lo: 
 
Compras = (Custo das Mercadorias Vendidas) + (Estoque final) – (Estoque inicial) 
Este índice indica o prazo médio em que os fornecedores são pagos. 
Prazo Médio de estoques 
PME = Estoques X 365 / CMV 
Vamos utilizar o saldo médio dos estoques: 
Saldo médio = (Estoque inicial + estoque final) / 2 
 
 
 
 
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5. ANÁLISE POR ÍNDICES: ÍNDICES DE RENTABILIDADE E RETORNO 
 
Introdução 
Até este momento, preocupamo-nos apenas com a liquidez, gestão dos ativos, e 
financiamento das operações; não nos detivemos em analisar a rentabilidade. Termo 
rentabilidade pode ser analisado sob duas ópticas diferentes: a do gestor e a do investidor. 
 
O gestor está preocupado em analisar o resultado de suas políticas de marketing e 
venda, ou seja, a lucratividade de suas vendas. Por outro lado, o investidor deseja conhecer 
o retorno de seu investimento. 
 
5.1. Índices de Rentabilidade 
A demonstração contábil principal é sem dúvida o balanço. É uma visão do 
patrimônio da empresa em um dado momento, e composta de Ativo e Passivo. 
 
O Ativo é formado pelos Bens e Direitos da empresa. O Passivo é composto pelas 
Exigibilidades e o Patrimônio Líquido. As Exigibilidades representam as obrigações da 
empresa, enquanto o Patrimônio Líquido – também chamado, com mais propriedade de 
Patrimônio dos Acionistas – é constituído pelo Capital Social. Os Resultados Acumulados 
representam os recursos dos proprietários investidos na empresa. 
 
Também conhecidos como índices econômicos, na maioria dos casos são extraídos 
da análise vertical da Demonstração de Resultado do Exercício. Sua finalidade é determinar 
o resultado das vendas efetuadas de forma a que se possa mensurar o quanto se está 
ganhando nas vendas. 
 
5.1.1. Margem Bruta 
Margem Bruta = Lucro Bruto / Vendas Líquidas 
Também denominado de mark up, a relação entre o lucro bruto e as vendas líquidas, 
a margem bruta é inversamente proporcional ao custo das vendas – ou seja, uma margem 
maior significa um custo de vendas mais baixo. 
 
Nota: Vendas líquidas: vendas brutas, menos impostos sobre vendas, devoluções e 
descontos comerciais. 
 
 
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5.1.2. Margem Operacional 
Margem operacional = Lucro operacional / Vendas líquidas. 
O Lucro operacional tem uma importância muito significativa, uma vez que é o 
resultado das operações da empresa, ou seja, é o resultado de sua atividade principal. Este 
índice indica o percentual restante das vendas após a dedução do custo de vendas e das 
despesas operacionais. 
 
5.1.3. Giro dos Ativos 
GA = Vendas líquidas / Ativo Total 
Este índice mede a eficiência dos ativos. Revela a capacidade da empresa em 
produzir vendas com sua base de ativos. 
 
5.1.4. Lucro por Ação 
LPA = Lucro após o imposto de renda / Número de ações 
O Lucro Após o Imposto de Renda é aquele que está à disposição da Assembleia 
Geral para distribuição entre os acionistas e indica qual o ganho de cada ação após a 
dedução do Imposto de Renda. 
 
5.1.5. Índices de Retorno 
Os investidores veem a empresa como um investimento, e, na realidade, desejam 
medir qual retorno vêm obtendo deste investimento – o Retorno do Investimento RI, ou - 
usando a denominação mais utilizada - Return on Investment, o conhecido ROI. 
 
A receita da empresa resulta diretamente da combinação de seus ativos. Assim, 
estoques, recebíveis, imobilizado e todos os ativos irão produzir as receitas e, 
consequentemente, os lucros. A ideia é medir qual o retorno – lucro – que é obtido com a 
estrutura de ativos – investimentos. 
 
5.1.6. A Fórmula da Dupont 
Desenvolvida pela Dupont Corporation, esta abordagem trabalha ao mesmo tempo 
os Índices de Balanço e os Índices de Rentabilidade. Relaciona a rentabilidade sobre as 
vendas com o retorno dos ativos que já descrevemos acima. 
 
 
 
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Existem algumas variações entre os autores quanto qual o resultado a ser utilizado 
– alguns preferem o lucro líquido e outros preferem o lucro operacional. Vamos utilizar, 
neste trabalho, o lucro operacional antes dos juros, por ser mais representativo, já que não 
inclui resultados estranhos às operações, tais como receitas e despesas financeiras e 
resultados não operacionais. 
 
ROI = MARGEM LÍQUIDA X GIRO DO ATIVO TOTAL 
Já conhecemos estas duas fórmulas; o que a Dupont fez foi relacionar estes dois 
índices de forma a obter o Retorno do Investimento. Assim substituindo, temos: 
 
ROI = (Lucro operacional x Vendas líquidas) / Vendas líquidas Ativos 
O resultado de uma empresa depende da margem e do retorno sobre os ativos – 
dependendo do ramo, o resultado será obtido através da margem ou do retorno sobre os 
ativos. 
 
O resultado de uma empresa depende da margem e do retorno sobre os ativos - 
dependendo do ramo, o resultado será obtido através da margem ou do retorno sobre os 
ativos. 
 
Neste texto você conheceu a análise dos demonstrativos financeiros, a analise 
horizontal e vertical e por fim, a analise através dos índices. 
 
Segue a seguir uma tabela com as formulas dos índices. 
 
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - TABELA DE INDICADORES 
classe Índice Fórmula Indica Interpretação 
 
Liquidez 
corrente 
ILC = AC / PC 
Medequantoa empresa possui ($) no 
Ativo 
Circulante para cada $1,00 de dívida. 
Quanto maior, melhor 
Liquidez Seca ILS = (AC - Estoques) / PC 
Mede a capacidade da empresa em 
atender suas obrigações a curto 
prazo, sendo que para isso ainda lhe 
sobre os estoques. 
Quanto maior, melhor 
Liquidez 
Imediata 
ILI = (Dispon.+ Aplic.Temp.) / 
PC 
Mede quantas unidades monetárias 
($) a empresa possui Imediatamente 
para cada $1,00 de dívida de curto 
prazo. 
Quanto maior, melhor 
Liquidez Geral ILG = (AC + RLP) / (PC + ELP) 
Mede quantas unidades monetárias 
($) a empresa possui para liquidar 
cada $1,00 de passivo com terceiros. 
Quanto maior, melhor 
 
 
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Prazo Médio 
de estocagem 
PME = (Estoque médio x 360) 
/ CMV 
Mede o tempo necessário para a 
renovação dos estoques da empresa, 
a quantidade de dias 
necessários para o ressuprimento 
dos produtos 
Normalmente quanto menor melhor, é 
preciso conhecer o segmento alvo, ramo 
de atuação e atividade da empresa. 
Giro de 
Estoque 
GE = 360 / PME 
Mede quantas vezes os estoques 
giram durante o ano. Devido a 
especificidades, devemos compará-lo 
com empresas do mesmo setor. 
Normalmente quanto menor melhor, é 
preciso conhecer o segmento alvo, ramo 
de atuação e atividade da empresa. 
Prazo Médio 
de Pagto 
PMP=(Duplic.Pagar_x_360) 
Compr.Anual 
Mede o tempo médio com o qual a 
empresa paga suas dívidas a prazo. 
Depende de outras abordagens 
comparativas a serem feitas com 
cobranças e estocagem. 
Depende do ramo de atuação e atividade 
Giro de 
Pagto. 
GP = 360 / PMP 
Mede quantas vezes em média a 
empresa pagou 
suas duplicatas durante o ano 
Depende de outras abordagens 
comparativas a serem feitas com 
cobranças e estocagem. 
Depende do ramo de atuação e atividade 
Prazo Médio 
de Cobrança 
PMC = Duplic x 360 / Vendas 
Ano 
Mede o tempo médio que a empresa 
leva para receber suas duplicatas. 
Depende de outras abordagens 
comparativas a serem feitas com 
cobranças e estocagem. 
Depende do ramo de atuação e atividade 
Giro de 
Cobrança 
GC = 360
/ PMC 
Mede quantas vezes em média a 
empresa recebeu 
suas duplicatas durante o ano 
Depende de outras abordagens 
comparativas a serem feitas com 
cobranças e estocagem. 
Depende do ramo de atuação e atividade 
Giro do Ativo 
Total 
GAT = Vendas / Total do Ativo 
Mede a eficiência da empresa em 
usar seus ativos para gerar vendas. 
Ou também, quanto a empresa 
vendeu para cada $ 1,00 de Ativo. 
Quanto maior melhor 
Folga de Caixa FC = (PME + PMC) - PMP 
Mede o tempo médio que a empresa 
possui entre as entradas e saídas de 
Caixa para a realização do Fluxo de 
Pagamentos. 
Se positivo, indica aperto, ou seja, paga 
suas obrigações antes das vendas; se 
negativo, mostra o tempo de folga para 
administração. 
 
Capital 3ºs 
Passivo Total 
RCT/PT = (PC + ELP) / 
Pass.Total 
Mede a porcentagem que o 
endividamento com 3ºs 
representa sobre o Passivo Total da 
empresa 
Quanto menor melhor 
Capital 3ºs 
Capital Próprio 
RCT/CP = (PC + ELP) / PL 
Mede a porcentagem que o 
endividamento com 3ºs 
representa sobre os fundos próprios 
da empresa 
Quanto menor melhor 
Grau de 
imobilização 
do PL 
GIPL = Ativo Permanente / PL 
Mede a porcentagem dos recursos 
próprios que se encontram 
imobilizados 
Depende de outras abordagens 
Normalmente, quanto menor 
melhor 
comparativas. 
Cobertura de 
Juros 
CJ = Lucro antes dos Juros e IR 
/ 
Despesas com Juros Ano 
Mede a capacidade que a empresa 
de efetuar os pagamentos de juros 
contratuais. 
 Quanto maior, melhor 
Endividamento 
Geral 
EG = (PC + ELP) / Ativo Total 
Mede a proporção total dos ativos 
financiados pelos credores da 
empresa. 
 Quanto menor, melhor 
Composição 
do 
Endividamento 
CE = PC / (PC + ELP) 
Mede o percentual do 
endividamento de curto prazo 
relativamente ao total de 
endividamento com 3ºs. 
 Quanto menor, melhor 
Retorno Sobre 
o Ativo 
ROA = Lucro Líquido / Total 
do Ativo 
Mede a capacidade do Ativo em 
gerar lucros independente da forma 
com que os ativos foram financiados. 
 Quanto maior, melhor 
 
 
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Indica quanto cada $1,00 investido 
gerou de Lucro. 
Retorno Sobre 
o PL 
ROE = Lucro Líquido / 
Patrim.Líquido 
Mede o retorno dos recursos 
aplicados pelos proprietários, ou 
seja, mede quanto cada $1,00 
investido na empresa gerou de Lucro 
para o 
Patrimônio Líquido. 
 Quanto maior, melhor 
Margem Bruta MB = Lucro Bruto / Vendas 
Mede o Lucro gerado pelas vendas 
após a empresa ter apropriado o 
CMV. Mede a 
porcentagem que cada $1,00 
vendido gerou de lucro bruto. 
 Quanto maior, melhor 
Margem 
Operacional 
MO = Lucro Operacional / 
Vendas 
Mede a porcentagem ou Lucro 
gerado pelas vendas após a empresa 
descontar custos e despesas 
operacionais. 
 Quanto maior, melhor 
Margem 
Líquida 
ML = Lucro Líquido / Vendas 
Mede a porcentagem que cada $1,00 
vendido gerou de Lucro após 
descontar TODOS os custos e 
despesas. 
 Quanto maior, melhor 
 
Cálculo do 
CMV 
CMV = Est Inic + Compras - 
Est Final 
Mede a porcentagem que cada $1,00 
vendido gerou de Lucro após 
descontar TODOS os custos e 
despesas. 
Sem considerações específicas. Calcula 
qualquer dos fatores participantes da 
fórmula. 
 
 
 
 
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6. ANALISE DE INVESTIMENTOS 
 
Nesta aula vamos conhecer a análise de investimentos, vamos falar sobre a 
VPL – valor presente líquido, a TIR – Taxa interna de retorno e Payback. 
 
A análise de investimentos envolve decisões de aplicação de recursos com prazos longos 
(maiores que um ano), com o objetivo de propiciar retorno adequado aos proprietários 
desse capital. Orçamento de capital é um processo que envolve a seleção de projetos de 
investimento e a quantificação dos recursos a serem empregados e busca responder a 
questões como: O projeto vai se pagar? O projeto vai aumentar a riqueza dos acionistas 
ou vai diminuí-la? Esta é a melhor alternativa de investimentos? Vamos ver como 
responder a algumas destas questões. 
 
6.1. Decisão De Investimentos: Valor Presente Líquido (Vpl) 
Uma das técnicas, um pouco mais sofisticada, para análise de investimentos, 
usualmente utilizada pelas empresas é o valor presente líquido, pelo qual se leva 
em conta o valor do dinheiro no tempo. 
 
6.1.1. Valor Presente Líquido 
O valor presente líquido (VPL), também denominado de valor atual líquido (VAL) ou, 
ainda, net present value (NPV) "... é a representação de um saldo hipotético (positivo, nulo 
ou negativo) dos valores envolvidos no empreendimento, transladados equivalentemente 
para o instante inicial e comparados, no mesmo instante, com uma aplicação financeira em 
que os mesmos valores são aplicados a uma taxa mínima de atratividade, durante um prazo 
igual à vida útil do empreendimento". 
 
O valor presente líquido é obtido subtraindo-se o investimento inicial de um projeto 
do valor presente de suas entradas de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de 
capital da empresa. O valor presente líquido (VPL) é a diferença entre o valor de mercado 
de um investimento e seu custo. 
 
Como calcular o VPL através de uma calculadora financeira HP 12c: 
Investimento Inicial = R$ 50.000 
 
 
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Taxa de mínima de atratividade = 10% 
Fluxo 
1 – 30.000 2 – 30.000 3 – 20.000 
4 – 15.000 5 – 25.000 
 
Digite tecle 
50.000 CHS g Cfo 30.000 g CFj 30.000 g CFj 20.000 g CFj 15.000 g CFj 
25.000 g CFj Digite 10 e tecle i. 
 
Após alimentar a calculadora com os dados, tecle f e depois NPV (net present value) 
ou valor presente líquido, que será igual a R$ 42.860,65. 
 
O cálculo matemático que ocorre de fato é o seguinte: 
 
 
 
Onde, FC significa o fluxo de caixa de cada período, o i é a taxa de desconto 
escolhida e j = 1. Assim o que estamos vendo é cada fluxo de caixa ser dividido pela taxa 
de desconto elevada ao seu respectivo período, visto que os juros, neste caso, são 
compostos. 
 
Critérios de decisão 
Se VPL > 0, o projeto deverá ser aceito. 
Se VPL