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Introdução à Epidemiologia Estudos epidemiológicos Prof. Altacílio Nunes 1 Delineamento de pesquisas epidemiológicas Principais desenhos 1. Estudo de Caso/Série de Casos (Descritivo) 2. Transversal 3. Ecológico 4. Caso-controle 5. Coorte 6. Ensaio Clínico Randomizado Estudos Observacionais Estudos de intervenção Estudos Analíticos 2 Estudos Descritivos informam sobre a distribuição de um evento na população, em termos quantitativos: Incidência ou Prevalência Estudos Analíticos estudos comparativos que trabalham com “hipóteses” - estudos de causa e efeito, exposição e doença Descrição x Comparação 3 Estudos descritivos: possibilitam a caracterização da doença/agravo com relação a: Tempo: curso da epidemia/doença, o tipo de curva e período de incubação (tendência histórica) Lugar: extensão geográfica do problema Pessoa: grupo de pessoas, faixa etária, exposição aos fatores de risco DESCRIÇÃO 4 Relato de casos e série de casos (descritivos) e Estudos Transversais Hipóteses Estudos analíticos (Caso-Controle, Coorte) 5 Estudo Transversal - (seccional,corte-transversal,vertical, pontual ou prevalência) [causa e efeito] ou [exposição ao fator e doença] são investigados ao mesmo tempo. Na análise de dados é que se saberá quem são os “expostos” e “não-expostos” e quem são os “doentes” e sadios”. 6 Estudo transversal 7 Delineamento de pesquisas epidemiológicas Desenho de um Estudo Transversal População Expostos doentes (a) Expostos não doentes (b) Não expostos doentes (c) Não expostos Nãodoentes (d) 8 Delineamento de pesquisas epidemiológicas TABELA PARA A ANÁLISE DE DADOS ____________________________________________ Exposição Doença ao fator Sim Não Prevalência Sim a b PE a/ a+b Não c d PNE c/ c+d ____________________________________________ Total a + c b + d N ____________________________________________ Razão de prevalência (RP) = PE/PNE 9 Delineamento de pesquisas epidemiológicas Estudo Transversal: Positividade para o S. mansoni de acordo com a freqüência de contatos com águas naturais, Tuparecê (MG), 1981. _______________________________________________________ Freqüência de contato com água Esquistossomose mansoni Sim Não Total Prev(%) Diária 183 185 368 49,7 Ocasional 128 200 328 39,0 _____________________________________________ Total 311 385 696 44,68 _____________________________________________ Razão de Prevalência: 1,27 (IC95%: 1,12 – 2,20) - Fonte: Goulart 2000. 10 Delineamento de pesquisas epidemiológicas Estudos transversais Vantagens: Baixo custo Alto potencial descritivo (importante em planejamentos) Simplicidade analítica Problemas: Vulnerável a viéses Baixo poder analítico (inadequados para inferências causais) 11 Estudos transversais 12 Estudos ecológicos Klein et al, 1995 Correlação entre consumo de dieta gordurosa (g/dia) e taxa de mortalidade (por 100.000) ajustada pela idade em mulheres em 39 países 13 Estudo de caso-controle - a investigação parte do “efeito” para chegar às possíveis “causas” pesquisa etiológica, retrospectiva, após o evento; as pessoas que têm uma doença (os casos) e as pessoas sem a doença (os controles), são estudadas em busca de exposição a fatores de risco. 14 Delineamento de um estudo de caso-controle Quanto à seleção de grupos Pareados Não pareados Quanto à origem dos casos Casos prevalentes Casos incidentes 15 Desenho de um estudo de caso-controle Análise de Dados Expostos Não - Expostos Expostos Não - Expostos Doentes Grupos de Casos Não-Doentes Grupo de Controles a b c d População 16 Estudo de caso-controle ____________________________________________ Exposição Doença ao fator Sim Não Total* Sim a b a + b Não c d c + d ____________________________________________ Total a + c b + d N ____________________________________________ OR= (a:c) : (b:d) = a x d : b x c FAE = OR – 1 : OR FAP = PED X (OR -1) : OR PED = proporção de expostos entre os doentes 17 Estudo de caso controle Associação entre consumo recente de carne e enterite necrotizante, Papua Nova Guiné, 1985. ____________________________________________ Ingestão de carne Enterocolite Sim Não Total Sim 50 16 66 Não 11 41 52 ____________________________________________ Total 61 57 118 ____________________________________________ OR = (50:11) : (16:41) = 50X41 : 11X16 = 11,6 (IC95%: 5,5 – 17,5) 18 Caso-controle: Associação entre sorologia para toxoplasmose e debilidade mental em crianças _______________________________________________________ Sorologia Deficiência mental Toxoplasmose Sim (casos) Não (controles) Sim 45 15 Não 255 285 Total 300 300 ______________________________________________ OR = (45x285)/(15x255)=3,35 (IC95%: 2,3 – 5,5) Fonte: Pereira, 1995 19 Exposição está associada à doença (fator de risco) Exposição em particular não está associada à doença Exposição está negativamente associada à doença (Fator de proteção) Exposição como fator de risco? Probabilidade de exposição entre casos é > probabilidade de exposição entre controles Probabilidade de exposição é = entre casos e controles Probabilidade de exposição para os casos é 1 OR=1 OR= 0,5 (IC95%: 0,4 - 0,67) Fonte:Pereira, 1995 26 Exposição aumenta o risco de doença (fator de risco) Exposição por si não é um fator de risco para a doença A exposição reduz o risco de doença (fator de proteção) A exposição é um fator de risco? Risco de doença é mais alto nos expostos do que em não expostos Risco de doença é igual para expostos e não expostos Risco de doença é mais baixo nos expostos do que em não expostos Comparação de riscos entre expostos e não expostos RR>1 RR=1 RR confiabilidade = > reprodutibilidade 46 Reprodutibilidade Variação devida ao observador - intra observador ou inter-observadores (ex: contagem de leucócitos) Variação devida ao observado (amostras biológicas em momentos ou locais diferentes) Variação devida ao instrumento ou método 47 Validade ou acurácia Capacidade de um teste diagnosticar corretamente a presença ou ausência da doença 48 Uso de testes sensíveis Diagnóstico de doenças potencialmente graves Afastar doenças em fase inicial Rastreamento (screening) 49 Uso de testes com maior especificidade Confirmar diagnóstico Afastar resultados falso positivo 50 SADIOS DOENTES Título de anticorpos Freq. SITUAÇÃO IDEAL SENSIBILIDADE 100% ESPECIFICIDADE 100% 51 SADIOS DOENTES Título de anticorpos Freq. maior sensibilidade diagnóstica maior especificidade diagnóstica sens. espec. diagnóstica intermediária 52 Probabilidades Condicionais e Testes diagnósticos Razão de Verossimilhança Positiva: razão entre a probabilidade de um teste ser positivo, dado que existe a doença, e a probabilidade de um teste ser positivo, dado que não existe a doença. 53 Probabilidades Condicionais e Testes diagnósticos Razão de Verossimilhança Negativa: razão entre a probabilidade de um teste ser negativo, dado que existe a doença, e a probabilidade de um teste ser negativo, dado que não existe a doença. 54 Delineamento de pesquisas epidemiológicas Screening: Teste de aglutinação em partículas de látex (TAPL) em amostras de urina de crianças com pneumonia por S. pneumoniae _______________________________________________________ Grupos PNM TAPL Sim Não Total Positivo 45 10 65 Negativo 13 103 116 Total 58 113 181 ----------------------------------------------------------------------- Sensibilidade: 77,5% (IC 95%: 68% - 88%) Especificidade: 91,2% (IC 95%: 78% - 95%) Nunes, et al. 2004 55 ENSAIO CLÍNICO Estudo epidemiológico menos sujeito a viés/bias Evidência fornecida por ensaio clínico controlado: em geral maior peso do que outros tipos de estudo Atualmente novos medicamentos, modalidades terapêuticas, técnicas cirúrgicas, testes diagnósticos, testes de screening, vacinas avaliação praticamente obrigatória por ensaios clínicos 56 Associação e Causalidade em Epidemiologia Método epidemiológico Doença Causa ASSOCIAÇÃO Causa suficiente: inevitavelmente produz ou inicia uma doença Causa necessária: a doença não pode se desenvolver na sua ausência Etiologia Paradigmas causais Teoria miasmática – emanações impuras do ambiente (ar, água e o solo) Teoria dos germes - bactérias e germes causadores de doenças (monocausalidade) Multicausalidade - influência de vários fatores na determinação das doenças Postulados de Koch (1882) O organismo deve estar presente em todos os casos da doença O organismo deve ser capaz de ser isolado e crescer em cultura pura O organismo deve, quando inoculado em animal suscetível, causar a doença específica O organismo deve ser recuperado do animal e ser identificado Exposição Doença }Associação Exposição Doença }Associação Causal? Estudos epidemiológicos Pode ser devido a viés de seleção ou de mensuração? Pode ser devido a fator de confusão? Poderia ser resultado do acaso? Poderia ser causal? Não Não Provavelmente não Usar as recomendações e julgar Associação observada Inferênciacausal Processo de determinar se uma associação observada é provavelmente causal. Pirâmide de Associações Causais Não-causais Confusas Espúrias Chance Critérios de causalidade de Hill Relação temporal Plausibilidade biológica Consistência Força Relação dose-resposta Reversibilidade Especificidade Critérios de causalidade de Hill Relação temporal: a causa precede o efeito? (essencial) Critérios de causalidade de Hill Plausibilidade biológica: a associação é consistente e/ou coerente com outros conhecimentos? (mecanismos de ação, evidência de experimentos em animais). Critérios de causalidade de Hill Consistência: resultados similares foram mostrados em outros estudos? Critérios de causalidade de Hill Força: qual é a magnitude da associação entre a causa e o efeito? (Risco Relativo) Dramática 16.0 – 40.0 Forte 3.0 – 8.0 Moderada 1.8 – 3.0 Muito forte 8.0 – 16.0 Exacerbada > 40.0 Modesta 1.4 – 1.7 Fraco 1.1 – 1.3 Interpretação Risco Relativo Força de associação Critérios de causalidade de Hill Relação dose-resposta: o aumento da exposição para uma possível causa está associado com aumento do efeito? Critérios de causalidade de Hill Especificidade: a introdução de um fator causal específico é seguida do efeito. Critérios de causalidade de Hill Reversibilidade: a remoção de uma possível causa leva à redução no risco da doença? Critérios de causalidade de Hill Delineamento do estudo: a evidência está baseada em um delineamento de estudo forte e adequada? Capacidade do delineamento em provar causalidade Tipo de estudo Capacidade de provar causalidade Ensaio clínico randomizado controlado Forte Coorte Moderada Caso-controle Moderada Transversal Fraca Ecológico Fraca Referências Gordis, L. Epidemiology. W.B. Daunders Company, Baltimore, Philadelphia, 2000. Pereira, MG. Epidemiologia - Teoria e Prática. Ed. Guanabara/Koogan, 1995. Beaglehole R, Bonita R, Kjellströn T. Epidemiologia Básica. Ed. Santos, 2001. Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Introdução à Epidemiologia. Medsi, 2006. Medronho RA. Epidemiologia. Atheneu, 2006. 77 image1.png image2.png image3.png image4.wmf n n b + d b + d a + c a + c Total Total c + d c + d d d c c Ausente Ausente a + b a + b b b a a Presente Presente Negativo Negativo Positivo Positivo Total Total Teste Teste Doença Doença image5.wmf 100,00 0,47 1/100.000 VPN (%) VPP (%) Prevalência 99,99 32,21 1/1.000 100,00 4,54 1/10.000 99,99 48,77 1/500 90,65 82,75 70,47 99,89 1/50 99,99 1/100 99,99 1/200 image6.wmf image7.wmf