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Principais Aspectos das Mudanças da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP) Módulo 7 2 | 106 Créditos Equipe Executiva Conteudista Karen Mancini Diretor-Geral da Escola de Contas e Gestão (ECG) João Paulo Menezes Lourenço Assessora-chefe da Assessoria Pedagógica da ECG Máira Conceição Alves Pereira Coordenadora-Geral de Capacitação da ECG Claudia Gomes Corrêa Barbosa Coordenador-Geral de Documentação da ECG Paulo Cesar Peçanha Coordenador da Secretaria da ECG Jose Sigberto da Silva Junior Assessoria da Direção-Geral da ECG Rachel Constant Vergara Mann Assessoria Pedagógica da ECG Dalva Stella Pinheiro da Cruz Marcia Araujo Calçada Paulo Cesar Bessa Neves Tania Maria de Oliveira Silva Coordenadoria-Geral de Capacitação da ECG Jose Antonio Gomez Marquina Letícia da Costa Beserra Regina P.A. da Silva Abrantes Equipe técnico-pedagógica responsável Dalva Stella Pinheiro da Cruz Marcia Araujo Calçada Rachel Constant Vergara Mann Estagiários da ECG Jeff erson Correa Abreu Karla Waleska Cvitanic Souza Marcia Gladys Guimarães de Oliveira Rayane Medina Nogueira Assessor da Diretoria-Geral de Informática Robert Vicente Libotti 3 | 106 Recursos Didáticos � Atenção: destaca conceitos importantes e apresenta dicas sobre o conteúdo. � Saiba Mais: apresenta conteúdo complementar através de link ou obra externa. � Leitura de Lei: apresenta citações de leis. 4 | 106 Sumário Módulo 7 | Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição .......5 Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO) ..................... Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 ................................................8 ..................... Receitas Públicas – Parte 2 ..................................................................................33 ..................... Despesas Públicas – Parte 3 ................................................................................50 Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) .................................68 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis ......................................... do Setor Público (DCASP) .......................................................................................74 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ............................................ ao Setor Público (PCASP) .......................................................................................81 Resumindo .................................................................................................................93 Referências Bibliográfi cas ..........................................................................................94 Lista de Siglas ..........................................................................................................101 5 | 106 MÓDULO 7 Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição 6 | 106 Módulo 7 | Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição Módulo 7 Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição Bem-vindo(a) ao Módulo 7, caro(a) estudante! Daremos início ao nosso último Módulo do curso CASP, em que abordaremos o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição. Este módulo foi dividido em quatro unidades: Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários e Conceitos de Receitas e Despesas Públicas Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP): Conhecendo a Composição Patrimonial Pública Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) 7 | 106 Módulo 7 | Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) – 7ª Edição Os objetivos deste módulo são: • Conhecer os Procedimentos Contábeis Orçamentários; • Conhecer os Procedimentos Contábeis Patrimoniais; • Identifi car as demonstrações contábeis obrigatórias para o setor público; • Compreender o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. Depois de esclarecido esse planejamento acerca de seus estudos, vamos começar! Bons estudos! 8 | 106 UNIDADE 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 9 | 106 Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 Unidade 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Parte 1 da primeira Unidade do Módulo 7 de seu curso! Nela, vamos iniciar o estudo a respeito dos Procedimentos Contábeis Orçamentários, compreendendo os princípios orçamentários. Bons estudos! O Estado tem a fi nalidade de realizar o bem comum da coletividade, e a forma de materializar esse bem é executando a chamada Atividade Financeira do Estado, que é o conjunto de ações que o Estado realiza para obter receitas e realizar gastos, de modo que a Administração Pública possa atender às demandas da sociedade. A Atividade Financeira do Estado é composta por 4 elementos básicos: • Auferir ou obter Receitas Públicas; • Criar Créditos Públicos; • Custear Despesas Públicas; • Gerenciar o Orçamento Público. Resumindo, se a Receita Pública própria arrecadada pelo Estado não é sufi ciente para suprir as demandas sociais, a Administração cria Créditos Públicos (contrai Rafael Highlight 10 | 106 Operações de Crédito) com o objetivo de custear as Despesas Públicas. Dessa forma, as receitas e despesas serão gerenciadas no Instrumento Orçamentário, chamado de Lei Orçamentária Anual (LOA). Atividade Financeira do Estado O Estado gerencia a atividade fi nanceira através do orçamento público (LOA). Nesse sentido, estamos tratando das atividades estatais de obtenção de recursos fi nanceiros (receita e crédito), de aplicação desses recursos (despesas) e do gerenciamento e controle deles (orçamento). �� Nós, pessoas físicas, quando recebemos o nosso salário nos planejamos – ou deveríamos – para gastar esse dinheiro em planejamos – ou deveríamos – para gastar esse dinheiro em determinado período (em regra, um mês) em diversas áreas: determinado período (em regra, um mês) em diversas áreas: faculdade, plano de saúde, aluguel, alimentação, transporte, lazer, faculdade, plano de saúde, aluguel, alimentação, transporte, lazer, aquisição de imobiliários, vestimentas, aplicações fi nanceiras etc. É aquisição de imobiliários, vestimentas, aplicações fi nanceiras etc. É claro que, devido à escassez de recursos e das nossas necessidades claro que, devido à escassez de recursos e das nossas necessidades humanas, precisamos priorizar determinadas áreas em que a gente humanas, precisamos priorizar determinadas áreas em que a gente vai despender os nossos recursos. Após estabelecermos um vai despender os nossos recursos. Após estabelecermos um planejamento, defi nimos prioridades de gastos e executamos as planejamento, defi nimos prioridades de gastos e executamos as despesas para fi nanciar nossas demandas individuais. Da mesma forma ocorre com o Estado. O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade, pois representará o fl uxo previsto de ingressos e de aplicações de recursos em determinado período (um ano). Despesa Gastar Recursos Públicos no �nanciamento do programas de Governo Receita Obter Recursos Financeiros Operações de Crédito Criar Crédito Público Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 11 | 106 No Brasil, a LOA é uma peça autorizativa, pautada no princípio da legalidade da Administração Pública, ou seja, o Estado só pode executar o que a lei autoriza. O orçamento é um documento legal que está contido em uma lei, a LOA (instituída por Lei Ordinária), que autoriza o Poder Público a arrecadar Recursos Financeirostambém por Código Tributário Nacional, em seu art. 142 (BRASIL, 1966), diz que lançamento é o procedimento administrativo tendente a verifi car a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identifi car o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 48 | 106 Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao registro contábil do direito da fazenda pública em contrapartida a uma variação patrimonial aumentativa. Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, conforme se depreende do art. 52 da Lei nº 4.320/1964: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato” (BRASIL, 1964). 3º Estágio Arrecadação → Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro pelos contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arrecadadores ou instituições fi nanceiras autorizadas pelo ente. A arrecadação se dá quando o contribuinte vai até os agentes arrecadadores (repartições fi scais e redes bancárias autorizadas) e faz o pagamento do carnê- leão, da guia do IPTU ou da Previdência Social, por exemplo. É o comparecimento do contribuinte ao agente arrecadador, a fi m de extinguir a sua obrigação com o Estado. É nesse estágio que a receita é considerada realizada, nos termos da Lei nº 4.320/64 (BRASIL, 1964), o que representa a adoção do regime de caixa para o ingresso das receitas públicas, sob o enfoque orçamentário. 4º Estágio Recolhimento → É a transferência dos valores arrecadados à conta específi ca do Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação fi nanceira, observando-se o Princípio da Unidade de Caixa. O recolhimento compreende a entrega, diariamente, do produto da arrecadação pelas referidas repartições e estabelecimentos bancários ao Banco do Brasil para crédito da Conta Única do Tesouro Público, mantida no Banco Central e operacionalizada pelo Banco do Brasil, em âmbito federal. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 49 | 106 Tal recolhimento à conta única do ente é uma exigência do princípio da Unidade de Caixa (ou Unidade de Tesouraria), que está expresso no art. 56 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): �� Art. 56. O recolhimento de tôdas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. fragmentação para criação de caixas especiais. (BRASIL, 1964) �� Somente mediante o recolhimento, em conta específi ca, é que se pode dizer que os recursos estarão efetivamente disponíveis para pode dizer que os recursos estarão efetivamente disponíveis para utilização pelos gestores, de acordo com a programação que for utilização pelos gestores, de acordo com a programação que for estabelecida. Cronologia das Etapas da Receita Orçamentária Em termos didáticos, a ordem das etapas da Receita Pública Orçamentária é a seguinte: Parabéns, você fi nalizou a Parte 2 da primeira Unidade deste Módulo! Estudamos a respeito das receitas públicas e, na Parte 3, daremos continuidade ao estudo com o conteúdo das Despesas Públicas. Até lá! Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 2 50 | 106 UNIDADE 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 51 | 106 Unidade 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Parte 3 da primeira Unidade do Módulo 7 de seu curso! Aqui, vamos aprender sobre as Despesas Públicas e sua importância para a compreensão e aplicação dos Procedimentos Contábeis Orçamentários. Bons estudos! Para o setor público, a Lei Orçamentária Anual (LOA) é de vital importância, porque é ela que vai fi xar a despesa pública que está autorizada para aquele exercício fi nanceiro. A despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipifi cados em orçamentários e extraorçamentários. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 52 | 106 Conceito A Despesa Pública pode ser classifi cada de duas maneiras: • Sentido Amplo (lato sensu) → Abrangem além das despesas orçamentárias, as despesas extraorçamentárias, que são representadas pelas devoluções de recursos de terceiros, pelas operações de crédito por antecipação de receita e pelos pagamentos de restos a pagar e consignações diversas, por exemplo. • Sentido Estrito (strictu sensu) → São as despesas orçamentárias, que somente poderão ser executadas se estiverem autorizadas na lei orçamentária anual ou nas leis de créditos adicionais, e caracterizam os gastos que o governo realiza para atender as necessidades da população. A despesa pode ser classifi cada segundo diferentes critérios, quais sejam: a. Quanto à inclusão no orçamento; b. Quanto à categoria econômica; c. Quanto à regularidade (uniformidade); d. Quanto à afetação patrimonial (impacto no patrimônio); e. Classifi cação institucional; f. Classifi cação funcional; g. Classifi cação programática; h. Quanto à natureza. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 53 | 106 Inclusão no Orçamento Quanto à inclusão no orçamento, as despesas podem ser classifi cadas em: • Orçamentárias: É toda transação que depende de autorização legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária, para ser efetivada. São as despesas fi xadas na LOA ou na lei de créditos adicionais abertos durante o exercício. Devem obedecer às fases da despesa: fi xação, empenho, liquidação e pagamento. • Extraorçamentárias: Dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na LOA ou em créditos adicionais compreendendo determinadas saídas de numerários decorrentes de restituições de cauções, depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por ARO e recursos transitórios. Representam a saída de recursos fi nanceiros transitórios, anteriormente registrados como receita extraorçamentária. As despesas extraorçamentárias não necessitam de autorizações orçamentárias para se efetivarem, pois não são propriedades dos órgãos públicos. Classifi cação Econômica das Despesas Quanto à categoria econômica, as despesas orçamentárias podem ser classifi cadas em despesas correntes e despesas de capital; essa é uma classifi cação da Lei nº 4.320/1964, em seu artigo 12, conforme seu conteúdo a seguir. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 54 | 106 �� Art. 12. A despesa será classifi cada nas seguintes categorias econômicas: econômicas: DESPESAS CORRENTES DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio Despesas de Custeio Transferências Correntes Transferências Correntes DESPESAS DE CAPITAL DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Investimentos Inversões Financeiras Inversões Financeiras Transferências de Capital Transferências de Capital (BRASIL, 1964) �� Todavia a STN, na qualidade de órgão central de contabilidade e integrante do Ministério da Fazenda, bem como a SOF, órgão do integrante do Ministério da Fazenda, bem como a SOF, órgão do Ministério de Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), Ministério de Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), estabeleceram em suas portarias uma classifi cação mais moderna e estabeleceram em suas portarias uma classifi cação mais moderna e obrigatória para todos os entes da Federação, cujo objetivo é obrigatória para todos os entes da Federação, cujo objetivo é uniformizarprocedimentos para fi ns de consolidação nacional das uniformizar procedimentos para fi ns de consolidação nacional das contas públicas. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 55 | 106 Classifi cação da STN: Despesas correntes 1 – Pessoal e Encargos Sociais 2 – Juros e Encargos da Dívida 3 – Outras despesas correntes Despesas de capital 4 – Investimentos 5 – Inversões fi nanceiras 6 – Amortização da dívida Regularidade Quanto à regularidade (uniformidade), as despesas podem ser classifi cadas em: • Ordinárias: São as despesas destinadas a manutenção contínua dos serviços públicos e, por isso, se repetem em todos os exercícios. Ex.: serviço de terceiro, material de consumo, encargos, etc. • Extraordinárias: São as despesas de caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes e, por isso, não aparecem todos os anos nas dotações orçamentárias. Ex.: guerra, comoção interna, enchentes, etc. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 56 | 106 Afetação Patrimonial Quanto à afetação patrimonial (impacto no patrimônio), as despesas podem ser classifi cadas em: • Efetivas: Aquelas que, no momento de sua realização, reduzem a situação líquida patrimonial da entidade, alterando o patrimônio público, já que contribuem para o seu decréscimo, provocando um fato contábil modifi cativo diminutivo, sem a respectiva produção de mutação patrimonial. Ex.: As despesas correntes, regra geral, são despesas efetivas (pessoal, encargos sociais, juros, aluguéis, etc.). Entretanto, pode haver Despesa Corrente (DC) não efetiva como, por exemplo, despesa com a aquisição de materiais para estoque; e despesa com adiantamentos (Suprimentos de Fundos), que representam fatos permutativos. • Não Efetivas ou por Mutações Patrimoniais: Aquelas que, no momento da sua realização, não provocam alteração no patrimônio público, já que possuem como fundamento um fato contábil permutativo, constituindo-se em alterações compensatórias por meio de mutações nos elementos patrimoniais. Ex.: Em regra, as despesas de capital são despesas não efetivas (investimentos, inversões fi nanceiras, amortização da dívida, outras despesas de capital). Normalmente se enquadra como Despesa de Capital – DK. Entretanto, há DK que é efetiva como, por exemplo: transferências de capital que causam variação patrimonial diminutiva. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 57 | 106 Classifi cação Institucional Essa classifi cação informa o órgão, a entidade ou instituição (unidade orçamentária) que executa a despesa, ou seja, quem faz o gasto. Além disso, ela refl ete a estrutura organizacional do ente, pois precisa informar onde os créditos orçamentários foram alocados para serem utilizados. O código da classifi cação institucional, geralmente, compõe-se de um grupo de cinco dígitos, onde os dois primeiros identifi cam o órgão e os três (ou dois*) últimos a unidade orçamentária ou sub-órgão. (*) A classifi cação institucional não segue um número obrigatório de dígitos. Na esfera estadual e municipal geralmente é representada por um grupo de quatro dígitos, já na esfera federal, compõe-se de cinco dígitos. Não há ato que a estabeleça, sendo defi nida no contexto da elaboração da LOA ou da abertura de crédito especial. 1º 2º 3º 4º 5º DÍGITOS XX . XXX Órgão Orçamentário Unidade Orçamentária Prefeitura Secretarias Congresso Nacional Câmara e Senado Federal A classifi cação institucional identifi ca (refl ete) quem são as estruturas responsáveis pela execução da despesa, a estrutura de alocação dos créditos orçamentários. Essa classifi cação está estruturada em dois níveis hierárquicos, apontando-se o órgão orçamentário e a unidade orçamentária, subordinada àquele. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias, conforme art. 14 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964). Os órgãos orçamentários, por sua vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias, assim, a classifi cação institucional tem por objetivo Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 58 | 106 demonstrar quanto cada órgão ou unidade orçamentária está autorizado a gastar num determinado exercício fi nanceiro com base nos créditos fi xados no orçamento. Classifi cação Funcional A classifi cação funcional segrega as dotações orçamentárias em funções e subfunções, buscando responder basicamente à indagação “em que” área de ação governamental a despesa será realizada. A atual classifi cação funcional foi instituída pela Portaria nº 42/1999 (BRASIL, 1999), do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefi xadas, que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de classifi cação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. Portanto, a classifi cação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros referem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos representam a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das diversas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa, executiva e judiciária. XX.XXX DÍGITO IDENTIFICAÇÃO 1º e 2º Função 3º, 4º e 5º Subfunção Função → Ex.: educação Subfunção → Ex.: Ensino Fundamental Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 59 | 106 Quanto à Natureza Quanto à natureza, a classifi cação da despesa é composta por: C. G. MM. EE. DD 1. Categoria econômica; 2. Grupo de natureza da despesa; 3. Modalidade de aplicação; 4. Elemento de despesa; 5. Desdobramento do elemento (facultativo). Grupo: é um agregador de elementos de despesa com as mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado a seguir: • Integrantes da Categoria Econômica Despesa Corrente 1 – Pessoal e Encargos Sociais 2 – Juros e Encargos da Dívida 3 – Outras despesas correntes • Integrantes da Categoria Econômica Despesas de Capital 4 – Investimentos 5 – Inversões fi nanceiras 6 – Amortização da dívida Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 60 | 106 Categoria Econômica Grupo da natureza da DPS – 2º nível 3 – Despesa Corrente 1 - Pessoal e Encargos Sociais 2 - Juros e Encargos da Dívida 3 - Outras Despesas Correntes 4 – Despesa de Capital 4 - Investimentos 5- Inversões Financeiras 6- Amortização Pública Assim, uma despesa que possui sua classifi cação de natureza: 4.6.XX.XX.XX - Quanto à categoria econômica: Despesa de Capital – DK; - Quanto ao grupo: amortização da dívida. Exemplo ilustrativo da Codifi cação da Natureza da Despesa Orçamentária: 1) Construção de uma escola 4. 4. 90. 52. XX Categoria econômica: de capital Grupo: investimento Modalidade de Aplicação: direta Elemento de despesa: Equip. e Mat. Perm. Desdobramento do elemento (facultativo) Reconhecimento da Despesa Orçamentária A Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) estabelece que pertencem ao exercício fi nanceiro as despesas nele legalmente empenhadas, conforme a leitura de lei a seguir. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 61 | 106 �� Art. 35. Pertencem ao exercício fi nanceiro: I - as receitas nele arrecadadas; I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas. II - as despesas nele legalmente empenhadas. (BRASIL, 1964) Observa-se que o ato da emissão do empenho, na ótica orçamentária, constitui a despesa orçamentáriae o passivo fi nanceiro para fi ns de cálculo do superávit fi nanceiro. Relacionamento do Regime Orçamentário com o Regime Contábil São os registros contábeis, sob a ótica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público. A Contabilidade Aplicada Ao Setor Público mantém um processo de registro apto para sustentar o dispositivo legal do regime da receita orçamentária, de forma que atenda a todas as demandas de informações da execução orçamentária, conforme dispõe o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964). Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 Receitas Arrecadadas Despesas Empenhadas Caixa Regime Misto (Enfoque orçamentário)Competência 62 | 106 Etapas da Receita Orçamentária P → E→ C • Planejamento: compreende a fi xação de gastos orçamentários constantes da LOA resultante das metodologias de projeções usualmente adotadas na estimativa da receita, observada as disposições constantes na LRF. • Execução: a realização da despesa se dá em três estágios: o empenho, a liquidação e o pagamento. • Controle: é a etapa do controle e da avaliação dos gastos públicos. Estágios da Despesa Pública Orçamentária – FELP Apesar de haver certa divergência quanto aos estágios da despesa, a doutrina majoritária entende que a legislação prevê quatro estágios da despesa: Fixação, Empenho, Liquidação e Pagamento. Sendo estágios da execução: Empenho, Liquidação e Pagamento. F→E→L→P Fixação → Visa os limites de gastos (dotação) (1º estágio) Empenho → Comprometimento da dotação orçamentária (Art. 58 a 61) (2º estágio) Liquidação → Verifi cação do direito adquirido pelo credor do emprenho e consequente assunção de compromisso a pagar (Art. 62 e 63) (3º estágio) Pagamento → Extinção da obrigação de pagar (Art. 64 e 65) (4º estágio) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 63 | 106 Detalhamento dos Estágios da Despesa Pública Orçamentária • 1º Estágio – Fixação ou Dotação → Estágio consagrado pela doutrina em virtude de interpretação de dispositivos constitucionais, como os que vedam a concessão de créditos ilimitados e a realização de despesas que excedam os créditos orçamentários e adicionais, conforme art.167, incisos II e VII, da CF/1988 (BRASIL, 1988). Essa etapa da despesa consiste na autorização dada pelo Poder Legislativo ao Poder Executivo, mediante a fi xação de dotações orçamentárias aprovadas na LOA, que possibilitam a execução de programas pelos órgãos e unidades orçamentárias, concedendo ao ordenador de despesas o direito de gastar os recursos públicos destinados à sua unidade gestora, mediante a emissão de empenho, limitado ao valor autorizado. • 2º Estágio – Empenho → Nos termos da Lei nº 4.320/64 (BRASIL, 1964): �� Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. ou não de implemento de condição. (BRASIL, 1964) Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fi m específi co. O empenho foi conceituado pela lei como uma obrigação pendente para o Estado. As pendências que transformarão o empenho numa despesa efetiva serão resolvidas no próximo estágio, a liquidação. Assim, na verdade, o empenho é um compromisso por parte da Administração Pública no sentido de pagar por algo que tenha interesse e, por parte do fornecedor, de prestar o serviço ou entregar determinada mercadoria. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 64 | 106 �� Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos. créditos concedidos. (BRASIL, 1964) Com o empenho, a despesa já existe, embora ainda não tenha sido paga. Em termos orçamentários, sua realização diminui os créditos orçamentários disponíveis (valor autorizado para gasto). Empenhar signifi ca, portanto, comprometer o crédito orçamentário. �� Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. empenho. § 1° Em casos especiais previstos na legislação específi ca será § 1° Em casos especiais previstos na legislação específi ca será dispensada a emissão da nota de empenho. dispensada a emissão da nota de empenho. (BRASIL, 1964) Este estágio é obrigatório, não sendo dispensado em nenhuma esfera (Federal, Estadual e Municipal). O que pode ser dispensada é a nota de empenho, em casos especiais, previstos na legislação. A materialização do empenho ocorre com a emissão da Nota de Empenho (NE), sendo elaborada uma para cada empenho. �� Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado “nota de empenho” que indicará o nome do credor, a denominado “nota de empenho” que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa bem como a dedução representação e a importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria. desta do saldo da dotação própria. (BRASIL, 1964) A nota de empenho é o documento que comprova a emissão do empenho que atesta a reserva de dotação para atender a despesa. É um comprovante de “fundos orçamentários”. Entretanto, há situações em que, por permissão legal, a nota pode não ser emitida (por exemplo, pagamento da remuneração de servidores públicos). Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 65 | 106 Embora a Lei nº 4.320/1964 em seu artigo 61 (BRASIL, 1964) estabeleça a obrigatoriedade do nome do credor no documento “Nota de Empenho”, em alguns casos, como na folha de pagamento, torna-se impraticável a emissão de um empenho para cada credor, tendo em vista o número excessivo de credores (servidores). Caso não seja necessária a impressão do documento “Nota de Empenho”, o empenho fi cará arquivado em banco de dados, em tela com formatação própria e modelo ofi cial, a ser elaborado por cada ente da Federação em atendimento às suas peculiaridades. Quando o valor empenhado for insufi ciente para atender a despesa a ser realizada, o empenho poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente. Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente. O empenho da despesa pode ser de três tipos: Ordinário → Valor conhecido – Um pagamento Estimativo → Valor estimado – Vários Pagamentos Global → Valor conhecido – Pagamento parcelado • Ordinário: nesta modalidade, o valor a ser empenhado é conhecido e o pagamento deverá ser feito de uma só vez. Ex.: compra de um bem móvel ou imóvel. • Estimativo: visa à realização de despesas cujo valor ou montante não seja previamente determinado ou identifi cável. Ex.: despesas com folha de pagamento, conta de luz, água, telefone, gratifi cações, diárias. Nesses casos, não se sabe, no início do ano, por ocasião do empenho, o valor exato que será despendido. • Global: essa modalidade é aplicável quando o objetivo for de atender despesas com montante previamente conhecido, tais como Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 66 | 106 as contratuais, mas cujo pagamento dar-se-á de maneira parcelada. É comum nos casos de entrega parcelada de bens, caso em que o pagamento é feito obedecendo-se a proporção entre o montante pactuado e o volume entregue, e no caso de obras, quando da mesma forma, o pagamento se dá em função do andamento da obra. Ex.: aluguéis, contrato de prestação de serviços por terceiros. • 3º Estágio – Liquidação �� Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação. ordenado após sua regular liquidação. Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verifi cação do direito Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verifi cação do direito adquirido pelo credortendo por base os títulos e documentos adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.comprobatórios do respectivo crédito. § 1° Essa verifi cação tem por fi m apurar: § 1° Essa verifi cação tem por fi m apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. § 2° A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços § 2° A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho; II - a nota de empenho; III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço. do serviço. (BRASIL, 1964) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 67 | 106 Na liquidação, faz-se uma conferência documental para atestar que a despesa empenhada foi realizada, ou seja, confi rmar a ocorrência do fato gerador da despesa: um serviço foi prestado, um produto foi entregue, uma obra foi construída etc. É necessário, para tanto, que sejam verifi cados pela unidade responsável os documentos fi scais, atestados de recebimento, comprovantes de prestação de serviço, nota de empenho etc., conforme o caso. • 4º Estágio Pagamento → Lei nº 4.320/1964 �� Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. [...] [...] Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento. credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento. (BRASIL, 1964) No caso da efetivação do pagamento, a redação do art. 65 da Lei (BRASIL, 1964) está desatualizada: “tesourarias” e “pagadorias” funcionando junto aos órgãos públicos não correspondem mais à realidade. Hoje em dia, maciçamente, os pagamentos se dão por via bancária. O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. Parabéns, você fi nalizou totalmente a Unidade 1 deste Módulo! Nesta parte fi nal, tratamos dos Procedimentos Contábeis Orçamentários. Em caso de dúvidas, volte ao conteúdo. Continue seus estudos e até a próxima Unidade! Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Despesas Públicas – Parte 3 68 | 106 UNIDADE 2 Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP): Conhecendo a Composição Patrimonial Pública 69 | 106 Unidade 2 Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP): Conhecendo a Composição Patrimonial Pública Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à segunda Unidade do Módulo 7 de seu curso! Nesta Unidade, abordaremos os Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP). Prepare-se para mais uma boa jornada de aprendizagem! Bons estudos! Esta parte, intitulada Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP), apresenta o conjunto de conceitos, regras e procedimentos relativos aos atos e fatos patrimoniais e seu relacionamento com a CASP. Ela visa à harmonização dos padrões a serem observados pela Administração Pública, no que se refere às variações patrimoniais, classifi cações, destinações e registros, para permitir a evidenciação e a consolidação das contas públicas nacionais. O atendimento do enfoque patrimonial da contabilidade compreende o registro e a evidenciação da composição patrimonial do ente público – arts. 85, 89, 100 e 104 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964). Nesse aspecto, devem ser atendidas as normas contábeis voltadas para o reconhecimento, mensuração e evidenciação de ativos e passivos e suas Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) Conhecendo a Composição Patrimonial Pública 70 | 106 variações patrimoniais, contribuindo para o processo de convergência às normas internacionais, respeitada a base legal nacional. A compreensão da lógica dos registros patrimoniais é importante para o entendimento da formação, composição e evolução do patrimônio. Busca, assim, melhorar a qualidade e a consistência das informações prestadas à sociedade, de modo a possibilitar o exercício da cidadania no controle do patrimônio dos governos federal, estadual, distrital e municipal. Elementos das DCASP Conforme a NBC T SP – Estrutura Conceitual (CFC, 2016), os elementos correspondem às estruturas básicas a partir das quais as demonstrações contábeis são elaboradas. Essas estruturas fornecem um ponto inicial para reconhecer, classifi car e agregar dados e atividades econômicas de maneira a fornecer aos usuários informação que satisfaça aos objetivos e atinja as características qualitativas da informação contábil, levando em consideração as restrições sobre esta. Os conceitos de ativo e passivo identifi cam os seus aspectos essenciais, mas não especifi cam os critérios para seu reconhecimento. Ao avaliar se um item se enquadra na defi nição de ativo, passivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar para a sua essência e realidade econômica e não apenas sua forma legal. A classifi cação do ativo e do passivo atualmente considera a segregação em “circulante” e “não circulante”, com base em seus atributos de conversibilidade e exigibilidade, conforme disposto na NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis (CFC, 2008). Os elementos defi nidos na NBC T SP – Estrutura Conceitual (CFC, 2016) são: a. Ativo; b. Passivo; c. Receita (neste Manual, denominar-se-á Variação Patrimonial Aumentativa – VPA) Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) Conhecendo a Composição Patrimonial Pública 71 | 106 d. Despesa (neste Manual, denominar-se-á Variação Patrimonial Diminutiva – VPD) e. Contribuição dos proprietários; f. Distribuição aos proprietários. Ativo Ativo é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado. Recurso, por sua vez, é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar benefícios econômicos. A forma física não é uma condição necessária para um recurso. O potencial de serviços ou a capacidade de gerar benefícios econômicos podem surgir diretamente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. Os benefícios econômicos correspondem a entradas de caixa ou a reduções das saídas de caixa. As entradas de caixa (ou as reduções das saídas de caixa) podem derivar, por exemplo, da utilização do ativo na produção e na venda de serviços ou da troca direta do ativo por caixa ou por outros recursos. O potencial de serviços é a capacidade de prestar serviços que contribuam para alcançar os objetivos da entidade. O potencial de serviços possibilita a entidade alcançar os seus objetivos sem, necessariamente, gerar entrada líquida de caixa, como, por exemplo, ativos do patrimônio cultural, de defesa nacional, entre outros. Passivo Passivo é uma obrigação presente, derivada de evento passado, cuja extinção deve resultar na saída de recursos da entidade. Uma característica essencial para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Esta, por sua vez, é aquela que ocorre por força de lei (obrigação legal ou obrigação legalmente vinculada) ou não (obrigação não legalmente vinculada), a qual não possa ser evitada pela entidade. Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) Conhecendo a Composição Patrimonial Pública72 | 106 Para satisfazer a defi nição de passivo, é necessário que a obrigação presente surja como resultado de um evento passado e necessite da saída de recursos da entidade para ser extinta. Patrimônio Líquido (ou Situação Patrimonial Líquida) A situação patrimonial líquida é a diferença entre os ativos e os passivos após a inclusão de outros recursos e a dedução de outras obrigações, reconhecida no Balanço Patrimonial como patrimônio líquido. A situação patrimonial líquida pode ser um montante positivo ou negativo. Integram o patrimônio líquido: patrimônio ou capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, demais reservas, ações em tesouraria, resultados acumulados e outros desdobramentos. No patrimônio líquido, deve ser evidenciado o resultado do período segregado dos resultados acumulados de períodos anteriores. O resultado patrimonial do período é a diferença entre as variações patrimoniais aumentativas e diminutivas, apurada na Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP), que evidencia o desempenho das entidades do setor público. Variações Patrimoniais Aumentativas e Diminutivas As variações patrimoniais aumentativas e diminutivas são transações que promovem alterações nos elementos patrimoniais da entidade do setor público e que afetam o resultado. Essas variações patrimoniais podem ser defi nidas como: • Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA): correspondem a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários; Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) Conhecendo a Composição Patrimonial Pública 73 | 106 • Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD): correspondem a diminuições na situação patrimonial líquida da entidade não oriundas de distribuições aos proprietários. Para fi ns deste Manual, a receita sob o enfoque patrimonial será denominada de Variação Patrimonial Aumentativa (VPA) e a despesa sob o enfoque patrimonial será denominada de Variação Patrimonial Diminutiva (VPD). Ambas não devem ser confundidas com a receita e a despesa orçamentária. Resultado Patrimonial O resultado patrimonial corresponde à diferença entre o valor total das VPAs e o valor total das VPDs, apurado na Demonstração das Variações Patrimoniais do período. Caso o total das VPAs seja superior ao total das VPDs, diz-se que o resultado patrimonial foi superavitário ou que houve um superávit patrimonial. Caso contrário, diz-se que o resultado patrimonial foi defi citário ou que houve um défi cit patrimonial. Parabéns, você fi nalizou a segunda Unidade deste Módulo! Nela, estudamos parte dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais. Em caso de dúvidas, volte ao conteúdo quando necessitar. Continue seus estudos e até a próxima Unidade! Unidade 2 | Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) Conhecendo a Composição Patrimonial Pública 74 | 106 UNIDADE 3 Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) 75 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Unidade 3 Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à terceira Unidade do Módulo 7 de seu curso! Nesta Unidade, falaremos das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP). Bons estudos! A CASP tem como objetivo fornecer aos seus usuários informações sobre os resultados alcançados e outros dados de natureza orçamentária, econômica, patrimonial e fi nanceira das entidades do setor público, em apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada prestação de contas, à transparência da gestão fi scal e à instrumentalização do controle social. Conforme o art. 113 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), entre outras atribuições, compete ao Conselho Técnico de Economia e Finanças a atualização dos anexos que contemplam a referida Lei. Com a extinção deste Conselho, tais funções são exercidas, na atualidade, pela STN, devido a sua competência estabelecida pela LRF, a Lei Complementar nº 101/2000 (BRASIL, 2000) de consolidação das contas públicas, nacionais e por esfera de governo, bem como a competência estabelecida pela Lei nº 10.180/2001 (BRASIL, 2001) de órgão central do Sistema de Contabilidade e de Administração Financeira Federal. 76 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) são compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), pelas demonstrações exigidas pela NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis (CFC, 2008) e pelas demonstrações exigidas pela Lei Complementar nº 101/2000 (BRASIL, 2000), as quais são: a. Balanço Orçamentário; b. Balanço Financeiro; c. Balanço Patrimonial; d. Demonstração das Variações Patrimoniais; e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). As estruturas das demonstrações contábeis contidas nos anexos da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) foram atualizadas pela Portaria da STN nº 438/2012 (BRASIL, 2012), em consonância com os novos padrões da CASP. Em função da atualização dos anexos da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), somente os demonstrativos enumerados anteriormente serão exigidos para fi ns de apresentação das demonstrações contábeis nos termos do MCASP (BRASIL, 2017). A Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público – MCASP (BRASIL, 2017) tem como objetivo padronizar a estrutura e as defi nições dos elementos que compõem as DCASP. Tais padrões devem ser observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, permitindo a evidenciação, a análise e a consolidação das contas públicas em âmbito nacional, em consonância com o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). Este Manual observa a Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), a Lei Complementar nº 101/2000 (LRF; BRASIL, 2000), a Lei nº 10.180/2001 (Sistema de Administração 77 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Financeira e de Contabilidade Federal; BRASIL, 2001) e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T SP) editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2017). Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) De acordo com a Lei nº 4.320/1964, art. 101, “os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patrimoniais” (BRASIL, 1964), além de outros quadros demonstrativos. Assim, inicialmente, as demonstrações contábeis das entidades defi nidas no campo de aplicação da contabilidade pública exigidas pela Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), são: a) Balanço Patrimonial (BP); b) Balanço Orçamentário (BO); c) Balanço Financeiro (BF); d) Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP). 78 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Segundo o art. 101 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), os resultados gerais do exercício serão demonstrados no: �� A LRF (BRASIL, 2000) tornou obrigatória a elaboração e publicação do balanço orçamentário a cada bimestre em até 30 dias após o do balanço orçamentário a cada bimestre em até 30 dias após o encerramento de cada bimestre. Será elaborado e publicado encerramento de cada bimestre. Será elaborado e publicado juntamente com o Relatório Resumido de Execução Orçamentária juntamente com o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO). Portanto, de todos os demonstrativos contábeis, o único com previsão legal de elaboração e publicação mais de uma vez por ano é o balanço orçamentário. �� Todos os demonstrativos contábeis podem ser elaborados a qualquer momento para fi ns de tomadas de decisões, por exemplo, mas a momento para fi ns de tomadas de decisões, por exemplo, mas a obrigatoriedade legalé apenas no fi nal do exercício fi nanceiro. As DCASPs são compostas pelas demonstrações enumeradas pela Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), pelas demonstrações exigidas pela NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis (CFC, 2008) e pelas demonstrações exigidas pela Lei Complementar nº. 101/2000 (BRASIL, 2000), quais sejam: a. Balanço Orçamentário; b. Balanço Financeiro; c. Balanço Patrimonial; BO BF BP DVP DFC DMPL* Balanço Orçamentário Balanço Financeiro Balanço Patrimonial Demonstração das Variações Patrimoniais Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração das Mutação do PL* 79 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) d. Demonstração das Variações Patrimoniais; e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e f. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). *DMPL: É obrigatória para as empresas estatais dependentes, desde que constituídas sob a forma de sociedades anônimas, e facultativa para os demais órgãos e entidades dos entes da Federação. Regimes Contábeis Vejamos alguns detalhes dos regimes contábeis. Existem 3 regimes: • Regime de caixa: as receitas e despesas devem ser reconhecidas (registradas) quando efetivamente recebidas e pagas. • Regime de competência: as receitas e despesas devem ser reconhecidas (registradas) quando da ocorrência do fato gerador, independente de terem sido recebidas ou pagas. • Regime misto: é o que possui características tanto do regime de caixa quanto de competência. Enfoque Orçamentário Segundo o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), pertencem ao exercício fi nanceiro: �� I. As receitas nele arrecadadas; e II. As despesas nele legalmente empenhadas. II. As despesas nele legalmente empenhadas. (BRASIL, 1964) Receitas Arrecadadas Despesas Empenhadas Caixa Regime Misto (Enfoque orçamentário)Competência 80 | 106 Unidade 3 | Conhecendo as Demonstrações Contábeis do Setor Público (DCASP) Enfoque Patrimonial (Contábil) A Resolução nº 1.111 de 2007 (CFC, 2007) diz que: �� 1.6. O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA [...] [...] Princípio da competência é aquele que reconhece as transações e Princípio da competência é aquele que reconhece as transações e os eventos na ocorrência dos respectivos fatos geradores, os eventos na ocorrência dos respectivos fatos geradores, independentemente do seu pagamento ou recebimento, aplicando-independentemente do seu pagamento ou recebimento, aplicando- se integralmente ao Setor Público. se integralmente ao Setor Público. Os atos e fatos que afetam o patrimônio público devem ser Os atos e fatos que afetam o patrimônio público devem ser contabilizados por competência, e os seus efeitos devem ser contabilizados por competência, e os seus efeitos devem ser evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício fi nanceiro evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício fi nanceiro com o qual se relacionam, complementarmente ao registro com o qual se relacionam, complementarmente ao registro orçamentário das receitas e das despesas públicas. orçamentário das receitas e das despesas públicas. (CFC, 2007) Parabéns, você fi nalizou a terceira Unidade deste Módulo! Em caso de dúvidas, volte ao conteúdo quando necessitar. Continue seus estudos e até a próxima Unidade! Receitas AUFERIDAS Despesas INCORRIDAS COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA REGIME DE COMPETÊNCIA (enfoque patrimonial) 81 | 106 UNIDADE 4 Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) 82 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Unidade 4 Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à quarta e última Unidade do Módulo 7 de seu curso! Falaremos do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). Bons estudos! A CASP foi estruturada, no Brasil, com foco no registro dos atos e fatos relativos ao controle da execução orçamentária e fi nanceira. No entanto, a evolução da ciência contábil – marcada pela edição das IPSAS, IPSASB e das NBC TSP, realizada pelo CFC – impulsionou relevantes mudanças na Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Nesse processo, identifi cou-se a necessidade de instituição de um novo modelo de gestão pública, com a adoção de conceitos e procedimentos reconhecidos e utilizados internacionalmente, com foco na contabilidade patrimonial. Outro fator que impactou a CASP foi a exigência de consolidação nacional das contas públicas trazida pela LRF (BRASIL, 2000). Essa competência é exercida pela STN, materializada por meio da publicação do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN). Dessa forma, a necessidade de evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e a busca por tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público tornou imprescindível a elaboração 83 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) de um plano de contas com abrangência nacional, cuja metodologia, estrutura, regras, conceitos e funcionalidades permitissem a obtenção de dados que atendessem aos diversos usuários da informação contábil. Visando atender a essas necessidades, a STN editou o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP). Nesta parte do MCASP, são apresentados: a estrutura do PCASP, baseada na natureza da informação contábil; o mecanismo de consolidação das contas nacionais em cada ente da Federação; o uso dos atributos da conta contábil, que permitem o cumprimento de determinações legais; as principais regras de integridade do PCASP, entre outras informações. Aspectos Gerais do PCASP Conceito de Plano de Contas Plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários. Objetivos do PCASP O PCASP alinha-se a esta fi nalidade por meio da padronização da forma de registro contábil para a extração de informações para usuários. Dessa forma, podemos citar como objetivos do PCASP: a. Padronizar os registros contábeis das entidades do setor público; b. Distinguir os registros de natureza patrimonial, orçamentária e de controle; c. Atender à administração direta e à administração indireta das três esferas de governo, inclusive quanto às peculiaridades das empresas 84 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) estatais dependentes e dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS); d. Permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que possa ser adequado às peculiaridades de cada ente; e. Permitir a consolidação nacional das contas públicas; f. Permitir a elaboração das DCASP e dos demonstrativos do RREO e do RGF; g. Permitir a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de fi nanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões adotados por organismos internacionais – a exemplo do Government Finance Statistics Manual (GFSM) do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como o levantamento de outros relatórios úteis à gestão; h. Contribuir para a adequada tomada de decisão e para a racionalização de custos no setor público; e i. Contribuir para a transparência da gestão fi scal e para o controle social. Competência para Instituição e Manutenção do PCASP A competência para a edição de normas gerais para consolidação das contas públicas foi atribuída pela LRF (BRASIL, 2000) à STN, enquanto órgão central de Contabilidade Federal. 85 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Nesse sentido, dispõe o Decreto nº 6.976/2009 (BRASIL, 2009): �� Art. 7º Compete ao órgão central do Sistema de Contabilidade Federal: Federal:[...] [...] II - manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e II - manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e o processo de registro padronizado dos atos e fatos da administração o processo de registro padronizado dos atos e fatos da administração pública; pública; [...] [...] XXVIII - editar normativos, manuais, instruções de procedimentos XXVIII - editar normativos, manuais, instruções de procedimentos contábeis e plano de contas aplicado ao setor público, objetivando a contábeis e plano de contas aplicado ao setor público, objetivando a elaboração e publicação de demonstrações contábeis consolidadas, elaboração e publicação de demonstrações contábeis consolidadas, em consonância com os padrões internacionais de contabilidade em consonância com os padrões internacionais de contabilidade aplicados ao setor público; e aplicados ao setor público; e [...] [...] (BRASIL, 2009) Dessa forma, cabe à STN criar, alterar, excluir, codifi car, especifi car, desdobrar e detalhar as contas contábeis. Alcance do PCASP A utilização do PCASP é obrigatória para todos os órgãos e entidades da administração direta e da administração indireta dos entes da Federação, incluindo seus fundos, autarquias, inclusive especiais, fundações, e empresas estatais dependentes. A utilização do PCASP é facultativa para as demais entidades. Prazo para Implantação do PCASP Os entes e entidades obrigados a utilizar o PCASP tiveram que alterar seus planos de contas até o término do exercício de 2014. A partir de 2015, a consolidação nacional das contas públicas passou a ser realizada seguindo o novo padrão. 86 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) O PCASP é atualizado anualmente e publicado exclusivamente na internet para uso obrigatório no exercício seguinte. �� Adicionalmente, a STN disponibiliza o PCASP Estendido, de adoção facultativa, para os entes que precisem de uma referência para o facultativa, para os entes que precisem de uma referência para o desenvolvimento de suas rotinas e sistemas. Algumas contas desse PCASP Estendido servem como base para captação das informações utilizadas pelo SICONFI. Portanto, mesmo que as informações não sejam representadas pela mesma codifi cação do PCASP Estendido, nem possuam o mesmo título, deverá realizar-se uma compatibilidade ou equivalência entre as informações dos entes e a solicitada pelo SICONFI, procedimento ordinariamente chamado de “de-para”. 87 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Sistemas existentes - Orçamentário - Financeiro - Patrimonial - Compensação Passaram a existir 5 subsistemas - Orçamentário - Financeiro - Patrimonial - Compensação - Custos Publicação das NBC T 16 com validade incial para 01/01/2009 Passaram a existir 4 subsistemas, válidos a partir de 01/01/12 - Orçamentário - Patrimonial - Compensação - Custos Até 2008 Em 2008 Em 2009 Em 2010 Prazo inicial para adotar o novo Plano de Contas (facultativo) Prazo final para adotar o novo Plano de Contas Subsistemas - Orçamentário - Patrimonial - Compensação - Custos Subsistemas - Orçamentário - Patrimonial - Compensação - Custos Sistemas - Orçamentário - Financeiro - Patrimonial - Compensação Em 01/01/13 PC Antigo PC Novo Em 31/12/14 PC Novo 88 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Conforme as NBCASP, o sistema contábil público estrutura-se nos seguintes subsistemas: • de Informações Orçamentárias; • de Informações Patrimoniais; • de Compensação; e • de Custos. As contas do Plano de Contas são identifi cadas por um código composto de 9 dígitos numéricos, distribuídos em 7 níveis de desdobramento, classifi cados de acordo com a seguinte estrutura: Natureza da Informação Contábil A metodologia utilizada para a estruturação do PCASP foi a segregação das contas contábeis em grandes grupos de acordo com as características dos atos e fatos nelas registrados. Essa metodologia permite o registro dos dados contábeis de forma organizada e facilita a análise das informações de acordo com sua natureza. O PCASP está estruturado de acordo com as seguintes naturezas das informações contábeis: a. Natureza de Informação Orçamentária: registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária. 89 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) b. Natureza de Informação Patrimonial: registra, processa e evidencia os fatos fi nanceiros e não fi nanceiros relacionados com a composição do patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas. c. Natureza de Informação de Controle: registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modifi cações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específi cas de controle. O PCASP é dividido em 8 classes, sendo as contas contábeis classifi cadas segundo a natureza das informações que evidenciam. PCASP Natureza da informação Classes Patrimonial 1. Ativo 3. Variações Patrimoniais Diminutivas 2. Passivo 4. Variações Patrimoniais Aumentativas Orçamentária 5. Controles de Aprovação do Planejamento e Orçamento 6. Controles da Execução do Planejamento e Orçamento Controle 7. Controles Devedores 8. Controle Credores �� A natureza da informação evidenciada pelas contas das quatro primeiras classes, 1 a 4, é Patrimonialprimeiras classes, 1 a 4, é Patrimonial, ou seja, informa a situação , ou seja, informa a situação do Patrimônio da Entidade Pública. A natureza da informação das do Patrimônio da Entidade Pública. A natureza da informação das contas das contas das duas classes seguintes, 5 e 6, é Orçamentáriaduas classes seguintes, 5 e 6, é Orçamentária, pois , pois nessas classes são feitos os controles do Planejamento e do nessas classes são feitos os controles do Planejamento e do Orçamento, desde a aprovação até a execução. Por fi m, a natureza Orçamento, desde a aprovação até a execução. Por fi m, a natureza da informação das contas das da informação das contas das duas últimas classes, 7 e 8, é de duas últimas classes, 7 e 8, é de controlecontrole, pois nessas classes são registrados os atos potenciais e , pois nessas classes são registrados os atos potenciais e diversos controles. 90 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) O registro contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas e os lançamentos devem debitar e creditar contas que apresentem a mesma natureza de informação, seja patrimonial, orçamentária ou de controle. Assim, os lançamentos estarão fechados dentro das classes 1, 2, 3 e 4 ou das classes 5 e 6 ou das classes 7 e 8, conforme fi gura a seguir. Informação de Natureza Patrimonial Informação de Natureza Orçamentária Informação de Natureza Típica de Controle 1 - Ativo 1.1 - Atividade Circulante 1.2 - Ativo Não Circulante 3 - Variação Patrimonial Diminutiva 3.1 - Pessoal e Encargos 3.2 - Benefícios Previdênciais e Assitenciais 3.3 - Patrimônio Líquido ... 3.9 - Outras Variações Patrimoniais Diminutivas 2 - Passivo 2.1 - Passivo Circulante 2.2 - Passivo Não Circulante 4 - Variação Patrimonial Aumentativa 4.1 - Impostos, taxas e Contribuições de Melhoria 4.2 - Contribuições ... 4.9 - Outras Variações Patrimoniais Aumentativas 5 - Controle da Aprovação do Planejamento e Orçamento 5.1 - Planejamento Aprovado 5.2 - Orçamento Aprovado 5.3 - Inscrição de Restos a Pagar 6 - Controle de Execução do Planejamento e Orçamento 6.1 - Execução do Planejamento 6.2 - Execução do Orçamento 6.3 - Execução de Restos a Pagar 7 - Controles Devedores 7.1 - Atos Pontenciais 7.2 - Administração Financeira 7.3 - Dívida Ativa 7.4 - Riscos Fiscais 7.5 - Custos 7.6 - Outros Controles 8 - Controles Credores 8.1 - Execução dos Atos Potenciais 8.2 - Execução da Administração Financeira 8.3 - Execuçãoda Dívida Ativa 8.4 - Execução dos Riscos Fiscais 8.5 - Aprovação de Custos 8.6 - Outros Controles D C D C D C 91 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) Relacionamento do Regime Orçamentário com o Regime Contábil A Contabilidade Aplicada ao Setor Público mantém um processo de registro apto para sustentar o dispositivo legal do regime da receita orçamentária, de forma que atenda a todas as demandas de informações da execução orçamentária, conforme dispõe o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): Sob Enfoque Orçamentário: �� Art. 35. Pertencem ao exercício fi nanceiro: I - as receitas nele I - as receitas nele arrecadadasarrecadadas; ; II - as despesas nele legalmente II - as despesas nele legalmente empenhadasempenhadas. (BRASIL, 1964, grifo nosso) Reconhecimento da Receita Orçamentária O reconhecimento da receita orçamentária ocorre no momento da arrecadação, conforme art. 35 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) e decorre do enfoque orçamentário dessa lei, tendo por objetivo evitar que a execução das despesas orçamentárias ultrapasse a arrecadação efetiva. Considerando-se, a título de exemplo, a aprovação de um orçamento de uma determinada entidade pública e a arrecadação de certa receita, os registros contábeis sob a ótica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) seriam os seguintes: Receitas Arrecadadas Despesas Empenhadas Caixa Regime Misto (Enfoque orçamentário)Competência 92 | 106 Unidade 4 | Conhecendo o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) REGIMES DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO Regime Orçamentário Regime Contábil (Patrimonial) Receita Orçamentária Arrecadação Lei nº 4.320/1964 art. 35 Variação Patrimonial Aumentativa Competência Resolução CFC 750/1993 Parabéns, você fi nalizou o último Módulo deste curso! Esperamos que você tenha aprendido bastante no decorrer do curso, bem como tenha sanado quaisquer dúvidas a respeito do conteúdo estudado e, principalmente, que tenha absorvido as novidades da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). Continue seus estudos e até o próximo curso! 93 | 106 Resumindo Para fi nalizar, relembre o que foi visto no decorrer do Módulo 7: Unidade 1 – Vimos que a atividade fi nanceira do Estado tem o objetivo de auferir ou obter Receitas Públicas, de criar Créditos Públicos, de custear Despesas Públicas e de gerenciar o Orçamento Público. Conceituamos os Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO), defi nimos os princípios orçamentários e os conceitos de receitas e de despesas públicas. Unidade 2 – Apresentamos a composição patrimonial pública e o conjunto de conceitos, regras e procedimentos relativos aos atos e fatos patrimoniais e como eles se relacionam com a CASP. Vimos que os Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) visam à harmonização dos padrões a serem observados pela Administração Pública. Unidade 3 – Defi nimos as demonstrações contábeis do setor público. Conceituamos Balanço Orçamentário, Balanço Patrimonial e Balanço Financeiro. Conhecemos as demonstrações das variações patrimoniais, dos fl uxos de caixa e das mutações no patrimônio líquido. Vimos notas explicativas sobre as demonstrações contábeis e também sobre a consolidação das Demonstrações Contábeis. Unidade 4 – Vimos os conceitos, objetivos, prazos e contas do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), que foi criado devido à necessidade de evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e à busca por tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público. 94 | 106 Referências Bibliográfi cas ANGELICO, J. Contabilidade Pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995. BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade Pública: teoria, técnica de elaboração de balanços e questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual Técnico de Orçamento MTO. Edição 2017. Brasília, 2016. 159 p. Disponível em: . 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Brasília, 2014a Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. 95 | 106 _______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria nº 510, de 28 de agosto de 2014. Dispõe sobre a instituição, as atribuições, a composição e o funcionamento do Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis – GTCON. Brasília, 2014b. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. _______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria nº 438, de julho de 2012. Brasília, 2012. Aprova a alteração dos Anexos nº 12 (Balanço Orçamentário), nº 13 (Balanço Financeiro), nº 14 (Balanço Patrimonial), nº 15 (Demonstração das Variações Patrimoniais), nº 18 (Demonstração dos Fluxos de Caixa) e nº 19 (Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido) da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, revoga a Portaria STN nº 665, de 30 de novembro de 2010, e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2017. _______. Lei nº 12.249, de junho de 2010. 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Acrescenta dispositivos à Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidadena gestão fi scal e dá outras providências, a fi m de determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e fi nanceira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Brasília, 2009. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Ministério da Fazenda. Portaria nº 184, de 25 de agosto de 2008. Dispõe sobre as diretrizes a serem observadas no setor público (pelos entes públicos) quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-los convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. Brasília, 2008. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. _______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria nº 136, de 6 de março de 2007. Cria o Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis, dispondo sobre sua composição e funcionamento. Brasília, 2007a. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. _______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Portaria nº 135, de 6 de março de 2007. Cria o Grupo Técnico de Padronização de Relatórios, dispondo sobre sua composição e funcionamento. Brasília, 2007b. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. _______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Ministério da Fazenda. Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001 (e atualizações posteriores). Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 97 | 106 e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras providências. Brasília, 2001. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Estabelece normas de fi nanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fi scal e dá outras providências. Brasília, 2000. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. ______. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Portaria nº 42 do MPOG, de 14 de abril de 1999. Atualiza a discriminação da despesa por funções de que tratam o inciso I do § 1º do art. 2º e § 2º do art. 8º, ambos da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, estabelece os conceitos de função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras providências. Brasília, 1999. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Decreto-Lei nº 200, de 24 de fevereiro de 1967. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Brasília, 1967. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, 1966. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2017. 98 | 106 _______. Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Brasília, 1964. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, defi ne as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá outras providências. Rio de Janeiro, 1946. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2017. CARVALHO, D. Manual Completo de Contabilidade Pública. 2. ed. Brasília: Elsevier, 2014. _______. Orçamento e Contabilidade Pública. 6. ed. Brasília: Campus, 2014. CASTRO, D. P. Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor Público. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. _______. Balanços Públicos, teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TSP – do Setor Público. Portal ofi cial, 2017. Brasília, 2017. Disponível em: . Acesso em: 14 jun. 2017. _______. NBC TSP Estrutura Conceitual. Aprova a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público. Brasília, 2016. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2017. _______. Resolução CFC n.º 1.137/08. 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São Paulo: Atlas, 2007. 101 | 106 Lista de Siglas ABASAF: Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais ABIN: Agência Brasileira de Inteligência ABM: Associação Brasileira de Municípios ABRACOM: Associação Brasileira dos TCMs ABRASF: Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias AMF: Anexo de Metas Fiscais ARF: Anexo de Riscos Fiscais ARO: Antecipação de Receita Orçamentária ATRICON: Associação dos membros do TCs do Brasil BF: Balanço Financeiro BO: Balanço Orçamentário BP: Balanço Patrimonial BSPN: Balanço do Setor Público Nacional CASP: Contabilidade Aplicada ao Setor Público CF: Constituição Federal CFC: Conselho Federal de Contabilidade CJF: Conselho da Justiça Federal CNJ: Conselho Nacional de Justiça 102 | 106 CNM: Confederação Nacional dos Municípios CNMP: Conselho Nacional do Ministério Público CONACI: Conselho Nacional de Controle Interno CONFAZ: Conselho Nacional de Política Fazendária CONSEPLAN: Conselho Nacional de Secretários Estaduais do Planejamento CPC: Comitê de Pronunciamentos Contábeis CUTN: Conta Única do Tesouro Nacional DC: Despesa Corrente DCASP: Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público DESID/SE/MS ou SIOPS: Departamento de Economia da Saúde; Investimento e Desenvolvimento DFC: Demonstração dos Fluxos de Caixa DMPL: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido DRPSP/SPPS/MPS: Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público da Secretaria de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social DVP: Demonstração das Variações Patrimoniais FCO: Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste FG: Fator Gerador FMI: Fundo Monetário Internacional FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNE: Fundo de Desenvolvimento do Nordeste FNO: Fundo de Desenvolvimento das Regiões Norte 103 | 106 FNP: Frente Nacional de Prefeitos FPE: Fundo de Participação dos Estados FPM: Fundo de Participação dos Municípios GEFIN: Grupo de Gestores de Finanças Estaduais GFSM: Government Finance Statistics Manual GTCON: Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis GTREL: Grupo Técnico de Padronização de Relatórios IASB: International Accounting Standards Board IES: Instituições de Educação Superior IFAC: International Federation of Accountants IFRS: em inglês, International Financial Reporting Standards IFRS: em português, Normas Internacionais de Contabilidade IPSAS: International Public Sector Accounting Standards IPSASB: International Public Sector Accounting Standards Board IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano IRB: Instituto Rui Barbosa LDO: Lei de Diretrizes Orçamentárias LOA: Lei Orçamentária Anual LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal MCASP: Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público MDF: Manual de Demonstrativos Fiscais MP: Ministério Público 104 | 106 MPOG: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão MTO: Manual Técnico Orçamentário NBC: Normas Brasileiras de Contabilidade NBCASP: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público NBC T SP: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público NBC T: Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público ONG: Organização Não Governamental OS: Organização Social OSCIP: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público PCASP: Plano de Contas Aplicado ao Setor Público PCE: Procedimentos Contábeis Específi cos PCO: Procedimentos Contábeis Orçamentários PCP: Procedimentos Contábeis Patrimoniais PE: Poder Executivo PJ: Poder Judiciário PL: Poder Legislativo PLDO: Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias PPA: Plano Plurianual RC: Receitas Correntes RCL: Receita Corrente Líquida RCPGs: Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público RGF: Relatório de Gestão Fiscal 105 | 106 RK: Receitas de Capital RPPS: Regimes Próprios de Previdência Social RREO: Relatório Resumido da Execução Orçamentária SIAFI: Sistema Integrado de Administração Financeira SICONFI: Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro SOF: Secretaria do Orçamento Federal SPL: Situação Patrimonial Líquida STF: Supremo Tribunal Federal STN: Secretaria do Tesouro Nacional TC: Tribunal de Contas VPA: Variação Patrimonial Aumentativa VPD: Variação Patrimonial Diminutiva(receita pública) para fi nanciar as demandas sociais (despesa pública). � O orçamento público estima receitas e fi xa despesas. Os Instrumentos Orçamentários estão previstos no art. 165 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), conforme o trecho da Lei discriminado a seguir: �� Seção II DOS ORÇAMENTOS DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. III - os orçamentos anuais. (BRASIL, 1988) Esses Instrumentos Orçamentários são Leis Ordinárias de iniciativa privativa e indelegável do chefe do Poder Executivo em cada ente da Federação. Observe o esquema resumida sobre como se relacionam estes três instrumentos orçamentários: PPA, LDO e LOA. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 12 | 106 1) PPA e LDO são Instrumentos Orçamentários relativamente novos, já que surgiram com a CF/88 (BRASIL, 1988). 2) LDO só existe no Brasil, e é a ponte entre o PPA e a LOA, pois diz como a LOA executará os programas do PPA. 3) Aplicação: União/Estado/DF/Município (MTO* – Manual Técnico Orçamentário) Essa pirâmide não signifi ca que há uma hierarquia de importância em relação a esses instrumentos orçamentários. Observe: �� PPA – Contemplará o que o Governo pretende realizar em um período de 4 anos e concebe vários programas para resolver problemas. de 4 anos e concebe vários programas para resolver problemas. Ex.: Construir 50 escolas. : Construir 50 escolas. LDOLDO – Norteia a elaboração da LOA e faz uma ponte com o PPA e a – Norteia a elaboração da LOA e faz uma ponte com o PPA e a LOA. LOA. Ex.: Construirá 10 escolas, neste ano, previstas no PPA. : Construirá 10 escolas, neste ano, previstas no PPA. LOALOA – Executa os programas concebidos no PPA ano a ano, – Executa os programas concebidos no PPA ano a ano, estimando receitasestimando receitas e e fi xando despesasfi xando despesas. Ex.: Gastará, neste ano, R$ 5.000.000,00 na construção de 10 : Gastará, neste ano, R$ 5.000.000,00 na construção de 10 escolas, que estavam contempladas no PPA e na LDO. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 13 | 106 O PPA é o Instrumento de Planejamento Estratégico que apresenta uma visão macro da gestão, ou seja, o que o Governo pretende realizar ao longo de um período de 4 anos (vigência do PPA). Lembrando que esses 4 anos da vigência do PPA não coincidem com o mandato do chefe do Poder Executivo. O PPA vai conceber os programas para resolver os problemas da sociedade, através da elaboração de ações que podem ser projetos, atividades ou operações especiais. Já a LDO é elaborada ano a ano para, dentre outras funções, orientar a elaboração e a execução da LOA. Ressalta-se que este instrumento contemplará os famosos Anexos de Metas e Anexo de Riscos Fiscais, já estudados no MDF. Complementarmente, vimos que a LDO – entre outras funções – é um instrumento de planejamento tático. Esta lei é o elo de ligação entre o planejamento e o orçamento. Atualmente temos o chamado orçamento-programa, no qual o foco são os resultados que vão mensurar o quanto do problema está sendo resolvido com os programas implementados. A LOA é o instrumento de planejamento operacional, ou seja, é ele que efetivamente estima a receita a ser arrecadada no exercício, para fi xar o montante de despesas públicas. Desse modo, a LOA traz os montantes em termos de dotações que são necessárias para cumprir a as demandas da sociedade naquele período de forma compatível com o PPA e a LDO vigentes no exercício. A LOA é considerada um instrumento de planejamento de curto prazo porque tem um período de vigência de 1 ano atendendo o princípio da anualidade ou periodicidade. A Importância do Orçamento Público Sabemos que é de responsabilidade do governo e de outras entidades do setor público elaborar orçamentos. Mas vamos entender melhor como funciona esse processo. No Brasil, a Constituição exige a elaboração do orçamento anual, a sua aprovação pelo poder Legislativo e a sua disponibilização à sociedade. A legislação brasileira Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 14 | 106 defi ne o que a peça orçamentária deve conter. A sociedade fi scaliza a gestão das entidades públicas diretamente, respaldada pela Constituição, ou indiretamente, por meio de representantes. O orçamento aprovado é utilizado como base para a defi nição dos níveis de tributação e de outras receitas, compondo o processo de obtenção de autorização legislativa para a realização do gasto público. Devido à importância do orçamento público aprovado, as informações que possibilitam aos usuários compararem a execução orçamentária com o orçamento previsto facilitam a análise quanto ao desempenho das entidades do setor público. Tais informações instrumentalizam a prestação de contas e a responsabilização (accountability) e fornecem subsídios para o processo decisório relativo aos orçamentos dos exercícios subsequentes. A elaboração de demonstrativo que apresenta e compara a execução do orçamento com o orçamento previsto é o mecanismo normalmente utilizado para demonstrar a conformidade com os requisitos legais relativos às fi nanças públicas. Princípios Orçamentários Os Princípios Orçamentários visam estabelecer regras norteadoras básicas visam estabelecer regras norteadoras básicas visam estabelecer , a fi m de conferir racionalidade, efi ciência e transparência para os processos de elaboração, execução e controle da LOA (orçamento público), tendo em vista a necessidade de torná-la fi el aos objetivos e metas estabelecidos no PPA e na LDO, disciplinando e orientando a ação dos governantes. São válidos para todos os entes federativos – União, Estados, DF e municípios –, constituindo o núcleo central do estudo orçamentário, estabelecidos e disciplinados por normas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina. �� A Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964), que estatui normas gerais de Direito Financeiro, em seu artigo 2º, determina obediência a 3 Direito Financeiro, em seu artigo 2º, determina obediência a 3 Princípios: unidade, universalidade e anualidade. Não há uma lista Princípios: unidade, universalidade e anualidade. Não há uma lista exaustiva de Princípios Orçamentários, pois o próprio conceito de exaustiva de Princípios Orçamentários, pois o próprio conceito de Orçamento Público está em constante evolução. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 15 | 106 �� Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica fi nanceira e o despesa de forma a evidenciar a política econômica fi nanceira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidadeunidade, , universalidadeuniversalidade e e anualidadeanualidade. (BRASIL, 1964, grifo nosso) Unidade/Totalidade Todas as receitas previstas e despesas fi xadas, em cada exercício fi nanceiro, devem estar contidas numa só LOA, dentro de cada esfera federativa, como previsto no art. 2º da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) e no art. 165, § 5º, da Constituição (BRASIL, 1988). Esse princípio determina a existência de orçamento único para cada um dos entes federados – U/E/DF/M – com a fi nalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. Reforçando, o orçamento deve ser “uno”, com cada ente da federação possuindo apenas um orçamento de maneira uniforme, ou seja, não pode haver mais de um orçamento em cada unidadegovernamental. No entanto, o § 5º do art. 167 da CF/88 (BRASIL, 1988) estabelece uma tripartição do orçamento: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais. Todavia, os três orçamentos instituídos pela CF/88 respeitam o princípio da unidade/totalidade, já que o § 5º do art. 165 diz que, “eles compõem uma só peça: a Lei Orçamentária Anual – LOA” (BRASIL, 1988). Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 16 | 106 Anualidade/Periodicidade Conforme o art. 2º da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) e art. 165, inciso III da CF/88 (BRASIL, 1988), a vigência do orçamento deve ser limitada a um ano. O Princípio da Anualidade/Periodicidade delimita o exercício fi nanceiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das receitas e a fi xação das despesas registradas na LOA irão se referir. No Brasil, o exercício fi nanceiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): � Art. 34. O exercício fi nanceiro coincidirá com o ano civil. (BRASIL, 1964) � Esse princípio está relacionado ao intervalo de tempo de 12 meses, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. A exceção à anualidade está descrita a seguir, conforme o § 2º, art. 167, da Constituição Federal (BRASIL, 1988): �� Art. 167. [...] § 2º § 2º Os créditos especiais e extraordináriosOs créditos especiais e extraordinários terão vigência no terão vigência no exercício fi nanceiro em que forem autorizados, exercício fi nanceiro em que forem autorizados, salvo se o ato de salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício fi nanceiro serão incorporados ao orçamento do exercício fi nanceiro subseqüentesubseqüente. (BRASIL, 1988, grifo nosso) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 17 | 106 Universalidade/Totalização A LOA de cada ente federado deve conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. A lógica deste princípio é todas as receitas e todas as despesas devem estar no orçamento. Veja o que diz a legislação nos arts. 2º, 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964) e no § 5º do art. 165 da CF/88 (BRASIL, 1988), a seguir. �� Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica fi nanceira e o despesa de forma a evidenciar a política econômica fi nanceira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade. unidade universalidade e anualidade. [...] [...] Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. [...] [...] Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°. artigo 2°. (BRASIL, 1964) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 18 | 106 �� Art. 165. [...] § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fi scal referente aos Poderes da União, seus fundos, I - o orçamento fi scal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Público. (BRASIL, 1988) � Objetivo principal: facilitar o Controle Parlamentar nos ingressos e dispêndios públicos. A Lei Orçamentária tem de englobar todas as receitas e despesas da Adminstração Pública, mas há exceção em relação às receitas e despesas operacionais de empresas públicas e sociedades de economia mista consideradas estatais independentes. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 19 | 106 Exclusividade/Pureza Na Lei do Orçamento não pode ter matéria estranha à previsão da Receita e da fi xação da Despesa, porém há exceção para abertura de Créditos Suplementares e Contratação de Operações de Crédito, conforme trecho da CF/88 (BRASIL, 1988), disposto a seguir. �� Art. 165. [...] § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fi xação da despesa, não se incluindo na previsão da receita e à fi xação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da leide receita, nos termos da lei. (BRASIL, 1988, grifo nosso) Isso signifi ca que a LOA não poderá tratar de outros assuntos como, por exemplo, lei do divórcio, criação de tributos, etc. Depreende-se, portanto, que o orçamento conterá apenas matéria fi nanceira. Este princípio, introduzido no Direito Brasileiro pela reforma constitucional de 1926, ordena que o orçamento deve conter apenas matéria orçamentária e não cuidar de assuntos estranhos. Sua adoção como norma constitucional pôs fi m às distorções das famosas “caudas orçamentárias”, em que assuntos, inclusive de Direito de Família, já chegaram a compor a LOA. Orçamento Bruto Este Princípio determina que todas as receitas e despesas devem constar no orçamento em sua totalidade, ou seja, sem qualquer tipo de dedução. Veja o que diz o art. 6º da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 20 | 106 �� Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. (BRASIL, 1964) � Alguns autores assinalam este Princípio como inserido no Princípio da Universalidade. Segundo Giacomoni (2010), a regra pretende impedir a inclusão no orçamento de importâncias líquidas, isto é, a inclusão apenas do saldo positivo ou negativo resultante do confronto entre receitas e despesas de determinado serviço. Assim, se for o caso de se fazer uma dedução a uma receita, o ente público não pode apenas registrar o valor líquidoa ser arrecadado. Tanto a arrecadação bruta quanto a dedução devem ser consideradas na elaboração da peça orçamentária. Imagine a previsão de arrecadação de R$ 100.000,00 de receita de IPVA, no orçamento do Estado X, que, por determinação constitucional no art. 158, inciso III (BRASIL, 1988), deve repassar 50% aos municípios cujos veículos tenham sido licenciados em seus territórios. A forma correta de apresentação da lei em atendimento ao princípio do orçamento bruto seria a seguinte: A) Forma correta (apresentando o orçamento pelo valor total e bruto) Receita R$ Despesa/Dedução da Receita R$ IPVA 100.000 Transf. aos municípios 50.000 B) Forma incorreta (apresentando o orçamento pelo valor líquido) Receitas R$ Despesas R$ IPVA 50.000 Transf. aos municípios 50.000 Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 21 | 106 Legalidade Este princípio aplicado ao orçamento possui a mesma fundamentação legal geral seguida por todos os entes da Administração Pública, ou seja, só pode ser executado o que está previsto em Lei. Princípio da Legalidade sob a ótica individual, disposto no art. 5º, inciso II da CF/88: �� Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] [...] II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; senão em virtude de lei; (BRASIL, 1988) O Princípio da Legalidade na Administração Pública, disposto no Art. 37 da Constituição Federal de 1988, prevê: �� Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência [...] publicidade e efi ciência [...] (BRASIL, 1988) �� A Administração Pública só pode fazer o que a lei autoriza. Diferentemente dos cidadãos que podem realizar tudo o que a lei não Diferentemente dos cidadãos que podem realizar tudo o que a lei não proíbe. A Lei que autoriza o gasto público é a Lei Orçamentária Anual proíbe. A Lei que autoriza o gasto público é a Lei Orçamentária Anual – LOA. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 22 | 106 Publicidade O Princípio da Publicidade é um princípio básico da atividade da Administração Pública no regime democrático, conforme art. 37 (BRASIL, 1988), que determina que todas as fases do Orçamento (preparação, execução e controle) devem ser objeto de publicidade. Esse princípio justifi ca-se especialmente pelo fato de o orçamento ser fi xado em lei (LOA) que autoriza aos Poderes a execução de suas despesas, por meio das políticas públicas e prioridades do governo, assumindo relevância na vida da sociedade. Por este motivo, torna-se necessário o conhecimento amplo de seu conteúdo pelas pessoas. Logo, é possível perceber a relação do princípio da publicidade com o princípio da legalidade. Para vigorar, uma lei deve ser publicada em veículos ofi ciais de comunicação (tipicamente, Diário Ofi cial). Depreende-se, portanto, que o orçamento, para produzir seus efeitos, precisa ser publicado no Diário Ofi cial correspondente a cada esfera (a LOA da União no DOU, a do Estado no DOE e do Município no DOM, quando houver). Caso o município não possua Diário Ofi cial, o mesmo pode ser publicado em jornal local de grande circulação. Transparência O Princípio da Transparência é um princípio da Administração Pública reforçado pela LRF, a LC nº 101/2000, nos arts. 48, 48-A e 49 – Capítulo IX – Da Transparência, Controle e Fiscalização (BRASIL, 2000). Aplica-se também ao orçamento público tendo o objetivo de levar ao conhecimento de todos os atos praticados pela Administração. A seguir, a Constituição Federal (BRASIL, 1988) disserta sobre. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 23 | 106 �� Art. 165. [...] § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. (BRASIL, 1988) Além disso, este assunto também é mencionado pela LRF, a Lei Complementar nº 101/2000 (BRASIL, 2000): �� Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fi scal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplifi cadas desses documentos. Gestão Fiscal; e as versões simplifi cadas desses documentos. § 1° A transparência será assegurada também mediante: § 1° A transparência será assegurada também mediante: I - incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, I - incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; diretrizes orçamentárias e orçamentos; II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e fi nanceira, em meios eletrônicos de acesso público; orçamentária e fi nanceira, em meios eletrônicos de acesso público; e e III - adoção de sistema integrado de administração fi nanceira e III - adoção de sistema integrado de administração fi nanceira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. [...] Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. [...] (BRASIL, 2000, grifo nosso) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 24 | 106 Não Afetação da Receita/Não Vinculação Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), os tributos são divididos em três espécies, quais sejam, impostos, taxas e contribuições de melhoria. Cada espécie dessas possui suas características específi cas, principalmente, no que tange aos fatos geradores que deram origem à sujeição passiva da obrigação tributária. O CTN, também conhecido como Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (BRASIL, 1966), diz: �� Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específi ca, uma situação independente de qualquer atividade estatal específi ca, relativa ao contribuinte. relativa ao contribuinte. (BRASIL, 1966) Ao contrário das taxas e das contribuições, os impostos são tributos não vinculados à atividade estatal específica. Por esse motivo, a situação defi nida na lei como geradora da obrigação de pagá-los só pode corresponder a uma atuação do próprio contribuinte (comprar imóvel, auferir renda, importar, tomar um empréstimo etc.). O imposto não gera uma contraprestação estatal, enquanto que a taxa gera determinada contraprestação por parte do Estado. Portanto, a natureza jurídica dos impostos é a não contraprestação estatal. Assim, a obrigação de pagar imposto não se origina de nenhuma atividade específi ca do Estado relativa ao contribuinte. O fato gerador do dever jurídico de pagar imposto é uma situação da vida do contribuinte, relacionada a seu patrimônio, independente do agir do Estado. Já as taxas geram uma contraprestação estatal, obrigando o Estado a prestar ao contribuinte determinado serviço pelo pagamento da taxa a qual deu origem à sua instituição e cobrança. No caso do imposto, essa via de mão dupla inexiste e a maioria dos recursos arrecadados pelo pagamento dos impostos Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 25 | 106 “pode” ser utilizado pelo Estado de acordo com suas necessidades, atendendo aos planos plurianuais e fi nanceiros, considerando os valores percentuais que devem ser aplicados pelos repasses e destinações específi cas de acordo com às determinações legais. O princípio da não vinculação da receita de impostos está no início do inciso IV do art. 167 da CF/88 (BRASIL, 1988), e as exceções a ele compõem todo o resto do texto e o § 4º do mesmo artigo. Acompanhe na íntegra: �� Art. 167. São vedados: [...] [...] IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; como o disposto no § 4º deste artigo; [...] [...] § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. com esta. (BRASIL, 1988) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 26 | 106 �� Destrinchando os dispositivos, as vinculações à receita de impostos permitidas pela Constituição, são: permitidas pela Constituição, são: • Repartição do produto da arrecadação dos impostos (compondo o • Repartição do produto da arrecadação dos impostos (compondo o Fundo de Participação dos Estados – FPE, Fundo de Participação Fundo de Participação dos Estados – FPE, Fundo de Participação dos Municípios – FPM, Fundo de Desenvolvimento das Regiões Norte dos Municípios – FPM, Fundo de Desenvolvimento das Regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO) o de Participação dos (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO) o de Participação dos Municípios (CF/88, art. 158 e 159); Municípios (CF/88, art. 158 e 159); • Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde • Destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde (CF/88, art. 198, § 2º); (CF/88, art. 198, § 2º); • Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do • Destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino (CF/88, art. 212); ensino (CF/88, art. 212); • Destinação de recursos para realização de atividades da • Destinação de recursos para realização de atividades da administração tributária (CF/88, art. 37, inc. XXII); administração tributária (CF/88, art. 37, inc. XXII); • Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de • Prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita – ARO (CF/88, art. 165, § 8º); receita – ARO (CF/88, art. 165, § 8º); • Prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento • Prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. Equilíbrio O Princípio do Equilíbrio defi ne que deve haver um equilíbrio entre Receitas e Despesas. Existem duas formas de encarar esse princípio: o equilíbrio formal e o equilíbrio material/real. Vamos conhecê-los. 1) Equilíbrio formal: montantes iguais na LOA O equilíbrio formal do orçamento é observado quando a lei orçamentária prevê receitas e fi xa despesas em montantes iguais. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 27 | 106 As leis orçamentárias anuais fazem a previsão da receita e a fi xação da despesa em valores iguais. Assim, sob o aspecto formal, o princípio do equilíbrio zela principalmente pela publicação de um orçamento equilibrado. Porém, na prática, o que se verifi ca hoje é que os recursos próprios do governo não são sufi cientes para cobrir suas despesas. Pelo exposto, o fato de um orçamento ser publicado de forma equilibrada não implica o equilíbrio das contas públicas. É com essa preocupação que se fala em equilíbrio real, ou equilíbrio material. Esta, inclusive, foi uma das principais bandeiras tratadas na Lei de Responsabilidade Fiscal. Assim, sob essa ótica, busca-se evitar o crescimento desordenado das despesas, sem lastro para cobri-las. Da mesma forma, deve-se evitar o comprometimento das receitas a ponto de não sobrarem recursos para amortizar a dívida pública. Conclui-se, desse modo, que o “equilíbrio material” está mais ligado à execução equilibrada do orçamento do que à sua publicação com montantes iguais de receita e despesa. Portanto, mesmo que a LOA ainda venha sendo aprovada com equilíbrio formal, isso não garante que durante a atividade fi nanceira não existirá défi cit, tampouco esse é um sinal inequívoco de que a LOA foi aprovada em desequilíbrio. 2) Equilíbrio material/real: equilíbrio na execução das contas públicas Atualmente, a LOA é aprovada com o equilíbrio formal, porém isso não quer dizer que haja recursos próprios para cobrir os gastos, pois as operações de créditos (empréstimos) são contabilizadas como receitas, permitindo, assim, o equilíbrio formal. O equilíbrio real/material é, de fato, o equilíbrio das contas públicas, e um dos principais temas da LRF (BRASIL, 2000). É a execução equilibrada do orçamento, sem a preocupação da publicação de montantes iguais de receitas e despesas. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 28 | 106 Especifi cação/Especialização/Discriminação Esse princípio defi ne que todas as Receitas e Despesas devem ser especifi cadas, ou seja, não pode haver inclusão de valores globais no Orçamento, conforme os artigos seguintes da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): �� Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globaisdestinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único. ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único. [...] [...] Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far- Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far- se-á se-á no mínimono mínimo por elementos. por elementos. § 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com § 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a administração pública para consecução dos seus fi ns. administração pública para consecução dos seus fi ns. (BRASIL, 1964) A lógica do princípio se resume ao seguinte: “O orçamento precisa ser detalhado, especifi cado, para facilitar seu entendimento e acompanhamento”, evitando a chamada “ação guarda-chuva”, que é aquela ação genérica, mal especifi cada, com demasiada fl exibilidade. O princípio veda as autorizações de despesas globais. O princípio da especialização preconiza que as receitas e despesas devem aparecer no orçamento de forma discriminada de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação, ou seja, cada rubrica de receita e despesa deve ser identifi cada, de modo que não apareça de forma global, como, por exemplo, na hipótese de intitulação genérica, sem nenhuma especifi cação. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 29 | 106 Exceções: 1. A reserva de contingência, por sua vez, é uma dotação global não especifi camente destinada a determinado órgão, unidade orçamentária, programa ou categoria econômica, cujos recursos são utilizados para atender passivos contingentes e outros riscos e eventos fi scais imprevistos. Percebe-se, assim, que a reserva de contingência representa uma exceção ao princípio da especifi cação ou especialização. 2. Outra exceção ao princípio da especifi cação ou especialização são os Programas Especiais de Trabalho que constam no parágrafo único do art. 20 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): �� Art. 20. [...] Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classifi cadas entre as Despesas de Capital. globais, classifi cadas entre as Despesas de Capital. (BRASIL, 1964) �� A dotação para despesas sigilosas no orçamento da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é uma exceção ao Princípio da Especifi cação de Inteligência (ABIN) é uma exceção ao Princípio da Especifi cação e constitui-se os chamados programas especiais de trabalho, os e constitui-se os chamados programas especiais de trabalho, os quais, caso fossem especifi cados no orçamento, correriam o risco de quais, caso fossem especifi cados no orçamento, correriam o risco de perder sua efi ciência. Outro caso de exceção seria o programa de perder sua efi ciência. Outro caso de exceção seria o programa de proteção à testemunha, também chamado de “Investimento em proteção à testemunha, também chamado de “Investimento em Regime de Execução Especial”. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 30 | 106 Clareza/Inteligibilidade O Princípio da Inteligibilidade estabelece que o orçamento deve ser apresentado em uma linguagem clara e compreensível a todos que precisam ou se interessam por acompanhá-lo. Entretanto, considerando a atual complexidade inerente ao orçamento, que agrega informações fi nanceiras, legais, administrativas, contábeis e de planejamento, sem falar num pano de fundo político, é difícil trazer à realidade o cumprimento desse princípio. Uma sugestão do professor Giacomoni (2010) é a elaboração de peças comentadas sobre a programação orçamentária, a partir de anexos da LOA. Dessa forma, se o orçamento em si não pode ter sua linguagem simplifi cada, pela natural necessidade de codifi cação, pelo menos se disponibilizaria uma forma paralela de se compreender a complexidade de seu conteúdo. Isso foi adotado na esfera federal a partir do ano de 2010, na elaboração do orçamento de 2011. Além da proposta “técnica” de orçamento, foi editada uma cartilha especial, chamada “Orçamento Federal ao Alcance de Todos”, que busca expor, de forma mais amigável, como deve se dar a aplicação de recursos federais nas diferentes áreas do governo, durante o exercício. �� Leia a publicação do “Orçamento Federal ao Alcance de Todos 2014” através do através do link a seguir. Confi ra! a seguir. Confi ra! http://www.orcamentofederal.gov.br/orcamento-cidadao/ofat/revista_http://www.orcamentofederal.gov.br/orcamento-cidadao/ofat/revista_http://www.orcamentofederal.gov.br/orcamento-cidadao/ofat/revista_ ofat_2014_web.pdfofat_2014_web.pdf Princípio da Vedação ao Estorno O Princípio da Vedação ao Estorno proíbe a transferência de recursos de uma dotação para outra, sem que haja para tanto uma prévia autorização legislativa. Este princípio está expressamente previsto no art. 167, inciso VI da CF/88 (BRASIL, 1988), e signifi ca que o administrador público não pode remanejar, transferir verbas de um setor ou de um órgão para outro. Quando houver Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 31 | 106 insufi ciência ou carência de verbas, o Poder Executivo recorre à abertura de crédito suplementar ou especial, o que deve ser feito com autorização do Poder Legislativo. Unidade de Caixa/Tesouraria O Princípio da Unidade de Caixa obriga que os entes públicos recolham o produto de sua arrecadação em uma conta única, com a fi nalidade de facilitar a administração e proporcionar melhor controle e fi scalização da aplicação desses recursos. Esse caixa único – CUTN – abriga todas as receitas públicas. Não deve ser confundido com o princípio da unidade orçamentária. No âmbito da União, esse princípio é obedecido pela criação da Conta Única do Tesouro Nacional (CUTN). Essa conta é mantida no Banco Central do Brasil, operacionalizada pelo Banco do Brasil S.A. (seu agente fi nanceiro) e administrada pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Depreende-se, portanto, que os valores arrecadados pelo governo devem ser contabilizados em uma única conta caixa, evitando-se, dessa forma, a existência de caixas paralelos, fracionados. Confi ra o que dizem a Constituição Federal (BRASIL, 1988) e a Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Exposição dos Princípios Orçamentários – Parte 1 32 | 106 Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 1 �� Art. 163. Lei complementar disporá sobre: § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no § 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições fi nanceiras ofi ciais, ressalvados os casos controladas, em instituições fi nanceiras ofi ciais, ressalvados os casos previstos em lei. previstos em lei. (BRASIL, 1988) (BRASIL, 1988) Art. 56. O recolhimento de todasas receitas far-se-á em estrita Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. fragmentação para criação de caixas especiais. (BRASIL, 1964) Parabéns, você fi nalizou a Parte 1 da primeira Unidade deste Módulo! Em caso de dúvidas, volte ao conteúdo quando necessitar. Continue seus estudos! 33 | 106 UNIDADE 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 34 | 106 Unidade 1 Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 Caro(a) estudante, bem-vindo(a) à Parte 2 da primeira Unidade do Módulo 7 de seu curso! Nela, vamos aprender sobre as Receitas Públicas e sua importância para a compreensão e aplicação dos Procedimentos Contábeis Orçamentários. Bons estudos! Para fazer face às suas obrigações, o Estado necessita de recursos que podem ser obtidos junto à coletividade (auferição de receitas) ou através do endividamento público (criação de crédito público/operações de crédito). O conjunto desses recursos é o que chamamos de Receita Pública. É através dela que o Estado poderá atender às demandas diversas da sociedade, como saúde, educação, segurança e etc. O conceito de receita pública pode ser entendido no sentido amplo (lato sensu), ou no sentido estrito (stricto sensu). Vamos compreender melhor esses conceitos. Sentido amplo (lato sensu): os ingressos de recursos fi nanceiros nos cofres do Estado denominam-se Receitas Públicas, registrados como orçamentários quando representam disponibilidade de recursos fi nanceiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quando representam apenas entradas compensatórias. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 35 | 106 Sentido estrito (stricto sensu): chamam-se públicas apenas as receitas orçamentárias. �� O MCASP, 7ª edição (BRASIL, 2017), adota a defi nição no sentido estrito; dessa forma, quando houver citação ao termo “Receita estrito; dessa forma, quando houver citação ao termo “Receita Pública”, implica referência às “Receitas Orçamentárias”. Pública”, implica referência às “Receitas Orçamentárias”. Para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, todo ingresso de Para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, todo ingresso de recursos fi nanceiros é receita (sentido amplo). Mesmo quando o recursos fi nanceiros é receita (sentido amplo). Mesmo quando o recurso recebido não pertença à entidade e precise posteriormente recurso recebido não pertença à entidade e precise posteriormente ser devolvido ao seu proprietário. Nesse caso, chamamos de Receitas ser devolvido ao seu proprietário. Nesse caso, chamamos de Receitas Extraorçamentárias/Ingressos Extraorçamentários. Extraorçamentárias/Ingressos Extraorçamentários. Todavia, as Receitas Extraorçamentárias/Ingressos, por serem Todavia, as Receitas Extraorçamentárias/Ingressos, por serem apenas entradas de recursos com caráter devolutivo, não são apenas entradas de recursos com caráter devolutivo, não são consideradas receitas (sentido estrito), tendo em vista que são consideradas receitas (sentido estrito), tendo em vista que são registradas como receitas somente para controle e posterior registradas como receitas somente para controle e posterior devoluções. Classifi cação das Receitas A receita pode ser classifi cada segundo diferentes critérios, quais sejam: 1) Quanto à natureza; 2) Quanto à categoria econômica; 3) Quanto à regularidade (uniformidade); 4) Quanto à coercitividade/procedência; 5) Quanto à afetação patrimonial (impacto no patrimônio). A seguir, veremos a conceituação de cada critério. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 36 | 106 Natureza Quanto à natureza, as receitas públicas (sentido amplo) podem ser classifi cadas em: orçamentária e extraorçamentária. • Orçamentárias: essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio do Poder Público, aumentam-lhe o saldo fi nanceiro, e, via de regra, por força do princípio orçamentário da universalidade, estão previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA). Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal do registro dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retira o caráter de orçamentárias, haja vista o art. 57 da Lei nº 4.320 (BRASIL, 1964), determinar classifi car-se como receita orçamentária toda receita arrecadada que porventura represente ingressos fi nanceiros orçamentários, inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto: operações de crédito por antecipação. �� Observe o aspecto jurídico quanto à propriedade do ingresso fi nanceiro (quem é o “dono” desse recurso?). (quem é o “dono” desse recurso?). Para ser uma receita orçamentária o ingresso precisa pertencer à Para ser uma receita orçamentária o ingresso precisa pertencer à entidade que o recebe, mesmo que haja uma correspondente entidade que o recebe, mesmo que haja uma correspondente obrigação passiva de pagamento. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 37 | 106 A matéria pertinente à receita vem disciplinada no art. 3º, conjugado com o art. 57, e no art. 35 da Lei nº. 4.320/1964 (BRASIL, 1964). Confi ra na íntegra, a seguir. �� Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fi ns deste artigo as Parágrafo único. Não se consideram para os fi ns deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo fi nanceiros. fi nanceiros. [...] [...] Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta leidesta lei serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as desta lei serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as desta leidesta lei serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as desta lei rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. Orçamento. [...] [...] Art. 35. Pertencem ao exercício fi nanceiro: Art. 35. Pertencem ao exercício fi nanceiro: I - as receitas nele arrecadadas; I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas. II - as despesas nele legalmente empenhadas. (BRASIL, 1964) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 38 | 106 São receitas orçamentárias apenas os valores passíveis de previsão? Na verdade, não, veja os termos do art. 57 da Lei nº 4.320/1964 (BRASIL, 1964): �� Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei desta lei serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as serão classifi cadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, rubricas próprias, todas as receitas arrecadadastodas as receitas arrecadadas, inclusive as , inclusive as provenientes de operações de crédito, provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no ainda que não previstas no OrçamentoOrçamento. (BRASIL, 1964, grifo nosso) �� A omissão da previsão de determinado imposto na LOA, em razão de erro, não ensejará a sua classifi cação como extraorçamentária. Para erro, nãoensejará a sua classifi cação como extraorçamentária. Para defi nir uma receita como orçamentária, o relevante é saber se a sua defi nir uma receita como orçamentária, o relevante é saber se a sua natureza é orçamentária: recurso que entra e o Poder Público pode natureza é orçamentária: recurso que entra e o Poder Público pode gastar porque lhe pertence, estando ou não estimado na LOA. • Extraorçamentárias/ingressos orçamentários: são os recursos arrecadados pelo Estado, mas que geram um passivo, ou seja, terão que ser restituídos, posteriormente, uma vez que pertencem a terceiros e constituem simples ingressos fi nanceiros e transitórios no caixa do ente, destinados ao pagamento de despesas extraorçamentárias/desembolsos extraorçamentários. Assim, são receitas que não estão previstas no orçamento, como depósitos diversos, restos a pagar, ARO etc. �� Uma Receita Extraorçamentária/Ingresso Extraorçamentário pode vir a incorporar defi nitivamente o Patrimônio Público. É uma espécie de a incorporar defi nitivamente o Patrimônio Público. É uma espécie de metamorfose da receita, ou seja, Receita Extraorçamentária/Ingresso metamorfose da receita, ou seja, Receita Extraorçamentária/Ingresso Extraorçamentário que se transforma em Orçamentária. Extraorçamentário que se transforma em Orçamentária. Ex.: Fiança bancária depositada por um contratado da Administração Ex.: Fiança bancária depositada por um contratado da Administração Pública como garantia de execução do contrato. Caso haja aplicação Pública como garantia de execução do contrato. Caso haja aplicação de penalidade em virtude de descumprimento de cláusula contratual, de penalidade em virtude de descumprimento de cláusula contratual, a Administração Pública deve reter o valor a seu favor e recolher a a Administração Pública deve reter o valor a seu favor e recolher a CUTN. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 39 | 106 Receitas extraorçamentárias/ingressos extraorçamentários consistem em ingressos fi nanceiros transitórios e de caráter temporário, que serão restituídos no futuro sob a forma de despesas extraorçamentárias/desembolsos extraorçamentários, provocando o surgimento de passivos fi nanceiros, uma vez que não pertencem ao Estado e não integram o orçamento, pois são créditos de terceiros, que a caixa do Tesouro acolhe como simples depositário (dinheiro que entra e o Poder Público não pode gastar porque ele é apenas um fi el depositário). Estes recursos, que deverão ser devolvidos posteriormente, tecnicamente são chamados de entradas compensatórias. Receitas extraorçamentárias/ingressos extraorçamentários são entradas compensatórias no ativo e no passivo fi nanceiros, de caráter devolutivo, que não precisam de autorização legislativa para sua arrecadação, e não são utilizadas para cobrir despesas orçamentárias. �� A STN prefere a utilização do termo “ingressos extraorçamentários”, ao invés de receitas extraorçamentárias, para deixar bem claro que ao invés de receitas extraorçamentárias, para deixar bem claro que essas operações não afetam em nada o patrimônio público (MCASP essas operações não afetam em nada o patrimônio público (MCASP – 7ª edição). Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 Ingresso de valores nos cofres públicos Receitas orçamentárias (receitas públicas) Ingressos extraorçamentários 40 | 106 Os Ingressos Extraorçamentários são recursos fi nanceiros de caráter temporário e não integram a Lei Orçamentária Anual. O Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições não se sujeitam à autorização legislativa. São as Receitas que entram no Estado por determinação legal ou contratual, mas que pela sua natureza deverão, em regra, ser devolvidos. Exemplos de receitas extraorçamentárias e de ingressos extraorçamentários: • Depósitos diversos: caução, judiciais, etc. • Fianças; emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo fi nanceiros; • Consignações (retenções na fonte); • RP do exercício, para compensar sua inclusão na Despesa Orçamentária; • Os demais valores ou ingressos de recursos fi nanceiros, obtidos em caráter temporário com características de transitoriedade e classifi cação da obrigação no passivo; • Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO). �� As operações de crédito por ARO são receitas extraorçamentárias/ ingressos extraorçamentários, conforme artigo 3º da Lei 4320/1964 ingressos extraorçamentários, conforme artigo 3º da Lei 4320/1964 (BRASIL, 1964). �� Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fi ns deste artigo as Parágrafo único. Não se consideram para os fi ns deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo fi nanceiros. fi nanceiros. (BRASIL, 1964) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 41 | 106 Categoria Econômica Quanto à categoria econômica, as receitas orçamentárias podem ser classifi cadas em: • Receitas Correntes (Receitas Primárias) – RC • Receitas de Capital (Receitas Secundárias) – RK A origem é o detalhamento das Categorias Econômicas RC e RK, com vistas a identifi car a natureza da procedência das receitas no momento em que ingressam no Orçamento Público. Os atuais códigos da Origem das Receitas Correntes e de Capital, de acordo com MCASP – 7ª edição, são: Receitas Correntes Receitas de Capital 1- impostos, taxas e contribuições de melhoria (TRIBUTÁRIAS) 1- OPERARAÇÕES DE CRÉDITO 2- CONTRIBUIÇÕES 2- ALIENAÇÃO DE BENS 3- PATRIMONIAIS 3- AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIM. 4- AGROPECUÁRIAS 5- INDUSTRIAIS 6- SERVIÇOS 7- TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 4- TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 9- OUTRAS RECEITAS CORRENTES 5- OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 42 | 106 Esquema da Classifi cação das Receitas Públicas, incorporando-se Categoria Econômica e Origem: Regularidade Quanto à regularidade (uniformidade), as receitas podem ser classifi cadas em: • Ordinárias: são aquelas que ingressam com regularidade, constituindo-se assim como fonte regular e permanente de recursos fi nanceiros destinados à consecução da atividade fi nanceira do Estado. Representam os ingressos permanentes e estáveis do Tesouro, arrecadados regularmente em cada período fi nanceiro, ou seja, possuem características de continuidade, servindo de fonte perene de recursos ao Estado. Ex.: Receita tributária. • Extraordinárias: são receitas eventuais, não regulares, portanto, representam os ingressos de caráter não continuado e, por consequência, inconstante, excepcional, temporário, provenientes de calamidade pública, guerras e doações, entre outros. Ex.: as receitas provenientes da arrecadação de impostos lançados por motivo de guerra, os empréstimos compulsórios, heranças e outros. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 1. Receitas Correntes 1. Impostos, Taxas e Contribuições de melhoria; 2. Contribuições; 3. Patrimonial; 4. Agropecuária; 5. Industrial; 6. Serviços; 7. Transferências Correntes; e 8. Outras Receitas Correntes. 9. Receitas CORRENTES INTRAORÇAMENTÁRIAS $. Receitas de CAPITAL INTRAORÇAMENTÁRIAS 1. Operações de Crédito; 2. Alienação de Bens; 3. Amortização de Bens; 4. Transferências de Capital; e 5. Outras Receitas de Capital 2. Receitas de Capital Ingressos de Valores nos Cofres Públicos Receitas Orçamentárias (Receitas Públicas) Ingressos Extraorçamentários43 | 106 Procedência A doutrina classifi ca as receitas públicas, quanto à procedência, em originárias e derivadas. Essa classifi cação possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada como classifi cador ofi cial da receita pelo Poder Público. • Originárias (ou de direito privado ou de economia privada): aquelas arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pela Administração Pública. Resultam, principalmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de preços públicos/tarifas, de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários. Em resumo, o Estado atua como particular por meio da exploração de atividades privadas. São receitas contratuais, negociais, obtidas de forma voluntária e espontânea, que não dependam de prévia autorização legal, fi cando o Estado em “pé de igualdade com o particular”. Para obter essas receitas, a Administração Pública não usa da coerção, da força ou do poder de Império. • Derivadas (ou de direito público ou de economia pública): receita obtida pelo poder público por meio da soberania estatal. Decorrem de imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições especiais. Deriva da prevalência do Estado sobre o particular, caracterizando-se por sua exigência coercitiva, obrigatória e compulsória. Em resumo, são as que derivam do patrimônio da sociedade, ou seja, o governo obtém-nas tributando a sociedade em função de sua soberania, por meio de Tributos, Penalidades, Indenizações e Restituições. Nesse caso, o contribuinte é obrigado a arcar com elas, não havendo negócios, contratos ou ajustes. O cidadão deve pagar, simplesmente porque tem capacidade contributiva e, ao arrecadar, o Estado o faz em nome da coletividade, materializando a supremacia do interesse público sobre o particular. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 44 | 106 Afetação Patrimonial Para fi ns contábeis, quanto ao impacto na situação líquida patrimonial, a receita pode ser: • Efetiva: aquela que, no momento do reconhecimento do crédito, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modifi cativo aumentativo. • Não efetiva ou por mutação patrimonial: aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do reconhecimento do crédito e, por isso, constitui fato contábil permutativo, como é o caso das operações de crédito. A classifi cação da receita por natureza busca a melhor identifi cação da origem do recurso segundo o seu fato gerador. A tabela a seguir explicita a estrutura de codifi cação dessa classifi cação com as rubricas específi cas, baseando-se em um exemplo didático. Codifi cação da Receita Orçamentária por Natureza Classifi cação Antiga, antes do MCASP – 7ª Edição Classifi cação Nova – MCASP – 7ª Edição C. O. E. R. AA. SA (8 DÍGITOS): 1º dígito: indica a Categoria Econômica; 2º dígito: indica a Origem; 3º dígito: indica a Espécie; 4º dígito: indica a Rubrica; 5º e 6º dígitos: indicam a Alínea; 7º e 8º dígitos: indicam a Subalínea. C. O. E. D. DD. D.T (8 DÍGITOS) 1º dígito: indica a Categoria Econômica; 2º dígito: indica a Origem; 3º dígito: indica a Espécie; 4º, 5º, 6º e 7º dígitos: indicam os Desdobramentos para identifi cação de peculiaridades da receita; 8º dígito: indica o Tipo. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 45 | 106 Veja um exemplo da codifi cação atualizada: C. O. E. D. DD. D.T (8 DÍGITOS) 1 . 1 . 1 . 3.01.1. 1 (exemplo IR – PF) 1º dígito: Receita Corrente; 2º dígito: Receita impostos, taxas e contribuições de melhoria; 3º dígito: Impostos; 4º, 5º, 6º e 7º dígitos: Impostos sobre a renda de pessoa física - IRPF; 8º dígito: Principal. Etapas da Receita – PEC P – PLANEJAMENTO: compreende o estágio da previsão de arrecadação da receita orçamentária constante da LOA resultante de metodologias de projeções usualmente adotadas, observada as disposições constantes na LRF. E – EXECUÇÃO: a realização da receita se dá em três estágios: o lançamento, a arrecadação e o recolhimento. C – CONTROLE: é a etapa do controle e da avaliação dos recursos públicos. A Receita Pública, desde a sua previsão até o seu ingresso efetivo nos cofres públicos, passa por quatro fases, denominadas estágios: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 46 | 106 Estágios da Receita – PLAR Estágios da Receita, segundo a Lei nº. 4.320/1964 (BRASIL, 1964): Previsão → Estimativa da Receita (Art. 30) (1º Estágio) Lançamento → Fase em que se identifi ca o contribuinte, Fator Gerador (FG), etc. (Art. 52 e 53) (2º Estágio) Arrecadação → Momento em que o contribuinte quita sua obrigação fi scal junto ao agente arrecadador (Art. 55) (3º Estágio) Recolhimento → Entrega do montante arrecadado ao Tesouro Público (Conta Única do Tesouro) pelo agente arrecadador (Art. 56) (4º Estágio) Detalhamento dos Estágios da Receita Pública Orçamentária 1º Estágio Previsão → Implica planejar e estimar a arrecadação das receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamentária. Isso deverá ser realizado em conformidade com as normas técnicas e legais correlatas e, em especial, com as disposições constantes na LRF (BRASIL, 2000), conforme trecho a seguir. �� Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. premissas utilizadas. (BRASIL, 2000) Unidade 1 | Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO): Receitas Públicas – Parte 2 47 | 106 No âmbito federal, a metodologia de projeção de receitas orçamentárias busca assimilar o comportamento da arrecadação de determinada receita em exercícios anteriores, a fi m de projetá-la para o período seguinte, com o auxílio de modelos estatísticos e matemáticos. A busca deste modelo dependerá do comportamento da série histórica de arrecadação e de informações fornecidas pelos órgãos orçamentários ou unidades arrecadadoras envolvidas no processo. A previsão de receitas é a etapa que antecede à fi xação do montante de despesas que irão constar nas leis de orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades de fi nanciamento do governo. Chamada normalmente de receita orçada, é a estimativa (expectativa) de arrecadação da receita constante da LOA. Por meio dessa estimativa, o Governo planeja e defi ne os gastos que irão compor a LOA, no que diz respeito à fi xação das despesas. Essa fase ocorre durante a elaboração e apreciação do projeto de lei do orçamento. Trata-se, portanto, de uma etapa anterior à execução da LOA. O Anexo I do MCASP apresenta, a título exemplifi cativo, algumas fórmulas de projeção e as correspondentes hipóteses nas quais elas seriam utilizadas. 2º Estágio Lançamento → O lançamento é a identifi cação do devedor ou da pessoa do contribuinte. Art. 53 da Lei nº 4.320/1964 defi ne o “lançamento da receita como o ato da repartição competente que verifi ca a procedência do crédito fi scal, a pessoa devedora e inscreve o débito dela” (BRASIL, 1964). Quem deve? Quanto deve? Quando deverá pagar? Segundo a Lei 5.172/1966, conhecida