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PESQUISA E PLANO DE MARKETING E-book 2 Mauro Azevedo Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 PESQUISA QUALITATIVA �������������������������4 Conceitos e definições ��������������������������������������������4 Metodologias em pesquisa qualitativa ��������������� 10 Elaboração de questionário semiestruturado ����� 24 Execução de uma entrevista �������������������������������� 28 Definição da amostragem ������������������������������������ 30 Análise dos dados de uma pesquisa qualitativa 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������36 SÍNTESE �������������������������������������������������������37 2 INTRODUÇÃO Neste tópico de estudo, trataremos do tema “Pesquisa qualitativa: entrevista em profundidade, grupo focal, estudo de caso e etnografia”. Você irá compreender conceitos e definições dos modelos de pesquisas qualitativas, acompanhará o passo a passo da elaboração de um questionário de entre- vista semiestruturado e conhecerá o processo de execução de um modelo de pesquisa qualitativa, a entrevista em profundidade. Além disso, aqui será apresentado o processo de definição da amostragem e como proceder na etapa da análise dos dados por meio de análise de conteúdo. Bons estudos! 3 PESQUISA QUALITATIVA Conceitos e definições Escolher um método de pesquisa é um dos pilares do projeto de pesquisa. O pesquisador deverá conhecer quais as possibilidades metodológicas para compre- ender qual seria o procedimento mais adequado para o problema de pesquisa que foi descrito no briefing do cliente, que será sempre a referência para a de- finição. O desenho da pesquisa deve ser preparado de acordo com as perguntas do briefing, ou seja, o que se deseja saber. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) Definir o método não é uma tarefa simples, pois, ao avaliar a complexidade e a multidisciplinaridade das questões da pesquisa, o pesquisador perceberá que as perguntas que deverão ser consideradas (e que estão no briefing) derivam das mais diversas áreas de conhecimento das ciências humanas, e que não poderão ser tratadas de forma isolada. As questões de pesquisa poderão ter suas origens em disciplinas que vão desde a psicologia, passando pela antropo- logia, chegando até a mercadologia� Para citar alguns exemplos, analisemos o caso de uma pesquisa realizada para uma determinada mar- ca de xampu. Algumas questões de pesquisa que poderiam surgir do briefing: 4 a) se a questão a ser pesquisada for “Qual será o peso dos gastos com itens de higiene pessoal no orçamento das famílias? E os gastos relativos a ca- belos e, mais especificamente, a xampus?”, o foco dessas perguntas está na distribuição de recursos pessoais e familiares; e será respondida pela disci- plina microeconomia� b) se a questão a ser pesquisada for “Como as pro- postas e promessas das várias marcas de xampus afetam a autoestima e a imagem dos consumido- res? O que significa para os consumidores cuidar dos seus cabelos?”, o foco dessas perguntas está na adequação psicológica das pessoas e grupos; e será respondida pela disciplina psicologia clínica. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) 5 Empresa cliente Planejamento e desenho da pesquisa Proposta de pesquisa Relatório final e recomendações Dados secundários Dados primários Método (quanti ou quali) Pesquisa de dados secundários Meios de coleta Amostra Instrumento Coleta dados Análise Empresa de pesquisa Definição do problema Briefing da pesquisa: Objetivo, áreas de abordagem, público-alvo e prazos� Tomada de decisão Implementação Continuidade Figura 1: O processo da pesquisa de mercado. Fonte: Yasuda e Oliveira, 2012. A escolha do método correrá no momento anterior, em que o pesquisador iniciará a busca dos dados primários, conforme observado na Figura 1. A mul- tiplicidade das questões pode ser resolvida de duas formas: a positivista, que é objetiva e linear (usa fór- mulas matemáticas e trabalha com mensuração, por meio de valores numéricos) ou a interpretativa, que é mais subjetiva e tem associadas a ela possibilidade de interpretação de comportamento. Por exemplo, imagine uma empresa que queira co- nhecer os efeitos de uma ação de marketing, espe- 6 cificamente quanto à questão de uma marca. Uma pesquisa qualitativa irá responder qual é a percepção (positiva, negativa, neutra) do cliente referente a essa marca. Já a pesquisa quantitativa irá apontar a pro- porção (ou percentagem) de pessoas que têm uma percepção positiva da marca. Considerando as duas formas, os estudos com os dados primários se dividem entre o método quanti- tativo e o método qualitativo – o objeto de estudo deste tópico de estudo� Uma pesquisa qualitativa identifica e interpreta dados que não são mensuráveis, por exemplo, sentimentos, sensações, opiniões, crenças, motivações referentes aos produtos e serviços de uma empresa. A pesquisa qualitativa tem como foco principal o entendimento da natureza e do significado de um fenômeno (por exemplo, a percepção de um consumidor frente a uma determinada marca), muito mais que a sua in- cidência (neste caso, não interessa o percentual de clientes que tem uma percepção positiva sobre uma determinada marca). A tabela 1 aponta as principais características da pesquisa qualitativa. 7 Fundamentação teórica Fenomenológica (que se preocupa em com- preender e estudar os fenômenos) e tem uma visão holística (procura compreender os fenômenos em sua totalidade) Raciocínio Indutivo (usa premissas para chegar a uma conclu- são, por exemplo, “os produtos desta marca são caros; portanto, todos os clientes desta marca são ricos”) Meta É exploratória (questões: Como? Por quê? O quê?); orientada para descobertas e revelações. Amostra Tamanho reduzido e não representativa da população-alvo estudada Coleta dos dados - Entrevistas / observações individuais ou de grupos - Roteiro da entrevista aberto e indireto - Questões do roteiro podem ou devem ser acresci- das no momento da entrevista - Relação do entrevistador com o entrevistado é mais informal Papel do entrevistador - Entrevistador especialmente treinado e atento também à linguagem não verbal - Participação ativa e sua análise podem modificar as questões Papel do entrevistado - Pode determinar o ritmo da entrevista e a ordem das questões Tipos de dados pesquisados - Porquês de um tema pesquisado em profundidade - Explicações mais amplas e tendências de deter- minado fenômeno - Dados são subjetivos, não explícitos Análise dos dados - Interpretação dos discursos, dos gestos, dos indícios - Análise global das tendências - Não se faz tabulações das questões, nem cálculos Resultados - Apontam para significados, são mais genéricos e globais, indicam tendências e hipóteses e não podem ser projetados para o universo Tabela 1: Características da pesquisa qualitativa. Fonte: o autor (adap- tado de Yasuda e Oliveira, 2012) 8 Yasuda e Oliveira (2012) definem pesquisa qualita- tiva como o conjunto de técnicas e abordagens que buscam entender a psicologia do ser humano, o que o motiva e, sobretudo, como esse ser humano se vincula com a sociedade e com o universo e a sim- bologia implícita de suas manifestações e desejos. Acrescentam ainda as autoras que: As pessoas, suas motivações e comportamen- tos são complexos, multifacetados e muitas vezes contraditórios. Se queremos alcançar um entendimento verdadeiro das pessoas necessitamos de uma disciplina que possa analisar e interpretar essa complexidade de forma compreensível, válida e, acima de tudo, útil. Esse é o propósito e contribuição única da pesquisa qualitativa a forma como eles considerando suas estruturas psicológicas e motivacionais, além de compreender como este ser humano se relaciona com a socie- dade e com o ambiente econômico e cultural. (YASUDA; OLIVEIRA, 2012) Para pesquisas de marketing e de mercado, a pes- quisa qualitativa é muito útil como apoio à decisão, pois proporcionará, ao finaldo projeto, informações sobre aspectos intangíveis que direcionam o com- portamento humano e o consumo� Como resultado da pesquisa tem-se: 9 a) descoberta das necessidades latentes nas pes- soas (o que buscam, o que querem, o que almejam); b) entendimento sobre os aspectos emocionais in- conscientes envolvidos nas atitudes, comportamen- to, escolhas e situações diárias; c) descoberta de quais são os vínculos que o ser humano estabelece com temas sociais, produtos, serviços, marcas e grupos de pessoas. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) As características da pesquisa qualitativa fazem com que ela seja indicada para tratar questões complexas, relacionadas a aspectos pouco claros� Ela pode ser aplicada em todas as áreas do ciclo de marketing, desde a criação de produtos e serviços, posiciona- mento de marca, avaliação do processo de comuni- cação, comportamento do consumidor no ponto de venda, etc� A pesquisa qualitativa é utilizada como uma ferramenta para o processo de planejamento estratégico, pois as informações que ela fornece apontam e podem antecipar caminhos de ação e soluções para uma empresa. Metodologias em pesquisa qualitativa A abordagem qualitativa abrange uma variedade de possibilidades metodológicas para a coleta de dados e destacamos as entrevistas em profundidade, as 10 discussões em grupo (ou grupos focais), os estudos de caso e a etnografia. A entrevista em profundidade é destinada a explorar o conhecimento e a experiência do entrevistado que possui informações relevantes em relação ao proble- ma de pesquisa, sendo a mais comum e tradicional dentro da abordagem qualitativa� Utiliza a abordagem individual e é conduzida por um pesquisador expe- riente, que utiliza um questionário (roteiro) aberto e não direto. É um instrumento fundamental para uma pesquisa de marketing, já que aborda temas mais delicados e sensíveis, no qual um entrevista- do revela detalhes sem o risco de julgamento por terceiros, o que pode ocorrer, por exemplo, em uma discussão em grupo (outro tipo de metodologia que será abordado adiante). (YASUDA e OLIVEIRA, 2012; CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Uma entrevista em profundidade é bem flexível e os participantes são selecionados com base em pro- váveis capacidades de fornecer informações úteis. Nesse caso, não se usa trabalhar com amostragem aleatória, mas é importante incluir pessoas com di- ferentes pontos de vista e opiniões. Uma entrevista em profundidade – que busca extrair o máximo de informações – pode durar mais de uma hora e, por esse motivo, é indicado que participem dois entre- vistadores, um fazendo as perguntas e o outro ob- servando e tomando notas. É recomendável que a entrevista seja registrada em áudio ou vídeo, desde que o entrevistado concorde. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) 11 Essa metodologia é especialmente aplicada em ca- sos de pesquisas em que os compradores são em- presas (mercado B2B – business to business), por alguns motivos: 1º) funcionários de empresa acima de um determinado nível hierárquico, em geral, não se dispõem a se deslocar para uma reunião em grupo; 2º) impedimento ou inibição em trocar informações com pessoas de outras empresas; 3º) assuntos liga- dos ao mercado B2B são, em geral, particulares de cada empresa, o que faz a entrevista individual ser mais proveitosa. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) As vantagens das entrevistas em profundidade são: maior confidencialidade e privacidade do responden- te, oportunidade de entender e detalhar processos individuais, e conveniência do participante, que pode escolher o local que mais lhe convenha� Essa meto- dologia pode render informações importantes, mas seu custo é mais elevado, pois exige entrevistadores mais bem treinados, os dados são coletados com um participante por vez e os registros de áudio/ví- deo devem ser transcritos, codificados e analisados. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012; e CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Nas discussões em grupo, reúne-se um pequeno número de indivíduos para discutir um tópico de interesse de uma empresa. Essa discussão tem orientação de um moderador que busca seguir um esboço de assuntos e, simultaneamente, coloca os comentários feitos pelos indivíduos para que o grupo discuta, e contextualiza as reações do indivíduo e do 12 grupo. Portanto, cada indivíduo é exposto às ideias dos demais e pode reagir com suas próprias ideias� A principal vantagem de uma discussão em grupo é o processo de interação que se estabelece entre os indivíduos, pois isso favorece o surgimento de novas ideias em um processo contínuo, que aumenta à medida que a interação aumenta. Com isso, temos que as ideias são desenvolvidas em sua máxima potência e importância, já que o comentário de um indivíduo aciona uma cadeia de respostas de outros indivíduos, passando a ocorrer uma interação espon- tânea. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Podcast 1 Discussões em grupo duram em média duas horas, e os grupos são compostos por um número reduzi- do de indivíduos, podendo variar entre 6 e 10. Esses indivíduos possuem características comuns (por exemplo, idades próximas, sexo, estado civil, grau de instrução, região onde residem, etc.). É importante que exista homogeneidade no grupo e ela deve ser é estabelecida quando forem definidos os parâmetros da seleção das amostras. Normalmente, essas reuniões são realizadas em sala equipada com espelho falso para permitir que gestores da empresa contratante da pesquisa acom- panhem a discussão e, dessa forma, os participantes devem ser avisados que serão observados; mas não conseguirão perceber quem está atrás do espelho. 13 https://famonline.instructure.com/files/919924/download?download_frd=1 A reunião preferencialmente deve ser gravada e os participantes do grupo também devem ser avisados que serão filmados. O fato de serem gravados não atrapalha a espontaneidade. O registro da reunião é muito importante e, além da gravação, costuma haver a presença do moderador e de um analista, que anota as reações do grupo, durante a reunião. (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) As discussões em grupo possuem algumas vanta- gens, quando comparadas com outras metodologias qualitativas� Podemos citar: • sinergia (grande riqueza na discussão, em virtude do esforço do grupo para produzir uma grande quan- tidade de boas ideias); • efeito “bola de neve” (efeito em cadeia, no qual a ideia de um participante gera reação nos demais); • estimulação e espontaneidade (a interação entre os participantes faz com que eles se sintam estimu- lados a contribuir com menos pressão); • segurança (o ambiente de grupo é menos estres- sante e faz com que os participantes e se sintam mais seguros para se expressarem); • satisfação psicológica (o participante é ouvido e apoiado pelos outros); • solução de problemas (em geral, no grupo as so- luções são mais fáceis e eficientes). As discussões em grupo possuem também desvan- tagens mais relacionadas à forma como se utilizam 14 os resultados dos grupos do que pela técnica em si. A primeira desvantagem está na forma como os resultados são interpretados e utilizados. Quando um gestor tem ideias preconcebidas sobre o que espera obter do grupo, não é de surpreender quando são encontradas evidências que podem sustentar suas posições. Por exemplo, um gestor pode querer usar informações de um grupo para sustentar suas opiniões, mesmo que elas estejam erradas. Uma segunda desvantagem está no fato de que mui- tos gestores e empresas de pesquisa entendem que todas as informações podem ser obtidas por meio da realização de uma série de discussões em grupo. É importante entender que esta metodologia é uma entre tantas que estão disponíveis. Gestores e pes- quisadores acabam esquecendo que os resultados podem ser influenciados pelo moderador, pelos cri- térios de seleção da amostra e pelos participantes. Os resultados do grupo não são projetáveis para o grupo de potenciais consumidores e seus resultados não podem ser consideradoscomo respostas finais. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) A metodologia da discussão em grupo é bastante popular porque os gestores entendem que podem se envolver mais no processo� Eles se sentem confor- táveis em uma atividade que podem ter participação ativa e que pode ser observada por eles� Esta prefe- rência é ainda reforçada, pois os resultados gerados são obtidos com maior rapidez. No projeto como um todo, pelo mesmo tempo e pelo mesmo custo, pode-se abordar um número maior de participantes, 15 assegurando uma ampla variedade de pontos de vista. Em geral, o custo de uma discussão em grupo é menos oneroso que o custo de outras modalida- des, pois é possível lidar com vários participantes ao mesmo tempo. (CHURCHILL; BROWN; SUTER, 2011) Um estudo de caso é uma modalidade de pesquisa que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo com isso obter de- talhado conhecimento� Um estudo de caso é uma forma de organizar dados sociais de um objeto, pre- servando seu caráter unitário, ou seja, o método do estudo de caso mantém juntas as características importantes para o problema que está sendo cientifi- camente investigado. O objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma comunidade. (GIL, 2008; TOLEDO e SHIAISHI, 2009) Um estudo de caso permite analisar uma dada situa- ção ou fenômeno que ocorrem em um universo e traz informações sobre eles. Dessa forma, um estudo de caso possibilita que sejam estabelecidas bases para investigações posteriores e mais precisas. (TOLEDO; SHIAISHI, 2009) Nas ciências biomédicas, usa-se o estudo de caso como estudo-piloto para esclarecimento do campo da pesquisa em seus múltiplos aspectos ou para descrever doenças raras. Seus resultados, de modo geral, são apresentados em aberto, ou seja, na con- dição de hipóteses, não de conclusões. (GIL, 2008) Por muito tempo nas Ciências Sociais o estudo de caso foi descrito como pouco rigoroso e que se pres- 16 tava apenas para estudos de natureza exploratória� Nos dias atuais é visto como mais adequado para investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os limites entre o fenô- meno e o contexto não são claramente percebidos. Utiliza-se o estudo de caso em algumas situações: a) explorar situações da vida real, cujos limites não estão claramente definidos; b) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; c) formular hipóteses ou desenvolver teorias; e d) explicar as variáveis causais de determinado fe- nômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e expe- rimentos. (GIL, 2008) Em um estudo de caso, pode-se estudar um único caso ou envolver múltiplos casos. Um pesquisador, ao lidar com o problema de pesquisa, busca esta- belecer as similaridades das situações envolvidas e dessas similaridades estabelece a base para gene- ralização – o que, muitas vezes, justifica a generali- zação de um caso para outro. (YIN, 2005). Conforme Gil (2008), as Ciências Sociais ainda têm objeções quanto à aplicação do estudo de caso, a saber: a) Falta de rigor metodológico: diferentemente do que ocorre com os experimentos e levantamentos, os estudos de caso não utilizam procedimentos me- 17 todológicos rígidos e os vieses encontrados podem comprometer a qualidade dos estudos� b) Dificuldade de generalizar: analisar um ou pou- cos casos fornece uma base muito frágil para a generalização. c) Tempo destinado à pesquisa: estudos de caso demandam muito tempo para serem realizados e, frequentemente, seus resultados tornam-se pouco consistentes� Gil (2008) reconhece as objeções acima e observa que vieses ocorrem em qualquer modalidade de pes- quisa e, portanto, cabe ao pesquisador dobrar seus cuidados, tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados para minimizar o efeito dos vie- ses. Para a generalização, aponta que os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população, mas sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis fato- res que o influenciam ou são por ele influenciados. Quanto à questão do tempo, entende que é fato que os primeiros trabalhos qualificados como estudos de caso nas Ciências Sociais foram desenvolvidos em longos períodos de tempo. Todavia, a experiência acumulada nas últimas décadas mostra que é pos- sível a realização de estudos de caso em períodos mais curtos e com resultados passíveis de confir- mação por outros estudos. Yin (2005) aponta cinco componentes de um projeto de pesquisa importantes para o estudo de caso: 18 • questões de pesquisa, provavelmente do tipo “como e por quê?”; • suas proposições ou seu propósito, no caso de estudos exploratórios; • suas unidades de análise, cuja definição está rela- cionada à maneira pela qual as questões iniciais de pesquisa foram definidas; • a lógica de ligação dos dados às proposições; • os critérios para interpretação dos resultados. FIQUE ATENTO Um bom estudo de caso constitui tarefa difícil de realizar� Mas é comum encontrar pesquisadores inexperientes, entusiasmados pela flexibilidade metodológica dos estudos de caso que decidem adotá-lo em situações para as quais não é reco- mendado. Como consequência, ao final de sua pesquisa, conseguem apenas um amontoado de dados que não conseguem analisar e interpretar (GIL, 2008). Toledo e Shiaishi (2009) concordam que o método do estudo de caso é controverso nas Ciências Sociais, mas que traz oportunidades de acesso a informações que não seriam acessa- dos por outros métodos de pesquisa científica. Quanto à questão dos vieses, para evitá-los, o pesquisador deverá utilizar-se das boas práticas científicas normalmente utilizadas. 19 A etnografia e a pesquisa etnográfica são áreas do estudo social com aplicações na antropologia, ci- ências sociais, política e cultura. O termo etnografia deriva do grego: ethno, que significa nação ou povo; e graphein, que é o ato de escrever� Portanto, etno- grafia significa escrever sobre um povo ou um grupo social quanto aos seus comportamentos, costumes, crenças, hábitos, tradições, como reagem a deter- minados acontecimentos, etc. Fazer uma pesquisa etnográfica significa estudar um grupo de pessoas. Diferentemente das metodologias da entrevista em profundidade e das discussões em grupo – em que o pesquisador interage com o entrevistado –, na pes- quisa etnográfica o pesquisador observa e anota comportamentos do grupo que está sendo pesqui- sado. Uma pesquisa etnográfica também pode ser definida como pesquisa por observação, e nela não ocorre um contato direto com o entrevistado� Utilizar a metodologia de pesquisa etnográfica com- preende descrever eventos que ocorrem na vida de um grupo (com especial atenção para as estruturas sociais e o comportamento dos indivíduos enquanto membros do grupo) e interpretar o que significam esses eventos para a cultura do grupo� Uma pesquisa etnográfica pode ter como objeto de pesquisa uma tribo indígena ou um grupo de compradores de deter- minado produto� Um trabalho de campo que preveja contato intenso e prolongado com o grupo em estudo é fundamental para o sucesso desse tipo de pesqui- sa; ele irá apontar o sistema de significados culturais que organizam o grupo, como se desenvolvem esses 20 significados e como influenciam o comportamento do grupo. (GODOY, 1995) Da mesma forma que as metodologias anteriores, a etnográfica tem suas limitações e, ao aplicá-la, não será possível deduzir os motivos de uma decisão, mas somente observar e compreender a forma como o observado se comporta� Por exemplo, essa pesqui- sa demonstrará se um produto colocado em deter- minadas posições na gôndola de um supermercado vende mais ou vende menos. Também será possível observar que atributos de um determinado produto são mais ou menos considerados no momento de compra. (VIRGILLITO, 2010) Emgeral, utiliza-se essa metodologia quando: a) São necessárias hipóteses para poder melhorar a compreensão do problema de pesquisa e se faz necessário garantir um nível de espontaneidade no levantamento da informação e notou-se previamente que existem problemas de verbalização por parte dos respondentes; b) Os dados necessários provêm de hábitos auto- matizados do pesquisado que não tem consciência de seu comportamento e da sequência de ações. Dessa forma, é necessário “mergulhar” no mundo do pesquisado, avaliando uma situação real de compra. Por exemplo, se ele chega ao local olha o rótulo, verifica os preços, pega um produto da empresa ou do concorrente, decide levar ou devolve, etc� 21 Essa metodologia tem um custo inferior em relação às demais anteriormente estudadas. Isso ocorre por- que todo o levantamento de informações acontece sem que o sujeito pesquisado tome conhecimento da pesquisa e, assim, não há necessidade de deslo- camento (o sujeito pesquisado já está no local onde ocorre a pesquisa). Não são necessários muitos pes- quisadores, pois a coleta é feita em um determinado tempo e lugar e a quantidade de informações estará limitada aos objetivos propostos (por exemplo, veri- ficar a reação de determinado consumidor quando um produto X ocupa a posição Y em uma gôndola de supermercado). (VIRGILLITO, 2010) Para que a coleta de dados seja perfeita é importante, além da definição clara dos objetivos da pesquisa e da preparação de um roteiro de observação, atentar para os seguintes itens: a) Conhecer o local onde a pesquisa será efetuada para que seja possível dimensionar o tamanho da equipe e os equipamentos necessários; b) Calcular os tempos necessários e disponíveis para que os dados sejam coletados, pois os horários também dependem dos objetivos que se quer atingir (por exemplo, deve-se saber em que horário o sujeito a ser observado estará no local e por quanto tempo ele ficará por lá). (YASUDA e OLIVEIRA, 2012) Um roteiro de observação tem estrutura semelhante a um questionário fechado, com itens a serem obser- vados mencionados nos campos a serem preenchi- dos. Quanto maior o movimento de pessoas no local 22 onde ocorrerá a observação, mais simples deverá ser a forma de preenchimento. A figura 2 traz o exem- plo de um modelo de questionário de observação, considerando o comportamento de um consumidor que se dirige a uma gôndola de supermercado para comprar um produto� O preenchimento, nesse caso, é simples; bastando o observador colocar um “x” apontando a situação ocorrida quando o consumidor se aproximou da gôndola. (VIRGILLITO, 2010) Cliente Sexo (M ou F) Olhou e não tocou o produto Olhou e tocou o produto Olhou o produto e os concorrentes , mas não tocou nenhum Olhou e tocou todos os produtos; visualizou preços Comparou preços e comprou o concorrente Comparou produtos e dados da embalagem Comparou embalagem e comprou concorrente Comparou embalagem e comprou produto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 2: Modelo de questionário de observação. Fonte: o autor (adap- tado de Virgillito, 2010). As metodologias etnográficas e as discussões em grupo são hoje as duas principais em utilização na pesquisa de marketing para conseguir entender a reação de um cliente, no momento da decisão de compra� Ao usar as duas metodologias, obtém-se o entendimento do consumidor, com pouca possi- bilidade que ele seja manipulado� Essas duas me- todologias aproximam mais uma empresa de seu potencial consumidor. (VIRGILLITO, 2010) 23 FIQUE ATENTO O uso da metodologia etnográfica cresce à medi- da que a tecnologia avança na área de logística. Atualmente, existem tecnologias que podem de- tectar, através do chip do cartão de crédito, o mo- mento que um cliente entra em uma loja� Assim, o lojista pode mapear todos os dados do cliente, por onde ele andou na loja, quanto tempo ficou em cada lugar da loja, que produtos comprou, sua frequência de consumo e seu comportamento. Os produtos que estão na prateleira estão sendo dotados de chips com todos os dados do produ- to e sua localização na loja. Dessa forma, o pro- dutor pode identificar os locais onde mais se ven- de o seu produto e onde a procura é baixa� Com essas informações, o produtor identifica quais as regiões ou os consumidores que deverão receber mais investimentos em comunicação. Elaboração de questionário semiestruturado Agora que já conhecemos os quatro tipos de me- todologia da pesquisa qualitativa, vamos passar para a análise da elaboração de um questionário semiestruturado, que pode ser aplicado em todas as metodologias, exceção à etnográfica. 24 Conforme estudado anteriormente, oito são as eta- pas para se escrever um questionário de pesquisa. Essa tarefa não é simples e é importante fazer as per- guntas certas, do jeito certo para que os dados cole- tados tenham qualidade. Não há um modelo ideal em relação a conteúdo e quantidade de questões, pois cada projeto exige criatividade e formas adequadas de perguntas que receberão respostas que devem atender aos objetivos da pesquisa. Ressaltamos aqui alguns aspectos importantes: a) Todos os aspectos importantes para a pesquisa estão relacionados e todas as perguntas devem estar voltadas ao objetivo da pesquisa; b) A linguagem das perguntas deve estar adequada à linguagem do entrevistado; c) Simular possíveis respostas para cada pergunta, para avaliar se ela está ambígua ou se não oferece alternativas de resposta. (SAMARA e BARROS, 1997) Um questionário em geral é estruturado, ou seja, exis- te uma lógica na ordem das perguntas e ela não pode ser alterada, bem como nada extra pode ser inserido� Nas pesquisas qualitativas, o questionário não deve ser estruturado (conhecido como semiestruturado), ou seja, o roteiro permite alterações na sequência das perguntas e inserções de perguntas podem ser feitas, conforme o andamento da entrevista� A tabela 1 traz o modelo de um questionário semiestrutu- rado com perguntas abertas onde o entrevistado responde livremente o que foi perguntado. (SAMARA e BARROS, 1997) 25 DECISÃO DE COMPRA – SHAMPOO MPA Objetivo / Problema de Pesquisa: Compreender o pro- cesso de decisão de compra de shampoo e identificar os atributos de maior importância na escolha e imagem de marca População-alvo: Feminino, classe A, de 18 a 22 anos, e usuário das marcas concorrentes A, B e C Etapa 1 - Aquecimento 1ª) quais artigos de toalete costuma comprar? – dentre esses artigos, quais são os mais importantes? 2ª) qual a importância do shampoo entre os artigos de toalete? 3ª) quais os atributos de um shampoo são considerados os mais importantes? (abordagem deve ser espontânea, não fornecer indicações ao respondente) Etapa 2 - Sobre shampoo (a) abordagem sobre fator embalagem 1ª) qual é a importância da embalagem e como é a emba- lagem ideal de um shampoo? 2ª) quais são as características mais importantes de uma embalagem ideal? b) abordagem sobre fator fragrância 1ª) qual é a importância da fragrância? 2ª) o que é uma boa e uma má opção de fragrância? 3ª) a fragrância do shampoo MPA corresponde ao que o fabricante aponta na embalagem? 4ª) qual é a importância de o fabricante oferecer várias opções de fragrância? 26 5ª) qual é o número ideal de fragrâncias para um shampoo? c) abordagem sobre fatores hidratação, cosmética e higienização 1ª) como são percebidos cada um dos fatores para o produto MPA? 2ª) qual a importância de cada um dos fatores na avalia- ção do produto? 3ª) qual é a análise comparativa que pode ser feita, em relação a esses fatores, quando comparados com as mar- cas concorrentes? d) abordagem sobre fator fabricante 1ª) qual é a importância de se conhecer o fabricante de um shampoo? 2ª) quanto o fator fabricante influência na decisão de com- pra de um produto? e) abordagem sobre momento da compra 1ª) qual é a importância da “facilidade para encontrar” na escolha de um shampoo? 2ª) onde costumacomprar o produto? 3ª) qual o melhor ponto de venda para comprar um sham- poo e por quais motivos? 4ª) qual o pior ponto de venda para comprar um shampoo e por quais motivos? 5ª) quem costuma comprar o produto? 6ª) com que frequência compra o produto? 7ª) qual a quantidade de produto compra de cada vez? 8ª) como faz a escolha da marca? f) abordagem sobre fator preço 1ª) qual a importância do preço na avaliação do produto? 2ª) qual a importância do preço no momento da decisão de compra? 27 3ª) qual a percepção de preço em relação à qualidade do produto? f) abordagem sobre circunstâncias Texto introdutório: “Existem shampoos diferentes para oca- siões diferentes. Como escolher um shampoo para cada circunstância?” 1ª) como escolhe o seu shampoo? 2ª) quais marcas conhece? 3ª) quais marcas utiliza? 3ª) por quais razões usa determinada marca? 4ª) por quais razões não usa as outras marcas? 5ª) quais são os atributos importantes percebidos nos shampoos usados? Tabela 2: Roteiro de entrevista semiestruturado. Fonte: Adaptado de Samara e Barros(1997). Podcast 2 Execução de uma entrevista O processo de execução de uma entrevista (neste caso, não se aplica à metodologia etnográfica, na qual só cabe observar) deve seguir alguns pontos: a) As perguntas devem ser lidas de forma pausada, com entonação e ênfase corretas, conforme estão escritas no roteiro e utilizando a mesma linguagem do entrevistado; 28 https://famonline.instructure.com/files/919925/download?download_frd=1 b) As perguntas devem ser lidas na ordem que estão no roteiro, pois ele foi preparado segundo a lógica dos objetivos / problema de pesquisa; c) Evitar pular perguntas ou ficar em um processo de ir e vir, pois isso confundirá o entrevistado; d) Gravar ou registrar tudo o que o entrevistado disser; e) Mostrar que está interessado nas respostas e não emitir julgamentos ou responder as perguntas do entrevistado; f) Certificar-se de que entendeu todas as respostas, pois um segundo encontro para esclarecimentos pode ser inviável; g) Não demonstrar aprovação ou crítica a qualquer resposta; h) Adotar um estilo mais formal ou informal, de modo a não destoar do estilo do entrevistado. (VIRGILLITO et al, 2010) FIQUE ATENTO Ser um bom entrevistador é fundamental para conduzir uma pesquisa� Abaixo, alguns pontos de atenção, caso, um dia, você tenha esse desafio: 1º) crie um clima de confiança e desenvolva em- patia com o entrevistado 2º) seja um bom ouvinte 29 3º) comece a entrevista com confiança, mesmo que esteja nervoso (isso se conquista com tem- po e experiência) 4º) lembre-se de que a entrevista não é uma sim- ples conversa e, para ter um bom resultado, deve haver calor humano 5º) lembre-se de que não se deve julgar as respostas 6º) lembre-se de que cada entrevistado é sin- gular e tem sua própria história de vida e particularidades 7º) aprenda a ler nas entrelinhas Definição da amostragem E quanto ao processo de definição da amostragem, em uma pesquisa qualitativa? Como deve ser feito? Minayo (2017) relembra que existem diferenças entre uma pesquisa quantitativa (que estudaremos em breve) e a qualitativa. A quantitativa trata do tamanho de determinados fenômenos (aquilo que se repete e que, portanto, pode ser contado – busca-se quan- tidade e homogeneidade); enquanto a qualitativa busca significados no discurso de um responden- te (singularidades, especificidades – qualidade da informação). 30 A pesquisa qualitativa não se preocupa com repeti- ções de fenômenos e está alinhada com a dimensão sociocultural que se expressa por meio de crenças, valores, opiniões, representações, formas de relação, simbologias, usos, costumes, comportamentos e práticas. Dessa forma, a definição do tamanho da amostra não será baseada em representatividade numérica e o processo de seleção buscará encon- trar dentro de uma população-alvo os indivíduos que possam oferecer respostas melhores e que venham a ajudar na solução do problema que está sendo investigado. (MINAYO, 2001 e 2017) Assim sendo, pode-se afirmar que uma amostra qualitativa ideal é a que reflete, em quantidade e in- tensidade, as múltiplas dimensões de determinado fenômeno e busca a qualidade das ações e das inte- rações em todo o decorrer do processo. Ao invés de definir a “amostra de participantes”, usa-se o termo “participantes incluídos na pesquisa”. Uma pergunta importante nesse item é: quais indivíduos sociais têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser investigado? A boa seleção dos sujeitos ou casos a serem incluídos no estudo é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões (MINAYO, 2001 e 2017). Minayo (2017) defende que definir o tamanho da amostragem não seria adequado para pesquisas qualitativas e isso se deve ao fato que o “universo” que se deseja estudar não está ligado a quantos são os participantes, mas sim às variáveis que eles repre- sentam: o que eles pensam, seus conhecimentos e 31 práticas, como se comportam e como agem, frente a determinadas situações. Dessa forma, não é possível “marcar” a quantidade de variáveis, muito menos o tamanho da amostra que seria representativa des- sas variáveis. Assim, a amostragem será feita por inclusão progressiva, que será interrompida quando explicações e sentidos atribuídos pelos participantes começarem a ter uma regularidade de apresentação nas respostas� Em uma pesquisa qualitativa, a preocupação não é com a generalização, e sim com o aprofundamen- to, a abrangência e a diversidade no processo de compreensão de um grupo social, uma organização, uma instituição, uma política ou uma representação. Como foi estudado, não será usado um critério nu- mérico, embora seja necessário justificar a delimi- tação da multiplicidade de respondentes que serão entrevistados. (MINAYO, 2017). Análise dos dados de uma pesquisa qualitativa Analisar os dados de uma pesquisa qualitativa sig- nifica analisar os conteúdos obtidos na pesquisa, buscando nos textos os significados que fazem sentido para responder os objetivos da pesquisa� Independentemente da metodologia que foi utiliza- da, os dados brutos podem ser textos ou imagens (fotos, vídeos e sons). A forma de texto (resultado das transcrições de entrevistas) é a mais utilizada; 32 e é feita por meio da análise de conteúdo que pode estar em formato estruturado ou semiestruturado, dependendo de como foi montado e conduzido o questionário de pesquisa. (VIRGILLITO, 2010) Na análise dos dados de uma pesquisa qualitativa, um pesquisador procurará nos textos evidências de informações que possam responder a determinadas perguntas de pesquisa� Como exemplo, usemos uma pesquisa feita para um supermercado que quer res- ponder a duas questões: 1ª) quais os novos serviços demandados por clientes? 2ª) qual a impressão atual que os clientes têm das lojas desse supermercado? O supermercado quer respostas segmentadas por gênero e faixa etária, e decidiu que a coleta de dados será feita por meio de discussões em grupo para as faixas etárias selecionadas, e de entrevistas semies- truturadas com clientes selecionados aleatoriamente� (VIRGILLITO, 2010) 33 Gosto muito, não saio daqui, me sinto em casa� Uso especialmente a seção de orgânicos que é ótima� O espaço é muito bom, aconchegante, limpo e bem decorado� A seção de comida orgânica é muito boa, tem muita variedade e preços justos� Impressões positivas Necessidades de novos serviços Eu adoraria que ficasse aberto até às 23:00hs� Faz falta um serviço de manicure� Falta espaço no estacionamento� Pergunta: De forma geral o que você acha de nossas lojas? Resposta: Gosto muito, não saio daqui, me sinto em casa� Uso especialmente a selção de orgânicos que é ótima� Desde que eu iniciei meu regime tomo cuidado com o que como� Pergunta: Quais serviços adicionais você gostaria de ter à disposição nas lojas? Resposta: Eu adoraria que ficasseaberto até às 23:00hs� Faz falta um serviço de manicure� Pergunta: Gostaria de saber quais aspectos positivos ou negativos que vocês vem no supermercado? Vera: O espaço é muito bom, aconchegante, limpo e bem decorado� Rosa: A seção de importados� Pedro: O espaço também� Mauro: A seção de comida orgânica é muito boa, tem muita variedade e preços justos� Falta espaço no estacionamento� Figura 3: Exemplo de codificação de dados textuais. Fonte: Virgillito, 2010. Todos os diálogos foram gravados e transcritos, gerando um arquivo de texto. O pesquisador lê os textos marcando trechos que trazem as informações procuradas, separando informações e reagrupando, segundo o tipo de informação, como pode ser ob- servado na figura 3. Todo esse processo pode ser feito usando a função “cortar/colar” em um editor de texto� Dependendo da metodologia utilizada, a codificação pode ser feita de várias formas com a 34 criação de grupos, por exemplo: impressões positivas relacionadas aos produtos do grupo de homens aci- ma de 30 anos, impressões negativas relacionadas às lojas do grupo de mulheres acima de 20 anos, novos serviços do grupo de mulheres acima de 40, etc. (VIRGILLITO, 2010) 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma pesquisa qualitativa é a melhor opção para res- ponder um problema de pesquisa? Se sim, qual é a metodologia mais adequada? O que você escolheria, uma entrevista em profundidade, uma discussão em grupo, um estudo de caso ou uma pesquisa etnográ- fica? Todas elas podem ser adequadas ou inadequa- das, têm vantagens e desvantagens, complexidades diferentes, e seus custos e tempos de execução va- riam. Para decidir, é necessário ter clareza sobre o problema que se quer resolver, e só então decidir. Talvez respostas simples, como sim ou não, gosto ou não gosto sejam suficientes para a empresa e, nesse caso, uma pesquisa quantitativa atenderá o objetivo� No entanto, se as perguntas da empresa começam com como, por que e o que, então a pes- quisa qualitativa é a recomendada� 36 SÍNTESE O processo de amostragem para uma pesquisa qualitativa e análise de dados por meio da análise de conteúdo. Pesquisa qualitativa: entrevista em profundidade, grupo focal, estudo de caso e etnografia PESQUISA E PLANO DE MARKETING • a entrevista em profundidade; • as discussões em grupo; • os estudos de caso; • a pesquisa etnográfica. Um modelo de questionário para entrevista, bem como sugestões sobre o processo de execução de uma entrevista em profundidade. Quatro tipos diferentes de pesquisas qualitativas que podem ser usados na condução de uma pesquisa: O que é uma pesquisa qualitativa, seus conceitos e aplicabilidade. Referências Bibliográficas & Consultadas CAMPOMAR, M. C.; IKEDA, A. A. O planejamento de marketing e a confecção de planos: dos con- ceitos a um novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2006. [Minha Biblioteca] CHURCHILL, G. A.; BROWN, T. J.; SUTER, T. A. Pesquisa básica de marketing. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011� [Minha Biblioteca] CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. [Minha Biblioteca] GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fun- damentais. RAE – Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 35, n.3, pp. 20-29, Mai/ Jun, 1995. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/rae/v35n3/a04v35n3.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019. LAS CASAS, A. L. Plano de marketing para micro e pequena empresa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. [Minha Biblioteca] MCDANIEL, C. D.; GATES, R. Fundamentos de pesquisa de marketing. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. [Minha Biblioteca] MALHOTRA, N. K. 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Disponível em: https://revistafae.fae. edu/revistafae/article/viewFile/288/195� Acesso em: 23 nov� 2019� VIRGILLITO, S. B. et al� Pesquisa de Marketing: uma abordagem quantitativa e qualitativa� 2� ed� São Paulo: Saraiva, 2010. YASUDA, A.; OLIVEIRA, D. M. T. Pesquisa de ma- rketing: guia para a prática de pesquisa de mer- cado. São Paulo: Cengage Learning, 2012. [Minha Biblioteca] YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e méto- dos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. INTRODUÇÃO PESQUISA QUALITATIVA Conceitos e definições Metodologias em pesquisa qualitativa Elaboração de questionário semiestruturado Execução de uma entrevista Definição da amostragem Análise dos dados de uma pesquisa qualitativa CONSIDERAÇÕES FINAIS SÍNTESE