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240 973. Os negros, tanto homens como mulheres, acor- riam todos para me ver se se tratava de uma grande ma- ravilha, pois parecia-lhes muito extraordinário estarem perante um cristão, de que nunca tinham ouvido falar. Não se espantavam menos com a brancura da minha pele e das minhas roupas, que lhes causaram grande admiração. [...] Alguns mexiam-me nas mãos e friccio- navam-me os braços com saliva, para ver se a minha brancura provinha de qualquer pintura ou se a carne era mesmo assim. Quando verificavam isso ficavam muito espantados. [...] CADAMOSTO. Relação das viagens à costa ocidental da África. 1455-1457 Nos relatos europeus sobre as terras e os povos da África, durante as Grandes Navegações, ficam flagran- tes as pretensões europeias de superioridade civiliza- cional. Nesse depoimento, em especial, o eurocen- trismo se revela na(o)(s) a) euforia catequética sobre os povos contatados. b) vestes mais ornamentadas usadas pelos europeus. c) espanto europeu diante da negritude dos povos africanos d) imposição de feitorias e na realização do tráfico negreiro. e) perspectiva cristã e racista dos navegadores europeus. 974. O PERIGO DE CLASSIFICAR OS BRASILEIROS POR RAÇAS Os geneticistas acreditam que a diferenciação no tom de pele ocorreu nos últimos 20 mil anos, fruto dos pro- cessos de adaptação do ser humano originalmente ne- gro, saído da África, às diferentes pressões climáticas de outras áreas do globo. O Brasil, que tinha o privilégio de ser oficialmente cego em relação à cor da pele de seus habitantes, infelizmente corre o risco de ser mer- gulhado no ódio racial por causa das ações afirmativas e das políticas de cotas raciais. VEJA, ed. 2011, 06 jun. 2007 A citação da “cegueira em relação à cor da pele” consi- derada pelo autor um atributo ameaçado de nosso país, é uma referência ao conceito sociológico de a) darwinismo social, que defende a superioridade de uma raça sobre a outra, a partir do critério distintivo da cor da pele. b) ações afirmativas, que defendem a necessidade de im- plementar políticas de auxílio às minorias sociais e raciais. c) miscigenação, que acredita ser o Brasil um país singular, dada sua tríplice matriz étnico-racial: europeia, africana e ameríndia. d) democracia racial, que afirma que todas as raças e etnias brasileiras se encontram em estado de igualdade e harmo- nia. e) nacionalismo, que defende a tese de que o Brasil é uma experiência étnica única, em função de sua histórica mis- tura racial. 975. Bantos do sul e sudaneses do centro-oeste afri- cano abasteceram o brasil, incorporando-o à explora- ção colonial, fazendo primeiro de Salvador e depois do Rio de Janeiro os principais centro importadores. O trá- fico negreiro transferiu milhões de africanos para a América entre os séculos XVI e XIX, configurando uma atividade extremamente lucrativa, que enriqueceu os setores burgueses metropolitanos, notadamente os de Portugal e Inglaterra. De acordo com o mapa, o tráfico negreiro internacional caracterizou-se pela(o) a) envio de indivíduos de diversas partes da África (ociden- tal, central e oriental) às várias colônias europeias na Amé- rica. b) deslocamento de bantos e sudaneses apenas para a América do Sul, já que nas Treze Colônias havia a reprodu- ção de escravos locais. c) desconexão com a América Espanhola, que não recebeu escravos negros, uma vez que recorreu à exploração em massa dos nativos. d) atuação dos ingleses como principais traficantes de es- cravos, pois controlavam as rotas mais importantes no Atlântico sul. TEXTO PARA AS QUESTÕES 976 E 977 Os africanos não escravizavam africanos, nem se reco- nheciam então como africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um grupo que falava a mesma língua, ti- nha os mesmos costumes e adorava os mesmos deu- ses. (...) Quando um chefe (...) entregava a um navio eu- ropeu um grupo de cativos, não estava vendendo afri- canos nem negros, mas (...) uma gente que, por ser con- siderada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravi- zada.(...) O comércio transatlântico (...) fazia parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e ou- tros bens tropicais, um processo no qual a Europa en- trava com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho, isto é, com a mão de obra cativa. (Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.) 976. (UNESP) Ao caracterizar a “integração econômica do Atlântico”, o texto a) destaca os diferentes papéis representados por africa- nos, europeus e americanos na constituição de um novo es- paço de produção e circulação de mercadorias. b) reconhece que europeus, africanos e americanos se be- neficiaram igualmente das relações comerciais estabeleci- das através do Oceano Atlântico.