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TEORIA DA CONTABILIDADE Me. Roberto Kupper Jorge GUIA DA DISCIPLINA 1 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PREFÁCIO AO CURSO "Uma caneta é mais poderosa que a espada, mas não é páreo para o contador", de Jonathan Glancey. A contabilidade é uma das atividades mais antigas praticadas pelo homem, desde que este começou a adquirir e estocar bens, foi preciso elaborar um método de registro e controle desse patrimônio, eis que começa a nascer a contabilidade. Enquanto a economia ainda era primitiva e focada no escambo, apenas o registro de bens era feito, porém, com desenvolvimento dos sistemas de troca e da própria economia, os bens passam a ser expressos em uma medida de valor universal: a moeda. Assim, a contabilidade evolui para o registro e controle do patrimônio por meio do registro desses valores. Com o advento do crédito, que adiciona o fator tempo ao dinheiro, nascem os passivos, aumentando a complexidade da contabilidade. Veremos nesse curso as origens dessa ciência, seus objetivos, princípios e doutrinas. Algumas de suas escolas e métodos de utilização. Conceitos base como Ativo e Passivo, Patrimônio e Patrimônio Líquido, assim como, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas serão delineados também. Abordaremos as regras básicas que regem a contabilidade atual, levando em consideração o movimento global de padronização das normas e práticas contábeis. Boa leitura e bons estudos! 2 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. AS ORIGENS E CONCEITUAÇÃO DA CONTABILIDADE Objetivo Apresentar um breve histórico da contabilidade e conceituá-la. História e Evolução Nunca se pode realmente entender um assunto, a menos que se saiba sua origem e evolução histórica, portanto, vamos fazer um breve histórico da contabilidade e como ela evoluiu. 1.1. Sistema de contabilidade de entrada única A contabilidade é tão antiga quanto as transações financeiras. Assim que o crédito foi inventado, os humanos começaram a usar a contabilidade para simplificar suas vidas. Como esperado, o sistema de contabilidade mais antigo utilizava a contabilidade de entrada única. Essa é a forma mais intuitiva de contabilidade, mas também é incompleta. Registros foram encontrados em tabletes de argila na Mesopotâmia antiga que mostram a existência de contabilidade de entrada única naquele tempo. 1.2. Sistema Bahi-Khata Antes da ascensão do comércio europeu na Idade Média, a Índia era o principal centro de comércio movimentado, assim, a atividade comercial e os comerciantes indianos tinham sistemas contábeis muito avançados naquela época. Esses sistemas foram chamados de sistema Bahi Khata. Há rumores de que os ocidentais projetaram o sistema de dupla entrada baseado nos princípios do sistema de Bahi Khata. O sistema, usado até hoje por comerciantes indianos, é comumente chamado de sistema de entrada única em todos os livros-texto padrão, o Bahi-Khata faz uma dupla entrada para todas as transações que afetam contas reais ou pessoais. Essas transações são primeiramente registradas no rokad-bahi (livro caixa) e, em seguida, postadas no khata- bahi (livro-razão). O sistema também usa o conceito de naam (débito) e jamaa (crédito) para manter os livros. Daí a assunção de que a contabilidade moderna tem raízes nesse sistema. 3 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.3. Comerciantes de Veneza O berço da contabilidade moderna ocidental é Veneza. Na Idade Média, Veneza era um centro de comércio e atividade comercial. Os comerciantes tinham negócios gigantescos e estavam lutando para administrar essas corporações com eficiência. Foi então que Luca Pacioli desenvolveu o sistema contábil de dupla entrada. Ainda há debate sobre se ele o desenvolveu ou melhorou e disponibilizou para os comerciantes. No entanto, Luca Pacioli é considerado o "pai da contabilidade moderna". 1.4. Companhias de Carta (do inglês chartered company) Na era do colonialismo, as companhias de carta ou majestáticas eram comuns, por exemplo a CIA das Índias Orientais e Ocidentais. Os governos concediam à certas empresas os direitos exclusivos exploração e comércio com certas colônias. Os cidadãos foram incentivados a investir nessas empresas. As ações de algumas dessas empresas haviam pago dividendos elevados e, portanto, era comum investir nessas empresas. No entanto, o desempenho de tais empresas teve que ser reportado aos acionistas periodicamente. Portanto, os sistemas contábeis foram desenvolvidos. Eles agora estavam fornecendo informações para acionistas externos além de fornecer informações para a administração interna. São os primóridos das demonstrações financeiras. 1.5. Contabilidade Moderna As empresas licenciadas há muito desapareceram. O mundo é agora um mercado livre repleto das chamadas sociedades anônimas (S/A). Mas ainda é necessário fornecer informações aos acionistas externos sobre a condução das operações. A contabilidade, portanto, foi desenvolvida e é altamente regulamentada na maioria dos países, repleta de normas que visam padronizar a evidenciação das informações financeiras das empresas aos seus investidores e proprietários, assim como, para órgãos regulamentadores e fiscalizadores. A contabilidade nasce, portanto, como um método de inventário, uma forma de registro das posses. Com a evolução da economia passa a registrar Ativos e Passivos, bens e direitos em moeda corrente. Assim, torna-se um método de registro e controle do Patrimônio de uma entidade física ou jurídica. 4 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.6. Objetivos da Contabilidade A Contabilidade ajuda a empresa a alcançar uma vasta gama de objetivos. Aqui está a lista de objetivos que a contabilidade ajuda a empresa a obter. 1.6.1. Registro permanente (Histórico) Qualquer empresa de negócios precisa de um registro permanente histórico das suas transações financeiras. Esses registros podem ser necessários para fins internos (Decisões de Investimento, Planejamento e Estratégia), externos (Prestação de Contas aos sócios/acionistas, Órgãos Fiscalizadores do mercado financeiro ou evidenciação de informações financeiras à Instituições Financeiras, Credores ou Fornecedores) ou, para fins de tributação (Fiscalização dos governos). A Contabilidade serve, portanto, a essa função. Sempre que há uma movimentação de qualquer recurso com valor monetário dentro da empresa ou fora dela, um registro é feito. Este registro permanente é mantido por anos e pode ser recuperado como e quando necessário. 1.6.2. Medição do Resultado (Aferição ou Apuração) Uma empresa pode realizar inúmeras transações todos os dias, em algumas dessas transações ela vai ter gastos e em outras ganhos, a diferença entre essas transações (O saldo) poderá resultar em lucro ou prejuízo, portanto, o efeito de todas essas transações precisa ser agregado e calculado ao longo de um período de tempo, para se saber com exatidão se as atividades da empresa, ao término de um determinado período resultaram em aumento ou redução de seu patrimônio (Lucro ou Prejuízo), pois, afinal de contas, o objetivo primordial de todo tipo de empreendimento capitalista é lucrar, ou seja, aumentar seu patrimônio. Devem haver relatórios diários, semanais e mensais que forneçam informações para a organização sobre o desempenho de suas atividades. A Contabilidade serve a este propósito, registrando dados financeiros e organizando-os em demonstrações financeiras periódicas que ajudam a empresa a ajustar suas operações em conformidade. 5 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.6.3. Credibilidade (Prestação de Contas) As empresas precisam de recursoscapital social passa ser considerada Economia Mista, devendo ser, obrigatoriamente, uma Sociedade Anônima (na qual o poder público deve reter a maioria das ações com direito a voto), e logo, obedecer ambas as regras contábeis (Contabilidade Societária e Pública), pode ter caráter fechado ou aberto. 4.2. Teoria Descritiva (Positiva) e prescritiva (Normativa) A contabilidade é a linguagem das finanças, dando aos gerentes e investidores um sistema padronizado para apresentar as finanças de uma empresa de maneira transparente, consistente e informativa. Todas as diferentes regras contábeis não são arbitrárias ou ocorrem naturalmente. 14 Mas estão su je i tas a p re ju ízos, que , poster iormente, podem vi r a jus t i f icar sua ext inç ão ou reformulação. 15 Recentemente reg ida pela Le i Federa l 13 .303/16 37 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os sistemas contábeis de hoje são o resultado de aplicações cuidadosamente construídas de teorias que buscam encontrar os melhores e mais economicamente precisos métodos para representar o desempenho de uma empresa. As mais utilizadas teorias são a contabilidade positiva e a contabilidade normativa. 4.3. Contabilidade positiva ou Descritiva Na teoria contábil positiva, os acadêmicos vêem uma empresa como o total dos contratos que firmaram. A teoria postula que, porque as empresas são fundamentalmente sobre os contratos que ditam seus negócios, um fator central do sucesso da empresa é a eficiência. Isso significa minimizar os custos de seus contratos para liberar o máximo de valor deles. A partir dessa base, a contabilidade positiva examina as ocorrências da vida real e procura compreender e, então, prever como as empresas reais tratam do tratamento contábil dessas transações. Em outras palavras, a teoria contábil positiva examina as transações e eventos reais do mundo real, examina como as empresas estão contabilizando esses eventos e busca compreender as consequências econômicas dessas decisões contábeis. Com esse conhecimento, a teoria tenta prever como as empresas serão responsáveis por transações e eventos no futuro. A teoria contábil positiva e as práticas contábeis derivadas dela são objetivas e baseadas em fatos. A contabilidade positiva foca a análise das estatísticas econômicas e dos dados disponíveis, e extrai conclusões com base nesses números. Por exemplo, se o crescimento corporativo permitir que uma empresa aumente os dividendos dos acionistas em relação a pagamentos de dividendos anteriores, a teoria contábil positiva concluiria que o crescimento corporativo causará um aumento nos dividendos dos acionistas. A maior parte da contabilidade e coleta de dados envolvida na contabilidade está relacionada à teoria econômica positiva, é dessa linha teórica que nascem os princípios e doutrinas contábeis mais básicas, como, por exemplo, o registro do valor com base no custo. 4.4. Contabilidade Normativa ou Prescritiva A contabilidade normativa, por outro lado, adota uma abordagem fundamentalmente diferente. Em vez de olhar para o que já está acontecendo nas empresas hoje, a teoria 38 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contábil normativa diz aos formuladores de políticas contábeis o que deve ser feito com base em um princípio teórico. Logicamente, normativo é mais um processo dedutivo do que a teoria contábil positiva. A normativa começa com a teoria e deduz-se a políticas específicas, enquanto a positiva começa com políticas específicas e se generaliza aos princípios de nível superior. Por exemplo, muitos títulos financeiros obscuros detidos por bancos antes da crise financeira foram contabilizados de maneira similar a imóveis e outros ativos comuns, por conta do princípio do custo como base de valor. Consequentemente, esses ativos não foram reavaliados e contabilizados pelos valores atuais de mercado. No entanto, isso mudou após a crise financeira de 2007, quando o mercado para esses ativos secou, e as políticas contábeis foram alteradas para exigir que esses ativos fossem "marcados a mercado" - ou seja, reavaliados - em cada demonstração financeira. Isso criou novos ganhos e perdas não realizados para os bancos, que provaram ser um dos principais impulsionadores de lucros e perdas. Esta foi uma grande mudança na política contábil, impulsionada por um princípio, não pelo tratamento contábil vigente nos bancos que possuem esses ativos. E demonstrou a grande fraqueza da lógica positivista, o conceito de custo como base de valor, uma vez que essa doutrina não leva em conta situações adversas ou excepcionais como Doações ou Aquisições com valor distorcido da realidade, situações em que o Custo como base de valor é ineficiente. Assim, a teoria normativa é subjetiva e tem como objetivo descrever qual deve ser o futuro econômico de uma empresa ou investidor. Como resultado, a prática contábil normativa é uma forma de julgamento de valor que pode introduzir a moralidade subjetiva na contabilidade. Por exemplo, se uma empresa que aumentasse os pagamentos de dividendos pudesse usar alguns desses fundos para melhorar as medidas de sustentabilidade corporativa, uma declaração contábil normativa indicaria quanto dinheiro deveria ser investido nessas medidas para sustentar o crescimento corporativo. A contabilidade normativa também lida com eventos futuros em vez de dados passados, que é o domínio de práticas contábeis positivas. 39 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4.5. Vantagens e desvantagens de ambas as teorias A desvantagem da teoria contábil positiva é ilustrada no exemplo da contabilidade normativa acima. Os bancos estavam contabilizando títulos financeiros de uma forma que ocultava mudanças materiais em seu valor que eram pertinentes à operação do banco. Essa mudança de valor era pertinente às finanças das empresas e as práticas do dia-a-dia não apresentavam mais uma representação precisa da posição financeira da empresa. O desafio para os seguidores normativos, por outro lado, é estabelecer qual princípio de contabilidade deve ser aplicado a cada situação. Quando um contrato é assinado, os rendimentos e custos desse contrato devem ser reconhecidos imediatamente, incrementalmente ao longo do tempo, ou como uma quantia total no futuro? Dependendo do contrato, da empresa e dos bens ou serviços fornecidos, a resposta poderia ser qualquer um dos três, ou qualquer número de combinações de cada um. Desta forma, as duas teorias se complementam, cada uma preenchendo as fraquezas do outro. A contabilidade positiva é muito prática e baseada no que realmente está acontecendo. A normativa é mais teórica, garantindo que, à medida que as práticas do dia-a-dia evoluem, elas não divergem de conceitos econômicos apropriados. O resultado é o sistema contábil que temos hoje, tanto prático quanto baseado em princípios. Lei 6.404/1976 Lei 11.638/2007 Lei 11.941/2009 www.cfc.org.br Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense 40 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. QUALITATIVO E QUANTITATIVO Objetivo Ampliar os conceitos abordados até agora mediante a discussão do caráter Qualitativo e Quantitativo que a informação contábil carrega. 5.1. Quantitativo X Qualitativo nas Demonstrações Contábeis Se você quiser obter uma imagem mais completa de como os gastos estão afetando os lucrosanalisar os relatórios financeiros contábeis deve ir além de olhar para números linha a linha. Apenas analisar se uma despesa tem relação direta com geração de receita não significa que não seja um gasto necessário. Da mesma forma, só porque determinados gastos, convencionalmente, aumentam as vendas, não significa que proporcionem o melhor retorno sobre o investimento. Os proprietários de empresas devem usar as informações contábeis para conduzir uma análise financeira das operações de suas empresas. A informação contábil geralmente possui características quantitativas e qualitativas. As características quantitativas referem- se ao cálculo de transações financeiras. As características qualitativas incluem a importância percebida pelo proprietário do negócio da informação financeira. Os proprietários de empresas geralmente exigem informações financeiras quando tomam decisões de negócios. Informações incorretas ou inadequadas podem dificultar a tomada de decisões ou fazer com que os proprietários de empresas façam avaliações incorretas sobre suas empresas. É mediante essa análise dos impactos das atividades da empresa e, usando os aspectos quantitativos e qualitativos dos dados financeiros, que vão ajudar na tomada de melhores decisões de gerenciamento. Segundo as normas publicadas pelo CFC (2018): Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. 41 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Assim, quando falamos em “máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às “máquinas” como categoria, mas, dependendo das necessidades de controle poderá descer a cada máquina em particular e, mais ainda, aos seus pormenores de forma que sua caracterização evite a confusão com quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico. Dados financeiros qualitativos ajudam a determinar o impacto intangível de diferentes transações em seus negócios. Por exemplo, você pode gastar dinheiro em uma atividade de atendimento ao cliente que não aumenta suas vendas, mas mantém seus clientes satisfeitos o suficiente para que você não perca vendas. Patrocinar uma liga de esportes para jovens pode não aumentar a receita, mas pode melhorar sua marca e boa vontade, o que pode fortalecer seu balanço. O goodwill é um ativo que aumenta o valor de venda do seu negócio. Talvez você nunca consiga calcular um retorno exato do seu gasto com programas de bem-estar e moral dos recursos humanos, mas as projeções qualitativas podem ajudá-lo a determinar se os aumentos na produtividade, eficiência, retenção de funcionários e moral valem esse gasto. O CFC (2018) define que: O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados. Os dados financeiros quantitativos incluem números que você pode medir, como receita, despesas, margens de lucro e impostos. Você pode dividir esses números para quantificar ainda mais as áreas do seu desempenho financeiro. Por exemplo, você pode dividir suas despesas em custos de produção e custos indiretos para ver quanto custa produzir seu produto e administrar sua empresa. Conhecer suas margens de lucro pode ajudá-lo a projetar quais serão seus lucros brutos se aumentar ou diminuir seus preços e aumentar ou diminuir seus volumes de vendas. Quando você pode atribuir um aumento de receita em dólares a uma despesa específica, pode calcular o retorno desse investimento. 42 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Diante dessas definições dadas pelo CFC, o CPC define em suas normas as características qualitativas esperadas das informações contábeis, notem que algumas se assemelham – não por coincidência – com alguns dos princípios e doutrinas da contabilidade (CPC, 2018). Compreensibilidade: A informação apresentada em demonstrações contábeis deve ser apresentada de modo a torná-la compreensível por usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e de contabilidade, e a disposição de estudar a informação com razoável diligência. Entretanto, a necessidade por compreensibilidade não permite que informações relevantes sejam omitidas com a justificativa que possam ser de entendimento difícil demais para alguns usuários. Em outras palavras: as Informações contábeis devem ser de fácil compreensão para seus usuários. Esta é uma característica qualitativa importante para os pequenos empresários. Muitos proprietários de pequenas empresas não possuem um sólido histórico contábil. Informações financeiras que são muito técnicas ou não podem ser entendidas por um leigo podem ser ineficazes para os proprietários de empresas. Proprietários de pequenas empresas costumam usar contadores profissionais para completar várias funções de contabilidade. Os proprietários de empresas devem escolher um contador que possa preparar informações de maneira facilmente compreensível. Relevância: A informação fornecida em demonstrações contábeis deve ser relevante para as necessidades de decisão dos usuários. A informação tem a qualidade da relevância quando é capaz de influenciar as decisões econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes e futuros ou confirmando, ou corrigindo, suas avaliações passadas. Em outras palavras: Os proprietários de empresas precisam de informações contábeis que sejam aplicáveis à decisão comercial em questão. Eles podem solicitar demonstrativos financeiros, cronogramas contábeis, reconciliações ou análises de custo-benefício. Por exemplo, os relatórios de alocação de custos podem não fornecer informações suficientes para os proprietários de empresas que devem tomar uma decisão sobre a contratação de funcionários. A alocação de custos geralmente se refere à aplicação de custos de negócios a bens ou serviços produzidos pela empresa, que tem muito pouco a ver com recursos humanos. Os proprietários de empresas devem solicitar e revisar cuidadosamente as informações contábeis para garantir que forneçam as informações mais úteis para o processo de tomada de decisão. 43 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Materialidade: A informação é material – e, portanto, tem relevância – se sua omissão ou erro puder influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou imprecisão julgada nas circunstâncias de sua omissão ou erro. Entretanto, é inapropriado fazer, ou deixar sem corrigir, desvios insignificantes das práticas contábeis para se atingir determinada apresentação da posição patrimonial e financeira (balanço patrimonial) da entidade, seu desempenho (resultado e resultado abrangente) ou fluxos de caixa. Confiabilidade: A informação fornecida nas demonstrações contábeis deve ser confiável. A informação é confiável quando está livre de desvio substancial e viés, e representa adequadamente aquilo que tem a pretensão de representar ou seria razoável de se esperar que representasse. Demonstrações contábeis não estão livres de viés (ou seja, não são neutras) se, por meio da seleção ou apresentação da informação, elas são destinadas a influenciar uma decisão ou julgamentopelo departamento de contabilidade interna de uma empresa e revisado por uma empresa de contabilidade pública. Pequenas empresas geralmente têm significativamente menos informações financeiras registradas durante o processo de contabilidade. No entanto, os proprietários de empresas geralmente revisam essas informações financeiras para determinar o desempenho de seus negócios. As informações contábeis também podem fornecer informações sobre o crescimento ou a expansão das operações comerciais atuais. 5.2.1. Gerenciamento de desempenho Um uso comum de informações contábeis é medir o desempenho de várias operações de negócios. Embora as demonstrações contábeis sejam a ferramenta clássica de informações contábeis usada para avaliar as operações de negócios, os proprietários de negócios podem conduzir uma análise mais detalhada dessas informações ao revisar as operações de negócios. Os índices financeiros usam as informações contábeis divulgadas nas demonstrações financeiras e os dividem em indicadores antecedentes. Esses indicadores podem ser comparados a outras empresas no ambiente de negócios ou a um padrão do setor. Isso ajuda os proprietários de empresas a entenderem o desempenho de suas empresas em comparação com outros negócios estabelecidos. 47 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5.2.2. Criar orçamentos Os proprietários de empresas costumam usar informações contábeis para criar orçamentos para suas empresas. As informações históricas de contabilidade financeira fornecem aos proprietários de empresas uma análise detalhada de como suas empresas gastaram dinheiro em determinadas funções de negócios. Os proprietários de empresas geralmente usam essas informações contábeis e desenvolvem orçamentos futuros para garantir que tenham um roteiro financeiro para seus negócios. Esses orçamentos também podem ser ajustados com base nas informações contábeis atuais para garantir que o proprietário de uma empresa não restrinja os gastos em recursos econômicos críticos. 5.2.3. Decisões Empresariais Informações contábeis são comumente usadas para tomar decisões de negócios. As decisões podem incluir a expansão das operações atuais, o uso de diferentes recursos econômicos, a compra de novos equipamentos ou instalações, a estimativa de vendas futuras ou a revisão de novas oportunidades de negócios. As informações contábeis geralmente fornecem aos proprietários de empresas informações sobre o custo de vários recursos ou operações de negócios. Esses custos podem ser comparados ao rendimento potencial de novas oportunidades durante o processo de análise financeira. Esse processo ajuda os proprietários de negócios a entender como as operações comerciais atuais serão afetadas ao expandir ou expandir seus negócios. Oportunidades com baixo potencial de renda e altos custos são frequentemente rejeitadas pelos empresários. 5.2.4. Decisões de Investimento As partes interessadas externas às empresas geralmente usam informações contábeis para tomar decisões de investimento. Bancos, credores, capitalistas de risco ou investidores privados frequentemente revisam as informações contábeis de uma empresa para revisar sua saúde financeira e rentabilidade operacional. Isso fornece informações sobre se uma pequena empresa é ou não uma decisão sábia de investimento. Muitas pequenas empresas precisam de financiamento externo para iniciar ou crescer. A incapacidade de fornecer informações contábeis a credores externos ou investidores pode limitar severamente as oportunidades de financiamento para uma pequena empresa. Embora as decisões de negócios devam ser orientadas por dados e geralmente envolvam a consideração de informações financeiras quantitativas, isso não significa que as informações qualitativas também não sejam importantes. O objetivo da contabilidade 48 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância gerencial é fornecer informações relevantes para a tomada de decisões. Ao entender os fatores qualitativos que devem ser examinados ao tomar decisões contábeis gerenciais, você pode garantir que sua pequena empresa esteja considerando todas as ramificações das decisões de negócios. 5.2.5. Reputação Externa Os proprietários de pequenas empresas devem estar cientes de como as decisões baseadas em contabilidade gerencial afetam a reputação externa da empresa. Muitas vezes, a análise quantitativa sugere uma escolha clara entre duas alternativas de decisão. No entanto, esse tipo de análise nem sempre leva em conta todos os fatores. Por exemplo, uma empresa de manufatura pode considerar a terceirização da montagem de peças eletrônicas no exterior. Ao examinar as declarações de renda projetadas que descrevem os efeitos quantitativos da mudança mostra aumento da lucratividade, a análise é incapaz de levar em consideração a repercussão do consumidor relacionada à mudança de empregos para fora de seu país. 5.2.6. Relações de trabalho Quase qualquer análise quantitativa demonstrará que gastar menos dinheiro com funcionários aumenta os lucros. No entanto, isso pode ser míope. A análise quantitativa geralmente não leva em consideração a importância de relações saudáveis com sua força de trabalho. Por exemplo, uma empresa pode decidir que, para economizar nos custos, interromperá um bônus anual de férias oferecido nos últimos 20 anos. Embora não haja dúvidas de que isso reduzirá os custos, pode ser percebido pelos funcionários como antagônico ou sem coração. Proprietários de pequenas empresas podem considerar outras maneiras de cortar custos. Nesse caso, talvez seja melhor reduzir os aumentos salariais anuais em uma fração de um por cento ou reduzir o bônus em vez de eliminá-lo. 5.2.7. Efeitos do Credor Embora a maioria dos dados contábeis gerenciais não seja divulgada ao público, informações qualitativas sobre as operações de uma empresa podem ser inadvertidamente reveladas aos credores. Isso inclui a abertura e fechamento de fábricas e lojas de varejo, informações de rotatividade da administração e rumores sobre novos produtos. Em muitos casos, é difícil prever o efeito que a informação qualitativa tem na percepção do credor sobre a empresa. A melhor aposta de um dono pode ser reconhecer que algum efeito 49 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ocorrerá e será aberto com terceiros se informações qualitativas prejudiciais forem reveladas. 5.2.8. Qualidade Na maioria dos casos, a informação quantitativa deixa de fornecer informações sobre a qualidade. As empresas, que buscam reduzir custos de maneira inteligente, devem ser cautelosas para evitar sacrificar o benefício de longo prazo de estarem associadas a produtos e serviços de qualidade para o benefício quantitativo de curto prazo de cortar custos. Por exemplo, um fabricante de roupas pode fornecer jeans mais finos e de menor custo para uso na fabricação de jeans. Mesmo que a empresa seja capaz de repassar parte dessa economia para os consumidores, a associação com produtos de menor qualidade pode ser prejudicial para a empresa Criando o balanço certo Use suas demonstrações financeiras para fornecer uma combinação de dados qualitativos e quantitativos para ajudá-lo a tomar as melhores decisões para sua empresa. As demonstrações financeiras quantitativas permitem que você comece com os resultados finais de seus esforços de gerenciamento, como despesas, receitas e o percentual e retornos brutos de seu investimento. Os dados financeiros qualitativos ajudarão você a determinar se as atividades nas quais está gastando dinheiro valem os custos de oportunidade em que incorrem. Por exemplo, os varejistas costumam usar os líderes de perdas, que são produtos ou serviços que vendem com pouca perda para conseguir clientes na porta.Esses clientes são visitantes iniciantes que se transformam em compradores de longo prazo ou clientes regulares que compram itens adicionais quando estão na loja. Um demonstrativo financeiro quantitativo mostrará que você perdeu dinheiro vendendo esses itens de perda. Lei 6.404/1976 Lei 11.638/2007 Lei 11.941/2009 www.cfc.org.br www.cpc.org.br 50 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. 51 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTABILÍSTICO Objetivo Aprofundar o debate acerca da evolução do pensamento contábil e destacar suas principais escolas teóricas, que servem de base para o arcabouço teórico que hoje prevalece nos princípios, doutrinas e normativas. 6.1. As escolas de pensamento contabilístico: resumo A base teórica da contabilidade moderna, como já vimos na primeira aula, nasce em Veneza na Itália no final do século XV com o Frei Luca Pacioli. Porém, o período em que definiu a atual teoria contábil se dá a partir dos anos 1920, principalmente, após a crise financeira nos EUA em 1929, mas essas bases teóricas tem uma origem mais antiga. Em resumo, a teoria contábil moderna nasce de 4 linhas teóricas europeias que, posteriormente, são consolidadas nos EUA. Em suma elas são: Teoria Personalista: desenvolvida na Itália e, paralelamente, na França e Alemanha, estabelece que as contas representam responsabilidades de pessoas dentro da entidade e que, estas pessoas devem prestação de contas aos seus administradores. Origem dos conceitos de débito e crédito. Existem diversas variantes que serão expostas no próximo tópico. Teoria Neocontista: Introduz a ideia de que as contas devem refletir a riqueza da empresa, sendo a base teórica da contabilidade moderna. Surge no início do século XX, como uma oposição ao pensamento personalista, focando a contabilidade em avaliação da riqueza patrimonial da entidade, retomando o debate sobre as contas do Ativo, Passivo e as Diferenciais (Contas de resultado). Ela evolui da teoria positivista ou materialista, que será abordada no tópico seguinte. Controlismo: Uma linha teórica decorrente da neocontista, que traz à tona o conceito de contabilidade gerencial e a necessidade de planejamento orçamentário. Discute que a contabilidade é uma ciência do controle econômico sendo responsável por controlar antecipadamente, concomitantemente e subsequentemente. Teoria Patrimonialista: É a teoria atualmente utilizada no Brasil, define que o objeto de estudo da contabilidade é o Patrimônio da entidade, seu dever é apurar 52 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância esse patrimônio e o resultado de suas operações, que por sua vez, geram reflexos no patrimônio. o Essa teoria classifica as contas da seguinte maneira: Contas Patrimoniais: Ativo (Bens e direitos), Passivo (Obrigações com terceiros) e Patrimônio Líquido (Obrigações com Proprietários); Contas de Resultado: contas nas quais figuram as Receitas (Ganhos) e Despesas (Perdas). 6.2. As escolas de pensamento contabilístico: evolução histórica Paralelamente à escola italiana outras teorias surgem, mas não muito semelhantes, quatro categorias de teorias de contas foram desenvolvidas na França e Alemanha: as teorias da personificação, jurídica, materialista e econômica das contas. As origens dessas escolas de pensamento contábeis europeias remontam ao início do século XVI e, como têm longa expectativa de vida, apresentam dentro de si uma grande variedade de visões. Como resultado, dois conceitos que até hoje estão presentes na contabilidade moderna surgiram: 1. Contra-contas (precursor Método das partidas dobradas) 2. Contas analíticas e sintéticas (base de construção de qualquer demonstrativo financeiro: Conta Saldo composta por subcontas) 6.2.1. A Personificação de Contas Já na segunda metade do século XVI, aparecem os primeiros sinais da personificação das contas. A teoria da personificação baseia-se no conceito de débito e crédito por pessoas fictícias. Na metodologia personalista, enfatiza-se que uma conta representa relações pessoais, reivindicações e dívidas de pessoas reais ou fictícias. A personificação de uma conta foi a primeira tentativa de definir e analisar o conteúdo e o papel das contas na vida econômica. Ela tenta explicar os conceitos de saldo devedor e credor das contas contábeis, por meio da ideia de que o responsável pela conta Clientes deve à entidade, enquanto, o responsável pela conta Empréstimos é credor junta a entidade. É por isso que essa teoria foi nomeada de "a teoria clássica". Foi usada no ensino de contabilidade por um longo tempo por causa de sua simplicidade. A personificação facilitou o ensino da contabilidade na França durante os séculos XVIII e XIX. Na Itália, Marchi reviveu a personificação em 1830. Esse dispositivo 53 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância pedagógico fez com que os livros sobre contabilidade, com base científica, se tornassem muito populares entre os contadores da época. 6.2.2. Personificação em um conjunto de contas A exposição em um conjunto de contas pressupunha que uma empresa era uma “pessoa” – precursor da teoria da Entidade – e o gerenciamento de cada ativo e cada passivo atribuído a um gerente em particular. Havia apenas um conjunto de contas - as contas da empresa. A conta de cada gerente foi debitada com o que ele recebeu para (da) empresa e foi creditado com o que ele deu (para) isso. Assim, os gerentes recebiam os ativos da empresa pela qual eram debitados e davam à empresa o capital que recebiam do proprietário-empreendedor e os empréstimos que eram fornecidos pelos credores-credores, pelos quais eram creditados. Por outro lado, os gerentes eram creditados com qualquer ativo que fosse entregue e debitado com o que quer que fosse devolvido ao dono do capital e aos credores-credores. Havia apenas uma regra de postagem - debito aquele que recebe e credita a ele quem dá. O proprietário-empresário era um credor do negócio pelo seu capital integralizado e o lucro, por um lado, e um devedor pelas perdas, por outro. 6.2.3. Personificação em dois conjuntos de contas Nesta versão, as contas incluíam as contas do empreendedor (contas de capital e de ganhos e perdas) e as contas do gestor ou da empresa, e contabilizam as existências de bens e numerário. No primeiro conjunto, os lucros, por serem aumentos de capital, foram creditados ao empreendedor e as perdas debitadas. 6.2.4. Personificação em três conjuntos de contas Os três conjuntos foram: 1. Contas do Capitalista (Comptes du Capitaliste); 2. Contas do Gestor ou dos Valores (Comptes du Gérantou des Valeurs); 3. Contas de Terceiros (Compostos de Negócios ou Correspondentes). 54 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O primeiro incluía as contas de capital e de lucros e perdas, o segundo as contas das coisas e o terceiro, as contas de devedores, credores, agentes, etc. (contas pessoais). 6.2.5. Personificação em quatro conjuntos de contas Este foi inicialmente desenvolvido pelo italiano FrancescoMarchi em 1867 em um confronto crítico com a teoria dos cinco conjuntos de relatos do francês Degrange. Marchi distinguiu quatro contas principais: 1. Conta do Titular; 2. Conta do Agente; 3. Conta do Co-Responsável; 4. Conta do Gestor. A esta metodologia também pertencia a logismografia de Giuseppe Cerboni. Seu objetivo era encontrar um método que facilitasse os controles contábeis mais precisos e rápidos na administração do Tesouro italiano, a fim de permitir orçamentar, bem como receitas e despesas reais a serem registrados em livros de contabilidade. De acordo com essa metodologia, qualquer ação administrativa cria relações de débito e crédito entre pessoas físicas ou jurídicas, como portadoras de direitos e obrigações, sejam elas próprias ou seus agentes que tenham interesse ou atuem em nome da empresa (pensamento presente até hoje na contabilidade, é a regra de equilíbrio do balanço patrimonial, pois toda transação deve gerar um débito e um crédito; um ativo e um passivo). Assim, a logistografia é simultaneamente uma abordagem legalista-administrativa, considerando a entidade econômica “um agente” do ponto de vista das relações jurídicas que surgem das ações dos gestores no que diz respeito à sua administração e terceiros (pessoas). Essas pessoas foram classificadas em quatro categorias: 1. Proprietários: quem eram as pessoas, ou o conjunto de pessoas, a quem pertencia toda e última responsabilidade pelos resultados. 2. Administradores: que foram os que receberam as instruções do proprietário para executar os deveres administrativos. 55 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. Gerentes ou curadores: que eram aqueles a quem o proprietário havia confiado a custódia e administração de valores tangíveis da empresa (por exemplo, caixa, armazenista, etc.)16. 4. Agentes: eram todas pessoas que eram devedores ou credores da empresa. A logismografia de tinha os seguintes três conjuntos de contas: 1. Conta do Proprietário, todas as contas que aumentam ou diminuem o patrimônio (capital do proprietário) e as contas de despesas (salários, despesas gerais, juros, descontos, impostos, etc.); 2. Conta dos Agentes; 3. Conta dos Correspondentes. A primeira conta representava o capital, a segunda e a terceira representavam, juntas, a ação econômica do capital. A conta “agentes” incluía a atividade interna, ou seja, todos os elementos de propriedade em que o capital havia sido convertido, exceto os fixos e atuais. A ideia de apoio aqui era que cada elemento da propriedade era um "agente" da ação econômica do capital. A conta “correspondentes” representava a ação externa, ou seja, as relações de uma empresa com terceiros e essa série de contas mostrava os clientes e fornecedores de uma empresa considerados seus “correspondentes”. 6.2.6. Personificação em cinco conjuntos de contas Os conjuntos aqui eram os cinco meios de troca utilizados como objetos de comércio, entre os quais se incluíam indevidamente lucros e perdas: 1. Bens 2. Dinheiro em espécie 3. Contas a receber 4. Contas a pagar 5. Lucros e perdas (Cinquecontiste School of Accounting). 16 Quando não havia um gerente para cer tas categor ias de bens, ou quando o p rópr io propr ie tár io ou admin is t rador executava as funções de admin is t rador -gerente, então o gerente a inda era cons iderado como exis t indo em termos contábeis e, por tanto, dever ia ter a conta apropr iada. 56 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A regra para debitar e creditar era: A pessoa que recebe é debitada e a pessoa que dá é creditada. Quanto aos lucros e prejuízos, o principal expoente dessa teoria, o acadêmico Edmond Degrange (père) argumentou que as perdas oneram o comerciante, que foi considerado como recebedor, e, portanto, foi debitado e os lucros foram do comerciante, que foi considerado como dando-lhes e, portanto, foi creditado. 6.2.7. Desdobramentos da Teoria Personalista No final do século XIX, outras duas teorias de contabilidade apareceram gradualmente nos livros didáticos americanos e nos tratados sobre contabilidade – as teorias Proprietária e da Entidade17. De acordo com a teoria proprietária das contas, o capital de uma empresa é representado pelos ativos que esta possui como contrapartida as dívidas que ela possui para com terceiros, sendo assim, a Renda representa a mudança líquida dos ativos, aumentando sua capacidade de pagamento destas dívidas. De acordo com a teoria das contas da entidade, por outro lado, o capital da empresa é definido por suas dívidas e capital próprio abrange dívida e capital próprio, sendo a renda a variação no capital total. Esta por sua vez, evoluí para a teoria empresarial das contas, que surgiu após o Grande Crash de 1929 e tem uma visão mais ampla da empresa, enfatizando os efeitos econômicos das operações comerciais sobre todos os seus participantes e, consequentemente, sobre a sociedade como um todo. 6.2.8. A visão legal das contas e o Materialismo A visão legal das contas era uma elaboração da visão de personificação e formava o elo entre as principais visões personalista e materialista-objetivista. As pessoas aqui eram sujeitos legais, sujeitos de direitos e obrigações, e como a própria empresa também é uma entidade legal, era quase exclusivamente um assunto legal. É aceito hoje que até mesmo um empreendimento individual é um assunto jurídico separado, separado das pessoas físicas e da propriedade da empresa (destinação entre 17 Um terce i ro e mais recente desenvolvimento é a teor ia empresar ia l , defendida por mui tos escr i tores modernos. 57 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CPF e CNPJ). As visões legais consideravam a contabilidade como uma formulação matemática que refina e desenvolve ainda mais a ciência do direito. Cada evento contábil foi visto como uma criação, modificação ou cancelamento de um direito X dever. A criação ou o aumento de uma reivindicação sobre os outros causou o débito, a diminuição ou baixa do crédito, e vice-versa. Visto que a visão legal das contas levou ao conceito do balanço como um agregado de contas, a visão econômica levou ao conceito de contas através de uma análise do balanço patrimonial. A visão legal da contabilidade formou a base da teoria da entidade como ela se desenvolveu na Europa. O austríaco Georg Kurzbauer, em seu livro sobre escrituração de dupla entrada publicado em 1850, formulou a opinião de que toda empresa era uma entidade independente que tinha seus próprios bens e dívidas e reclamações, estas não apenas contra terceiros, mas também contra os proprietários. Assim, de acordo com essa teoria, o negócio era claramente distinto do proprietário-empreendedor e a contabilidade lidava com a propriedade da entidade e não com a propriedade de seu(s) proprietário(s)18. No final do século XIX ou no início do século XX, tornou-se habitual resumir nos manuais todos os pontos de vista teóricos sobre os relatos, na tentativa de reconciliá-los. A entidade legal foi enfaticamente distinguida da entidade econômica, mas ambas acabaram juntas em uma equação de balanço, como: Propriedade = ativos - passivos e, portanto, Propriedade e passivos = ativos ou Capital + retenção de renda + passivos = ativos Que, em termos da antiga equação contábil, torna-se: Propriedade fixa (capital) + propriedade temporária (renda retida + passivo a credor) = ativo. 18 Notem como a teor ia contábi l é , no fundo, um embate m odos de pensar e t ra tar das r iquezas, enquanto a t rad ição la t ina une pat r imonia l pessoal e empresar ia l (personal is ta) , os anglo-saxões buscam a separação entre ambos. 58 Teoriada Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Este foi o começo da visão “materialista” das contas e da teoria contábil que conhecemos hoje. Durante toda a primeira metade do século XX, as abordagens legais para a formação do pensamento e da prática contábil prevaleceram, principalmente porque a contabilidade era vista simplesmente como uma (entre muitas outras) funções da lei. Registros contábeis e demonstrações financeiras eram exatamente como um sistema de relatórios que refletia o ambiente legal da época. 6.2.9. A visão materialista das contas O ponto de partida na visão materialista das contas foi a equação do balanço patrimonial. Um desenvolvimento paralelo relativamente recente dessa visão foi a chamada “teoria da entidade”, que ainda está implícita em muitos livros didáticos anglo-americanos. O princípio dessa teoria era que havia dois tipos diferentes de contas - contas de ativos e contas de passivos, que estavam sujeitas a leis diferentes de débito e crédito. Na visão materialista das contas, uma conta contém e representa aumentos e reduções gerais de objetos. É por isso que isso também é chamado de visão objetiva. A escola de contabilidade da teoria materialista-entidade era predominante nos países germânicos. Este grupo de visões teóricas foi considerado pelos seus proponentes como uma elaboração e conclusão da visão legal das contas, e formou a base das visões econômicas das contas que prevalecem hoje. Essa visão começou com os conceitos básicos de propriedade (ativos) e capital (patrimônio e não patrimônio, ou seja, capital total ou passivo total). A propriedade total de uma empresa é criada pelo crédito que é retirado do empreendedor (capital próprio), bem como de terceiros (passivos não patrimoniais). Assim, o lado esquerdo de um balanço mostra o capital investido no empreendimento, e o lado direito mostra o capital fornecido ao empreendimento, não apenas o capital – exatamente a estrutura de hoje, Ativo (aplicação) no lado direito e, Passivo+PL (origens) no lado esquerdo. Portanto, Ativo = Passivo. 59 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância É também nessa teoria que o conceito de débito e crédito é adaptado para o que se utiliza hoje, aplicando sistema de dupla entrada e o equilíbrio do débito e crédito, no qual: (a) as contas de componentes de capital com entradas positivas; no lado do débito e negativo no lado do crédito e (b) nas contas de capital com um débito negativo e um crédito positivo. Os aumentos de componentes de capital (contas de ativos) são registrados no lado do débito e as diminuições (contas do passivo) no lado do crédito, enquanto os aumentos de capital (lucros) são registrados no crédito e as diminuições (perdas e despesas) no lado de débito. No início essa teoria considerava apenas duas contas: Ativo e Passivo, não distinguindo o Patrimônio Líquido dentro do passivo, essa distinção, porém, surge com o tempo, na chamada teoria materialista de três contas, que apresenta a estrutura atual da contabilidade: Ativo Total = Passivo + Patrimônio Líquido 6.2.10. Período Normativo e Positivista Com o desenvolvimento da economia dos EUA e o crash da bolsa de 1929, a teoria contabilidade passou a ser desenvolvida até o modelo que conhecemos hoje nos EUA. 6.2.11. Contabilidade Positiva A contabilidade positiva, mais comumente utilizada na coleta de dados e na contabilidade, adota uma abordagem objetiva (derivada do materialismo). Usando o histórico de transações físicas de uma empresa, analisa e discerne as ramificações desses gastos. Ele compara a receita com as despesas para descobrir se e por que uma empresa está operando com perda ou ganho líquido. Com base nesse conhecimento, a teoria antecipa como um negócio lidará com transações futuras. Por exemplo, se uma organização teve um ano financeiro de grande sucesso, no próximo ano terá a estabilidade financeira para aumentar os pagamentos de dividendos dos investidores. A partir disso, a teoria contábil positiva deduziria que o crescimento corporativo causa um aumento na remessa de acionistas. A contabilidade positiva começa com políticas específicas e gera princípios de nível mais elevado com base neles, tornando-a a melhor opção para explicar as transações do passado ou a posição econômica atual de uma empresa. No entanto, existem desvantagens para essa teoria, sendo a maior delas a suposição de que todo empresário 60 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância age apenas por interesse próprio, em vez de buscar a segurança fiscal de sua empresa. Outra fraqueza da contabilidade positiva permite que os ativos sejam retratados de maneira imprecisa, por conta do conceito de Custo como base de Valor. Um exemplo do mundo real disso é a crise financeira global de 2007. Anteriormente, os bancos possuíam títulos financeiros obscuros, que eram tratados de maneira semelhante a imóveis, o que significava que não havia exigência de que os ativos fossem “marcados mercado ”ou reavaliado ao nível do mercado. Isso significou que mudanças materiais no valor desses ativos ficaram ocultas. À medida que os ativos secaram, o desequilíbrio de valores tornou-se aparente e isso se tornou o catalisador que iniciou o colapso fiscal. Como resultado dessa linha teórica diversas doutrinas e o caráter quantitativo da informação contábil foram consolidados, a padronização das práticas contábeis, a composição de seus relatórios e demonstrativos, e a criação das análises financeira e fundamentalista. 6.2.12. Contabilidade Normativa A contabilidade normativa, mais comumente encontrada no plano de negócios ou marketing de uma empresa, tem uma abordagem subjetiva. Baseado em princípios abstratos, ele se esforça para caracterizar como deve ser o futuro financeiro de uma empresa. Posteriormente, ao tornar a contabilidade normativa um juízo de valor, ela permite o uso da moralidade subjetiva dentro da prática contábil. Por exemplo, se uma corporação já aumentou os pagamentos de dividendos dos investidores, e agora procura reinvestir fundos na empresa para garantir sua viabilidade futura por meio de medidas de sustentabilidade corporativa, então a contabilidade normativa indicaria a emissão de novas ações como fonte de financiamento. A contabilidade normativa também vai além para indicar quanto dinheiro deve ser retirado desse fundo para ser investido em tais medidas. A contabilidade normativa começa com uma teoria e deduz políticas específicas, tornando-a a melhor opção para prever a sustentabilidade financeira futura de uma empresa e aconselhando sobre como planejar eventos futuros. Por outro lado, há desvantagens na contabilidade normativa, a questão principal é que ela nos fornece várias opções, qualquer uma das quais poderia estar correta. Por exemplo, quando os contratos estão sendo 61 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância assinados, os custos devem ser contabilizados no momento da assinatura, em parcelas durante um período de meses, ou como um montante fixo em uma data posterior. Como resultado dessa linha teórica, desenvolveram-se diversos princípios fundamentais da contabilidade e o caráter qualitativo da informação contábil. 6.2.13. Contabilidade Moderna Enquanto uma empresa pode escolher uma forma de contabilidade sobre outra, é mais comum que as empresas em geral usem uma combinação de contabilidade positiva e normativa. Olhando para o quadro geral da prática contábil como um todo, especialistas financeiros criam novas políticas padronizadas usando a teoria da contabilidade normativa, no entanto, essas políticas são baseadas nas justificativas factuais encontradas na contabilidade positiva. A natureza objetiva da contabilidade positiva cria abase para as empresas empregarem a teoria de contabilidade normativa em seus negócios. No geral, a contabilidade positiva é uma abordagem prática, baseada no que está acontecendo atualmente no negócio. Em comparação, a contabilidade normativa é teórica em sua abordagem, permitindo que as práticas do dia-a-dia evoluam, assegurando que elas não se afastem muito das teorias econômicas, trazendo conceitos como valor justo e reavaliação patrimonial à mesa. Assim sendo, podemos dizer que práticas contábeis positivas são melhor usadas para explicar eventos financeiros passados, bem como as causas da situação financeira atual de uma empresa ou indivíduo. Determinar por que uma empresa está operando com uma perda líquida requer as práticas contábeis positivas de comparar a receita real com as despesas reais ao longo de um ano. Essas práticas contábeis são geralmente usadas para elaborar documentos financeiros, como balanços patrimoniais ou demonstrações de fluxo de caixa. As práticas contábeis normativas são mais bem utilizadas quando se tenta definir uma política econômica futura baseada na teoria. A declaração de missão de uma empresa ou as estratégias de mercado incluídas nos planos de negócios podem ser vistas como declarações normativas - elas refletem os ideais de negócios que uma empresa deseja realizar. Portanto, o planejamento financeiro adequado requer o uso de práticas contábeis positivas e normativas combinadas. Em larga escala, os economistas indicam políticas 62 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância financeiras por meio de demonstrações contábeis normativas, mas essas declarações normativas devem ser baseadas nas realidades financeiras encontradas por meio de práticas contábeis positivas. As práticas baseadas em fatos da contabilidade positiva fornecem uma base para as empresas se engajarem na contabilidade normativa e uma visão mais idealista de como a empresa pode operar enquanto ainda obtém lucro. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. 63 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. CONHECENDO O PATRIMÔNIO E SUAS CONTAS Objetivo Conceituar o objeto de estudo da contabilidade moderna: o Patrimônio e suas contas conforme as normas contábeis expedidas pelo CPC e CFC. 7.1. Patrimônio: Balanço Patrimonial Uma das bases da contabilidade moderna e o objeto de seu estudo, é o Patrimônio das entidades, isto é: Tudo aquilo que elas possuem e devem. Ou seja, a contabilidade registra, organiza e analisa todos os fatos financeiros que venham a alterar o patrimônio da entidade, por meio dessas informações ela irá elaborar as demonstrações financeiras que, por sua vez, tem o objetivo de apresentar de maneira organizada e clara a situação da empresa, entre outras informações relevantes para seus usuários internos e externos. Portanto, compreender a composição do patrimônio e todos os fatos que podem vir a alterá-lo é fundamental, e deve ser feito mediante a leitura das normas expedidas pelo CFC e CPC. O objetivo das demonstrações contábeis é oferecer informações sobre a posição financeira (balanço patrimonial: ativo, passivo e patrimônio líquido), o desempenho (resultado: receitas, despesas e lucro/prejuízo) e fluxos de caixa da entidade (entradas e saídas de capital), que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. Demonstrações contábeis também mostram os resultados da diligência da administração – a responsabilidade da administração pelos recursos confiados a ela (CPC-PME, 2018). O CFC aborda essa questão em suas publicações: O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência, tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que 64 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância nos limites estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa. O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio. Ainda segundo o CFC (2018): Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, mediante a equação considerada como básica na Contabilidade: (Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”. O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Entidade. A equação básica da qual o CFC fala é traduzida pelo Balanço Patrimonial. O CPC (2018) define o Balanço patrimonial como: O balanço patrimonial da entidade é a relação de seus ativos, passivos e patrimônio líquido em uma data específica (…) eles são definidos da seguinte maneira: Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade. Passivo é uma obrigação atual da entidade como resultado de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera resulte na saída de recursos econômicos. Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. Alguns itens que correspondem à definição de ativo ou passivo podem não ser reconhecidos como ativos ou passivos no balanço patrimonial porque não satisfazem os critérios para reconhecimento. Em especial, a expectativa que benefícios econômicos futuros fluam de ou para a entidade deve ser suficientemente certa para corresponder aos critérios de probabilidade antes que um ativo ou um passivo seja reconhecido. 65 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ainda segundo as normas do CPC, as informações mínimas que devem ser apresentadas no balanço patrimonial são: Caixa e equivalentes de caixa; Contas a receber e outros recebíveis; Ativos financeiros (exceto os mencionados nos itens (a), (b), (j) e (k)); Estoques; Ativo imobilizado;o Propriedade para investimento mensurada ao custo menos depreciação acumulada e perda acumulada por redução ao valor recuperável; Propriedade para investimento, mensurada pelo valor justo por meio do resultado; Ativos intangíveis; Ativos biológicos, mensurados pelo custo menos depreciação acumulada e perdas por desvalorização; Ativos biológicos, mensurados pelo valor justo por meio do resultado; Investimentos em coligadas. No caso do balanço individual ou separado, também os investimentos em controladas; Investimentos em empreendimentos controlados em conjunto; Fornecedores e outras contas a pagar; Passivos financeiros (exceto os mencionados nos itens (l) e (p)); Passivos e ativos relativos a tributos correntes; Tributos diferidos ativos e passivos (devem sempre ser classificados como não circulantes); Provisões; Participação de não controladores, apresentada no grupo do patrimônio líquido, mas separadamente do patrimônio líquido atribuído aos proprietários da entidade controladora; Patrimônio líquido pertencente aos proprietários da entidade controladora. A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos e subtotais no balanço patrimonial sempre que forem relevantes para o entendimento da posição patrimonial e financeira da entidade. 66 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.2. Ativo e Passivo Nas normas desenvolvidas e publicas pelo CPC são definidos em detalhes o que representam Ativos e Passivos. Segundo a norma: Ativo: O benefício econômico futuro do ativo é o seu potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para com o fluxo de caixa e equivalentes de caixa para a entidade. Esses fluxos de caixa podem vir do uso de ativo ou de sua liquidação. Muitos ativos, por exemplo, bens imóveis e imobilizados, têm forma física. Entretanto, a forma física não é essencial para a existência de ativo. Alguns ativos são intangíveis. Ao determinar a existência do ativo, o direito de propriedade não é essencial. Assim, por exemplo, bens imóveis mantidos em regime de arrendamento mercantil são um ativo se a entidade controla os benefícios que se espera que fluam do bem imóvel. Passivo: Uma característica essencial do passivo é que a entidade tem a obrigação presente de agir ou se desempenhar de certa maneira. A obrigação pode ser uma obrigação legal ou uma obrigação não formalizada (também chamada de obrigação construtiva). A obrigação legal tem força legal como consequência de contrato ou exigência estatutária. A obrigação não formalizada (construtiva) é uma obrigação que decorre das ações da entidade quando: (a) por via de um padrão estabelecido por práticas passadas, de políticas publicadas ou de declaração corrente, suficientemente específica, a entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e (b) em consequência disso, a entidade tenha criado uma expectativa válida, nessas outras partes, de que cumprirá com essas responsabilidades. A liquidação de obrigação presente geralmente envolve pagamento em caixa, transferência de outros ativos, prestação de serviços, a substituição daquela obrigação por outra obrigação, ou conversão da obrigação em patrimônio líquido. A obrigação pode ser extinta, também, por outros meios, como o credor que renuncia a, ou perde seus direitos. Além disso, tais itens devem ser classificados por ordem de liquidez e prazo, conforme definido pelo CPC: A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial. Conforme o CPC o Ativo Circulante se define: A entidade deve classificar um ativo como circulante quando: (a) espera realizar o ativo, ou pretender vendê-lo ou consumi-lo durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) o ativo for mantido essencialmente com a finalidade de negociação; (c) espera realizar o ativo no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou 67 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (d) o ativo for caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis. Por outro lado, o CPC define como Ativo Não Circulante: “A entidade deve classificar todos os outros ativos como não circulantes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, presume-se que sua duração seja de doze meses”. Já para a classificação de circulante e não circulante dos itens do Passivo o CPC define: A entidade deve classificar um passivo como circulante quando: (a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) o passivo for mantido essencialmente para a finalidade de negociação; (c) o passivo for exigível no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou (d) a entidade não tiver direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação. A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes. Por fim, estabelece-se que essas contas devam ser divididas em dois grupos: Analíticas e Sintéticas. As Sintéticas representam os Saldos totais, ou seja, o Ativo Total é a soma dos Ativos Circulante e Não Circulante, que, por sua vez, são a soma dos itens pertencentes a eles. Da mesma maneira, o Passivo é a soma do Passivo Circulante, Não Circulante e do Patrimônio Líquido. Dessa forma temos as seguintes equações contábeis: Ativo Total = Passivo Total Ativo Total = Ativo Circulante + Ativo Não Circulante Passivo Total = Passivo Circulante + Passivo Não Circulante + Patrimônio Líquido Já as Analíticas representam as subcontas, são os grupos de informações dentro das contas sintéticas, por exemplo, Caixa faz parte do Ativo Circulante, Fornecedores do Passivo Circulante, Reservas de Capital do Patrimônio Líquido, e assim por diante. Por exemplo: Ativo Circulante = Caixa + Estoques + Duplicatas a receber + Ativos Financeiros Passivo Circulante = Fornecedores + Impostos a pagar + passivos financeiros 68 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.3. Patrimônio Líquido e suas mutações O CPC (2018) define: Patrimônio líquido: é o resíduo dos ativos reconhecidos menos os passivos reconhecidos. Ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por exemplo, as subclassificações podem incluir capital integralizado por acionistas ou sócios, lucros retidos e ganhos ou perdas reconhecidas diretamente no patrimônio líquido, constituição de reservas etc. O CFC (2018) amplia o conceito de patrimônio fazendo as seguintes observações: Tais classificações podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que acionistas de uma entidade tenham direitos diferentes em relação ao recebimento de dividendos ou reembolso de capital. A constituição de reservas é, às vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à entidade e seus credores uma margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que concedam isenções ou reduções nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A existência e o valor de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações que podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências para tais reservas são apropriações de lucrosacumulados, portanto, não constituem despesas. O valor pelo qual o patrimônio líquido é apresentado no balanço patrimonial depende da mensuração dos ativos e passivos. Normalmente, o valor do patrimônio líquido somente por coincidência é igual ao valor de mercado das ações da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos e liquidação de seus passivos numa base de item-por-item, ou da entidade como um todo, numa base de continuidade operacional. Atividades comerciais e industriais, bem como outros negócios são frequentemente exercidos por meio de firmas individuais, sociedades limitadas, entidades estatais e outras organizações cuja estrutura legal e regulamentar pode ser diferente daquela aplicável às sociedades por ações. Por exemplo, pode haver poucas restrições, ou nenhuma, sobre a distribuição aos proprietários ou outros beneficiários de importâncias incluídas no patrimônio líquido. Independentemente desses fatos, a definição de patrimônio líquido e os outros aspectos desta Estrutura Conceitual que tratam do patrimônio líquido são igualmente aplicáveis a tais entidades. Desta forma, a aferição do patrimônio líquido depende de diversos fatores, a mensuração dos ativos e passivos é uma delas, mas, antes disso, é preciso considerar os fatos econômicos decorrentes da atividade da empresa que, no término do exercício 69 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância financeiro, terão impacto direto sobre o patrimônio líquido, estamos falando do desempenho da empresa, suas Receitas e Despesas e o Resultado Financeiro decorrente delas: O CFC (2018) define: Desempenho: é a relação entre receitas e despesas da entidade durante um exercício ou período. Este Pronunciamento requer que as entidades apresentem seu desempenho em duas demonstrações: demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente. O Resultado e o resultado abrangente são frequentemente usados como medidas de desempenho ou como base para outras avaliações, tais como o retorno do investimento ou resultado por ação. Receitas e despesas são definidas como se segue: Receitas são aumentos de benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entradas ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos, que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade. Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimos no patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. O reconhecimento de receitas e despesas resulta, diretamente, do reconhecimento e mensuração de ativos e passivos. Segundo o CFC a “definição de receita abrange tanto as receitas propriamente ditas quanto os ganhos. Receita19 propriamente dita é um aumento de patrimônio líquido que se origina no curso das atividades normais da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos, lucros distribuídos, royalties e aluguéis. Enquanto o Ganho20 é outro item que se enquadra como aumento de patrimônio líquido, mas não é receita propriamente dita. Quando o ganho é reconhecido na demonstração do resultado ou do resultado abrangente, ele é geralmente demonstrado separadamente porque o seu conhecimento é útil para se tomar decisões econômicas.”. 19 Faturamento com vendas de produtos e serviços é um bom exemplo . 20 Após deduzidos os cus tos e despesas sobre o fa turamento, temos o que “sobrou”, ou seja, os ganhos ou resul tado pos i t i vo ou lucro , porém, resul tado e lucro são concei tos mais especí f icos, por conta de mot ivos f isca is , por isso que em contabi l idade fa la -se em Ganhos. 70 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ainda segundo o CFC (2018) “A definição de despesas abrange perdas, assim como, as despesas que se originam no curso das atividades ordinárias da entidade. Despesa21 é uma redução do patrimônio líquido que surge no curso das atividades normais da entidade e inclui, por exemplo, o custo das vendas, salários e depreciação. Ela geralmente toma a forma de desembolso ou redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques, ou bens do ativo imobilizado. Perda22 é outro item que se enquadra como redução do patrimônio líquido e que pode se originar no curso das atividades ordinárias da entidade. Quando perdas são reconhecidas na demonstração do resultado ou do resultado abrangente, elas são geralmente demonstradas separadamente porque o seu conhecimento é útil para se tomar decisões econômicas. Definidos os termos Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Resultado, Receita e Despesa, é preciso abordar os critérios de reconhecimento e mensuração dessas variáveis, que vão ter, fundamentalmente, impacto direto sobre o Patrimônio, uma vez que este é composto e alterados por tais informações. 7.4. Reconhecimento nas demonstrações contábeis O CFC (2018) explicita em suas normas o que é Reconhecimento: (…) é o processo que consiste em incorporar na demonstração contábil um item que atenda a definição de ativo, passivo, receita ou despesa e satisfaz os seguintes critérios: (a) for provável que algum benefício econômico futuro referente ao item flua para ou da entidade; e (b) tiver um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis. 21 O CFC aborda o concei to de despesa gener icamente, em contabi l idade de custos, fa la - se de Gastos que é o termo para qualquer saída de capi ta l da empresa, por sua vez, esses Gastos são separados em Despesas – saídas re lac ionadas às vendas da empresa – e Custos Di re tos e Ind i re tos – saídas re lac ionadas à at i v idade produt iva da empresa. 22 Podemos d izer que Perda é o inverso de Ganhos, ou se ja, após a dedução das despesas sobre o fa turamento, sendo o resul tado dessa conta negat i vo, t i vemos uma Perda ou Pre juízo, mas, novamente, usa-se o termo Perdas, po is Pre juízo é um termo mais especí f ico por mot ivos f isca is , e , que, dependendo da s i tuação pode ser rever t ido ou zerado, o que não s ign i f ica que a Perda fo i rever t ida. 71 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo o CFC (2018), caso haja falha no reconhecimento de algum item que satisfaça esses critérios, essa falha não será corrigida mediante divulgação das políticas contábeis ou por notas ou material explicativo. Conforme explicitado na norma, são dois os critérios para o reconhecimento: Probabilidade e Confiabilidade da Mensuração. Ou seja, segundo o CFC (2018): Probabilidade de benefícios econômicos futuros: O conceito de probabilidade é usado no primeiro critério de reconhecimento para se referir ao grau de incerteza que os futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão de ou para a entidade. As avaliações do grau de incerteza ligado ao fluxo de futuros benefícios econômicos são efetuadas com base na evidência disponível quando as demonstrações contábeis são elaboradas. Essas avaliações são efetuadas individualmente para itens individualmente significativos e para grupo ou população de itens individualmente insignificantes. Confiabilidade da mensuração: O segundo critério para reconhecimento de um item é que ele possua um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis. Na maioria dos casos, o custo ou valor de um item é conhecido. Em outros casos ele deve ser estimado. O uso de estimativas razoáveis é uma parte essencial na elaboração de demonstrações contábeis e não prejudica sua confiabilidade. Quando, entretanto, não puder ser feitauma estimativa razoável, o item não deve ser reconhecido na demonstração contábil. Ainda acerca dos critérios, a norma faz uma observação para casos excepcionais: “Um item que não atenda aos critérios de reconhecimento pode se qualificar para reconhecimento em data posterior como resultado de circunstâncias ou eventos subsequentes. Um item que não atenda aos critérios de reconhecimento pode, de qualquer modo, merecer divulgação nas notas explicativas ou em demonstrações suplementares. Isso é apropriado quando a divulgação do item for relevante para a avaliação da posição patrimonial e financeira, do desempenho e das mutações na posição financeira da entidade por parte dos usuários das demonstrações contábeis.”. Assim, se levarmos tudo que foi explicitado até aqui, podemos definir os critérios de reconhecimento de acordo com cada informação, conforme o CFC (2018): Ativo: A entidade deve reconhecer um ativo no balanço patrimonial quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e que seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis. Um ativo não é reconhecido no balanço patrimonial quando desembolsos tiverem sido incorridos ou comprometidos, dos quais seja improvável a geração de benefícios econômicos para a entidade após o período contábil corrente. Ao invés, essa 72 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância transação é reconhecida como despesa na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. OBS: A entidade não deve reconhecer um ativo contingente como ativo. Entretanto, quando o fluxo de futuros benefícios econômicos para a entidade é praticamente certo, então o ativo relacionado não é um ativo contingente, e seu reconhecimento é apropriado. Passivo: A entidade deve reconhecer um passivo no balanço patrimonial quando: A entidade tem uma obrigação no final do período contábil corrente como resultado de evento passado; Seja provável que a entidade transfira recursos que representem benefícios econômicos para a liquidação dessa obrigação; e O valor de liquidação possa ser mensurado com confiabilidade. OBS: Um passivo contingente tanto é uma obrigação possível, mas incerta quanto uma obrigação atual que não é reconhecida por não atingir uma ou ambas das condições (b) e (c) no item; A entidade não deve reconhecer um passivo contingente como passivo, exceto para passivos contingentes de entidade adquirida em combinação de negócios. Receita: O reconhecimento de receita resulta diretamente do reconhecimento e mensuração de ativos e passivos. A entidade deve reconhecer uma receita na demonstração do resultado ou demonstração do resultado abrangente quando houver aumento nos benefícios econômicos futuros relacionados a um aumento no ativo ou diminuição no passivo e possa ser avaliado confiavelmente. Despesa: O reconhecimento de despesas resulta diretamente do reconhecimento e mensuração de ativos e passivos. A entidade deve reconhecer uma despesa na demonstração do resultado ou demonstração do resultado abrangente quando houver diminuição nos benefícios econômicos futuros relacionados a uma diminuição no ativo ou aumento no passivo e possa ser avaliada confiavelmente. Finalmente, após atendidos os critérios de Reconhecimento das informações contábeis, é preciso obedecer aos critérios de Mensuração, que também são detalhados pelas normas: Mensuração: é o processo de determinar as quantias monetárias pelas quais a entidade mensura ativos, passivos, receitas e despesas em suas demonstrações contábeis. Mensuração envolve a seleção de uma base de avaliação. Este Pronunciamento especifica quais bases de avaliação a entidade deve usar para muitos tipos de ativos, passivos, receitas e despesas. Duas bases comuns para mensuração são custo histórico e valor justo: (a) para ativos, o custo histórico representa a quantidade de caixa ou equivalentes de caixa paga ou o valor justo do ativo dado para adquirir o ativo quando de sua aquisição. Para passivos, o custo histórico representa a quantidade de recursos obtidos em caixa ou equivalentes de caixa recebidos ou o valor justo dos ativos não monetários recebidos em troca da obrigação na ocasião em que a obrigação foi incorrida, ou em algumas circunstâncias (por exemplo, imposto de renda) a quantidade de caixa ou equivalentes de caixa que se espera sejam pagos para liquidar um passivo no curso normal dos negócios. O custo histórico amortizado é o custo do ativo ou do passivo mais ou menos a parcela de seu custo histórico previamente reconhecido como despesa ou receita; 73 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (b) Valor justo é o montante pelo qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes independentes com conhecimento do negócio e interesse em realizá-lo, em uma transação em que não há favorecidos. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. 74 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. PLANO DE CONTAS Objetivo Conceituar o Plano de Contas conforme as normas contábeis expedidas pelo CPC e CFC. 8.1. Plano de Contas O sistema pelo qual as informações contábeis lançadas são registradas, acumuladas e classificadas é chamado de Plano de Contas, esse conjunto de contas contábeis varia de país para país, no Brasil sua estrutura e ordenação é apresentada no manual de contabilidade do CFC. O objetivo das demonstrações contábeis é oferecer informações sobre a posição financeira (balanço patrimonial: ativo, passivo e patrimônio líquido), o desempenho (resultado: receitas, despesas e lucro/prejuízo) e fluxos de caixa da entidade (entradas e saídas de capital), que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação. Demonstrações contábeis também mostram os resultados da diligência da administração – a responsabilidade da administração pelos recursos confiados a ela (CPC-PME, 2009). O CFC aborda essa questão em suas publicações: Considerações Iniciais: O plano de contas consiste em um conjunto de títulos, apresentados de forma coordenada e sistematizada, previamente definidos, nele traduzida a estrutura das contas a serem utilizadas de maneira uniforme para representar o estado patrimonial da entidade, e de suas variações, em um determinado período. A reformulação do plano de contas proposta neste Manual visa atender à estrutura utilizada pela Administração Pública normatizada pela Secretaria do Tesouro Nacional. Fica estabelecido nesta edição o plano de contas padrão, cujo instrumento é fundamental para a criação de uma base sólida na estrutura contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Sistema CFC/CRCs. A função e o funcionamento das contas serão utilizados conforme a codificação do plano de contas apresentado a seguir, cuja finalidade é proceder ao registro de maneira uniforme e sistematizada dos atos e dos fatos relacionados aos recursos do Sistema CFC/CRCs, proporcionando, dessa forma, maior flexibilidade no gerenciamento e na consolidação dos dados, e atender às necessidades de informações em todo o Sistema.75 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ainda segundo o CFC (2009): Estrutura 9.2.1 O plano de contas a ser utilizado pelo Sistema está estruturado por níveis de desdobramento, sendo estes classificados e codificados como segue: Fonte: Manual de Contabilidade do Sistema CFC, 2009. O CFC estabelece as seguintes estruturas de classes: Ativos Passivos Variação Patrimonial Diminutiva (Despesas e Perdas, por exemplo) Variação Patrimonial Positiva (Receitas e Ganhos, por exemplo) Controles do Orçamento - Aprovação Controles do Orçamento - Execução Controles Devedores Controles Credores No final dessa apostila há uma tabela extraída do manual, na qual a Estrutura básica do plano de contas é apresentada. 76 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A elaboração do plano de contas deve atender a três aspectos gerenciais: (1) prover uma visão ampla da organização, sua estrutura física, organizacional e hierárquica; (2) prover uma visão ampla dos negócios da organização, suas áreas, produtos e serviços (quais transações são realizadas e com quem); (3) identificar as necessidades de informações de seus usuários internos. Somente após definidos esses aspectos, que a legislação e normas devem ser aplicadas, e não o contrário, ou seja, define-se o plano de contas com base nas necessidades gerenciais da empresa e, em seguida, utiliza-se as normas para referência. Ainda conforme o manual do CFC (2009), As contas patrimoniais, de resultados e de controles (orçamentários e de compensação), representadas na estrutura do plano de contas, foram alocadas de acordo com as suas características, sendo observados os seguintes aspectos: Ativo: As contas do ativo são dispostas em ordem crescente dos prazos esperados de realização, observando-se iguais procedimentos para os grupos e os subgrupos, compreendendo as aplicações de recursos representadas por bens e direitos. O ativo está desmembrado em circulante e não-circulante: a) o ativo circulante compreende as contas representativas de disponibilidades, isto é, caixa, bancos, e as contas representativas de créditos da entidade, compostos em sua maioria pelos créditos realizáveis até o término do exercício seguinte; b) o ativo não-circulante está representado por direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, tais como dívida ativa, investimentos, imobilizado e intangível. Passivo e Patrimônio líquido: As contas do passivo são dispostas em ordem crescente dos prazos de exigibilidade, estabelecidos ou esperados, observando-se iguais procedimentos para os grupos e subgrupos; compreende as origens de recursos representadas pelos compromissos (obrigações) assumidos com terceiros. O passivo é subdividido em passivo circulante, passivo não-circulante e patrimônio líquido. a) o passivo circulante é representado pelas dívidas a curto prazo, que compreendem as obrigações a serem pagas até o término do exercício seguinte; b) o passivo não-circulante é representado pelas dívidas a longo prazo, ou seja, a dívida fundada, que compreendem as obrigações a serem pagas após o exercício seguinte; c) o patrimônio líquido compreende os recursos próprios da entidade, representando a diferença entre o ativo e o passivo, subdividido em resultado de exercícios anteriores, do exercício e ajustes de exercícios anteriores. Variação Patrimonial Diminutiva: São classificadas neste grupo as contas de despesas que decorrem de transações que diminuem o patrimônio líquido. A entidade deve classificar um passivo como circulante quando: 77 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) o passivo for mantido essencialmente para a finalidade de negociação; (c) o passivo for exigível no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou (d) a entidade não tiver direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação. A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes. Variação Patrimonial Aumentativa: São classificadas neste grupo as contas de receitas que decorrem de transações que aumentam o patrimônio líquido. Controles do Orçamento - Aprovação: São classificadas neste grupo as contas com função de controlar a aprovação do orçamento e suas alterações, bem como os valores inscritos em restos a pagar. Controles do Orçamento – Execução: São classificadas neste grupo as contas com função de controlar a execução do orçamento e suas alterações, bem como os valores inscritos em restos a pagar. Controles Devedores: São classificadas neste grupo as contas com função precípua de controle dos atos potenciais e os créditos inscritos em dívida ativa. Controles Credores: São classificadas neste grupo as contas com função precípua de controle da execução dos atos potenciais e dos créditos inscritos em dívida ativa. Como podemos ver, o Plano de Contas é um índice de todas as contas em que a empresa arquiva suas informações financeiras. O plano de contas é uma listagem de todos os nomes e números de contas da empresa nos quais ele registra suas transações financeiras, no Brasil essa listagem definida pelo CFC em seu Manual23. Assim sendo, o primeiro passo é definir as várias contas que serão utilizadas pela contabilidade da empresa com base em suas próprias operações e procedimentos, a listagem de todas essas possíveis contas e seus respectivos números podem, então, ser obtidos no manual do CFC, pequenas empresas conseguem detalhar todas suas operações em até três níveis (3 dígitos), mas conforme a empresa aumenta de complexidade podem chegar até 9 níveis. Quando se inicia um novo negócio, é configurado o plano de contas como um primeiro passo para estabelecer o sistema de contabilidade da empresa. Pequenas empresas não têm todas o mesmo plano de contas. Assim, as contas incluídas no plano de 23 Não tem mui to mis tér io aqui , basta acessar o s i te do CFC e baixar o Manual , neste mater ia l apenas separamos as in formações essenc ia is , porém, o manual é bem mais profundo e deta lhado, abordando todas as possíve is contas e a forma de reg is t rá - las , sugi ro a le i tu ra. 78 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contas dependem do tipo de negócio. Por exemplo, se for uma empresa de serviços, não terá uma conta de estoque. Se for uma empresa que vende produtos, precisará, no entanto, de uma conta de estoques, assim por diante. Porém, quando é configurado o plano de contas, é preciso pensar no futuro. Não apenas nas contas que serão utilizadas agora, mas, também, nas contas que podem vir a ser utilizadas ao longo do ano e no ano seguinte. Cada nova alteração nesse plano de contas, adição de contas por exemplo, deverá ser explicado mediante notas explicativas, porém. Dessa maneira, as condições a serem observadas para estruturação de um adequado piano de contas são: a) deve atender primeiramente as necessidades gerenciais especificas de cada entidade e atender às necessidades de informações de todos os usuários da organização; b) em segundo lugar, deve atender as necessidades legais, societárias e fiscais; c) A classificação deve partir do geral para o particular; d) O plano de contos deve ser codificado para facilitar o processo de trabalho e integração computacional com os demais sistemas de informações da organização; e) os agrupamentos de contas devem ser elaborados a partir das necessidades de geração das demonstrações contábeis, financeiras e relatórios futuros; f) os títulos das contas contábeis devemrefletir imediatamente e com precisão semântica os eventos econômicos que formaram os saldos das contas; g) deve ter flexibilidade para incorporação das necessidades de Informação futuras. 79 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8.1.1. A estrutura básica do plano de contas em nível de classe/grupo Fonte: Manual de Contabilidade do Sistema CFC, 2009. 80 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. 81 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. ESCRITURAÇÃO Objetivo Abordar a atividade de Registro e Mensuração Contábil: Escrituração. 9.1. Introdução à Escrituração24 Agora que já vimos diversos conceitos e princípios contábeis, temos a base para entender uma das atividades básicas e iniciais da contabilidade, que se vale do sistema de entrada dupla: a escrituração contábil pelo método das partidas dobradas. Dessa forma, a escrituração contábil é o método pelo qual os eventos econômicos são registrados – ou como, se convencionalmente se diz, lançados. O lançamento contábil é, portanto, o registro nas contas patrimoniais dos eventos econômicos mediante o débito ou crédito desse (s) valor (es) nas respectivas contas. Algumas pessoas pensam que a escrituração é o mesmo que contabilidade. Assumem que manter os registros (livros) de uma empresa e preparar suas demonstrações financeiras e relatórios fiscais é a única função do contador. Para o leigo, a contabilidade é limitada ao registro de transações em livros ou diários e, em seguida, registro dos valores em contas dos demonstrativos e relatórios. Porém, a contabilidade é mais complexa do que isso, como já vimos nas aulas passadas, sendo a escrituração um de suas atividades, umas das iniciais e mais essenciais, porém, não representa toda a atividade de um contador. Com o uso de computadores e softwares de contabilidade a escrituração e a contabilidade tornaram-se confusas. Por exemplo, uma pessoa com pouca formação em contabilidade pode usar o software de contabilidade para registrar faturas de fornecedores, preparar faturas de vendas, etc., e o software atualizará as contas no livro-razão automaticamente. Uma vez que o formato das demonstrações financeiras tenha sido 24 O g lossár io do CFC (2017) def ine : ESCRITURAÇÃO - Des ignação s imples que se tem dado à escr i ta contábi l . A denominação p rovém do fa to de os reg is t ros contábeis , desde os pr imórd ios, e por mi lên ios, serem real izados manualmente pelos “escr ibas” ou os que do minavam a ar te de escrever (que durante mi lên ios fo i prat icada por poucos) . Na era contemporânea, como aumento cada vez maio r da ut i l i zação dos computadores, a denominação “escr i ta” e também “escr i turação” vêm caindo em desuso. 82 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância estabelecido, o software será capaz de gerar as demonstrações financeiras com o clique de um botão. Em empresas de médio e grande porte, o termo escrituração pode, inclusive, estar ausente. Muitas vezes, as corporações têm departamentos contábeis com funcionários de contabilidade que processam contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento, etc. por meio destes softwares. Esses analistas contábeis serão supervisionados por um ou mais contadores registrados que devem verificar os procedimentos, auditar as contas e revisar a elaboração dos relatórios e demonstrativos financeiros e contábeis. 9.2. Escrituração antes dos softwares Antes de computadores e softwares, as escriturações em livros razão e diários era feita manualmente (processo que ainda ocorre de certa maneira em pequenos empreendimentos e escritórios de contabilidade, mas é geralmente auxiliado por softwares). No livro diário são lançadas todas as transações efetuadas pela empresa em ordem cronológica diária, assim sendo, é o livro inicial em que toda as transações serão registradas. Depois disso, são lançadas no livro razão no qual as transações serão classificadas e lançadas nas suas respectivas contas patrimoniais. Registrar manualmente as muitas transações em diários, reescrever os valores nas contas e calcular manualmente os saldos das contas provavelmente resultará em alguns valores incorretos. Para determinar se ocorreram erros, o contador prepara um balancete verificação. Um balancete é um relatório interno que lista 1) cada nome de conta e 2) o saldo de cada conta na coluna de crédito ou coluna de débito apropriada. Se o total da coluna de débito não for igual ao total da coluna de crédito, houve pelo menos um erro de registro25. Encontrar um ou mais erros geralmente significa gastar horas refazendo as entradas e postagens. Depois de localizar e corrigir os erros, a fase de escrituração é concluída e a fase de contabilidade começa com a elaboração dos demonstrativos e relatórios. 25 Esse método de ver i f icação só é possíve l por conta do método de en trada Dupla. 83 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.3. Escrituração com o auxílio dos softwares A velocidade de processamento de informações dos computadores e com o auxílio dos softwares de contabilidade dão a impressão de que muitas das tarefas de escrituração e contábeis foram eliminadas ou estão ocorrendo simultaneamente. Por exemplo, a preparação de uma fatura de vendas atualizará automaticamente as contas contábeis relevantes (Vendas, Contas a Receber, Estoque, Custo de Mercadorias Vendidas), atualizará as informações detalhadas do cliente e armazenará as informações para as demonstrações financeiras, bem como outros relatórios. Um software contábil é elaborado de forma a abranger todas as transações e relacioná-las, assim, devem ter os valores de débito iguais aos valores de crédito. A precisão decorrente disso também elimina os erros que ocorreriam quando os valores foram registrados, escritos e calculados manualmente. Como resultado, os débitos serão sempre iguais aos créditos e o saldo do balancete estará sempre em equilíbrio. Não terão mais horas gastas procurando por erros que ocorreram em um sistema manual. Porém, embora o software de contabilidade seja incrivelmente rápido e preciso ao processar as informações inseridas, o software não pode detectar se algumas transações foram omitidas, se foram inseridas duas vezes ou se contas incorretas foram usadas, transações e valores fraudulentos também podem ser inseridos se uma empresa não tiver controles internos, lembrando que, no final das contas, uma pessoa vai ter que utilizar o software e preencher as informações e inserí-las, na prática, a escrituração somente evoluiu de um processo manual para um processo digital. Depois que as faturas de vendas, faturas do fornecedor, folha de pagamento e outras transações tiverem sido processadas para cada período contábil, algumas entradas de ajuste ainda serão necessárias. As entradas de ajuste envolverão: receitas e ativos que foram ganhos, mas ainda não entraram no software despesas e responsabilidades incorridas, mas ainda não inseridas no software pré-pagamentos que não são mais pré- pagos gravação de despesas de depreciação, despesascom devedores duvidosos, etc. As entradas de ajuste exigirão que uma pessoa determine os montantes e as contas. Sem o ajuste das entradas, o software de contabilidade produzirá demonstrações financeiras incompletas, imprecisas e talvez enganosas. 84 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Depois que as demonstrações contábeis do exercício forem divulgadas, o software transferirá os saldos das contas de resultado para a conta de capital do proprietário único ou para a conta de lucros acumulados dos acionistas. Isso permite que as contas de demonstração de resultado do ano seguinte iniciem com saldos zero. (As contas do balanço não são encerradas, pois seus saldos são transportados para o próximo exercício contábil.). “ O lançamento contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas26. Deve conter uma estrutura mínima, que contemple: a) data; b) conta (s) debitada (s); c) conta (s) creditada (s); d) histórico; e e) valor. O objetivo da data no lançamento contábil é claro, pois em qualquer pesquisa posterior é elemento-chave de identificação. Além disso, a data é necessária para manter a sequência dos eventos econômicos registrados, de tal forma que mostre a evolução da ocorrência das transações. O histórico é peça-chave para entender o que se está registrando e por quê. O valor, como já vimos, é a base do controle dos elementos patrimoniais e por meio dele é que se obtém o saldo das contas contábeis. ” (Padoveze, 2017) “O registro contábil por meio da metodologia do método das partidas dobradas nos livros contábeis é denominado escrituração contábil. Cada registro contábil escriturado é chamado também lançamento contábil. A prática contábil desenvolveu a escrituração contábil em dois livros básicos: o livro diário27 e o livro razão28. No livro diário, os lançamentos são escriturados em ordem cronológica diária rígida, à medida que as transações vão acontecendo. No livro razão, os lançamentos contábeis são por conta 26 De acordo com o Atr igo 86 da Lei 4320/64 . 27 L ivro de escr i tu ração contábi l dest inado ao reg is t ro de todos os fa tos patr imonia is que se sucedem em uma empresa ou em uma ent idade organizado por ordem de data. É um l iv ro de natureza obr igató r ia e cons iderado, por le i , como o l iv ro centra l ou pr inc ipa l (CFC,2017) . 28 L ivro de escr i turação contábi l que tem por ob jeto reg is t rar , separadamente, o que se passa com cada conta, apresentando a pos ição delas. Cada fo lha do Razão é dest inada a uma conta. O L ivro Razão é cons iderado como pr inc ipa l da par t ida dobrada, porque dele é que se levantam os balancetes e ba lanços e porque nele as contrapos ições se evidenc iam de forma absoluta, sendo teste para o r igor dos reg is t ros (CFC,2017). 85 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contábil, e, dentro de cada conta contábil, também em ordem de data.” (Padoveze, 2017). Segundo as normas do CFC: Livros Obrigatórios 3.8.1 O Diário e o Razão constituem fontes de informações contábeis permanentes e neles são registradas as transações que afetem ou possam vir a afetar a situação patrimonial, conforme estabelece a NBC TSP 16.5 - Registro Contábil. 3.8.2 Os Conselhos de Contabilidade deverão manter seus livros Diário e Razão impressos e encadernados, na forma prevista do item 2.1.5.3 da NBC T 2.1, que diz: “No caso de a Entidade adotar para sua escrituração contábil o processo eletrônico, os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipograficamente, serão destacados e encadernados em forma de livro”. 3.8.3 O Livro Diário deverá ser registrado no Registro Público competente. 3.8.4 Poderão os Conselhos adotar outra forma de registro público, desde que autorizada por Norma Técnica do CFC. 9.4. Escrituração: método de realização Agora que já compreendemos um pouco a escrituração nos dias de hoje e como era no passado, vamos ao básico da escrituração. Primeiramente, a Escrituração contábil (assim como a contabilidade) envolve o registro das transações financeiras – ou também chamados de Eventos Econociso – de uma empresa. As transações deverão ser identificadas, aprovadas, classificadas e armazenadas de forma que possam ser relacionadas e apresentadas nas demonstrações financeiras e outros relatórios da empresa. Logo, é preciso algum tipo de documento comprobatório referente à essas transações, esse documento é chamado de documento hábil, por exemplo: Notas Fiscais, Contratos, Boletos, faturas, Comprovantes, Cópias de documentos fiscais ou financeiros, relatórios, requisições etc. A base para efetuar o lançamento é um documento hábil, que pode ser de origem externa (preferencialmente) ou interna. Documentação de origem externa são notas fiscais, boletos, faturas, contratos, comprovantes de depósito, copias de cheques etc. Documentação de origem interna são relatórios de despesas de Viagem, requisições de materiais dos estoques. “Devem-se buscar ao máximo documentos de origem externa. Porém, para registrar determinados eventos econômicos é suficiente uma documentação elaborada internamente por pessoas responsáveis pela administração.” (Padoveze, 2017). 86 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Obtidos os documentos hábeis é preciso realizar os lançamentos dessas informações, como já explicado previamente, o lançamento ocorre em dois livros: Diário e Razão, no primeiro não há mistério, apenas o registro e detalhamento dos fatos financeiros ocorridos em ordem cronológica. Outro motivo para a utilização do livro diário é prevenir fraudes e manipulações contábeis, uma vez que os eventos são registrados em ordem de acontecimentos, não há possibilidade de outro fato ser lançado a posteriori gerando efeitos retroativos. Por sua vez, o livro diário é apenas uma listagem cronológica, sem valor do ponto de vista do controle e classificação dessas informações, motivo pelo qual temos o livro razão. No livro razão as informações devem ser classificadas e lançadas nas suas respectivas contas patrimoniais, mediante o método do Débito e Crédito, proveniente das partidas dobradas (sistema de entrada dupla). É por meio desse livro que são calculados e evidenciados todos os eventos econômicos e seus efeitos sobre as contas patrimoniais e seus saldos. Com relação à metodologia de lançamento existem duas: Sucessiva e Débito e Crédito. Aqui estão alguns exemplos de algumas transações financeiras de uma empresa: A compra de suprimentos com dinheiro; A compra de mercadoria a crédito; A venda de mercadorias a crédito; Aluguel para o escritório de negócios; Salários e vencimentos auferidos pelos empregados; Comprando equipamentos para o escritório; Emprestar dinheiro de um banco. As transações serão classificadas em talvez centenas de contas, incluindo Caixa, Contas a Receber, Empréstimos a Pagar, Contas a Pagar, Vendas, Despesas com Aluguel, Despesas com Salários, Departamento de Despesas com Salários, Departamento de Despesas com Salários, etc. Os valores em cada uma das contas ser relatado nas demonstrações financeiras da empresa em detalhes ou de forma resumida. Com centenas de contas e talvez milhares de transações, fica claro que, quando uma pessoa aprende o 87 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância software contábil, haverá eficiências e melhores informações disponíveis para administrar um negócio. Assim como existem inúmeras transações financeiras e contas patrimoniais, temos de levar em consideração a complexidade dessas transações e o relacionamento entre as contas, ou seja, nem sempre a empresa irá tomar um empréstimo e utilizar esse dinheiro em apenas umaatividade, isso quer dizer, que podem haver diversas origens e diversas destinações simultâneas ou não dentro de cada transação. Assim sendo, os lançamentos contábeis podem ser classificados de três maneiras: 1. Simples: Apenas duas contas contábeis são alteradas; 2. Misto: Quando há uma conta sendo debitada e duas ou mais contas sendo creditadas, ou o vice-versa. 3. Duplo: Quando duas ou mais contas são alteradas tanto por débito quanto por crédito. Lançamento contábil por débito e crédito A metodologia de lançamento contábil por balanços sucessivos, apesar de ser clara e facilmente inteligível, não é prática, uma vez que as empresas fazem milhares de lançamentos por dia ou mês. Também esse tipo de metodologia não permite contemplar um elemento fundamental de um lançamento, que é o histórico da transação. Além disso, muitos tipos de lançamentos são repetitivos, modificando apenas algumas características e mantendo sua essência, como os lançamentos de compras e vendas. Assim, essas todas essas movimentações devem ser escrituradas nas contas contábeis por meio da metodologia do débito e crédito, Para identificar se é débito ou crédito em cada conta, o procedimento deve ser o seguinte: a) identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação; b) identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta contábil que representa os elementos patrimoniais alterados; c) identificar a natureza intrínseca do aIIu da conta, se é de saldo devedor ou saldo credor; d) se a conta é de saldo devedor, esta será debitada se a transação aumentar o seu saldo, e será creditada se a transação diminuir seu saldo; e) se a conta é de saldo credor, esta será creditada se a transação aumentar o seu saldo, e será debitada se a transação diminuir seu saldo. (Padoveze, 2017). 88 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por fim, após efetuados os lançamentos contábeis, elabora-se um balancete de verificação em que os saldos das contas patrimoniais são listados e averiguadas, para verificar se há igualdade entre os débitos e créditos lançados, assim, calcula-se o saldo total de débitos e créditos, se houver diferença entre os valores significa que houve algum erro no lançamento/escrituração. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. PREFÁCIO AO CURSO 1. AS ORIGENS E CONCEITUAÇÃO DA CONTABILIDADE 1.1. Sistema de contabilidade de entrada única 1.2. Sistema Bahi-Khata 1.3. Comerciantes de Veneza 1.4. Companhias de Carta (do inglês chartered company) 1.5. Contabilidade Moderna 1.6. Objetivos da Contabilidade 1.6.1. Registro permanente (Histórico) 1.6.2. Medição do Resultado (Aferição ou Apuração) 1.6.3. Credibilidade (Prestação de Contas) 1.6.4. Uso Eficiente de Recursos (Otimização e Planejamento Financeiro) 1.6.5. Projeções 1.7. Limitações da Contabilidade 1.8. Mensuração Subjetiva 1.9. Fatores Qualitativos 1.10. Uma base de valor única 1.11. Nenhuma informação sobre custo de oportunidade 1.12. A quem se destina a contabilidade? 1.12.1. Mercado de Capitais 1.12.2. Fornecedores de crédito (instituições financeiras de crédito e investimento públicas e privadas) 1.12.3. Governo 1.12.4. Empregados 1.12.5. Gestão 1.12.6. Fornecedores 1.12.7. Sociedade 1.12.8. Sócios/Proprietários 2. OS SISTEMAS CONTÁBEIS E SEUS REGIMES 2.1. Sistema de contabilidade de entrada única 2.1.1. Pequenas empresas 2.1.2. Registros Incompletos 2.1.3. Nenhuma reconciliação 2.1.4. Possibilidade de fraude 2.2. Sistema de contabilidade de dupla entrada em contas 2.2.1. O que é o sistema de entrada dupla? 2.2.2. Grandes empresas 2.2.3. Registros completos 2.2.4. Reconciliação Automática 2.2.5. Fraude é difícil 2.3. Entendendo o Débito e Crédito 2.4. Os Regimes para Registro Contábil 2.4.1. Regime de Caixa 2.4.2. Regime de Competência 3. PRINCÍPIOS, DOUTRINAS E CONVENÇÕES 3.1. Os princípios contábeis segundo o CFC 3.1.1. O Princípio da Entidade 3.1.2. O Princípio da Continuidade 3.1.3. O Princípio da Oportunidade 3.1.4. O Princípio do Registro pelo Valor Original 3.1.5. O Princípio da Atualização Monetária (Revogado) 3.1.6. O Princípio da Competência 3.1.7. O Princípio da Prudência 3.2. Convenções e Doutrinas 3.3. Convenção da entidade (reforça o Princípio da Entidade) 3.5. Convenção do período contábil 3.6. Convenção da perpetuidade (reforça o Princípio da Continuidade) 3.7. Convenção Monetária 3.8. Reconhecimento da convenção da lei 3.9. Realização Receita 3.10. Convenções de Objetividade 3.11. Convenções de Confiabilidade ou Confiabilidade 3.12. Convenções de comparabilidade 3.13. Doutrina de consistência 3.14. Doutrina de materialidade 3.15. Doutrina do conservadorismo 3.16. Doutrina da divulgação 4. CONCEITOS DE ENTIDADE E A TEORIA DESCRITIVA E PRESCRITIVA 4.1. Conceito de entidade na contabilidade financeira 4.1.1. Problema 1: Vida Pessoal X Vida Empresarial (Confusão na Medição) 4.1.2. Problema 2: Transações dentro da empresa 4.1.3. Implicações 4.2. Teoria Descritiva (Positiva) e prescritiva (Normativa) 4.3. Contabilidade positiva ou Descritiva 4.4. Contabilidade Normativa ou Prescritiva 4.5. Vantagens e desvantagens de ambas as teorias 5. QUALITATIVO E QUANTITATIVO 5.1. Quantitativo X Qualitativo nas Demonstrações Contábeis 5.2. Usos Gerais da Informação Contábil e Benefícios que uma informação de qualidade pode gerar 5.2.1. Gerenciamento de desempenho 5.2.2. Criar orçamentos 5.2.3. Decisões Empresariais 5.2.4. Decisões de Investimento 5.2.5. Reputação Externa 5.2.6. Relações de trabalho 5.2.7. Efeitos do Credor 5.2.8. Qualidade 6. ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTABILÍSTICO 6.1. As escolas de pensamento contabilístico: resumo 6.2. As escolas de pensamento contabilístico: evolução histórica 6.2.1. A Personificação de Contas 6.2.2. Personificação em um conjunto de contas 6.2.3. Personificação em dois conjuntos de contas 6.2.4. Personificação em três conjuntos de contas 6.2.5. Personificação em quatro conjuntos de contas 6.2.6. Personificação em cinco conjuntos de contas 6.2.7. Desdobramentos da Teoria Personalista 6.2.8. A visão legal das contas e o Materialismo 6.2.9. A visão materialista das contas 6.2.10. Período Normativo e Positivista 6.2.11. Contabilidade Positiva 6.2.12. Contabilidade Normativa 6.2.13. Contabilidade Moderna 7. CONHECENDO O PATRIMÔNIO E SUAS CONTAS 7.1. Patrimônio: Balanço Patrimonial 7.2. Ativo e Passivo 7.3. Patrimônio Líquido e suas mutações 7.4. Reconhecimento nas demonstrações contábeis 8. PLANO DE CONTAS 8.1. Plano de Contas 8.1.1. A estrutura básica do plano de contas em nível de classe/grupo 9. ESCRITURAÇÃO 9.1. Introdução à Escrituração 9.2. Escrituração antes dos softwares 9.3. Escrituração com o auxílio dos softwares 9.4. Escrituração: método de realizaçãopela contabilidade. Os gerentes recebem 9 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância atualizações periódicas sobre o estado das coisas e estão em posição de conduzir uma análise dos mesmos e melhorar seu desempenho nos próximos períodos. 1.12.6. Fornecedores Àqueles que prestam serviços ou vendem produtos/insumos/matéria prima à empresa, acabam por fechar contratos por essas vendas/prestação de serviços, logo, a solidez financeira e orçamentária da empresa também é relevante para eles. 1.12.7. Sociedade Um conceito novo e crescente em contabilidade é o de Contabilidade Social, que é uma forma contábil de mensurar o impacto/relevância social que a empresa tem sobre a comunidade na qual está inserida, logo, as demonstrações contábeis vinculadas ao Balanço Social da empresa são relevantes para Sindicatos, Organizações de Bairro, Prefeituras Municipais e ONGs que busquem avaliar a importância da empresa na comunidade. 1.12.8. Sócios/Proprietários Os maiores interessados na saúde financeira e solidez da empresa, sem dúvidas, pois colocaram seu capital (evidenciado pelo Patrimônio Líquido) na empresa, arriscando- se, logo, esperam um retorno considerável, permanente, crescente e perpétuo sobre esse capital. E as demonstrações contábeis buscam evidenciar tudo isso, além de que, por meio de diversas análises dessas demonstrações, é possível fazer um diagnóstico da empresa e projeções futuras. 10 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Padoveze (2017), a contabilidade é uma ciência social aplicada, isso quer dizer que ela foi desenvolvida para atender aos aspectos práticos da vida das pessoas e das organizações. Sendo assim, a Contabilidade é uma ciência social responsável pelo registro, controle, análise e evidenciação do patrimônio de uma pessoa ou empresa. Ela nasceu de um método simples de contagem (inventário) e conforme a economia humana evoluiu e se diversificou, ficando mais complexa, passou ao que conhecemos hoje, um método muito mais amplo que não apenas registra o que se possui, mas também o que se deve, ativos e passivos, que irão constituir o patrimônio. Além disso, ela não se limita apenas ao registro e ao controle de dados, mas, também, a organização em demonstrativos e relatórios, análise e divulgação desses dados. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. 11 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. OS SISTEMAS CONTÁBEIS E SEUS REGIMES Objetivo Apresentar os sistemas contábeis de entrada única e dupla e os regimes de caixa e competência. 2.1. Sistema de contabilidade de entrada única Os sistemas contábeis de entrada única registram apenas um lado de cada transação. Isso acontece porque eles usam uma entrada para registrar todas as transações. Portanto, o sistema de entrada única não usa contas nominais e reais. A ênfase é em dinheiro e contas a receber. Apenas registra-se a ocorrência dos fatos econômicos sem as devidas contrapartidas. Esse sistema também é conhecido como Método das Partidas Simples. 2.1.1. Pequenas empresas O sistema de entrada única é usado por pequenas empresas que acabaram de iniciar negócios. Essas empresas não têm os recursos necessários para implantar um sistema contábil completo. Por isso, eles começam com um sistema contábil de entrada única. No entanto, como e quando seus negócios crescem, a maioria das empresas é obrigada a adotar o sistema de entrada dupla. Isso ocorre porque o sistema de entrada única é altamente ineficiente e pode ser usado apenas por proprietários únicos quando a escala de negócios é muito pequena e as transações a serem realizadas não são muito complicadas. 2.1.2. Registros Incompletos O maior problema com o sistema de contabilidade de entrada única é o dos registros incompletos. O sistema de entrada única registra somente as transações que a empresa está realizando com partes externas. Existem inúmeras transações dentro da empresa que são de importância vital e precisam de um lugar nas demonstrações financeiras. No entanto, o sistema de entrada única ignora essas necessidades e fornece informações incompletas para o gerenciamento. 2.1.3. Nenhuma reconciliação O sistema contábil de entrada única não possui provisões para reconciliação de contas. Isso significa que o sistema não possui detecção de erro inerente. Portanto, se um 12 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância funcionário está fazendo a tarefa de fazer entradas no livro, o sistema pode estar propenso a erros administrativos. Isso poderia levar a administração a ter informações insuficientes ou nenhuma informação quando tiver que tomar decisões. 2.1.4. Possibilidade de fraude Sistema de contabilidade de entrada única é altamente propenso a fraudes e desfalques. Existe apenas um livro de contas em vez de um elaborado sistema de contabilidade. Por isso, as verificações internas são poucas. Na verdade, eles são inexistentes. A pessoa que faz as contas pode, sozinha, manipular os livros contábeis e apropriar-se indevidamente dos recursos da empresa. Para combater esse problema, Luca Pacioli e outros comerciantes de Veneza criaram o sistema contábil de dupla entrada. Este sistema provou ser muito eficaz e útil e logo se tornou o padrão ouro para a indústria. O processo contábil começa pela escrituração, que é o método contábil para registro dos fatos econômicos que ocorreram à entidade, dessa forma, é preciso um sistema de registro (ou de escrituração). Inicialmente, registrava-se apenas o fato, fosse ele uma entrada ou uma saída, ou seja, como o objetivo da contabilidade antiga era apenas inventariar as posses, apenas registava-se a entrada ou saída de bens no inventário. Tal prática ainda é comum na contabilidade pessoal e de pequenas empresas, uma vez que na maioria das vezes, apenas registramos quanto foi gasto, não há relação de casualidade entre o quanto entrou (renda) e quanto dessa renda foi destinada a cada gasto. 2.2. Sistema de contabilidade de dupla entrada em contas Diz-se que o sistema de entrada dupla da contabilidade revolucionou o crescimento nos negócios modernos. É somente porque as empresas são capazes de acompanhar sua crescente escala de transações de maneira eficiente que elas crescem ainda mais. Isso foi facilitado por um sistema de contabilidade de bem projetado, que impedia erros, chamado sistema de dupla entrada. 13 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.2.1. O que é o sistema de entrada dupla? Em um sistema de contabilidade de dupla entrada, há dois lados em cada transação. Os lados são iguais em magnitude, ou seja, os débitos devem sempre igualar os créditos. Esse sistema também é conhecido como Método das Partidas Dobradas. O sistema de débito e crédito é a base do sistema de dupla entrada de contabilidade. É muito útil, mas ao mesmo tempo é muito difícil de usar na realidade. Débitos e créditos são os blocos de construção do sistema contábil de dupla entrada. Muitos estudantes de contabilidade acham o uso dessas palavras confuso. Muitos tentam entendê-los tentando fazer uma analogia com algo que eles já conhecem como mais e menos. No entanto, débitos e créditos são distintamente diferentes de mais e menos. Às vezes, uma entrada de débito pode fazer com que o saldo da conta aumente, enquanto outras vezeso saldo da conta diminui. Em suma, a lógica predominante é a da contrapartida, para toda entrada deve haver uma saída correspondente, para toda origem deve haver uma destinação para aquele valor. (Mais detalhes no próximo tópico) Essa é a fórmula base da contabilidade moderna: Ativo = Passivo; Débito = Crédito; Bens e Direitos = Obrigações. 2.2.2. Grandes empresas Quando uma empresa cresce além de um determinado tamanho, ela precisa usar o sistema de contabilidade de dupla entrada. Isso é porque é obrigatório por lei e também porque é o sistema mais eficiente. 2.2.3. Registros completos O sistema de contabilidade de dupla entrada mantém um registro de todas as principais transações contábeis. Estas podem ser transações fora da empresa com terceiros. Certificando-se de que todos os registros de crédito e transações intra-firmas estão sendo contabilizados, o sistema de dupla entrada fornece o registro mais preciso. 2.2.4. Reconciliação Automática À medida que a escala de uma empresa cresce, ela se torna mais propensa a erros administrativos. Um funcionário responsável por um grande número de transações durante 14 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância todo o dia é pode cometer alguns erros. No entanto, o sistema de entrada dupla não permite que esses erros tenham efeito em cascata. Isso ocorre porque o sistema está constantemente verificando se o total de débitos é igual ao total de créditos. Quando não são, os contadores sabem que estão lidando com um erro. Eles podem então descobrir o erro, corrigi-lo e seguir em frente. Isso economiza muito tempo e cria uma incrível precisão no sistema. No entanto, o sistema de contabilidade de dupla entrada não é 100% à prova de erros. Existe a possibilidade de uma entrada ter sido completamente omitida ou de ter ocorrido erros de compensação ao passar a entrada. 2.2.5. Fraude é difícil Assim como a reconciliação, quando uma empresa cresce, mais e mais responsabilidades precisam ser confiadas aos trabalhadores. Muitas vezes isso leva a fraudes por parte dos trabalhadores à medida que desviam dinheiro e fazem uso de recursos para benefícios pessoais. No entanto, o sistema contábil de dupla entrada, quando usado corretamente, impede que tais situações surjam. O sistema possui controles internos fortes para evitar o uso indevido de quaisquer recursos. Lei 6.404/1976 Lei 11.638/2007 Lei 11.941/2009 www.cfc.org.br 2.3. Entendendo o Débito e Crédito O conceito de crédito e débito é o primeiro a confundir a cabeça de todo estudante de contabilidade, isso ocorre porquê ao tentarmos interpretarmos esses conceitos usando a terminologia do dia a dia acabamos errando na essência do que é débito e crédito para a contabilidade. A primeira coisa a ser definida é: tudo que entra é débito e o que sai é crédito. Em seguida, é preciso entender que a contabilidade moderna funciona pela metodologia das partidas dobradas, ou seja, das entradas duplas. Isso quer dizer que é preciso haver relação 15 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de casualidade, causa e efeito, para todos os registros contábeis, logo, não há entrada sem saída, nem crédito sem débito. Assim, o sistema de crédito por débito deve ser entendido como um sistema de duas etapas. As etapas envolvidas na decisão se uma conta precisa ser debitada ou creditada são as seguintes: 1. Verifique o tipo de conta 2. Verifique o tipo de transação Outra fato essencial para entender o Débito e o Crédito é compreender que um registro contábil apura os Bens, Direitos e Deveres, compondo assim o Patrimônio1 da Empresa. Assim, Bens e Direitos representam aquilo a entidade possui, adquiriu, comprou, investiu, ou seja, aonde seus recursos estão aplicados, no que ela gastou seus recursos. Já os Deveres representam a origem desses recursos2, de quem e para quem ela deve dinheiro, podendo ser para terceiros (instituições financeiras, credores, governo, fornecedores e funcionários) ou para os proprietários. Dessa forma, podemos separar as Contas em dois tipos, os tipos de débito e crédito, e, estas, podem ser classificadas em quatro categorias principais de contas em contabilidade, que são: 1. Ativos (bens e direitos; Aplicação/Destinação dos recursos) 2. Passivos (obrigações com terceiros ou proprietários; Origem/Fonte dos recursos) 3. Receitas (ganhos/entradas) 4. Despesas (gastos/saídas) Qualquer item pode ser classificado exatamente como uma dessas classificações. No entanto, o mesmo item pode ser dividido em dois e ser parte ativo e parte de despesas e assim por diante. 1 Mais deta lhes acerca d isso será vis to em um mater ia l especí f ico 2 Lembrando que recursos é um te rmo amplo, apesar de mensurado em moeda corrente , pode representar t rabalho, mercador ias, insumos, t r ibutos a recolher , a lém do própr io crédi to f inancei ro. 16 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Mas, podemos identificar nessas quatro categorias duas características básicas: 1. Despesas e Ativos denotam a saída de recursos da empresa. 2. Receitas e Passivos denotam a entrada de recursos para a empresa. Assim, as contas podem ser classificadas como saída (Destinação dos recursos, aonde eles foram aplicados) e entrada (Origem dos recursos, a fonte desses recursos). É essa característica que vai definir o que é Débito e Crédito. AS CONTAS DE SAÍDA (Ativos e Despesas) tem saldo Devedor. AS CONTAS DE ENTRADA (Passivos e Receitas) tem saldo Credor. Para auxiliar na compreensão de conceito, vale entender a origem dessa lógica que está no Passivo, essa conta representa as origens dos recursos, logo, apresenta quem são os CREDORES da empresa, terceiros ou proprietários, assim, todo fato econômico que aumenta o valor de um passivo, tem caráter de Crédito, logo, toda conta do Passivo tem caráter de Crédito. Assim, se o Ativo é o oposto do Passivo, o oposto do Crédito é o Débito, por isso, o Ativo tem caráter de débito. Já com relação às Receitas e Despesas, a lógica precede, a Receita com vendas de uma empresa é uma de suas fontes de recursos, assim como o Passivo, logo, ela tem caráter de Crédito. As despesas representam a aplicação desses recursos, logo, tem caráter de Débito. Assim, temos as seguintes situações: Contas de receita: Um débito diminui o saldo e um crédito aumenta o saldo. Contas de despesas: Um débito aumenta o saldo e um crédito diminui. Contas de ganhos: Um débito diminui o saldo e um crédito aumenta o saldo. Contas de perdas: Um débito aumenta o saldo e um crédito diminui o saldo. Se você estiver realmente confuso com esses problemas, lembre-se de que os débitos sempre vão para a coluna da esquerda e os créditos sempre vão para a coluna da direita. Não há exceções, veja o quadro abaixo: 17 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Vamos ver alguns exemplos de operações contábeis: Venda por dinheiro: debitar a conta em dinheiro | Crédito da conta de receita Venda a crédito: debitar a conta de contas a receber | Crédito da conta de receita Receba dinheiro no pagamento de uma conta a receber: debitar a conta em dinheiro | Crédito da conta de contas a receber Compre suprimentos do fornecedor em dinheiro: debite a conta de despesas de suprimentos | Crédito da conta em dinheiro Compre suprimentos do fornecedor a crédito: debite a conta de despesas de suprimentos | Crédito da conta a pagar Comprar estoque do fornecedor para dinheiro: debitar a conta de estoque | Crédito da conta em dinheiro Compre estoque do fornecedor a crédito: debite a conta de estoque | Crédito da conta a pagar Pague os funcionários:debitem as despesas salariais e as contas do imposto sobre a folha de pagamento | Crédito da conta em dinheiro Pegue um empréstimo: conta de débito em dinheiro | Crédito a pagar conta a pagar Reembolsar um empréstimo: conta de empréstimos a pagar a débito | Conta de caixa de crédito 18 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Todas as contas que normalmente contêm um saldo devedor aumentam quando um débito (coluna esquerda) é adicionado a elas e reduzido quando um crédito (coluna direita) é adicionado a elas. Os tipos de contas aos quais esta regra se aplica são despesas, ativos e dividendos. Todas as contas que normalmente contêm um saldo de crédito aumentarão quando um crédito (coluna da direita) for adicionado a elas e reduzido quando um débito (coluna da esquerda) for adicionado a elas. Os tipos de contas aos quais essa regra se aplica são passivos, receitas e patrimônio líquido. O montante total de débitos deve ser igual ao total de créditos em uma transação. 2.4. Os Regimes para Registro Contábil 2.4.1. Regime de Caixa A base de caixa de contabilidade usa recebimentos e pagamentos de caixa para registrar receitas e despesas. Portanto, sob o regime contábil de caixa, se uma corporação fizer pagamentos salariais de janeiro, 3 meses depois, em abril, será considerada como despesa no mês de abril, desde quando o dinheiro foi pago. Além disso, se a mesma empresa pagar o adiantamento para o mês de maio em abril, será considerado como despesa para abril. Da mesma forma, o tempo que as empresas gastam agregando valor a seus produtos aparece nos livros como despesas. Somente quando a venda é fechada e o dinheiro entra pela porta, a renda é reconhecida. A base contábil em dinheiro considera pagamentos antecipados como receita desde que o dinheiro tenha sido recebido. Existem problemas óbvios com base em contabilidade. Eles são os seguintes: Despesas tendem a ser desordenadas: Não é incomum as empresas negociarem crédito comercial para si mesmas. Sob os termos de crédito comercial, as empresas usam matérias-primas ao longo de um período de tempo e, em seguida, fazem um pagamento único pelo uso. Sob o regime contábil de caixa, todas as despesas aparecem nas demonstrações financeiras de uma só vez quando o pagamento é feito. Isso desordena as despesas nas demonstrações financeiras. Renda tende a ser desordenada: Assim como usamos o crédito de nossos fornecedores, as empresas que lidam conosco também tendem a usar nosso 19 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância crédito. Eles também fazem nossos pagamentos de uma só vez. Portanto, assim como as despesas, a renda também tende a ser confusa. Finanças tornam-se imprevisíveis: Sob o regime contábil de caixa, haverá poucos ou poucos rendimentos e despesas em alguns meses e receitas e despesas muito grandes em alguns outros. Isso será por causa do efeito de desordem. Como resultado, as finanças tornam-se imprevisíveis. 2.4.2. Regime de Competência Por outro lado, o regime de competência, contabiliza os fatos financeiros quando eles são reconhecidos: A empresa vai consumir suas matérias-primas de maneira consistente à medida que forem usadas no processo produtivo – e não em uma única cobrança quando forem pagas, como seria no regime de caixa. A firma registrará a renda quando todas as responsabilidades relativas à venda tiverem sido cumpridas e a firma tiver o direito de reclamar dinheiro dos clientes – e não, somente quando o pagamento for efetuado e depositado em sua conta, como seria no regime de caixa. O adiantamento em dinheiro recebido será tratado como um passivo. A empresa terá que devolver o dinheiro de volta ou fornecer serviços em vez do mesmo. Na contabilidade são utilizados uma combinação de regime de caixa e de competência. A conta de lucros e perdas e o balanço patrimonial são preparados de acordo com o regime de competência, enquanto o fluxo de caixa informa a situação do caixa da empresa pelo regime de caixa. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paul 20 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. PRINCÍPIOS, DOUTRINAS E CONVENÇÕES Objetivo Apresentar os princípios, doutrinas e convenções adotados na contabilidade, segundo as normas nacionais e internacionais. 3.1. Os princípios contábeis segundo o CFC O Conselho Federal de Contabilidade é o órgão máximo da regulamentação contábil no Brasil, sendo assim, em sua norma CFC 750/93 são estabelecidos os princípios básicos da contabilidade, os princípios apresentados a seguir foram extraídos na íntegra da norma CFC 750/93, disponível no website do CFC. Segundo o CFC (2008), “Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades”. O Art. 3 do CFC 750/93 estabelece que: “São Princípios Fundamentais3 de Contabilidade: I) o da ENTIDADE; II) o da CONTINUIDADE; III) o da OPORTUNIDADE; IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA (revogado); VI) o da COMPETÊNCIA; e VII) o da PRUDÊNCIA. ” (Extraído do CFC 750/93)4 3.1.1. O Princípio da Entidade Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da 3 Al terado pela CFC 1282/2010 4 Os pr inc íp ios são exigênc ias legais e normat ivas, mot i vo pelo qual o autor dec id iu re ferenc iar na ín tegra a norma do CFC, é de suma importânc ia que o estudante de contabi l idade conheça ta is normas. 21 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico contábil. 3.1.2. O Princípio da Continuidade Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância5. § 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível. § 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. 3.1.3. O Princípio da Oportunidade Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras etempestivas6. Parágrafo único: A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua 5 Al terado pela CFC 1282/2010 6 Al terado pela CFC 1282/2010 22 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.7 I – Desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; II – O registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; III – O registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão. 3.1.4. O Princípio do Registro pelo Valor Original8 Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. § 1o As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I - Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e II - Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não 7 Al terado pela CFC 1282/2010 8 Redação completamente a l terada p ela CFC 1282/2010, observar que o concei to de Correção Monetár ia fo i i nser ido. 23 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade; d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. § 2o São resultantes da adoção da atualização monetária: I - A moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II - Para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e III - A atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período." 3.1.5. O Princípio da Atualização Monetária (Revogado) 24 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.1.6. O Princípio da Competência9 Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. 3.1.7. O Princípio da Prudência10 Art. 10º O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. Segundo CFC 750/93, “Art. 11. A inobservância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista. ” 3.2. Convenções e Doutrinas Para ajudar os contadores a se entenderem, foram desenvolvidas diversas orientações (há algumas divergências entre nacional e internacional, porém, a tendência é que todas se alinhem) que são chamados de convenções e doutrinas. Convenções são acordos gerais em contabilidade, principalmente sobre padrões ou procedimentos. 9 Al terado pela CFC 1282/2010 10 Al terado pela CFC 1282/2010 25 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Enquanto as Doutrinas e Convenções11 são princípios fundamentais, axiomas, sobre os quais outros princípios se baseiam. Vamos ver os principais e mais relevantes: 3.3. Convenção da entidade (reforça o Princípio da Entidade) A empresa existe separadamente de seu proprietário e as informações financeiras de negócios são sempre tratadas separadamente das do proprietário. Salvo em casos de execução judicial e cobrança de dívidas, em que o patrimônio do proprietário pode vir a ser alienado. O mesmo vale para grupos empresariais que devem ter uma contabilidade para cada entidade, mesmo que haja depois um relatório consolidado. 3.5. Convenção do período contábil Esse é um dos tópicos que variam entre nações, pois dependem do ano-calendário de cada país, no geral, entidades de grande porte, multinacionais e listadas nas bolsas de valores seguem o calendário anual civil e trimestral. Isso significa, que diversos de seus relatórios serão elaborados e divulgados trimestralmente e anualmente. 3.6. Convenção da perpetuidade (reforça o Princípio da Continuidade) Os relatórios financeiros são preparados com base no pressuposto de que o negócio estará operando indefinidamente, que não há data para encerramento de suas atividades (exceto em casos específicosque se saiba que haverá tal encerramento, como os de fundos de investimento). Isso significa, que seus bens, direitos e obrigações não devem ter sua avaliação afetadas pelo pressuposto de que serão alienadas futuramente. Serve de base para o princípio de custo como base de valor. 3.7. Convenção Monetária Todas as transações comerciais são registradas em unidades monetárias referentes ao país de atuação da empresa, respeitando suas unidades matemáticas, ou seja, no caso brasileiro, reais e centavos. Se uma transação não puder receber um valor monetário, ela não poderá ser registrada. Operações internacionais costumam ser realizadas em dólar, então, é preciso fazer a conversão para moeda local. 11 Lembrando que o va le na prát ica são os pr inc íp ios legais estabelec idos nas normas, resoluções do CFC e CPC, a lém da s leg is lações apl icáveis . As dout r inas e convenções são como recomendações e or ien tações gera is , a lgumas , inc lus ive, apenas reforçam o que d iversos pr inc íp ios, normas, resoluções e leg is lações já estabeleceram. 26 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.8. Reconhecimento da convenção da lei Esta convenção pressupõe que as leis que afetam os negócios e o sistema contábil do negócio sejam sempre seguidas, tanto pelos profissionais da contabilidade, quanto pelos gestores das empresas, assim, como pelos próprios agentes fiscalizadores. 3.9. Realização Receita Recomenda que a receita só deve ser reconhecida e lançada no demonstrativo de resultado uma vez que todas as prerrogativas para sua realização tenham sido efetuadas, ou seja, que apenas quando todas as condições necessárias para a que a transação ocorra tenham sido atendidas. 3.10. Convenções de Objetividade Objeto de contabilidade é mostrar o resultado financeiro verdadeiro e justo e a posição financeira da organização. Tal objeto somente poderá ser atendido se as informações contidas na demonstração contábil forem suportadas pela evidência e houver aplicação mínima de julgamento pessoal de um contador. A Convenção da Objetividade afirma que as demonstrações financeiras devem estar livres de preconceitos, para torná- las confiáveis e confiáveis. 3.11. Convenções de Confiabilidade ou Confiabilidade Os usuários da demonstração financeira tomam suas decisões com base em informações fornecidas pela contabilidade por meio de conceitos financeiros. Se as informações fornecidas não estiverem corretas, isso pode induzir em erro os usuários. Assim, as informações fornecidas nas demonstrações financeiras devem ser confiáveis. Portanto, o procedimento contábil, que gera essas informações, também deve ser confiável. 3.12. Convenções de comparabilidade De acordo com essa convenção, as informações fornecidas nas demonstrações contábeis por meio da contabilidade são comparáveis às demonstrações contábeis dos últimos anos. Além disso, essa informação também é comparável com a de diferentes preocupações. Por comparação, pode-se tomar uma decisão melhor. (Relação direta com a Doutrina seguinte). 27 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.13. Doutrina de consistência Consistência refere-se ao uso da mesma abordagem contábil, princípios e procedimentos para período após período para determinar a posição financeira e renda da preocupação. Ajuda na comparação fácil do desempenho da preocupação entre dois períodos contábeis diferentes, já que as receitas e as despesas de cada período são medidas na mesma base. Torna demonstrações financeiras imparciais e livres de manipulação. No entanto, se uma política for alterada durante o ano, os fatos e seus efeitos deverão ser adequadamente divulgados como nota de rodapé das demonstrações contábeis. 3.14. Doutrina de materialidade A Doutrina da Divulgação exige a divulgação de políticas contábeis. No entanto, isso não significa que todas as informações precisam ser divulgadas. Somente informações relevantes devem ser adequadamente divulgadas. Informações materiais são aquelas informações cuja omissão ou distorção podem influenciar a decisão econômica do usuário. Além disso, a informação, que influencia a decisão dos usuários, é uma questão de julgamento subjetivo. Além disso, o julgamento da materialidade é a questão do viés pessoal. Um item pode ser material em um caso, mas imaterial em outro caso. Mas, situações como transações de valor irrelevante não precisam de detalhamento. 3.15. Doutrina do conservadorismo Em caso de incerteza dos resultados a serem relatados, uma estimativa mais conservadora dos lucros deve ser usada; é melhor subestimar o lucro em vez de exagerar. De acordo com esta convenção, não espere lucro, mas reconheça todas as perdas prováveis. Quando houver valor alternativo para os ativos, então um valor menor deve ser considerado. A provisão é feita para todos os passivos e perdas conhecidos, embora o montante não possa ser determinado com certeza e represente apenas a melhor estimativa à luz das informações disponíveis. 28 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por outro lado, lucros antecipados ou eventos futuros favoráveis são registrados somente após sua ocorrência, além disso, lucros serão registrados somente quando o mesmo for ser realizado, embora não necessariamente em dinheiro. Na avaliação do estoque de fechamento, contador deve considerar menor do custo ou o valor realizável líquido. 3.16. Doutrina da divulgação O principal objetivo da demonstração financeira é fornecer informações sobre a posição financeira da preocupação de seus usuários em tomar várias decisões. As demonstrações contábeis devem divulgar todas as informações relevantes e não ocultam nenhum fato relevante. A doutrina da divulgação implica que as demonstrações contábeis devem fornecer informações compreensíveis, relevantes, confiáveis e comparáveis aos seus usuários para alcançar o objeto da demonstração contábil. Para alcançar o objeto, muitas demonstrações contábeis contêm as seguintes informações como parte: As políticas contábeis e o método de contabilidade adotadas. Fato e efeito de qualquer mudança na política Informação de transação com partes relacionadas. Entre outras informações exigidas pelas legislações vigentes12. Um dos princípios e convenções que mais sofreram alterações, recentemente, são os referentes à mensuração do Valor de ativos e passivos, o princípio do valor Original e Convenção do Custo Histórico ou Custo como base de valor. Sempre foi estabelecido que o custo de aquisição expresso pela nota fiscal, recibo ou contrato era a base de valor a ser considerada na mensuração dos valores dos Ativos e Passivos e, em caso de divergências, sempre assumir o de menor valor. Estipulava-se que todos os Ativos e Passivos deveriam ser registrados pelo custo de aquisição ou histórico somente tendo esse valor atualizado no caso de sua alienação ou execução. Resoluções recentes vêm atualizando esse conceito, levando em consideração fatos econômicos como Valor Realizável, Valor Justo, Valor Presente e Atualização Monetária e Cambial. Além disso, há de se lembrar de questões como reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de bens, direitos e obrigações, que já são práticas contábeis reconhecidas. 12 Ver regulamentação contábi l da CVM e do CFC acerca das in formações re levantes em Demonstrações Financei ras. 29 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Lei 6.404/1976 Lei 11.638/2007 Lei 11.941/2009 www.cfc.org.br www.cpc.org.br Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. 30 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. CONCEITOS DE ENTIDADE E A TEORIA DESCRITIVA E PRESCRITIVA Objetivo Apresentar o conceito de entidade, fundamental na contabilidade, e o que é Teoria Descritiva e Prescritiva na contabilidade. 4.1. Conceito de entidade na contabilidade financeira Entidades é um conceito abstrato essencial à Contabilidade, representa um conjunto de pessoas e/ou recursos e/ou organizações que são capazes de exercer algum tipo de atividade econômica como objetivo de lucrar ou apenas atuar na sociedade, logo, detentor de Patrimônio (que é o objetivo final da contabilidade). Assim, o conceito de entidade é um dos conceitos centrais da contabilidade. A compreensão do mesmo é, portanto, de suma importância para os estudantes. No entanto, o conceito de entidade surgiu como uma solução para um problema enfrentado pelos contadores anteriores. Para entender os benefícios da solução fornecida, devemos primeiro analisar o problema. 4.1.1. Problema 1: Vida Pessoal X Vida Empresarial (Confusão na Medição) Na realidade, um negócio é apenas outro aspecto da vida de uma pessoa. Quando muitas pessoas se juntam e começam um negócio, é um esforço coletivo. No entanto, isso pode causar confusão para os contadores. Imagine contabilizar despesas pessoais e de negócios juntas. Os contadores nunca seriam capazes de chegar a uma imagem exata dos lucros. Para resolver esse problema, os contadores criaram o conceito de entidade. Essa foi a separação entre as informações pessoais e as profissionais do empreendedor. Para fins contábeis, o negócio é considerado uma entidade independente e separada da de seu empreendedor. Essa separação de informações na contabilidade é independente do status legal da organização. Mesmo havendo relação direta entre os patrimônios individuais e da empresa (pequenos negócios familiares, por exemplo), a contabilidade deve encontrar meios de distinguir ambos. 31 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4.1.2. Problema 2: Transações dentro da empresa Toda empresa realiza diversas transações com terceiros e o sistema contábil é capaz de acompanhar o mesmo. No entanto, também existem muitas transações internas à empresa e, algumas delas, podem ser confusas. Por exemplo, em um pequeno negócio familiar seus proprietários utilizam parte dos recursos da empresa para seu usufruto pessoal, se não houvesse distinção entre o patrimônio pessoal e empresarial, essas transações se perderiam. Outras transações, já no caso de empresas mais complexas, são resultado da atividade operacional, quando uma empresa consome seus insumos e matéria-prima e aplica seu trabalho neles, elas obtêm um produto finalizado, assim, há uma transação bastante complexa ocorrendo no ativo da empresa, redução dos insumos e um aumento do estoque. Se a empresa fosse considerada como uma unidade, seria impossível contabilizar a transação, pois a mesma parte não pode estar em ambos os lados da transação. 4.1.3. Implicações O conceito de entidade pode parecer uma suposição simples e óbvia de contabilidade, mas sua criação permite resolver esses e outros problemas, no entanto, algumas implicações que essa suposição cria podem ser um tanto quanto contra intuitivas. Vamos analisar as principais implicações: O Capital aparece como Responsabilidade: No uso cotidiano, consideramos a palavra responsabilidade com uma conotação negativa. Por outro lado, consideramos o capital com uma conotação positiva. Se você perguntar a um leigo se o capital deve ser considerado um passivo, eles certamente dirão “não”. No entanto, é exatamente isso que precisa ser feito. Na contabilidade, o capital aparece sempre abaixo do passivo, quando o balanço é preparado. Isso é por causa do conceito de entidade. O conceito de entidade considera a empresa separada de seus proprietários. Assim, capital é dinheiro que os proprietários emprestaram à empresa. É por isso que aparece no lado das obrigações das demonstrações financeiras da empresa. Se você preparar as demonstrações financeiras pessoais dos proprietários, o mesmo capital aparecerá como seu ativo. 32 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O lucro aparece como passivo: o lucro nada mais é que um aumento de capital. Portanto, mantendo-se em linha com o conceito de entidade, o lucro também é contabilizado como um passivo (uma obrigação/origem de recursos para com os Proprietários). Entidade dividida em contas: Uma analogia apropriada para desenhar seria a do corpo humano. O negócio é a entidade completa, ou seja, o corpo. Contas, por outro lado, são como pulmões, rins, coração, etc. Eles são como os órgãos vitais que são partes constituintes da entidade. Eles têm sua própria existência independente. No entanto, é a relação entre essas contas que é de primordial importância. É por isso que é chamado o sistema de contabilidade. Tipos de Contas: Todas as contas dentro da organização podem ser divididas em três tipos. Uma conta pode ser de um e apenas um dos seguintes tipos e não mais. Aqui estão alguns tipos de contas: o Pessoal: as contas pessoais são mais intuitivas. Mantemos um registro de todas as transações que realizamos com uma pessoa específica nelas. Todos nós mantemos contas pessoais como o dinheiro que devemos aos nossos amigos, ao merceeiro e assim por diante. o Jurídica: as contas jurídicas são regidas por normas, estatutos e legislações, que irão definir como e o que registrar, os métodos a serem adotados e de que maneira os organizar em relatórios e demonstrativos que deverão, posteriormente e periodicamente, ser divulgados. Além disso, existem diferenças entre as pessoas jurídicas, podendo ser desde à pequenos empreendimentos com poucas exigências a multinacionais com ações negociadas na bolsa de valores que precisam obedecer à uma série de exigências em relação à transparência e prestação de contas. o Real: Contas reais são contas que foram criadas para contabilizar coisas tangíveis. Contas como terrenos e prédios, máquinas a / c etc. são chamadas de contas reais. Embora não sejam seres vivos, ainda fazemos transações com essas entidades. Registros de tais transações são mantidos em contas reais. o Nominal: as contas nominais são uma categoria especial de contas. Enquanto as outras contas podem manter o saldo e levá-lo adiante, a conta nominal é 33 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância automaticamente redefinida para zero assim que o período de tempo terminar. Seu saldo é transportado para outras contas e os livros desse período são encerrados. Exemplos de tais contas são Lucro a / c, depreciação a / c etc. Diferentes tipos de entidades em um negócio: As empresas podem ter a mesma aparência quando você olha para o prédio em que operam, para os funcionários que contratam e para o produto que vendem. No entanto, eles podem ser muito diferentes quando se trata de sua estrutura legal. A estrutura legal determina o tipo de entidade que são, que por sua vez determina as regras que serão aplicadas a eles. Além disso, temos de ter em mente a dimensão da entidade que pode ser Econômica, Jurídica, Social e Organizacional. Sob o aspecto jurídico há a distinção estatutária dos sócios; no aspecto econômico temos os valores patrimoniaisque podem ser representados pela participação de cada sócio, podendo evoluir qualitativa e quantitativamente ao longo do tempo; no aspecto organizacional temos as pessoas e departamentos; e no aspecto social podemos avaliar o impacto da empresa na sociedade e comunidade. Tudo isso precisa ser registrado e separado criteriosamente pela contabilidade, pois há uma grande chance de que essas informações se misturem entre o que é da entidade e o que é das pessoais envolvidas. Definição dos tipos de Entidade: Por fim, a implicação mais clara do conceito de entidade é que existem diversos tipos de entidade, distintas pela sua complexidade, estrutura e fim. Vamos ver algumas delas: o Pessoa ou Família: Pessoa Física, são as pessoas e/ou famílias e seus respectivos patrimônios e renda servem de base para o IR. o Empresas: Representam as Pessoas Jurídicas, podem ter caráter comercial, industrial, agrícola, prestador de serviços etc. São compostas por 1 ou mais pessoas/sócios e podem, ou não, ter funcionários. São divididas em: MEI - Microempreendedor Individual – Misto de Pessoa Física e Jurídica; Tributação Simplificada Fixa; Apenas 1 funcionário e 1 Sócio; Faturamento Limitado (se passar do limite vira ME); restrito a atividades preestabelecidas em lei. ME - Microempresa – Pessoa Jurídica; Tributação Simplificada % sobre o Faturamento de acordo com o faturamento; pode ter mais funcionários; superando o faturamento limite vira EPP. EPP - Empresa de Pequeno Porte – Pessoa Jurídica; semelhante ao ME. 34 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância LTDA - Sociedade Limitada – Pessoa Jurídica; Dois sócios ou mais; Exigência de Estatuto Societário definindo distribuição de lucros e participação no capital social; pode se enquadrar em três categorias tributárias, Lucro Real, Presumido e Simples. No lucro real maior exigência contábil e tributação completa; no lucro presumido menor exigência e tributação sobre um lucro presumido tabelado; No Simples a tributação é tabelada e incide uma % sobre o Faturamento. S/A - Sociedade Anônima – Pessoa Jurídica; “Evolução” da LTDA, diversos sócios, estatuto e distribuição obrigatória de, ao menos, 25% dos lucros aos acionistas; Participação definida por posse de Ações; pode ser Aberta ou Fechada, sendo Aberta, suas ações podem ser negociadas na bolsa de valores e a exigência de informações contábeis é maior. Holding – É uma qualificação que significa um Grupo de Capitais Jurídicos; Cada um tem sua contabilidade e há uma Consolidação posteriormente. Sem Fins Lucrativos – Pessoa Jurídica criada para um fim específico, normalmente, uma realização de atividade ou manutenção que não objetiva lucro, apenas permanecer atuando por si. Por exemplo: Condomínio e Associações ou Sindicatos; Apesar de não ter por objetivo o lucro, pode vir a ter “sobras” no fim do exercício que deverão ser destinadas à algum tipo de fundo de reserva ou investimento posterior ou, até mesmo, redistribuição da renda que sobrou aos participantes; tem contabilidade própria, estatuto e, em tese, reuniões ou assembleias deliberativas. Fundos de Investimentos – São entidades semelhantes aos condomínios, porém, com a finalidade de obter lucro mediante a realização de investimentos em renda fixa e/ou variável; conta com contabilidade própria; sofre tributação; elevado grau de fiscalização e regulamentação pela CVM e Banco Central; Exige a gestão de um profissional qualificado; pode haver assembleias deliberativas; A participação sobre o patrimônio e os rendimentos é determinada pelo número de cotas representativas; Pode ter caráter fechado ou aberto, no qual o aberto tem suas cotas vendidas na bolsa de valores; Instituições Financeiras ou de Crédito – Pessoas Jurídicas; obtém lucro mediante prestação de serviços financeiros, de crédito ou investimentos; 35 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância alto grau de regulamentação tributária, contábil e legal por órgãos como Anbima, CVM e Banco Central; podem ser LTDA ou S/A aberta ou fechada. Cooperativas de Crédito – Entidades Financeiras semelhantes às instituições financeiras; segundo o Banco Central (Responsável por sua fiscalização), “Cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços. Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos bancos (...) os associados têm poder igual de voto independentemente da sua cota de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais e a adesão é livre e voluntária”. Órgãos governamentais – Tem um ramo próprio de Contabilidade, chamada de Contabilidade Pública; também é considerada uma Entidade; Tem Pessoa Jurídica e Patrimônio; Dependendo do caso pode visar o Lucro; Dividida em Esfera Federal (União), estadual e Municipal; pode ser exclusivamente pública ou ter seu capital social misto com capital privado; sendo assim, dependendo do ramo de atuação terá de respeitar ambas as regras da contabilidade societária e pública. Vamos ver as diversas facetas que o poder público pode assumir: Administração Pública Municipal, Estadual e Federal – Deve respeitar a Contabilidade Pública, regida pelas Leis 4320/64 – que define as regras para a Contabilidade Pública, formas de registro, controle e demonstração dos fatos econômicos e financeiros ocorridos na administração pública – e Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) – que em suma define o Orçamento, ou seja, os limites e destinações dos gastos públicos com base nas receitas com tributos esperadas13. O objetivo 13 O grande problema da contabi l idade na esfe ra públ ica é a grande d is torção entre Gastos e Ganhos, enquanto os Gastos são def in idos antec ipadamente, os ganhos não est imados e não tem prazo nem garant ias de recebimento, po is dependem dos pagamentos de t r ibut os que, por sua vez, nem sempre ocorrem como esperado, a economia pode desaquecer reduzindo seus va lores, pode haver inad implênc ia, concessões f isca is inesperadas etc . 36 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância principal da Contabilidade Pública é, portanto, o Balanço de Resultados: Origem das Receitas e Destinação das Despesas. Autarquia – Pessoa Jurídica que presta um serviço autônomo; Deve ser criada por Lei, assim como suas atribuições; Tem Patrimônio e Receita Próprios (que podem ter as mais variadas origens, definidas em lei) e visa prestar atividades da Administração Pública; Sua justificativa de criação é melhorar o funcionamento, gestão administrativa e financeira mediante a descentralização; É fiscalizada pelo poder público; Não estão sujeitas a falência14, qualquer alienação ou venda de patrimônio da autarquia deve obedecer as regras segundo a Lei n.º 8.666/93; Contratação de funcionários mediante concurso público; Devem obedecer às diversas regras de gestão estabelecidas no Direito Administrativo; Por exercerem atividades típicas da Administração Direta, as autarquias não estão sujeitas à falência. As aquisições e alienações por ela realizadas têm que observar as regras previstas na Lei n. º 8.666/93, e a contratação de servidores deve ser feita mediante concurso público. Empresas Públicas15 – Entidade Pública com Pessoa Jurídica; Patrimônio Próprio, criadas por Lei, cujo o Capital Social pode ser total ou parcialmente pertencente às administrações federais, estaduais ou municipais; Se o capital privado detiver parte nocom devedores duvidosos, etc. As entradas de ajuste exigirão que uma pessoa determine os montantes e as contas. Sem o ajuste das entradas, o software de contabilidade produzirá demonstrações financeiras incompletas, imprecisas e talvez enganosas. 84 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Depois que as demonstrações contábeis do exercício forem divulgadas, o software transferirá os saldos das contas de resultado para a conta de capital do proprietário único ou para a conta de lucros acumulados dos acionistas. Isso permite que as contas de demonstração de resultado do ano seguinte iniciem com saldos zero. (As contas do balanço não são encerradas, pois seus saldos são transportados para o próximo exercício contábil.). “ O lançamento contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas26. Deve conter uma estrutura mínima, que contemple: a) data; b) conta (s) debitada (s); c) conta (s) creditada (s); d) histórico; e e) valor. O objetivo da data no lançamento contábil é claro, pois em qualquer pesquisa posterior é elemento-chave de identificação. Além disso, a data é necessária para manter a sequência dos eventos econômicos registrados, de tal forma que mostre a evolução da ocorrência das transações. O histórico é peça-chave para entender o que se está registrando e por quê. O valor, como já vimos, é a base do controle dos elementos patrimoniais e por meio dele é que se obtém o saldo das contas contábeis. ” (Padoveze, 2017) “O registro contábil por meio da metodologia do método das partidas dobradas nos livros contábeis é denominado escrituração contábil. Cada registro contábil escriturado é chamado também lançamento contábil. A prática contábil desenvolveu a escrituração contábil em dois livros básicos: o livro diário27 e o livro razão28. No livro diário, os lançamentos são escriturados em ordem cronológica diária rígida, à medida que as transações vão acontecendo. No livro razão, os lançamentos contábeis são por conta 26 De acordo com o Atr igo 86 da Lei 4320/64 . 27 L ivro de escr i tu ração contábi l dest inado ao reg is t ro de todos os fa tos patr imonia is que se sucedem em uma empresa ou em uma ent idade organizado por ordem de data. É um l iv ro de natureza obr igató r ia e cons iderado, por le i , como o l iv ro centra l ou pr inc ipa l (CFC,2017) . 28 L ivro de escr i turação contábi l que tem por ob jeto reg is t rar , separadamente, o que se passa com cada conta, apresentando a pos ição delas. Cada fo lha do Razão é dest inada a uma conta. O L ivro Razão é cons iderado como pr inc ipa l da par t ida dobrada, porque dele é que se levantam os balancetes e ba lanços e porque nele as contrapos ições se evidenc iam de forma absoluta, sendo teste para o r igor dos reg is t ros (CFC,2017). 85 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contábil, e, dentro de cada conta contábil, também em ordem de data.” (Padoveze, 2017). Segundo as normas do CFC: Livros Obrigatórios 3.8.1 O Diário e o Razão constituem fontes de informações contábeis permanentes e neles são registradas as transações que afetem ou possam vir a afetar a situação patrimonial, conforme estabelece a NBC TSP 16.5 - Registro Contábil. 3.8.2 Os Conselhos de Contabilidade deverão manter seus livros Diário e Razão impressos e encadernados, na forma prevista do item 2.1.5.3 da NBC T 2.1, que diz: “No caso de a Entidade adotar para sua escrituração contábil o processo eletrônico, os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipograficamente, serão destacados e encadernados em forma de livro”. 3.8.3 O Livro Diário deverá ser registrado no Registro Público competente. 3.8.4 Poderão os Conselhos adotar outra forma de registro público, desde que autorizada por Norma Técnica do CFC. 9.4. Escrituração: método de realização Agora que já compreendemos um pouco a escrituração nos dias de hoje e como era no passado, vamos ao básico da escrituração. Primeiramente, a Escrituração contábil (assim como a contabilidade) envolve o registro das transações financeiras – ou também chamados de Eventos Econociso – de uma empresa. As transações deverão ser identificadas, aprovadas, classificadas e armazenadas de forma que possam ser relacionadas e apresentadas nas demonstrações financeiras e outros relatórios da empresa. Logo, é preciso algum tipo de documento comprobatório referente à essas transações, esse documento é chamado de documento hábil, por exemplo: Notas Fiscais, Contratos, Boletos, faturas, Comprovantes, Cópias de documentos fiscais ou financeiros, relatórios, requisições etc. A base para efetuar o lançamento é um documento hábil, que pode ser de origem externa (preferencialmente) ou interna. Documentação de origem externa são notas fiscais, boletos, faturas, contratos, comprovantes de depósito, copias de cheques etc. Documentação de origem interna são relatórios de despesas de Viagem, requisições de materiais dos estoques. “Devem-se buscar ao máximo documentos de origem externa. Porém, para registrar determinados eventos econômicos é suficiente uma documentação elaborada internamente por pessoas responsáveis pela administração.” (Padoveze, 2017). 86 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Obtidos os documentos hábeis é preciso realizar os lançamentos dessas informações, como já explicado previamente, o lançamento ocorre em dois livros: Diário e Razão, no primeiro não há mistério, apenas o registro e detalhamento dos fatos financeiros ocorridos em ordem cronológica. Outro motivo para a utilização do livro diário é prevenir fraudes e manipulações contábeis, uma vez que os eventos são registrados em ordem de acontecimentos, não há possibilidade de outro fato ser lançado a posteriori gerando efeitos retroativos. Por sua vez, o livro diário é apenas uma listagem cronológica, sem valor do ponto de vista do controle e classificação dessas informações, motivo pelo qual temos o livro razão. No livro razão as informações devem ser classificadas e lançadas nas suas respectivas contas patrimoniais, mediante o método do Débito e Crédito, proveniente das partidas dobradas (sistema de entrada dupla). É por meio desse livro que são calculados e evidenciados todos os eventos econômicos e seus efeitos sobre as contas patrimoniais e seus saldos. Com relação à metodologia de lançamento existem duas: Sucessiva e Débito e Crédito. Aqui estão alguns exemplos de algumas transações financeiras de uma empresa: A compra de suprimentos com dinheiro; A compra de mercadoria a crédito; A venda de mercadorias a crédito; Aluguel para o escritório de negócios; Salários e vencimentos auferidos pelos empregados; Comprando equipamentos para o escritório; Emprestar dinheiro de um banco. As transações serão classificadas em talvez centenas de contas, incluindo Caixa, Contas a Receber, Empréstimos a Pagar, Contas a Pagar, Vendas, Despesas com Aluguel, Despesas com Salários, Departamento de Despesas com Salários, Departamento de Despesas com Salários, etc. Os valores em cada uma das contas ser relatado nas demonstrações financeiras da empresa em detalhes ou de forma resumida. Com centenas de contas e talvez milhares de transações, fica claro que, quando uma pessoa aprende o 87 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância software contábil, haverá eficiências e melhores informações disponíveis para administrar um negócio. Assim como existem inúmeras transações financeiras e contas patrimoniais, temos de levar em consideração a complexidade dessas transações e o relacionamento entre as contas, ou seja, nem sempre a empresa irá tomar um empréstimo e utilizar esse dinheiro em apenas umaatividade, isso quer dizer, que podem haver diversas origens e diversas destinações simultâneas ou não dentro de cada transação. Assim sendo, os lançamentos contábeis podem ser classificados de três maneiras: 1. Simples: Apenas duas contas contábeis são alteradas; 2. Misto: Quando há uma conta sendo debitada e duas ou mais contas sendo creditadas, ou o vice-versa. 3. Duplo: Quando duas ou mais contas são alteradas tanto por débito quanto por crédito. Lançamento contábil por débito e crédito A metodologia de lançamento contábil por balanços sucessivos, apesar de ser clara e facilmente inteligível, não é prática, uma vez que as empresas fazem milhares de lançamentos por dia ou mês. Também esse tipo de metodologia não permite contemplar um elemento fundamental de um lançamento, que é o histórico da transação. Além disso, muitos tipos de lançamentos são repetitivos, modificando apenas algumas características e mantendo sua essência, como os lançamentos de compras e vendas. Assim, essas todas essas movimentações devem ser escrituradas nas contas contábeis por meio da metodologia do débito e crédito, Para identificar se é débito ou crédito em cada conta, o procedimento deve ser o seguinte: a) identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação; b) identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta contábil que representa os elementos patrimoniais alterados; c) identificar a natureza intrínseca do aIIu da conta, se é de saldo devedor ou saldo credor; d) se a conta é de saldo devedor, esta será debitada se a transação aumentar o seu saldo, e será creditada se a transação diminuir seu saldo; e) se a conta é de saldo credor, esta será creditada se a transação aumentar o seu saldo, e será debitada se a transação diminuir seu saldo. (Padoveze, 2017). 88 Teoria da Contabilidade Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por fim, após efetuados os lançamentos contábeis, elabora-se um balancete de verificação em que os saldos das contas patrimoniais são listados e averiguadas, para verificar se há igualdade entre os débitos e créditos lançados, assim, calcula-se o saldo total de débitos e créditos, se houver diferença entre os valores significa que houve algum erro no lançamento/escrituração. Lei das Sociedade por Ações (Lei das S/A) – Lei nº 6404/76 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11638/07 Alterações na Lei das S/A – Lei nº 11941/09 CHAGAS, G. Contabilidade geral simplificado: demonstrações financeiras após alterações nas leis das S/A. São Paulo: Saraiva, 2013. Padoveze, C.L. Contabilidade Geral Simplificada. São Paulo: Forense, 2017. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade. 3ª ed. Brasília: CFC, 2008. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1282. 3ª ed. Brasília: CFC, 2010. PREFÁCIO AO CURSO 1. AS ORIGENS E CONCEITUAÇÃO DA CONTABILIDADE 1.1. Sistema de contabilidade de entrada única 1.2. Sistema Bahi-Khata 1.3. Comerciantes de Veneza 1.4. Companhias de Carta (do inglês chartered company) 1.5. Contabilidade Moderna 1.6. Objetivos da Contabilidade 1.6.1. Registro permanente (Histórico) 1.6.2. Medição do Resultado (Aferição ou Apuração) 1.6.3. Credibilidade (Prestação de Contas) 1.6.4. Uso Eficiente de Recursos (Otimização e Planejamento Financeiro) 1.6.5. Projeções 1.7. Limitações da Contabilidade 1.8. Mensuração Subjetiva 1.9. Fatores Qualitativos 1.10. Uma base de valor única 1.11. Nenhuma informação sobre custo de oportunidade 1.12. A quem se destina a contabilidade? 1.12.1. Mercado de Capitais 1.12.2. Fornecedores de crédito (instituições financeiras de crédito e investimento públicas e privadas) 1.12.3. Governo 1.12.4. Empregados 1.12.5. Gestão 1.12.6. Fornecedores 1.12.7. Sociedade 1.12.8. Sócios/Proprietários 2. OS SISTEMAS CONTÁBEIS E SEUS REGIMES 2.1. Sistema de contabilidade de entrada única 2.1.1. Pequenas empresas 2.1.2. Registros Incompletos 2.1.3. Nenhuma reconciliação 2.1.4. Possibilidade de fraude 2.2. Sistema de contabilidade de dupla entrada em contas 2.2.1. O que é o sistema de entrada dupla? 2.2.2. Grandes empresas 2.2.3. Registros completos 2.2.4. Reconciliação Automática 2.2.5. Fraude é difícil 2.3. Entendendo o Débito e Crédito 2.4. Os Regimes para Registro Contábil 2.4.1. Regime de Caixa 2.4.2. Regime de Competência 3. PRINCÍPIOS, DOUTRINAS E CONVENÇÕES 3.1. Os princípios contábeis segundo o CFC 3.1.1. O Princípio da Entidade 3.1.2. O Princípio da Continuidade 3.1.3. O Princípio da Oportunidade 3.1.4. O Princípio do Registro pelo Valor Original 3.1.5. O Princípio da Atualização Monetária (Revogado) 3.1.6. O Princípio da Competência 3.1.7. O Princípio da Prudência 3.2. Convenções e Doutrinas 3.3. Convenção da entidade (reforça o Princípio da Entidade) 3.5. Convenção do período contábil 3.6. Convenção da perpetuidade (reforça o Princípio da Continuidade) 3.7. Convenção Monetária 3.8. Reconhecimento da convenção da lei 3.9. Realização Receita 3.10. Convenções de Objetividade 3.11. Convenções de Confiabilidade ou Confiabilidade 3.12. Convenções de comparabilidade 3.13. Doutrina de consistência 3.14. Doutrina de materialidade 3.15. Doutrina do conservadorismo 3.16. Doutrina da divulgação 4. CONCEITOS DE ENTIDADE E A TEORIA DESCRITIVA E PRESCRITIVA 4.1. Conceito de entidade na contabilidade financeira 4.1.1. Problema 1: Vida Pessoal X Vida Empresarial (Confusão na Medição) 4.1.2. Problema 2: Transações dentro da empresa 4.1.3. Implicações 4.2. Teoria Descritiva (Positiva) e prescritiva (Normativa) 4.3. Contabilidade positiva ou Descritiva 4.4. Contabilidade Normativa ou Prescritiva 4.5. Vantagens e desvantagens de ambas as teorias 5. QUALITATIVO E QUANTITATIVO 5.1. Quantitativo X Qualitativo nas Demonstrações Contábeis 5.2. Usos Gerais da Informação Contábil e Benefícios que uma informação de qualidade pode gerar 5.2.1. Gerenciamento de desempenho 5.2.2. Criar orçamentos 5.2.3. Decisões Empresariais 5.2.4. Decisões de Investimento 5.2.5. Reputação Externa 5.2.6. Relações de trabalho 5.2.7. Efeitos do Credor 5.2.8. Qualidade 6. ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTABILÍSTICO 6.1. As escolas de pensamento contabilístico: resumo 6.2. As escolas de pensamento contabilístico: evolução histórica 6.2.1. A Personificação de Contas 6.2.2. Personificação em um conjunto de contas 6.2.3. Personificação em dois conjuntos de contas 6.2.4. Personificação em três conjuntos de contas 6.2.5. Personificação em quatro conjuntos de contas 6.2.6. Personificação em cinco conjuntos de contas 6.2.7. Desdobramentos da Teoria Personalista 6.2.8. A visão legal das contas e o Materialismo 6.2.9. A visão materialista das contas 6.2.10. Período Normativo e Positivista 6.2.11. Contabilidade Positiva 6.2.12. Contabilidade Normativa 6.2.13. Contabilidade Moderna 7. CONHECENDO O PATRIMÔNIO E SUAS CONTAS 7.1. Patrimônio: Balanço Patrimonial 7.2. Ativo e Passivo 7.3. Patrimônio Líquido e suas mutações 7.4. Reconhecimento nas demonstrações contábeis 8. PLANO DE CONTAS 8.1. Plano de Contas 8.1.1. A estrutura básica do plano de contas em nível de classe/grupo 9. ESCRITURAÇÃO 9.1. Introdução à Escrituração 9.2. Escrituração antes dos softwares 9.3. Escrituração com o auxílio dos softwares 9.4. Escrituração: método de realização