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133 c) Paulo Leminski, representante da poesia marginal, enfatiza no poema a inutilidade da palavra escrita. d) Ao apresentar o alfabeto como um bicho com número ímpar de patas Leminski cria a ideia de um desequilíbrio que prejudica a expressão poética. e) A ausência de metáforas e de rimas é carac- terística não apenas do poema citado, mas de toda a obra de Paulo Leminski. 20. Leia os versos de Cecília Meireles, extraídos do poema Epigrama nº 8. Encostei-me a ti, sabendo bem que eras [somente onda. Sabendo bem que eras nuvem, depus a [minha vida em ti. Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu [destino frágil, fiquei sem poder chorar, quando caí. O eu lírico reconhece que a pessoa em quem depôs sua vida representava: a) uma relação incerta, por isso os desenganos vividos seriam inevitáveis. b) um sentimento intenso, por isso tinha cer- teza de que não sofreria. c) um caso de amor passageiro, por isso se sen- tia enganado. d) uma angústia inevitável, por isso seria me- lhor aquele amor. e) uma opção equivocada, por isso sempre teve medo de amar. 21. Venturosa de sonhar-te, à minha sombra me deito. (Teu rosto, por toda parte, mas, amor, só no meu peito!) — Barqueiro, que céu tão leve! Barqueiro, que mar parado! Barqueiro, que enigma breve, o sonho de ter amado! Em barca de nuvens sigo: e o que vou pagando ao vento para levar-te comigo é suspiro e pensamento. — Barqueiro, que doce instante! Barqueiro, que instante imenso, não do amado nem do amante: mas de amar o amor que penso! MEIRELES, Cecília. Canções. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1972. p. 564. A poesia de Cecília Meireles constitui “esbo- ços de quadros metafísicos”, o que pode ser comprovado no texto por meio: a) da exaltação do ente amado em sua plenitu- de de beleza. b) do sofrimento causado pelo distanciamento entre os amantes. c) da nostalgia de um tempo marcado pela ex- periência concreta do amor. d) de uma atitude reflexiva do sujeito poético a respeito do amor como ideia. e) de versos predominantemente descritivos de uma paisagem estática que reflete o íntimo do sujeito lírico. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Epigrama 2 És precária e veloz, Felicidade. Custas a vir e, quando vens, não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia [tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa: Fizeste para sempre a vida ficar triste: Porque um dia se vê que as horas todas [passam, e um tempo despovoado e profundo persiste. (Cecília Meireles) 22. Assinale a afirmação errônea sobre o poema. a) Ao dialogar com a figura da Felicidade, o “eu” poético personifica-a. b) A Felicidade é caracterizada por elementos paradoxais. c) As horas foram inventadas como tentativa de substituição da Felicidade. d) Constata-se que o tempo é tão fugaz quanto a Felicidade. e) A Felicidade acaba sendo responsável pelo vazio existencial. Considere o poema abaixo, de Ana Cristina César (1952-1983). Fisionomia não é mentira é outra a dor que dói em mim é um projeto de passeio em círculo um malogro do objeto em foco a intensidade de luz de tarde no jardim é outra a dor que dói 23. O título do poema está relacionado ao eu lí- rico por um conflito de natureza: a) amorosa. b) social. c) física d) existencial. e) imaginária.