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Direito Penal 101 Introdução ao Direito Penal - Conceito: Formal: D. Penal é um conjunto de normas que qualificam certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. (ligada à lei e à disposição do sistema penal). Sociológico: O D. Penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo. É norteado pelo Princípio da Intervenção Mínima. - Missão do D. Penal: Na atualidade a doutrina divide-se em dois. Mediata: Controle social (disciplina social) Limitação ao poder de punir estatal. ATT: Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro lado é necessário também controlar seu próprio poder de controle, evitando abuso. Imediata: A doutrina diverge 1ª C: proteger bens jurídicos (Roxin – funcionalismo teleológico) 2ª C: assegura o ordenamento, vigência da norma (Jacobs – funcionalismo sistêmico ou radical). - Classificação doutrinária: Objetivo: conjunto de leis penais em vigor no país. O D. Penal é a expressão do punitivo do Estado. Subjetivo: é o direito de punir do Estado. Atenção! O direito de punir é monopólio do Estado (não é transferido para o particular). E a legítima defesa? O particular não pune, mas se defende. E quanto a ação penal de iniciativa privada? O Estado transfere para o particular o direito de perseguir a pena, e não o direito de punir. Atenção! Hipótese em que o Estado tolera a punição privada paralela (art. 57, Est. do Índio) Tribunal Penal Internacional? O TPI tem competência subsidiária, consagrou-se no Princ. da Complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas jurídicos nacionais, salvo quando os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir. Substantivo: sinônimo de Direito Penal objetivo Adjetivo: corresponde ao direito processual penal. Esta classificação é ultrapassada, época em que o processo penal não tinha autonomia. - Fontes do Direito Penal: indica o lugar onde se criam normas penais (fonte material) e as formas de revelação (fonte formal). Material: fonte de produção: órgão encarregado da sua criação: UNIÃO (podendo transferir aos estados por LC quando se tratar de matéria específica), art. 22, I, CF. Atenção! Art. 22 § único, CF. Formal: fonte de conhecimento, de revelação. Doutrina Tradicional Doutrina Moderna Fonte formal imediata: - lei Fonte formal mediata: - costumes - princípios gerais do Direito CF??? T.I.D.H??? Jurisprudência??? Princípios??? Complementos das Normas Penais em Branco??? Fonte formal imediata: - lei (única capaz de criar crime e cominar pena) - CF - T.I.D.H - jurisprudência - Princípios - Comp. das normas penais em branco Fonte forma mediata: - doutrina OBS: os costumes configuram fontes informais de Direito. Fontes Formais Imediatas: doutrina moderna Lei: única capaz de criar crime e cominar pena. Constituição Federal: apesar de não criar crime e cominar pena, fixa patamares mínimos (mandados constitucionais de criminalização: Art 5ª XLII, XLIII e XLIV), abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir. A CF é rígida, porém a sociedade muda o tempo todo, ocorreria uma petrificação do Direito Penal. *Pergunta de concurso: Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? Prevalece que sim, desdobramento lógico do dever de proteção eficiente do Estado (imperativos de tutela) Tratados Internacionais de Direitos Humanos: Aprovados com quórum comum: Supra legal ou infraconstitucional. Aprovados com quórum de EC: Status constitucional. OBS: Os T.I.D.H não criam crimes ou cominam penas para o Direito interno. Somente do âmbito internacional. Lei 12.694/12: Antes Depois - O Brasil não tinha lei definindo Organização Criminosa - Valia-se da Convenção de Palermo - O STF proibiu aplicar a Convenção na criação de crime e na cominação de penas. - Agora o Brasil tem lei definindo Organização Criminosa, com reflexos penais e processuais. - Lei Irretroativa Atenção! Não se confundem os Tratados firmados pelo país (“hard Law”, norma obrigatória e vinculante) com as recomendações internacionais (“Soft Law”, não vinculantes, porém importante instrumento de interpretação). Jurisprudência: Apesar de não criar crime ou cominar pena, revela D. Penal, podendo inclusive assumir caráter vinculante (Súm. Vinculantes). Princípios: Não criam ou cominam penas, mas servem para absolver, reduzir pena, ou na declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei penal. Complemento de norma penal em branco Fontes informais: assunto estudado na 3ª aula - Interpretação da Lei Penal: Quanto ao sujeito que interpreta: origem Autêntica ou Legislativa: Dada pela própria lei. Ex: Art. 327 CP (lei penal interpretando a si mesma) Doutrinária ou Científica: Feita pelos estudiosos Jurisprudencial: Fruto das decisões reiteradas dos nossos tribunais. Atenção! Pode ter caráter vinculante. *Pergunta de concurso: A exposição de motivos no CP é qual espécie de interpretação qnt ao sujeito? A exposição de motivos do CP (diferente do CPP), por não ser lei, não caracteriza hipótese de interpretação autêntica, mas doutrinária sem caráter obrigatório. Quanto ao modo: Gramatical ou Literal: Leva em conta o sentido literal das palavras. Teleológica: Indaga-se a origem da lei. Histórica: Procura-se a origem da lei Sistemática: A lei é interpretada com o conjunto da legislação ou até mesmo os princípios gerais de direito. Progressiva/adaptativa/evolutiva: Atualização dos diplomas normativos com o avanço da ciência. Quanto ao resultado: Declarativa: A letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada é suprimido ou adicionado. Extensiva: Amplia-se o alcance da palavra para que corresponda a vontade do texto. Restritiva: reduz-se o alcance da palavra. *Pergunta de concurso: É possível interpretação extensiva contra o réu? 1ª C: no Brasil, diferente de outros países (Equador, por exemplo), não se proíbe a interpretação extensiva contra o réu. 2ª C: na dúvida, a interpretação deve ser favorável ao réu. Ver art. 22 do Est. de Roma, que criou o TPI. 3ª C: Zaffaroni admite exceção ao Princípio da interpretação estrita, quando da sua aplicação deriva um escândalo por sua notória irracionalidade. Atenção: A jurisprudência brasileira trabalha com a interpretação extensiva contra o réu, com por ex. o art. 157 §2ª, I, CP. A expressão arma gera indisfarçável controvérsia. 1ª C: arma no sentido próprio, isto é somente os instrumentos fabricados com finalidade bélica (interpretação restritiva). 2ªC: arma no sentido impróprio, isto é, todo instrumento com ou sem finalidade bélica, que serve para o ataque. Ex: faca de cozinha é arma (interpretação extensiva). Interpretação Extensiva Interpretação Analógica Analogia - tem lei criada para o caso - amplia-se o conceito legal - ATT: não importa no surgimento de uma nova norma. Art 157 §2ª, I, CP. - tem lei criada para o caso - depois de exemplos, a lei encerra o texto de forma genérica, permitindo ao intérprete alcançar outras hipóteses. Art 121, §2ª, I, III, IV CP. - não tem norma criada para o caso - é regra de integração (pressupõe lacuna) e não de interpretação - empresta-se norma criada para caso semelhante. - Analogia no Direito Penal: Pressupostos: Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu. A Existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (a analogia pressupõe falha, omissão na lei). 1ª Hipótese: Art. 181 CP “Cônjuge”: é possível, por meio da analogia, abranger à união estável. 2ª Hipótese: Art. 155, §2ª, CP “Privilégio” / Art. 157 (não tem a figura do privilégio): Neste caso, não se pode aplicar a analogia (o privilégio do furto ao roubo), pois é pura Política Criminal, vontade do legislador. Princípios- Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal: Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos: Nenhuma criminalização é legítima se não visa evitar a lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico determinado. Bem Jurídico: Todos os dados que são pressupostos de um convívio pacífico entre os homens, fundado na liberdade e na igualdade. Ex: Crimes contra ávida, crimes contra o patrimônio, crimes contra a dignidade sexual. Atenção! O Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos impede o Estado valer-se do Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos (bens que não são pressupostos para o convívio pacífico entre os homens). Ex: o Direito Penal proteger determinada religião não é legítimo, mas proteger a liberdade religiosa sim. *Pergunta de Concurso: O que vem a ser Espiritualização/ Desmaterialização/Dinamização ou Liquefação do bem jurídico? O Direito Penal tutelando novos bens jurídicos de caráter coletivo e difuso. Ex: O Meio Ambiente, a Ordem Tributária, Ordem Econômica etc. - Crítica a essa Espiritualização do Bem Jurídico: Tem doutrina sustentando que o Direito Penal, no caso dos interesses difusos e coletivos, não mais protege bem jurídico, mas funções, consistentes em objetivos perseguidos pelo Estado ou, ainda, condições prévias para fruição de bens jurídicos individuais. Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário (a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle) e fragmentário (observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado). *Pergunta de Concurso: O Princípio da Insignificância é um desdobramento da Subsidiariedade ou da Fragmentariedade? Fragmentariedade. Desejados Humanos Indesejados (Princípio da Intervenção Mínima) Fatos Natureza a)Subsidiário (aguardo o fracasso dos demais ramos) b) Fragmentário (Princ. da Insignificância) Princípio da Insignificância: Exclui a tipicidade material do fato. Estabelece quatro requisitos: P/ o STF e STJMínima Ofensividade da conduta do agente Nenhuma periculosidade social da ação Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento Inexpressividade da lesão jurídica provocada STF x STJ: É aplicável este princípio para o reincidente? Prevalece no STF/STJ que não. Reconhecida a reincidência, a reprovabilidade do comportamento é agravada de modo significativo. Atenção: Existem decisões dos Tribunais Superiores admitindo. P/ LFG, negar Princípio da Insignificância para o reincidente é resquício de Direito Penal do autor. É aplicável este princípio para furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ou mediante abuso de confiança ou fraude? De acordo com o STF e STJ, não, pois, o comportamento mostra-se reprovável. É aplicável este princípio no roubo ou em qualquer outro crime patrimonial mediante violência ou grave ameaça? Está consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento de que não se aplica. É aplicável este princípio nos delitos contra a previdência social (Art. 168-A, 337-A etc)? Prevalece no STF e no STJ não ser aplicável, pois atinge bem jurídico supraindividual. Atenção: tem decisões no sentido contrário. É aplicável este princípio nos delitos contra fé pública? De acordo com o STF e o STJ não é aplicável. É aplicável nos delitos praticados por funcionários públicos contra Administração em geral? O STF aplica já o STJ não aplica por conta do bem jurídico “moralidade administrativa”. É aplicado nos delitos praticados por particulares contra a Administração em geral? O STF aplica. Tem decisões no STJ também aplicando (contrabando e descaminho). O CESPE tem defendido não ser aplicável. - Princípios relacionados com o fato do agente: Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato: O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias (fato). Cuidado! Ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, cogitações ou estilo de vida. Direito Penal do Fato Desejados Humanos Indesejados (Princípio da Intervenção Mínima) Fatos Natureza a)Subsidiário (aguardo o fracasso dos demais ramos) b) Fragmentário (Princ. da Insignificância) Direito Penal do Fato Direito do Autor Direito Penal do Fato que considera o autor - As leis penais só devem punir fatos - Punição de pessoas que não tenham praticado nenhuma conduta. Ex: Art. 60 da Lei de Contravenções Penais (foi revogado). - As leis penais só devem punir fatos, mas considera o autor no instante da individualização da pena. Art. 59 do CP Princípio da Ofensividade: Também chamado de Princípio da Lesividade. Para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ao perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. *Pergunta de Concurso: É possível crime de perigo abstrato? Lembrando: Crime de Dano: A consumação pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: 121, 155, 156, 213 etc. Crime de Perigo: Basta para a consumação o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: Art. 130, 131, 132, 133 etc. Concreto: O perigo de lesão deve ser comprovado Abstrato: O perigo de lesão é presumido por lei. Ex: tráfico de drogas, embriaguez ao volante (de acordo com o STF e STJ). O STF, em casos excepcionais, admite a criação de crimes de perigo abstrato, não representando, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador (HC 104410/RS). Atenção! Para a Defensoria Pública, devemos defender a tese da inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato, por violarem o princípio da Ofensividade e Ampla Defesa. - Princípios relacionados com o agente do fato: Princípio da Responsabilidade Pessoal: Proíbe o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe no Direito Penal responsabilidade Coletiva (Razão pela qual o MP na denúncia deve individualizar comportamentos). Princípio da Responsabilidade Subjetiva: Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível. Não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa. *Pergunta de Concurso: Exceções ao Princípio da Responsabilidade Penal Subjetiva? (hipóteses de responsabilidade objetiva, isto é sem dolo ou culpa). 1ª hipótese: Rixa qualificada pela lesão grave ou morte (todos os rixosos respondem por crime qualificado, independentemente de se apurar o autor do resultado). 2ª hipótese: Embriaguez voluntária e completa. (assunto que será aprofundado no tema “Culpabilidade”) Princípio da Culpabilidade: Postulado limitador do direito de punir. Só pode o Estado punir agente imputável, com potencial consciência da ilicitude quando dele exigível conduta diversa. Este princípio é só lembrarmos dos elementos da culpabilidade. Princípio da Igualdade ou Isonomia: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Atenção: Essa Igualdade é material e não formal (tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades) admitindo-se distinções justificadas. Princípio da Presunção de Inocência: - Esclarecimentos: 1ª Corrente 2ª Corrente 3ª Corrente - Princípio da Presunção de Inocência é sinônimo de Princípio da Presunção de Não Culpa. - Essa corrente é a seguida pelo STF. - A CF /88 adotou o Princípio da Presunção de Não Culpa. Art. 5º, LVII - O Princípio da Presunção de Não Culpa é de origem nazista, onde não se presumia ninguém inocente. A CF/88, seguindo a Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8.2) adotou a Presunção de Inocência. - Conclusões: Qualquer restrição á liberdade do acusado somente se admite após sua condenação definitiva. Atenção: Não afasta a possibilidade deprisão provisória, desde que imprescindível (não combina com mera conveniência). O Art. 312, CPP viola o Princípio da Presunção de Inocência. Cumpre à acusação demonstrar a responsabilidade do réu e não a este comprovar a sua inocência. A condenação deve derivar da certeza do julgador. Estão umbilicalmente ligados ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana . Art. 5ª da C.A.D. H- Princípios relacionados com a pena: Princípio da Proibição da Pena Indigna: A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana. Princípio da Humanização das Penas: Nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante. Princípio da Proporcionalidade: Desdobramento do Princípio da Individualização da Pena. Tem dupla face: 1ª – Evitar excesso, isto é, impedir a hipertrofia da punição. É um garantismo negativo (proteção do cidadão contra a ação do Estado). 2º - Impedir, evitar a proteção deficiente do Estado (imperativo de tutela). É o garantismo positivo (instrumento do cidadão contra a omissão do Estado). De acordo com o STF, pode-se dizer que os Direitos Fundamentais expressam não apenas uma proibição de excesso, como também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela. Princípio da Pessoalidade da Pena: A pena não pode passar da pessoa do condenado. Art. 5ª. XLV CF. Atenção: Prevalece que esse princípio é absoluto, não admitindo, exceções, a responsabilidade penal é intransferível (mesmo a pena de multa executada como dívida de valor na Fazenda Pública, não perde o caráter penal, não passa da pessoa do condenado). Princípio da Vedação do Bis In Idem: É um princípio constitucional implícito, porém explícito no “Estatuto de Roma”, Art. 20. Possui três significados: Processual: Ninguém pode ser processado 2X pelo mesmo crime. Material: Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato. Execucional: Ninguém pode ser executado 2X por condenações relacionadas ao mesmo fato. *Pergunta de Concurso: ”A” praticou um roubo, em razão deste roubo foi instaurado o processo 1 (10/01/00), porém em razão desse mesmo roubo foi instaurado o processo 2 (15/02/00) . O processo 1 teve uma pena de 5 anos e 4 meses, já o processo 2 a pena foi de 4 anos. Estamos diante de um Bis in Idem, duas condenações pelo mesmo fato. 1ªC: Presente o Bis In Idem, deve prevalecer à condenação mais favorável. 2ªC: Deve prevalecer a condenação do primeiro processo, pois a ação instaurada posteriormente jamais poderia ter existido, não tendo validade no mundo jurídico. Princípio da Legalidade Art. 1º do Código Penal: Não há crime sem lei que anterior o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. O Princípio da Legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. Princípio basilar do Garantismo Negativo. CF Art. 5º, XXXIX (garantia contra o Estado). Convenção Americana de Direitos Humanos Art. 9º. Estatuto de Roma Art. 22 Convênio para a proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais Art. 7º, §1º (Roma, 1950). Princípio da Legalidade = Reserva Legal + Anterioridade - Reserva: Não há crime ou cominação de pena sem lei. - Anterioridade: Lei anterior, prévia cominação. - Fundamentos do Princípio da Legalidade: Político: Exigência de Vinculação do Executivo e do Judiciário a leis formuladas de forma abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre-arbítrio. Democrático: Respeito ao Princípio da Divisão de Poderes. O parlamento, representante do povo deve ser o responsável pela criação de crimes. Jurídico: Uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. Prevenção geral de crimes. A lei penal trabalhando na prevenção. - Princípio da Legalidade X Contravenção Penal: O Princípio da Legalidade é uma conquista do indivíduo contra o poder de polícia do Estado, valendo também, para as Contravenções Penais. - Princípio da Legalidade X Medida de Segurança: A doutrina diverge: 1ªC: Considerando que Medida de Segurança não é pena, considerando que Medida de Segurança não tem finalidade punitiva (mas curativa), não se submete ao Princípio da Legalidade. Adepto a essa corrente Francisco Assis Toledo 2ªC: Não se pode negar caráter punitivo à Medida de Segurança, tanto que é espécie de sanção penal, submete-se ao Princípio da Legalidade. É a corrente que prevalece. OBS: O Art. 3ª do CPM respeita a Reserva Legal (exige lei), mas ignora a anterioridade. Este Art. não foi recepcionado pela CF. - Princípio da Legalidade: Não há crime sem lei: A expressão “lei” deve ser tomada no seu sentido restrito (abrangendo basicamente lei ordinária, pode ser encontrado na doutrina lei complementar incriminadora). Cuidado: Medida Provisória, não sendo lei, mas ato do Executivo com força normativa, não pode criar crime ou cominar pena. *Pergunta de Concurso: Medida Provisória pode versar sobre direito penal não incriminador? Pode Medida Provisória, criar causa extintiva da punibilidade? EC 32/01 Antes Depois - O Art. 62 da CF não proibia expressamente Medida Provisória versar sobre direito penal. - O Art. 1º do CP impedia Medida Provisória, criando crime, cominando pena. - STF RE 254818/PR, admitiu a Medida Provisória 1571/97, que previu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeitos extintivos da punibilidade. - O Art. 62, §1, I, “b” da CF/88, proíbe expressamente Medida Provisória versar sobre direito penal. - Proibiu Medida Provisória versando sobre direito penal não incriminador? Ou alcança apenas o direito penal incriminador? 1ªC: com o advento da EC 32/01, está proibido, também, Medida Provisória versar sobre direito penal não incriminador. 2ªC: a vedação trazida pela EC 32/01 não alcança direito penal não incriminador. OBS: A Medida Provisória 417/08 convertida da Lei 11.706/08, autorizou a entrega espontânea de armas de fogo a Polícia Federal afastando a ocorrência do crime de porte de arma. É um caso evidente de MP versando sobre direito penal não incriminador em que todo mundo aceitou, até o STF. Não crime sem lei anterior: Princípio da Anterioridade (proíbe-se a retroatividade maléfica, e não a retroatividade). A Retroatividade benéfica é garantia do cidadão. Não há crime sem lei escrita: Exclui do direito penal os costumes para criação de crime ou cominação de pena. Não quer dizer que o costume não possa ser usado no direito penal, é plenamente possível o costume interpretativo (auxiliando para aclarar a interpretação de texto). O costume é fonte informal do Direito Penal. Ex: Art. 155, §1 do CP “período noturno” é um costume. *Pergunta de Concurso: Costume revoga infração penal? Lembrando o que significa costumes: Comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. 1ªC: Admite-se costume revogar infração penal nos casos em que o comportamento típico não mais repercute negativamente na sociedade. Para essa corrente ocorre uma revogação formal e material do tipo (supressão da figura criminosa). 2ªC: O costume revoga materialmente um tipo penal quando o fato não mais contraria os interesses da sociedade. Apesar de formalmente típico o comportamento, o costume evita a aplicação da lei aguardando a sua revogação pelo Congresso Nacional. 3ªC: Enquanto não revogada por outra lei, o tipo penal tem plena vigência e eficácia. D acordo com a LIDB, uma lei só pode ser revogada por outra lei. Essa corrente é a que prevalece. Não há crime sem lei estrita: Proíbe-se a utilização da analogia para criar crime ou cominar pena, a chamada Analogia Incriminadora (analogia in malam partem). Atenção: Permite-se Analogia não incriminadora (analogia in bonam partem). *Pergunta de Concurso: Art. 155, §3ª, abrange sinal de TV a cabo? A 2ª turma do STF entendeu que o sinal de TV a cabo não se equipara à coisa alheia móvel, pois conclusão contrária resulta em analogia in malam partem. Não há crime sem lei certa: Exige-se dos tipos penais clareza, é o Princípioda Taxatividade ou da Determinação, não deve deixar margens a dúvidas, a população em geral deve ter pleno entendimento do tipo penal. Não há crime sem lei necessária: É um desdobramento lógico do Princípio da Intervenção Mínima. Garantismo como modelo de direito: Negativo: Busca impedir o excesso, evitar a hipertrofia da punição, é uma garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do Estado. Positivo: Busca evitar a proteção deficiente do Estado, é um Imperativo de Tutela, o Estado tem que tutelar eficazmente garantias. O Princípio de Legalidade é o ponto central do Garantismo Negativo Poder Punitivo - Não há crime sem lei Lei Anterior Lei escrita Lei Estrita Lei Certa Lei Necessária Legalidade Formal - Obediência ao devido processo legislativo - Lei Vigente Legalidade Material - A Lei respeita as garantias e direitos do cidadão - Lei Válida *Pergunta de Concurso: Exemplo de Lei vigente, mas não válida: Regime Integral Fechado (Art. 2º, §1ª da Lei 8.072/90.) Lei Penal - Espécies: Lei Penal Completa: Dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou valorativo (dado pelo juiz). Ex: Art. 121, CP. Lei Penal Incompleta: Depende de complemento normativo (norma penal em branco) ou valorativo (tipo aberto). Norma Penal em Branco: Também chamada de “Norma Cega”. Espécie de lei penal incompleta, que depende de complemento normativo. Uma lei composta de um preceito primário (descrição da conduta – Indeterminada) e um preceito secundário (sanção penal). O que está indeterminado pelo preceito primário vai ser complementado por outra norma. Espécies: Norma Penal em Branco Própria – Heterogênea Norma Penal em Branco Imprópria - Homogênea - O Complemento normativo não emana do legislador. - Lei complementada por espécie normativa diversa da lei. Ex. Portaria A Lei de Drogas é complementada pela Portaria 344/98 no Min. da Saúde. - O complemento normativo emana do legislador. - Lei complementada por outra lei. Homovitelina ou Homóloga Heterovitelina ou Heteróloga - Lei complementada por outra lei e as duas de natureza penal (mesma estância legislativa). Ex: Peculato praticado por Funcionário Público. Art. 312 – 327 CP. - Lei complementada por outra lei, porém emana de instâncias legislativas diversas. Ex: Tipo penal complementado pelo CC. Art. 237 CP – CC (impedimentos para o casamento) *Pergunta de Concurso: O que significa norma penal em branco ao revés (inversa ou ao avesso)? Nesse caso o complemento normativo diz respeito à sanção e não ao conteúdo proibido. Atenção: Na Norma Penal em Branco Inversa o complemento do preceito sancionado só pode ser lei! Norma Penal em Branco Norma Penal em Branco Inversa - Lei penal: Preceito primário (indeterminado). Depende de complemento. Preceito Sancionador (determinado) - Lei penal: Preceito Primário (determinado) Preceito Sancionador (indeterminado). Esse é que depende de complemento. Tipo Aberto: Espécie de Lei Penal Incompleta dependendo de complemento valorativo dado pelo juiz na análise do caso concreto. Ex: Tipos culposos (o tipo não descreve os comportamentos negligentes, cabendo ao juiz, na análise do caso concreto, concluir pela sua ocorrência). *Pergunta de Concurso: Exemplo de tipo penal em que o legislador se antecipando ao juiz, descreve os comportamentos considerados negligentes? Ex: Art. 180, §3º do CP. *Pergunta de Concurso: Será que Norma Penal em Branco Própria ou Heterogênea viola/ofende o Princípio da Legalidade? 1ªC: Para Rogério Greco, a NPBP é inconstitucional, pois ofende o Princípio da Reserva Legal, visto que o seu conteúdo pode ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como acontece com os Projetos de Lei. Fere o fundamento democrático do Princ. da Legalidade. 2ªC: Na NPBP temos um tipo penal incriminador traduzindo os requisitos básicos do delito e um complemento normativo. Não é inconstitucional. O legislador descreve as elementares essenciais, deixando por conta da autoridade administrativa a explicação de um dos requisitos típicos. Essa corrente é a do STF. Eficácia da Lei Penal no Tempo Quando no tempo um crime de considera praticado? Temos três teorias: Teoria do Resultado/Evento/Efeito: Considera-se praticado o crime no momento do resultado, não importando o momento da conduta. Teoria Mista (ubiquidade): Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado, tanto faz. Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado. Art. 4º, CP. Aplicação prática: Constatação da (in)imputabilidade do agente Momento da Conduta Momento do Resultado - o agente era menor de 18 anos - aplica-se o ECA - O CP adota a Teoria da Atividade, respondendo o agente então pelo ECA - o agente atingiu a maioridade penal - Aplica-se o CP Constatação de condições pessoais da vítima: Homicídio Doloso: Momento da conduta Momento do resultado - Vítima menos de 14 anos - Incide a majorante do Art. 121, §4ª do CP. - Vítima maior de 14 anos - Vítima menor de 60 anos - Não incide a majorante do Art. 121, §4º do CP. - Vítima maior de 60 anos Sucessão de leis penais no tempo: Como decorrência do Princípio da Legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso, ou seja, as leis penais, em princípio, regram os fatos praticados a partir do momento em que passam a ser leis penais vigentes (“tempus regit actum”). Tempo da realização do fato Lei posterior - Fato Atípico - Cria o crime (Não retroage – Art. 1º, CP) - Era crime - Aumenta a pena (Não retroage – Art. 1º, CP) - Era crime - Supressão da figura criminosa (Retroage – Art. 2º, caput, CP) - Era crime - Diminui a pena (Retroage – Art. 2º, §único do CP) # Art. 2º, caput do CP: Abolitio Criminis (supressão da figura criminosa, o fato deixa de ser punível). Atenção: Excepciona a regra da irretroatividade da lei penal alcançando os fatos pretéritos. - Consequências: a) “cessando em virtude dela a execução”, ou seja, extingue a punibilidade a qualquer tempo. Lei abolicionista não respeita coisa julgada. E o Art. 5, XXXVI da CF? O Art. 2º, caput do CP não viola o inc. XXXVI, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado. b) ”cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória”, ou seja, os efeitos extra penais permanecem. Art. 91 e 92 do CP (efeitos extra penais). *Pergunta de Concurso: O que vem a ser Abolitio Criminis temporária? Uma situação interessante surgiu com a Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ao estabelecer um prazo para que os possuidores e proprietários de arma de fogo entregassem ou regularizassem o registro do instrumento. Durante esse prazo, não houve a incidência do crime de posse de arma de fogo. Esse período foi rotulado por parte da doutrina como Abolitio Criminis temporária. Delito de rapto: Antes da Lei 11.106/05 Depois da Lei 11.106/05 - Rapto violento (Art. 219, CP) - O conteúdo criminoso migrou para o Art. 148, §1º, V, revogando-se formalmente o Art. 219 CP. Traz o Princípio da Continuidade Normativo-Típica. - Rapto Consensual (Art. 220, CP) - O fato deixa de ser crime Abolitio Criminis Abolitio Criminis Princípio da Continuidade Normativo-Típica - Supressão da figura criminosa - Revogação formal e material do crime - O fato deixa de ser punível - Migração do conteúdo criminoso para outro tipo- Revogação Formal - O fato permanece punível em outro tipo. Antes da Lei 12.015/09 Depois da Lei 12.015/09 - 213 CP - 214 CP 213 CP Houve a incidência do Princípio da Continuidade normativo-típica. *Pergunta de Concurso: Qual é a natureza jurídica da Abolitio Criminis? 1ªC: Causa da extinção da punibilidade. Art. 107, III do CP 2ªC: Causa de extinção da tipicidade e consequentemente a extinção do direito de punir do Estado. # Art. 2º, §único do CP: Lex Mitior (Lei penal posterior, ainda que não descrimine o fato favorece de qualquer modo o agente). Ex: Diminuição de pena. Atenção: Também não respeita coisa julgada, ainda que decidido por sentença condenatória transitada em julgado. *Pergunta de Concurso: Depois do trânsito em julgado, quem aplica a lei mais benéfica? Prova objetiva: É o juiz da execução (Súm. 611 do STF). Prova Subjetiva: 1ªC: Se de aplicação meramente matemática (diminuição da pena em razão da idade do agente, por exemplo) é o juiz da execução (Súm. 611 STF); se exigir juízo de valor (diminuição da pena em razão do pequeno prejuízo causado, por exemplo) depende de Revisão Criminal. 2ªC: Sendo ou não de aplicação meramente matemática, é o juiz da execução (Súm 611 do STF). A Lex Mitior não está entre as hipóteses que autoriza a Revisão Criminal (as hipóteses são taxativas). *Pergunta de Concurso: É possível retroagir lei benéfica, ainda durante a sua “vacatio”? Ex: Posse de drogas para uso próprio. Lei 6.368/76 Lei 11.343/06 Art. 16 Pena: de 6 meses a 2 anos OBS: na pratica, os juízes suspenderam os processos por 90 dias, para poderem aplicar a lei nova. - Art. 28 Pena: restritiva de direitos Essa lei teve uma vacatio de 90 dias. Pode retroagir na vacatio? 1ªC: A vacatio legis tem como fim principal tornar a lei promulgada conhecida de todos. Não faz sentido que aqueles que já te inteiraram do teor da lei nova mais benéfica fiquem impedidos de lhe prestar obediência, desde logo. 2ªC: Lei na vacatio não tem eficácia jurídica ou social, tendo, nesse período, plena aplicabilidade à lei antiga. Prevalece. - Sucessão de leis penais no tempo X Crime Continuado: Súm. 711 do STF. Aplica-se a última lei vigente na cadeia criminosa, ainda que mais grave. Tem doutrina criticando a súmula 711 por ter equiparado o crime continuado (cada crime integrante da continuidade delitiva é chamado de “crimes parcelares”) ao crime permanente em prejuízo do réu (analogia in malam partem). - Combinação de leis penais: Momento da conduta Momento da sentença - Lei “A” Pena: 1 a 4 anos + 100 dias multa - Lei “B” Pena: 2 a 5 anos + 10 dias multa *Pergunta de Concurso: Poderia o juiz combinar as duas leis no que for mais benéfico? 1ªC: não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador, criando uma terceira lei. Nelson Hungria e prevalece no STF, porém a questão não está consolidada. 2ªC: se o juiz pode aplicar o “todo” de uma lei ou de outra para favorecer o agente, pode também, escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim. Basileu Garcia e a maioria da doutrina moderna. # Art. 3ª do CP: Vai ser cobrado na sua prova. - Lei Temporária (temporária em sentido estrito): É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Ex: Lei “A” com vigência do dia 1/1/10 ao dia 1/7/09. - Lei Excepcional (temporária em sentido amplo): É aquela que atende a transitórias necessidades estatais. Perdura por todo o tempo excepcional Ex: guerras, calamidade, epidemia etc. Ex: Lei “A” que nasce no dia 1/1/10 e vai perdurar enquanto não cessada a epidemia. Aplica-se aos fatos praticados até a sua vigência. São leis ultrativas. Estas leis são ultrativas, pois, se assim não fossem, se sancionaria o absurdo de reduzir as suas disposições a uma espécie de ineficácia preventiva em relação aos fatos por elas validamente vetados. Ex: Lei 12.663/12 criou crimes temporários no Brasil (Art. 36): Crimes que ofendem o patrimônio material/imaterial da FIFA Crimes de menos potencial ofensivo (competência do JECRIM) Crimes de A.P.P.Condicionada à representação da FIFA Trata-se de lei temporária. Tem vigência até 31 de dezembro de 2014. *Pergunta de Concurso: O Art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88? 1ªC: Percebendo que a CF/88 não traz qualquer exceção à proibição da ultratividade maléfica, Zaffaroni entende que o Art. 3ª do CP não foi recepcionado. 2ªC: Predomina na doutrina que a ultratividade das leis temporárias ou excepcionais não viola a CF, pois não há duas leis em conflito no tempo, tendo em vista que as leis temporárias ou excepcionais versam matérias distintas, trazem no tipo dados específicos. A questão relaciona-se com a tipicidade e não com o direito intertemporal. OBS: Frederico Marques entende que essas leis não são ultrativas, pois continuam em vigor após o prazo anunciado, não se aplicando aos fatos futuros. - Sucessão de complementos de norma penal em branco: Lei “A” é complementada pela norma “X”, essa lei “X” é alterada pela norma “Y”,a norma “Y” retroage ou não? 1ªC: A alteração de complemento da Norma Penal em Branco, se benéfica, deve sempre retroagir. (Paulo José da Costa Júnior) 2ªC: A alteração da Norma Penal em Branco complementadora, mesmo que benéfica, tem efeitos irretroativos, pois não revogou a norma principal, que descreve o criminoso. (Frederico Marques) 3ªC: Só tem importância a variação da norma complementadora se provocar real modificação da figura criminosa abstrata, não importando simples adaptação à realidade. (Mirabete) 4ªC: A alteração benéfica de um complemento de Norma Penal em Branco homogênea (lei complementando lei) sempre terá efeito retroativo; quando a legislação complementar não for lei (heterogênea) e revestir-se de excepcionalidade não retroage. (STF) Art. 237 CP: “contrair casamento conhecendo a existência de impedimentos”. Norma Penal em Branco Homogênea (complementada pelo CC). O CC é alterado abolindo certos impedimentos. Ex: fulano está sendo processado por ter casado conhecendo impedimento abolido pela alteração. Fulano vai ser beneficiado pela alteração? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: retroage/ 4ªC: retroage Art. 33 da Lei de drogas: Lei complementada por uma portaria, onde essa portaria foi alterada (supressão de algumas substâncias). Ex: Fulano está sendo processado por tráfico de drogas da substância “X” abolida da portaria por norma superveniente. Fulano será beneficiado? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: retroage/ 4ªC: retroage (pois não se reveste de excepcionalidade). Art. 2º da Lei de Economia Popular: “transgredir tabelas oficiais de preços”. Uma lei complementada por uma tabela oficial (portaria). Essa tabela é atualizada em razão da inflação. Ex: Fulano vendeu carne acima da tabela oficial, quando a tabela Foi atualizada em razão da inflação, o preço vendido por fulano, ficou abaixo. Fulano será beneficiado? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: não retroage/ 4ºC: Art. 3º do CP não retroage (revestido de excepcionalidade) Eficácia da Lei Penal no Espaço Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal do espaço busca definir qual o âmbito territorial da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. - Na solução de possíveis conflitos seis princípios são utilizados: Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal do local, do território do crime. ATT: não importa a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico tutelado. Princípio da Nacionalidade Ativa: Aplica-se a lei penal do país de origem do agente. ATT: não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico tutelado. “onde você está no mundo, você leva a lei penal do seu país junto”. Princípio da Nacionalidade Passiva: Cuidado, a doutrina diverge: 1ªC: Aplica-se a lei penal do país de origem doagente quando o crime, quando o crime atinge bem jurídico do seu Estado ou de um concidadão. ATT: não importa o local do crime, mas a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico importam. 2ªC: Aplica-se a lei penal do país de origem da vítima (oposto da nacionalidade ativa). ATT: não importa o local do crime ou a nacionalidade do agente. “a lei te acompanha enquanto você for vítima”. Luiz Flávio Gomes, Flávio Monteiro de Barros e Bittencourt. Doutrina Moderna. Princípio da Defesa (ou Real): Aplica-se a lei na nacionalidade do bem jurídico tutelado. OBS: Para a 2ªC no princípio anterior, bem jurídico tutelado não se confunde com pessoa ofendida. ATT: não importa o local do crime ou nacionalidade do agente. Princípio da Justiça Universal (ou Cosmopolita): O agente fica sujeito à lei penal do país onde for encontrado. ATT: não importa o local do crime, a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico tutelado. “o que importa o local onde ele é preso, encontrado”. Princípio da Representação (ou da Subsidiariedade): A lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados. ATT: não importa a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico, devendo o crime ser praticado no estrangeiro. O Brasil adota o Princípio da Territorialidade (relativa, temperada) como regra, e os demais de forma excepcional. Crime do território brasileiro: A regra é o Princípio da Territorialidade. Art. 5ª do CP. Crime do estrangeiro: Demais princípios. - Princípio da Territorialidade: Art. 5ª, CP. Territorialidade Extraterritorialidade Intraterritorialidade - Local do crime: Brasil - Lei aplicável: Brasil - Local do crime: estrangeiro - Lei aplicável: Brasileira, é aplicada pela justiça brasileira. - Local do crime: Brasil - Lei aplicável: estrangeira. É aplicada pela justiça estrangeira. Ex: Imunidade diplomática. OBS: Diversamente do que ocorre no Direito Civil, em nenhuma hipótese, o juiz criminal brasileira pode aplicar legislação penal estrangeira. No caso de imunidade diplomática (hipótese de intraterritorialidade), o agente fica sujeito à lei penal do seu país de origem, aplicada pela justiça que representa. O Art. 5ª adotou a territorialidade (aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional) temperada pela intraterritorialidade (sem prejuízo de convenções, tratados e regras...). - Território brasileiro = É o espaço geográfico + Espaço jurídico (por ficção/extensão ou equiparação, Art. 5ª, §1ª do CP). Da combinação dos §§1ª e 2ª do Art. 5ª, conclui-se: Quando os navios ou aeronaves brasileiros forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, são considerados parte do nosso território, quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro. Se privados, quando em alto mar ou especo aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. OBS: O conceito de liberdade em alto mar está no Art. 87 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982). Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não são considerados parte de nosso território (Princípio da Reciprocidade). OBS: Embaixada não é extensão do território que representa apensar de as embaixadas serem invioláveis. Na dúvida, aplica-se a lei da nacionalidade do agente. - Lugar do crime: três teorias que explicam: Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta. Teoria do resultado (do efeito ou do evento): considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu o resultado. Teoria Mista (ou da ubiquidade): considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a conduta bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. O Brasil adotou essa teoria. Art. 6ª do CP. LUTA- Tempo do Crime: Teoria da Atividade - Lugar do Crime: Teoria da Ubiquidade OBS: Cuidado! Se em território brasileiro ocorre unicamente o planejamento ou a preparação do crime, em regra, o fato não interessa ao direto brasileiro. OBS: De acordo com o Art. 5ª, §2ª do CP, aplica-se a lei brasileira. Lei posterior (8.617/93, Art. 3ª) ressalva a hipótese em que a embarcação usa o nosso mar territorial brasileiro apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino, caso em que não incide a lei nacional (passagem inocente). Crime à distância ou Espaço máximo Crime em trânsito Crime Plurilocal - O fato punível envolve dois países soberanos. - Gera um conflito internacional de jurisdição - Art. 6ª do CP, para definir qual lei vai ser aplicada. - O fato punível envolve mais de dois países soberanos. - Gera um conflito internacional de jurisdição - Art. 6ª do CP. - O fato punível envolve um país soberano (crime percorre vários territórios do mesmo país). - Gera um conflito interno de competência. - Art. 70 do CPP para definir o território competente. - Extraterritorialidade: Art. 7ª do CP. Inc. I: hipóteses de extraterritorialidade incondicionada. Princípio da Defesa ou Real Princípio da Defesa ou Real Princípio da Defesa ou Real Princípio da Justiça Universal. Tem doutrina ensinando ser o Princípio da Defesa Inc. II: hipóteses de extraterritorialidade condicionada.*** Princípio da Justiça Universal Princípio da Nacionalidade Ativa Princípio da Representação §3ª: Aplica-se a lei brasileira em crime cometido por estrangeiro contra brasileiro. 1ªC: Princípio da Defesa ou Real. 2ªC: Princípio da Nacionalidade Passiva. Hipótese de Extraterritorialidade Hipercondicionada (além das condições do §2º, ainda tem mais duas). - Extraterritorialidade Condicionada: Caso: crime praticado por brasileiro no estrangeiro. Brasileiro mata um cidadão português em Lisboa. Aplica-se alei brasileira? Sim, desde que reunidas as condições do Art. 7ª, §2ª do CP. Entrar o agente no território nacional – basta entrar, mesmo que aqui não permaneça. Território nacional abrange o espaço jurídico. Ser o fato punível também no país em que foi praticado Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição – coincidência de crimes Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena – Não pode ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável. De que é a competência para o processo e o julgamento? Em regra, justiça estadual, salvo se presentes as hipóteses do Art. 109 da CF. Qual território competente para o processo e julgamento? Art. 88 do CPP. Onde o acusado tenha residido por último no Brasil, se nunca houver residido no Brasil (na capital do estado), será competente a Capital da República, justiça do DF. - Extraterritorialidade Incondicionada: “... o agente é punido segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”. E o Bis in Idem? Art. 8ª, CP. O Art. 8ª, do CP, não impede o Bis in Idem (inevitável para assegurar a soberania nacional), mas atenua a dupla punição no momento do cumprimento da pena (permite compensações). Teoria Geral do Crime Fatos Humanos Desejados Fato Típico Natureza Indesejado 1) Conduta Fato TípicoPrincípio da Exteriorização do Fato Intervenção Mínima: 2) Resultado (Direito Penal do Fato) - Subsidiário 3) Nexo Causal - Fragmentário 4) Tipicidade Penal (Consequência Jurídica – Punibilidade) - Fato Típico: Conceito Analítico: O Fato Típico é o primeiro substrato do crime. (só aponta aonde enquadrar o fato típico no crime) Conceito Material: Fato humano indesejado, norteado pelo Princípio da Intervenção Mínima, consistente numaconduta produtora de um resultado e com ajuste material e formal à um tipo penal (tipicidade). - Elementos: Resultado Nexo Causal Tipicidade Conduta: Cuidado! Tipicidade penal não se confunde com tipo penal. Tipicidade penal é operação de ajuste fato/tipo. Já o tipo penal é modelo de conduta proibida (norte para a tipicidade). Tipo penal: Para descrever a conduta proibida, o legislador trabalha com elementos (objetivos e/ou subjetivos). Elementos Objetivos: Relacionados aos aspectos materiais e normativos. Dividem-se em: Elementos objetivos descritivos: descrevem os aspectos materiais da conduta (relacionados aos objetos, animais, coisa, tempo, lugar, forma de execução etc.) Elementos Normativos: descrevem aspectos que demandam juízo de valor. Precisam ser valorados. Elementos Subjetivos: Indicam a finalidade especial que deve animar o agente (Dolo + Finalidade Especial – essa finalidade vai além do dolo). ATT: a doutrina moderna reconhece a existência de elementos científicos do tipo (não há juízo de valor a ser considerado, mas apenas o recorrer-se ao significado do termo hermético de determinada ciência natural) O conceito de Conduta varia conforme a Teoria do Crime que se adota. Teoria Causalista: Adeptos (Von Liszt, Beling). Crime é: tripartite Fato Típico: Conduta: Ação humana, voluntária, causadora de modificação no mundo exterior. Teoria mecanicista. OBS 1: O fato típico é objetivo. OBS 2: O dolo e a culpa são analisados na culpabilidade (4 espécies). OBS 3: O tipo penal só admite elementos objetivos. Os Causalistas classificam os tipos penais em duas espécies: Tipo normal (composto somente de elementos objetivo. Ex. Art. 121, CP). Tipo anormal (composto de elementos não objetivos – subjetivos. Ex: Art. 299, CP). Ilicitude Culpabilidade: é uma culpabilidade subjetiva Pressuposto: imputabilidade Espécies: dolo e culpa Críticas: É um erro analisar o dolo e a culpa somente na culpabilidade, ficando impossível o estudo da tipicidade, diferenciar, por exemplo, tentativa de homicídio de lesão corporal. Conceituando conduta como “ação humana”, ignora a existência de crimes omissivos. Não se pode ignorar a existência de elementos não objetivos do tipo. Teoria Neokantista: Tem base causalista. Adeptos (Rickert e Lask) Crime é: tripartite Fato típico: Conduta: Comportamento humano voluntário (dominável pela vontade) causador de modificação no mundo exterior. OBS 1: o conceito de conduta abrange a omissão. OBS 2: o delo e a culpa permanecem na culpabilidade (com pressupostos). OBS 3: admite elementos não meramente descritivos no tipo. Ilicitude Culpabilidade: Pressuposto: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, dolo e culpa (não sendo mais espécies). Críticas: Dolo e culpa na culpabilidade. Partindo de bases causalistas, ficou contraditória quando reconheceu normal elementos normativos e subjetivos no tipo. Teoria Finalista: idealizador (Hans Welzel) Crime é: tripartite Fato Típico: Conduta: Comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim ilícito. Eliminou a expressão ilícita, para abranger a culpa. OBS 1: dolo e culpa migram da culpabilidade para o fato típico (causalismo é cego, o finalismo é vidente). Ilicitude: Culpabilidade: Normativa pura Pressupostos: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. Críticas: A Teoria Finalista foi criticada logo no início, pois conceituando conduta como comportamento psiquicamente dirigido a um fim ilícito, não abrangia os crimes culposos. Centralizou a teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado, não aplicando, por exemplo, o Princípio da Insignificância. Teoria Finalista Dissidente: Ariel Dotti. A culpabilidade não integra o crime, é um juízo de censura que não recai sobre o autor do crime, é um pressuposto de aplicação da pena. Crime é: Fato Típico: é igual a finalista. Ilicitude: Crítica: Reconhecendo como crime fato típico + ilicitude, quando não for culpável, haverá, portanto, um crime sem reprovação, sem censura, e isso é um absurdo. Teoria Social da Ação: Wessls e Mezser Crime é: tripartite Fato Típico: Conduta: É comportamento humano voluntário socialmente relevante. OBS 1: dolo e culpa estão no fato típico. OBS 2: trabalha com desvalor da conduta e do resultado. OBS 3: dolo e culpa voltam a ser analisados no momento da pena. Ilicitude Culpabilidade: volta a ser substrato do crime. Pressupostos: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. Crítica: Não há clareza no que significa fato socialmente relevante. Teorias Funcionalistas: Surgiu na Alemanha (1970). Busca submetera dogmática penal aos fins específicos do Direito Penal. Traduzindo, a construção da doutrina penal deve ser conformada pela missão do Direito Penal. O conceito de conduta deve observar a missão do Direito Penal. Duas correntes funcionalistas discutindo a missão do direito penal: 1ªC – Funcionalista Teleológica: (Roxin) Também chamada de Moderada. A missão do Direito Penal é tutelar bens jurídicos indispensáveis para a harmônica convivência em sociedade. Crime é: tripartite Fato Típico: Conduta: Deve ser construída de acordo com a missão do Direito Penal. É comportamento humano voluntário, causador de relevante intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Ilicitude: Reprovabilidade: É imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, potencial consciência da ilicitude e a necessidade da pena. Para Roxin, o perdão judicial, exclui crime e não a punibilidade. A culpabilidade é limite da pena, é a chamada culpabilidade funcional. Crítica: A doutrina critica a retirada da culpabilidade como substrato do crime. Aliás, Roxin não explica o que é culpabilidade, mas apenas pra que serve (limite da pena). 2ªC – Funcionalista Sistêmica: (Jakobs) Também chamada de Radical. A missão do Direito Penal é resguardar o sistema (o império da norma). Crime é: tripartite Fato típico: Conduta: Deve ser construída de acordo com a missão do Direito Penal. É comportamento humano, voluntário violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. Ilicitude: Culpabilidade: Imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. Para Jakobs, quando a pena é aplicada, ela faz um exercício de fidelidade ao Direito, e comprova que o Direito é mais forte que a sua infração (perpetua o sistema). OBS: Foi no Funcionalismo Radical que volta a se falar em Direito Penal do Inimigo. O sujeito que viola o sistema deve ser tratado como inimigo. ATT: O inimigo da contemporaneidade é, para Jakobs, o terrorista, o traficante de drogas, de armas e de seres humanos, os membros de organizações criminosas transnacionais. Para os autores desses crimes, o Estado deve reduzir direitos e garantias fundamentais. Direito Penal do Inimigo: Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios. Não se aguarda início da execução. Criação de tipo de mera conduta e de tipo de perigo abstrato. Direito Penal de 3ª VelocidadeFlexibilização de princípios. Ex: legalidade, ofensividade, exteriorização do fato. Preponderância do direito penal do autor. Pune a pessoa pelo estilo de vida, pelo o que ela pensa, pelas intenções. Desproporcionalidade das penas. Surgimento das chamadas “Leis de Luta ou de Combate”. Ex: Lei dos Crimes Hediondos. Endurecimento da execução penal. Ex: RDD Restrição de garantias penais e processuais. Ex: interceptação telefônica (pré delitual) Lembrando Velocidades do Direito Penal: 1ª Velocidade 2ª Velocidade 3ª Velocidade - Enfatiza penas privativas de liberdade. - Procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. - Enfatiza penas restritivas de direitos. - Flexibiliza garantias para possibilitar punição mais rápida, mais célere. - Enfatiza penas privativas de liberdade. - Flexibiliza garantias para possibilitar rápida punição.(Direito Penal do Inimigo) Conclusão: Prevalece que o Código Penal, reformado em 84, seguiu a Teoria Finalista (não dissidente). A doutrina moderna segue os ensinamentos de Roxin, salvo a característica da reprovabilidade. O Código Penal Militar, da década de 60, é Causalista (ler Art. 33, CPM). - Hipóteses de exclusão da conduta: Lembrando que conduta não importa a teoria é um comportamento humano voluntário (vontade de realizar a conduta). É um denominador comum. Somente o homem pode realizar conduta, os animais podem ser instrumentos do homem. Caso fortuito ou força maior: movimentos imprevisíveis ou inevitáveis. Não dominados ela vontade. Não há crime por que não há conduta, não há conduta por que não há voluntariedade. OBS: Para Zaffaroni, caso fortuito deve ser considerado como uma situação de atipicidade e não de ausência de conduta. Ele se refere somente ao caso fortuito e não da força maior. Estados de inconsciência (completa): apesar de existir movimento humano, não é voluntário dominável pela vontade, logo também não há conduta. Sonambulismo Hipnose Movimentos Reflexos: Movimentos impulsionados simplesmente por ação corporal, desprovidos do elemento voluntariedade. Movimentos Reflexos Ação em curto-circuito - Impulso completamente fisiológico, provocado pela excitação de um só órgão. - Exclui conduta - Movimento relâmpago, provocado pela excitação de diversos órgãos, acompanhado de um elemento psíquico. - Vontade obcecada. O agente não perde a consciência. - Não exclui conduta, sequer pode ser considerada exigibilidade de conduta diversa. Coação física irresistível: O agente é impossibilitado de determinar sua conduta de acordo com a vontade. ATT! Coação moral irresistível não exclui conduta, mas culpabilidade. - Espécies de Conduta: A voluntariedade no crime apresenta as formar de dolo ou de culpa. Na teoria geral do crime, de acordo com a corrente tradicional, dolo e culpa estão incluídos na culpabilidade. Com o finalismo, tanto um quanto o outro são elementos implícitos do tipo, integrando a conduta. A conclusão é: inimputável tem dolo, age com culpa (tem consciência e vontade dentro do seu precário mundo valorativo). Crime Doloso: Previsão legal: Art. 18, I do CP. Conceito: dolo é vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. ATT! Dolo não se confunde com desejo: Dolo Desejo - No dolo o agente quer o resultado como consequência de sua própria conduta - É punível - O agente espera o resultado desejado como consequência alheia a sua conduta. - Não é punível Elementos do dolo: “é a vontade consciente”. Volitivo: vontade Intelectivo: consciência da conduta e do resultado Cuidado! 1ª: Dolo, vontade *livre e consciente. Porém essa *liberdade não é elemento do dolo. 2ª: Dolo, vontade consciente. Definição correta. A liberdade não figura entre os elementos do dolo, a liberdade (ou não) é matéria afeta ao exame da culpabilidade. Teoria do Dolo: Teoria da Vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. Teoria da Representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e ainda sim, decide continuar a conduta. ATT! Acaba confundindo dolo com culpa consciente. Teoria do Consentimento ou Assentimento: Essa teoria corrige a segunda. Fala-se em dolo, sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e ainda assim, decide continuar com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento. ATT! Exclui do dolo a culpa consciente. Diz-se o crime doloso Dolo Teoria - Quando o agente quis o resultado Direito Teoria da Vontade - Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo Eventual Teoria do Consentimento ou Assentimento Espé Espécies de Dolo: Dolo Normativo/Híbrido: Teoria Neokantista: Define o crime como fato típico, ilicitude e culpabilidade, diz que a culpabilidade é formada de: imputabilidade, exigibilidade conduta diversa, culpa e dolo. O dolo é formado de consciência, vontade e consciência atual da ilicitude (elemento normativo do dolo). “Saber o que faz, querer fazer e saber que o que faz é ilícito”. Conclusão: Adotado pela Teoria Neokantista, essa espécie de dolo integra a culpabilidade, trazendo a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude (elemento normativo). ATT! Existe doutrina chamando o dolo normativo de dolus malus. Dolo Natural/Neutro: Teoria Finalista: Define crime como fato típico, ilícito e culpável, porém, o dolo e a culpa estão no fato típico. O dolo é formado somente de consciência e vontade, despido de qualquer elemento normativo. Por isso é chamado de dolo natural. Conclusão: É o dolo componente da conduta (situado no fato típico), despido da consciência da ilicitude, adotado pela teoria finalista. O dolo pressupõe apenas consciência e vontade. ATT! Temos doutrina chamando o dolo natural de dolus bonus. Dolo Direito (ou determinado ou intencional ou imediato ou incondicionado): Configura-se quando o agente prevê determinado resultado dirigindo a sua conduta na busca de realiza-lo. Ex: prevê a lesão corporal (art. 129, CP) e dirige a sua conduta na busca de realizar essa lesão. Pode ser de 1º e de 2º grau. Dolo Indireto ou indeterminado: o agente com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado. Possui duas formas: Dolo alternativo Dolo Eventual Dolo Alternativo Dolo Eventual - Ocorre quando o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta na busca de realizar qualquer um deles. Ex: o criminoso previu lesão corporal ou homicídio, dirigindo a conduta para realizar lesão corporal ou homicídio, tanto faz. Ele tem 100% de vontade de cometer qualquer um dos crimes. - O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta na busca de realizar um dele, assumindo o risco de realizar os demais. Ex: o criminoso previu uma lesão corporal e um homicídio, dirigindo a conduta na busca de realizar a lesão corporal, ele tem 100% de vontade na lesão corporal, porém, aceita o resultado morte. Dolo Cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados em sequência. O agente que ferir e após a lesão, quer causar a morte da vítima. Estamos diante de uma Progressão Criminosa. Dolo de Dano: A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: Quer matar (Art. 121, CP). Dolo de Perigo: O agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. Ex: quer periclitar a vida ou a saúde de outrem (Art. 132, CP). Dolo Genérico: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. É um dolo sem finalidade especial. Ex: Homicídio. Está em desuso. Dolo Específico: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim específico. É um dolo com finalidade especial. Ex: Sequestro, com o “fim de obter vantagem”. (Art. 159, CP) Essa classificação está em desuso, pois esse “com o fim de obter vantagem” é o elemento subjetivo do tipo que deve ser alcançado pelo dolo. Dolo Geral: vamos estuda-lo no “erro de tipo acidental”. Dolo de 1ª grau: Compreende o resultado ou resultados que o agente persegue diretamente. Dolo de 2º grau: Também chamado de “ou consequências necessárias”. Todas as consequências, mesmo que não perseguidas diretamente ou até mesmo lamentadas, o prevê como inevitáveis. Ex: quero matar o meu desafeto que logo embarcará no voo para Londres. Para tanto, coloco bomba para explodir o avião quando nas alturas. Mato o meu desafeto e os demais passageiros. Com relação ao desafeto, o dolo é de 1º grau, já os demais passageiros o dolo é de 2º grau. Cuidado! Não se confunde dolo de 2º grau com dolo eventual. Dolo de 2ª Grau Dolo Eventual - O resultado paralelo é certo e inevitável, necessário. - O resultado paralelo é incerto, evitável, não é necessário. Dolo antecedente, concomitante esuperveniente: Dolo Antecedente Dolo Concomitante Dolo Superveniente - É o dolo anterior à conduta. - Em regra, esse dolo não interessa para o Direito Penal. Cuidado: Na embriaguez não acidental completa, o dolo analisado é o antecedente. - É o dolo existente no momento da ação ou da omissão. - É o dolo posterior à conduta. - Esse dolo não interessa para o Direito Penal. Crime Culposo: Previsão legal: Art. 18, II do CP. Art. 33, II do CPM (é causalista). Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Elementos: Conduta humana voluntária (a vontade circunscreve-se à realização da conduta, e não à produção do resultado). O resultado não é querido, aceito pelo agente. Violação de um dever de cuidado objetivo. O agente atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela sociedade. A violação desse dever pode se manifestar de diversas formas: Modalidades de culpaImprudência: o agente atua com precipitação, afoiteza. Negligência: ausência de precaução. Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. OBS: Se houver uma mudança na forma de violação de dever de cuidado objetivo deve haver a Mutatio Libeli. Resultado: em regra, os crimes culposos são matérias, exigem produção de resultado naturalístico. Não basta a falta de cuidado, é preciso resultado. ATT! Existem crimes culposos não materiais (não dependem de resultado naturalístico). Ex. Art. 38 da lei 11.343/06 (prescrever), Art. 13 do Estatuto de Desarmamento. Nexo Causal entre conduta e resultado Previsibilidade: continuamos na próxima aula. Crime Culposo: Elementos da culpa: Previsibilidade: Possibilidade de o agente conhecer o perigo. Não se confunde com previsão Previsibilidade Previsão - É possível conhecer o perigo. - Para a culpa basta a previsibilidade. Não significa que a previsão exclui a culpa. A previsão por si só, não indica dolo, podendo configurar a chamada culpa consciente. - Culpa Inconsciente - O perigo é conhecido - Culpa Consciente - A previsibilidade subjetiva, possibilidade de conhecimento do perigo analisada sob o prisma subjetivo do autor, levando em consideração seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemento da culpa, mas será considerada pelo magistrado no juízo da culpabilidade. Tipicidade: Art. 18, §único do CP. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Ex: No CP “dano culposo” é fato atípico, já no CPM é crime, tem previsão expressa. Relembrando! Crime culposo está descrito em tipo aberto, depende de complementação do juiz no caso concreto. Não descreve negligência, imprudência ou imperícia. Ex: Art. 121, §3º do CP. Temos um caso excepcional de crime culposo em que o legislador se antecipa ao magistrado, descrevendo, desde logo, comportamentos que indicam a negligência. Ex: Art. 180, §3º - receptação culposa. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: OBS: Temos aqui, comportamentos indicando negligência em sentido amplo. Espécies de Culpa: Culpa consciente: Também chamada de culpa com previsão ou ex lascívia. O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra supondo poder evitá-lo, com a sua habilidade ou com a sorte. Culpa inconsciente: Também chamada de culpa sem previsão ou ex ignorantia. O agente não prevê o resultado que, entretanto era previsível, qualquer pessoa naquelas circunstâncias poderia prever a ocorrência daquele resultado. Voluntariedade Consciência Vontade Dolo Direto Tem previsão “Foda- se”Vontade = Querer Dolo Eventual Tem previsão Vontade = Aceitar o resultado Culpa Consciente Tem previsão “ Fodeu ”Ñ quer, nem aceita o resultado, acredita poder evitar. Culpa inconsciente Não tem previsão e sim previsibilidade Ñ quer, nem aceita o resultado. ATT! Se não há previsibilidade, o fato é atípico. De acordo com o STF, embriaguez ao volante (com morte) indica culpa consciente, salvo se comprovada a presença da vontade quanto ao resultado. Já com relação ao “raxa”, há indícios de dolo eventual, devendo o caso ser julgado pelo júri popular. Culpa Própria ou propriamente dita: É aquela que o agente não quer e nem aceita o resultado. Tem como espécies: a culpa consciente e inconsciente. Culpa Imprópria ou por assimilação, extensão ou equiparação: É aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. Apesar de a ação ser dolosa, o agente responde por culpa por razões de política criminal. Art. 20, §1º, CP. Descriminante Putativa art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Sendo dolosa a estrutura do crime, para muitos é a única modalidade de culpa que admite tentativa. Culpa Presumida ou in re ipsa: Tratava-se de modalidade de culpa admitida pela legislação penal antes de 1940 e consistia na presunção de culpa pela simples inobservância de uma disposição regulamentar. Hoje a culpa deve ser comprovada, não se admite presunção de culpa no Direito Penal. Não é trabalhada no Direito Penal. Observações finais acerca de culpa: A compensação de culpas, que existe no direito privado, é incabível no Direito Penal. É possível, portanto, a concorrência de culpas, respondendo todas pelo ilícito. A culpa concorrente da vítima pode levar a uma atenuação da pena. Art. 59 do CP. Não se imputa o resultado ao agente na culpa exclusiva da vítima. Crime Preterdoloso: - Delitos agravados pelo resultado. Crime doloso agravado dolosamente: Ex: homicídio qualificado Crime culposo agravado culposamente: Ex: incêndio culposo agravado pela morte culposa. Crime culposo agravado dolosamente: Ex: homicídio culposo agravado pela omissão de socorro Crime doloso agravado culposamente: Somente esta espécie é considerada um delito preterdoloso. O crime doloso é uma espécie de crimes agravados pelo resultado. Dolo no antecedente e culpa no consequente. No crime preterdoloso, o agente pratica um crime distinto do que havia projetado cometer, advindo o resultado mais grave, decorrência de negligência, imprudência ou imperícia. Cuida-se de espécie de crime qualificado pelo resultado (Art. 19, CP), havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato (dolo no antecedente – conduta; e culpa no consequente – resultado). Estamos diante de uma figura híbrida. Ex: lesão corporal seguida de morte. Elementos: Conduta dolosa visando determinado resultado. Resultado culposo mais grave do que o projetado. Nexo causal entre conduta e resultado ATT! Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não é imputado ao autor da conduta. Crime Comissivo: O agente, com a sua conduta infringe um tipo proibitivo. Crime praticado por ação. - “Tipo Proibitivo”: O Direito Penal protege bens jurídicos proibindo condutas desvaliosas. - “Ação”: conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal. Crime Omissivo: O agente, com a sua conduta infringe um tipo mandamental, não fazendo o que a lei determina. Omissão. - “Tipo Mandamental”: O Direito Penal protege bens jurídicos determinando a realização de condutas valiosas. - “Omissão”: conduta valiosa que o agente deixa de realizar, desobedecendo mandamento legal. Ação Omissão - Tipo proibitivo - Condutadesvaliosa - Fazer - Tipo mandamental - Conduta valiosa não realizada - Não fazer A norma mandamental (que manda agir) pode decorrer: Do próprio tipo penal: A omissão (não fazer) está descrita no próprio tipo penal. Art. 135, CP, Art. 269, CP. Omissão Própria Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. De uma Cláusula Geral: Norma geral anuncia quando a imissão é penalmente relevante. Art. 13, §2º, CP. Omissão Imprópria – o agente responde por crime omissivo (como se tivesse agido). § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (trata-se de dever legal, presente, por exemplo, na relação entre pais e filhos. Mãe que deixa de alimentar o filho, ocorrendo o resultado morte, responde por homicídio – doloso ou culposo; pois não evitou o resultado a que estava obrigada. É equiparada ao causador.) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (trata-se da figura do garante ou do garantidor, como, por exemplo, a professora que assume a responsabilidade pelos alunos num passeio fora da escola. Se algum aluno morrer, pode a professora ser responsabilizada pela morte, respondendo por homicídio – doloso ou culposo. Omissão do dever de evitar o resultado). c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (temos aqui a chamada “ingerência na norma”. A doutrina cita como exemplo a pessoa que empurra outra na piscina, que por não saber nadar, morre afogada. Quem empurrou pode responder por homicídio – doloso ou culposo. Tinha o dever de evitar o resultado). Omissão Própria: Não fazer Omissão descrita no tipo penal (responde por crime omissivo) Omissão Imprópria: Não fazer Responde como se tivesse agido (responde por tipo proibitivo) Situações: A mãe mata o filho. Responderá por homicídio ou infanticídio A mãe deixa de alimentar o filho de terna idade, querendo sua morte. Omissão Imprópria 3º pessoa, percebendo que a vítima estava em perigo não lhe presta socorro. Omissão Própria Omissão Própria Omissão Imprópria - O agente tem dever genérico de agir. - Atinge a todos indistintamente - A omissão está descrita no tipo - Não admite tentativa - O agente tem o dever jurídico de evitar o resultado. - É endereçado a personagens especiais. Art. 13, §2º do CP. - O omitente vai responder como se tivesse agido, causado o resultado (tipo proibitivo). - Admite tentativa Ex: Fulano percebendo que Beltrano precisava de socorro, não lhe presta assistência. Beltrano morre. Fulano praticou qual crime? Fulano se presentes as hipóteses do Art. 13, §2º, CP (pai e filho, por exemplo), responderá por homicídio. Se ausentes as hipóteses do Art. 13,§2º, CP (fulano não conhece beltrano, por exemplo), responderá por omissão de socorro. - Crime de conduta mista: Crime composto de ação no antecedente e omissão no consequente. Ação seguida de omissão. Ex: Art. 169, §único, II do CP. II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. b - Conceito de Crime: Fato típico, antijurídico e culpável. Crime é diferente de fato punível: O fato punível tem três requisitos, fato típico, antijurídico e ameaça de pena. Essa última é uma exigência específica. Crime é diferente de fato punível e culpável: O fato punível e culpável tem quatro requisitos, fato típico, antijurídico, ameaça de pena e culpabilidade. - Tipicidade: Causalismo Neokantismo Finalismo - Final do séc. XIX e início do séc. XX. - Von Liszt e Beling Causalismo: relação de causa e efeito. - A tipicidade é objetiva e neutra. Neutra no sentido de ser mera descrição abstrata do crime. - Requisitos: Conduta humana voluntária Resultado naturalístico (crime materiais) Nexo de causalidade Adequação típica - Vai de 1900 até 1933. - Mezger - Por que Neokantismo? Recupera a teoria dos valores de Kant. O Direito é valorativo. - A tipicidade é objetiva e valorativa. - Requisitos: Conduta humana Resultado naturalístico Nexo de causalidade Adequação típica Os requisitos são iguais, mas por detrás está o valor. Fato típico: é o fato valorado negativamente pelo legislador. - Vai de 1945 até 1960. - Welzel - A tipicidade é objetiva e subjetiva. Na parte objetiva não muda os antigos requisitos. Conduta humana Resultado naturalístico Nexo de causalidade Adequação típica Na parte subjetiva há dois requisitos: Dolo (está na cabeça do réu) Culpa (é juízo de valor do réu) A Tipicidade agora é objetiva e subjetiva: STF HC 84412. Roxin, 1970 Objetiva: Tipicidade formal: continua com os 4 requisitos de sempre, a conduta, nexo causal, resultado e adequação típica. Tipicidade material: Fato juridicamente relevante ou valoração da conduta: conduta tem que ser valorada, é relevante ou não? Com base em que critério que o juiz vai valorar? No risco proibido relevante (imputação objetiva). O juiz vai analisar se aquela conduta que gerou o resultado foi praticada no contexto de um risco proibido ou permitido. Ex: dar um tiro na cabeça de alguém é um risco proibido; já um risco permitido seria dirigir corretamente, gera um risco, mas é permitido. Uma coisa é matar outra coisa é cometer homicídio, o risco proibido converte a morte em homicídio. Essa diferença é muito importante. STJ HC 46525 O primeiro critério da imputação objetiva é o Risco Proibido Relevante. Imputação objetiva, Tipicidade conglobante e tipicidade material significam a mesma coisa. Fato juridicamente ofensivo ao bem jurídico: se a conduta for formalmente típica e não afetar juridicamente o bem jurídico não há tipicidade. Ex: Acórdão do Celso de Mello: STF HC 84412. Neste caso foi reconhecida a tipicidade formal, porém aplicou-se o Princípio da Insignificância por não haver tipicidade material. E o perigo abstrato? Pois neste caso não há ofensa concreta, a ofensa é presumida. É admitida no direito brasileiro, como exemplos: no caso do tráfico de drogas, direção embriagada. OBS: Teoria da Confiança: quem pratica uma atividade seguindo as regras da atividade pode confiar que os outros também observarão a regra. Ex: o medico que opera, confia que o anestesista tenha feito o seu trabalho corretamente. Porém não é absoluta, por exemplo, não pode se esperar que uma criança correndo atrás da bola vá parar. OBS: Quem atua para diminuir o risco não responde, ainda que gere resultados nefastos. Ex: causar uma lesão corporal para evitar uma morte. Afasta a tipicidade material. OBS: O fato fora do domínio do agente não responde, afasta a tipicidade material. Ex: do sobrinho, que manda o tio para a floresta negra para que ele possa morrer atingido por um raio e ele ficar com a herança dele. OBS: Auto colocação da vítima em perigo em razão da própria conduta: neste caso o réu não responde por nada, ninguém responde. Ex: comissão de formatura de Cuiabá. Cooperação para auto colocação em risco, a conduta homicida não foi do jornalista, a vítima se colocou em situação de risco. O jornalista chefe cooperou para o risco permitido. Subjetiva: será estudado pelo Rogério. Dolo Erro de Tipo - Conceito: Falsa representação da realidade. É o erro que recai sobre as elementares, as circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal. O agente não tem consciência ou não tem plena consciência da sua conduta. Ex: Mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de suacolega, muito parecida com a sua; Caçador que atira e mata seu amigo que, sem avisar, se disfarçara de urso para assustar o amigo; sujeito, supondo que fosse sucata abandonada, subtrai coisa alheia. Erro de Tipo Erro de Proibição - Há falsa percepção da realidade que circunda o agente. O agente não sabe ou não sabe exatamente o que faz. - Ex: “A” sai da festa com guarda-chuva de terceiro, pensando ser seu. - O agente percebe a realidade equivocando-se sobre regra de conduta. O agente sabe o que faz, mas desconhece a ilicitude do seu comportamento. - Ex: “A” encontra guarda-chuva na rua e dele se apropria imaginando que “achado” não é roubado. - Tipos: Essencial: O erro recai sobre dados principais do tipo. É o erro que recai sobre as elementares do tipo penal. Ex: “A”, durante a caça, percebe movimentos perto de um arbusto, imaginando ser um animal (veado), atira e percebe tratar-se de uma pessoa (“alguém”). Art. 20 do CP. Evitável Inevitável - Consequências: Para aferir se o erro foi inevitável ou evitável, a doutrina discute: 1ªC – A evitabilidade ou não do erro deve ser avaliada com o auxílio da figura comparativa do “homem médio”. 2ªC – A evitabilidade ou não do erro deve ser avaliada de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se inevitável Se evitável - Exclui dolo, não há consciência. - Exclui culpa, não há previsibilidade. - Exclui dolo, não há consciência. - Pune a culpa se prevista em lei. Aqui a previsibilidade existe. Pois era evitável. Acidental: O erro recai sobre dados secundários do tipo. Não exclui a responsabilidade penal do agente. No erro de tipo acidental, a intenção criminosa do agente é manifesta, incidindo naturalmente a responsabilidade penal, não excluindo dolo, tampouco a culpa, não isentando o agente de pena. Erro sobre o objeto: Não tem previsão legal. O agente, por erro, representa mal o objeto material visado atingindo o outro que não o desejava. Ex: O agente quer subtrair uma televisão LCD, mas, por erro, acaba subtraindo monitor de computador. O objeto visado foi mal representado. Consequências: Não exclui dolo/culpa, não isenta o agente de pena. O agente responde por furto, considerando – se o objeto atingido e não o objeto visado. Aplica-se a Teoria da Concretização. ATT! De acordo com Zaffaroni, deve ser considerado o objeto material que mais beneficie o réu. Aplica o In Dúbio pro Reo. Erro sobre a pessoa: O agente, por erro, representa mal a pessoa que busca ofender, ofendendo pessoa diversa. O erro é de representação da vítima e não de execução, o crime foi corretamente executado. Ex: “A” quer matar o próprio pai. Representando equivocadamente a pessoa que estaciona o carro na porta da casa, “A” dispara pensando ser seu pai, quando na verdade era seu tio. Art. 20, §3º do CP: § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Consequências: Não exclui dolo/culpa. Não isenta o agente de pena. O agente responde pelo crime considerando-se as condições e qualidades da vítima virtual, pretendida. Adotou-se a Teoria da Equivalência. Caso: “A” quer matar “B”, um agente da PF, contudo representando equivocadamente a vítima acaba por matar “C” um agente da policial civil. De acordo com o Art. 20, §3º, adotou a teoria da equivalência, “A” vai responder por homicídio considerando-se as condições de “B” (agente federal). Quem vai julgar esse delito? A Justiça Federal ou a Justiça Estadual. O erro quanto à pessoa não tem o condão de alterar a competência para o processo e julgamento do crime. A repercussão do erro está limitada ao Direito Penal. O processo penal considera as qualidades da vítima real. Erro na execução: Também chamado de Aberatio Ictus. O agente, por erro na execução, acaba por atingir pessoa diversa da pretendida. Embora corretamente representada. Art. 73, CP: Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Ex: “A”, por erro de pontaria, atira, mas acaba atingindo pessoa que estava ao lado da vítima pretendida. Não houve erro de representação, a vítima foi corretamente representada. Erro quanto à pessoa – Art. 20, §3º, CP. Erro na Execução – Art. 73, CP. - O agente representa mal, apesar de executar bem. - O agente representa bem, mas executa mal. Consequências: Aberatio com resultado simples Aberatio com resultado duplo - Não exclui dolo e nem culpa. - Não isenta o agente de pena. - Responde o agente, pelo crime considerando as condições da vítima pretendida. - Teoria da Equivalência. - O agente responde pelos dois crimes aplicando-se as regras do concurso formal (próprio ou impróprio). Ex: Atingindo seu pai (vítima pretendida) e o vizinho que estava ao seu lado (vítima por acidente), o agente será punido pelo homicídio doloso do pai e culposo do vizinho, em concurso formal (no caso, próprio – sem desígnios autônomos). Temos duas espécies de Aberatio Ictus: Por acidente: Não há erro no golpe, mas desvio na execução, podendo a pessoa visada estar ou não no local. Ex: “A” coloca bomba no carro, para explodir quando “B” aciona-lo, naquele dia, no entanto, quem acionou o carro foi “C”. Por erro no uso dos meios (instrumentos de execução): Aqui, há efetivo erro no golpe, estando a pessoa visada, no local. Ex: “A” mira seu pai, mas por erro de pontaria ou falta de habilidade, mata seu vizinho. Resultado diverso do pretendido: Também chamado de Aberatio Criminis. Art. 74 do CP. O agente por erro na execução atinge bem jurídico diverso, resultado diverso do pretendido. Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Ex: “A” que destruir o carro de “B”. Arremessa uma pedra contra o veículo (patrimônio), mas acaba atingindo seu proprietário, que vem a falecer (vida). Art. 73 do CP Art. 74 do CP - Erro na execução. - Apesar do erro, o agente atinge o mesmo bem jurídico de pessoa diversa. - O resultado pretendido = resultado produzido (pessoa diversa). Os dois bens jurídicos são os mesmo – vida. - Relação pessoa X pessoa. - Erro na execução. - O agente em razão do erro, atinge bem jurídico diverso. - O resultado produzido é diverso do resultado pretendido. Os bens jurídicos são distintos. - Relação coisa X pessoa. Consequências: Aberatio com resultado simples Aberatio com resultado duplo ou complexo - O agente responde pelo resultado produzido (diverso do pretendido), a título de culpa. - No nosso exemplo, o agente responde por homicídio culposo e não tentativa de dano. - Aplica-se o concurso formal de delitos. - No nosso exemplo, o agente responde por dano + homicídio culposo em concurso formal. ATT! O resultado pretendido seja morte do motorista, porém o resultado produzido foi dano no veículo. Há uma relação vida X coisa. Se aplicarmos o Art. 74, o agente fica impune, pois teria que responder por dano culposo, ficando a tentativa de homicídio absorvida. Detalhe que dano culposo é fato atípico. Zaffaroni alenta não se aplicar o Art. 74 do CP quando o resultado produzido é menos grave (atinge bem jurídico menos valioso) que o resultado pretendido. Nesse caso, deve o agente responder pela tentativa do resultado pretendido não alcançado. Erro sobre o nexo causal: Também chamado de Aberatio Causae. Não tem previsãolegal. A doutrina divide em duas espécies: Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Ocorre quando o agente mediante um só ato provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo de causalidade. Ex: “A” empurra “B” de um penhasco para que morra afogado, durante a queda, “B” bate a cabeça em uma pedra e morre de traumatismo craniano. O traumatismo é diverso no nexo pretendido. Dolo Geral: O agente mediante conduta desenvolvida e pluralidade de atos provoca o resultado pretendido, porém com nexo de causalidade diverso. Ex: “A” atira em “B” (1ª ato). Imaginando que “B” está morto “A” joga o corpo da vítima ao mar (2º ato) que morre por afogamento. A morte era o resultado pretendido e aconteceu. - Consequências: 1ªC – com base no Princípio do Desdobramento, deve haver cisão do elemento volitivo (vontade), imputando-se ao agente dois crimes distintos, em concurso material. Seria punido pela tentativa de homicídio (tiro de “A” em “B”) e por homicídio culposo (morte por afogamento). 2ªC – Não exclui dolo; não exclui culpa; não isenta o agente de pena. Responde por um só crime, qual seja, o resultado efetivamente produzido (que coincide com o resultado pretendido). Qual nexo deve ser considerado? O pretendido (disparo de arma) ou o concretizado (afogamento)? 1ªC – O agente responde pelo crime considerando o nexo pretendido (evita-se responsabilidade penal objetiva). 2ªC – O agente responde pelo crime considerando o nexo ocorrido. A 2ª corrente leva em consideração o fato de que o agente, de modo geral, aceita qualquer meio para atingir o fim desejado. Ao querer a morte, o agente aceita qualquer nexo, seu dolo é geral. 3ªC – O agente responde pelo crime considerando o nexo mais benéfico Id Dúbio pro Reo (Zaffaroni). Informações Complementares: Erro de Tipo Essencial Delito Putativo por Erro de Tipo – por alucinação. Falsa percepção da realidade - Ex: O agente atira na pessoa imaginando ser boneco de cera. - Ex: O agente atira no boneco de cera, imaginando ser uma pessoa. - Imagina praticar um indiferente penal - Imagina estar praticando um fato típico - O agente desconhece a presença de uma elementar. (“Alguém”) - O agente desconhece a ausência de uma elementar. (“Alguém”) - O agente pratica o tipo penal sem querer. - O agente pratica um fato atípico sem querer. (crime imaginário) Caso: Fulano, desconhecendo que o cheque é documento público por equiparação (imaginando ser documento particular), falsifica a cártula. Erro de tipo ou Erro de Proibição? Não é nenhum dos dois. Consiste em “Erro de Subsunção”. Erro de Subsunção: Não tem previsão legal. Erro que recai sobre interpretações jurídicas. O agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico de seu comportamento. Ex: “A” suborna o jurado “B” desconhecendo que jurado é funcionário público para fins penais. Ele não sabe o “B” é funcionário público, mas sabe que subornar é ilícito. Consequência: não exclui o dolo/culpa, nem isenta o agente de pena. O agente será responsabilizado pelo crime praticado, podendo incidir atenuante. O cidadão comum não pode conhecer todos os conceitos jurídicos empregados pelo legislador; contudo, mediante a chamada “Valoração Paralela na esfera do leigo (profano)” pode esse cidadão identificar os significados subjacentes aos conceitos jurídicos, por que integrantes da cultura comum que orienta as decisões da vida diária. Erro Determinado por terceiro: No erro de tipo, o agente erra por conta própria, já no erro determinado por terceiro, alguém induz o agente a erro (chamado “agente provocador”). Trata-se de um erro não espontâneo. Art. 20, §2º do CP. § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Ex: Médico com a intenção de matar o paciente induz a enfermeira a ministrar dose letal ao enfermo. O médico é o agente provocador e a enfermeira como provocada. Consequências: Agente provocador Agente provocado - Agiu com dolo: Homicídio doloso na condição de autor mediato - Agiu com culpa: Homicídio Culposo - Se não agiu com dolo ou culpa, o fato é atípico. - Se não agiu com dolo ou com culpa o fato é atípico. Resultado A doutrina reconhece duas espécies: Resultado naturalístico ou material: A conduta resulta alteração física no mundo exterior. ATT! O resultado material gera os seguintes efeitos: Efeito Físico: dolo, lesão ao patrimônio etc. Efeito fisiológico: morte, lesão corporal. Efeito psicológico: ofensa a honra, perturbação social Resultado normativo ou jurídico: a conduta gera lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. - Classificação do Crime quanto ao resultado naturalístico: Material: O tipo penal descreve conduta mais resultado naturalístico. A ocorrência do resultado naturalístico é indispensável para a consumação. Ex: homicídio, furto, estupro etc. Formal: Também chamado de consumação antecipada. O tipo penal descreve conduta mais resultado naturalístico, o resultado naturalístico é dispensável para a consumação. O resultado naturalístico aparece como exaurimento do delito. Ex: calúnia, difamação, injúria, extorsão (Súm. 96 do STJ) etc. *Pergunta de Concurso: O que se entende por delito de intenção ou de tendência interna transcendente? É uma espécie de delito formal no qual o agente quer mais do que o tipo penal exige para a consumação. Possui duas formas: Delito de intenção de resultado cortado Delito de intenção multilado de 2 atos - O resultado naturalístico (dispensável para a consumação = formal), para ocorrer, depende do comportamento de terceiro. Ex: Art. 158 e 159 do CP. - O resultado naturalístico (dispensável para a consumação = formal), para ocorrer depende de novo comportamento do agente. Ex: Art. 291 do CP. De mera conduta: O tipo penal descreve conduta, não tem resultado naturalístico descrito do tipo. É com a conduta que temos o momento da consumação. Ex: Omissão de socorro, violação de domicílio etc. - Conclusão: Nem todos os crimes tem resultado naturalístico. Os crimes materiais têm; os crimes formais dispensam; e os crimes de mera conduta não têm. - Classificação do crime quanto ao resultado normativo: Crime de dano (ou lesão): A consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: homicídio, furto, estupro etc. Crime de perigo: A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo. Ex: Periclitação da vida e da saúde de alguém. Possui duas espécies: Concreto Abstrato - O perigo, resultado da conduta deve ser comprovado, demonstrado. - Normalmente está representado pela expressão “expondo a dano potencial”. Ex: Art. 309 do CTB. - O perigo, resultado da conduta é absolutamente presumido por lei. - Ex: Art. 306 do CTN. *Pergunta de Concurso: Crime de perigo abstrato viola a CF? 1ªC: Viola o Princípio da Ofensividade (pune uma pessoa sem prova do perigo). 2ªC: Trata-se de cautela reveladora de maior zelo do Estado em proteger adequadamente certos interesses (Corrente do STF). - Conclusão: Todos os crimes possuem resultado normativo (não é crime sem resultado normativo). Relação de Causalidade - Conceito: Vínculo entre conduta e resultado. O estudo da causalidade busca concluir se o resultado, como um fato, ocorreu da conduta e se pode ser atribuído ao autor, inserindo-se na sua esfera de autoria por ter sido ele o agente do comportamento. Art. 13 do CP. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O CP adotou a causalidade simples, também chamada de Teoria da Equivalência dos antecedentes causais ou Teoria da Equivalência das Condições, também chamada de Teoria da Condição Simples, Teoria da Condição Generalizadora ou da Conditio Sine Qua non. OBS: Segundo esta teoria, todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido, é causa. Causas são todas as condutas e os eventos pretéritos sem os quais o resultado não ocorreria como ocorreu.Como saber quais condutas foram determinantes? Elimina-se hipoteticamente o comportamento “a” e vê o que acontece com o resultado, e assim por diante. Aplica-se a Teoria da Eliminação hipotética dos antecedentes causais. No campo mental da suposição, o aplicador deve proceder à eliminação da conduta para concluir pela persistência ou desaparecimento do resultado. Persistindo o resultado, não é causa; desaparecendo, é causa. Se eliminarmos mentalmente Resultado Conclusão Compra do bolo Não ocorreria É causa Compra do veneno Não ocorreria É causa Mistura de veneno no bolo Não ocorreria É causa Compra da arma Suco de laranja Ocorreria Não é causa Servia o bolo Não ocorreria É causa OBS: A identificação do que efetivamente é determinante para o resultado coloca o intérprete diante de um sem-número de antecedentes causais. No exemplo acima, a pessoa que vendeu o bolo, comerciante que vendeu o veneno são causas. Percebe-se, portanto, que a causalidade simples pode regressar ao infinito. ATT! Não basta a causalidade física para imputar o crime. É imprescindível dolo/culpa (causalidade psíquica). Imputação do crime = causalidade física (mera relação de causa e efeito) + causalidade psíquica (dolo e culpa) (No intuito de criar um filtro a esse regresso, estabeleceu-se que a causalidade objetiva (física) não é suficiente para se chegar à imputação do crime, de modo que, dentro da perspectiva do finalismo é indispensável perquirir dolo ou culpa.) Atenção: A Teoria da Imputação Objetiva (assunto que ainda será estudado) se insurge contra o regresso ao infinito da causalidade física. Esta teoria não quer depender de dolo e culpa para limitar a responsabilidade penal. - Concausas: Pluralidade de condutas e eventos concorrendo para o mesmo resultado. Ex: As 19h “A” ministrou veneno para “B”, que, no entanto, as 20h foi vítima de um assalto e morreu. Como que fica o resultado morte em relação a “A”? Absolutamente independentes Relativamente independentes - A causa efetiva do resultado não se origina da conduta ou do evento concorrente. - Podem ser: Preexistente: a causa efetiva é anterior a conduta ou evento concorrente. Concomitante: a causa efetiva é simultânea a conduta ou evento concorrente Superveniente: quando a causa efetiva é posterior a conduta ou evento concorrente. - A causa efetiva do resultado se origina direta ou indiretamente da conduta ou evento concorrente. Pode ser: Preexistente: a causa efetiva é anterior a conduta ou evento concorrente. Concomitante: a causa efetiva é simultânea a conduta ou evento concorrente Superveniente: quando a causa efetiva é posterior a conduta ou evento concorrente. Absolutamente Independente: Preexistente: As 19h “A” dá veneno para a vítima, as 20h “B” dispara contra a vítima, a vítima morre as 21h em razão do veneno. Qual foi a causa efetiva da morte? Veneno. “A” responde por homicídio consumado. Qual crime praticou “B”? A relação entre veneno e disparo é absolutamente independente. Aplica-se aqui a Teoria da Eliminação Hipotética. “B” será punido por homicídio tentado. “B” não foi causa do resultado. Concomitante: As 19h “A” dá veneno para a vítima, neste mesmo horário, bandidos invadem a casa da vítima e ceifam sua vida. A vítima morreu as 20h em razão da ação dos bandidos. Qual foi a causa efetiva da morte? Ação dos bandidos, que responderão por homicídio consumado. Qual crime praticou “A”? A relação entre a ação dos bandidos e o veneno é de absoluta independência. Aplica-se a Teoria da Eliminação Hipotética. O veneno não é causa da morte respondendo, “A” por tentativa de homicídio. Superveniente: As 19h, “A” dá veneno para a vítima, as 20h cai um lustre na cabeça da vítima. A vítima morre as 21h em razão da queda do lustre. Qual foi a causa efetiva da morte? A queda do lustre. Qual crime praticou “A”? é de absoluta independência a relação entre veneno e queda do lustre. Aplica-se aqui a Teoria da Eliminação Hipotética. O veneno não é causa da morte, respondendo “A” por tentativa de homicídio. - Conclusões: Na concausa absolutamente independente: Trabalhamos com causalidade simples. A conduta concorrente não é causa do resultado. Será punida por tentativa. O resultado só pode ser atribuído a causa efetiva. Relativamente Independentes: Preexistente: Com a intenção de matar, Fulano desfere facas em Beltrano (portador de hemofilia), que vem a falecer em consequência dos ferimentos aliado a seu estado. A doença não permitiu estancar o sangue. Qual foi a causa efetiva da morte? A doença (preexistente). Qual crime praticou Fulano? A relação entre a ação da doença e golpes de faca é de relativa independência. Teoria da Eliminação Hipotética. Os golpes são causas, respondendo Fulano por homicídio consumado. No exemplo da hemofilia (ou outro estado de saúde preexistente) a jurisprudência tem exigido que o agente saiba da condição precária da saúde da vítima, evitando responsabilidade penal objetiva. Concomitante: Fulano com a intenção de matar, atira contra Beltrano, a vítima assusta com o disparo de morre de ataque cardíaco. Qual a causa efetiva da morte? Infarto (concomitante). Qual crime pratica Fulano? A relação entre as causas é de relativa independência. Teoria da Eliminação hipotética. O disparo de arma é causa, respondendo Fulano por homicídio consumado. - Conclusões: Concausas relativamente independentes preexistentes e concomitantes. Trabalhamos também com causalidade simples Art. 13, caput. A conduta concorrente é causa do resultado. Será punida por crime consumado. O resultado também será atribuído a causa efetiva. Absolutamente Independente: Causalidade simples. O resultado não pode ser imputado à conduta paralela, responderá por tentativa. Art. 13 do CP Preexistente - OK Concomitante - OK Superveniente - OK Relativamente Independentes: Causalidade simples. O resultado deve ser imputado à conduta paralela, responderá por crime consumado. Art. 13 do CP. Preexistente - OK Concomitante - OK Superveniente: Não trabalha mais com causalidade simples (Art. 13, caput do CP), e sim com causalidade adequada (Art. 13, §1º do CP). Causalidade adequada: Também chamada de Teoria da Condição Qualificada ou então Teoria da Condição Individualizadora. É causa a pessoa, fato ou circunstância que, além de praticar o antecedente indispensável a produção do resultado (causalidade simples), realize uma atividade adequada à sua concretização (causalidade adequada). Na determinação da causalidade adequada, o que importa é se existe um nexo normal prendendo o atuar do agente como causa ao resultado como efeito. O problema se resume em acertar se, conforme demonstra a experiência de vida, o fato conduz normalmente a um resultado dessa índole (se esse resultado é consequência normal, provável, previsível da conduta paralela). O fundamento da causalidade adequada é um critério de probabilidade. Art. 13, § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Concausa relativamente independente superveniente que por si só produziu o resultado: O resultado sai da linha de desdobramento causal normal da conduta paralela. Evento imprevisível, improvável. A conduta paralela não é a adequada ao resultado. Conclusão: O resultado não pode ser imputado à conduta paralela. Ex: “A” leva um tiro e na recuperação no hospital o teto cai e mata a paciente. Responderá por tentativa o atirador, pois este evento não era provável nem previsível. Concausa relativamente independente superveniente que não por si só produziu o resultado: O resultado está na linha de desdobramento causal normal da conduta. Evento previsível, provável. A conduta paralela é adequada ao resultado. Conclusão: O resultado deve ser imputado à conduta paralela. Ex: “A” leva um tiro e o médico ao tentar salvar a sua vida mata a paciente (erro médico).O atirador responderá pelo resultado, pois está na linha de desdobramento da conduta. Outro exemplo é a infecção hospitalar, que deve ser relacionada ao “erro médico” (essa corrente prevalece). - Teoria da Imputação objetiva: A Teoria da Imputação Objetiva repudia o regresso ao infinito gerado pela causalidade simples. Como forma de corrigir o regresso ao infinito da causalidade clássica, determina que sejam considerados critérios normativos no momento da imputação do resultado, pois, pela Teoria da Causalidade Vigente, situações absurdas proporcionadas pela Conditio Sine Qua Non somente eram evitadas em razão da análise do dolo e da culpa. Não se contenta com o nexo físico exigindo também um nexo normativo. Lembrando: A causalidade simples, do ponto de vista objetivo, gera um regresso ao infinito. Só evitando responsabilidade penal objetiva pela aplicação do dolo e da culpa. - Nexo Normativo: Criação ou incremento de um risco proibido (risco não tolerado pela sociedade) Realização do risco no resultado (Resultado dentro na linha de desdobramento causal normal do risco) Resultado dentro do alcance do tipo Direito Penal baseado no dogma da Teoria da Equivalência Direito Penal baseado na Teoria da Imputação Objetiva - Causalidade objetiva (gera a imputação objetiva do resultado): Só trabalha com o nexo físico (mera relação de causa e efeito), que provoca um regresso ao infinito. - Causalidade Psíquica (gera imputação subjetiva do resultado): Analisa-se dolo e culpa - Causalidade objetiva: Nexo físico + nexo normativo, impede o regresso ao infinito da causalidade objetiva. - Causalidade Psíquica: Dolo e culpa. Percebam que na Teoria da Imputação Objetiva, a análise do nexo normativo antecede a indagação sobre o dolo ou culpa, buscando impedir o rótulo de causa para comportamentos que não criaram ou incrementaram riscos proibidos, riscos não realizados no resultado ou resultados não alcançados pelo tipo. - Teoria Clássica da Causalidade X Teoria da Imputação Objetiva: Casos práticos Diminuição do risco: Para a Teoria da Imputação Objetiva não há a possibilidade de imputação do resultado se o autor modifica um curso causal, de modo que o perigo já existente para a vítima seja diminuído, melhorando a situação objeto da ação. Ex 1: Fulano percebendo que o Beltrano será atropelado empurra o amigo ao solo que sofre lesões leves. Teoria Clássica: O resultado lesão leve, pode ser imputado a Fulano, que, no entanto, vai alegar estado de necessidade. Não respondendo pelo crime. Escapa pelo estado de necessidade. Teoria da Imputação Objetiva: O resultado não pode ser atribuído a Fulano (não é causa), não criou ou incrementou o risco. Se quer é imputado. Risco não realizado no resultado: Para a Teoria da Imputação Objetiva, o resultado não é atribuído ao autor como realização do risco de lesão ao bem jurídico nos casos de substituição de um risco por outro. Ex 2: Erro médico para salvar vítima de disparo com intenção de morte Teoria Clássica: Entende que o erro médico é concausa relativamente independente superveniente que não por si só, causo o resultado. O atirador responderá por homicídio doloso consumado e o médico por homicídio culposo. Teoria da Imputação Objetiva: Se o resultado é produto exclusivo do risco posterior, então é atribuído somente ao autor desse risco (Médico responde por homicídio culposo e o atirador por homicídio tentado). Se o resultado é produto combinado de ambos os riscos então pode ser atribuído aos respectivos autores (Médico homicídio responde por culposo e o atirador por homicídio consumado). Resultado não alcançado pelo tipo: Ex 3: Fulano atira em Beltrano para matá-lo. Ao ser socorrido, Beltrano morre em face de colisão entre a ambulância que o transportava e outro veiculo. Teoria Clássica: Apesar de divergente, a doutrina entende a colisão como concausa relativamente independente superveniente que não por si só produziu o resultado (o atirador responde por homicídio consumado). Teoria da Imputação Objetiva: Não é objetivo do Art. 121 do CP prevenir as mortes causadas por acidentes de veículos que não esteja sob domínio direto ou indireto do autor de um disparo (o atirador responde por homicídio tentado). - Direito Penal Quântico: A ciência penal, através da Teoria da Imputação Objetiva, colocou em dúvida a noção de causa, substituída por critérios probabilísticos. O Direito Penal Quântico é a prova de que o Direito Penal moderno não se contenta com a mera relação de causa e efeito, mas também com elementos normativos. - Causalidade na Omissão: Omissão Própria ou pura: Ex. Art. 135 do CP (omissão de socorro). No crime omissivo próprio, há somente a omissão de um dever de agir, imposto normativamente, dispensando relação de causalidade, tratando-se de delito de mera atividade. Omissão Imprópria ou impura: Ex: Art. 13, §3º do CP (mãe não socorre filho em perigo). Responderá por resultado morte, a omissão da mãe vai ser ligada ao resultado morte (existe um nexo). No crime omissivo impróprio, o dever de agir é para evitar um resultado concreto. Estamos diante de um crime de resultado material, exigindo, consequentemente, um nexo, um vínculo entre a ação omitida e o resultado. Esse nexo, no entanto, não é naturalístico (do nada, nada surge). Na verdade, o vínculo é jurídico. Apesar de o sujeito não ter causado o resultado, como não o impediu, é equiparado ao verdadeiro causador. Trata-se do nexo de não impedimento ou não evitação. CONCLUSÃO - Relação de causalidade: Art. 13, caput (causalidade simples); Art. 13, §1º (causalidade adequada) e o Art. 13, §2º do CP (causalidade normativa). Tipicidade Penal - Evolução da Tipicidade: 1º Momento: Fato Típico composto de conduta + resultado + nexo + tipicidade penal (era igual à tipicidade formal – mera relação de ajuste fato/tipo penal). 2º Momento: Fato Típico composto por conduta + resultado + nexo + tipicidade penal ( tipicidade formal + tipicidade material – relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado). OBS: Para Roxin, o Princípio da Insignificância exclui a tipicidade penal, por que exclui a tipicidade material e assim sucessivamente. - Tipicidade Conglobante: O Fato típico é composto de conduta + resultado + nexo + tipicidade penal (tipicidade formal + tipicidade conglobante = tipicidade material + atos antinormativos). Trata-se um corretivo da tipicidade penal. Tem como requisitos a tipicidade material e a antinormatividade do ato (ato não determinado ou não incentivado por lei). Atenção! A consequência trazida pela tipicidade conglobante foi migrar o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito, da ilicitude para causa de exclusão da tipicidade. Cuidado! A legítima defesa e o estado de necessidade não migraram por que não são determinados ou incentivados, mas permitidos por lei (permanecem antinormativos). (Atos antinormativos: São atos não determinados, não incentivados por lei) OBS: O Direito Penal não pode proibir o que o ordenamento jurídico estabelece. Ilicitude – 2º substrato do crime - Conceito: Por ilicitude entende-se a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como um todo, inexistindo qualquer norma determinado, fomentando ou permitindo a conduta típica. Trata-se de conduta típica não justificada. Não importa a corrente adotada no conceito da conduta, a Ilicitude figura sempre o segundo substrato do crime. Lembrando: Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade conglobante (tipicidade material + atos antinormativos – atos não determinados ou não incentivados por lei). Para os adeptos da tipicidade conglobante, existindo norma determinado ou incentivando comportamento, exclui a tipicidade e não a ilicitude. Só exclui a ilicitude a norma que permite. - Conceito de ilicitude para os adeptos da tipicidade conglobante: Por ilicitude entende-se a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como um todo, inexistindo qualquernorma permitindo a conduta típica (se houver norma determinado ou fomentando a conduta, esta deixa de ser típica). Teoria Tradicional Teoria da Tipicidade Conglobante - A ilicitude é excluída: Estado de necessidade (norma permite) Legítima defesa (norma permite) Exercício regular de direito (norma determina) Estrito cumprimento de dever legal (norma incentiva) - A ilicitude é excluída: Estado de necessidade Legítima defesa - Relação Tipicidade X Ilicitude: Teoria da Absoluta Independência ou da Autonomia: A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude. O fato típico não desperta qualquer indício de ilicitude. (Beling, 1906) Teoria da Indiciariedade ou Ratio Cognocendi: A tipicidade presume (relativamente) a ilicitude. Gera indícios de ilicitude. Consequência: inverte-se o ônus da prova na descriminante (não se aplica o in dubio pro reo nas descriminantes). Mayer, 1915. Teoria da Absoluta dependência ou Ratio Essendi: Cria o tipo total do injusto, levando a ilicitude para o campo da tipicidade. O fato só é típico se também é ilícito. Tipo total do injusto = tipicidade + ilicitude. Mezger, 1930. Teoria dos elementos negativos do tipo: Esta teoria tem o mesmo efeito da anterior, porém, construída sobre bases diferentes. “Chegam ao mesmo lugar, mas por caminhos distintos”. Merkel Tipo penal: Elementos positivos explícitos; devem estar presentes para que o fato seja típico (“matar alguém”); Elementos negativos implícitos devem estar ausentes para que o fato seja elemento do tipo (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito). Art. 121 - Matar alguém, desde que não em legítima defesa, estado de necessidade etc... OBS: Prevalece que o Brasil adotou a Teoria da Indiciariedade ou Ratio cognoscendi. Lembrando que tipicidade gera indícios de ilicitude. Antes da Lei 11.690/98 Depois da Lei 11.690/98 - Comprovada a legítima defesa, o juiz absolve. - Não confirmada a legítima defesa, o juiz condena. - Na dúvida, o juiz também condena, por que a tipicidade presume ilicitude. Jurisprudência: na dúvida razoável, o juiz deve absolver. - Comprovada a legítima defesa o juiz absolve, não comprovada a legítima defesa, o juiz condena. Na dúvida, o juiz também condena. A tipicidade presume a ilicitude. Na dúvida fundada, o juiz deve absolver. Conclusão: A lei 11.690/08, alterando o Art. 386 do CPP, temperou a Teoria da Indiciariedade. Sabendo que a tipicidade presume ilicitude, na dúvida o juiz condena, mas na dúvida fundada, o juiz deve absolver. OBS: O 2º substrato do crime é a ilicitude ou a antijuridicidade? Para LFG são sinônimos. Para Francisco de Assis Toledo, o 2º substrato do crime é a ilicitude (antijuridicidade é uma expressão equivocada), pois como um fato pode ser jurídico e antijurídico ao mesmo tempo? Não dá. O CP não se refere à Antijuridicidade. *Pergunta de concurso: O que é antijuridicidade material e formal? Antijuridicidade formal: relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. Agora, na doutrina moderna é a antijuridicidade/ilicitude. Antijuridicidade material: relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Agora, na doutrina moderna, é a tipicidade material. OBS: Na doutrina ultrapassada, o Princípio da Insignificância excluía a antijuridicidade e não a tipicidade. Agora, na doutrina moderna, o Princípio da Insignificância passa a excluir a tipicidade (exclui a tipicidade material, por não ser relevante a lesão ao bem jurídico). - Causas excludentes da Ilicitude (descriminantes ou justificantes): Estado de necessidade: Arts. 23, I e 24 do CP. Considera-se em estado de necessidade, quem pratica um fato típico, sacrificando um bem jurídico, para salvar de perigo atual direito próprio ou de terceiro, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Atenção! Se há dois bens em perigo de lesão, o Estado permite que seja sacrificado um deles, pois, diante do caso concreto, a tutela penal não pode salvaguardar a ambos. Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual (não iminente), que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Ex: Percebendo que o teatro pega fogo, Fulano, para salvar sua vida, mata Beltrano que atrapalhava a sua desesperada fuga. - Requisitos: O perigo deve ser atual: OBS 1- O perigo deve ser presente, isto é, acontecendo. Abrange o perigo iminente (prestes a ocorrer)? 1ºC – o Art. 24 abrange o perigo iminente. 2ªC – o Art. 24 não abrange o perigo iminente, pois se trata de acontecimento distante para autorizar o sacrifício de bem jurídico alheio. OBS - Perigo sem destinatário certo (diferença importante quando comparado com a legítima defesa). OBS 3 - O perigo pode ter sido causado por conduta humana, ataque de um animal ou fato da natureza. OBS 4 – Se o perigo é imaginário, temos o estado de necessidade putativo (não exclui a ilicitude). A situação de perigo não tenho sido causada voluntariamente pelo agente: se o agente foi o causador voluntário do perigo, não pode alegar estado de necessidade. 1ªC - ser causador voluntário é provocar dolosamente o perigo. 2ªC - ser causador voluntário é provocar dolosa ou culposamente o perigo; todo aquele que provoca o perigo, seja com dolo ou culpa, tem o dever jurídico de evitar o resultado (Art. 13, §2º, “c” do CP). Salvar direito próprio ou alheio: Direito próprio (estado de necessidade próprio); Direito alheio (estado de necessidade de terceiro). Para alegar o estado de defesa de terceiro, é indispensável a autorização do terceiro? 1ªC – na defesa do interesse de terceiro, o agente não depende de autorização daquele ou posterior ratificação. 2ªC – na defesa de interesse de terceiro, o agente, só não depende de autorização daquele, quando o bem em perigo for indisponível (se disponível, a autorização é necessária). Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: se o agente tem o dever legal de enfrentar o perigo, não pode alegar estado de necessidade enquanto o perigo comportar enfrentamento. Quem tem o dever legal de enfrentar o perigo? 1ªC – só tem o dever legal de agir, os personagens abrangidos pelo Art. 13, §2º, “a” do CP. 2ªC – tem dever legal de agir, todos os personagens abrangidos pelo Art. 13, §2º, “a”, “b” e “c”. Caso prático: Segurança particular, percebendo que o teatro está em chamas, abandona a pessoa que o contratou e foge para salvar sua vida. Para a 1ªC, o segurança não tem o dever legal de agir, tem o dever contratual, podendo alegar estado de necessidade. Já para a 2ªC, tem também dever legal, não podendo alegar estado de necessidade se o perigo comportasse enfrentamento. Inevitabilidade do comportamento lesivo: O sacrifício de bem jurídico alheio deve ser absolutamente inevitável para salvar direito próprio ou de terceiro. Aplica-se o Commodus Discessus (obrigação de procurar uma cômoda fuga do local). Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: Proporcionalidade entre direito protegido X direito sacrificado. Teorias que discutem este requisito: Teoria Diferenciadora: Estado de necessidade justificante (exclui a ilicitude): Bem protegido (bem protegido vale + que o bem sacrificado). Estado de necessidade esculpante (exclui a culpabilidade). Bem protegido vale = ou – que bem sacrificado. Teoria Unitária: só reconhece um estado de necessidade justificante que exclui a ilicitude (única que reconhece): O bem protegido vale + ou = que o bem sacrificado. Se o bem protegido vale – que o bem sacrificado pode gerar diminuição de pena. OBS: O CP adotou a Teoria Unitária (Art. 24, §2ª do CP). O CPMadotou a Teoria Diferenciadora (Art. 39 do CPM). Conhecimento da situação de fato justificante: É um requisito subjetivo, decorrente do Finalismo. A ação do estado de necessidade deve ser objetivamente necessária e subjetivamente conduzida pela vontade de salvamento. Observações finais do Estado de Necessidade: Cabe estado de necessidade nos delitos habituais e permanentes? Exigindo a lei como requisito do estado de necessidade a inevitabilidade do comportamento lesivo, não se tem admitido estado de necessidade nos crimes habituais e permanentes. Furto famélico pode caracterizar estado de necessidade? Sim, desde que: que o fato seja praticado para mitigar a fome; que seja o único recurso do agente; que haja a subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência e; a insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente com o trabalho ou a impossibilidade de trabalhar. Estado de necessidade Defensivo: O agente, ao agir em estado de necessidade, sacrifica bem jurídico do próprio causador do perigo. Estado de necessidade Agressivo: O agente, ao agir em estado de necessidade, se vê obrigado a sacrificar bem jurídico de pessoa que não criou a situação de perigo. Gera a obrigação de indenizar. Legítima Defesa: Arts. 23, II e 25 do CP. Estado de Necessidade Legítima Defesa - Conflito entre vários bens jurídicos diante de uma situação de perigo. Ex: Náufragos disputando o único colete salva vidas. - O perigo decorre de conduta humana, comportamento de animal ou fato natural. - O perigo não tem destinatário certo. - Os interesses em conflito são legítimos. - Ameaça ou ataque em face de um bem jurídico. Ex: Alguém é atacado por outra pessoa. - Agressão humana injusta. - A agressão humana é dirigida, tem destinatário certo. - Os interesses do agressor são ilegítimos. Sabendo que no Estado de Necessidade, os interesses em conflito são legítimos, é perfeitamente possível Estado de Necessidade X Estado de Necessidade. Na Legítima Defesa, os interesses o agressor são ilegítimos, não autorizando Legítima Defesa X Legítima Defesa simultaneamente (se existe LD é por que o interesse do agressor é ilegítimo, jamais podendo alegar também LD). Atenção! É perfeitamente possível: LD X LD putativa, pois a LD putativa não deixa de ser uma agressão injusta. LD putativa X LD putativa também é possível (lembrando que a putatividade não exclui a ilicitude). Requisitos da Legítima Defesa: Art. 25. Agressão injusta: É uma conduta humana que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém. OBS 1: a agressão pode ser ativa ou passiva. Ex: Agente penitenciário que por vingança, não cumpre alvará de soltura do preso (agressão passiva). *Pergunta de Concurso: é possível legítima defesa em caso de ataque de animal? Caracteriza agressão injusta? Ataque espontâneo Ataque provocado pelo dono - configura perigo atual, que permite a pessoa abater o animal em estado de necessidade. - agressão injusta: o animal é instrumento do homem. Abater este animal configura legítima defesa. A obrigação de procurar uma cômoda fuga do local, está presente somente no estado de necessidade (Commodus Discessus). OBS 2: A injustiça da agressão deve ser conhecida pelo agredido não importando a consciência do agressor. *Pergunta de Concurso: Quem se defende de agressão injusta praticada por inimputável, age em legítima defesa? Sabendo que a agressão deve ser injusta, independente da consciência da ilicitude por parte do agressor, temos doutrina lecionando ser possível legítima defesa no ataque praticado por um inimputável. Para Roxin, não se concede a ninguém, um direito ilimitado de legítima defesa, face à agressão de um inimputável, de modo que, a excludente não se aplica a todas as situações (agressão praticada por criança contra um adulto). Nesses casos (agressão praticada por inimputáveis), temos doutrina emprestando o requisito Commodus Discessus para resolver o impasse. OBS 3: A injusta agressão não precisa ser típica. Ex: furto de uso. OBS 4: agressão imaginária gera legítima defesa putativa. Não exclui a ilicitude. A agressão injusta deve ser atual ou iminente: Atual (presente) Iminente (prestes a ocorrer). Agressão passada não autoriza legítima defesa, configurando mera vingança. A agressão futura também não autoriza a legítima defesa, configurando mera suposição. Cuidado! Com a agressão futura, porém, certa quanto a sua ocorrência. Aqui autoriza legítima defesa antecipada (hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, exclui a culpabilidade). Uso moderado dos meios necessários: O que se entende por meio necessário? O menos lesivo dentre os meios capazes de repelir a injusta agressão à disposição do agredido no momento do ataque. OBS: De acordo com Nelson Hungria, não se deve pesar o meio necessário com balança de farmácia, mas considerando as circunstâncias do caso concreto. Proteção de direito próprio ou de outrem Conhecimento da situação de fato justificante: Saber que age diante de agressão injusta, atual ou iminente. *Pergunta de Concurso: Pode concorrer que ao se defender da agressão, o agente atinge pessoa diversa do agressor. Configura legítima defesa? 1ªC – caracteriza a legítima defesa, aplicando-se a regra do Art. 73 do CP (erro na execução), ou seja, considera-se que o fato foi praticado contra o agressor. 2ªC – Caracteriza estado de necessidade, uma vez que a repulsa não atingiu o agressor, mas um terceiro inocente. *Pergunta de Concurso: É possível legítima defesa sucessiva? Ocorre na repulsa contra o excesso abusivo do agente (temos duas legítimas defesas, uma depois da outra). É possível, não se confundindo com legítimas defesas simultâneas. *Pergunta de Concurso: é possível legitima defesa contra quem age em estado de necessidade? Não é possível, pois que quem age em estado de necessidade não pratica agressão injusta. Estrito Cumprimento de Dever Legal: Art. 23, III, primeira parte do CP. Os agentes públicos, no desempenho de suas atividades, não raras vezes devem agir interferindo na esfera privada dos cidadãos, exatamente para assegurar o cumprimento da lei (lei em sentido amplo), podendo redundar em agressão a bens jurídicos. Dentro de limites aceitáveis, tal intervenção é justificada pelo estrito cumprimento do dever legal. Ex: flagrante obrigatório (art. 301 do CPC). OBS 1: Exige-se que o sujeito tenha conhecimento de que está praticando o fato em face de um dever imposto pela lei (em sentido amplo). OBS 2: Trata-se de descriminante em branco, em que o conteúdo da norma permissiva se deduz de outra norma jurídica. A lei é quem vai complementar essa norma permissiva. OBS 3: Para os adeptos da Tipicidade Conglobante, o estrito cumprimento do dever legal, exclui a tipicidade penal e não a ilicitude. Pois aqui a lei determina a conduta. OBS 4: Não há falar em estrito cumprimento de dever legal na hipótese do policial matar o criminoso em fuga, precisamente por que a lei proíbe à autoridade, aos seus agentes e quem quer que seja desfechar tiros de revólver contra pessoas em fuga (STJ Resp 402.419/RO). No entanto, em algumas situações poderá ocorrer legítima defesa. Exercício Regular de Direito: Art. 23, III, segunda parte do CP. O exercício regular de direito compreende ações do cidadão comum, autorizadas pela existência de direito definido em lei, e condicionadas à regularidade do exercício desse direito. Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de direito - Ações de agentes público - Ações do cidadão comum. Duas espécies de Exercício regular de direito despertam interesse na doutrina: Pro Magistratu: situações em que o Estado não pode estar presente para evitar a lesão um bem jurídico, ou recompor a ordem pública. Ex: flagrante facultativo (Art. 301 do CPP). Direito de castigo: educação, exercício do poder familiar etc. Esportes violentos: boxe, MMA etc. OBS 1: O exercício regular de direito pressupõe: Indispensabilidade: impossibilidade derecurso útil aos meios coercitivos normais. Proporcionalidade Conhecimento da situação de fato justificante OBS 2: Trata-se também de descriminante em branco. Será complementada por outra norma. OBS 3: Para os adeptos da tipicidade conglobante, o exercício regular de direito, incentivado, exclui a tipicidade penal. Ofendículo: Aparato preordenado para a defesa do patrimônio. Ex: cerca elétrica, cacos de vidro no muro, ponta de lança na murada etc. *Pergunta de Concurso: animais podem ser considerados ofendículos? Sim, estão ali para a defesa do patrimônio. Natureza jurídica: 1ªC – legítima defesa (preordenada). 2ªC – exercício regular de direito. 3ªC – enquanto não acionado para repelir injusta agressão, configura exercício regular de direito, agora, quando acionado para repelir injusta agressão, é legítima defesa. 4ªC – diferencia ofendículo (aparato visível, configurando exercício regular de direito) de defesa mecânica predisposta (aparato oculto, configurando legítima defesa). OBS: Se o uso do ofendículo se traduz como um direito do cidadão em proteger o seu patrimônio, tal direito, como todos os demais, deve ser utilizado com prudência, evitando-se excessos. Consentimento do ofendido: Pode servir como causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que presentes os seguintes requisitos: Requisitos: O dissentimento da vítima não pode figurar como elementar do tipo. Pois nesse caso, havendo consentimento, exclui-se a tipicidade. Ofendido capaz Consentimento válido, livre e consciente. Consentimento sobre bem disponível. Bem próprio Consentimento antes ou durante a execução: Atenção! Se o consentimento ocorre depois de consumada a lesão ao bem jurídico, não exclui a ilicitude, mas pode extinguir a punibilidade pela renúncia ou perdão nos crimes de ação penal de iniciativa privada. Consentimento expresso. Tem doutrina admitindo o consentimento tácito. - Descriminantes putativas: Descriminante (causa de exclusão da ilicitude) Putativa (imaginária). Causa excludentes de ilicitude fantasiadas pelo agente. Houve um erro (de tipo ou de proibição). No erro de tipo, pode exclui o fato típico, já no erro de proibição, exclui-se a culpabilidade. Descriminantes putativas são excludentes de ilicitude que aparentam estar presentes, em uma determinada situação, quando, na realidade, não estão. Apesar de a descriminante significar excludente de ilicitude, quando associada à situação de putatividade, não exclui o segundo substrato do crime. Atenção! O erro, na mente do autor, pode ocorrer de duas maneiras distintas, razão pela qual existem duas espécies de descriminantes putativas. 1ª Espécie: o agente pode imaginar-se na situação justificante em razão de erro quanto à existência ou limites da descriminante. Configura erro de proibição indireto ou erro de permissão. Ex: Fulano imagina estar autorizado a subtrair bens do devedor que não paga a dívida. Fulano acredita estar autorizado a matar o estuprador da filha. O agente sabe o que faz (não ignora pressupostos fáticos), mas desconhece a ilicitude do comportamento. 2ª Espécie: o agente pode enganar-se quanto aos pressupostos fáticos do evento. Ex: Fulano, imaginando estar na iminência de ser agredido por Beltrano, atira contra seu imaginário desafeto, ceifando a sua vida. O agente não sabe o que faz (desconhece os pressupostos fáticos da situação em que se encontra), imaginando injusta agressão que nunca existiu. - Teoria Limitada da Culpabilidade: A descriminante putativa sobre pressupostos fáticos deve ser tratada como erro de tipo. Se inevitável, exclui dolo e culpa; se evitável, exclui dolo, punindo-se a culpa (se prevista em lei). - Teoria Extremada da Culpabilidade: A descriminante putativa sobre pressupostos fáticos deve ser tratada como erro de proibição (indireto). Se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, diminui a pena. Para LFG, o CP adotou a Teoria Extremada (isenta o agente de pena quando o erro é inevitável) temperada, pois no erro evitável não diminui a pena, mas pune à título de culpa, por razões de política criminal (Teoria Extremada Sui Generis). Prevalece que o Brasil adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade. Pelos fundamentos: A descriminante putativa sobre pressupostos fáticos é §1º do Art. 20 (que trata do erro de tipo), se a intenção do legislador era equiparar ao erro de proibição, colocaria no §1ª do Art. 21. A exposição de motivos da reforma de 1984 anuncia que se adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade. Descriminante putativa sobre pressupostos fáticos = erro de tipo permissivo. Culpabilidade 1ªC - A culpabilidade não integra o crime. Objetivamente, o crime existe por si mesmo, com os elementos fato típico e ilicitude. Mas o crime só será ligado ao agente se este for culpável. A culpabilidade é pressuposto da pena, juízo de reprovação. Teoria Bipartite. Para muitos a reforma de 84 adotou a Teoria Bipartite. Quando se exclui o fato típico, o CP diz: “não há crime”. Quando se exclui a ilicitude, o CP também diz: “não há crime”. Quando se exclui culpabilidade, o CP diz: “isento de pena”. 2ªC – A culpabilidade é o terceiro substrato do crime. Juízo de reprovação extraído da análise do sujeito e como se posicionou diante do episódio com o qual se envolveu (a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade são pressupostos da pena e, portanto, requisitos do crime). Teoria Tripartite. Na descriminante putativa por erro de tipo, o CP diz: “isento de pena”. De acordo com a Teoria Tripartite, os adeptos da Teoria Bipartite cometem dois equívocos: quando se exclui fato típico ou ilicitude, o agente também fica isento de pena. Logo, a expressão “isento de pena” não é sinônimo de excludente da culpabilidade. Admitir crime sem culpabilidade (bastando o fato típico e ilicitude) é reconhecer a possibilidade de haver crime sem reprovação. - Teorias da Culpabilidade: Psicológica Psicológica Normativa Normativa Pura - Tem base causalista: vou encontrar na culpabilidade, dolo e culpa. - É formada por: imputabilidade - Possui duas espécies: Culpabilidade dolo e culpabilidade culpa. - Tem base neokantista: continuo com dolo e culpa na culpabilidade. - É formada por: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, culpa e dolo (deixam de ser espécie para ser elementos). O dolo aqui é normativo. - Tem base finalista: dolo e culpa migram para o fato típico. - É formada por: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. Atenção! O dolo aqui é natural. - Elementos da Culpabilidade: Imputabilidade: é a capacidade de imputação, ou seja, possibilidade de se atribuir à alguém, a responsabilidade pela prática de uma infração penal. Direito Civil Direito Penal - Capaz para os atos da vida civil e o incapaz para os atos da vida civil. Cuidado! A capacidade civil nem sempre coincide com imputabilidade Ex: emancipação, menor de 18 anos casado. - Imputabilidade e inimputabilidade - Sistemas de imputabilidade: Sistema Biológico: Leva em conta apenas o desenvolvimento mental do agente. Não interessa a capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta. Conclusão: todo louco é inimputável. Sistema Psicológico: Leva em conta a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente no momento da conduta. Não importa sua capacidade mental. Conclusão: não precisa ser louco para ser inimputável. Sistema Biopsicológico: Leva em conta não apenas o desenvolvimento mental do agente, mas também sua capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta. Conclusão: Não basta ser louco para ser inimputável. A regra é o Sistema Biopsicológico adotado no Brasil. - Hipóteses de inimputabilidade: Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica: Art. 26, caput do CP. Adotou o Sistema Biopsicológico. A doença mental deve ser tomada em sua maior amplitude e abrangência, isto é, qualquer enfermidade que venha a debilitar as funções psíquicas. Consequência: absolvição (imprópria)+ medida de segurança (sanção penal). Cuidado! O §único do Art. 26 não traz caso de inimputabilidade, mas de imputabilidade com responsabilidade penal diminuída (semi-imputável). Consequências: condenação + pena (o juiz pode diminuir a pena ou substituir por medida de segurança). Sistema unitário ou Vicariante. Inimputável: pratica fato típico + ilícito. Absolvição imprópria (não interrompe a prescrição e não serve como título executivo judicial). Semi-Imputável: pratica fato típico + ilícito + culpável. É condenado (interrompe a prescrição e serve como título executivo). Apesar de haver corrente em sentido contrário, prevalece, que a semi-imputabilidade é compatível com as circunstâncias ou qualificadoras subjetivas do crime. Inimputabilidade em razão da idade do agente: Art. 27 do CP. Adotou-se aqui Sistema Biológico. O menor de 18 anos é sempre inimputável, não importando a sua capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta. Cuidado! A inimputabilidade do menor de 18 anos está prevista na CF Art. 228. O preceito segue critérios de política criminal (e não postulados científicos). CADH art. 5 *Pergunta de concurso: O menor de 18 anos pode ser processado perante o Tribunal Penal Internacional? Não. Art. 26 do Estatuto de Roma. OBS: Culpabilidade X emoção e paixão: Art. 28, I do CP. Não excluem a imputabilidade penal. Emoção Paixão - Estado súbito e passageiro. - Apesar de não excluir a imputabilidade, pode interferir na pena. Art. 121, §1º do CP. - Sentimento crônico e duradouro. - Dependendo do grau, pode ser equiparada a doença mental. Inimputabilidade em razão da embriaguez: Art. 28, §1º do CP. Adotou-se o Sistema Biopsicológico (embriaguez acidental + completa, eliminando a capacidade de entendimento e autodeterminação). Embriaguez: É a intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos. Embriaguez acidental Em Caso Fortuito: o agente ignora o caráter inebriante da substância. Força Maior: o agente é obrigado a ingerir a substância. Completa: retira a capacidade de entendimento e autodeterminação (isenta o agente de pena - §1º). Incompleta: reduz essa capacidade (reduz a pena - §2º). Embriaguez não acidental Voluntária: o agente quer se embriagar Culposa: é a negligência “tomou além da conta”. Completa: não isenta o agente de pena. Incompleta: não isenta o agente de pena. Patológica Doentia Art. 26, caput ou 26, §único. Preordenada O agente se embriaga para praticar o crime. Completa: é agravante de pena (Art. 61, II, “l”). Incompleta: é agravante de pena - Teoria da Actio Liberam in Causam: O ato transitório revestido de inconsciência decorre de ato antecedente que for livre na vontade, transferindo-se para esse momento anterior a constatação da imputabilidade. Atenção! Nesse momento anterior, deve ser analisada não somente a imputabilidade do agente, mas também sua vontade em relação ao resultado produzido, evitando-se responsabilidade penal objetiva. Ex: Motorista, completamente bêbado atropela e mata pedestre. 1ª momento: é o ato antecedente livre na vontade (ingestão da bebida), era imputável, mas isso não basta, leva-se em consideração sua vontade (se prevê o atropelamento e quer ou assume o risco (homicídio doloso, dolo direto ou eventual); prevê, mas acredita poder evitar ou mesmo não prevendo lhe era previsível (homicídio culposo, culpa consciente ou inconsciente); se o atropelamento era imprevisível (fato atípico, evitando-se responsabilidade penal objetiva). 2ª momento: ato transitório inconsciente (atropelamento) neste momento ele é inimputável, sem capacidade de entendimento e autodeterminação. *Pergunta de concurso: E o índio não integrado? A não integração do índio é, por si só, excludente da imputabilidade? A não integração não gera por si só a inimputabilidade. - Continuando elementos da culpabilidade: Potencial Consciência da Ilicitude: A potencial consciência da ilicitude é o segundo elemento da culpabilidade e representa a consciência do agente de que atua em contrariedade ao ordenamento jurídico. Atenção! Não se exige que o sujeito compreenda o enquadramento jurídico da sua conduta, mas que possa perceber que se comportamento não encontra respaldo com o direito, sendo por ele reprovado (Valoração paralela na esfera do profano). Causa de exclusão: Erro de proibição: Art. 21 do CP. O agente ignora a lei sem ignorar a ilicitude do fato: o agente não conhece a contravenção penal de desrespeitar a bandeira ou o hino nacional. Não isenta o agente se pena, mas pode caracterizar atenuante de pena. Art. 65, II do CP). O agente conhece a lei, mas erra sobre a ilicitude do fato: João não mais suportando ver o irmão sofrendo em estado termina, acredita não ser reprovável a eutanásia. Pode configurar erro de proibição, isentando o agente de pena se inevitável. O agente ignora a lei e a ilicitude do fato: João ignorando ser infração penal (Dec. Lei 16/66), fabrica açúcar em casa. Configurando erro de proibição, isenta o agente de pena se inevitável. Ignorância da lei Erro de Proibição - Matéria de aplicação da lei penal. - Presume-se conhecida por todos. - Sua ignorância pode gerar atenuante - Matéria de culpabilidade - Analisa o conhecimento do agente quanto à ilicitude do comportamento. - Se inevitável isente o agente de pena; se evitável reduz a pena. - Erro de proibição direito: O agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma penal de caráter proibitivo. Ex: Desconhece que a eutanásia é comportamento ilícito. - Erro de proibição indireto: O agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma justificante. Ex: Marido acredita estar autorizado a matar a esposa que o traiu. Atenção! Teoria Psicológica Normativa Teoria Normativa Pura - Culpabilidade: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, culpa e dolo (consciência, vontade a consciência atual da ilicitude - dolo normativo). - O erro de proibição, evitável ou não, exclui a culpabilidade. - A consciência, para gerar culpabilidade, tinha que ser atual. Logo, qualquer erro de proibição, evitável ou não, exclui a culpabilidade, pois ausente, sempre, a atual consciência. - Culpabilidade: Imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. - O erro de proibição só exclui a culpabilidade quando inevitável, pois se evitável, existe consciência potencial. - A culpabilidade se contenta com a consciência potencial da ilicitude. Logo, somente o erro de proibição inevitável exclui a culpabilidade, pois no evitável existe consciência potencial. Exigibilidade de conduta diversa: Não é suficiente que o sujeito seja imputável e tenha cometido o fato com possibilidade de lhe conhecer o caráter ilícito ara que surja a reprovação social. Além dos dois primeiros elementos, exige-se que nas circunstâncias tivesse o agente possibilidade de realizar conduta diversa. Causas de exclusão: Coação moral irresistível: Art. 22, 1ª parte do CP. - Requisitos: Coação moral. Atenção! A coação física pode interferir na conduta. Irresistível. Atenção! Se resistível pode gerar atenuante de pena. - Consequências: Só é punível o autor da coação. O coagido não é culpável, dele sendo inexigível conduta diversa. Ex: João diante de coação moral irresistível, obriga Antônio matar Maria. Antônio não é culpável, só João será punido (Art. 121 – autor mediato + Tortura art. 1º, I, “b” em concurso material). Obediência hierárquica: Art. 22, 2º parte do CP. Só é punível o autor da ordem. - Requisitos: Ordem de superior hierárquico: É a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado. Não abrange outro tipo de subordinação. Ordem não manifestamente ilegal: Deve ser entendida segundo as circunstâncias do fato e as condições de inteligência e cultura do subordinado. - Consequências: Só é punível o autor da ordem (autormediato). Culpabilidade: Revisão geral Elementos Causas de exclusão (dirimentes) - Imputabilidade (Rol taxativo) Anomalia psíquica Menoridade Embriaguez acidental e completa - Potencial Consciência da Ilicitude (Rol taxativo) Erro de Proibição inevitável - Exigibilidade de conduta diversa (Rol exemplificativo – admite-se causa supralegal) Coação moral irresistível Obediência Hierárquica Causa supralegal: Cláusula de Consciência – estará isento de pena aquele que, por motivo de consciência ou crença, praticar fato típico e ilícito, desde que não viole direitos fundamentais individuais. Desobediência Civil – tem como finalidade mudar o ordenamento, sendo mais inovador do que destruidor, fundada na proteção de direitos fundamentais e que o dano causado não seja relevante. Invasão de terras pelo MST. Punibilidade Não integra o crime. Direito que tem o Estado de punir e executar sanção imposta. Não é substrato do crime, mas sua consequência jurídica. Atenção! O direito de punir do Estado não é absoluto, ilimitado, incondicionado. Limite temporal (prescrição, que evita a eternização do poder punitivo estatal) Limite quanto ao modo (Princípio da Dignidade da Pessoa Humana) Limite espacial (Principio da Territorialidade). A punibilidade por ser extinta, por vários motivos (Art. 107 do CP): Rol exemplificativo. Causa Supralegais: Princípio da Insignificância: fato típico Consentimento do ofendido: Ilicitude Cláusula de consciência/Desobediência Civil: culpabilidade Súmula 554 do STF: punibilidade Prescrição - Conceito: É uma causa extintiva da punibilidade. Limite temporal ao direito de punir. O crime existe, mas não pode mais ser punido. É a perda em face do decurso do tempo do direito de o Estado punir (prescrição da pretensão punitiva) ou executar punição já imposta (prescrição da pretensão executória). Fundamentos: O tempo faz desaparecer o interesse social de punir. Hipóteses de imprescritibilidade: Os crimes ordinariamente prescrevem (prescrição = garantia do indivíduo contra o Estado). Temos, no entanto, dois crimes que não prescrevem: Art. 5º, XLII da CF e Art. 5º, XLIV da CF. Espécies de prescrição: Prescrição da pretensão punitiva: ocorre antes do trânsito em julgado da sentença. Extingue o direito de punir do Estado. Impede qualquer efeito penal ou extra penal de eventual condenação. Propriamente dita ou em abstrato: Art. 109 do CP. Regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. Tendo o Estado, a tarefa de buscar a punição do delinquente, deve anunciar quando essa punição já não mais interessa. Eis a finalidade do Art. 109 do CP. Sendo incerta a quantidade da pena, que será fixada pelo juiz na sentença, o prazo prescricional é resultado da combinação da pena máxima prevista abstratamente no tipo penal imputado ao agente e a escala do Art. 109 do CP. Na busca da pena máxima abstrata (norte do prazo prescricional), consideram-se: Causas de aumento e diminuição de pena. Atenção! Quando o aumento for variável, por exemplo, 1/3 até ½, deve-se considerar a maior fração; quando a diminuição for variável, considera-se a maior fração, por exemplo, 2/3 a 1/3. Não consideram concurso de crimes (Art. 119 do CP). Não consideram agravantes e atenuantes de pena. Consequências: Desaparece para o Estado o seu direito de unir, inviabilizando a análise do mérito (não é condenado nem absolvido). O inc. IV do Art. 397 do CP demonstra um erro técnico do legislador. A decisão que extingue a punibilidade não é condenatória ou absolutória, mas declaratória. Eventual sentença condenatória provisória é rescindida (não gera qualquer efeito). O acusado não será responsabilizado pelas custas processuais. Terá direito à restituição integral da fiança. Termo inicial: Art. 111 do CP. Do dia em que o crime se consumou. No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa (último ato executório). Nos crimes permanentes, no dia em que cessou a permanência. Nos crimes habituais, o STF aplica o mesmo raciocínio o do inc. III, do dia em que cessou a habitualidade. Nos crimes de bigamia e nos de falsificação ou alteração de registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. Foi incluído pela Lei 12.650 de 2012. Aos 18 anos em caso de violência sexual contra menores de idade. Abrange crimes contra a dignidade sexual previstos em leis especiais (Ex: CPM). Salvo se já proposta a ação penal. O prazo prescricional admite causas suspensivas (Art. 116 do CP) e interruptivas (Art. 117 do CP). Combinando o Art. 111 do CP com o 117, extraímos os períodos prescricionais. Períodos prescricionais: crime não da competência do júri. Termo inicial (Art. 111 do CP) vai até o recebimento da inicial (Art. 117, I - zera), vai até a publicação da sentença condenatória (zera) e vai até o trânsito em julgado. Períodos prescricionais: crimes da competência do júri. Termo inicial (Art. 111 do CP), recebimento da inicial (zera), vai até a publicação da pronúncia (Art. 117, II - zera) e vai até a confirmação da pronúncia (Art. 117, III - zera), vai até a publicação da sentença condenatória (zera) e termina com o trânsito em julgado. *Pergunta de concurso: E se o crime for desclassificado para não doloso contra a vida? Súm. 191 do STJ. - Problema: Furto Simples (Art. 155 do CP), pena de 1 a 4 anos. Prazo da prescrição da pretensão punitiva (combinar a pena máxima em abstrato com a tabela do Art. 109 do CP). 4 anos c/c Art. 109 = 8 anos. Furto simples tentado (Art. 155 c/c 14, II do CP) Prazo da prescrição da pretensão punitiva (combinar pena máxima com a tabela do Art. 109 do CP) diminui de 1/3 os 4 anos (2 anos e 9 meses) = 8 anos. Estelionato simples (Art. 171 do CP), pena de 1 a 5 anos. Prazo da prescrição da pretensão punitiva (combinar 5 anos com o Art. 109 = 12 anos). Estelionato tentado (Art. 171 c/c 14, II do CP). Prazo da prescrição da pretensão punitiva (5 anos com o Art. 109 = 8 anos). OBS 1: Sendo a prescrição matéria de ordem pública, pode ser declarada em qualquer momento, até mesmo de ofício (Art. 61 do CPP). Nos termos da Súm. 338 do STJ, ato infracional também prescreve. - Problema de concurso: Estupro cometido por ascendente da vítima (criança). O agente é reincidente. Pergunta-se, qual o prazo para o Estado investigar e receber a inicial? Termo inicial (Art. 111, V), recebimento da denúncia (estupro de vulnerável, pena de 8 a 15 anos, com aumento de ½ pelo fato de ser ascendente; a reincidência é uma agravante de pena não considerada na busca da pena máxima). Pena de 15 anos aumentada da metade (pena máxima de 22 anos, c/c o Art. 109 = 20 anos), publicação da condenação e trânsito em julgado. Homicídio culposo no trânsito com 4 vítimas (concurso formal): gera aumento de 1/6 até a ½. Art. 302 do CTB cuja pena é de 2 a 4 anos. Quanto tempo tem o Estado para investigar, receber a inicial e condenar definitivamente o motorista? Termo inicial (Art. 111, I), para os 4 homicídios (o Art. 119 proíbe considerar o concurso de crimes para fins de prescrição), então o prazo da prescrição será de 8 anos. Próxima aula: continuação Retroativa: Art. 110, §1º do CP Superveniente: Art. 110, 1ª do CP Virtual: Não tem previsão legal. É criação jurisprudencial. Prescrição a Pretensão Executória: pressupõe transito em julgado da sentença. Extingue o direito de executar punição imposta. Impede somente o cumprimento da pena (preservando os demais efeitos da condenação). Art. 110, caput, CP. Teoria Geral da Pena - Conceito: É espécie de sanção penal (ao lado da medida de segurança). Resposta estatal aio infrator da norma incriminadora (crime ou contravenção penal). Consistente na privação ou restrição de determinados bens jurídicos do agente. Atenção! A imposição da pena depende do devido processo legal (transação penal não é pena, é medida despenalizadora). - Fundamentos da pena: A doutrina reconhece 3 fundamentos dapena. Político-estatal: Sem a pena, o ordenamento jurídico deixaria de ser um ordenamento coativo (capaz de reagir com eficácia diante das infrações). Psicossocial: A pena satisfaz o anseio de justiça da comunidade. Ético-individual: Permite ao próprio delinquente liberar-se de algum sentimento de culpa. - Finalidades da pena: Escola Clássica (Carrara): a pena surge como forma de prevenção de novos crimes. Defesa da Sociedade. É uma necessidade ética, reequilíbrio do sistema. Escola Positiva (Lombroso): A pena funda-se na defesa social. Objetiva a prevenção de crimes. A pena deve ser indeterminada, adequando-se ao criminoso. Terza Scuola Italiana (Carnevale): Reúne conceitos clássicos e positivistas. Escola Penal Humanista (Lanza): A pena é forma de educar o culpado. Pena é educação. Escola Técnico-Jurídica (Manzini): A pena surge como meio de defesa contra a perigosidade do agente. Tem como objetivo de castigar o delinquente. Escola Moderna Alemã (Von Lizst): A pena é instrumento de ordem e segurança social. Função preventiva geral negativa. Escola Correcionalista (Röeder): Pena como correção da vontade do criminoso. Escola da Nova Defesa Social (Gramatica): A pena é uma reação da sociedade com o objetivo de proteção do cidadão. Em resumo, três são as principais finalidades da pena: Para os absolutistas, a pena tem como objetivo retribuir o mal causado. Para os utilitaristas, a pena atua como importante instrumento de prevenção. Para os ecléticos, a pena é retribuição mais prevenção. Art. 59 do CP Prevenção Geral Prevenção Especial - Visa à sociedade - Visa o delinquente Positiva Negativa Positiva Negativa - a pena demonstra a vigência da lei - Coação psicológica da coletividade - ressocialização do agente - inibir a reincidência - Finalidade da pena no Brasil: Para o STF, a pena é polifuncional. No momento da cominação da pena em abstrato: prevenção geral positiva + negativa No momento da aplicação da pena em concreto: retribuição + prevenção especial negativa E a prevenção geral? Cuidado! Na fase da sentença, não se tem a pretensão de fazer da decisão um exemplo para outros possíveis infratores, em nome da prevenção geral, sob pena de violação do Princípio da Individualização da sanção penal. No momento da execução da pena: Efetivar as disposições da sentença + prevenção especial positiva. Art. 1º da LEP. Justiça Restaurativa: Tem adquirido cada vez mais importância no cenário jurídico-penal a justiça restaurativa, baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da infração penal (autor, vítima e a comunidade). Quebra a dualidade da função da pena (retribuição e prevenção), incluindo a reparação como nova possibilidade. Justiça Retributiva Justiça Restaurativa - O crime é ato contra a sociedade, representada pelo Estado. - A responsabilidade do agente é individual. - O interesse na punição é público. - Predomina a indisponibilidade da ação penal. - O foco é punir o infrator - Predominam as penas privativas de liberdade. - Campo fértil para penas cruéis e desumanas - Percebe-se a pouca assistência à vítima. - Lei 8.072/90 - O crime é ato que afeta o autor, a vítima e a sociedade. - Propõe responsabilidade social pelo ocorrido (chama a sociedade para participar da solução para o crime). - O interesse maior é reparar o dano. - Predomina a disponibilidade da ação penal. - O foco é reparar o dano - Predomina a reparação do dano e as penas alternativas. - Quando necessárias, penas proporcionais e humanizadas. - O espírito é assistir a vítima. - Lei 9.099/95 - Princípios informadores da pena: Princípio da Legalidade: Reserva Legal + Anterioridade Princípio da Pessoalidade/Personalidade/Intransmissibilidade da pena: Art. 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. 1ªC: o princípio é relativo, admitindo exceção prevista na própria CF, qual seja, a pena de perda de bens (“confisco”). 2º corrente: o princípio é absoluto. A perda de bens, referida no inc. XLV do Art. 5º da CF não é pena, mas efeito da sentença. Princípio da Individualização da pena: Art. 5º, XLVI da CF. A individualização da resposta estatal ao autor de um fato punível deve ser observada: Na definição do crime e sua pena (pelo legislador) Na imposição da pena (pelo juiz) Na fase de execução da pena (Art. 5º da LEP). Zaffaroni lembra a existência de dois sistemas conhecidos: Sistema de penas relativamente indeterminadas (adotada no Brasil) Sistema de penas fixas - As penas são estabelecidas, fixando um mínimo e um máximo. Ex: 6 a 20 anos (existe margem para a consideração judicial). Possibilita a individualização da pena. - As penas são estabelecidas em patamar único. Ex: 6 anos. Não outorga ao juiz, faculdade individualizadora. Princípio da Proporcionalidade: Trata-se de princípio constitucional implícito, desdobramento da individualização da pena. Curiosidade: Foi durante o iluminismo, marcado pela obra “dos delitos e das penas” (Beccaria), que se despertou maior atenção para a proporcionalidade na resposta estatal. A pena deve ser proporcional a gravidade do fato, sem desconsiderar as condições do agente. - Dupla face do Princ. da Proporcionalidade: Evitar o excesso, impedir a hipertrofia da punição (Garantismo Negativo). A outra face é evitar a insuficiência da intervenção do Estado - imperativo de tutela (Garantismo Positivo). Princípio da Inderrogabilidade/Inevitabilidade da pena: A pena, desde que presentes os seus pressupostos, deve ser aplicada e fielmente cumprida. Atenção! Este princ. deve ser analisado em conjunto com o princ. da necessidade da pena. Tem casos em que o Estado não tem interesse em aplicá-la (perdão judicial) ou executá-la (“sursis”). Princípio da Bagatela Própria Princípio da Bagatela Imprópria - Os fatos já nascem irrelevantes para o Direito Penal. - Causa de atipicidade. Ex: subtração de uma caneta “bic”. - Embora relevante a infração praticada, a pena, diante do caso concreto, mostra-se desnecessária. - Falta de interesse de punir. Ex: perdão judicial no homicídio culposo. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Art. 5º, §§1º e 2º da CADH. A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana, vedando-se a reprimenda indigna, cruel, desumana e degradante. - Penas Proibidas no Brasil: Art. 5º, XLVII da CF. Pena de morte: A CF/88 admite exceção, qual seja, podendo ser aplicada por fuzilamento, por tribunais militares, em caso de guerra externa declarada, nas hipóteses definidas no CPM. OBS 1. Para Zaffaroni, a morte jamais pode ser rotulada como pena, faltando-lhe cumprir as finalidades da prevenção e ressocialização. Trata-se, na verdade, de fenômeno que escapa ao direito, hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa, diante do fracasso do direito. OBS 2. Para haver pena de morte no Brasil, é imprescindível guerra externa evidente e legalmente declarada, por ato presidencial, mediante autorização ou referendo do Congresso Nacional. OBS 3. Conflito armado, guerrilha urbana ou qualquer perturbação que não configure guerra nos termos constitucionalmente estabelecidos, não admitem a pena capital. OBS 4. Discute-se de é possível pena de morte na guerra preemptiva, isto é, guerra decidida diante de provas de uma ameaça iminente à soberania de um Estado. ***Apesar de a CF/88 admitir somente uma exceção á proibição da pena de morte, a doutrina lembra outras duas: Lei 7.565/86, Art. 303, §2º (Lei do Abate). Lei 9.605/98, Art. 24 (Lei dos Crimes Ambientais) Pena de caráter perpétuo: Art. 75 do CP. A pena não pode ser superior a 30 anos. CF/88 (proíbe pena e caráter perpétuo) X Estatuto de Roma (criou o Tribunal Penal Internacional, prevê pena de caráter perpétuo): Atenção! Deve ser lembrado que o Estatuto de Roma não admite ressalvas pelo país signatário. O conflito entre o Estatuto de Roma e a CF é apenas aparente. A Constituição Federal quando prevê a vedação dapena de caráter perpétuo está direcionando seu comando somente para o legislador interno brasileiro, não alcançando os legisladores estrangeiros ou internacionais. Proibição de pena de caráter perpétuo X Indeterminação do tempo máximo de medida de segurança: 1ºC: o prazo indeterminado da MS não viola a Constituição, pois esta sanção tem caráter curativo e não punitivo. 2ºC: o prazo indeterminado da MS viola a CF. Deve ter como prazo máximo o tempo de 30 anos (art. 75 do CP, aplicado por analogia). 3ºC: Concorda com a segunda, porém entende que o prazo máximo deve coincidir com a pena máxima em abstrato prevista para o crime. Pena de trabalho forçado: Proibição de tralho forçado X Trabalho penitenciário (dever – Art. 39 LEP e direito – Art. 41 LEP): O trabalho estabelecido na LEP, embora obrigatório, constitui dever do preso, mas possui finalidade educativa e produtiva, sendo ainda, remunerado. Pena de Banimento: É a expulsão do nacional do nosso território. Pena de natureza cruel. - Penas Permitidas no Brasil: Art. 5º, XLVI da CF. Rol exemplificativo. O legislador ordinário, anuncia 3 espécies de pena. Privativa de Liberdade: Restritiva de Direitos: aula específica Pecuniária: aula específica Reclusão Detenção Prisão simples Nota Reservada para crimes mais graves Reservada para crimes menos graves Reservada para contravenção penal Regime inicial de cumprimento de pena Fechado Semiaberto Aberto Semiaberto Aberto Semiaberto Aberto Efeitos extrapenais da condenação Pode gerar incapacidade para o exercício do poder familiar. Art. 92 do CP Não sofre esse efeito. Não sofre qualquer efeito extrapenal previsto no CP. Interceptação telefônica como meio de prova Admite Não admite. O STF admite quando conexo com crime punido com reclusão. Não admite - Penas não previstas no CP, mas que não violam a CF/88: Advertência: Lei 11.343/06, pena prevista para o usuário. Degredo: Designar durante algum tempo residência fixa para o condenado Desterro: proibição de habitar no local de sua residência ou residência da vítima. - Aplicação da pena: Não há pena sem prévia cominação legal; praticada a infração, nasce para o Estado o poder/dever de aplicar a pena; para tanto exige-se o Devido Processo Legal. O processo se encerra com a sentença, ato judicial que impõe ao condenado pena individualizada. Fixação da pena privativa de liberdade: Art. 68 do CP. Sistema Trifásico (Nelson Hungria). Pena simples/Pena qualificada: 1ª FASE: Fixação da pena base – Circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP 2º FASE: Fixação da pena intermediária ou provisória – Agravantes e Atenuantes. Arts. 61, 62, 65 e 66 do CP. 3ª FASE: Fixação da pena definitiva – Causas de aumento e diminuição de pena. OBS: A qualificadora não entra no Sistema Trifásico, é ponto de partida. - O método trifásico de cálculo da pena privativa de liberdade tem por objetivo viabilizar o exercício do direito de defesa, explicando para o réu os parâmetros que conduziram o juiz na determinação da reprimenda. Calculada a pena privativa de liberdade, o juiz, em seguida, deve anunciar o regime inicial de cumprimento da pena (4ª fase, segundo a doutrina). Depois de fixado o regime inicial, o magistrado deve analisar a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por penas alternativas, como multa, restritiva de direito e “sursis” (5º fase, segundo a doutrina). 1ª Fase: - Finalidade: Fixar a pena base. Art. 59, II do CP - Ponto de partida: Pena simples ou qualificada. - Instrumentos: Circunstâncias judiciais (Art. 59, CP). Adotando a CF um direito penal garantista, compatível unicamente com um direito penal do fato, temos doutrina criticando as circunstâncias judiciais subjetivas, campo fértil para um direito penal do autor. Esta tese não prevalece, devendo o juiz considera-las para obedecer ao Princípio da Individualização da Pena. Atenção! O CP não fixou quantum para as circunstâncias judiciais, ficando a critério do juiz, que deve sempre fundamentar a sua decisão. A jurisprudência sugere 1/6 e a doutrina 1/8. Cuidado! A pena base não pode extrapolar os limites mínimo e máximo previstos no preceito secundário. Art. 59, II. - Se houver concurso de circunstâncias judiciais desfavoráveis e favoráveis? Deve-se aplicar, por analogia, o Art. 67 do CP, desde que favoreça o réu. Ex: homicídio qualificado (pena de 12 a 30 anos). Não há circunstâncias judiciais relevantes. Pena base, 12 anos. Só há circunstâncias judiciais favoráveis. Pena base, 12 anos. Há circunstância judicial desfavorável (portador de maus antecedentes). Pena base 12 anos + 1/6. Concurso de circunstâncias favoráveis e desfavoráveis. Art. 67 do CP, por analogia, desde que favoreça o réu. - Circunstâncias judiciais: Culpabilidade: não se confunde com a culpabilidade, terceiro substrato do crime. Maior ou menor grau de reprovabilidade da conduta do agente (posição do STJ). Antecedentes do agente: Representa a vida pregressa do agente. Fatos posteriores ao crime não são considerados nesta etapa. O que configura maus antecedentes? Inquérito policial arquivado ou em andamento: não caracteriza maus antecedentes. Princípio da Presunção de Inocência ou não culpa. Ação penal: com absolvição ou em curso também não caracteriza maus antecedentes. Princ. da Presunção de Inocência ou não culpa. Atos infracionais: não caracteriza maus antecedentes, mas podem ser considerados quanto da analise da personalidade do agente. Então, o que configura maus antecedentes? Somente as condenações definitivas que não caracterizam agravante nem atenuante da reincidência. Condenação definitiva por furto – cumprimento da pena + 5 anos = não pode gerar reincidência, mas pode caracterizar maus antecedentes. De acordo com a maioria, não existe limite temporal para condenação passada servir como maus antecedentes de crime futuro. Bittencourt discorda, lecionando ser possível aplicar o Art. 64, I, do CP, por analogia. 2ª Fase: - Finalidade: Pena intermediária/provisória. - Ponto de partida: Pena base. - Instrumentos: Agravantes (Art. 61 e 62 do CP) e atenuantes (Art. 65 e 66 do CP). As agravantes e atenuantes podem ser definidas como circunstâncias objetivas ou subjetivas que não integram a estrutura do tipo penal, mas se vinculam ao crime, devendo ser considerados pelo juiz no momento de aplicação da pena. Atenção: Legislação Extravagante pode criar outras agravantes e atenuantes. Cuidado! O legislador não estipulou quantum para agravantes e atenuantes, ficando a critério do juiz, que deve sempre fundamentar sua decisão. Deve também respeitar os limites mínimo e máximo no preceito sancionador. - Agravantes: a pena deve dirigir-se no sentido da pena máxima. - Atenuantes: pena intermediária deve dirigir-se no sentido da pena mínima - Ausentes agravantes e atenuantes: a pena intermediária confirma a pena base. - Concurso de agravantes e atenuantes: aplica-se o Art. 67 do CP. A jurisprudência estabeleceu uma ordem de preponderância. 1ª: atenuante da menoridade (18 a 21 anos) ou da senilidade (maior de 70 anos). 2ª: agravante da reincidência. 3ª: atenuante ou agravante subjetiva (ligada ao agente). 4ª: atenuante ou agravante objetiva (ligada ao fato). A compensação pode ocorrer se estiverem no mesmo patamar. - Agravantes: Art. 61 e 62 do CP, rol taxativo. As agravantes sempre agravam a pena? Em regra, sim, mas tem exceções: Quando constituem ou qualificam o crime, não são consideradas pelo juiz, para evitar a dupla valoração em prejuízo do réu (“bis in idem”). Quando a pena base foi fixada no máximo (nesta etapa do cálculo da pena, o juiz também está atrelado aos limites máximo e mínimo). Atenção! Esse limite não tem previsão legal, é criação da jurisprudência. Quando a atenuante for preponderante (Art. 67). Ex: Art. 61 do CP agrava a pena do crime quando cometido contra mulher grávida. Não se aplica esta agravante no crime de aborto, pois o fato constitui elementardo crime de aborto. As agravantes incidem em todos os crimes? Em regra, só incidem em crimes dolosos. A doutrina lembra uma exceção: a agravante da reincidência é cabível também nos crimes culposos. Atenção: Apesar de minoritária, temos decisão no STF admitindo, além da reincidência, outras agravantes incidindo no crime culposo, como por exemplo, o motivo torpe (ganância). STF HC 70362/RJ Agravante não articulada na denúncia, pode ser reconhecida? Art. 385 CPP. - Agravante de Pena: Art. 63 do CP. Pressupostos da reincidência: Trânsito em julgado de sentença condenatória por crime anterior. Cometimento de novo crime. Atenção! O Art. 63 do CP deve ser complementado pelo Art. 7º da Lei das Contravenções Penais. Sentença Penal Condenatória Definitiva Nova Infração Penal Consequência Crime cometido no Brasil ou no estrangeiro. Crime Reincidente – Art. 63 do CP Crime cometido no Brasil ou no estrangeiro. Contravenção penal Reincidência – Art. 7º da LCP Contravenção penal praticada no Brasil Contravenção penal Reincidência – Art. 7ª da LCP Contravenção penal praticada no Brasil Crime Maus antecedentes Contravenção penal praticada no estrangeiro Contravenção penal Maus antecedentes OBS: Nos termos do Art. 9º do CP, não há necessidade de homologação pelo STJ, da sentença condenatória estrangeira para caracterizar reincidência. OBS: Se o crime praticado no estrangeiro é fato atípico no Brasil, não gera reincidência. *Pergunta de Concurso: A espécie de pena imposta para o crime antecedente interfere na reincidência? Se a condenação foi privativa de liberdade, caracteriza reincidência, a restritiva de direitos também caracteriza reincidência, e a pena de multa também é apta para gerar reincidência. A pena de multa, apesar de caracterizar reincidência, não impede a concessão do benefício do “sursis”. *Pergunta de concurso: Extinção da punibilidade do crime anterior gera reincidência? Depende do momento da extinção da punibilidade (se antes ou depois da sentença condenatória definitiva). Antes da condenação definitiva Depois da condenação definitiva Causa extintiva antes, não gera reincidência. Por exemplo: prescrição da pretensão punitiva. Pois impede seu primeiro pressuposto da reincidência, que é a condenação definitiva. Causa extintiva depois da condenação definitiva, gera reincidência. Por exemplo: prescrição da pretensão executória. Não apaga o primeiro pressuposto da reincidência. EXCETO: Anistia (não gera reincidência nem maus antecedentes), Abolitio Criminis e perdão judicial (Art. 120 do CP). O Brasil adotou o sistema da temporariedade da reincidência (art. 64, I do CP). Temos o período depurador da reincidência ( 5 anos), passado esse tempo gera maus antecedentes. OBS 1: Para caracterizar reincidência, o novo crime deve ser praticado depois do trânsito em julgado da condenação por crime anterior. Se praticado no dia do trânsito em julgado, não há reincidência. OBS 2: No prazo depurador da reincidência, computa-se o período de prova do “sursis” e do livramento condicional se não ocorrer revogação. - A natureza de determinados crimes impede a reincidência (Art. 64, II do CP). Crimes militares próprios: tipificados no CPM e que só podem ser praticados por militares. Ex: deserção. Crime anterior Crime posterior Reincidência Fundamento Militar próprio Crime comum Não gera Art. 64, II do CP Militar impróprio Crime comum Gera Art. 64, II do CP Militar próprio Militar próprio Gera Art. 71 do CP Crime político: Art. 2º da Lei 7.170/83. OBS: É uma circunstância subjetiva incomunicável. - Prova da reincidência: A reincidência deve ser comprovada através de certidão cartorária. Atenção! O STJ no HC 141705, flexibilizou esta exigência, admitindo como prova folha de antecedentes criminais. - Classificação doutrinária da reincidência: Real: ocorre quando o agente comete novo crime após ter efetivamente cumprido a totalidade da pena pelo crime anterior (e antes do prazo depurador de 5 anos). Ficta: o agente comete novo crime após ter sido condenado definitivamente, mas antes de ter cumprido a totalidade da pena do crime anterior. Genérica: ocorre quando os crimes praticados pelo agente são de espécies distintas. Específica: ocorre quando os crimes praticados pelo condenado são da mesma espécie. *Pergunta de Concurso: Condenação passada pode servir como maus antecedentes e ao mesmo tempo agravante da reincidência? Súm. 241 do STJ. O que não pode ocorrer é a aplicação do mesmo fato duas vezes, esta situação não caracteriza Bis in Idem. *Pergunta de concurso: O instituto da reincidência já não caracteriza “Bis in Idem”? LFG como, por exemplo, acredita que sim, no entanto não é o entendimento do STJ. De acordo com o STJ, a conduta do reincidente merece maior reprovabilidade. Não há se falar em dupla valoração do mesmo fato, preponderando o Princípio da Individualização da Pena (HC 213196). Atenção! A questão pende de julgamento no STF, tendo sido reconhecida a sua Repercussão geral no RE 591567/RS. - Atenuantes de pena: Art. 65 do CP. As atenuantes sempre atenuam a pena? 1ª - Em regra sim, mas temos exceções: quando a circunstância já constitui ou privilegia o crime (evitar dupla valoração). Trata-se de exceção sem previsão legal. Na agravante, esta exceção é pertinente, evitando a dupla valoração em prejuízo do réu. Em se tratando de atenuantes, não existe esse perigo (dupla valoração em prejuízo do réu). Logo, sem previsão legal, parece que a exceção criada pela doutrina viola a legalidade, configurando analogia in malam partem. 2ª – não incide a atenuante quando a pena base foi fixada no mínimo (Súm. 231 do STJ), pois a pena intermediária não pode ficar aquém do mínimo. Viola o Princípio da Isonomia, o da Individualização da pena e o da legalidade. Por imposição da Súm. 231 do STJ, no exemplo o juiz ficou impedido de individualizar a pena em relação a João, tratando réus diferentes de forma igual, tudo em nome de uma vedação criada pela doutrina, sem amparo legal. 3ª- não incide a atenuante quando a agravante for preponderante. OBS: diferentemente das agravantes, as atenuantes incidem em todos os crimes, dolosos, preterdolosos e culposos. Menoridade relativa: Art. 65, I, 1ª parte do CP. Ser o agente é menor de 21. Ser o agente menor de 21 anos da data dos fatos (conduta – ação ou omissão). Fundamento: o agente antes de completar o 21ª aniversário é imaturo, apresentando personalidade em desenvolvimento. Conclusão: mesmo com o advento do CC/02 a atenuante permanece (não se preocupa com a capacidade civil). Atenção para a Súm. 74 do STJ. Senilidade: Art. 65, I, 2ª parte do CP. ser o agente maior de 70 anos na data da sentença (prevalece que consiste na decisão condenatória de 1º grau, salvo de absolutória, hipóteses em que abrange o acórdão condenatório). Fundamento: alterações físicas e psicológicas que influi no ânimo do criminoso e também a menor capacidade que tem para suportar integralmente a pena. 1ª situação 2ª situação João com 69 anos é condenado. Recorre, mas o tribunal 2 anos depois confirma a condenação. Não incide a atenuante. João também com 69 anos é absolvido. MP recorre e o tribunal 2 anos depois condena João. Incide a atenuante. Atenção! A atenuante não alcança todos os idosos (apenas o maior de 70 anos). Segundo o Estatuto do Idoso, idoso é aquele com idade = ou maior de 60 anos. Confissão espontânea: Art. 65, III, “d” do CP. Fundamento: tranquiliza o espírito do julgador Requisitos: A confissão deve ser espontânea (livre de interferência subjetiva externa), não bastando ser voluntária. Deve ser perante a autoridade judiciária ou policial. A confissão policial retratada em juízo atenua a pena? Não atenua a pena, salvo se utilizada para embasar a conclusão condenatória (STF e STJ). *Pergunta de concurso: cabe atenuante quando a confissão é qualificada? Ocorre quandohá a confissão, mas agrega à sua confissão fato impeditivo de responsabilidade. Para o STJ não cabe a atenuante quando a confissão é parcial ou qualificada (Resp 999.783). Para o STF, não importa se confissão é parcial ou qualificada, cabe a atenuante (HC 99436). *Pergunta de concurso: É possível a compensação entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea? Apesar de haver corrente não admitindo a compensação, inclusive no STF, a 3ª seção do STJ, por maioria, decidiu que a confissão revela traço da personalidade do agente, indicando seu arrependimento e seu desejo de emenda, peso equivalente ao da reincidência, sendo possível a compensação. Circunstâncias atenuantes inominadas: Art. 66 do CP. Rol exemplificativo. Também podem ser pós-delitivas. É nesse ponto que a doutrina apresenta a coculpabilidade: parte da premissa de que a sociedade, muitas vezes, é desorganizada, discriminatória, excludente, marginalizadora, criando condições sociais que reduzem o âmbito de determinação e liberdade do agente, contribuindo, portanto, para o delito. Esta postura da sociedade deve atenuar a reprovação. Críticas: Parte da ideia de que a pobreza é a causa do delito; pode conduzir à redução de garantias quando se trata de processar o rico e continua ignorando a seletividade do poder punitivo. Hoje a doutrina tem preferido a doutrina da vulnerabilidade: quem conta com alta vulnerabilidade de sofrer a incidência do Direito Penal, e esse é o caso d quem não tem instrução, nem status, nem família etc, tem a sua reprovação reduzida. Quem desfruta de baixa vulnerabilidade deve ser mais severamente punido. 3ª Fase: - finalidade: fixar a pena definitiva. - instrumentos: causas de aumento de diminuição de pena. - ponto de partida: pena intermediária. OBS 1: o quantum das causas de aumento de diminuição, estão identificadas na lei (podendo ser em quantidade fixa ou variável). OBS 2: na terceira fase, o juiz na está atrelado aos limites mínimo e máximo previstos do preceito secundário. Ex: tentativa de homicídio. Atenção! Não podemos confundir causas de aumento e diminuição com agravantes e atenuantes. Também não podemos confundir causa de aumento com qualificadora. Agravantes/atenuantes (circunstâncias legais) Causas de aumento e diminuição de pena (majorantes e minorantes) - são consideradas na segunda fase da aplicação da pena - estão localizadas na parte geral ou legislação extravagante. - não há previsão legal do quantum de aumento ou diminuição. - o juiz está adstrito aos limites mínimo e máximo da pena em abstrato. - são consideradas na terceira fase - estão localizadas na parte geral, especial e legislação extravagante. - há previsão legal do quantum de aumento ou diminuição. - o juiz não está adstrito aos limites da pena em abstrato. Causas de aumento e diminuição Qualificadoras - Majora a pena do delito - Considerada na 3ª fase do cálculo da pena - qualifica o delito substituindo penas abstratamente cominadas. - Serve como ponto de partida para o cálculo da pena base. 3º Fase: Havendo uma só causa de aumento ou diminuição, o juiz com base no quantum previsto em lei deve aumentar ou diminuir a pena. É possível, aliás, muito comum, o concurso de causas de aumento e/ou diminuição. Concurso Homogêneo: duas causas de aumento ou duas causas de diminuição. Duas causas de aumento previstas na parte geral: o juiz, sem escolha, deve aplicar as duas. Deve observar o Princípio da Incidência Isolada (o segundo aumento recai sobre a pena precedente e não sobre a pena já aumentada). Ex: pena intermediária de 6 anos, causa de aumento de 1/3 e outra causa de aumento de ½. - 6 + 1/3 = 8 anos. - 6 + ½ = 9 anos. - 6 + 1/3 (2) + ½ (3) = 11 anos (6 + 2 + 3). Incidência isolada. Duas causas de aumento previstas na parte especial: Art. 68, §único do CP. Aqui, o juiz escolhe: a) aplica as duas (incidência isolada), ou b) aplica somente a que mais aumenta a pena. O juiz deve decidir com base nos fins da pena. Duas causas de aumento, uma prevista na parte geral e outra na parte especial: Não se aplica o Art. 68, §único do CP, que exige as duas na parte especial. Neste caso, o juiz deve aplicar as duas, observando a incidência isolada. Duas causas de diminuição previstas na parte geral: O juiz deve aplicar as duas. Nesse caso, deve observar a incidência cumulativa e não isolada. A segunda diminuição recai sobre a pena já diminuída. Ex: pena intermediária de 6 anos - 6 – ½ = 3 – ½ = 1 ano e 6 meses. Incidência Cumulativa (6 – 3 – 1,5) - 6 – ½ -1/2 = 0 Não pode aplicar a incidência isolada, pois pode resultar em pena “zero”. (6 – 3 – 3) Duas causas de diminuição na parte especial: Art. 68, §único. O juiz escolhe: a) aplicar as duas (incidência cumulativa) e b) aplicar a que mais diminua. Duas causas de diminuição, uma prevista na parte geral e outra na parte especial: Não se aplica o Art. 68, §único. O juiz deve aplicar as duas, lembrando que a incidência é cumulativa. Concurso heterogêneo: uma causa de aumento e uma de diminuição. O juiz deve aplicar as duas e a incidência é cumulativa. O juiz primeiro aumenta depois diminui. - Regime inicial de cumprimento de pena: Atenção! Depois de calculada a pena definitiva, o juiz deve anunciar o regime inicial de cumprimento, segundo o Art. 33 do CP. O juiz na fixação do regime inicial, deve observar: Espécie de pena: reclusão ou detenção Quantum da pena definitiva Condições especiais do condenado: reincidência Circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP. - Crime punido com reclusão: admite regime inicial fechado, aberto ou semiaberto. Fechado: quando a pena imposta na sentença for superior a 8 anos. Semiaberto: quando a pena for superior a 4 e menor que 8 anos, desde que o agente seja primário. Se for reincidente irá para o fechado. Aberto: quando a pena não suplantar 4 anos, desde que o agente não seja primário. Se reincidente, aplica-se a Súm. 269 do STJ (passa para o semiaberto se favoráveis as circunstâncias judiciais). Caso: roubo com emprego de arma, condenado primário. Pena 5 anos e 4 meses (regime inicial de cumprimento é o semiaberto, não podendo considerar a gravidade do crime para fins de fixação de regime inicial). Aplica-se a Súm. 718 do STF (o juiz não pode fugir da regra do Art. 33 do CP alegando a gravidade em abstrato). Se o juiz pretende fixar regime mais severo do que aquele estipulado no Art. 33 do CP, deve motivar, analisando a gravidade em concreto (Súm. 719 do STF). *Pergunta de Concurso: Se o juiz fixou a pena base no mínimo legal, pode com fundamento no Art. 59 do CP, determinar regime prisional mais severo do que o permitido pelo Art. 33 do CP? De acordo com a maioria, nada impede que o magistrado fixe a pena base no mínimo legal, impondo regime prisional mais grave do que aquele sugerido pelo Art. 33 do CP. O Art. 59 é critério orientador tanto da pena base quanto do regime inicial. É imprescindível, no entanto, fundamentação. Súm. 440 do STJ. A gravidade em concreto pode justificar regime mais severo. - Crime punido com detenção: admite regime semiaberto e aberto. Não admitir regime inicial fechado não significa que o cumprimento da pena não possa ocorrer no regime mais severo, sendo perfeitamente possível por meio da regressão. Semiaberto: quando a pena for superior a 4 anos. Aberto: quando a pena for inferior a 4 anos, desde que o agente seja primário. Se reincidente cumprirá no semiaberto. *Pergunta de Concurso: A detração influencia o magistrado na fixação do regime inicial do cumprimento da pena? Lei 12.736/12 antes: Não, tratando-se de instituto a ser considerado pelo juiz da execução. Depois da Lei: Sim, Art. 387, §2º do CPP. Alertamos que a detração, nessa fase, só é capaz de permitir regime prisional menos rigoroso se o tempo de prisão provisória coincidir com o requisito temporal de progressão, sem desconsiderar outros requisitos objetivos inerentes ao incidente. Caso: João e Antonio praticaram roubo majorado. João fugiu eAntonio ficou preso provisoriamente 30 dias. João e Antonio foram condenados a 8 anos e 10 dias de reclusão. João Antonio - 8 anos e 10 dias em regime fechado. Para passar do fechado para o semiaberto, terá de cumprir 1/6 de 8 anos e 10 dias (+ de 1 ano). - 8 anos e 10 dias – 30 dias = 7 anos 11 meses e 10 dias. Para conquistar o regime semiaberto cumpriu somente 30 dias de prisão provisória. O tempo de detração deve ser = ao tempo para progressão. Tempo apara progressão = 1/3 da pena – 30 dias. - Penas e medidas alternativas a prisão: Fixada a pena privativa de liberdade e determinado o regime inicial de cumprimento de pena, deve o juiz verificar a possibilidade de substituição da prisão por penas alternativas (restritivas de direito ou multa) ou modificar a sua execução (“sursis” e livramento condicional”). Restritiva de direito e multa “Sursis” e livramento condicional - Espécies de pena alternativa - Substitui a pena privativa de liberdade (de curta duração), restringindo direitos do condenado. - Espécies de medida alternativa - Manter a pena privativa de liberdade, mas modifica a sua execução mediante condições. Penas Restritivas de Direito: As restritivas de direito, espécies de pena alternativa, seguindo a tendência do direito penal moderno, buscam eliminar a pena privativa de liberdade de curta duração, por não atender às finalidades da sanção penal. CUIDADO! De acordo com a maioria, a sanção alternativa deve ser compreendida como direito público subjetivo do réu, leia-se, presentes as exigências legais, impõe-se a sua concessão. - Espécies: Reais – patrimônio Pessoais – pessoa - Prestação pecuniária: Art. 45, §1º do CP - Perda de bens e valores: Art. 45, §2º do CP - Prestação de serviços à comunidade (Art. 46) - Limitação de fim de semana (Art. 48) - Interdição temporária de direitos (Art. 47) Atenção! Nada impede que leis extravagantes criem penas restritivas especiais. Ex: Estatuto do Torcedor, Art. 41-B, §2º, Lei de Drogas, e de Crimes Ambientais. - Características: Art. 44 do CP. Autonomia: As penas restritivas de direitos não podem ser cumuladas com privativa de liberdade. Exceções: leis que cumulam privativa de liberdade com restritiva de direitos. CDC, Art. 78, CTB. Substitutividade: O juiz primeiro fixa a pena privativa de liberdade, anunciando em seguida, seu regime inicial de cumprimento, depois, na mesma sentença substitui a privativa de liberdade e restritiva de direitos. Exceção: pena restritiva não substitutiva. Ex: Lei de Drogas, para o usuário, Art. 28. - Prazo das penas restritivas de direitos: Art. 55, CP, em regra, terão a mesma duração da privativa substituída. Exceções: casos em que a restritiva tem duração diferente da privativa substituída. 1º: restritivas de natureza real. 2º: prestação de serviços à comunidade (Art. 46, §4º do CP).3º Estatuto do torcedor (Art. 41-B, §2º). - Requisitos: Substituição da pena nos crimes dolosos: Pena aplicada não superior a 4 anos. Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. Não ser o condenado reincidente em crime doloso. Art. 44, §3º do CP (admite a substituição desde que seja socialmente recomendável e que a reincidência não seja específica). Circunstâncias judiciais indicam a suficiência da substituição. Princípio da Suficiência da Pena Alternativa. Substituição da pena nos crimes culposos: A substituição é possível qualquer que seja a pena e tipo de crime. *Pergunta de Concurso: O autor de crime preterdoloso deve preencher os requisitos do doloso ou do culposo? Prevalece que ele terá que cumprir os requisitos do crime culposo. =O Cabe pena restritiva de direitos nos delitos de lesão corporal leve, ameaça e constrangimento ilegal? São todos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça. Cuidado! São infrações de menor potencial ofensivo (Lei 9.099/95 manda o juiz preferir penas alternativas). Conclusão: por meio de interpretação sistemática, admite-se a substituição. Esse raciocínio não se aplica quando se está diante de violência contra a mulher no ambiente doméstico e familiar, pois a Lei Maria da Penha, em seu Art. 41, proíbe a aplicação da Lei 9.099/95. Cabe pena restritiva de direitos nos delitos militares? O CPM não prevê penas restritivas de direito, Trata-se de omissão intencional e, portanto, não pode ser suprida por analogia. STF H 91.155/SP. - Penas restritivas de direito: Regras de substituição. Art. 44, §2 do CP. Condenação Pena Alternativa - não superior a 1 ano - multa ou 1 pena restritiva de direitos (de acordo com as finalidades da pena). - superior a 1 ano - multa + 1 restritiva de direito ou 2 restritivas de direito (de acordo com os fins da pena). Privativa de liberdade sendo substituída por privativa de direitos: substituição Restritiva de direito voltar a ser privativa de liberdade: conversão Conversão: Hipóteses de conversão: Art. 44, §§4º e 5º. Art. 44, §4º - Descumprimento injustificado (o reeducando deve ser ouvido – ampla defesa) da restrição imposta. Para LFG, o saldo mínimo de 30 dias caracteriza indisfarçável Bis in Idem, obrigando o executado a cumprir duas vezes parcela da pena (não é o que prevalece). Trata-se de uma limitação da detração. Art. 44, §5º - Condenação a pena privativa de liberdade por outro crime. O juiz da execução deve analisar: 1º: se as penas privativas de liberdade e restritiva de direitos são ou não compatíveis. 2º se compatíveis não geram conversão, o reeducando irá cumprir das duas. 3º: se não compatíveis, o juiz determina a conversão, somando-as. Nota-se que o §5º (diferentemente do § anterior), não previu a detração. A omissão do legislador, no entanto, não tem fundamento. Cuida-se de omissão involuntária, sendo possível analogia in bonam partem. Art. 181 da LEP: anuncia outras hipóteses de conversão. ***Pergunta de concurso: É possível a conversão da pena restritiva de direito (prestação pecuniária/perda de bens e valores) em privativa de liberdade? Apesar de haver jurisprudência (minoritária) em sentido contrário, prevalece ser possível a conversão das restritivas de direito de natureza real em privativa de liberdade. Não ocorre o mesmo tratamento da multa. - Pena de multa: Espécie de pena alternativa à prisão. Cominada no preceito secundário, do tipo incriminador, ou substitutiva da prisão (Art. 44 do CP), a pena de multa é espécie de sanção penal patrimonial, consistente na obrigação imposta ao sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em dinheiro. Aplicação da pena de multa: O CP adota o sistema de dias-multa, baseado principalmente na capacidade econômica do sentenciado. Legislação extravagante pode prever outro sistema (Lei 8.666/93 – percentuais encima da vantagem conferida pelo agente). 1ª momento: o juiz deve fixar a quantidade de dias multa (Art. 49, CP). Mínimo de 10 e máximo de 360 dias-multa. 1ºC – o juiz deve fixar a quantidade de dias-multa com base no critério trifásico (Art. 68 do CP). 2ºC – deve-se analisar a capacidade financeira do sentenciado. 3ºC – Varia de acordo com as circunstâncias judiciais (Art. 59 do CP). Não existe uma corrente que prevalece, mas no dia-a-dia prevalece a 1º corrente. 2º momento: depois de calculada a quantidade de dias multa, o magistrado decide o valor de cada dia-multa, devendo atender a situação econômica do réu. Art. 60 do CP. O valor do dia-multa varia de 1/30 do salário mínimo até 5X o salário, podendo ser triplicado. Cálculo da multa Etapas Mínimo Máximo Quantidade de dias-multa 10 360 Valor do dia-multa 1/30 do salário 5 salários Ex: 10 X 1/30 = 1/3 do salário mínimo (se o sentenciado for extremamente pobre). Multa de valor irrisório deve ser executada? 1ºC – a multa irrisória não deve ser executada, já que o poder público arcará em sua cobrança, valor superior ao que será arrecadado, e o condenado sequer suportará o caráter retributivo da pena. 2ºC – a cobrança em juízo é obrigatória,não importando o seu valor, pena de multa é pena, incidindo sobre ela os princípios a imperatividade e inderrogabilidade. - Pagamento voluntário da multa: Art. 50 do CP. O art. 50 autoriza o parcelamento. - Não pagamento da multa: dá ensejo à execução forçada. Antes da Lei 9.268/96 Depois da Lei 9.268/96 - O Art. 51 do CP autorizava a conversão da pena de multa em conversão em liberdade. - O Art. 51 do CP determina que a multa não paga será considerada dívida ativa aplicando-se-lhe a Lei de Execução Fiscal. Com o advento da Lei 9.268/96, discute-se legitimidade e competência para a execução da multa. 1ºC – a competência para a execução da pena de multa continua sendo o juiz das execuções criminais, sendo o MP parte legítima. 2ºC – a competência é do juiz das execuções, sendo o MP parte legítima, mas deve seguir o rito previsto na Lei de Execuções Fiscais. 3ºC – a competência é da vara da fazenda pública, figurando como legitimada a Procuradoria da Fazenda, seguindo o rito próprio das execuções fiscais (STJ). Cuidado! Na Lei 9.099/95 a multa aplicada no juizado especial criminal, por força do Art. 98, I da CF, será da competência do juizado a sua execução. Prescrição: Causas suspensivas/interruptivas Prazo - Lei de Execução Fiscal - causa suspensiva: Art. 40 da Lei 6.830/80 - causa interruptiva: Art. 174, I do CTN - CP, Art. 114 Súm. 171 do STJ: se o crime “x” está no CP, pode; mas se estiver na legislação extravagante não pode. Atenção! O Art. 17 da Lei Maria da Penha criou mais uma vedação. Pena de multa não se confunde com a restritiva prestação pecuniária: Prestação pecuniária Multa - espécies de pena alternativa - destinada à vítima e seus dependentes ou entidade pública ou privada com destinação social. - consiste no pagamento de 1 até 360 salários mínimos - o valor pago pode ser deduzido de eventual condenação cível (coincidentes os beneficiários). - seu descumprimento gera conversão em privativa de liberdade. - espécies de pena alternativa - destinada ao fundo penitenciário - consiste no pagamento de 10 até 360 dias multas, sendo que 1 dia-multa varia de 1/30 até 5 salários mínimos, podendo ser triplicada. - não pode ser deduzida de eventual condenação cível. - o descumprimento não gera conversão. Deve ser executada como dívida de valor. - Suspensão condicional da execução da pena: “Sursis” Art. 77 ao 82 do CP e Art. 156 ao 163 da LEP. Instituto de política criminal que suspende, por um certo tempo (período de prova), a execução da pena privativa de liberdade, ficando o sentenciado em liberdade sob determinadas condições. Cuidado! Trata-se de direito público subjetivo do apenado (STJ). Sistemas: Sistema Franco-Belga Anglo-Americano Probation of first offenders acts - o réu é processado - é reconhecida a sua culpa - existe condenação - suspende-se a execução da pena. - Foi adotado pelo Brasil para disciplinar o Sursis. - o réu é processado - é reconhecido culpado - suspende-se o processo evitando a imposição da pena. - não tem previsão legal no Brasil - o réu é processado - suspende-se o processo sem reconhecimento de culpa - foi adotado na Lei 9.099/95 para disciplinar a suspensão condicional do processo. Espécies: as várias espécies de sursis nascem da combinação dos seguintes artigos: 77, 77, §2º e 78 do CP. Sursis simples Sursis especial - Art. 77 c/c Art. 78, §1º - pena imposta não superior a dois anos - período de prova de 2 a 4 anos - não repara o dano sem comprova a impossibilidade de fazê-lo. - 1º ano: prestação de serviços a comunidade ou limitação de final de semana - Requisitos: Condenado não reincidente em crime doloso Circunstâncias judiciais favoráveis Não indicada ou cabível restritiva de direitos - É um benefício subsidiário - Art. 77 c/c Art. 78, §2º - pena imposta não superior a dois anos - período de prova a 4 anos - reparação do dano ou comprovada impossibilidade - 1º ano: proibição de frequentar determinados lugares e se ausentar da comarca e comparecimento mensal. - Requisitos: Condenado não reincidente em crime doloso Circunstâncias judiciais favoráveis Não indicada ou cabível restritiva de direitos - É um benefício subsidiário Sursis etário Sursis humanitário - Art. 77, §2º, 1º parte - pena imposta não superior a 4 anos - período de prova: 4 a 6 anos - condenado maior de 70 anos, não importando a sua saúde. - Requisitos: Condenado não reincidente em crime doloso Circunstâncias judiciais favoráveis Não indicada ou cabível restritiva de direitos - Art. 77, §2º, 2º parte - pena imposta não superior a 4 anos - período de prova: 4 a 6 anos - razões de saúde justificam, não importando a idade do agente. - Requisitos: Condenado não reincidente em crime doloso Circunstâncias judiciais favoráveis Não indicada ou cabível restritiva de direitos Cuidado! Reincidente em crime doloso não tem direito ao benefício do sursis. Mas se foi condenado a pena de multa, apesar de gerar reincidência não impede a concessão do benefício. Art. 77, §1º CP. Causas de revogação: Art. 81. Obrigatórias: Condenação em sentença irrecorrível por crime doloso: Não importa a infração penal voluntária praticada. Pode ter sido praticada antes ou depois do período de prova. De acordo com a maioria trata-se de causa de revogação automática. Atenção! De acordo com Rogério Greco, apesar do silêncio da lei, se o reeducando for condenado a uma pena de multa não terá o condão de obrigar a revogação. 1ª parte: O não pagamento da multa: esta causa foi tacitamente abolida pela lei 9.268/96 que não mais permite a conversão da multa em privativa de liberdade. 2º parte: Não reparação sem justo motivo do dano causado pelo delito: se a reparação do dano ocorre antes da sentença, merece o sursis especial. Se a reparação do dano ocorre depois da sentença, é condição obrigatória para as demais espécies. Descumprimento injustificado das condições do Art. 78, §1º (prestação e serviços a comunidade e limitação de fim de semana): Facultativas: Art. 81, §1 do CP Descumprimento injustificado de qualquer outra restrição imposta (Art. 78, §2º e 79). Condenação definitiva por crime culposo ou contravenção a pena diversa da multa. Condenação Consequência - crime doloso + privativa de liberdade ou restritiva de direito - revogação obrigatória - crime doloso + multa - para Rogério Greco, não é caso de revogação obrigatória. - crime culposo + privativa de liberdade ou restritiva de direitos - revogação facultativa - crime culposo + multa - não é caso de revogação - contravenção penal + privativa de liberdade ou restritiva de direitos - revogação facultativa - contravenção penal + multa - não é caso de revogação Atenção! Não podemos confundir revogação com cassação do sursis. Revogação obrigatória – Art. 81, I, II e III do CP Revogação facultativa – Art. 81, §1º do CP Cassação Pressupõe início do período de prova Pressupõe início do período de prova - Não comparecimento na audiência admonitória - Provimento de recurso contra concessão do benefício - condenado recursa as condições Impede o início do período de prova. Prorrogação: Art. 81, §2º do CP. Trata-se de prorrogação automática A simples instauração de inquérito policial não acarreta a prorrogação do período de prova A prorrogação é possível em se tratando de processo que apura crime ou contravenção. Extinção: Art. 82 do CP. Considera-se extinta a pena privativa de liberdade. *Pergunta de Concurso: É possível sursis incondicionado? Todas as espécies de sursis obrigam ao comprimento de condições no primeiro ano do benefício. E se o magistrado não impõe condição? A parte interessada deverá opor Embargos e Declaração. E se o juiz da condenação não suprir a omissão? Pode o juiz da execução supri-la? Prevalece no STJ que se o juiz da condenação não suprira omissão, nada impede que, provocado ou de ofício, o juiz da execução especifique as condições. Aí, não se pode falar em ofensa à coisa julgada. É possível sursis sucessivos ou simultâneos? É possível sursis sucessivo, o que ocorre quando o sujeito, depois de cumprir o benefício, é condenado por outro delito culposo ou contravenção. Como não é reincidente em crime doloso, pode ser beneficiado novamente com o sursis. É possível sursis simultâneos, suponhamos que o réu, durante o período de prova, é condenado por crime culposo. Pode obter novo sursis mantendo-se o primeiro, pois a revogação é facultativa. - Concurso de Crimes: Dá-se o concurso de crimes quando o agente, com uma ou várias condutas realiza pluralidade de crimes. Pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie (comissivos/omissivos; dolosos/culposos; consumados/tentados; simples/qualificados; delitos/contravenções). Art. 69, 70 e 71 do CP (concurso material, formal e continuidade delitiva). Concurso Material ou Real de crimes: Art. 69 do CP. Requisitos: Pluralidade de condutas Pluralidade de crimes Espécies: Homogêneo: pluralidade de crimes da mesma espécie Heterogêneo: crimes de espécies distintas Regras de fixação da pena: Sistema do cúmulo material: O juiz primeiro individualiza as penas de cada um dos crimes, somando todas ao final. Pode haver a combinação de privativa de liberdade e restritiva de direitos. Sim, desde que a pena privativa de liberdade para o crime “x” fique suspensa. Art. 69, §1º do CP. E o concurso de restritivas de direitos? Como executar? Art. 69, §2º, cumprirá simultaneamente e sucessivamente as demais. - Concurso Formal ou Ideal de Crimes: Art. 70 do CP. A regra do concurso formal foi criada com o fim de beneficiar o réu. Requisitos: Unidade de conduta (pluralidade de atos) Pluralidade de crimes Ex 1: “A”, conduzindo seu automóvel, com manifesta negligência (em sentido amplo), perde o controle de direção e atropela “B” e “C”, causando a morte dos pedestres. “A” responde por homicídio culposo em concurso formal (Art. 302, CTB c/c 70 CP). Ex 2: “A” entra no coletivo, e mediante grave ameaça subtrai os pertences pessoais dos passageiros. No STF prevalece que “A” praticou roubo em concurso formal, conduta única desdobrada em vários atos. Art. 157 c/c 70 CP Espécies de Concurso formal: as espécies se combinam Homogêneo: os crimes decorrentes da conduta única são da mesma espécie. Os dois exemplos tratam desta mesma espécie. Heterogêneo: os crimes são de espécies distintas. Próprio/Perfeito/Normal: o agente apesar dois ou mais resoltados, não tem intenção independente em relação a cada crime, não há desígnios autônomos. Impróprio/Imperfeito/Anormal: o agente age com desígnios autônomos em relação a cada um dos crimes. Só tem cabimento dos crimes dolosos. Regras de aplicação da pena no concurso formal próprio: O juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os vários crimes praticados pelo agente. Em seguida majora a pena em um quantum anunciado em lei. Sistema da Exasperação. Ex 1: Art. 302 c.c 70 CP: trabalha o critério trifásico, aplicando o concurso na terceira fase (aumentando a pena de 1/6 até ½). Quanto maior o número de infrações, maior deve ser aumentada. Aplica-se uma pena do 302 do CTB Cuidado! É possível que no concurso formal heterogêneo, a soma das penas seja mais benéfica para o réu. Aplica-se nesses casos, o Art. 70, §único do CP (Sistema do Cúmulo Material Benéfico). Ex: “A” atira para matar “B”. Depois do disparo não apenas mata “B”, como também culposamente fere “C”. “A” responderá pelo homicídio de “B” (art. 121, CP) e lesão culposa de “C” (Art. 129, §6º, CP). - Exasperação: pena de 6 a 20 anos aumentada de 1/6 até ½ = 7 anos - Cúmulo Material: 6 anos + 2 meses = 6 anos e 2 meses Regra de fixação da pena em concurso formal impróprio: o agente atua com desígnios autônomos. Aplica-se o Sistema do Cúmulo Material: o juiz individualiza e soma as penas dos vários crimes praticados pelo agente. - Continuidade Delitiva ou Crime Continuado: Art. 71 do CP. Zaffaroni rotula esta espécie de concurso como: concurso material ou falso crime continuado. Sob o aspecto objetivo, concurso material é igual à continuidade delitiva. O instituto do crime continuado está baseado em razões de política criminal. O juiz, ao invés de aplicar as penas correspondentes aos vários delitos praticados em continuidade, por ficção jurídica, para fins da pena, considera como se um só crime foi praticado pelo agente, majorando a sua pena. Art. 71, caput, CP - Crime continuado genérico ou comum: Requisitos: Pluralidade de condutas Pluralidade de crimes da mesma espécie (são crimes previstos no mesmo tipo, protegendo igual bem jurídico). É a posição do STF. Não é existe continuidade delitiva entre roubo e extorsão. Também não se admite continuidade delitiva entre roubo e latrocínio (patrimônio e vida). E entre apropriação indébita previdenciária e sonegação previdenciária? O STJ em decisão inédita acaba de admitir. Resp 1212911 Elo de continuidade: nas mesmas condições de tempo (jurisprudência anuncia um espaço temporal de 30 dias – fonte formal imediata). Nas mesmas condições de lugar (mesma comarca ou comarcas vizinhas) e modo de execução e outras circunstâncias semelhantes. Demanda homogeneidade subjetiva? Os vários crimes têm que resultar de plano previamente elaborado pelo agente? 1ªC – para caracterizar o crime continuado, deve existir um dolo unitário ou global que torne coesas todas as infrações cometidas, executando-se um plano preconcebido. 2ºC - a unidade de desígnios (dolo único) não é requisito do crime continuado. LFG. Regras de fixação da pena: adotou-se o sistema da exasperação. Art. 71, §único, CP - Crime continuado específico: A sua redação é resultado da reforma do CP em 1984. Requisitos: Pluralidade de condutas Pluralidade de crimes da mesma espécie Elo de continuidade Crimes dolosos Contra vítimas diferentes Cometidos com violência ou grave ameaça Súm. 605 do STF: “Não admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida”. Está superada, mas o CESPE ainda trabalha com ela. Regra de fixação da pena: Sistema da exasperação: aumenta a pena de 1/6 até o triplo, devendo se considerar o concurso material benéfico. Súm. 711 do STF: admite-se no mesmo contexto fático crime continuado e concurso formal? 1ªC – para LFG deve-se desprezar o concurso formal, aplicando-se somente a continuidade delitiva, evitando-se bis in idem. 2ªC - para o STF os dois concursos devem ser aplicados não havendo bis in idem. - Concurso de Crimes X Prescrição: Art. 119 do CP. A prescrição incidirá em cada crime isoladamente. - Concurso de Crimes X Suspensão Condicional do processo: Súm. 723 do STF. Medidas de Segurança - Conceito: É mais um instrumento (ao lado da pena) utilizado pelo Estado na resposta à violação da norma pena, pressupondo, no entanto, agente não imputável (inimputável ou semi imputável). Pena Medida de Segurança - Espécie de sanção penal - Polifuncional: preventiva, retributiva e reeducativa. - Volta-se ao passado, ou seja, preocupa-se com o fato concreto cometido pelo agente. - Trabalha com a culpabilidade do agente - Espécie de sanção penal - Tem finalidade essencialmente preventiva. Não se pode negar seu caráter aflitivo ainda que em menor grau. - Volta-se ao futuro, ou seja, preocupa-se com o fato abstrato que o agente poderá cometer. - Trabalha com a periculosidade do agente. - Princípios informadores: Os princípios informadores da pena também se aplicam às Medidas de Segurança. Princípio da Legalidade: Apesar de existir corrente em sentido contrário (Assis Toledo), prevalece que a MS obedece a reserva legal + anterioridade. Essa corrente contrária se fundamenta no caráter curativo da MS Princípio da Proporcionalidade: A pena deve ser proporcional a gravidade do fato. Já a MS deve ser proporcional ao grau de periculosidade do agente.- Espécies: Art. 96 do CP. Detentiva: A MS detentiva é a internação em hospital de custódia, para crimes punidos com reclusão. Restritiva: É o tratamento ambulatorial para crimes punidos com detenção, quando a internação não é necessária. Atenção! Nota-se que o CP leva em consideração apenas a gravidade da infração (e não a periculosidade do agente). Ignora o Princípio da Proporcionalidade. Tem prevalecido o caráter excepcional da internação (Políticos Antimanicomiais). Nesse sentido, Art. 17 da Res. 113 do CNJ. - Pressupostos: Pratica de fato previsto como crime (abrange contravenção penal). No Brasil a MS é pós delitual. Pressupõe a pratica de fato previsto como crime, evitando a nova prática de fato delituoso. Periculosidade do agente: Sua maior ou menos inclinação para o crime. Pode-se ter o inimputável e o semi imputável. Inimputável Semi imputável - Art. 26, caput - Doença mental - Periculosidade presumida - Absolvição imprópria: absolvição + medida de segurança - Art. 26, §único - Perturbação mental - Periculosidade deve ser comprovada - Condenação: o juiz na imposição da sanção penal, escolhe: pena diminuída ou substituição da pena por medida de segurança (Sistema Vicariante ou Unitário). - Aplicação das Medidas de Segurança: Duração da MS: Art. 97, §1º do CP. Tem prazo mínimo que varia de 1 a 3 anos, porém por tempo indeterminado, até a cessação da periculosidade (segundo o CP). Hoje, nos Tribunais Superiores, prevalece a inconstitucionalidade da indeterminação do prazo máximo, violando a proibição da prisão perpétua. Uma primeira corrente sugere um prazo máximo de 30 anos (o mesmo previsto para as penas privativas de liberdade). STF HC 107432. Uma segunda corrente sugere que a MS não pode suplantar o limite máximo da pena cominada ao crime. STJ HC 174342 OBS: O prazo mínimo admite detração. Perícia médica: Art. 97, §2º, CP. Encerrado prazo mínimo, realiza-se a primeira perícia, se essa perícia não testar a cessação da periculosidade, realizar-se-á de ano em ano até cessar a periculosidade. Atenção! A expressão “ou a qualquer tempo se o determinar o juiz da execução” significa que a perícia pode ser antecipada, jamais adiada para após de 1 ano. Desinternação ou liberação condicional: Art. 97, §3º do CP. Averiguada a cessação da periculosidade, deve ser determinada a desinternação ou a liberação do agente. Ocorre à título de ensaio. Se durante 1 ano praticar fato indicativo (não precisa ser fato típico) persistência da periculosidade, a MS é restabelecida. A jurisprudência dos Tribunais Superiores têm admitido a desinternação progressiva, consistente na passagem da internação para o tratamento ambulatorial antes da definitiva liberação do agente. Reinternação do agente: Art. 97, §4º, CP. Para fins curativos, por isso não se confunde com regressão, pois tem finalidade punitiva. Ex: Superveniência de anomalia psíquica Data do fato Execução - imputável - pena - inimputável - medida de segurança - semi imputável - pena ou medida de segurança - imputável - inimputável - Art. 108 da LEP: Aplicável no caso de anomalia passageira. A MS imposta é reversível. O tempo de internação é computado como de cumprimento de pena. Deve-se observar a pena imposta, não podendo ultrapassar a pena imposta na sentença. - Art. 183 da LEP: Aplicável no caso de anomalia duradoura. A MS é irreversível (substituição da pena por medida de segurança). A internação não é computada como pena (nem há mais pena). Qual o tempo máximo de internação? 1ªC – tem duração indefinida. 2ªC – duração máxima de 30 anos. 3ºC – tem a mesma duração da pena substituída (STJ). 4ºC – está limitada pela pena máxima abstratamente prevista para o crime. Escoado o limite de cumprimento da MS, mas persistindo a periculosidade do agente, deve-se buscar, perante o juízo cível, a interdição do agente (figurando o MP como parte legítima), demonstrando-se a necessidade da internação extrapenal como forma de proteger o paciente ou a própria sociedade (Art. 1796 do CC e Art. 9º da Lei 10.216/01). Medida de Segurança Provisória – Lei. 12.403/11. Art. 319, VII do CPP - Efeitos da Condenação: Penal: Principal: execução forçada da sanção imposta. Secundário: reincidência, interrupção da prescrição, revogação do “sursis”. Extrapenal: não são automáticos, dependem de decisão fundamentada pelo magistrado. Genérico: Art. 91 do CP Específico: Art. 92 do CP. Perda do cargo ou função pública: Crimes cometidos com abuso de poder: Pena privativa = ou superior a 1 ano. Não abrange restritiva de direitos ou multa. Crimes comuns: Pena privativa superior a 4 anos. Não abrange restritiva de direitos ou multa. Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela: Crime doloso, punido com reclusão e cometido contra filho, tutelado ou curatelado. Inabilitação para dirigir veículo: Veículo utilizado como meio para a prática de crime doloso. Abrange qualquer veículo e não se confunde com aqueles efeitos do CTB. Crimes contra a vida Atenção: Art. 59 da Lei 6001/73. Causa de aumento de pena para o caso de vítima índio não integrado, a pena será agravada de 1/3. - Homicídio: Art. 121 do CP. É a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Nelson Hungria – “É o tipo central de crimes contra a vida e é o ponto culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência.” - Art. 121: caput (homicídio doloso simples), §1º (homicídio doloso privilegiado), §2º (homicídio doloso qualificado), §3º (homicídio culposo), §4º (majorantes de pena), §5º (perdão judicial) e §6º (majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei 12.720/12). E o homicídio preterdoloso? É sinônimo de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, §3º do CP). Lembrando que o homicídio preterdoloso não é da competência do júri. Atenção! Não há infração de menor potencial ofensivo neste artigo, porém o homicídio culposo admite suspensão condicional do processo. Homicídio doloso simples: Art. 121, caput. Atenção! Não confundir homicídio com genocídio (Lei 2.889/56). O crime de genocídio, tutela diversidade humana (não é um crime doloso contra a vida) e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não atraindo por si só, a competência do Tribunal do júri. Ocorre que, uma das formas de praticar genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência constitucional para o julgamento de crimes dolosos contra a vida é do júri. Assim, o STF, no RE 351487/PR decidiu que, havendo concurso formal entre genocídio e homicídio doloso, compete ao Tribunal do Júri da Justiça Federal o seu julgamento. Sujeito ativo: Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, não exigindo qualidade ou condição especial do agente. - Homicídio praticado por irmão xifópago: 1ºC – conflitando o interesse de punir do Estado com o direito de liberdade individual de Paulo, este é que tem que prevalecer, absolvendo-se João. 2ºC – João deve ser condenado. Entretanto em respeito ao Princípio da Pessoalidade da pena, João só será preso se Paulo, até a prescrição do homicídio, praticar algum crime sujeito à prisão. Sujeito passivo: Crime comum, qualquer pessoa pode ser vítima. Atenção! Magalhães Noronha aponta como vítima imediata do crime, pois o Estado tem interesse na conservação da vida humana, condição para a sua própria existência. Conduta: Matar alguém, tirar a vida de alguém (homicídio ou infanticídio). A vida aqui é a extrauterina, pois a intrauterina configuraria aborto. A distinção se dá no início do parto. Trata-se de crime de execução livre (ação, omissão, meios direitos ou indiretos). 1ªC – considera-se início do parto o completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas. 2ºC – inicia-se o parto desde as dores típicas do parto. 3ºC – considera-se início do parto com a dilatação do colo do útero. Voluntariedade: é punido a título de dolo direito ou eventual. Cuidado! Não exige finalidadeespecífica animando o agente (pode ser uma qualificadora ou um privilégio). - Embriaguez ao volante com resultado morte: O STF firmou jurisprudência no sentido de que o homicídio resultante de embriaguez ao volante caracteriza culpa consciente (se preordenada, obviamente, gera dolo). - “Racha” com resultado morte: O STF firmou jurisprudência de que o homicídio cometido na direção de veículo automotor em virtude de “pega” é doloso (eventual). - o agente que, sabendo ser portador do vírus HIV, oculta a doença da parceira e com ela mantém conjunção carnal. Pratica qual crime? Intenção era a transmissão da doença fatal Intenção não era transmitir a doença nem assumiu o risco, acreditando poder evitar, usando preservativos inclusive - tentativa de homicídio - se morreu até a sentença, adita-se para homicídio consumado. - dolo de perigo. Art. 131 do CP. Consumação: consuma-se com a morte da vítima (delito material). A morte se dá com a cessação da atividade encefálica (Lei 9.434/97). Tentativa: admitida, estamos diante de um delito plurissubsistente. Homicídio doloso privilegiado: Art. 121, §1º. É uma causa especial de diminuição de pena. 1º privilegiadora: “Matar impelido por motivo de relevante valor social”. O “valor social” diz respeito aos interesses de toda a coletividade. Ex: matar assassino perigoso que se mudou para a vizinhança colocando todos em risco 2º privilegiadora: “Matar impelido por motivo de relevante valor moral”. O “valor moral” diz respeito aos interesses particulares do agente (sentimento e compaixão, misericórdia e piedade). Ex: eutanásia Atenção! Não podemos confundir eutanásia, ortotanásia e distanásia. Eutanásia (antecipação da morte natural diante de uma doença incurável). Ortotanásia (termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural, sem interferência da ciência, suspendendo os meios medicamentosos ou artificiais de vida, permitindo ao paciente em coma irreversível morte digna). Distanásia (persistência terapêutica em paciente irrecuperável, associada à morte como sofrimento). Eutanásia é crime (Art. 121, §1º)! A ortotanásia (há duas correntes, uma dizendo que é crime e outra dizendo que não é, mas que devem ser observadas as exigências legais). 3º privilegiadora: homicídio emocional (Art. 121, §1º). Requisitos: Domínio de violenta emoção: a emoção não deve ser leve, passageira e momentânea. Trata-se de emoção violenta, intensa, absorvente. Não podemos confundir “mera influência” da emoção (leve, passageira e momentânea – Art. 65 CP) com “domínio” da emoção (violenta, intensa e absorvente – Art. 121, §1º). Reação imediata: reação sem intervalo temporal. A jurisprudência entende que enquanto perdurar o domínio da violenta emoção, qualquer reação será considerada imediata (caso concreto). Injusta provocação da vítima: não traduz necessariamente agressão, mas qualquer conduta desafiadora ainda que atípica. Ex: pai que mata o estuprador da filha/marido que surpreende a esposa traindo. - Comunicabilidade das previlegiadoras: todas as privilegiadoras têm natureza subjetiva. Art. 30 do CP. Se estivermos diante de circunstâncias subjetivas do crime, não se comunicam; se estivermos diante de elementares subjetivas, haverá comunicação. Circunstância (dado agregado ao tipo fundamental que altera a pena). Elementar (dado agregado ao tipo fundamental que altera o crime). Conclusão: Trata-se de circunstância subjetiva não comunicável. OBS: Presentes os requisitos, o juiz deverá reduzir a pena, desde que reconhecidos pelos jurados. Homicídio Qualificado: Art. 121, §2º. É hediondo não importando a qualificadora. Inc. I – “Mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe”. Motivo vil, ignóbil, abjeto, repugnante, quase sempre espelhando ganância. Ex: homicídio mercenário – mediante paga e promessa de recompensa (interpretação analógica para abranger outros casos, mas respeitando a pertinência). - Homicídio mercenário: é um crime de concurso necessário ou plurissubjetivo, pois obrigatoriamente tem um número plural de agentes (mandante e executor/sicário). 1ªC – a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age com torpeza. 2ºC – a qualificadora abrange executor e mandante, por ser elemento do tipo qualificado. *Pergunta de concurso: Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? Prevalece que deve ser necessariamente de natureza econômica. Se não tiver natureza econômica não é homicídio mercenário, mas continuará torpe. *Pergunta de concurso: A vingança é motivo torpe? A verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto, depende do motivo da vingança. O mesmo raciocínio aplica-se ao ciúme. Inc. II – “por motivo fútil”. É a real desproporção entre o delito e a sua causa moral (“pequeneza do motivo”). Cuidado! Motivo fútil não se confunde com motivo injusto (elemento integrante de qualquer crime). *Pergunta de concurso: Ausência de motivos caracteriza a qualificadora? 1ªC – a ausência de motivo equipara-se a motivo fútil, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse com pena mais grave quem mata por futilidade, permitindo pena mais branda ao que age sem motivo. 2ªC – a ausência de motivo, por falta de previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Atenção! O STJ, de forma copiosa, vem decidindo não existir, no crime de homicídio, incompatibilidade entre o dolo eventual e o motivo fútil. Inc. III – “com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”. Aqui também trabalha com interpretação analógica, isto é, exemplos seguidos de encerramento genérico. Emprego de veneno (veneficio): Veneno consiste em toda substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal capaz de perturbar ou destruir as funções vitais do organismo humano. Atenção! Para caracterizar a qualificadora, é imprescindível que a vítima desconheça estar ingerindo a substância. Inc. IV – “crime cometido à traição, emboscada, mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”. Também trabalha com interpretação analógica. Traição: É o ataque desleal, inesperado (atirar na vítima pelas costas). Emboscada: Pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. Dissimulação: O agente oculta a sua intenção, é o fingimento. OBS: A premeditação não constitui necessariamente homicídio qualificado. Atenção! A idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da qualificadora, pois constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. Inc. V – Homicídio por conexão: “assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime”. Conexão teleológica: O agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). Ex: “a” mata o segurança para estuprar a artista “b”. OBS 1: o crime será qualificado ainda que o crime 1 não aconteça. Acontecendo o crime futuro, concurso material de delitos. OBS 2: o crime futuro não precisa ser necessariamente praticado pelo homicida, não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (passado). Ex: “a” mata testemunha de um crime passado em que figura como suspeito. OBS 1: esse crime passado pode ter sido praticado por pessoa diversa, não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. Atenção! A conexão ocasional não qualifica o homicídio. Entende-se conexão ocasional, o homicídio praticado por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico. Atenção! Matar para assegurar a execução, a impunidade, a vantagem ou ocultação de contravenção penal. Não qualifica o homicídio pelo inciso V. Mas pode caracterizar os demais incisos. Pluralidade de circunstâncias qualificadoras: Homicídio qualificado pelo motivo fútil e o meio cruel. Uma será considerada como qualificadora e a outra comoagravante (se assim definido em lei) ou circunstância judicial desfavorável. Homicídio qualificado e privilégio: todas as privilegiadoras são de natureza subjetiva, já as qualificadoras são subjetivas (motivo torpe e fútil e vínculo finalístico) e objetivas (meio cruel e modo surpresa). É possível somente o concurso entre causas de privilégio e circunstâncias qualificadoras de natureza objetiva. Cuidado! Sabendo que o jurado vota primeiro o privilégio, reconhecendo presente algumas circunstâncias do Art. 121, §1º, o juiz julgará prejudicado quesito relacionado com qualificadora subjetiva. *Pergunta de concurso: Homicídio qualificado (objetiva) privilegiado (subjetivo) é hediondo? De acordo com o STF e o STJ, por incompatibilidade axiológica e por falta de previsão legal, o homicídio qualificado-privilegiado não integra o rol dos crimes hediondos. Fazendo uma analogia com o Art. 67 do CP, o privilégio, sendo subjetivo, prevalece sobre a qualificadora (objetiva). Homicídio doloso majorado: Art. 121, §4, 2º parte. “se o crime é praticado contra vítima menor de 14 ou maior de 60 anos”. O momento da conduta é que se deve analisar a idade da vítima e não do resultado. É indispensável que a idade da vítima ingresse na esfera de conhecimento do agente, evitando responsabilidade pena objetiva. “Homicídio praticado por milícia privada ou grupo de extermínio”. Art. 121, §6º do CP. É uma causa de aumento incluída pela Lei 12.720/2012 (também tipificou de formação de milícia ou grupo de extermínio. Art. 288-A do CP). A Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 44/162, aprovou os princípios e diretrizes para a prevenção, investigação e repressão às execuções extralegais, arbitrárias e sumárias praticadas por milícias e grupos de extermínio. A indeterminação dos novos grupos é criticada por parcela da doutrina, ensinando ter sido violado o Princípio da Taxatividade ou determinação. Outra parcela prefere conceituar os novos grupos. Grupo de extermínio: entende-se a reunião de pessoas, matadores, “justiceiros”, que atuam na omissão do poder público, tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente rotuladas como marginais ou perigosas. Milícia privada (armada): entende-se o grupo de pessoas, armado, tendo como finalidade devolver a segurança retirada das comunidades mais carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam determinado espaço territorial. A proteção oferecida ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça. *Pergunta de concurso: Quantas pessoas devem integrar o grupo de extermínio ou milícia armada? 3 ou + pessoas, de acordo com a maioria. - Antes da Lei 12. 720/12 o homicídio praticado por grupo de extermínio era considerado circunstância judicial desfavorável, e não era quesitada ao jurado e tornava o homicídio hediondo quando não qualificado. - Depois da Lei 12.720/12, o homicídio praticado por grupo de extermínio passou a ser causa de aumento de pena, devendo ser quesitada para o jurado e tornando homicídio hediondo quando não qualificado. - Antes da Lei 12.720/12, o homicídio qualificado praticado por milícia era circunstância judicial desfavorável, essa circunstância não era objeto de quesito, não tornava o homicídio hediondo quando não qualificado. - Depois da Lei 12.720/12, passou a ser causa de aumento de pena, devendo ser quesitada. Atenção! Quando simples, o homicídio praticado por milícia não é hediondo. Quando um grupo de extermínio promove a matança, os agentes respondem somente por homicídio majorado (Art. 121, §6º) ou em concurso com o delito de formação de formação de grupo de extermínio (Art. 121, §6º + Art. 288-A)? O agente responde pelos dois crimes, em concurso material, pois são infrações autônomas e independentes, protegendo, cada qual, bens jurídicos próprios (não existe bis in idem). É o que o STF entende. Homicídio Culposo: Ocorre o homicídio culposo, quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), jamais querido ou aceito. Imprudência: É a precipitação, afoiteza. Conduta ação Negligência: ausência de precaução. Conduta omissão Imperícia: é a falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. OBS: a culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade, por que o Direito Penal não admite compensação de culpa. OBS: a culpa exclusiva da vítima não gera responsabilidade penal para o agente. Homicídio culposo majorado – Art. 121, §4º, primeira parte: Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou oficio: É a chamada negligência profissional: Negligência profissional Imperícia - o agente tem aptidão para o exercício do mister, mas não observa os conhecimentos técnicos que possui. - já serviu para tipificar a conduta e está servindo para majorar a pena. Será que não causa bis in idem? O STF, no HC 86969 /RS, afastou a tese do bis in idem. O mesmo STF, no HC 95078/RJ reconheceu bis in idem. A questão ainda não está consolidada no STF. - o agente não tem aptidão para o mister. Omissão de socorro: não incide o tipo do art. 135 do CP, evitando bis in idem. Se vítima é socorrida imediatamente por terceiros, não incide a majorante. Morte instantânea da vítima também impede a majorante. Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz, concluindo pela inutilidade da ajuda em face da lesão provocada, não escapa do aumento de pena. STF HC 84380/MG Não procurar diminuir as consequências do comportamento Fuga para evitar a prisão em flagrante: o agente demonstra ausência de escrúpulo, fica mais difícil e incerta a punição. Parcela da doutrina ensina que a presente majorante viola a garantia fundamental de não produzir prova contra si mesmo. É pacífico na jurisprudência não incidir a causa de aumento, quando o agente foge para evitar o linchamento. Perdão judicial - Art. 121, §5º do CP: É um instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa se lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento. O Estado perde o interesse de punir. Estamos diante de causa extintiva da punibilidade. Perdão judicial Perdão do ofendido - Concedido pelo juiz - Ato unilateral - Somente nos casos expressamente previstos em lei - Concedido pelo ofendido - Precisa ser aceito para extinguir a punibilidade. - Somente nos crimes de ação penal privada Bagatela imprópria Bagatela própria - O fato é relevante, mas o Estado perde o interesse de punir. Extinção da punibilidade - O fato é desde o início um irrelevante penal. Atipicidade Natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial: declaratória extintiva da punibilidade: Não interrompe a prescrição Não serve como título executivo Pode ser concedido na fase inquérito policial. Súm. 18 do STJ Homicídio culposo no CP X Homicídio culposo no CTB: Tanto em um quanto no outro, há a morte culposa de alguém. No CP: Não envolve direção e veículo automotor Pena: 1 a 3 anos Cabe suspensão condicional do processo É possível o perdão judicial (Art. 121, §5º) No CTB: Envolve direção de veículo automotor Pena: 2 a 4 anos + pena restritiva de direitos Não cabe suspensão condicional do processo A conduta negligente no trânsito é mais perigosa, justificando a punição mais severa. O Presidente da República ao vetar o Art. 300, que disciplinava o perdão judicial nos crimes de trânsito, justificou a desnecessidade do dispositivo diante do Art. 121, §5º do CP. Conclusão: não se buscou evitar o perdão, mas aplicar o instituto do perdão previsto no CP. Tambémcabe o perdão do art. 121, §5º do CP. - Aborto: É a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção. O certo seria chamar o crime de abortamento. Porém são coisas distintas, pois o abortamento é a conduta criminosa (interrupção da gravidez), sendo o aborto é o resultado (feto sem vida). Pressuposto: É a gravidez, tendo como termo inicial a nidação (implantação do óvulo fecundado no endométrio). Classificação: é uma diferenciação doutrinária Aborto natural: é a interrupção espontânea da gravidez. Normalmente é causado por problemas de saúde da gestante. Aborto acidental: decorre de acidentes em geral. Pode qualificar uma lesão corporal culposa. Aborto criminoso: Art. 124 do CP (autoaborto ou consentimento da gestante); Art. 125 (aborto provocado sem o consentimento da gestante) e Art. 126 (aborto provocado com o consentimento da gestante). Aborto legal ou permitido: Art. 128, I (necessário); II (sentimental). Aborto miserável ou econômico-social: praticado por razões de miséria, incapacidade financeira para sustentar a vida futura. É crime, não está autorizado pelo ordenamento. Aborto eugenésico ou eugênico: praticado em face dos comprovados riscos de que o feto nasça com graves anomalias, físicas ou psíquicas. O abortamento de feto anencefálico é uma espécie de aborto eugenésico. Aborto honoris causa: Realizado para ocultar gravidez adulterina. É crime. Aborto Ovular: É aquele praticado até a 8º semana da gestação. É crime. Aborto Embrionário: É aquele praticado até a 15º semana de gestação. Aborto Fetal: Após a 15º semana da gestação. Atenção! Art. 20 da Lei de Contravenções: aquele que anuncia processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto. Art. 124 do CP: a pena é de 1 a 3 anos (infração de médio potencial ofensivo, admitindo suspensão condicional do processo). Não cabe preventiva para gestante primária (art. 313, I do CPP). Sujeito ativo: gestante que consente para a realização do aborto ou gestante que pratica autoaborto. *Pergunta de Concurso: o crime é próprio ou de mão própria? De acordo com Bitencourt, o crime de mão própria, só podendo ser praticado pela gestante, só admitindo participação, mas não coautoria. O terceiro coexecutor será punido pelo Art. 126 do CP (exceção pluralista a teoria monista). Para Luiz Regis Prado, o crime é próprio, admitindo também coautoria, porém, o coautor será punido na forma do Art. 126. Próprio Mão própria - exige condição especial do agente - admite coautoria e participação. - exige condição especial do agente - admite participação, mas não coautoria. Sujeito passivo: 1ºC- não sendo o foto titular de direitos salvo aqueles previstos na lei civil, o sujeito passivo é sempre o Estado. 2ªC – o feto é o sujeito passivo. Para essa corrente, na gravidez de gêmeos, o aborto caracteriza concurso de crimes (impróprio). Conduta punida: Autoaborto: a própria gestante provoca a interrupção da gravidez, valendo-se de qualquer meio. Consentimento para que outrem lho provoque: a gestante “apenas” consente, ficando a execução a cargo de terceiro provocador (autor do Art. 126 do CP). Voluntariedade: é punido a título de dolo, que pode ser direto ou eventual. Ex: gestante que tenta se suicidar. Não se pode punir o aborto culposo, sendo fato atípico. Consumação: consuma-se com a morte do feto, o delito é material. Não importa se a morte do feto ocorreu dentro ou fora do ventre materno, desde que decorrente das manobras abortivas. Tentativa: é perfeitamente possível. Se nascido o bebê mesmo após as manobras abortivas e a mãe torna a praticar o crime, responderá por homicídio ou infanticídio. Feto nasce com vida Feto nasce com vida, mas morre logo após em razão das manobras abortivas. Feto nasce com vida e morre depois da gestante renovar a execução. Aqui, a tentativa de aborto dica absorvida. Aborto Aborto Homicídio ou infanticídio Art. 125 do CP: a pena é de 3 a 10 anos. Não admite qualquer benefício da Lei 9.095/95. Admite preventiva para o provocador primário. Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa. Delito comum. Sujeito passivo: gestante e feto. Delito de dupla subjetividade passiva. Conduta: Provocar aborto, interromper a gravidez. De acordo com a jurisprudência, quem desfere violento pontapé no ventre de mulher sabidamente grávida, pratica o crime de aborto. Voluntariedade: punido a titilo de dolo direto ou eventual. *Pergunta de concurso: Matar mulher que sabe estar grávida. Homicídio (dolo direto) + aborto (direto ou eventual) = concurso formal impróprio Consumação: com a morte do feto Tentativa: admite-se. O crime é plurissubsistente. Art. 126 do CP: Art. 126 do CP Art. 125 do CP - pena de 1 a 4 anos. Admite suspensão condicional do processo. Não cabendo preventiva. - sujeito ativo: crime comum - sujeito passivo: feto (gestante responde pelo Art. 124). - conduta: provocar aborto com o consentimento da gestante - dolo direto ou eventual - consumação: morte do feto - pena de 3 a 10 anos. - sujeito ativo: crime comum - sujeito passivo: feto + gestante - conduta: provocar aborto sem o consentimento da gestante - dolo direto ou eventual - consumação: morte do feto *Pergunta de concurso: gestante depois de consentir, se arrepende e manda o terceiro provocador interromper as manobras abortivas. O terceiro não obedece, executando a morte do feto. O terceiro provocador responderá pelo Art. 125 do CP, já a gestante continua respondendo pelo Art. 124, pois o arrependimento não foi eficaz (tem direito à atenuante – Art. 65 do CP). Art. 126, §1º - Dissenso presumido. O CP desconsidera a vontade positiva da gestante. A pena aqui é a do Art. 125 (3 a 10 anos). Atenção! O dolo do agente provocador deve compreender as qualidades da grávida ou o modo pelo qual o consentimento foi dado, evitando-se responsabilidade penal objetiva. *Pergunta de concurso: o namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até fulano, medido, para realizar o aborto. Quais os crimes imputados para cada uma? Namorada (Art. 124), médico (Art. 126) e namorado (Art. 124 – na condição participe). *Pergunta de concurso: O namorado convence a namorada a praticar aborto. Conduz a namorada até fulano, médico, para realizar o aborto. O namorado paga 1000 reais para fulano realizar o procedimento. Quais os crimes imputados? Namorada (Art. 124), médico (Art. 126) e namorado (Art. 126 – na condição de partícipe). Art. 127 do CP: Majorantes de pena. Tais causas só se aplicam ao terceiro provocador e seus partícipes. Não incide no Art. 124 do CP nem para a gestante nem para o partícipe (não se pune a autolesão). Resultados qualificadores: resultados culposos Lesão corporal grave (1/3): Art. 129, §§1º e 2º do CP Morte (duplicada). *Pergunta de concurso: para incidir a majorante, é indispensável a morte do feto? Isto é, que o aborto se consume? O aborto consumado não é necessário para a incidência destas majorastes (consequência do aborto ou dos meios necessários para provocá-lo). E se a gestante durante processo de aborto realizado por fulano morre, mas o feto nasce com vida, sabendo que fulano não quis nem aceitou a morte da paciente. Qual o crime pratica fulano? 1ºC – responde por aborto “qualificado” consumado (crime preterdoloso não admite tentativa). Súm. 610 do STF (trabalha o mesmo raciocínio). “Há crime de aborto, quando o homicídio se consuma, ainda que ao realize o aborto”. 2ªC – responde por aborto tentado “qualificado” pela morte (admite-se tentativa em crime preterdoloso, se a parte frustrada for a dolosa). Art. 128 do CP: Natureza jurídica: prevalece causa especial de exclusão da ilicitude. Descriminantes especiais. Art. 128, I (hipóteses especial de estado de necessidade), o Art. 128, II (hipótese especial de exercício regular de direito). Para os adeptos da tipicidade conglobante (O art. 128, I exclui a ilicitude, mas o II, exclui a tipicidade). Art. 128, I: Abortonecessário (terapêutico): Requisitos: Praticado por médico. Se praticado por outro profissional não alegará o Art. 128, mas pode alegar estado de necessidade. Risco para a vida da gestante. Atenção! Não basta risco para a saúde. Impossibilidade do uso de outro meio para salvá-la. Inevitabilidade do comportamento lesivo. Dispensabilidade do consentimento da gestante. Dispensa autorização judicial. Art. 128, II: Aborto sentimental (humanitário ou ético): “Nada justiça que se obrigue a mulher aceitar uma maternidade odiosa” (Nelson Hungria) Requisitos: Praticado por médico. Se praticado por outra pessoa é crime. Gravidez resultante de estupro. O “estupro” abrange conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Abrange também o estupro de vulnerável. Consentimento da gestante ou de seu representante legal quando incapaz. Dispensa autorização judicial. O STF já exigiu boletim de ocorrência para que o médico praticasse o aborto. Aborto do feto anencefálico: Feto anencéfalo: Embrião, feto ou recém-nascido que, por má formação congênita, não possui uma parte do sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais, possuindo uma parcela do tronco encefálico. Atenção! O CP não permite essa espécie de aborto, o projeto do CP permite. A doutrina trabalhava hipótese como mais um caso de inexigibilidade de conduta diversa. A jurisprudência autorizava essa espécie de abortamento, desde que: presente anomalia inviabilizando vida extrauterina; anomalia atestada por perícia médica; prova do dano psicológico da gestante. STF: na ADPF 54, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, admitiu essa espécie de aborto. Argumentos: Diante de uma deformação irreversível do feto, há de lançar mão dos avanços médicos postos à disposição da humanidade, evitando sentimentos mórbidos. Argumentou a permissão com base nos Princípios da Dignidade da Pessoa Humana, Legalidade, Liberdade e Autonomia de Vontade. Implicitamente, reconheceu a atipicidade da conduta, por ausência de viabilidade da vida extrauterina. O CFM regulamentou o procedimento: Prevê os exames de ultrassonografia a partir da 12º semana. O laudo deve ser assinado por dois médicos. A gestante deve ser ouvida. É necessário o seu consentimento. Deve ser realizado em hospital público/privado ou clínicas com estrutura adequada. Crimes contra a integridade física - Lesões Corporais Art. 129 – Lesões Corporais: Bem jurídico tutelado: incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo a saúde física, fisiológica e mental da vítima. Art. 129 - caput: Lesão dolosa leve/§1º: lesão dolosa grave (também admite preterdolo)/§2º: lesão dolosa gravíssima (também admite o preterdolo)/§3º: lesão corporal seguida de morte (homicídio preterdoloso)/§§4º e 5º: privilégio/§6º: lesão corporal culposa (leve, grave ou gravíssima)/ §7º: majorante (alterado pela Lei. 12.720/12)/§8º: perdão judicial (somente para a culposa)/§§§9º, 10 e 11: violência doméstica e familiar. Sujeito ativo: crime comum Sujeito passivo: em regra, o crime é comum, mas possui exceção: Art. 129, §1º, IV e §2º, V do CP (exige vítima gestante). Atenção! Se um inimputável, por determinação de outrem, praticar em si mesmo uma lesão, quem o conduzir à autolesão responderá pelo crime na condição de autor mediato. Conduta: provocar lesão corporal. Ofender a incolumidade pessoal do indivíduo, quer causando a lesão ou agravando lesão que já existe. A dor é dispensável (provocar desmaio é lesão corporal, por exemplo). - Corte de cabelo contra a vontade da vítima: 1º C: caracteriza Art. 129, mas é indispensável que a ação provoque uma alteração desfavorável no aspecto exterior do indivíduo. 2º C: configura o delito e injúria real. 3ºC: pode configurar o Art. 129 ou injúria real, dependendo do dolo do agente. *Pergunta de concurso: A pluralidade de ferimentos gera a pluralidade de crimes? Se a pluralidade de ferimentos advém do mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime. *Pergunta de concurso: A integridade física é um bem indisponível? O consentimento da vítima exclui o crime? Trata-se de bem relativamente disponível, desde que: a lesão seja leve e não contrariar a moral e a ordem pública. Atenção! No caso da mudança de sexo, é indispensável que o procedimento seja realizado por profissional autorizado. Voluntariedade: o crime pode ser punido a título de dolo (caput, §§1º e 2º), culpa (§6º), ou preterdolo (§§1º, 2º e 3º). Lesões cirúrgicas provocadas pelo médico BA cirurgia de emergência, reparadora ou de vaidade? Bento de Faria (atipicidade); Assis Toledo (não há dolo, pois a vontade do médico não é ofender a saúde, mas curá-la ou melhorá-la); Bitencourt (é possível, na lesão leve, que esteja presente o consentimento do ofendido, excluindo o crime); LFG (teoria da imputação objetiva, pois o médico não cria risco proibido); Zaffaroni (não há tipicidade penal, pois ausente a tipicidade conglobante, pois o ato do médico não é antinormativo); Pierangeli (pode configurar exercício regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal); Mirabete (essa excludente é exclusiva de agentes púbicos). Consumação: consuma-se com a ofensa à incolumidade pessoal do indivíduo. Estamos diante de um delito material. - Equimoses (manchas escuras ou azuladas fruto de infiltração difusa de sangue no tecido subcutâneo ) e hematomas (acúmulo de sangue em um órgão ou tecido, normalmente causado por traumatismo), caracterizam lesão corporal. Atenção! Eritemas (mancha de cor avermelhada na pela causada pela dilatação de vaso sanguíneo) não constitui lesão. Tentativa: nas modalidades dolosas é perfeitamente possível, o delito é plurissubsistente. Espécies: Art. 129, caput - Lesão corporal dolosa leve: Lesão leve: o conceito é dado por exclusão. Será leve quando não for grave, gravíssima e não seguida de morte. Têm-se aplicado o Princípio da Insignificância em alguns casos de lesão leve. Pena 3 meses a 1 ano (infração penal de menor potencial ofensivo). Depende de representação do ofendido. Ação penal pública condicionada Art. 129, §1º - Lesão corporal de natureza grave: Pena: 1 a 5 anos (infração de médio potencial ofensivo). Admite suspensão condicional do processo. Cabe preventiva mesmo para o agente primário. Inc. I: incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. Ocupação habitual: qualquer atividade corporal costumeira, não necessariamente ligada a trabalho ou atividade lucrativa, devendo ser lícita, ainda que imoral. Ex: prostituta, bebê de tenra idade. Prova: 1º exame na data dos fatos e logo após o trigésimo dia, realizar-se-á um exame complementar, para atestar se a vítima continua incapacidade para ocupações habituais. Art. 168, §2º do CPP. O prazo é penal, é para tipificar a infração. Atenção: a relutância, por vergonha, de praticar as ocupações habituais, não qualifica o crime (a simples vergonha não corresponde lesão à saúde mental). Inc. II: perigo de vida. É a probabilidade séria, concreta e imediata do êxito legal. OBS1: A região da lesão não permite presumir perigo de vida. É imprescindível perícia atestando risco concreto de morte. OBS2: De acordo com a maioria, trata-se de qualificadora necessariamente preterdolosa. Lesão (deve ser dolosa) e perigo de vida (culposo). Caso contrário, responderia por tentativa de homicídio, se o ofensor considera-se matar a vítima. Inc. III: debilidade permanente de membro, sentido ou função. Debilidade: enfraquecimento, redução da capacidade funcional. Permanente: recuperação incerta e por tempo indeterminado. Cuidado! Não importa que o enfraquecimento possa se atenuar ou reduzir com aparelho de prótese, a qualificadora persiste. Atenção! A perda de um dente pode ou não caracterizar a qualificadora, dependendo de perícia atestando se a perda causou redução do aparelho de mastigação. A perda de um dedo incide nesta mesma hipótese. Inc. IV: aceleração de parto. Em decorrência da lesão,o feto é expulso, com vida antes do tempo normal. Se o feto é expulso sem vida, pode configurar aborto ou lesão corporal de natureza gravíssima, a depender do animus do agente. É imprescindível que o agente saiba ou tivesse condições de saber que a vítima é gestante, para assim, evitar responsabilidade penal objetiva. Art. 129, §2º - Lesão corporal de natureza gravíssima: expressão criada pela doutrina aceita pela jurisprudência. Hoje, o próprio legislador adotou essa expressão (Art. 1, §3º da Lei 9.455/97). Pena: 1 a 8 anos. Não admite suspensão condicional do processo, pois se trata de infração de grande potencial ofensivo. Não admite qualquer medida despenalizadora. Inc. I: incapacidade permanente para o trabalho. Aqui, a incapacidade é absoluta. Atenção! De acordo com a maioria, a qualificadora exige incapacidade para o exercício de qualquer espécie de trabalho. É praticamente tornar essa qualificadora inaplicável. Inc. II: enfermidade incurável: transmissão intencional de uma doença para qual não existe cura no estágio atual da medicina. O STJ tem incluído a transmissão intencional do vírus da AIDS. OBS: E se existe uma cura, porém, arriscada? A vítima, não sendo obrigada a arriscar-se, a qualificadora persiste. Se a vítima se arriscar e curar, desaparece a qualificadora. - Cura arriscada: a recusa da vítima em se submeter ao procedimento não exclui a qualificadora. Submetendo-se ao procedimento, revertendo a doença, desaparece a qualificadora. - Cura não arriscada: a recusa injustificada da vítima exclui a qualificadora. A recusa justificada não exclui. Têm-se admitido a recusa por razões de crença. Inc. III: perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Perda: Amputação: se dá em procedimento cirúrgico. Mutilação: se dá em ação do agressor. Inutilização: membro, sentido ou função inoperante (sem qualquer atividade própria). Atenção! Tratando-se de órgãos duplos, a lesão para ser qualificada como gravíssima, deve atingir ambos. OBS! Configura lesão gravíssima, a impotência generandi e a coeundi Inc. IV: deformidade permanente. Dano estético aparente considerável, irreparável pela própria força da natureza e capaz de causar impressão vexatória (desconforto para que olha e humilhação para quem ostenta). Para Nelson Hungria, a idade, sexo e capacidade econômica pode influenciar esta qualificadora. OBS: Se a vítima reparar o dano, por meio de cirurgia plástica, ficará afastada a qualificadora. Cuidado! A nossa lei não considera a qualificadora apenas nos casos de lesão no rosto. Pode abranger outras partes no corpo, até aquelas aparentes somente em momentos de intimidade. - Vitriolagem: É a deformidade permanente pelo emprego de ácidos. Inc. V: aborto: trata-se de qualificadora necessariamente preterdolosa. O agente age com dolo na lesão e culpa no aborto. Atenção! Não confundir art. 127 (o aborto é doloso e a lesão na gestante é culposa) com o Art. 129, §2º. V (lesão na gestante dolosa e o aborto culposo). É exatamente o oposto. É necessário que o agente saiba que a vítima era gestante, para evitar responsabilidade penal objetiva. - Coexistência de qualificadoras: Ex: Art. 129, §1, IX (pena de 1 a 5 anos – servirá como circunstância judicial desfavorável do Art. 59 do CP) e §2, IV (pena de 2 a 8 anos – servirá de qualificadora). Art. 129, §3º - Lesão corporal seguida de morte: Pena: 4 a 12 anos. Infração de menor potencial ofensivo. Não vai à Júri. Elementos do crime: conduta dolosa dirigida à ofensa, à incolumidade pessoal da vítima; resultado morte culposo; nexo entre conduta e resultado. Cuidado! Se o antecedente doloso consiste em meras vias de fato, o evento morte não querido ou aceito deve ser imputado ao agressor a título de homicídio culposo, ficando a contravenção penal absorvida. Art. 129, §6º do CP: são as mesmas circunstâncias do Art. 121, §1º do CP. Incide sobre todas as espécies de Lesão Corporal (grave, gravíssima e seguida de morte). Lesão Corporal Majorada: Art. 129, §7º. Causa especial de aumento de pena Trata das mesmas circunstâncias majorantes do homicídio. É aumentada se a vítima é menor de 14 e maior de 60 anos. Atenção! A majorante incide sobre todas as formas dolosas ou preterdolosas do crime de lesão. Lesão corporal dolosa – Substituição de pena: Art. 129, §5º do CP. O benefício da substituição da pena privativa de liberdade por multa só tem cabimento na lesão corporal dolosa leve. Cuidado! Não incide nos §§1º, 2º e 3º do 129. A substituição pressupõe: Lesão privilegiada (Art. 129, §4º) Lesões recíprocas Lesão corporal culposa: Art. 129, §6º. Mesma sistemática do homicídio culposo. Infração penal de menor potencial ofensivo. Pena 2 meses a 1 ano. Ação penal pública condicionada à representação da vítima. Cuidado! Lesão dolosa Lesão Culposa - Leve: caput - Grave: §1º - Gravíssima: §2º - Leve: §6º - Grave: §6º -Gravíssima: §6º O juiz considera a natureza da lesão na fixação da pena. Lesão Corporal Culposa Majorada: Art. 129, §7º. Mesma sistemática do homicídio culposo majorado. Causa de aumento de pena Negligência profissional Omissão de socorro Fuga para evitar o flagrante Perdão judicial: Art. 129, §8º do CP. Aplica-se somente na lesão corporal culposa (§6º). Atenção! Não cabe perdão judicial nas modalidades dolosas ou preterdolosas. Lesão corporal culposa no Código de Trânsito Brasileiro: Art. 303. Art. 129, §6º Art. 303 - Praticar lesão corporal culposa - Pena: 2 meses a 1 ano - Desvalor da conduta é menor fora do trânsito - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (especializante) - Pena: 6 meses a 2 anos - Desvalor da conduta é maior no trânsito, justificando a diferença de penas. Quando se compara a pena do Art. 303 do CTB com a pena do Art. 129, caput (lesão dolosa leve), passa a ser questionável a constitucionalidade da sua sanção penal. Lesão corporal no ambiente doméstico e familiar: Art. 129, §§9º, 10 e 11 do CP. §9º §10 §11 - qualificadora da lesão corporal de natureza leve. - Art. 129, caput (pena de 3 meses a 1 ano). Se praticado em ambiente doméstico ou familiar, passa a ser 129, §9º (pena de 3 meses a 3 anos). - Deixa de ser de menor potencial ofensivo - Não é admitido transação penal. - é causa de aumento para lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte. - em todos esses casos, a pena é aumentada de 1/3. - a lesão grave com o aumento, deixa de admitir suspensão condicional do processo. - causa de aumento para o Art. 129, §9º (pena e 3 meses a 3 anos) é aumentada de 1/3 quando a vítima for portadora de deficiência. Situações que configuram violência doméstica e familiar: O crime deve ser praticado contra: Ascendente, descendente ou irmão. E dispensável a coabitação entre o autor e a vítima. Cônjuge ou companheiro. Prevalece a qualificadora, mesmo que presente a separação de fato, pois esta não extingue os deveres entre os cônjuges. Pessoa com quem conviva ou tenha convivido o agente. Ex: república de estudantes. Prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade. Com essa situação, entende a doutrina, que o tipo ficou exageradamente aberto. OBS 1: Para caracterizar as qualificadoras dos §§9º, 10 e 11, a vítima não precisa ser necessariamente mulher. OBS 2: Se a vítima for mulher, além do CP, terá na sua proteção a Lei 11.340/06 (Maria da Penha). OBS 3: Mesmo quando homem, se a vítima for vulnerável, é possível aplicar as medidas protetivas da Lei Maria da Penha. - Omissão de Socorro: Art. 135 do CP Bem jurídico tutelado: a segurança do indivíduo protegendo-se a vida e a saúde humana. Pena: 1 a 6 meses ou multa. Infração penal de menor potencial ofensivo, mesmo quando qualificada. Sujeito ativo: Crime comum. Dispensa vínculo entre os sujeitos. OBS: Sabendo que o dever de assistência é imposição que recai a todos, distinção, o crime não admite coautoria, Cada omitente é autor de uma omissão desocorro. *Pergunta de concurso: É indispensável que o sujeito ativo esteja na presença da vítima em perigo? 1ªC – o sujeito ativo deve estar no lugar e no momento em que o periclitante precisa de socorro; se estiver ausente, embora saiba do perigo, e não vá a seu encontro salvá-lo, não haverá o crime (Bittencourt). 2ºC – O ausente responde pelo crime quando chamado ao local para exercer o dever de assistência, sendo indispensável que o omitente tenha consciência do grave e iminente perigo em que se encontre a vítima (Damásio). Sujeito passivo: próprio. Criança abandona ou extraviada; inválido ou ferido desamparado; pessoa que se achar em grave e iminente perigo. *Pergunta de concurso: E se o sujeito passivo recusa socorro? O dever de assistência persiste, pois se trata de bem irrenunciável, salvo quando a oposição da vítima impossibilitar o socorro. Conduta: Art. 135. Pune e inércia de alguém que tem o dever e socorrer. Duas são as maneiras de se praticar esse crime: O agente não presta auxílio à vítima (omissão da assistência imediata) O agente não solicita socorro da autoridade competente (omissão da assistência mediata). OBS! Não compete ao agente, a escolha entre uma ou outra forma de assistência, pois, sendo possível a prestação pessoal, não pode preferir a assistência mediata. Atenção! Quando possível fazê-lo, e sem risco pessoal. O risco meramente patrimonial ou moral não exclui a tipicidade, sendo imprescindível risco pessoal. Não é causa de exclusão da ilicitude, mas da própria tipicidade. Voluntariedade: Crime punido à título de dolo (direto ou eventual). Não existe modalidade culposa. Consumação: Não admite-se tentativa. Consuma-se no momento da omissão (omissivo próprio ou puro). Atenção! Estamos diante de um crime de perigo. De acordo com a maioria, o caso de criança abandonada ou extraviada o crime é de perigo abstrato, nas demais hipóteses, o crime é de perigo concreto. Art. 135, §único: Omissão de socorro majorada. Omissão própria: O agente tem o dever de agir (genérico, pois atinge a todos indistintamente). O agente responde por crime omissivo, o tipo descreve a omissão. Tratando-se de crime de mera conduta, não há relação de causalidade. Omissão imprópria: O agente tem o dever de agir para evitar o resultado (dever jurídico, que recai sobre os personagens do Art. 13, §2º do CP, os garantidores). O agente responde por crime comissivo por omissão (o omitente é equiparado ao causador do resultado). Há relação de causalidade, podendo ser material ou formal (nexo de evitação, normativo). Atenção! Mesmo que a omissão de socorro seja um crime omissivo próprio, que se consuma com a simples inatividade, nesse caso (Art. 135, §único), é indispensável que se analise a relação de causalidade. Deve ser comprovada a relação de não impedimento entre a omissão e o resultado ocorrido, para legitimar o aumento. Exige-se para a incidência da majorante prova de que a conduta omitida seria capaz de impedir o resultado mais gravoso. Omissão de socorro no CP e no CTB: CP CTB - Art. 135: omissão de socorro - o omitente pode ou não ser condutor de veículo automotor. - se condutor não pode estar envolvido em acidente. - Art. 302, §único: aumenta a pena do homicídio quando ocorrer omissão de socorro. - Art. 303, §único: aumenta a pena da LC quando ocorrer omissão de socorro. Art. 304: pune a omissão de socorro. - Art. 302 e 303: Majorado quando o omitente é condutor de veículo automotor, quando o omitente se envolve em acidente de trânsito, quando o omitente é culpado do acidente - Art. 304: Majorado quando o omitente é conduto de veículo automotor, se envolve em acidente de trânsito, porém não é culpado pelo acidente. - Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial: Art. 135-A do CP. Pena: 3 meses a 1 ano. Infração de menor potencial ofensivo. Atenção! Só deixa de ser crime de menor potencial ofensivo se do comportamento criminoso, resultar morte. Mesmo assim continuará admitindo suspensão condicional do processo. - Antes da Lei 12.653/12, o comportamento já era etiquetado como ilícito e abusivo. Ex: Art. 39 do CDC (prática abusiva que expõe o consumidor à desvantagem exagerada); Art. 171, II do CC (anulável negócio jurídico por vício resultante do estado de perigo); Res. Normativa 44 da ANSS (vedava condicionar atendimento médico-hospitalar a garantias). O fracasso dos demais ramos justifica a intervenção do Direito Penal (Princípio da Subsidiariedade). Sujeito ativo: administradores e funcionários do hospital (particular). *Pergunta de concurso: E se o funcionário apenas cumpre ordens do diretor? O hospital não é público, e também a ordem é manifestamente ilegal (não há obediência hierárquica), procedendo à conduta, haverá concurso de pessoas, devendo ambos por infração penal. Sujeito passivo: pessoa em estado de emergência. Conduta: negar atendimento emergencial exigindo como condição: condições alternativas Cheque caução, Nota promissória ou qualquer outra garantia Preenchimento prévio de formulários administrativos. - O agente aproveita-se de um momento de extrema fragilidade do doente (ou de seus familiares) para, mediante uma das indevidas exigências, garantir para o hospital o ressarcimento das despesas realizadas. *Pergunta de concurso: e se a exigência ocorrer no atendimento de urgência (e não de emergência)? A Lei 11.935/09 define situação de emergência e situação de urgência. - Emergência: situação que exige intervenção cirúrgica ou médica imediata. Havendo efetivo risco para a vida ou saúde corporal (lesões irreparáveis). - Urgência: não existe situação de imediatidade abrangendo acidentes pessoais, ou complicações no processo gestacional. 1ºC – interpretação teleológica (defende que a urgência está implícita no tipo. Rogério Greco). 2ºC – legalidade estrita (somente a emergência é elementar do tipo, a urgência poderá configurar omissão de socorro). Voluntariedade: só é punido a título de dolo. Consumação: com a indevida exigência. A doutrina vem entendendo tratar-se de crime de perigo concreto. Admite tentativa (tentar exigir). Crimes contra a honra Crime Conduta Típica Honra ofendida Calúnia: Art. 138 do CP Imputar determinado fato previsto como crime sabidamente falso. Honra objetiva (reputação, fama que o individuo desfruta no meio social). Difamação: Art. 139 do CP Imputar determinado fato não criminoso, porém desonroso, não importando se verdadeiro ou falso. Honra objetiva Injúria: Art. 140 do CP Atribuir qualidade negativa. Honra subjetiva (É a dignidade e o decoro pessoal da vítima). Cuidado! Se praticados dois ou mais delitos contra a honra (ainda que diversos) em contextos fáticos distintos, é possível o concurso de infrações. Quando praticados no mesmo contexto fático, a doutrina/jurisprudência são divergentes: 1ºC – configura-se o crime continuado (para ser crime continuado, deve estar no mesmo tipo, malgrado protegerem o mesmo bem jurídico); 2ºC – aplica-se o Princípio da Consunção, ficando o crime mais leve absorvido pelo mais grave. 3ºC – é possível o concurso de crimes praticados no mesmo contexto fático se atingem honras diferentes. Admite-se concurso entre calúnia e injúria e difamação e injúria (não existe concurso entre calúnia e difamação, pois ofendem a mesma honra). - Calúnia: Art. 138 do CP. Calunia alguém imputando falsamente determinado fato definido como crime. Pena de 6 meses a 2 anos e multa (infração de menor potencial ofensivo – competência do juizado especial criminal). Sujeito ativo: Crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa. Cuidado com as inviolabilidades! Determinados agentes são invioláveis nas suas opiniões palavras e votos, não praticando o crime (parlamentares). E o advogado no exercício da profissão? Não tem imunidade quando a calúnia (está imune n difamação e na injúria). Sujeito passivo: qualquer pessoa, crime comum. Menores de 18 anos: 1ªC – sabendoque o menor de 18 anos não pratica crime, não pode ser vítima de calúnia, mas de difamação. 2ªC – Calúnia é imputar fato definido como crime. O menor de 18 anos pode praticar fato definido como crime, chamado de ato infracional. Logo, pode ser vítima de calúnia. Pessoa jurídica: De acordo com o STF e o STJ, pessoa jurídica não pode ser vítima de calúnia, pois o ente coletivo não pratica crime. Atenção! Essa jurisprudência deve ser atualizada com a Lei 9.605/98 (pode ser praticada contra uma empresa acerca de um crime ambiental). Cuidado! Para Mirabete, pessoa jurídica não pode ser vítima de qualquer crime contra a honra, pois o CP só protege a honra da pessoa física. Morto como vítima de calúnia: Art. 138, §2º do CP. A família do morto é que é a vítima. Autocalúnia: pode caracterizar o crime do Art. 341 do CP (autoacusação falsa). É assumir a paternidade de um crime praticado por outrem, ou de um crime que nunca existiu. Conduta: Imputar determinado fato previsto como crime sabidamente falso. Crime de execução livre pode ser praticado por palavras, gestos, por escritos etc. Cuidado! A falsa imputação de contravenção penal caracteriza difamação. OBS! Temos o crime de calúnia quando o fato imputado jamais ocorreu (falsidade que recai sobre o fato) ou, quando real o fato, não foi a pessoa apontada seu autor (falsidade que recai sobre a autoria do fato). Atenção! Pune-se também aquele que divulga a calúnia criada por outrem. Voluntariedade: o crime é punido á título de dolo, sendo indispensável a vontade de ofender a honra objetiva da vítima. Atenção! Se o agente atua com a intenção de brincar (Animus Jocandi) ou aconselhar (Animus Consulendi), narrar fato como testemunha, criticar (Animus Criticandi) ou defender-se (Animus Defendendi) não há crime, por ausência de dolo. Consumação: ofende a honra objetiva, consumando-se no momento em que terceiro toma conhecimento da imputação falsa. Trata-se de crime formal, sendo dispensável o efetivo dano à reputação da vítima. Tentativa: admite a tentativa na forma escrita, caso em que o crime pode ser dividido em vários atos. Na forma escrita, o crime é plurissubsistente. Lembrando: Calúnia é imputar fato definido como crime sabidamente falso. A falsidade é elementar do crime. Pode o querelado, réu na ação, comprovar que o fato imputado é verdadeiro? Em regra, admite-se a prova da verdade (exceção da verdade), exceto, no Art. 138, §3º, I, II e III do CP. Casos em que está proibida a exceção da verdade: Fulano imputou a Beltrano exercício arbitrário das próprias razoes, em tese, contra Sicrano. Beltrano ingressa com a queixa crime contra fulano imputando calúnia. Pode Fulano fazer prova de verdade contra o exercício arbitrário das próprias razões que vitimou Sicrano? Permitir a Fulano provar a verdade do crime de exercício arbitrário das próprias razões seria admitir a terceiro provar crime sobre o qual a própria vítima preferiu o silêncio. Também não admite exceção da verdade Presidente da República e Chefe de Governo Estrangeiro. Razões políticas impedem a exceção da verdade. No caso de calúnia contra chefe de governo estrangeiro, a proibição está fundamentada em motivos diplomáticos. Fulano imputou a Beltrano a autoria de um crime de roubo. Beltrano, no entanto, já foi absolvido definitivamente pelo crime patrimonial imputado. Beltrano ingressa com uma queixa crime contra Fulano. Pode Fulano fazer prova da verdade do roubo, em tese, praticado por Beltrano? Proclamada a absolvição de Beltrano, deve ser reconhecida a autoridade da coisa julgada, presumindo-se absolutamente a falsidade da imputação. - A CF garante a ampla defesa, e o CP restringe a defesa no Art. 138, §3º, proibindo a prova da verdade. O CP foi recepcionado neste artigo? Sendo inegavelmente um meio de defesa, a lei infraconstitucional não pode restringir a exceção da verdade no crime de calúnia, mas deve respeitar a garantia da ampla defesa. Nesse sentido, posiciona-se a minoria da doutrina e jurisprudência. Exceção da verdade: forma de defesa indireta, através da qual o acusado pretende provar a veracidade do que alegou. Atenção! A procedência da exceção da verdade gera absolvição por atipicidade. Exceção de Notoriedade: Art. 523 do CPP. Exceção da Verdade Exceção da notoriedade - Provar a veracidade da imputação. - A procedência desta exceção gera atipicidade. - Provar que o fato imputado é de domínio público. - A procedência desta exceção configura crime impossível. *Pergunta de Concurso: Não confundir Calúnia com Denunciação caluniosa. A calúnia (Art. 138 do CP) é um crime contra a honra, já a denunciação caluniosa (Art. 339 do CP) e é crime contra a administração da justiça. Na calúnia a finalidade do agente é ofender a honra objetiva, já na denunciação caluniosa, sua finalidade é dar causa a procedimento injusto caluniando alguém (a calúnia é meio de se praticar o crime). - Difamação: Art. 139 do CP. Difamar alguém, imputando-lhe determinado fato ofensivo à sua reputação. Pena de 3 meses a 1 ano e multa (metade da pena da Calúnia). Infração penal de menor potencial ofensivo de competência do JECRIM. Sujeito ativo: crime comum. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Atenção para os invioláveis (parlamentares). O advogado tem essa imunidade (Art. 7º, §2º do EAOAB). Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Pessoa jurídica: de acordo com o STF e STJ, pessoa jurídica tem honra objetiva, podendo figurar como vítima de difamação, podendo até ingressar em juízo pedindo danos morais. Conduta: Atribuir determinado fato não criminoso. Crime de execução livre. Qual crime pratica o agente que cria a difamação e outro que propala a difamação criada por outrem? Quem cria responde pelo art. 139, caput e quem propala não tem dispositivo como a calúnia, prevalece que quem propala, também difama. Voluntariedade: o crime é punido á título de dolo, sendo imprescindível a intenção de ofender a honra objetiva. Consumação: consuma-se no momento que o terceiro conhece a imputação desonrosa. O crime é formal e dispensa efetiva lesão à reputação da vítima. Tentativa: admite-se na forma escrita. Lembrando! Na difamação o fato imputado pode ser verdadeiro ou falso. Exceção da verdade: Cabe excepcionalmente. Art. 139, §único. Se o ofendido é funcionário público e a ofensa seja relativa ao exercício de suas funções. Procedência da exceção da verdade: Na calúnia a falsidade é elementar do tipo, a procedência gera a atipicidade. Já na difamação a falsidade não é elementar do tipo, a procedência gera absolvição por ausência de ilicitude do comportamento. É um caso de exercício regular de direito especial. Exceção de Notoriedade: é admitida na difamação. - Injúria: Art. 140 do CP. Pena 1 a 6 meses ou multa (infração de menor potencial ofensivo). Sujeito ativo: crime comum. Atenção para os invioláveis. O advogado tem essa imunidade Autoinjúria: só é crime quando a expressão ultrapassar a órbita da personalidade do indivíduo (sou um fdp). Sujeito passivo: qualquer pessoa capaz de compreender o sentido da ofensa (honra subjetiva). Pessoa jurídica: não pode ser vítima, pois não tem honra subjetiva. Conduta: atribuir qualidade negativa à vítima. Atenção! Na injúria não existe imputação de fato determinado que difere dos anteriores. E se a imputação for de fato genérico, vago ou indeterminado? Caracteriza injúria. - A língua portuguesa pode sofrer variações interferindo no crime de injúria. Variação diatópica: variação geográfica. Variação diastrática: variação sociocultural. Variação Diafásica: variação quanto ao modo. Injúria Absoluta: A expressão tem por si mesma e para qualquer um significado ofensivo constante e unívoco. Injúria Relativa: A expressão assume caráter ofensivo se proferida em determinadas circunstâncias ou forma. Consumação: Consuma-se quando o fato chega ao conhecimento da vítima. Atenção! Trata-se de crime formal, consumando-se independentemente do efetivo à dignidade da vítima. Tentativa: Parcelada doutrina entende que o delito de injúria não admite tentativa, nem mesmo na modalidade escrita. Essa corrente ensina que sendo a vítima a titular da ação, inevitavelmente toma o conhecimento do fato para ajuizar a queixa, ficando inviável a tentativa. Outra corrente discorda, entendendo perfeitamente possível a tentativa, citando como exemplo injuriado que morre antes de tomar conhecimento da ofensa. A família da vítima pode ingressar com uma queixa, descrevendo a tentativa de injúria. Exceção da verdade: não é possível. É possível exceção de notoriedade? Não é possível, necessita da presença de fato determinado. Perdão judicial: Art. 140, §1º do CP. Causa extintiva da punibilidade. Inc. I: o ofendido provocou a injúria. Ex: Fulano, depois de agredir com um tapa a filha de Beltrano, é xingado por Beltrano. Conclusão: o juiz perdoa Beltrano, Fulano vai responder por agressão contra a filha de Beltrano. Inc. II: o sujeito injuriado provocou o agressor com outra injúria (injúria respondida com outra injúria). Ex: Fulano depois de xingar Beltrano, é ofendido por este, também com xingamentos. Conclusão: o perdão judicial alcança os comportamentos de Fulano e Beltrano. Art. 140, §2º do CP. Injúria real. Violência ou vias de fato (meio) + injúria (fim buscado pelo agente). “Mais que o corpo, é atingida a alma” (Nelson Hungria). Pena: de 3 meses a 1 ano + pena da violência. A violência justifica a qualificadora. Conclusões: A contravenção penal da vias de fato fica absorvida. Haverá concurso entre a injúria real e a violência. A maioria da doutrina ensina que o concurso é material, por conta do “+”. Art. 140, §3º do CP: Injúria preconceito. Pena: 1 a 3 anos. O crime deixa de ser de menor potencial ofensivo, mas admite suspensão condicional do processo. Cuidado: Não se confunde com racismo. O recismo está previsto na Lei 7.716/89, visa a segregação ou incentivo à segregação e constitui crime inafiançável, imprescritível e de ação penal pública incondicionada. A doutrina está começando a chamar a injúria qualificada de racismo impróprio. Perdão judicial: prevalece que não é cabível, uma vez que o preconceito manifestado não se reveste de simples injúria, tratando-se de violação muito mais séria à honra e a uma das metas do Estado Democrático de Direito. - Crimes contra a honra na legislação extravagante: Lei de Empresa: não foi recepcionada pela CF. Hoje aplicamos o CP. Código Eleitoral: os crimes contra a honra são perseguidos por ação penal pública incondicionada. Código Penal Militar Lei de Segurança Nacional: crime contra a honra do Presidente por perseguição política. Estatuto do Idoso - Disposições comuns dos crimes contra a honra: Art. 141 do CP – Majorantes de pena: Anuncia causa de aumento de pena. A majorante incide em qualquer um dos crimes contra a honra. Cuidado! Calúnia majorada pelo Art. 141 deixa de ser de menor potencial ofensivo. Inc. I: Macular a honra do presidente da república é macular, indiretamente, a honra de todos os cidadãos. Se tiver motivação política, passa a ser crime contra a segurança nacional. Ofender a honra de Chefe de governo estrangeiro pode periclitar relações diplomáticas celebradas pelo Brasil. A causa de aumento abrange Chefe de Estado estrangeiro. Nesses casos, a ação penal é pública condicionada à requisição do Min. da Justiça. Inc. II: Entende-se que a ofensa, no caso, também prejudica o andamento da vida funcional da administração. Somente incide a causa de aumento se a ofensa for dirigida contra o funcionário, em razão de função. Atenção! Não podemos confundir crime contra a honra de funcionário público e o delito de desacato. Crime contra a honra Desacato - É praticado na ausência do servidor. - O crime é de ação pena pública condicionada à representação do servidor. - É praticado na presença do servidor. - O servidor está no local vendo ou ouvindo a ofensa. Inc. III: pressupõe pelo menos 3 pessoas. Não se computa o número mínimo de 3 o autor, partícipe e pessoas que não compreendem caráter desonroso da comunicação. Conclusão: se o agente ofende vários indivíduos, cada um será terceiro em relação à ofensa aos demais, incidindo a causa de aumento. “Por meio de que facilite a divulgação” abrange as ofensas por meio da imprensa. Inc. IV: maiores de 60 anos e portadores de deficiência, exceto a injúria. Parágrafo único: trata-se da ofensa mercenária, praticada por motivo vil e torpe. Art. 142 do CP – Exclusão do crime: não exclui calúnia, só injúria e difamação. Natureza jurídica: causa de exclusão do elemento subjetivo do crime (dolo). Não há a intenção deliberada de ofender a honra. Inc. I: Imunidade judiciária. A imunidade alcança a parte (qualquer dos sujeitos da relação processual) ou seu procurador (quem tem procuração para defender os interesses da parte em juízo). O advogado tem imunidade prevista no Art. 7, §2º do Estatuto da OAB. O MP tem imunidade prevista no Art. 41, V da Lei. 8.625/93. A Defensoria pública tem imunidade prevista na LONDP. O juiz pode alegar em seu benefício o Art. 23, III do CP. Atenção! Prevalece que a imunidade é relativa, desaparecendo quando inequívoca a intenção de ofender. Inc. II: Imunidade literária, artística ou científica: Animus Criticandi. Atenção! A imunidade é relativa. Inc. III: Imunidade funcional. É um caso especial de estrito cumprimento do dever legal, segundo Damásio. Ausência de dolo, de acordo com Fragoso. Atenção! De acordo com a maioria, trata-se de imunidade relativa. Art. 143 do CP - Retratação do agente: Causa extintiva da punibilidade (circunstância subjetiva e incomunicável) não alcança a injúria. Só na calúnia e na difamação. Retratação significa confessar + retirar o que disse. Trata-se de ato unilateral dispensando a concordância da vítima até o julgamento de 1º instância. Art. 144 do CP – Pedido de explicações um juízo: existe no caso de imputações com duplo sentido. Trata-se de medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos empregados, não se mostra evidente a intenção de ofender. Atenção! De acordo com a maioria, o procedimento é o das justificações avulsas (Art. 861 a 866 do CPC). Art. 145 do CP – Ação penal: a regra anuncia que a ação penal é de iniciativa privada. Exceções: crime contra a honra do Presidente da República ou Chefe de governo estrangeiro (ação penal pública condicionada à requisição do ministro da justiça); crime contra a honra de servidor público, relacionado ao exercício da função (ação penal pública condicionada à representação); injúria real com violência resultando lesão corporal (ação penal pública incondicionada); injúria preconceito (ação penal pública condicionada à representação da vítima). Atenção! A injuria real com vias de fato permanece na regra. OBS: No caso de crime contra honra de servidor público em razão da sua função, cuidado com a Súm. 714 do STF (direito de opção queixa ou representação), essa repercussão gera repercussão prática. Se optar pela queixa é possível perdão do ofendido, é possível perempção, admite retratação extintiva da punibilidade; porém se optar pela representação, não admite perdão do ofendido, ao cabendo perempção e não se admite retratação do agente como causa extintiva da punibilidade. Feita a opção da representação ocorre a preclusão da outra via (posição do STF). - Art. 154 – A do CP (introduzido pela Lei 12.737/12, Lei Carolina Dieckman). Pena de 3 meses a 1 ano (infração de menor potencial ofensivo). Princípio da Proporcionalidade: Evitar excessos (proibir hipertrofiada punição) e evitar intervenção insuficiente do Estado (imperativo de tutela). Apesar de a sociedade estar cada vez mais inserida no mundo da informática, o Direito Penal não acompanhava. Esta Lei tem um objetivo claro, modernização da legislação criminal. Bem jurídico tutelado: Lembrar do Art. 5º, X da CF. Privacidade individual ou profissional, resguardada (armazenada) em dispositivo informático É um desdobramentológico da garantia constitucional. Sujeito Ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo: qualquer pessoa pode figurar como vítima. Cuidado! O ofendido é, em regra, o proprietário do dispositivo invadido. Pode ser pessoa jurídica ou pessoa física. É possível identificar situações em que a vítima não é proprietário. Ex: um computador compartilhado com várias pessoas com senhas (logoff) diferentes. Conduta: Pune-se a invasão de dispositivo informático alheio mediante violação indevida de mecanismo de segurança ou instalação de vulnerabilidades. Dispositivo informático: qualquer aparelho com capacidade de armazenar e processar automaticamente informações/programas. Ex: notebook, netbook, ipad, iphone, tablet, smartphone etc. Atenção! É indiferente o fato de o dispositivo estar ou não conectado à rede mundial de computadores (intranet ou internet). Forma 1: Invadir dispositivo de informática mediante violação de mecanismos de segurança. Mecanismos de segurança: obstáculos de proteção do dispositivo. Ex: senha, chave de segurança, mecanismos de criptográfica, assinatura digital, etc. A finalidade é obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular do dispositivo. Cuidado! A ausência de dispositivo de segurança ou o seu não acionamento impede a configuração do crime (nesse sentido escreve Bitencourt). Forma 2: Invadir dispositivo informático alheio instalando vulnerabilidades. Vulnerabilidades: espalhar software malicioso no dispositivo. Ex: Bugs, Worms etc. A finalidade é conquistar vantagem ilícita. §1º: Pune quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde instrumentos para violar mecanismo de segurança ou instalar vulnerabilidades. Atenção! O sujeito passivo, nesta modalidade criminosa, é a coletividade. Voluntariedade: Pune-se somente a título de dolo. O tipo penal anuncia finalidades especiais: Na modalidade “violar mecanismo de segurança” é imprescindível o fim especial “obter adulterar ou destruir dados ou informações”. Na modalidade “instalar vulnerabilidades” é imprescindível o fim especial “obter vantagem ilícita”. Na modalidade do §1º o agente deve agir com o intuito de permitir a prática das condutas previstas no caput. *Pergunta da minha prova: Agente invade o computador da vítima para descobrir sua senha e subtrair valores de sua conta bancária. Qual o crime praticado? Comete furto qualificado pela fraude, ficando a invasão absorvida (É O MESMO RACIOCÍNIO DA VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO PARA A SUBTRAÇÃO). Consumação: O crime é formal ou de consumação antecipada. Consuma-se independentemente da realização do resultado naturalístico visado. Ocorrendo o resultado visado, têm-se mero exaurimento. Tentativa: Admite-se a tentativa, o crime é plurissubsistente. Causa de aumento de pena- §2º: aumento de 1/6 a 1/3 se a invasão resulta em prejuízo econômico. Qualificadora - §3º: “Conteúdo de comunicações eletrônicas privadas”, “segredos comerciais ou industriais”, “informações sigilosas assim definidas em lei***” ou “controle remoto não autorizado do dispositivo invadido”. ***Norma penal em branco “Conteúdo de comunicações eletrônicas privadas”: emails. “Segredos comerciais ou industriais”: projetos, fórmulas etc. “Informações sigilosas assim definidas em lei”: norma penal em branco. Atenção! A violação de sigilo bancário ou de instituição financeira caracteriza crime mais grave, previsto no Art. 18 da Lei 7.492/86, punindo com reclusão de 1 a 4 anos. Estamos diante de uma subsidiariedade expressa. É irrelevante na configuração do Art. 154-A, §3º do CP, que se trata se segredo temporário ou condicionado ao advento de determinado fato. “Controle remoro não autorizado do dispositivo invadido”: após a invasão o agente instala um programa para acesso e controle remoto do dispositivo sem autorização da vítima. Conclusão 1: o §3º, se majorado pelo §4º, deixa de ser de menor potencial ofensivo. Conclusão 2: o §4º é majorante exclusiva do §3º. Já o §2º incide nas figuras previstas no caput e §1º. Ação penal: A regra é ação penal pública condicionada à representação da vítima. Exceções: Crime cometido contra administração pública direta ou indireta de qualquer um dos poderes (União, estados, DF e municípios): ação penal pública incondicionada. Crime contra empresas concessionárias de serviço público: ação penal pública incondicionada. De acordo com Guilherme Nucci, sabendo que no Art. 154-A, §1º, a vítima é a coletividade, este delito poderá não ser autonomamente punido, pois o Art. 154-B exige representação da vítima. Crimes contra o patrimônio Atenção! Lembrar do Art. 59 do Estatuto do Índio (pena aumentada em 1/3 – causa de aumento de pena). - Furto – Art. 155 do CP: Pena de 1 a 4 anos (cabe suspensão condicional do processo). Bem jurídico tutelado: 1ºC – propriedade (Nelson Hungria); 2ºC – propriedade + posse (Noronha); 3ºC – propriedade + posse + detenção legítimas (Fragoso). Sujeito ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, salvo o proprietário. A coisa deve ser alheia. *Pergunta de concurso: Qual o crime praticado pelo proprietário que subtrai coisa sua na legítima posse de terceiro? Exercício arbitrário das próprias razões (Arts. 345 e 346 do CP). Atenção! Subtração praticada por funcionário público: se esta subtração é facilitada pela qualidade de funcionário público, configura o Art. 312, §1º do CP (pena de 1 a 12 anos); se foi uma subtração não facilitada pela qualidade de servidor, responderá pelo Art. 155 do CP (1 a 4 anos). - Subtração de condômino, coerdeiro ou sócio: Art. 156 do CP (Furto de coisa comum). OBS 1: Trata-se de infração de menor potencial ofensivo. OBS 2: Ação penal pública condicionada à representação da vítima. Para configurar o Art. 156 o objeto material tem que ser coisa comum aos personagens. Sujeito passivo: crime comum pode ser pessoa física ou jurídica. Conduta: Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. O núcleo do tipo é apoderar-se, que pode ser direto (apreensão manual) ou indireto (por intermédio de terceira pessoa ou animal). Coisa alheia móvel: é o objeto material do crime. Compreende bens economicamente apreciáveis. E as coisas somente de interesse moral ou sentimental? 1ªC – Para Hungria, o relevante interesse moral ou sentimental da coisa pode configurar objeto material de furto. 2ºC – É imprescindível coisa economicamente apreciável. Caso seja subtraída coisa de interesse apenas moral ou sentimental, a dor causada pela ação do agente deve ser resolvida na esfera civil (Nucci). Cuidado! Adotando a 2º corrente, temos jurisprudência no sentido de que a mera subtração de folhas de cheque não é crime, pois o objeto carece de valor econômico. *Pergunta de concurso: o homem pode ser objeto material de furto? O homem não pode ser objeto material de furto, mas será do crime de sequestro ou cárcere privado (Art. 148 do CP). E o cadáver? O cadáver, em regra, também não é objeto material do crime, salvo se pertence a alguém, destacado para finalidade específica. Ex: cadáver que serve à faculdade de medicina para a aula de anatomia. - Remoção de tecido, órgãos ou partes do corpo em desacordo com determinação legal: Lei 9.434/97, Art. 17 – Lei de Transplante de órgãos. Atenção! A coisa deve ser alheia, entende que a coisa de ninguém ou a coisa abandonada não podem ser objeto de furto. E a coisa perdida? Deixa de ser alheia? Não, permanece coisa alheia, porém não se pratica furto, e sim apropriação indébita (Art. 169, II do CP). A coisa perdida permanece alheia, mas a ação do agente não é subtrair, mas apropriar-se, razão pela qual não se configura furto, mas apropriação indébita. E a coisa pública de uso comum? Não é considerada coisa alheia, pois, a todos pertence. Coisa pública de uso público, em regra, não pode ser objeto material de furto, podendo caracterizar dano. Atenção! Se a coisa pública de uso comum é destacada do local de origempara servir economicamente alguém, passa a ser objeto material de furto. Cuidado! A coisa alheia deve ser móvel. O conceito para o Direito Penal não coincide com o do Direito Civil. É aquela capaz de ser apreendida ou transportada de um lugar para o outro sem perder a identidade. - Subtração por ocasião de incêndio, inundação ou naufrágio aparelho destinado a serviço de combate ao perigo: Art. 257 do CP (pena de 2 a 5 anos). Voluntariedade: o crime é punido á título de dolo, vontade consciente de apoderar-se definitivamente da coisa alheia (Animus Furandi). E o caso do furto de uso? É crime? Não, é fato atípico, apresentando os seguintes requisitos: Intenção desde o início de uso momentâneo da coisa. Coisa não consumível pelo uso. Para restituição imediata e integral à vítima. - Furto de uso de veículo: 1ªC – Para Hungria o apoderamento momentâneo de veículo caracteriza o crime quando comprovado o consumo do combustível e do óleo (furto em relação à gasolina e ao óleo). 2ºC – A doutrina moderna entende que quem usa o veículo não quer se apoderar da gasolina, mas é obrigado a gastar o combustível, pois do contrário, o veículo não anda. O veículo é a coisa visada (a gasolina é mero acessório). Consumação e tentativa: Temos 4 correntes. 1ªC – Contrectatio: consuma-se pelo simples contato entre o agente e a coisa visada, dispensando o seu deslocamento. 2ºC – Amotio ou Apprehensio: consuma-se quando a coisa subtraída passa para o poder do agente (a vítima perde a sua disponibilidade), mesmo que num curso espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica (STF e STJ). 3ºC – Ablatio: consuma-se com o apoderamento da coisa, seguido do seu deslocamento para outro lugar. 4ºC – Ilatio: para a consumação, é indispensável que a coisa seja levada ao local desejado pelo agente e lá mantida a salvo. Atenção! Adotada a Teoria da Amotio, é possível furto consumado mesmo que a coisa permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima (desde que o proprietário perca a disponibilidade sobre o bem). - Agente, visando subtrair dinheiro do bolso da calça da vítima, se depara com a algibeira vazia: 1ºC – Foi meramente acidental a inexistência do dinheiro, configurando a tentativa (Hungria). 2ºC – Se a vítima tem dinheiro acondicionado em outro bolso, o bem jurídico correu perigo, caracterizando a tentativa; se a vítima não tem dinheiro alguma naquele momento, crime impossível (Bitencourt). Observação importante: A vigilância constante em estabelecimento, por si só, não torna o crime impossível. Tem quer ser analisado o caso concreto. Repouso noturno – Majorante do §1º: a pena aumenta-se de 1/3. Trata-se de causa de aumento de pena, não é qualificadora. Entende-se “repouso noturno” o período em que, à noite, pessoas se recolhem para descansar. Esse período depende da localidade, vai depender do costume da localidade da infração penal (costume interpretativo). Parcela da doutrina ensina que a incidência da majorante exige que o crime seja praticado no local da moradia (ainda que os moradores não estejam repousando ou estejam ocasionalmente ausentes – STF e STJ). Ex: carro na garagem (majorante) e carro fora da garagem (não incide a majorante). Outra corrente sustenta a incidência da majorante também nos crimes praticados contra estabelecimento comercial (Resp 940245, STJ). Para uma 1º corrente, o §1º só incide na forma simples (posição topográfica). Já para uma 2º corrente, o §1º pode também incidir nas formas qualificadas. Nos concursos mais recentes estão ficando com a 2º corrente. Furto privilegiado ou furto mínimo - §2º do CP: furto privilegiado não se confunde com furto insignificante. Furto privilegiado Furto insignificante - primariedade do agente (não reincidente) - pequeno valor da coisa subtraída (não suplanta 1 salário mínimo). - causa de diminuição de pena ou substituição de pena. - mínima ofensividade da conduta do agente - nenhuma periculosidade social da ação. - reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. - inexpressividade da lesão jurídica provocada. - lesão X capacidade financeira da vitima. - causa de atipicidade material Atenção! O STF e o STJ admitem o furto privilegiado qualificado. Cláusula de equiparação: §3º do CP. Equipara-se À coisa alheia móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico Ex: Térmica, mecânica, radioatividade e genética (caso dos cães com pedigree). Sinal de TV a cabo, Wi-fi, sinal telefônico: 1ºC – a energia se consome, se esgota, diminui, ao passo que “sinal de televisão” não se gasta, não diminui, não podendo ser equiparado a energia (Bitencourt). 2ºC – sinal de TV é forma de energia, podendo ser objeto material de furto (Nucci). Atenção! A 2ª turma do STF decidiu de acordo com a 1º corrente, entendendo que a segunda realiza analogia in malam partem. Cuidado! Não podemos confundir furto de energia com fraude no pagamento da energia consumida. Furto de energia – Art. 155 do CP Fraude no pagamento – Art. 171 do CP - ligação clandestina (“gato”) - não existe autorização para consumir a energia. - alteração no medidor de energia - o agente está autorizado por contrato a consumir a energia. Qualificadoras - §4º do CP: A tendência do STF é não admitir o Princípio da Insignificância no crime qualificado, pois ausente o reduzido grau de reprovabilidade comportamento. - A pena é de 2 a 8 anos (não admite mais suspensão condicional do processo, salvo quando tentado). Rompimento ou destruição de obstáculo: O agente emprega violência contra obstáculo que impede a subtração da coisa. A violência contra a coisa visada não gera qualificadora. É imprescindível que a violência torne o obstáculo imprestável. Logo, a simples remoção de telhas para possibilitar a entrada em casa alheia, não configura esta qualificadora. Subtração violenta: no CP do império, tudo era roubo. Contra o obstáculo: furto qualificado Contra a pessoa: roubo - Destruir vidro do veículo para subtrair objetos existentes no seu interior: 1ªC – por questão de equidade, não incide a qualificadora. Não parece razoável reconhecer como qualificadora o rompimento de vidro para furto de acessórios dentro de carro, sob pena de resultar a quem subtrai o próprio veículo, menor reprovação (5ª turma do STJ, Resp 983291/RS). 2ºC – gera qualificadora (STF – HC 109609). Abuso de confiança: Está presente especial vínculo de lealdade ou fidelidade entre agente e vítima. Pode ser uma relação familiar, de amizade ou de emprego. Atenção! É imprescindível maior facilidade na execução em virtude desse vínculo. Furto com abuso de confiança Apropriação indébita - o agente tem contato com a coisa e não posse. - a vontade de praticar o crime é anterior à posse. - o agente tem posse desvigiada. - a vontade praticar o crime nasce após a posse. Fraude: É o delito mais cobrado em concurso. Furto com fraude Estelionato - A fraude visa diminuir a vigilância e facilitar a subtração - A vontade de alterar a posse é unilateral - A fraude visa fazer com que a vítima incida em erro e entregue a posse desvigiada da coisa espontaneamente. - A vontade de alterar a posse é bilateral, vítima concorda. Ex 1: agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar o caixa eletrônico, apodera-se de seu cartão magnético, trocando-o por outro (furto mediante fraude). Ex 2: agente que simula interesse na compra de veículo, com pretexto de prestá-lo apossando-se do bem e saindo em fuga (furto mediante fraude). Ex 3: agente que coloca produto de maior valor em embalagem de produto de menor valor, enganando a funcionária no caixa (furto mediante fraude). Cuidado! Não confundir com a troca de preços do produto (estelionato). Ex 4: subtração de valores em contas por meio de fraude o sistema de segurança bancário (furto mediante fraude). Escalada: uso de via anormal para ingressar no local em que se encontra a coisa visada. Não implica necessariamente subida.Cuidado! Exige-se que a escalada seja fruto de um esforço fora do comum. Destreza: Peculiar habilidade física ou manual permitindo o agente praticar o crime sem que a vítima perceba. Permanece a qualificadora mesmo que terceiros percebam a ação do agente. Atenção! a jurisprudência exige, para a aplicação desta qualificadora que a vítima traga o bem junto ao corpo. OBS: existe importante discussão sobre natureza da “trombada” agente x vítima: 1ºC – Esse “encontrão” caracteriza a destreza. 2ºC – esse “encontrão” caracteriza violência, configurando roubo. Chave falsa: é todo instrumento com ou sem formato de chave destinado a abrir fechaduras. Ex: grampo, chave mixa, arames etc. Chave verdadeira obtida fraudulentamente: 1ªC – configura; 2ºC – não configura. A ligação direta não se equipara com chave falsa. Concurso de pessoas: Prevalece que o partícipe deve ser computado (partícipe é uma forma de concurso de pessoas). De acordo com a maioria, inimputáveis ou eventuais agentes não identificados são computados. E se o crime foi praticado por quadrilha ou bando? De acordo com a maioria, não incide, evitando-se bis in idem. Atenção, o STF admite roubo majorado pelo concurso de agentes + quadrilha ou bando. Atenção! o concurso de pessoas é qualificadora no furto e causa de aumento de roubo. Art. 155 Art. 157 - Pena: 1 a 4 anos com o concurso de pessoas a pena dobra (2 a 8 anos). - Pena 4 a 10 anos com o concurso de pessoas é aumentada até a metade (6 a 15 anos). O STJ proibiu aplicar, no furto qualificado pelo concurso de agentes, a majorante do roubo (Súm. 442). Furto qualificado - §5º: Subtração de veículo automotor que venha a ser transportado de um estado para outro (e o DF? Abrange). Subtração + transporte para outro estado/país. Pena 3 a 8 anos. Para incidir a qualificadora, não basta subtrair com a intenção de transportar o veículo para outro estado ou país. É imprescindível que o veículo ultrapassa os limites do estado ou fronteira do país (crime material). O tipo qualificado refere-se a veículo automotor, não abrangendo embarcação ou aeronave. *Problema: Fulano subtraiu um veículo. No dia seguinte, buscando levá-lo para outro estado, é parado numa blitz próximo do limite entre os estados sendo preso. Qual o delito praticado? Furto simples consumado. Atenção! Adotada a Teoria da Amotio, parece inviável a tentativa nesta forma qualificada do crime. - Coexistência de qualificadoras: Ex: fulano e beltrano subtraem um veículo e transportam para outro país. Concurso de agentes + transporte para outro país. Aplica-se a mais grave, o juiz deve considerar o concurso de pessoas como circunstância judicial desfavorável. - Roubo - Art. 157 do CP: Pena (4 a 10 anos – infração de grande potencial ofensivo). É um crime complexo, pois é uma unidade jurídica que nasce da fusão do furto (patrimônio) + constrangimento ilegal (liberdade individual). Não se admite o Princípio da Insignificância. Sujeito ativo: crime comum. Atenção! o proprietário da coisa não pode figurar como sujeito ativo (pode praticar eventualmente exercício arbitrário das próprias razões). Sujeito passivo: proprietário, possuidor da coisa bem como a pessoa objeto da violência ou grave ameaça. Conduta: O art. 157, caput, traz o chamado roubo próprio e o §1º o roubo impróprio. Roubo próprio Atos antecedentes Ato subsequente - Grave ameaça: Intimidação OBS 1: a simulação de uso de arma de fogo configura grave ameaça. OBS 2: superioridade numérica de agentes não configura grave ameaça. Configura furto qualificado. - Violência física: emprego de força - Emprego de outro meio que reduz a capacidade de oposição. Aqui temos a violência imprópria ou equiparada. Ex: uso de psicotrópico. - Subtração Roubo impróprio: Ato antecedente Ato Subsequente - Subtração - Atenção! É imprescindível prévio apoderamento da coisa. - Grave ameaça - Violência física OBS 1: não existe possibilidade de praticar o crime com violência equiparada. Só existe no roubo próprio OBS 2: a violência moral ou física deve ser empregada para assegurar a impunidade de crime ou a detenção da coisa. Caso 1: Fulano ameaçando Beltrano de morte subtrai sua motocicleta. Praticou roubo próprio. Caso 2: Fulano entrou na casa de Beltrano para subtrair sua televisão. Quando deixava o imóvel com o aparelho, foi surpreendido por Beltrano. Fulano agrediu Beltrano para assegurar a detenção da coisa. Praticou roubo impróprio. Caso 3: Fulano entrou na casa de Beltrano para subtrair sua televisão. No entanto, antes de se apoderar do objeto visado, foi surpreendido pelo dono do imóvel. Fulano emprega violência para assegurar a sua fuga, provocando em Beltrano lesões graves. Tentativa de furto mais lesão corporal grave. - Atenção! A jurisprudência não admite o Princípio da Insignificância no crime de roubo (próprio oi impróprio). - Discute-se a possibilidade do arrependimento posterior (Art. 16 do CP) no roubo próprio cometido com violência equiparada. 1ºC: a violência equiparada não impede arrependimento posterior. 2ºC: a violência equiparada não deixa de ser espécie de violência, não admitindo o benefício. Voluntariedade: Caput: dolo + fim especial (finalidade de obter a coisa para si ou para outrem) §1º: dolo + fim especial (assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro) *Pergunta de concurso: É possível roubo de uso? De acordo com a maioria, não se admite roubo de uso. Para Defensoria Pública, furto de uso deve ser punido com constrangimento ilegal. Consumação/Tentativa: Caput: consuma-se com a subtração mediante violência ou grave ameaça, dispensando posse mansa e pacífica. Adota-se a Teoria da Amotio. Admite tentativa. Emprega-se violência ou grave ameaça e não consegue se apoderar da coisa. Atenção! Apesar de adotar a Teoria da Amotio, o STF no HC 107593/SP decidiu configurar roubo tentado a conduta do agente monitorada pela polícia, obstando a possibilidade de fuga. §1º: consuma-se com a subtração seguida da violência ou grave ameaça. Admite tentativa? A doutrina é divergente. 1ºC: admite a tentativa quando, por exemplo, o agente, após apoderar-se do bem, tenta empregar violência, mas não consegue. 2ºC: não admite tentativa, pois ou a violência é empregada e têm-se a consumação do roubo, ou não é empregada e o que se tem é crime de furto. §2º - Roubo majorado: Não se trata de qualificadora, mas de causas de aumento de pena. O aumento aplica-se para o roubo próprio e impróprio. Inc. I – Violência ou ameaça exercida com o emprego de arma: para Bitencourt é necessário o emprego efetivo da arma, sendo insuficiente o simples “portar”. Para Luiz Regis Prado (seguido pela maioria) é suficiente o porte ostensivo, de modo que ameace a vítima. “Arma”: gera indisfarçável controvérsia. 1ºC: toma a expressão “arma” no sentido restrito, abrangendo instrumentos fabricados com finalidade bélica. 2ºC: toma a expressão no sentido amplo, abrangendo instrumentos com ou sem finalidade bélica, porém capazes de servir ao ataque. É possível, em casos excepcionais a interpretação extensiva contra o réu, o que não é possível é a analogia. Arma de brinquedo: Antes de 2001 e depois: Antes: Súm. 174 do STJ (A intimidação com arma de brinquedo autoriza o aumento). O STJ cancelou a súmula em 2001, ou seja, arma de brinquedo não autoriza o aumento (não tem potencialidade lesiva). Antes o que importava era sua capacidade de intimidação, depois mudou para a capacidade lesiva. *Pergunta de concurso: E a arma verdadeira desmuniciada? A arma verdadeira tem a capacidade de intimidação, mas é tão inofensiva quanto uma arma de brinquedo. 1ªC: deve ser tratada como arma de brinquedo, não gerando aumento. 2ºC: sendo relativamente ofensiva, gera aumento. - A arma utilizada no crime precisa ser apreendida e periciada? Antes do cancelamento da sumula 174 o que importava era a capacidade de intimidação, com o cancelamento, o que importa é a potencialidade lesiva.1ºC: para aferir a potencialidade lesiva, é imprescindível a apreensão e perícia na arma. 2ºC: é dispensável a apreensão da arma, podendo ficar demonstrada sua utilização por outros meios de prova. OBS: O STF tem admitido concurso material entre roubo majorado com o emprego de arma e quadrilha armada sem reconhecer bis in idem. Defende que os tipos são autônomos, protegendo bens jurídicos distintos. Inc. II – Concurso de duas ou mais pessoas: devem ser computados os inimputáveis e os partícipes. Cuidado: o STF admite a majorante coexistir com o crime de quadrilha ou bando, pelo mesmo motivo do inciso anterior (bens jurídicos distintos). Inc. III – Vítima em serviço de transporte de valores: vítima presta serviço a outrem, e não a si próprio. “Valores”: a expressão deve ser tomada no seu sentido amplo, não somente valores das casas bancárias. Inc. V: restrição da liberdade da vítima: o aumento de pena varia de 1/3 até ½. 1ºC: o aumento de pena é diretamente proporcional ao número de circunstâncias majorantes. O juiz conta as circunstâncias, não valora. 2ºC: o aumento deve ser analisado caso a caso, não bastando a mera indicação do número de majorantes. O juiz valora, não conta as majorantes. Súm. 443 do STJ Roubo majorado pela restrição de liberdade Roubo com sequestro ou cárcere privado - Privação necessária para o sucesso da empreitada. - Privação desnecessária. §3º - Roubo qualificado: Lembrando! A finalidade do agente é atacar o patrimônio da vítima. Se da violência resulta lesão grave ou morte OBS 1: Somente o §3º, in fine, é considerado crime hediondo. OBS 2: Os resultados lesão grave e morte podem decorrer de dolo ou culpa. A qualificadora pode ser dolosa ou preterdolosa. OBS 3: A lei exige que os resultados qualificadores sejam antecedidos por violência, não abrangendo a grave ameaça. OBS 4: a violência deve ser empregada durante o assalto e em razão do assalto. É imprescindível o fator tempo e o fator nexo. Caso: Fulano, dias depois de assaltar um posto de gasolina, percebe que foi reconhecido por um frentista. Buscando assegurar sua impunidade, Fulano mata o frentista. Atenção! a violência empregada por Fulano tem nexo com o assalto, mas não foi cometida durante o assalto. Fulano praticou roubo em concurso material com homicídio qualificado. OBS 5: O §3º não sofre a incidência das majorantes do §2º, porém nada impede o juiz de considerá-las na fixação da pena base. Latrocínio: crime contra o patrimônio (fim) qualificado pela morte (meio). Súm. 603 do STF. A competência é do juiz singular e não do Júri. Se a intenção inicial era a morte, resolvendo subtrair patrimônio após matar a vítima. Homicídio em concurso com furto. Assaltante que mata o outro para ficar com o proveito do crime. Roubo + homicídio qualificado (Art. 121, §2º, I e V). Assaltante que por erro na execução, mata comparsa é latrocínio. Art. 73 do CP Consumação: É um crime complexo Subtração Morte Latrocínio - Consumada - Consumado - Consumado - Tentada - Tentada - Tentado - Consumada *** - Tentado - Tentado ***OBS: Temos decisão do STF no sentido de que o caso caracteriza roubo consumado em concurso com tentativa de homicídio qualificado. - Tentada - Consumada - Consumada (Súmula 610 do STF)** **OBS: Rogério Greco ensina que a Súm. 610 do STF ignora o conceito de crime consumado trazido pelo Art. 14, I do CP. Importante! O que importa para o latrocínio ser tentado ou consumado é a morte. Pluralidade de morte numa só subtração: 1ªC – Não desnatura a unidade do crime, o juiz considera na fixação da pena (Bitencourt). 2ºC – neste caso têm-se o concurso formal impróprio (MPSP e STJ – Resp 1.164953/MT). - Extorsão - Art. 158 do CP: Constrangimento (Art. 146 do CP)+ fim econômico (indevida vantagem econômica). Sujeito ativo: crime comum. Atenção! Se funcionário público, pode configurar o crime de concussão (Art. 316 do CP). Sujeito passivo: o mesmo do roubo. E a pessoa jurídica? Pode sim ser vítima de extorsão. Conduta: Não podemos confundir com roubo com extorsão. Roubo Extorsão - O ladrão subtrai - A vantagem visada é imediata. - A colaboração da vítima é dispensável - O extorsionário faz com que se lhe entregue - A vantagem visada é mediata. - A colaboração da vítima é indispensável. OBS 1: Não é possível continuidade delitiva entre roubo e extorsão OBS 2: Nada impede o concurso material entre as duas infrações. Ex: o agente que, após roubar o carro da vítima, a obriga a entregar o cartão do banco com a senha. Voluntariedade: o crime é punido a título de dolo + fim especial (obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica). E se a vantagem foi devida? exercício arbitrário das próprias razões. Consumação/tentativa: Consuma-se com a exigência constrangedora, dispensando a obtenção da vantagem visada. Crime formal ou de consumação antecipada. Admite a tentativa (delito plurissubsistente). Atenção! De acordo com o STJ, ocorre também a tentativa de extorsão quando a vítima não se intimida. Causas de aumento de pena e qualificadoras: §1º, 1º parte Art. 157, §2º, II Art. 158, §1º, 1ª parte - A pena aumenta-se quando presente o concurso de duas ou mais pessoas - Abrange o partícipe - A pena aumenta-se quando o crime é cometido (executado) por duas ou mais pessoas. - Não abrange partícipes §1º, 2º parte: as majorantes do roubo se encaixam perfeitamente aqui. Restrição da liberdade da vítima: Majora a pena do roubo: Art. 157, §2º, V. Qualifica a extorsão: §3º. Antes era mera circunstância judicial desfavorável, estamos diante de uma lei irretroativa. Resultado lesão grave/morte: No roubo é qualificadora: Art. 157, §3º Na extorsão é qualificadora: §2º e §3º (lesão grave ou morte + quando houver a restrição da liberdade da vítima). 1ª situação: Fulano, mediante violência, subtrai o carro da vítima e, em razão da violência, acaba matando o proprietário do veículo. Roubo qualificado pela morte, crime hediondo. 2º situação: Fulano, mediante violência, obriga a vítima a revelar a senha bancária. Em razão da violência, o correntista morre. Extorsão qualificada pela morte (Art. 158, §2º), crime hediondo. 3º situação: Fulano, mediante violência e restrição da liberdade da vítima obriga o ofendido a revelar a senha bancaria. Em razão da violência, o correntista morre. Extorsão qualificada (Art. 158, §3º). É hediondo? 1ªC – Sabendo que o critério utilizado para se definir o crime hediondo é o enumerativo (sistema legal), só pode ser considerado hediondo aquilo que assim está previsto na Lei 8.072/90. Aqui entende que não é hediondo. 2ºC – o que fez o legislador ao criar o §3º foi especificar uma das várias formas do delito de extorsão, ele não criou delito novo. A Extorsão + restrição da liberdade + morte já era crime hediondo e permanece com esse status. O §3º é um desdobramento do §2º (interpretação teleológica). Ex: Art. 258 e 159 do CP. - Extorsão mediante sequestro: Art. 159 do CP. É uma extorsão qualificada pela privação da liberdade da vítima, e não restrição. Atenção! não confundir Art. 158, §3º com Art. 159. Art. 158, §3º Art. 159 - Restrição de liberdade - Privação da liberdade - É crime hediondo, não importando se simples ou qualificado. Sujeito ativo: qualquer pessoa, crime comum. De acordo com a jurisprudência, concorre para o crime quem, na divisão de tarefas, providencia alimentos para o sequestrado, ou quem aluga chácara para servir de cativeiro. Sujeito passivo: qualquer pessoa, crime comum. Pessoa jurídica pode figurar como vítima, lembrando o exemplo do sequestro do sócio, mas quem paga o resgate é a empresa da qual ele é coproprietário. Qual crime pratica agente que sequestra animal e exige resgate para devolvê-lo? Pratica extorsão, Art. 158 do CP. Conduta: sequestrar pessoa. Abrange sequestro e cárcere privado. Sequestro: privação de liberdade sem confinamento da vítima. Fica privado de sua liberdadeem uma fazendo, num sítio etc. Cárcere privado: privação da liberdade com confinamento da vítima. Fica num cômodo, por exemplo. Cuidado! Dispensa a remoção da vítima para outro local. Voluntariedade: dolo + fim especial (obter para si ou para outrem qualquer vantagem). A vantagem pode ser devida ou indevida. De acordo com a doutrina: A vantagem deve ser econômica, pois consiste num crime contra o patrimônio. A vantagem deve ser indevida, pois do contrário configura exercício arbitrário das próprias razões + sequestro ou cárcere privado. Consumação: consuma-se com a privação da liberdade da vítima. Dispensa a obtenção da indevida vantagem. Crime formal. Cuidado! Trata-se de crime permanente. Art. 159, §1º do CP – Qualificadoras: Sequestro com duração de mais de 24 horas: privação da liberdade da vítima. Vítima menor de 18 anos: analisa-se a idade da vítima no começo da privação, e não no final. O agente deve conhecer esta circunstância, para não gerar responsabilidade objetiva. Vítima maior de 60 anos: analisa-se a idade da vítima no final da privação. O agente deve também conhecer dessa circunstância para evitar responsabilidade objetiva. Se o crime é praticado por quadrilha ou bando: Não incide o Art. 288 do CP, evitando-se Bis in idem. Art. 159, §2º e §3º do CP – Qualificadora da lesão grave ou morte: Esses resultados podem decorrer de dolo ou culpa. O resultado lesão grave ou morte deve atingir o próprio sequestrado? Ou pode atingir terceira pessoa? Prevalece que o resultado de atingir o sequestrado. Atingindo terceira pessoa, haverá o crime de extorsão mediante sequestro em concurso material (ou formal) com o crime contra a pessoa. Art. 159, §4º - Delação premiada: Causa especial de diminuição de pena. É imprescindível preencher requisitos (são cumulativos): Crime cometido em concurso de pessoas. Não exige crime cometido por quadrilha ou bando ou mesmo organização criminosa. Um dos concorrentes “denuncie” (dar conhecimento à autoridade). Facilitando a libertação do sequestrado. A delação deve ser eficaz. Cuidado! A lei não condiciona a concessão do premio a recuperação do resgate. - A redução da pena varia de 1/3 a 2/3. Considera-se a maior ou menor colaboração do delator. - Estelionato - Art. 171 do CP: Pena de 1 a 5 anos (infração pena de médio potencial ofensivo – admite suspensão condicional do processo). Cabe preventiva mesmo para o agente primário. Sujeito ativo: crime comum. Sujeito passivo: crime comum. OBS 1: Qualquer pessoa que sofra a lesão patrimonial ou que seja enganada. OBS 2: A vítima deve ser pessoa capaz. E se incapaz? Art. 173 do CP (abuso de incapaz). A pena aqui será de 2 a 6 anos (não cabe suspensão do processo). OBS 3: A vítima deve ser determinada. E se indeterminada? Fraude contra vítima incerta. Ex 1: adulteração de taxímetro; Ex 2: adulteração do marcador da bomba de combustível; (crime contra a economia popular – Lei 1.521/51, Art. 2º) Ex 3: adulteração de combustível ( Lei 8.176/91, Art. 1º). Conduta: Fraude visando obtenção de indevida vantagem econômica. Elementos estruturais do estelionato: Fraude: Serve para induzir a vítima em erro (o agente quem cria na vítima a falsa percepção da realidade) ou manter a vítima em erro (o agente aproveita-se de engano espontâneo). Instrumentos da fraude: Mediante artifício: uso de objetos aptos a iludir. Ex: uso de disfarces, uso de bilhete premiado. Mediante ardil: É a conversa enganosa. Qualquer outro meio: pode até ser o silêncio. Comum para manter a vítima em erro. O meio escolhido deve ser apto a iludir, para não configurar crime impossível. Vantagem indevida: deve ser necessariamente econômica. Se devida, configura exercício arbitrário das próprias razões. Prejuízo alheio: exige prejuízo alheio. Atenção! Tratando-se de crime sem violência ou sem grave ameaça, admite-se o Princípio da Insignificância. O STF não o admitiu na fraude praticada em detrimento da previdência social. - A fraude bilateral descaracteriza o crime? O agente e a vítima agindo com má-fé. 1ºC – o tipo penal não faz qualquer referência à boa-fé da vítima. Não aparecendo como elementar do tipo, a má-fé da vítima não exclui o crime (STF). 2ºC – fraude bilateral exclui o crime, pois o direito não pode amparar a má-fé da vítima. - Fraude + falsidade documental (estelionato mediante documento falso): 1ºC – o agente deve responder pelo 171 + falsidade documental em concurso material (tipos que protegem bens jurídicos diferentes). É a corrente do STJ, porém, atenção! Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, fica absorvido (Súm. 17 do STJ). Ex 1: O agente, mediante falsificação de uma folha de cheque, engana comerciante, adquirindo produtos. Atenção! O documento falso se exauriu na fraude, ficando absorvido. Aplica-se a Súm. 17 do STJ Ex 2: O agente, mediante cartão de crédito falso, engana comerciante adquirindo produtos. Atenção! O documento falso não se exauriu na fraude, respondendo o agente pelos dois crimes, em concurso material. 2ºC – Responde pelo 171 + falsidade documental em concurso formal (tipo protegendo bens distintos). É a corrente do STF. 3ªC – O crime de falso testemunho absorve o de estelionato quando se tratar de documento público, por que a pena será maior. Voluntariedade: É punido a título de dolo + fim especial (obter indevida vantagem em prejuízo alheio). Consumação: É crime de duplo resultado (vantagem indevida + prejuízo alheio). Tentativa: Admite-se, pois se trata de delito plurissubsistente. O agente, mediante fraude, consegue obter da vítima um título de crédito, sendo preso logo após. Qual crime o agente praticou? 1ºC - Considerando que a obrigação as sumida pela vítima já é um proveito adquirido pelo estelionatário, trata-se de crime consumado. 2ªC – enquanto o título não é convertido em valor material, não há proveito do agente, sendo impedido de convertê-lo em numerário em razão da prisão. Têm-se um crime tentado. §1º do CP – Estelionato privilegiado: Art. 155, §2º: requisitos Primariedade do agente Pequeno valor da coisa Art. 171, §1º: requisitos Primariedade do agente Pequeno valor do prejuízo Figuras equiparadas: Art. 171, §2º, VI do CP: A fraude se bifurca em: Emissão de cheque sem provisão de fundos Frustração de seu pagamento. Ex: Emitir cheque e, sem seguida, encerrar a conta para evitar seu pagamento. OBS: Nas duas hipóteses é imprescindível a má-fé, conforme Súmula 246 do STF. Sujeito ativo: é o emitente do cheque. E o endossante? 1ªC – o endossante não emite o cheque, não podendo figurar como autor, mas somente como partícipe. 2ªC – O endossante pode figurar como autor, pois a expressão “emitir” deve ser tomara no seu sentido amplo, punindo-se a conduta de quem endossa sabendo das características do título. Sujeito passivo: qualquer pessoa. Conduta: a emissão de cheque pós-datado configura crime? Não configura crime, pois tal prática desnatura o cheque, deixando de ser ordem de pagamento à vista, devendo ser tratado com as características da nota promissória. Atenção! se no momento da emissão do cheque pós-datado o agente age com má-fé, temos a fraude, configurando o estelionato do caput. Emitir cheque sem fundo: Lembra a Súmula 554 do STF, que trabalho com a reparação do dano antes do recebimento da inicial, o arrependimento posterior extingue a punibilidade (não se aplicando o Art. 16 do CP). Essa súmula só se refere ao “emitir o cheque sem fundo”. A Súmula 521 do STF e a Súmula 244 do STJ, referem-se à competência que é o local da recusa do pagamento (não o local da fraude, vantagem ou prejuízo). Essas súmulas só se referem a “emitir cheque sem fundo”. Frustrar o pagamento: Apesar de a Súmula 554 do STF não fazer referência ao comportamento de frustrar o pagamento não existe motivo para a emissão. A mesma observação feita em relação à Súmula 554 deve ser aqui repetida. Cuidado! A conduta do agente que falsifica a assinatura de cheque não se enquadra no Art. 171, §2º,VI, mas no caput, não incidindo as Súm. 521 e 554 do STF. - Duas situações: Cheque sem fundo: o agente repara o dano antes do recebimento da inicial. Caracteriza o comportamento do Art. 171, §2º, VI. A reparação do dano gera a extinção da punibilidade (Súm. 554 do STF). Emitir cheque falsificado: o agente repara o dano antes do recebimento da inicial. Caracteriza o Art. 171, caput. A reparação do dano gera arrependimento posterior do Art. 16 do CP. Majorante de pena: Art. 171, §3º do CP. A pena aumenta-se de 1/3 se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficiária. Atenção! Conforme a Súm. 24 do STJ, aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social a qualificadora do §3º. Estelionato previdenciário: Fraude praticada por servidor: crime instantâneo de efeitos permanentes. Fraude praticada pelo próprio beneficiário: crime permanente. Cuidado! A natureza jurídica interfere no momento da consumação, na prisão em flagrante e na aplicação da lei penal no tempo. Súm. 711 do STF - Receptação - Art. 180 o CP: Admite suspensão condicional do processo. O flagrante não pode ser convertido em preventiva para o agente primário. Bem jurídico tutelado: Patrimônio. Noronha ensina que, além do patrimônio, tutela-se a Administração da Justiça. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Crime comum. Não figura como sujeito ativo o concorrente (autor ou partícipe) do crime antecedente. É possível receptação de coisa própria? Não, salvo se estiver na posse legítima de terceiro. Sujeito passivo: A mesma vítima do crime antecedente. Conduta: Receptação própria: Art. 180, caput, 1º parte Receptação imprópria: Art. 180, caput, 2º parte. *Pergunta de concurso: É imprescindível o ajuste entre autor do crime anterior e o receptador? O ajuste é dispensável, lembrando o exemplo do receptador que se apodera de objeto dispensado pelo ladrão em fuga, sabendo tratar-se de produto de crime. *Pergunta de concurso: Toda receptação se da por título injusto? Nem sempre, bastando lembrar do comerciante que vende mercadoria em troca de produto de origem criminosa ou mesmo o advogado que recebe como honorário coisa que sabe ser produto de crime. - Receptação própria e imprópria: Observações comuns Nos dois casos é imprescindível a existência de crime precedente. “Coisa produto de crime” não abrange contravenção penal por ser analogia in malam partem. No tocante ao ato infracional, temos duas correntes: 1ºC – não abrange por ser analogia in malam partem 2ºC – abrange ato infracional, pois é crime praticado por menor infrator. OBS: Este crime não é necessariamente contra o patrimônio, lembrando a doutrina a possibilidade de receptação de coisa produto de peculato, cujo o bem tutelado é a Administração Pública. Discute-se na doutrina se é possível a receptação de coisa móvel. 1ªC – a lei não restringe o objeto material, podendo ser coisa móvel ou imóvel. 2ºC – O crime de receptação pressupõe deslocamento do objeto material, só podendo ser coisa móvel. STH HC 57710/SP OBS: Não importa que a coisa seja genuína, alterada, transformada, o crime de receptação persiste. Voluntariedade: A conduta é punida a título de dolo. Abrange o dolo eventual? Lembrando-se da expressão “coisa que sabe ser produto de crime”, temos duas correntes: 1ªC – essa expressão abrange o dolo direto e o dolo eventual 2ºC – essa expressão abrange somente o dolo direto, e não o eventual. - Diferença entre Receptação (Art. 180 do CP) e Favorecimento Real (Art. 349 do CP): Ex: Fulano oculta carro subtraído por Beltrano. Receptação: se Fulano ocultou para si ou para outrem (pessoa diversa do autor do crime antecedente) temos o crime de receptação. Favorecimento real: Fulano ocultou para auxiliar Beltrano, temos favorecimento real. Consumação: Receptação própria: Consuma-se com a prática de qualquer dos núcleos. Tem núcleos indicando crime permanente, como “transportar, conduzir e ocultar”. Admite a tentativa. Receptação imprópria: Consuma-se com o ato de influir terceiro de boa-fé. A maioria da doutrina não admite a tentativa. OBS: O STJ reconheceu atípica a receptação de folhas de cheque por não possuir valor econômico intrínseco. STJ HC 154.336/DF Receptação Qualificada: Art. 180, §1º do CP. Não admite suspensão condicional do processo, é possível a conversão do flagrante em preventiva, mesmo para ao gente primário. Sujeito ativo: pessoa na atividade comercial ou industrial. Abrange o comerciante de fato e o irregular? Sim, conforme o §2º desse crime é uma figura equiparada. Sujeito passivo: o mesmo do crime antecedente. Conduta: receptação no exercício de atividade comercial ou industrial. Atenção! para configurar receptação qualificada é imprescindível nexo entre a coisa receptada e a atividade desempenhada pelo receptador. Voluntariedade: Punido a título de dolo. Abrange dolo direto e eventual. Receptação culposa: Art. 180, §3º do CP. Infração de menor potencial ofensivo. Conduta: O tipo pune três condutas negligentes: Coisa que por sua natureza. Ex: drogas Pela desproporção entre o valor e o preço. Ex: relógio de ouro roubado Pela condição de que oferece: Ex: feira do rolo. Benefícios para a receptação culposa: Perdão judicial: não importa o valor da coisa Primariedade do agente Culpa levíssima Benefícios para a receptação dolosa: Privilégio: também abrange a receptação qualificada Primariedade do agente Pequeno valor da coisa Majorante de pena: Art. 180, §6º do CP Só incide no caput e não no §1º do Art. 180 O §6º não se refere ao Distrito Federal O STF entendeu que o aumento persiste se a receptação ocorrer sobre bens de Empresas Públicas. STF HC 105.452/RS - Crimes contra o patrimônio: disposições gerais. Art. 181 do CP Escusa absoluta - Imunidade patrimonial absoluta: 1ªC - extinção da punibilidade; 2ºC – exclusão da punibilidade. Hipóteses: crime cometido em prejuízo do: Cônjuge: Abrange separação de fato e união estável homoafetiva. Ascendente ou descendente: Não abrange o irmão, demais colaterais e afins. Escusa relativa (Art. 182 do CP): transforma a ação penal pública incondicionada (regra) em condicionada à representação. Hipóteses: crime cometido em prejuízo de: Cônjuge separado judicialmente Irmão Tio ou sobrinho com quem o agente coabita. Aqui é imprescindível a coabitação, o crime não precisa ocorrer no local da coabitação. Inaplicabilidade das escusas: (Art. 183 do CP): Roubo, extorsão ou crime cometido com violência ou grave ameaça. Estranho que participa do crime. Vítima idosa, com idade igual ou superior a 60 anos. OBS: Aplica-se a escusa na violência patrimonial contra a mulher no ambiente doméstico familiar. Lembrar do Art. do 7, IV da Lei 11.340/06 Crimes contra a dignidade sexual - Cuidado com o Art. 111, V da Lei 12.650/12 - O Dec. 7.958/13 estabelece diretrizes para o atendimento à vítimas de violência sexual por profissionais de segurança pública e saúde. - O Art. 59 do Estatuto do Índio majora a pena no caso de índio não integrado ser vítima deste tipo de crime. - Art. 213 do CP - Crime com violência: Física ou moral Antes da Lei 12.015/09 – Art. 213 do CP: Estupro (Constranger à conjunção carnal, era um crime bipróprio. Sujeito ativo o homem e o passivo a mulher). Art. 214 do CP: Atentado violento ao pudor. Depois da Lei 12.015/09 – Art. 213 do CP: Os dois tipos se unificaram, sendo somente estupro (constranger à conjunção carnal e atos libidinosos = atos de libidinagem). Cuidado! Não houve Abolitio Criminis do Art. 214 do CP, mas o Princípio da Continuidade normativo-típico (migração do conteúdo típico). - No CPPM o estupro não é hediondo por falta de previsão legal, porém, o do CP será sempre hediondo. Sujeito Ativo: Conjunção carnal: crime comum apesar da divisão Homem com vítima mulher Mulher com vitima homem Atos libidinosos: Homem com vítimahomem ou mulher Mulher com vítima homem ou mulher Sujeito Passivo: Homem ou mulher. OBS1: Prostituta pode ser vítima de estupro OBS2: Marido pode estuprar a esposa. É um exercício irregular de direito. Art. 226, II do CP e Art. 7º, III da Lei Maria da Penha. Conduta: Constrangimento + atos de libidinagem. O constrangimento pode ser com violência ou grave ameaça. Os atos de libidinagem podem ser por meio de conjunção carnal ou atos libidinosos. Constrangimento: Violência física: emprego efetivo de força física Grave ameaça: coação moral. Cuidado! A ameaça tem que ser grave, simples ameaça não caracteriza estupro. Ex: temor reverencial. Apesar de haver doutrina ensinando que a grave ameaça se extrai da comparação com o homem médio, a doutrina moderna discorda , preferindo analisar as circunstâncias do caso concreto, bem como as condições da vítima real. Atos de libidinagem: Conjunção carnal: Atos libidinosos diversos da conjunção carnal: sexo oral, anal, etc. A interpretação aqui tem que ser cautelosa, justa, para não gerar hipertrofia. Deve abranger somente os atos que violam o bem jurídico (dignidade sexual) da mesma forma que a conjunção carnal. *Pergunta de concurso: o crime de estupro exige contato físico entre os agentes? 1ºC – O contato físico é indispensável, podendo, configurar outro crime (tese do MP/SP). 2ºC – O contato físico é dispensável (TJ/SP). Ex: Obrigar a vítima a masturbar-se. Voluntariedade: É punido a título de dolo, não exigindo finalidade específica. 1ªC – sem finalidade especial (Capez). 2ºC – há fim especial, que seria a conjunção carnal ou outro ato libidinoso, o dolo seria o “constranger” (Mirabete). 3ºC – Dolo mais fim especial, sendo este satisfazer a lascívia (jurisprudência minoritária). Consumação: Consuma-se com a prática efetiva do ato de libidinagem buscado pelo agente. Crime material. Tentativa: É perfeitamente possível. Crime plurissubsistente. *Pergunta de concurso: A prática de conjunção carnal seguida de atos libidinosos (sexo anal, por exemplo), gera pluralidade de crimes? 1ªC – Se praticados os atos no mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime (levará em conta no mesmo contexto fático). Atenção! Havendo identidade de contexto fático haverá concurso de crimes, podendo configurar continuidade delitiva (STJ). 2ºC – ainda que praticados no mesmo contexto fático, para gerar crime único, é indispensável nexo entre os comportamentos. Atenção! Faltando nexo, haverá concurso de crimes (não pode ser a continuidade delitiva, pois ausente a mesma forma de execução). Qualificadoras: Vítima menor de 18 anos, porém, maior de 14: Antes da Lei 12.015/09 era circunstância judicial desfavorável, após a vigência da Lei, configura qualificadora (pena de 8 a 12 anos), portanto, uma norma irretroativa. Dica!!! Se o problema na prova trouxer datas, ficar atento para: prescrição e decadência, sucessão de leis penais no tempo e tempestividade de recurso. Se do estupro resulta lesão grave: Antes da Lei 12.015/09 não abrangia a grave ameaça (“se da violência resulta”). Após a Lei estabelece “se dá conduta”, agora, abrangendo a grave ameaça. Se do estupro resulta morte: Antes da Lei, abrangia não apenas violência ou grave ameaça, mas um possível atropelo também. Depois da Lei, restringiu o alcance da qualificadora, estabelecendo que “se da conduta resulta morte”, abrangendo somente violência e grave ameaça. Cuidado! Os resultados lesão grave e morte são culposos. Se dolosos, não responde pela qualificadora, responderá por concurso de crimes, indo à Júri popular. - Crime com fraude: Antes da Lei 12.015/09 o Art. 215 do CP punia a posse sexual mediante fraude. O agente ativo era o homem e o passivo a mulher. O Art. 216 do CP punia o atentado ao pudor mediante fraude. Depois da Lei reuniu o 215 e o 216 em um só tipo penal, vindo a ser chamado de “Violação sexual mediante fraude”, abrangendo tanto a conjunção carnal quanto os atos libidinosos. Atenção! Não houve Abolitio criminis no Art. 216 do CP, mas Princípio da Continuidade normativo-típica. Cuidado! O 215 não é crime hediondo, se quer equiparado. Sujeito ativo: Conjunção carnal: Agente homem, a vítima deve ser mulher Agente mulher, vítima necessariamente homem Atos libidinosos: Sujeito ativo homem, a vítima pode ser homem ou mulher Sujeito ativo mulher, a vítima pode ser mulher ou homem Sujeito passivo: Homem ou mulher. OBS1: O tipo não exige condição especial da vítima. Art. 226 do CP OBS2: Prostituta pode ser vítima de violação sexual mediante fraude. Conduta: Estelionato sexual. Atos de libidinagem + fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Fraude: engodo, artifício. Ex: baile de máscaras, gêmeos etc Outro meio que dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: meio de execução introduzido pela Lei 12.015/09. Vícios da vontade: simulação () e coação (pode se dar mediante grave – estupro - ameaça ou simples ameaça – temos reverencial). A fraude utilizada na execução do crime não pode anular a capacidade de resistência da vítima, caso em que estará caracterizado o crime de estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP). Voluntariedade: punido a título de dolo. Atenção! se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, incide pena de multa (Art. 215, §único do CP). Consumação: consuma-se com a prática do ato de libidinagem Tentativa: perfeitamente possível - Crime contra vulnerável: O “vulnerável” antes da Lei não era crime, mas presunção de violência (não maior de 14 anos, pessoa portadora de deficiência mental e pessoa sem capacidade de resistência). Depois da Lei passou a ser crime autônomo de execução livre, sendo “vulnerável” (pessoa portadora de deficiência mental, pessoa com capacidade de resistência reduzida e pessoa menor de 14 anos). Caso: Estupro de uma jovem com 13 anos Antes da Lei 12.015/09: Se houve violência real (Art.213 do CP) + Art. 9º da Lei 9.072. Atenção! O Art. 224 do CPC não servia para presumir violência, pois já houve violência real, e não presunção. Servia apenas para gerar o aumento do Art. 9º da 8.072. A pena aqui, que era de 6 a 10, seria aumentada da metade (9 a 15 anos). Sem violência real (Art. 213 c/c 224 do CP). Atenção! Não incide o Art. 9º da Lei 8.072/90 para evitar Bis in Idem. A pena neste caso seria de 6 a 10 anos. Depois da Lei: Havendo ou não violência incide o Art. 217-A do CP, com pena de 8 a 15 anos. Atenção! Revoga-se o Art. 224 do CP e tacitamente o Art. 9º da 8.072. Com violência real: retroage/ Sem violência real: não retroage. Vulnerabilidade: Absoluta ou relativa? Fulano com 19 anos, mantém conjunção carnal consentida com jovem de 13 anos. Houve estupro? 1ªC – vulnerabilidade absoluta (houve estupro de vulnerável). 2ºC – A vulnerabilidade é relativa (inverte o ônus da prova) em se tratando de adolescente (13 e 12 anos), sendo absoluta no caso de vítima criança (11, 10,9...). Segundo esta corrente, não haverá estupro se o agente comprovar que a vítima tinha capacidade de consentir. Cuidado! O Art. 217-A é crime hediondo. No entanto, antes da Lei 12.015/09, o STJ pacificou o entendimento de que o crime sexual só era hediondo quando praticado por violência real. Se praticado com violência presumida, era estupro, porém não hediondo. Logo, estupro de vulnerável sem violência real não pode ser alcançado pelo caráter hediondo introduzido pela Lei 12.015/09, se praticado antes dessa lei. Estupro de vulnerável – antes da Lei Estupro de vulnerável – depois da Lei - violência real: é hediondo - violência presumida: não é hediondo por falta de previsão legal. - Art. 217 do CP, com ou sem violência é crime hediondo (Art. 1º da Lei 8.072) Sujeito ativo: o mesmo do Art. 213 do CP. Crime comum Sujeito passivo: pessoa vulnerável. Crime próprio OBS: Atentar para o Art. 226 do CP. Conduta: praticar atos de libidinagem com vulnerável. Atenção! Trata-se de crime de execução livre (violência, grave ameaça, fraude ouqualquer outro meio). O modus operandi será considerado na fixação da pena base. Voluntariedade: punido a título de dolo. É imprescindível que o agente tenha ciência de estar agindo em face de pessoa vulnerável (evitar responsabilidade objetiva). E se o agente desconhece a condição de vulnerável da vítima? Depende do modo de execução. Se empregou violência ou grave ameaça, desaparece o Art. 217-A e responderá pelo 213 do CP. Se utilizou de fraude, sua ignorância elimina o Art. 217-A, respondendo pelo Art. 215 do CP. O erro de tipo aqui, gera desclassificação, atipicidade relativa. Outro meio que não violência nem fraude, será fato atípico. Aqui o erro de tipo é caso de atipicidade absoluta. Consumação: Consuma-se com a prática do ato de libidinagem. Tentativa: É possível. Qualificadoras: os §§3º e 4ª qualificam o crime quando da conduta resultar lesão grave ou morte. Preterdolosa e preterintencional. OBS1: Art. 225 do CP. A regra é ação penal pública condicionada. Exceções: vítima menor de 18 anos e vítima vulnerável (pública incondicionada). ***Não é mais possível ação penal privada nos crimes sexuais: verdadeiro ou falso? Falso, é possível ação penal privada subsidiária da pública. É uma garantia fundamental do cidadão (Art. 5º da CF). Crimes contra a paz pública - Quadrilha ou bando - Art. 288 do CP: Infração de médio potencial ofensivo (Pena de 1 a 3 anos). Não cabe preventiva para o agente primário. Bem jurídico tutelado: Paz pública Sujeito ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É plurissubjetivo (de concurso necessário). Divide-se em: De condutas paralelas: o crime de quadrilha ou bando se enquadra neste tipo. As condutas auxiliam-se mutuamente. De condutas contrapostas: crime de rixa De condutas convergentes: crime de bigamia Atenção! No número mínimo de 4 pessoas computam-se agentes não identificados ou eventuais inimputáveis. Sujeito passivo: É a coletividade. Conduta: Formação da quadrilha ou bando. 1ªC – são termos sinônimos. 2ªC – quadrilha é uma associação organizada (em regra cometida na forma de organização criminosa) e bando uma associação não organizada. 3ªC – quadrilha é urbana e bando é rural. Elementos estruturais: Associação: reunir-se em sociedade. Vinculação sólida quanto à estrutura e durável quanto ao tempo. Atenção! Sociedade transitória e ocasional é igual a concurso de pessoas. *Pergunta de concurso: É possível o agente pertencer a mais de uma quadrilha? Se o agente integra diversas associações criminosas, viola por diversas vezes a lei, caracterizando concurso material de delitos. O que alei pune é associar-se e se ele, mais de uma vez se associa, caracteriza pluralidade de crimes. Pluralidade de pessoas: o tipo exige mais de 3 pessoas. Dispensa ordem, hierarquia e os vários associados não precisa conhecer uns aos outros. E o infiltrado? É computado? 1ªC – da mesma fora eu se admite a formação de quadrilha ou bando com a presença de menor de 18 anos, embora não seja culpável, é de se considerar válida, para a caracterização do tipo do Art. 288 a presença do agente infiltrado (Nucci). 2ªC – O policial infiltrado não deve ser computado, pois não age com animus associativo. Para o fim de praticar uma série indeterminada de crimes (dolosos, não importando a espécie, não abrangendo contravenção penal). Atenção! é imprescindível que a reunião seja efetivada antes da deliberação dos delitos. Concurso de pessoas Art. 286 do CP - Reunião de pessoas com crimes já deliberados. - Crimes determinados - Reunião de pessoas sem haver deliberação de crimes - Crimes indeterminados Voluntariedade: dolo + fim especial (cometer crimes). Atenção! a busca por lucro é dispensável. Consumação: em relação aos fundadores, o crime se consuma no momento em que aperfeiçoada a convergência de vontades entre mais de 3 pessoas. Em relação aos agentes que integram a quadrilha ou bando já formado, o crime se consuma com a adesão de cada qual. Cuidado! O crime se consuma independentemente da prática de crime pelo grupo criminoso. Ex: Art. 286 (com fim de roubo a bancos) + (se cometer o crime) Art. 157 = concurso material de crimes. O crime é formal e permanente: Flagrante a qualquer tempo da permanência Prescrição: Art. 111, III do CP. Súmula 711 do STF Tentativa: a doutrina não admite. OBS! A manutenção da associação criminosa após a condenação ou mesmo a denúncia constitui novo crime de quadrilha ou bando, não se cogitando bis in idem. Majorante – Art. 288, §único do CP: quadrilha ou bando armado. Quantos integrantes armados? 1ªC – basta um integrante armado (Hungria). 2ªC – A maioria dos membros armados (Bento de Faria). 3ªC – Considerando a quantidade de membros e a quantidade de armas, o juiz, analisando o caso concreto decide se a associação é mais perigosa (Fragoso). Qualificadora – Art. 8º da Lei 8.072/90: Art. 288 do CP Art. 288 c/c Art. 8º da Lei 8.072/90 Art. 35, I da Lei 11.343/06 - Associação - Pluralidade de agentes - P/ o fim de cometer crimes - Pena: 1 a 3 anos - Associação - Pluralidade de agentes - P/ o fim de cometer crimes: hediondos, tortura, terrorismo. - Pena: 3 a 6 anos - Associação - 2 ou + pessoas - P/ o fim de comercializar drogas - Pena: 3 a 10 anos. Associação criminosa: Princípio da Especialidade Art. 288-A do CP: formação de organização paramilitar, milícia e grupo de extermínio. Art. 2º da Lei de Genocídio (2.889/56). Arts. 16 e 24 da Lei de Segurança Nacional (7.170/83). Arts. 35 e 35, §único da Lei 11.343/06 Atenção! Quadrilha ou bando não se confunde com organização criminosa. Quadrilha ou bando Organização criminosa - É crime. Art. 288 do CP - Tem pena - É uma associação de + de 3 pessoas - Dispensa organização, sendo indiferente a posição ocupada por cada associado. - Tem como finalidade a prática de crimes, dispensando o objetivo de lucro. - Não é crime, mas forma de praticar crime. Lei 12.694/12 - Não tem pena, mas gera consequências. - 3 ou + pessoas - É estruturalmente ordenada. Caracterizada pela divisão de tarefas. - Tem finalidade como finalidade obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática de crimes. Se nacional: 4 ou + anos. É possível praticar crime na forma de organização criminosa, dispensando a existência de quadrilha. Ex: 3 pessoas reunidas de forma estável e permanente, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, praticam roubos a banco. É possível quadrilha ou bando, sem implicar a existência de organização criminosa. Ex: 4 pessoas reunidas de forma estável e permanente, mas sem ordem e divisão de tarefas, praticam roubos. É possível quadrilha ou bando na forma de organização criminosa. Ex: 4 pessoas reunidas de forma estável e permanente, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas. - Constituição de milícia privada – Art. 288-A do CP: Foi acrescentado pela Lei 12.720/12. Infração de grande potencial ofensivo (Pena de 4 a 8 anos). No admite qualquer benefício da Lei 9.099/95 e é possível prisão preventiva para o agente primário. Atenção! grupo de extermínio (Art. 288-A do CP) não é hediondo, já o homicídio praticado pelo grupo de extermínio é hediondo (Art. 121, §6º do CP). Bem jurídico: paz pública - O fundamento internacional da Lei 12.720/12 está na Res. 44/162 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Essa resolução exige maior rigor no combate às execuções extralegais, arbitrárias e sumárias. Sujeito ativo: crime comum. É um crime plurissubjetivo (de concurso necessário) de condutas paralelas. Quantas pessoas devem integrar: 1ºC - O novo tipo penal deve ser interpretado de acordo com o Art. 288 do CP, exigindo também 4 pessoas (Bitencourt). 2ºC – pode-se constituir milícia ou grupo de extermínio ou paramilitar com apenas 2 pessoas (Nucci). 3ªC – com fundamento do Art. 2º da Lei 12.694/12 (organizações criminosas), bastam 3 pessoas. Sujeito passivo: A coletividade. É um crimevago. Conduta: Formar ou concorrer para a formação: Atenção! Não se desconsidera doutrina criticando o novo tipo penal, entendendo violar o Princípio da Taxatividade, desdobramento do Princípio da Legalidade. Organização paramilitar: São associações civis, armadas e com estrutura semelhante à militar. Possui as características de uma força militar, tem a estrutura e a organização de uma tropa ou exército, sem sê-lo. Milícia particular: Grupo de pessoas, civis ou não, tendo como finalidade devolver a segurança retirada das comunidades mais carentes. Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam determinado espaço territorial. A proteção oferecida ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça. Ex: máfia Grupo de extermínio: Reunião de pessoas, matadores, justiceiros que atuam na ausência ou inércia do poder público, tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente rotuladas como marginais ou perigosas. Voluntariedade: Dolo + Fim especial (praticar qualquer dos crimes previstos no CP). Para não se confundir com concurso de pessoas, deve visar a uma série indeterminada de crimes. Somente crimes previstos no CP. Os crimes devem ter nexo com a finalidade do grupo. Deve ser para praticar crimes contra a pessoa. Consumação: O crime consuma-se com a prática de qualquer um dos núcleos previstos no 288-A, é crime permanente. Cuida-se de infração autônoma que não depende da prática de delitos pela associação. Tentativa: Não se admite. - Suponhamos um grupo de extermínio (Art. 288-A do CP) que executa um menor infrator (Art. 121, §6º do CP). Os executores respondem por qual(is) crime(s)? 1ªC – Respondem apenas pelo 121, §6º d CP não cumulando com o 288-A para evitar bis in idem (Bitencourt). 2ºC – responderia pelo 121, §6º + 288-A. São infrações autônomas e independentes protegendo bens jurídicos distintos. Crimes contra a fé pública - Falsificação de documento público – Art. 297 do CP: Infração de grande potencial ofensivo (pena de 2 a 6 anos), não admitindo qualquer benefício da Lei 9.099 e admite preventiva para o primário. Bem jurídico: Fé pública, no que tange a autenticidade (falsidade material) dos documentos emanados da administração pública (ou equiparados). A falsidade material (documento falso armazenado ideia verdadeiro ou falso) não se confunde com falso ideal (ideia falsa armazenada em documento verdadeiro). Sujeito ativo: crime comum. Quando praticado por funcionário público pode incidir aumento de pena (cometendo o crime prevalecendo-se do cargo). Sujeito passivo: Primário: Estado, administração. Secundário: eventual prejudicado pela falsificação. Conduta: É a falsificação (em sentido amplo) material de documento público. Falsificar: No todo (documento inteiramente criado) ou em parte (aproveita os espaços em branco do documento). Alterar: O agente modifica documento existente, substituindo ou alterando dizeres. Objeto material do crime: Documento público. Documento: Peça escrita que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato, ou a realização de algum ato dotado de relevância jurídica. Documento formal e substancialmente público: Emanado da administração pública (formal). Questões inerentes ao interesse público (substancialmente). Documento formalmente público, mas substancialmente privado: Emanado da administração pública e de interesse de natureza privada. Cópias reprográficas de documento público são objetos do Art. 297 do CP? 1ªC – P/ Bitencourt, não são documentos as cópias reprográficas, pois não possui a natureza jurídica de documentos, sendo meras reproduções. 2ªC – quando autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais, assumem a condição de documento, podendo provar determinada situação jurídica (Art. 365, III do CPC). Atenção! A falsificação deve ser apta a iludir, sendo indispensável a perícia. Exceção: Substituição de fotografias em documentos dispensa perícia. Documento Público por equiparação: Art. 297, §2º do CP. O documento público de que trata esse artigo é somente para efeitos penais. Emanado de entidade paraestatal: Sociedade de economia mista, por exemplo. Título ao portador ou transmissível por endosso: Somente durante o período em que este título é transmissível por endosso, passado esse período, esse cheque só pode ser transferido mediante cessão civil, deixando de ser equiparado ao documento público. Esse alerta é criação de Nelson Hungria. Ações de sociedade comercial: preferenciais ou não. Livros mercantis: obrigatórios e facultativos. Testamento particular: Não abrange o codicilo. Atenção! Cartão de crédito/débito não é documento público se quer por equiparação. A Lei 12.737/12 anunciou tratar-se de documento particular (Art. 298, §único do CP), por equiparação. - Concurso MP/SP: Atenção, pois antes da Lei 12.737/12 já se entendia (havendo tese nesse sentido) que o cartão bancário de crédito ou débito era documento particular. Assim, para o MP/SP, os fatos anteriores à lei se subsumem ao Art. 298, §único, não havendo espaço para a tese da irretroatividade da lei. Voluntariedade: Punido a título de dolo. Não exige fim especial animando o agente. Consumação: com a falsificação ou alteração potencialmente lesiva. Atenção! dispensa o efetivo uso do documento. E esse for usado? Se o falsificador usar: responder pelo Art. 297 do CP, ficando o Art. 304 absorvido (post factum impunível). Se terceiro alheio à falsificação usar: o falsificador responderá pelo Art. 297 e o terceiro pelo Art. 304 do CP. Tentativa: É plurissubsistente, admite tentativa. Atenção! A circunstância de ser documente falsificado emanado de órgão federal, não é bastante para determinar a competência federal. A jurisprudência do STJ tem exigido que a falsidade atinja a bens, serviços ou interesses da União. Cuidado! O Art. 297, §§3º e 4º do CP trata de falsidade ideológica (documento autêntico, mas ideia não correspondente com a realidade). Aqui já não se exige perícia. Princípio da Especialidade: Tipos especiais de falsidade de documento público. Código Eleitoral: Art. 348 (Art. 297 + fins eleitorais – especializante). Aqui já se exige finalidade específica. Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro: Art. 2º Código Penal Militar: Art. 311 (Art. 297 + contra a administração ou serviço militar - especializante). Também se exige finalidade específica. - Falsificação de Documento Particular – Art. 298 do CP: A pena é de 1 a 5 anos e multa (infração de médio potencial ofensivo). Admite suspensão condicional do processo. Cabe preventiva originária e conversão do flagrante mesmo para o agente primário. Sujeito ativo: Crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa. Se o agente for funcionário público não há majorante, mas será considerada na fixação da pena base. Sujeito passivo: Primário: Estado Secundário: terceiro prejudicado com a falsificação. Conduta: O conceito de documento particular se extrai por exclusão, isto é, todo aquele não compreendido como público ou equiparado a público. Art. 297 do CP Art. 298 do CP - Falsifica no todo ou em parte ou alterar documento público ou por equiparação. - Falsificar no todo ou em parte ou alterar documento particular. Voluntariedade: Punido a título de dolo sem fim especial. E se o agente falsifica documento público, mesmo que por equiparação, imaginando tratar-se de documento particular? Ex: João falsifica cheque do banco privado “x”, pensando tratar-se de documento particular. Não é erro de tipo, pois sabe o que faz. Não é erro de proibição, pois sabe que é ilícito seu comportamento. Aqui ocorre o Erro de Subsunção (interpretação jurídica equivocada), respondendo pelo Art. 297 do CP. Consumação: Consuma-se o crime no momento da contrafação (falsificação) ou alteração potencialmente lesivas. Também dispensa o efetivo uso. Tentativa: Admite-se. Princípio da Especialidade: Código Eleitoral:Art. 349 (Art. 298 + fins eleitorais – especializante) Código Penal Militar: Art. 311 Lei da Copa: Art. 30. É uma falsificação de menor potencial ofensivo; depende de representação da FIFA; é uma Lei temporária (Art. 3º do CP). - Falsidade Ideológica – Art. 299 do CP: Bem jurídico: Fé pública. Este crime tutela o conteúdo do documento. Envolve o conteúdo, a ideia do documento. É um juízo inverídico. Sujeito ativo: crime comum. Atenção! o crime pode ser praticado por qualquer pessoa que tenha o dever jurídico de declarar a verdade. E se o sujeito ativo for funcionário público? Gera causa de aumento, se prevalecendo-se do cargo. Sujeito passivo: Primário: Estado Secundário: Eventual prejudicado Conduta: o tipo pune 5 comportamentos alternativos: Omitir declaração: O agente deixa de mencionar informação que deveria constar do documento. Inserir declaração falsa: o agente introduz ideia falsa no documento que redige. Fazer inserir declaração falsa: Falsidade imediata, o agente se vale de terceiro. Inserir declaração diversa da que deveria ser escrita. O agente substitui conteúdo verdadeiro por outro (inverídico). Fazer inserir declaração diversa da que deveria constar: Falsidade mediata. Atenção! A falsidade ideológica também deve ser apta a iludir, porém, não necessita de perícia. Tem jurisprudência no sentido de que não existe o crime quando a falsa ideia recai sobre documento cujo conteúdo está sujeito à fiscalização da autoridade. - Abuso do papel em branco assinado: Se o papel tiver sido confiado ao agente (Art. 299 do CP); se o agente se apossou à revelia do signatário (Art. 297 ou 298 do CP). Ver. 387 do STF - De acordo com o STJ, o ato de firmar declaração inverídica de pobreza para fins processuais, não constitui falsidade ideológica. Voluntariedade: O crime é punido a título de dolo + fim especial. Consumação: consuma-se com a prática das ações nucleares. Tentativa: nas formas comissivas admite-se a tentativa; na forma omissiva não é possível. Majorante de pena - §único: Funcionário público prevalecendo-se da função. Falsificação ou alteração de assentamento de registro civil (objeto material próprio). Art. 29 da Lei 6.015/73. Cuidado! Lembrar que temos falsificação de assentamento de registro civil que não configuram o Art. 299 do CP, mas tipos especiais (Art. 241 e 242 do CP). Principio da especialidade: Código Eleitoral: Art. 350 (para fins eleitorais) Código Penal Militar: Art. 312 Lei dos Crimes Ambientais: Art. 66 - Fraudes em certame de interesse público – Art. 311-A do CP: A pena é de 1 a 4 anos (infração de médio potencial ofensivo), admite suspensão condicional do processo. Não cabe preventiva originária ou por conversão do flagrante para o agente primário. Bem jurídico: Fé pública. A doutrina ensina que o tipo tutela, na verdade, a credibilidade (lisura, transparência, legalidade, moralidade, isonomia, segurança etc) dos certames de interesse público. Sujeito ativo: crime comum (qualquer pessoa que participa do certame, seja na condição de candidato, seja na condição de integrante da estrutura organizadora). E se o agente for funcionário público? Incide a majorante do §3º, apesar do silêncio da lei, a doutrina vem exigindo valer-se o agente da sua condição profissional (o §3º substitui o Art. 325 do CP neste caso). Cuidado! Não pratica o crime quem, não sendo integrante da estrutura organizadora e tampouco concorrente, recebe a informação ou a divulga. Sujeito passivo: Primário: Estado Secundário: eventual prejudicado Conduta: Utilizar ou divulgar indevidamente conteúdo sigiloso de: Concurso público Avaliação ou exames públicos: Ex: processo de habilitação de motorista. Processo seletivo para ingresso no ensino superior: Ex: vestibulares, ENEM etc. Exame ou processos seletivos previstos em lei: Ex: exame da OAB Atenção! Não estão abrangidas pelo tipo as avaliações ordinárias de desempenho dos alunos e demais provas periódicas em instituições de ensino, ainda que públicas. *Pergunta de concurso: Cola eletrônica é crime? É a utilização de aparelho transmissor e receptor na prova. Antes da lei que acrescentou este artigo, STF e STJ decidiram que não configurava crime (fato atípico) Com a Lei 12.550/09, depende: valendo-se de conteúdo sigiloso (Art. 311-A); valendo-se da sabedoria de alguém não sendo conteúdo sigiloso (fato atípico). Voluntariedade: Punido a título de dolo + fim especial (beneficiar a só ou a outrem ao de comprometer a credibilidade do certame). Atenção! No §1º basta o dolo, dispensando o fim especial, não se pune a modalidade culposa. Consumação: Consuma-se com a prática dos núcleos, dispensando efetivo benefício ou comprometimento da credibilidade do certame. Cuidado! Havendo dano para a administração pública, a pena passa a ser de 2 a 6 anos (§2º). Tentativa: É possível, crime plurissubsistente. Dos crimes contra a administração pública Cap. I – crimes praticados por funcionários públicos (delitos funcionais)* Cap. II – crimes praticados por particulares * Cap. II A – crimes contra a administração pública estrangeira (protege a regularidade das transações comerciais internacionais) Cap. III – crimes contra a administração da justiça* Cap. IV – crimes contra as finanças públicas (cai em concursos para o tribunal de contas) - Crimes Funcionais: Crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral. OBS 1: Não existe crime funcional hediondo ou equiparado OBS 2: Em regra, são crimes dolosos. Exceção: só um crime funcional admite modalidade culposa, que é o peculato. OBS 3: A lei reconhece crime funcional de menor potencial ofensivo. Prevaricação na Lei 9.099/95 OBS 4: O STF admite Princípio da Insignificância nos crimes funcionais, o STJ não. Cuidado! Nos crimes praticados por particulares, os dois tribunais superiores admitem. OBS 5: Os crimes funcionais estão sujeitos à extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira. Art. 7º, I, “c” do CP. OBS 6: A progressão nos crimes contra a administração pública exige reparação do dano ou restituição do produto do crime. Art. 33, §4º do CP -Problema: João é funcionário público, primário, condenado por peculato desvio a uma pena de 8 e 1 mês anos de reclusão. João ficou preso provisoriamente 60 dias. De acordo com o Art. 33 do CP, deve ser fixado o regime fechado (8 anos e 1 mês – 60 dias de prisão provisória = 7 anos e 11 meses). Aqui o regime poderia passar para o semiaberto. Bittencourt defende isso. E a reparação do dano? Com o advento da Lei 12.736/12, a detração passou a ser matéria de análise do juiz da condenação. Na fixação do regime inicial, deve o magistrado considerar o tempo de prisão provisória (ou medida cautelar homogênea) e internação. A detração, no entanto, só autoriza regime menos rigoroso se presentes os requisitos objetivos da progressão, evitando-se intervenção deficiente do Estado e burla ao sistema progressivo. João e Antonio, primários, condenados a 8 anos e 1 mês por peculato. João responde ao processo preso, Antonio, solto. A prisão provisória de João já perdura 3 meses. Antes da Lei Depois da Lei - João e Antonio condenado a 8 anos e 1 mês, regime fechado para os dois. Progressão: 1/6 da pena, desde que reparado o dano. - João: 8 anos e 1 mês, para o regime inicial, detração = 8 anos e 1 mês – 3 meses = pena menor que 8. Autoriza regime semiaberto - Antonio, que respondeu ao processo solto, teria 8 anos e 1 mês e regime fechado. Para o semiaberto, precisaria cumprir 1/6 da pena, desde que reparado o dano. - A doutrina divide os crimes funcionais em duas espécies: Próprios Impróprios - Faltando a qualidade de servidor do agente, o fato passa a ser tratado como um indiferente penal. - Atipicidade absoluta, fato que só se consideram crimes comente quando praticados por funcionários públicos, jamais quando praticado por um particular é considerado crime. Ex: Prevaricação- Faltando a qualidade de servidor do agente desaparece o crime funcional, desclassificando-se o fato para crime comum. - Atipicidade relativa Ex: Peculato (faltando a qualidade de servidor do agente, pode caracterizar apropriação indébita). Art. 327, caput do CP – conceito de funcionário público para fins penais: Temos o funcionário público típico. É aquele que exerce cargo público (estatutário), emprego público (celetista) ou função pública (dever com a administração pública) embora transitoriamente ou sem remuneração (jurado, mesário, etc). *Pergunta de Concurso: Administrador judicial, inventariante dativo, tutor dativo e curador dativo são funcionários públicos típicos? Não, pois não exercem função pública, mas encargo público (ônus público). E o advogado dativo? De acordo com o STJ, o advogado contratado por meio de convênio entre o Estado e a OAB é funcionário público para fins penais. *Pergunta de Concurso: Conselheiro tutelar é funcionário público para fins penais? Art. 135 do ECA, alterado pela Lei 12.696/12. É considerado funcionário público típico. Art. 327, §1º do CP – Funcionário Atípico ou por equiparação: Quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, empresa contratada para a execução de atividade típica (não abrange empresas contratadas ou conveniadas para atividade atípica da administração) da administração e empresa conveniada para o mesmo fim. Atividade típica é aquela que visa o bem comum do administrado. Art. 327, §2º do CP – Majorante de pena: quando os autores dos crimes forem ocupantes de cargo em comissão, função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública e fundação instituída pelo poder público. Atenção! Esqueceram-se da autarquia. Não poderá abranger, pois seria analogia in malam partem. Para o STF, Presidente, governador e prefeito exercem direção de órgão da administração publica direta. Atenção! Em se tratando de crime funcional praticado por prefeito, existe norma especial que derroga o CP, qual seja, Dec. Lei 201/67. - Peculato: Existem várias formas do crime. Peculato apropriação: Art. 312, caput, 1ª parte (peculato próprio) Peculato desvio: Art. 312, caput, 2º parte (peculato próprio) Peculato Furto: Art. 312, §1º (peculato impróprio) Peculato culposo: Art. 312, §2º Peculato estelionato: Art. 313 do CP Peculato Eletrônico: Art. 313 – A e B do CP Peculato próprio - Art. 312, caput do CP: Pena de 2 a 12 anos e multa (infração penal de grave potencial ofensivo). Admite suspensão condicional do processo se na forma tentada. Sujeito ativo: funcionário público no sentido amplo do Art. 327 do CP. Admite concurso de pessoas, inclusive de pessoas estranhas aos quadros da administração (extraneus). Cuidado! O particular, para responder em concurso por crime funcional, deve conhecer a condição pessoal do servidor, caso contrário, responderá por apropriação indébita (Art. 30 do CP). *Pergunta de concurso: Diretor de sindicato pratica peculato? Art. 552 da CLT. Não equipara o agente a servidor público, mas o fato ao crime de peculato. É uma equiparação objetiva, e não subjetiva. Importante corrente doutrinária (Sergio Pinto Martins, por exemplo), entende que o Art. 552 da CLT não foi recepcionado pela CF, cuidando de clara intervenção estatal nas entidades sindicais. O STJ, no entanto, discorda, julgando o artigo recepcionado. Sujeito passivo: Primário: Estado - administração Secundário: Eventual particular prejudicado pela ação do agente. Conduta: Apropriar-se (inverter a posse agindo como se dono fosse) ou desviar (malversação, dar destino diverso à coisa), o funcionário público. Dinheiro, valor ou outro bem móvel (coisa que pode ser transportada de um local para o outro): Não abrange serviço público, mão de obra por exemplo. Público ou particular: Se o bem for particular, o proprietário será a vítima secundária. De que tenha posse em razão do cargo: pressupõe a posse da coisa pelo servidor. Abrange mera detenção? 1ªC – a expressão “posse” não abrange mera detenção. Conclusão: apropriar-se de coisa de que tenha mera detenção caracteriza peculato furto. 2ºC – A expressão “posse” abrange mera detenção. Conclusão: apropriar-se de coisa de que tem mera detenção caracteriza também peculato apropriação. Não basta posse “por ocasião” do cargo, deve haver um nexo com suas atribuições. Voluntariedade: Punível a título de dolo. *Pergunta de concurso: Existe o crime em caso de animus de uso? Depende da natureza da coisa apropriada. Coisa consumível com o uso (crime e improbidade); Coisa não consumível com o uso (não tem crime, mas permanece a improbidade). Conclusão: o crime funcional sempre corresponde a um ato de improbidade, mas nem todo ato de improbidade corresponde a um crime funcional. Cuidado! Em se tratando de prefeito municipal, o peculato de uso é crime, mesmo quando a coisa não é consumível. Aliás, o Dec. Lei 201/67 prevê como crime apropriação de serviços públicos (Art. 1, I do Dec. Lei). Consumação: Peculato apropriação: o crime se consuma no momento em que o agente exterioriza os poderes de proprietário, agindo como se dono fosse. Peculato desvio: consuma-se no momento em que o agente altera o destino normal da coisa. Tentativa: Nas duas modalidades é admitida a tentativa. Peculato Furto ou impróprio – Art. 312, §1º do CP: OBS 1: O agente não tem posse da coisa, razão pela qual ele precisa subtrair. OBS 2: É imprescindível que o agente, na subtração tenha facilidade proporcionada pela sua qualidade de servidor. Conclusão: Subtração facilitada = 312, §1º do CP; Subtração não facilitada = 155 do CP. Art. 312, caput Art. 312, §1º - Peculato próprio - O agente apropria-se: tem posse, esta em razão do cargo. - Peculato impróprio - O agente subtrai ou facilita para que seja subtraído: Não tem posse. A subtração deve ser facilitada pela condição de servidor. Peculato culposo – Art. 312, §2º do CP: É o único crime funcional culposo e de menor potencial ofensivo. Pena de 3 meses a 1 ano (infração penal de menor potencial ofensivo). Admite transação penal. Conduta: O funcionário com manifeste negligência cria condições favoráveis para a prática do crime de outrem. Esse crime de outrem: 1ªC – numa interpretação topográfica, crime de outrem abrange somente o peculato doloso do caput e do §1º. 2ºC – crime de outrem abrange qualquer delito que viola a administração pública direta ou indiretamente, por exemplo, o furto. Consumação: Consuma-se no momento em que se aperfeiçoa a conduta dolosa do terceiro. Atenção! É imprescindível nexo causal entre a negligência e a prática do crime doloso pelo terceiro. Tentativa: Não admite tentativa, pois crime culposo não pode ser tentado. Benefícios exclusivos do peculato culposo - §3º Reparação do dano antes da sentença penal irrecorrível: gera extinção da punibilidade Reparação do dano após a sentença penal irrecorrível: diminui a pena Peculato mediante erro de outrem ou Estelionato – Art. 313 do CP: A pena é de 1 a 4 anos (infração de menor potencial ofensivo). Admite suspensão condicional do processo. Não cabe preventiva para o agente primário. Peculato Próprio Peculato Impróprio Peculato Estelionato - Apropriar-se: o agente tem posse - A posse é legítima em razão do cargo - Subtrair ou concorrer para que seja subtraído - O agente não tem a posse da coisa - Apropriar-se: o agente tem posse - A posse é ilegítima, recebida por erro de outrem. Atenção! O erro de outrem deve ser espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário, configura o crime de estelionato (Art. 171 do CP). Consumação: consuma-se no momento de recebimento, mas quando o agente percebendo o erro de terceiro na o desfaz apropriando-se da coisa. Tentativa: É possível, o crime é plurissubsistente. Peculato Eletrônico – Art. 313 – A e B: Art. 313 – A Art. 313 – B - Sujeito ativo: funcionário público não autorizado (sentidorestrito) - Sujeito passivo: primário (Administração pública); secundário (pessoa eventualmente prejudicada pelo comportamento do agente) - Conduta: inserir (ou facilitar a inserção), alterar ou excluir dados do sistema (objeto material). - Voluntariedade: É punido a título de dolo + fim especial (obter vantagem ou causar dano) - Consumação: Crime formal, consuma-se com prática dos núcleos, dispensando a obtenção da vantagem ou dano. - Tentativa: admite-se. - Sujeito ativo: funcionário público no sentido amplo do Art. 327 do CP. Não precisa ser autorizado. - Sujeito passivo: primário (administração pública); secundário (pessoa eventualmente prejudicada pelo comportamento do agente) - Conduta: modificar ou alterar sistema de informações ou programa de informática (objeto material). - Voluntariedade: Dolo, não exigindo fim especial. - Consumação: Crime formal, consuma-se com a conduta. Resultando dano, a pena é aumentada. - Tentativa: admite-se. - Concussão – Art. 316 do CP: Pena de 2 a 8 anos (infração de grande potencial ofensivo). Sujeito ativo: funcionário público ou funcionário público fora da função, mas agindo em razão dela (Ex: férias). Também o particular antes de assumir a função pública, mas em razão dela. E se o agente for fiscal de rendas? Responderá pelo Art. 3º, II da Lei 8.137/90 (Princípio da Especialidade), sendo um crime funcional contra a ordem tributária. E se ao agente for militar? Art. 305 do CPPM (aqui a única diferença é não está prevista a multa). OBS! O particular está na iminência de assumir a função pública. Falta etapa burocrática. Sujeito passivo: primário (administração pública); secundário (pessoa constrangida pela ação do agente). Conduta: Exigir: tipo de contrição, intimidação. OBS 1: Exigir não se confunde com solicitar (pedido – configura corrupção passiva) OBS 2: O agente atua abusando de sua autoridade pública como meio de coação (metus publicae potestatis). OBS 3: Para Capez, o agente, na exigência, não pode empregar violência ou grave ameaça, caso em que ficará configurado o delito de extorsão. Posição do Rogério: a coação pressupõe, no mínimo, ameaça. Ainda que não seja grave. Concorda que não pode existir violência física. Para si ou para outrem: abrange a própria administração pública? 1ªC – não abrange vantagem revertida em favor da administração pública. 2ºC – abrange a administração pública. Direta ou indiretamente Explicita ou implicitamente Indevida vantagem: a vantagem prevalece que não precisa ser necessariamente econômica, desde que indevida. E se a vantagem exigida for devida? Tratando-se de tributo ou contribuição social, caracteriza excesso de exação (Art. 316, §1ª do CP). Qualquer outra vantagem caracteriza abuso de autoridade. Deve o agente deter competência ou atribuição para a prática do mal prometido. Faltando-lhe poderes para tanto, mesmo que servidor, caracteriza extorsão. - Médico servidor do SUS obtendo indevida vantagem do paciente: Se o médico exige a vantagem, caracteriza-se concussão; se o médico solicita a vantagem, caracteriza-se corrupção passiva; se o médico simula ser devida a vantagem, responderá por estelionato. Voluntariedade: É punido a título de dolo + fim especial (obter indevida vantagem) Consumação: consuma-se com a indevida exigência. Crime formal ou consumação antecipada. Tentativa: Admite-se na forma escrita, chama-se carta concussionária interceptada. Para Hungria, fato atípico, espelhando mera intenção criminosa. - Corrupção passiva – Art. 317 do CP: A pena é de 2 a 12 anos (infração de maior potencial ofensivo). Art. 316 Art. 317 - Exigir: pena de 2 a 8 anos - Solicitar: pena de 2 a 12 anos. *Tem gente questionando a constitucionalidade desta pena. OBS 1: Na corrupção é possível existir pluralidade de personagens, como o corrupto (Art. 317 do CP) e o corruptor (Art. 333 do CP – crimes cometidos por particulares contra a administração pública). Exceção Pluralista à Teoria Monista. Sujeito ativo: os mesmos do Art. 316 do CP, isto é, o funcionário público, ou o funcionário público fora da função, ou então, o particular na iminência de assumir a função pública. E se o agente for fiscal de rendas? Art. 3º, II da Lei 8.137/90 (delito funcional contra a ordem tributária). E se o agente for militar? Art. 308 do CPPM (não tem o núcleo “solicitar”) Solicitando, responderá pelo Art. 317 do CP, sendo a competência comum, e não da justiça militar. Sujeito passivo: primário (administração pública); secundário (pessoa constrangida pelo agente público, desde que não tenha praticado a corrupção ativa). Conduta: Retrata a mercancia do agente com a função pública. É a prostituição da pureza do cargo pela parcialidade ou pelo interesse. Art. 317 do CP Art. 333 do CP - solicitar (o corrupto inicia) - receber - aceitar promessa - não pune dar - oferecer (o corruptor inicia) - prometer (o corruptor inicia o comércio) OBS 1: A vantagem na corrupção, a exemplo do que já ocorre na concussão, não precisa ser necessariamente econômica. OBS 2: A corrupção passiva não pressupõe a ativa, e vice-versa. Excepcionalmente os núcleos “receber” e “aceitar promessa” demandam corrupção ativa (formas bilaterais do crime). Corrupção passiva própria Corrupção passiva imprópria - O ato comercializado é ilegítimo. Ex: negociar fuga de preso - O ato comercializado é legítimo, o qual, entretanto, jamais poderia ter sido comercializado pelo funcionário público. Ex: solicitar vantagem para executar a citação do requerido em ação de despejo. Corrupção passiva antecedente Corrupção passiva subsequente - A vantagem ou recompensa é dada ou prometida tem em vista uma ação futura. - A vantagem dada ou prometida tem em vista conduta já realizada. Voluntariedade: Dolo + fim especial (obter indevida vantagem). Consumação: Solicitar: crime formal, dispensa a obtenção da vantagem solicitada Receber: crime material, precisa efetivamente receber indevida vantagem para que o crime se considere consumado. Aceitar promessa: crime formal. Tentativa: A doutrina admite a tentativa na modalidade “solicitar”, por escrito (carta interceptada). Corrupção passiva majorada – Art. 317, §1º do CP: Só incide na corrupção passiva própria (execução do ato viola dever funcional). 1ª momento: comércio do ato (consuma o crime). Ex: servidor solicita dinheiro para facilitar a fuga de preso (crime consumado). 2º momento: execução do ato comercializado (majora a pena). Ex: servidor facilita a fuga (Art. 351 do CP). Atenção! quando a execução do ato comercializado constituiu por si só crime autônomo, não incide a majorante, evitando bis in idem. Corrupção passiva privilegiada – Art. 317, §2º do CP: Pena de 3 meses a 1 ano (infração de menor potencial ofensivo). É o caso dos famigerados favores administrativos (pune-se o funcionário quebra-galho). Art. 317, §2º: O agente cede diante de pedido ou influência de outrem. Não busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Art. 319: não existe pedido ou influência de outrem. Busca satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Reabilitação - Lembrando! Os efeitos da condenação: Penais: desaparecem com Abolitio Criminis e Anistia. Primário: tornar certo o cumprimento da pena. Execução forçada da pena imposta. Secundário: Consequências penais da condenação. Ex: reincidência, interrupção da prescrição etc. Extrapenais: Não desaparecem com Abolitio Criminis e Anistia. Genéricos: Art. 91 do CP Específicos: Art. 92 do CP. Atenção! A reabilitação tem como finalidade: Assegurar sigilo Suspender os efeitos específicos do Art. 92 do CP. OBS 1: No que diz respeito a garantia do sigilo, a LEP, posterior a reforma da parte geral de 84 do CP, garante o sigilo independentemente do processo de reabilitação (Art. 202 da LEP). OBS 2: Já no que se refere à suspensão dos efeitos específicos da condenação, está vedada a reintegração nasituação anterior nas hipóteses de perda de cargo e incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela. Requisitos para a reabilitação: Art. 94 do CP. São cumulativos 2 anos do cumprimento ou extinção da pena (computado o período de prova do sursis ou livramento condicional). Ex: Se o agente cumpriu 2 anos de sursis, pode imediatamente após o cumprimento requerer a reabilitação. Domicílio no país durante os 2 anos. Bom comportamento público e privado Ressarcimento do dano (ou prova da impossibilidade de fazê-lo), renúncia da vítima ou novação da dívida. Reabilitação e pluralidade de penas: prevalece que o pedido de reabilitação deve aguardar o cumprimento de todas as sanções penais. *Pergunta de concurso: É possível revogação de reabilitação? Sim, Art. 95 do CP. OBS 1: A vítima ou assistente de acusação não pode requerer revogação de reabilitação (apenas juiz, de ofício, ou MP). OBS 2: Exige condenação definitiva pela prática de novo crime. OBS 3: Deve ser reconhecida a reincidência. *Perguntas de concurso: Qual o juiz competente para julgar a reabilitação? Art. 743 do CPP. É o juiz da condenação. Quais os recursos cabíveis contra a decisão do juiz? Decisão que reabilita Decisão que nega reabilitação - apelação + recurso de ofício. - apelação apenas.