Logo Passei Direto
Material
Study with thousands of resources!

Text Material Preview

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU 
MESTRADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
IONTOFORESE ASSOCIADA AO PRINCÍPIO ATIVO ÁCIDO 
ASCÓRBICO: AVALIAÇÃO ELETROQUÍMICA E DE DIFUSÃO 
VERTICAL 
 
 
 
 
Giovana Sinigaglia 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lajeado, fevereiro de 2014
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
Giovana Sinigaglia 
 
 
 
 
 
 
 
IONTOFORESE ASSOCIADA AO PRINCÍPIO ATIVO ÁCIDO 
ASCÓRBICO: AVALIAÇÃO ELETROQUÍMICA E DE DIFUSÃO 
VERTICAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Ambiente e 
Desenvolvimento, do Centro Universitário 
UNIVATES, como parte da exigência para 
obtenção do grau de Mestre em Ambiente 
e Desenvolvimento na área de Tecnologia 
e Ambiente. 
Orientador: Profa. Dra. Simone Stülp 
Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Périco 
Lajeado, fevereiro de 2014 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
“Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se 
interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas 
descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia 
conosco.” (Marta Medeiros). 
Gostaria de agradecer a Deus, à minha orientadora prof. Dra. Simone Stülp, 
pessoa e pesquisadora a quem admiro e tenho muito respeito, que tornou possível a 
realização desta dissertação. Ao prof. Dr. Eduardo Périco, que através do generoso 
auxílio e atenção a mim disponibilizados foi possível acrescentar qualidade a esta 
dissertação. Ao professor Eduardo Ethur, pelo auxílio prestado. As bolsistas do 
NEMP (Verônica Radaelli, Paula Marioti), em especial a Caroline Saling e Laís 
Bresciani que me acompanharam nos meus experimentos e análises com muita 
atenção e disposição. Aos meus colegas de trabalho prof Ms. Dênis Duarte Barnes e 
Débora Urnau Cerutti (in memorian) amigos e apoiadores deste projeto. Prof. Paula 
Bianchetti e em especial o prof. Ms.João Alberto Tassinary pelo auxílio e apoio nos 
momentos difíceis e também o incentivo de aprimorar cada vez mais o trabalho. Ás 
queridas amigas e bolsistas Sara Mallmann, Jéssica Becker e em especial à Maiara 
Zagonel, por emprestar seus abraços e ouvidos. Aos amigos que fiz durante esta 
caminhada e que também me apoiaram muito, Diego e Marcelo. E finalmente aos 
meus familiares e ao meu namorado Alex Bücker pelo apoio em todos os momentos. 
“Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma 
grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os 
levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, 
que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue”(Fernando Pessoa).
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
RESUMO 
 
A iontoforese é um método de incremento de permeação de substâncias pela pele 
com a utilização de corrente contínua. Neste estudo, será abordado o princípio ativo 
ácido ascórbico, que possui efeitos fisiológicos na pele, tais como a sua atividade 
antioxidante; é também um importante cofator da produção de colágeno pelos 
fibroblastos e ainda atua como inibidor da melanogênese, proporcionando um 
clareamento de manchas. Foram realizadas aplicações de iontoforese in vitro em 
gel com hidroxietilcelulose associada ao princípio ativo ácido ascórbico 5% nos 
tempos 0, 2, 5 e 10 minutos, para as quais houve um grupo de aplicação da corrente 
e um grupo controle. O comportamento eletroquímico do ácido ascórbico frente à 
iontoforese foi analisado através de voltametria cíclica. A liberação, permeação e 
fluxo do ácido ascórbico foram avaliadas por difusão vertical in vitro utilizando-se a 
célula do tipo Franz com membrana de acetato de celulose e biomembrana de muda 
de pele de cobra. Pode-se observar que houve um incremento na liberação e fluxo 
do ácido ascórbico quando comparada à difusão passiva. O fluxo do ácido ascórbico 
através da membrana de acetato de celulose sem a aplicação de iontoforese foi de 
5.1594 ± 0.2831 µmol L-1 cm-² h-1 e com a aplicação da iontoforese o fluxo de ácido 
ascórbico aumentou para 16.7132 ± 0.08779 µmol L-1 cm-² h-1. Já em termos de 
permeação os valores de fluxo de ácido ascórbico obtidos foram de 2.27363 µmol L-1 
cm-² h-1 e 2.67576 µmol L-1 cm-² h-1, para sistemas com e sem iontoforese, 
respectivamente. Por meio da avaliação eletroquímica, verificou-se que nos tempos 
de 2 e 5 minutos o ácido ascórbico apresentou uma tendência à oxidação com 
caráter reversível, já em um período de aplicação de iontoforese de 10 minutos a 
tendência à oxidação ocorreu na forma de ácido deidroascórbico. 
 
Palavras-chave: Iontoforese. Ácido ascórbico. Voltametria cíclica. 
 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Iontophoresis is a method for increasing the permeation of substances through skin 
using direct current. In this study, was studied the active ascorbic acid, which has 
physiological effects on the skin, such as its antioxidant activity principle , it is also an 
important cofactor in the production of collagen by fibroblasts and also acts as an 
inhibitor of melanogenesis , providing a bleaching of stains . Applications of 
iontophoresis in vitro gel hydroxyethylcellulose associated with active ingredient 
ascorbic acid 5 % at 0, 2 , 5 and 10 minutes were performed for which there will be a 
group of current application and a control group . The electrochemical behavior of 
ascorbic acid iontophoresis front was analyzed by cyclic voltammetry. The release 
and permeation flux were evaluated by ascorbic acid vertical diffusion in vitro using 
Franz type cell membrane of cellulose acetate and biomembrane snake skin 
changes. Can be seen that there was an increase in the release and flow of ascorbic 
acid when compared to the passive diffusion. The flow of ascorbic acid through the 
pulp without the application of iontophoresis acetate membrane was 5.1594 ± 0.2831 
µmol L -1cm -²h -1 and with the application of iontophoresis flow of ascorbic acid 
increased to 16.7132 ± 0.08779 µmol L -1cm -²h -1 . In terms of the permeation flux 
values obtained were Ascorbic acid 2.27363 µmol L -1cm -²h -1 and 2.67576 µmol L-1 
cm -²h -1 for systems with and without iontophoresis, respectively. Through 
electrochemical evaluation, ascorbic acid showed a tendency of reversible oxidation 
in 2 and 5 minutes, but over a period of iontophoresis application of 10 minutes the 
tendency of oxidation was in molecular form of dehydroascorbic acid. 
 
Key Words: Iontophoresis. Ascorbic acid. Cyclic voltammetry. 
 
 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
AA ou aa - Ácido ascórbico 
cm- centímetro 
Hz – Hertz 
L- litro 
mA - Miliampères 
nm - Nanômetros 
pH - Potencial de hidrogênio 
RL - Radical livre 
RNAm - ácido ribonucleico mensageiro 
UVA- Radiação ultravioleta A 
UVB - Radiação ultravioleta B 
V - volt 
µA - Microampères 
µmol- Micromol 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1- Estrutura química do ácido ascórbico (C6H8O6) ......................................... 16 
Figura 2-Formas reduzidas do ácido ascórbico......................................................... 17 
Figura 3 - Aplicação de potencial elétrico e deslocamento da corrente elétrica na 
presença de eletrodos reversíveis de Ag e AgCl ....................................................... 19 
Figura 4- Aparelho utilizado para a aplicação de iontoforese, modelo AF5 da 
empresa Tone Derm .................................................................................................. 27 
Figura 5- Aplicação da iontoforese in vitro. ............................................................... 29 
Figura 6- Curva de calibração do ácido ascórbico para potenciais de 0,45 V por 
voltametria cíclica. ..................................................................................................... 31 
Figura 7- Voltametria cíclica de prata em sistema contendo gel com 
hidroxietilcelulose v= 10mV.s-1 .................................................................................. 32 
Figura 8- Voltametria cíclica da prata no sistema gel hidroxietilcelulose com ácido 
ascórbico 5%. v= 10mV.s-1 ........................................................................................ 33 
Figura 9- Sobreposição da voltametria cíclica da prata no sistema gel 
hidroxietilcelulose sem a aplicação de iontoforese (linha) e após a aplicação de 
iontoforese por 2 (linha tracejada), 5 (linha pontilhada) e 10 minutos (linha tracejada 
+pontilhada), v= 10mV.s-1 .......................................................................................... 33 
Figura 10- Sobreposição da voltametria cíclica da prata no sistema gel 
hidroxietilcelulose com ácido ascórbico 5% (linha contínua) após a aplicação de 
iontoforese por 2 ( linha tracejada), 5 (linha pontilhada) e 10 minutos (linha tracejada 
e pontilhada). No detalhe os picos característicos encontrados na pesquisa, v= 
10mV.s-1 .................................................................................................................... 34 
Figura 11- Curva de calibração para a concentração de ácido ascórbico. ................ 37 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
Figura 12- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose, sem a aplicação de iontoforese in vitro .............. 38 
Figura 13- Liberação do ácido ascórbico nos tempos de 0, 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose sem a aplicação de iontoforese in vitro............... 38 
Figura 14- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose, com aplicação de iontoforese in vitro ................ 39 
Figura 15- Liberação do ácido ascórbico em membrana de acetato de celulose com 
a aplicação de iontoforese in vitro ............................................................................. 39 
Figura 16- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de permeação do ácido 
ascórbico 5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 
minutos sobre membrana de pele de cobra, sem a aplicação de iontoforese in vitro
 .................................................................................................................................. 41 
Figura 17- Permeação do ácido ascórbico em biomembrana de pele de cobra sem a 
aplicação de iontoforese in vitro ................................................................................ 41 
Figura 18- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de pele de cobra, com aplicação de iontoforese in vitro .......................... 42 
Figura 19- Permeação de ácido ascórbico em biomembrana de pele de cobra com a 
aplicação de iontoforese in vitro ................................................................................ 42 
Figura 20- Detalhe da aplicação de iontoforese com a célula dividida por placa de 
vidro isolando os eletrodos de forma que a comunicação ocorra através da solução 
receptora. .................................................................................................................. 45 
Figura 21- Gráfico comparativo do fluxo de ácido ascórbico 5% associado a gel com 
hidroxietilcelulose através da membrana de acetato de celulose, sem e com 
aplicação de iontoforese in vitro ................................................................................ 47 
Figura 22- Gráfico comparativo do fluxo de ácido ascórbico 5% associado a gel com 
hidroxietilcelulose através da biomembrana de pele de cobra, sem e com aplicação 
de iontoforese in vitro ................................................................................................ 47 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 13 
2.1 O envelhecimento cutâneo e suas consequências na pele ................................... 13 
2.2 O ácido ascórbico ..................................................................................................... 16 
2.3 A iontoforese ............................................................................................................. 18 
2.4 A iontoforese associada ao princípio ativo ácido ascórbico e seu papel no 
envelhecimento cutâneo................................................................................................. 22 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 25 
3.1 Reagentes .................................................................................................................. 25 
3.2 Aplicação da iontoforese in vitro ............................................................................. 25 
3.3 Análise eletroquímica ............................................................................................... 27 
3.3 Análise da liberação do ácido ascórbico através de uma membrana de acetato de 
celulose ............................................................................................................................ 28 
3.4 Análise da permeação do ácido ascórbico através da biomembrana de pele de cobra
 .......................................................................................................................................... 29 
3.5 Análise estatística ..................................................................................................... 30 
3.6 Mensuração de pH .................................................................................................... 30 
3.7 Descrição do procedimento ..................................................................................... 30 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................31 
4.1 Discussão dos resultados obtidos .......................................................................... 31 
4.1.1 Análise do ácido ascórbico ................................................................................... 31 
4.1.2 Análise da voltametria cíclica do ácido ascórbico em meio gel com 
hidroxietilcelulose ........................................................................................................... 32 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
 
 
4.3 Análises espectrofotométricas ................................................................................ 37 
4.3.1 Análise de liberação do ácido ascórbico ............................................................. 37 
4.3.2 Análise da permeação do ácido ascórbico .......................................................... 41 
4.3.3. Liberação passiva versus liberação sem a comunicação dos eletrodos na 
superfície da membrana de acetato de celulose .......................................................... 44 
4.3.4. Considerações finais: degradação, fluxo, liberação versus permeação. ......... 46 
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 50 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 52 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A pele é uma barreira mecânica que serve como proteção ao organismo, 
evitando a perda de líquidos, a entrada de microorganismos e também a permeação 
de substâncias do exterior. A camada mais superficial da pele, a epiderme, é 
constituída de cinco camadas, das quais a que oferece maior resistência à 
permeação é a mais superficial delas, a camada córnea, também chamada estrato 
córneo (GUIRRO, 2002). 
Uma forma de incrementar a permeabilidade cutânea é a iontoforese. Este 
recurso terapêutico é utilizado há muito tempo, existem relatos da sua utilização 
desde o século XVIII. A iontoforese é um método de administração de substâncias 
pela pele com a utilização de corrente contínua. Esse método é também chamado 
de ionização, iontopenetração, dieletrólise e dieletroforese (BORGES, 2006). 
Há um interesse crescente na obtenção de um aumento de permeação de 
fármacos através da pele porque, dessa forma, os efeitos colaterais gerados pelas 
vias clássicas (endovenosa e oral) seriam diminuídos. Neste estudo, será abordado 
o princípio ativo ácido ascórbico, que possui efeitos fisiológicos na pele, como a sua 
atividade antioxidante, também é um importante cofator da produção de colágeno 
pelos fibroblastos e ainda atua como inibidor da melanogênese, proporcionando 
assim um clareamento de manchas (MAIA et al., 2001). 
A importância do ácido ascórbico na dermatologia e estética é justificada pela 
sua ação antioxidante, que atua de forma preventiva no envelhecimento cronológico 
cutâneo. Este causa modificação do material genético por meio de enzimas, 
alterações proteicas e decréscimo da proliferação celular. Consequentemente, o 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
11 
 
 
tecido perde a elasticidade, a capacidade de regular as trocas aquosas e a 
replicação do tecido se torna menos eficiente. Oxidações químicas e enzimáticas 
envolvendo a formação de radicais livres (RL) aceleram esse fenômeno de 
envelhecimento (HIRATA et al., 2004). 
O ácido ascórbico é um composto natural, encontrado em frutas cítricas e 
vegetais, que são amplamente pesquisados tanto farmacologicamente quanto para o 
desenvolvimento de novas drogas e produtos tópicos. Não somente os seus 
constituintes são usados diretamente como agentes terapêuticos, mas também 
como matéria-prima para a síntese ou modelos para compostos farmacologicamente 
ativos. Assim, as plantas medicinais, as preparações fitofarmacêuticas e os produtos 
naturais isolados, como a vitamina C, são pesquisados e utilizados em todo o mundo 
e, dessa forma, representam um mercado que movimenta bilhões de dólares, tanto 
em países industrializados quanto em desenvolvimento (LIMA et al., 2009). 
Pode-se enfatizar que a promoção de permeação de fármacos pela pele através 
da corrente contínua pode levar à maior eficácia da liberação de ativos; ao aumento 
do fluxo ou retenção do mesmo; ao aumento da liberação localizada, tópica ou dos 
tecidos alvo através da pele; ou ainda à combinação das hipóteses citadas. No 
entanto, essa liberação poderá promover efeitos tóxicos tanto intracelulares como 
extracelulares caso não haja utilização adequada da quantidade do composto 
associado, ou ainda devido à ocorrência de alteração da estrutura química do 
composto. 
O interesse pela temática da iontoforese associada ao princípio ativo ácido 
ascórbico surgiu da observação do crescimento da indústria cosmética e do apelo 
midiático que esta realiza prometendo imensas vantagens advindas da associação 
da iontoforese aos mais variados princípios ativos para aumentar sua eficácia e 
permeação. A partir dessa observação, houve questionamentos e inquietações 
pessoais a respeito do que realmente aconteceria na aplicação transdermal de 
fármacos e, mais especificamente, do ácido ascórbico e suas propriedades frente à 
aplicação de corrente contínua. 
Pode-se observar que é fundamental o conhecimento por parte dos profissionais 
que atuam mais especificamente na área da estética e dermatologia sobre as 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
12 
 
 
questões que envolvem a análise das substâncias após serem expostas a um 
campo elétrico. Estas podem sofrer modificações na estrutura química de suas 
moléculas, possibilitando que ofereçam potencial tóxico para a pele e o organismo 
em que são aplicadas. 
A maior indicação do uso do ácido ascórbico é para minimizar os sinais de 
envelhecimento cutâneo, que surgem a partir dos 30 anos de idade e lentamente 
vão progredindo sem que se perceba até que os sinais fiquem mais evidentes. Só no 
Brasil, o número de pessoas com 60 anos ou mais cresce em velocidade muito 
superior à de todas as demais faixas etárias. A população brasileira chegou, em 
2008, a 186,6 milhões de habitantes, mas cresce em ritmo cada vez menor devido à 
queda das taxas de fecundidade (KEDE, 2009). 
A expectativa de vida média aumentou porque conseguiu-se diminuir algumas 
causas de morte, mas o processo molecular referente ao envelhecimento manteve-
se inalterado. Mesmo não sendo sinônimo de adoecer, envelhecer aumenta o peso 
de cuidados com a saúde (GUIRRO, 2002). 
Dessa forma, é importante a investigação do comportamento eletroquímico da 
vitamina C frente à iontoforese para que possa ser avaliada a real eficácia do seu 
emprego terapêutico. Este trabalho teve como objetivos: Avaliar a estabilidade do 
ácido ascórbico após a associação à corrente e avaliar e mensurar a liberação e 
permeação do ácido ascórbico associado à utilização da iontoforese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
13 
 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
Nesta etapa serão abordados os seguintes temas: o envelhecimento cutâneo e 
suas consequências na pele; o ácido ascórbico; a iontoforese;e a iontoforese 
associada ao princípio ativo ácido ascórbico e o papel exercido no envelhecimento 
cutâneo. 
 
2.1 O envelhecimento cutâneo e suas consequências na pele 
O fenômeno biológico do envelhecimento representa a última das três fases do 
ciclo vital do organismo, sendo as duas primeiras, a infância e a maturidade. 
Envelhecer é um processo natural, porém a qualidade do envelhecimento está 
diretamente relacionada com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido 
(GUIRRO, 2002). 
O processo de envelhecer pode ser visível aos 30 anos e imperceptível aos 60, 
isso depende de uma série de causas endógenas e exógenas. As primeiras são 
decorrentes de um declínio programado nas funções e nas capacidades fisiológicas 
da pele (ESTEVE, 1994). 
O envelhecimento extrínseco é também denominado actinossenescência e 
relaciona-se com as alterações da superfície cutânea provocadas principalmente 
pelo fotoenvelhecimento, como as modificações do contorno e a elasticidade da 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
14 
 
 
pele, que se manifestam por sulcos e rugas associados à flacidez. O envelhecimento 
intrínseco busca a compreensão da senescência através dos vários fatores causais 
que atuarão tanto nos órgãos internos quanto na pele (KEDE, 2009). 
O envelhecimento cutâneo intrínseco, portanto, é o resultado da ação de vários 
fatores, tais como: fatores individuais (genéticos), hormonais, exposição solar 
crônica, tabagismo, alcoolismo, estresse emocional e repercussão de doenças 
cutâneas e sistêmicas. A pele utiliza naturalmente antioxidantes para proteger-se dos 
efeitos nocivos das radiações solares. Esta utiliza predominantemente o ácido 
ascórbico (vitamina C) para proteger o meio aquoso das membranas celulares e 
tocoferol (vitamina E) para proteger as estruturas lipídicas. Em muitos sistemas 
biológicos as vitaminas C e E trabalham de forma sinérgica, quando a vitamina E 
torna-se oxidada pelos radicais livres, ele é regenerado na membrana pela vitamina 
C. (LIN et al., 2003; KEDE, 2009). 
Clinicamente o envelhecimento intrínseco é atrófico e resulta na perda 
progressiva da elasticidade, na atrofia da pele e no aumento das linhas de 
expressão. Especificamente a camada córnea não sofre grandes alterações, mas 
afina-se com o achatamento da junção dermo-epidérmica, deixando a pele mais 
frágil. A maior alteração ocorre na derme, com diminuição da vascularização, 
diminuição da biossíntese dos fibroblastos e espessamento das fibras elásticas e 
consequente diminuição de sua função (ESTEVE, 1990). 
A diminuição da elasticidade do epitélio era associada à rigidez protéica da 
matriz extracelular, resultante da polimerização do colágeno com a elastina. Porém, 
estudo in vitro realizado com o uso de microscopia atômica-AFM (Atomic Force 
Microscopy) atribuiu à rigidez excessiva das células epiteliais ao aumento da 
densidade das fibras do citoesqueleto com o decorrer da idade (SCOTTI et al., 
2007). 
O estudo das causas do envelhecimento é um campo no qual existem várias 
teorias. Uma das mais aceitas é a teoria justificada pela ação dos radicais livres. 
Vive-se em um ambiente rico em oxigênio, onde várias espécies de oxigênio reativo 
são regularmente geradas pela exposição à radiação ultravioleta, à poluição e à 
inflamação. O oxigênio reativo ameaça constantemente a integridade das estruturas 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
15 
 
 
celulares e da matriz extracelular da pele e pode, por exemplo, contribuir para o 
aparecimento de mutações que resultam em câncer de pele (GUIRRO, 2002). 
A desorganização do mecanismo de defesa antioxidante provoca doenças na 
pele, resultado das condições causadas por esse desequilíbrio e que são 
consequências de danos a estruturas nela presentes, como lipídios, proteínas e 
DNA. Estima-se que cerca de 80% dos sinais visíveis causados no envelhecimento 
são provocados pelos raios ultravioletas e pelos radicais livres formados devido à 
exposição a estes (SCOTTI et al., 2007). 
Os radicais livres são produzidos, normalmente, em quantidades reduzidas no 
decorrer da vida celular, sendo rapidamente eliminados a fim de não provocar danos 
celulares. Desse modo, as células são providas de sistemas enzimáticos e de 
moléculas de baixo peso molecular, ditas antioxidantes, tais como a vitamina C 
(MAIA et al., 2001). 
Oxidações químicas e enzimáticas envolvendo a formação de radicais livres 
aceleram o fenômeno do envelhecimento por causarem danos ao DNA e atuarem na 
desidrogenação, hidroxilação e glicação proteica. A última reação envolve a perda 
das funções biológicas de proteínas, como o colágeno e as proteoglicanas, que 
resultam em alterações da estrutura da membrana e aumento da flacidez da pele 
(HIRATA et al., 2004). Os radicais livres se propagam indefinidamente, alterando, em 
nível molecular, as estruturas das células. Esse ciclo contínuo de propagação e dano 
celular é interrompido quando dois radicais se encontram ou quando o antioxidante 
anula o radical (KEDE, 2009). 
Hirata et al. (2004) ainda afirma que, durante o estresse oxidativo, o ácido 
ascórbico é esgotado primeiro, seguido do ubiquinol 10, indicando que esses dois 
antioxidantes são muito sensíveis ao estresse oxidativo. O antioxidante lipossolúvel 
melhor conhecido, o α-tocoferol, permanece inalterado e, preferentemente, requer o 
ácido ascórbico e o ubiquinol-10 como coantioxidantes. 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
16 
 
 
2.2 O ácido ascórbico 
O ácido ascórbico, ou vitamina C, é conhecido como promotor de numerosos 
processos químicos, bioquímicos e fisiológicos, tanto em animais como em plantas. 
O homem, o macaco, a cobaia, alguns pássaros e alguns peixes, diferentemente da 
maioria dos animais, não sintetizam a vitamina C por não possuírem a enzima 
gulonolactona oxidase, envolvida na biossíntese do ácido L-ascórbico a partir de D-
glicose, sendo a mesma obtida através da ingestão dos alimentos (LEHNINGER et 
al.,1993). 
A deficiência de ácido ascórbico em mulheres grávidas tem sido associada 
com pré-eclampsia, ruptura prematura de membranas, a degradação do colágeno do 
líquido amniótico e parto prematuro (OCHOA- BRUST et al., 2007) 
A vitamina C apresenta-se como cristais incolores ou em forma de pó branco, 
inodoro e de sabor amargo, sendo sua coloração alterada quando exposta à luz, ao 
ar ou à umidade. É solúvel em água ou em álcool e praticamente insolúvel em 
clorofórmio e em éter etílico (REYNOLDS, 1989). 
Na figura 1 tem-se a fórmula estrutural do ácido ascórbico. 
Figura 1- Estrutura química do ácido ascórbico (C6H8O6) 
 
 
Fonte: A autora. 
 
A importância do ácido ascórbico está na sua relação com várias funções no 
organismo relacionadas ao sistema imune, agindo como cofator enzimático na 
formação de colágeno, na absorção de ferro, na inibição da formação de 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
17 
 
 
nitrosaminas e na atividade antioxidante. A vitamina C encontra-se na natureza sob 
forma reduzida ou oxidada (ácido deidroascórbico). Ambas são igualmente ativas, 
porém a forma oxidada está muito menos difundida nas substâncias naturais (LIMA 
et al., 2009). 
A transformação do ácido ascórbico em ácido mono-deidroascórbico ocorre 
normalmente no interior do organismo e é reversível, permitindo que uma de suas 
substânciaspossa sempre ser transformada na outra. Essa capacidade de 
transformação funciona como um sistema oxidorredutor capaz de transportar 
hidrogênio nos processos de respiração, no nível celular (AZULAY, 2003). 
É encontrado nas plantas em três formas: reduzido a ácido L-ascórbico, ácido 
mono-dehidroascórbico, que é um intermediário instável, e ácido L-deidroascórbico. 
Este pode ser perdido irreversivelmente para ácido 2,3 dicetogulônico, que não 
apresenta atividade vitamínica, como apresenta a Figura 2. 
Figura 2-Formas oxidadas do ácido ascórbico 
 
 
 
Fonte: A autora. 
 
Uma série de produtos naturais possui ácido ascórbico. Presente no leite e no 
fígado, ainda assim, as melhores fontes de vitamina C são frutas frescas 
(particularmente frutas cítricas, tomates e pimentão verde), batata (17 mg por 100 g) 
e verduras. Algumas frutas, como goiaba (300 mg por 100 g) e a groselha negra 
(200 mg por 100 g) também são ricas em vitamina C, mas contribuem pouco na 
dieta alimentar comum no ocidente (FIORUCCI et al., 2002). 
Em termos práticos, a aplicação tópica de ácido ascórbico mostrou elevar de 
modo significativo os níveis cutâneos desta substância em porcos e ratos, sendo que 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
18 
 
 
a pele de porcos apresenta aspectos similares à da pele humana. O tratamento com 
ácido ascórbico tópico pode funcionar como fotoprotetor biológico de amplo 
espectro, retardando de forma significativa os danos causados pela radiação 
ultravioleta (UVA). A radiação UVA atinge preferencialmente as camadas mais 
profundas da pele (quando comparada à ultravioleta B - UVB). Como a exposição à 
radiação UVA resulta em alterações no fotoenvelhecimento, tal proteção é altamente 
desejável (PINNEL et al., 2001; EBIHARA et al., 2003). 
 A literatura sugere que existe uma ampla aplicação, na área da estética, de 
terapias que utilizam o ácido ascórbico como antioxidante. A teoria dos radicais livres 
explica o porquê de os antioxidantes serem considerados agentes para prevenção 
de rugas (BAUMANN, 2004). Dentre as terapias utilizadas pela estética como 
alternativa para prevenir o envelhecimento cutâneo, está a iontoforese associada à 
vitamina C. 
 
2.3 A iontoforese 
A iontoforese é uma técnica não invasiva que usa potencial ou corrente 
elétrica para prover uma maneira controlada de aumentar a transferência 
transdermal de uma variedade de fármacos (OLIVEIRA et al. apud BARRY, 2001). 
No processo iontoforético, a corrente originária do aparelho é transferida do eletrodo 
para a pele por meio da solução contendo agentes ativos (BORGES, 2006). Esse 
processo é particularmente benéfico quando usado com drogas hidrofílicas e 
também aquelas que possuem alto peso molecular (SILVA et al., 2012). 
A possibilidade de se realizar iontoforese foi demonstrada ainda no começo 
do século XX, quando Le Duc efetuou um experimento que se tornou célebre por 
evidenciar a penetração de íons através da pele. Seu experimento fundamental 
constituiu na tentativa de aplicação iontoforética de estricnina, um poderoso 
estimulante do sistema nervoso central, em dois coelhos. Em um dos coelhos a 
droga foi contida no eletrodo negativo e, no outro, no eletrodo positivo de um 
sistema elétrico gerador de corrente contínua. Após certo tempo de aplicação, o 
coelho cuja solução de estricnina estava contida no eletrodo positivo sofreu 
espasmos convulsionantes que o levaram à morte, enquanto que o outro coelho 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
19 
 
 
nada sofreu. As alterações ocorridas em apenas um dos coelhos demonstraram que 
a droga é transportada através dos tecidos de acordo com suas características de 
polaridade, responsáveis pela determinação do sentido do fluxo iônico ativado pela 
corrente contínua. Assim sendo, os íons positivos são introduzidos através do ânodo 
e os negativos através do cátodo (LEDUC, 1988; OLIVEIRA et al., 2001; GUIRRO, 
2002; FIALHO; CUNHA, 2004). 
Harris (1967) descreveu as primeiras aplicações da iontoforese na medicina, 
utilizando a técnica para o transporte das seguintes substâncias: sulfato de cobre 
para o tratamento de tinea pedis (pé de atleta) e cervicite crônica, sulfato de zinco 
para o tratamento de otite crônica e rinite vasomotora, nitrato de prata para o 
tratamento de osteoartrite e artrite reumatóide (FIALHO; CUNHA, 2004). 
Na iontoforese, o sentido de deslocamento dos elétrons é do polo positivo 
para o polo negativo. Esse sentido é definido pela corrente gerada no equipamento. 
Para que a corrente elétrica possa promover o fluxo iônico da solução eletrolítica, 
devem ocorrer transformações químicas. No eletrodo negativo, deve ocorrer um 
processo de redução no qual algum íon ou molécula aceita elétrons, sendo, portanto, 
reduzido. Já no eletrodo positivo, os elétrons devem ser liberados para o eletrodo, 
ocorrendo assim um processo de oxidação. O eletrodo no qual ocorre a redução é 
chamado de cátodo, e o eletrodo em que ocorre a oxidação é chamado de ânodo. 
Para que o processo de redução possa continuar acontecendo no cátodo, os íons 
devem permanecer em movimento na direção dele. Esses íons negativos se 
deslocam para o ânodo e são chamados de ânions (GUIRRO, 2002). Na figura 3 
temos a ilustração do deslocamento da corrente elétrica através da aplicação de 
potencial elétrico. 
Figura 3 - Aplicação de potencial elétrico e deslocamento da corrente elétrica na 
presença de eletrodos reversíveis de Ag e AgCl 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
20 
 
 
 
Fonte: Gratieri et al., 2008 
A introdução de drogas através da pele em direção ao tecido subcutâneo 
possui três rotas potenciais: (1) o folículo piloso e suas glândulas sebáceas 
associadas; (2) os ductos sudoríparos; e (3) através do próprio estrato córneo, entre 
seus apêndices e falhas (rota intercelular). No entanto, em decorrência das 
características hidrofóbicas e negativas do estrato córneo e de sua matriz 
lipoproteica, drogas ionizadas dificilmente penetram através da pele por difusão 
passiva em quantidades suficientes para atingir níveis terapêuticos (BARRY, 2002; 
CURDY et al., 2001). 
A pele constitui uma barreira física que protege o corpo da perda de líquidos, 
impede a invasão de microrganismos e a entrada de substâncias do meio exterior, 
incluindo a água. O estrato córneo, correspondente a 10-20 µm (micrômetros) da 
epiderme, é reconhecido como a principal barreira à transferência transdermal de 
drogas. Assim, diferentes técnicas para aumento da penetração de várias 
substâncias através do estrato córneo têm sido testadas (BARRY, 2002). 
De acordo com Low e Reed (2001), a transferência de íons irá acontecer 
principalmente nos dutos das glândulas sudoríparas e, em menor extensão, nos 
folículos pilosos e glândulas sebáceas. 
Os mecanismos envolvidos na transferência transdermal por iontoforese são: 
(1) a eletrorrepulsão, criada pela interação droga–campo elétrico, que provê força 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
21 
 
 
adicional para direcionar íons de polaridade semelhante à do eletrodo sob o qual são 
colocados; (2) a eletroosmose, que é o movimento transdermal de parte do solvente 
juntamente com os componentes neutros e iônicos nele diluídos; e (3) o aumento da 
permeabilidade intrínseca da pele pela aplicação do fluxo elétrico. Pelo mecanismo 
da eletrorrepulsão,tanto os fármacos de carga positiva quanto os de carga negativa 
serão liberados, desde que sejam colocados sob o eletrodo que apresente a mesma 
carga elétrica (OLIVEIRA et. al., 2005). 
Kalia et al. (2004) observaram que ocorre uma desorganização do estrato 
córneo, assim, há uma queda na resistência da pele, seguida de um aumento da 
hidratação durante a iontoforese. A elevação dos níveis de íons e água poderia 
facilitar o transporte da corrente através do estrato córneo e promover as mudanças 
estruturais do mesmo. Então, a fim de que ocorra a transmissão de íons para a 
membrana, deve-se colocar o fármaco de mesma polaridade sob o eletrodo 
(BORGES, 2006). 
 Os principais benefícios da iontoforese são: a redução dos riscos e 
inconvenientes da infusão intravenosa contínua; a prevenção de alterações inter e 
intrapaciente na absorção e no metabolismo, muitas vezes observadas após 
administração oral do medicamento; o aumento da eficácia terapêutica pela 
eliminação do metabolismo de primeira passagem pelo fígado; a redução da 
possibilidade de superdosagem ou subdosagem, pelo transporte contínuo da droga, 
programando dentro da faixa terapêutica desejada; o fornecimento de um regime 
terapêutico simplificado, levando à melhor aceitação do paciente ao tratamento 
(FIALHO; CUNHA, 2004). 
 É importante ressaltar que o tamanho do eletrodo é calculado de acordo com 
a área de tecidos excitáveis que se quer atingir. Chama-se de densidade de corrente 
a quantidade de corrente por unidade de área de condução. Esta é inversamente 
proporcional à área do eletrodo. À medida que a área do eletrodo diminui, a 
densidade da corrente aumenta (ROBINSON, 2001). 
Com relação à intensidade segura, para minimizar a irritação da pele e as 
queimaduras, esta limita-se a 0,1 mA/cm² da superfície do eletrodo ativo. Outra 
variável importante refere-se ao tempo de aplicação, sobre o qual foi demonstrado 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
22 
 
 
por Low e Reed (2001) que a penetração é maior nos primeiros seis minutos. 
Segundo esses mesmos autores, a duplicação do tempo de tratamento, ou seja, 12 
minutos, aumenta em 25% o índice de penetração. 
Guirro (2002) relata que o emprego da iontoforese na clínica estética 
apresenta-se atualmente bastante limitado. Isso ocorre talvez devido à escassez de 
experimentos que fundamentem cientificamente as dosagens ótimas de substâncias 
específicas, relacionando-as ao tempo de aplicação e intensidade da corrente. 
 As maiores desvantagens do transporte de drogas por iontoforese são os 
riscos de queimaduras e choques resultantes da utilização de correntes elétricas 
elevadas e por longos períodos (FIALHO; CUNHA, 2004). Em relação ao ácido 
ascórbico, especificamente, este, quando no estado sólido, é bastante estável, 
porém, quando em solução, é facilmente oxidado em reação de equilíbrio ao ácido 
L- deidroascórbico. Esta oxidação ocorre rapidamente em solução aquosa por 
processos enzimáticos e não enzimáticos, especialmente quando exposta ao ar, ao 
calor e à luz (RUMSEY; LEVINE, 1998). 
 
2.4 A iontoforese associada ao princípio ativo ácido ascórbico e seu papel no 
envelhecimento cutâneo 
O ácido L-ascórbico é conhecido como promotor de numerosos processos 
químicos, bioquímicos e fisiológicos, tanto em animais como em plantas. 
Desempenha várias funções no organismo relacionadas ao sistema imune, à 
formação de colágeno, à absorção de ferro, à inibição da formação de nitrosaminas 
e à atividade antioxidante. O seu conteúdo pode ser influenciado pelo tipo de solo, 
forma de cultivo, condições climáticas, procedimentos agrícolas para a colheita e 
armazenamento (O’KEFEE, 2001; SILVA et al., 2004). 
Com relação ao envelhecimento cutâneo, a importância do ácido L-ascórbico 
é evidenciada na formação do tecido conjuntivo durante a formação do colágeno. Na 
pele, colágenos tipos I e III contribuem com 85 a 90% e 8 a 11% do colágeno total 
sintetizado, respectivamente (AZULAY et al., 2003). 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
23 
 
 
A eficiência do sistema de proteção natural do organismo tende a decrescer 
com a idade, indicando que a geração de radicais livres e o declínio das defesas 
antioxidantes deve ser considerada contribuidora potencial importante para o 
processo de envelhecimento. Para reforçar a proteção natural, faz-se uso de 
compostos exógenos como enzimas, antioxidantes (incluindo vitamina C) e 
compostos fenólicos, reduzindo assim as reações oxidativas. Dessa forma, pode-se 
considerar que o uso de sistemas antioxidantes como o ácido ascórbico pode ser 
favorável à prevenção de envelhecimento cutâneo prematuro. O ácido pode ser 
fornecido à pele via dietas ricas em frutas e vegetais ou por meio de administração 
tópica ou oral dos antioxidantes. 
O ácido ascórbico é cofator para duas enzimas essenciais na biossíntese do 
colágeno. A lisil e a prolil hidroxilases catalisam a hidroxilação dos resíduos prolil e 
lisil nos polipeptídeos colágenos, e essas modificações pós-tran slacionais permitem 
a formação e estabilização do colágeno de tripla hélice e sua subsequente secreção 
no espaço extracelular como procolágeno. Este é então transformado em 
tropocolágeno, e, finalmente, fibras colágenas são formadas por um rearranjo 
espacial espontâneo das moléculas tropocolágenas. Consequentemente, a 
hidroxilação é uma fase crítica na biossíntese de colágeno, uma vez que regula a 
formação da tripla hélice, da excreção do procolágeno e do cross-linking do 
tropocolágeno. A lisil e a prolil hidroxilase são enzimas férricas (AZULAY et al., 2003; 
DALCIN, 2003; MAIA et al., 2001). 
A vitamina C, como cofator, previne a oxidação do ferro e, portanto, protege 
as enzimas contra a autoinativação. Dessa forma, promove a síntese de uma trama 
colágena madura e normal por meio da perfeita manutenção da atividade das 
enzimas lisil e prolil hidroxilases (DALCIN et al., 2003). 
O ácido ascórbico é solúvel em água, porém é rapidamente oxidado quando 
exposto ao ar e não é suficientemente estável para ser aplicado de forma tópica. Por 
outro lado, sua utilização tópica deve contemplar sua atuação no tecido conjuntivo, 
devendo, para tanto, penetrar através do estrato córneo e estar disponível para os 
fibroblastos dérmicos, daí a importância do incremento de permeação através da 
iontoforese. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
24 
 
 
Com relação à concentração de produtos de aplicação tópica contendo 
vitamina C, Pinnel et al. (2001) citam que percentagens de 5 a 30% foram testadas, 
e os níveis teciduais aumentaram proporcionalmente à concentração da vitamina. A 
concentração de 20% foi a responsável pelo nível máximo de vitamina no tecido. Por 
razões desconhecidas, concentrações acima desse valor resultaram em diminuição 
dos níveis teciduais do ácido ascórbico. Já para Del Rio- Sancho et al. (2012), 
reportam que a permeação é dependente, ou seja ela tem um aumento de 
permeação até 5% de concentração e após atinge um platô e não aumenta mais. Os 
mesmos autores referem que em alguns fármacos, como a memantina, há uma 
diminuição de permeação em altas concentrações do fármaco, além desta alta 
concentração em estudos in vivo causar irritação cutânea e toxicidade. 
Os estudos de Nusgens et al. (2001) e Humbert (2003) foram realizados na 
pele de voluntários, com vitamina C a 5% comparada com placebo, usada por 6 
meses. Demonstraram melhora clínica, histológica e ultraestrutural significativas e, 
na derme humana, o aumentoda expressão do ácido ribonucleico mensageiro 
(RNAm) para colágenos I e III, das enzimas relacionadas à síntese de colágeno e 
dos inibidores teciduais da metaloproteinase. O estudo de Fitzpatrick e Rostan 
(2002) avaliou o efeito da vitamina C a 10% comparada com o veículo na metade da 
face de 10 voluntários, durante 12 semanas, demonstrando melhora clínica e 
formação de colágeno no exame histopatológico, estatisticamente significativos. 
Na pele humana, estão presentes muitos antioxidantes – tocoferol, 
ubiquinona, glutationa, ascorbato e urato –, e alguns desses são detectáveis em 
concentrações relevantes mesmo no estrato córneo. Apesar de estarem em altas 
concentrações, especialmente na epiderme, se o estresse oxidativo perdurar por 
longos períodos na pele, a concentração pode decair juntamente com um aumento 
na formação de componentes celulares oxidados. 
Um tratamento tópico prolongado com ácido ascórbico pode resultar na 
ativação da síntese de fibroblastos e diminuir as cicatrizes causadas pela idade, 
principalmente na região periorbital (LUPO, 2001). Como a pele é uma barreira 
natural à permeação de fármacos, sugere-se intensificar esta permeação através da 
iontoforese associada ao ácido ascórbico. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
 
O presente trabalho tem caráter quantitativo experimental e será dividido em 
duas partes: avaliação eletroquímica a partir de experimentos in vitro, nos quais 
analisaram-se os parâmetros da voltametria cíclica e avaliação de permeação e 
liberação in vitro de ácido ascórbico em sistema de difusão vertical. 
 
3.1 Reagentes 
Nos ensaios de aplicação da corrente elétrica, utilizou-se gel com 
hidroxietilcelulose manipulado, com composição: Solução conservante de Nipagin® 
e Nipazol®, propilenoglicol, EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) dissodico, 
Natrozol, silicone volátil DC 245(ciclometicone volátil) e Germal (Imidazolidinil uréia), 
associado ao princípio ativo ácido ascórbico a 5%. 
 
 3.2 Aplicação da iontoforese in vitro 
O equipamento de ionização (Figura 3) foi fornecido pelo laboratório do curso 
de Estética e Cosmética da Univates, e as características técnicas informadas pelo 
manual do aparelho são as seguintes: 
- Modelo AF5 da empresa Tone Derm; 
-Utilização de cabo de alimentação (com 2 pinos) para conexão em rede 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
26 
 
 
elétrica com tensão alternada; 
- Seleção automática de tensão: 127 V/ 220 V ~ 60 Hertz; 
 - Frequência de alimentação: 60 Hz; 
- Potência de entrada: 23 Volts; 
 - Fusíveis: 200 mA FST; 
 - Modo de operação: contínuo; 
 - Classificação: classe I - tipo BF; 
 - Temporizador: de 01 a 59 minutos; 
 Ionizador: 
 - Tipo de corrente galvânica pulsada; 
 - Forma de onda retangular; 
 - Frequência fixa em 600Hz; 
 - Intensidade da corrente ajustável de 100 a 5000 µA; 
- Tensão de saída 22 V; 
- Polaridade selecionável em positiva e negativa; 
Na figura 4 tem –se a imagem do aparelho utilizado na pesquisa. 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
27 
 
 
Figura 4- Aparelho utilizado para a aplicação de iontoforese, modelo AF5 da 
empresa Tone Derm 
 
Fonte: a autora. 
Foram utilizados os seguintes parâmetros: 
- Intensidade de 200 µA (calculada pela área do eletrodo que é de 0,4 cm²) e 
frequência de 600 Hz; 
- Eletrodos de carbono; 
 - Tempo de 0, 2, 5 e 10 minutos de aplicação. 
 
3.3 Análise eletroquímica 
A técnica de voltametria cíclica realizou-se com o auxílio de um potenciostato 
modelo PGSTAT128N, da marca AUTOLAB/Ecochemie®, com velocidade de 
varredura de 10 mV.s-1. A célula eletroquímica conteve um eletrodo de trabalho de 
prata com área de 0,385 cm2, assim como um contra eletrodo de platina e um 
eletrodo de referência, que será um fio de prata revestido com cloreto de prata 
(Ag/AgCl) e denominado eletrodo de quase-referência (RICHTER, 2003). As 
amostras analisadas constituíram-se de gel hidroxietilcelulose/ácido ascórbico 5% 
com e sem aplicação de iontoforese. Para quantificar a quantidade de ácido 
ascórbico presente, inicialmente construiu-se a curva de calibração, por meio da 
realização de ensaios de caracterização eletroquímica, com a utilização da técnica 
de voltametria cíclica, em solução tampão (pH 6,7) de ácido cítrico 0,1M e Na2HPO4 
0,1M. Foram preparadas as soluções de ácido ascórbico a partir da solução tampão 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
28 
 
 
e de ácido ascórbico SIGMA-ALDRICH em diferentes concentrações. Realizaram- se 
essas análises igualmente em um potenciostato Autolab/PGSTAT 128N da 
Autolab/Eco Chemie. A velocidade de varredura utilizada nos experimentos de 
voltametria cíclica foi de 10mV.s-1 e a janela eletroquímica foi de – 500 mV a + 1600 
mV. 
 
3.3 Análise da liberação do ácido ascórbico através de uma membrana de 
acetato de celulose 
Para tal, usou-se de membrana de acetato de celulose (0,45 µm de 
porosidade) da marca Sartorius Biolab Products®, com a finalidade de separar o 
compartimento doador do receptor, ou seja, formar uma barreira não interferente a 
um fluido denominado receptor (MOTA et al., 2008). 
Preparou-se um sistema contendo uma célula de difusão vertical na água 
aquecida a 37ºC por um banho termostatizado MA-184 MARCONI, simulando a 
temperatura corporal. Dentro deste, inseriu-se uma célula (150 mL) do tipo Franz 
com solução receptora de água e álcool etílico 99,5% (Nuclear®) com proporção de 
1:1(FDA, 1997). Em contato com esta área da membrana, adicionou-se o agente 
acoplador, gel com hidroxietilcelulose + ácido ascórbico 5% (pH 3,2), sobre o qual 
aplicou-se a iontoforese com eletrodos de carbono de área de 0,4 cm². Também 
foram realizadas triplicatas da aplicação de iontoforese em membrana de acetato de 
celulose, nos mesmos moldes e parâmetros utilizados anteriormente, porém, 
separou-se a área da membrana com uma placa de vidro e a solução receptora foi 
solução tampão de PBS (pH 6,6). Após, realizou-se análises de varreduras 
espectrofotométricas (190 nm a 990 nm) de alíquotas retiradas da célula de difusão 
para a verificação da presença do substrato na solução receptora. Os ensaios foram 
através de um Espectrofotômetro Cary 100 Bio UV/Vis no comprimento de onda de 
259 nm. 
A figura 5 ilustra a aplicação de iontoforese in vitro realizada na pesquisa. 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
29 
 
 
Figura 5- Aplicação da iontoforese in vitro. Na figura, 1- Aplicação da 
iontoforese, eletrodos de carbono sobre o gel com hidroxietilcelulose e ácido 
ascórbico a 5%- No zoom, detalhe do posicionamento dos eletrodos. 2- banho 
termostatizado a 37 ͦ C. 3-célula de difusão do tipo Franz. 4- chapa agitadora 
 
 
Fonte: a autora 
 
3.4 Análise da permeação do ácido ascórbico através da biomembrana de pele 
de cobra 
Para detectar a permeação in vitro do ácido ascórbico utilizou-se os mesmos 
parâmetros da espectrofotometria supracitados e o mesmo sistema de difusão 
vertical, porém substituiu-se o acetato de celulose por muda de pele de cobra Boa 
constrictor, cedida pelo Museu de CiênciasNaturais do Centro Universitário 
UNIVATES, uma vez que a utilização de tecido humano para pesquisa é dificultada 
pelas questões éticas envolvidas, formas de armazenagem e obtenção adequadas. 
Utilizou-se a referida membrana, pois esta vem sendo sugerida como opção na 
avaliação da permeação in vitro devido à facilidade de obtenção e similaridade com 
o estrato córneo da pele humana (BARRY et al. 1995; DUTRA et al., 2013). É 
importante mencionar que se hidratou a pele de cobra por três dias em solução 
aquosa de azida sódica 0,0002% (NUNES et al., 2005). 
Todos os experimentos foram repetidos nove vezes (réplicas). 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
30 
 
 
3.5 Análise estatística 
Para comparação das médias das nove replicações com e sem a aplicação de 
iontoforese, para cada um dos três períodos de tempo testados (2 min, 5 min e 10 
min) e para difusão na membrana de acetato de celulose e na biomembrana de pele 
de cobra foi utilizado o teste t para amostras independentes. Foi considerado 
significativo p < 0,05. 
 
3.6 Mensuração de pH 
No acompanhamento deste experimento in vitro foi analisado o pH mensurado 
a partir de um pHmetro do modelo 827 pH lab, da Metrohm® 
 
3.7 Descrição do procedimento 
 - Preparo das amostras: Preparou-se as amostras de ácido ascórbico a 
partir de gel com hidroxietilcelulose condutor manipulado com pH 5,5 e ácido 
ascórbico SIGMA-ALDRICH na concentração de 5%. O pH do gel com 
hidroxietilcelulose adicionado de ácido ascórbico é 3,2. 
 - Análise instrumental antes da aplicação da iontoforese: Avaliou-se cada 
uma das amostras de aplicação da iontoforese in vitro através de voltametria cíclica, 
sendo que as avaliações de liberação e permeação de ácido ascórbico obtiveram-se 
através de espectrofotometria UV/Vis. 
 - Terapia por iontoforese: Aplicou-se a técnica de iontoforese em cada uma 
das amostras, na seguinte modulação: frequência de 600 Hz, intensidade 200 µA 
(calculada pela área do eletrodo de 0,4 cm²) e tempos de 0, 2, 5 e 10 min de 
aplicação. 
 - Resultados: Analisou-se comparativamente os resultados a partir das 
análises instrumentais. É importante referir que todas as análises foram realizadas 
nove vezes (réplicas). 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
31 
 
 
 
 
 
 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
4.1 Discussão dos resultados obtidos 
 
4.1.1 Análise do ácido ascórbico 
Inicialmente, foram realizados ensaios de voltametria cíclica das soluções de 
ácido ascórbico/tampão ácido cítrico-Na2HPO4 em diferentes concentrações, sendo 
os potenciais analisados em relação ao eletrodo de prata/cloreto de prata, para 
posterior construção de curva de calibração e determinação das concentrações de 
ácido ascórbico envolvidas nos sistemas estudados. Na Figura 6 tem-se a curva de 
calibração do ácido ascórbico em diferentes concentrações y= a + bx, onde a= 9E-5 
e b= 0,005, R= 0,9730. 
Figura 6- Curva de calibração do ácido ascórbico para potenciais de 0,45 V por 
voltametria cíclica. 
 
 Fonte: a autora. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
32 
 
 
4.1.2 Análise da voltametria cíclica do ácido ascórbico em meio gel com 
hidroxietilcelulose 
 
Após a construção da curva de calibração, realizou-se ensaios de voltametria 
cíclica, do sistema gel hidroxietilcelulose/ácido ascórbico 5%, com e sem aplicação 
da iontoforese. 
Nas Figuras 7 e 8, tem-se o voltamograma cíclico característico do gel de 
hidroxietilceluose e deste após adição de ácido ascórbico 5%. 
 
Figura 7- Voltametria cíclica de prata em sistema contendo gel com 
hidroxietilcelulose v= 10mV.s-1 
 
 
 
 
 Fonte: a autora. 
 
 
 O gel de hidroxietilcelulose é um polímero solúvel não iônico derivado da 
celulose. Este pode ser usado em muitas aplicações biotecnológicas, biofísicas e 
industriais devido à sua biocompatibilidade e baixa toxicidade (LIU, 2006). 
 Na Figura 7, pode-se perceber que o gel com hidroxietilcelulose possui um 
comportamento eletroquímico ativo apresentando pico característico na região de -
0,15 V, este comportamento eletroquímico é explicado devido à presença do 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
33 
 
 
principal composto do gel de hidroetilcelulose utilizado, o germal (Imidazolidinil 
uréia), que é um antifúngico (UPADHYAY; YEGNARAMAN, 2000). Quando a este 
sistema é adicionado ácido ascórbico, este pico não é mais observado, e o 
comportamento eletroquímico do ácido ascórbico passa a ser observado (Figura 8), 
com picos de redução em regiões de 0,10 V (SHAKKTHIVEL; CHEN, 2007). 
Portanto, o gel com hidroxietilcelulose mantém a sua conformação proporcionando 
um meio que pode beneficiar a transferência de elétrons do ácido ascórbico sem 
interferir no seu comportamento eletroquímico, não comprometendo a sua análise 
pela voltametria. 
Figura 8- Voltametria cíclica da prata no sistema gel hidroxietilcelulose com ácido 
ascórbico 5%. v= 10mV.s-1 
 
Fonte: a autora 
 
Na Figura 9 é apresentada a sobreposição dos voltamogramas da prata nos 
sistema gel hidroxietilcelulose sem a aplicação de iontoforese e com a aplicação de 
iontoforese nos tempos 0, 2, 5 e 10 minutos. 
Figura 9- Sobreposição da voltametria cíclica da prata no sistema gel 
hidroxietilcelulose sem a aplicação de iontoforese (linha) e após a aplicação de 
iontoforese por 2 (linha tracejada), 5 (linha pontilhada) e 10 minutos (linha tracejada 
+pontilhada), v= 10mV.s-1 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
34 
 
 
 
Fonte: a autora 
 
 Avaliando a Figura 8, verifica-se que em diferentes tempos de aplicação de 
iontoforese, o pico característico do gel de hidroxietilcelulose permanece presente, 
com pequenos deslocamentos no potencial de pico, podendo indicar processos 
adsortivos no sistema estudado. 
Na Figura 10 é apresentada a sobreposição dos voltamogramas da prata nos 
sistema gel hidroxietilcelulose associado ao ácido ascórbico sem a aplicação de 
iontoforese e com a aplicação de iontoforese nos tempos 0, 2, 5 e 10 minutos. 
Figura 10- Sobreposição da voltametria cíclica da prata no sistema gel 
hidroxietilcelulose com ácido ascórbico 5% (linha contínua) após a aplicação de 
iontoforese por 2 ( linha tracejada), 5 (linha pontilhada) e 10 minutos (linha tracejada 
e pontilhada). No detalhe os picos característicos encontrados na pesquisa, v= 
10mV.s-1 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
35 
 
 
 
Fonte: a autora 
 
 Observando se os voltamogramas da Figura 10 verifica-se que nos tempos 2 
e 5 minutos há o pico de redução em 0,10 V (SHAKKTTHIVEL, 2007) indicando a 
presença do ativo ácido ascórbico, sendo este dependente das condições 
experimentais, verifica-se que o ácido ascórbico oxida parcialmente, envolvendo 
uma etapa de somente um elétron, sendo possível desta forma sua redução, e 
retorno à molécula de ácido ascórbico (KAMYABI; SHAFIEE, 2012). Já no tempo de 
10 minutos de aplicação da iontoforese os picos característicos não são mais 
observados, demonstrando que o ativo ácido ascórbico não pôdeser detectado 
através da avaliação eletroquímica, estando provavelmente oxidado na forma de 
ácido deidroascórbico. 
 Ao observar os voltamogramas pode-se perceber também um aumento de 
corrente nas regiões de potencial mais alto (acima de 0,3V). Estes picos são 
observados quando há presença de espécies orgânicas, como o ácido ascórbico 
(MALPASS; MONTEO, 2008). Este aumento de intensidade de corrente pode ser 
associado à reação de evolução de oxigênio, e este incremento aparece nos 
voltamogramas ao aplicar a iontoforese por 2 e 5 minutos, já no tempo de 10 
minutos este fenômeno não é mais observado, indicando a degradação do ácido 
ascórbico. 
A degradação do ativo provavelmente está relacionada às características 
físicas da corrente contínua utilizada na técnica de permeação transdérmica. 
Segundo Borges (2006), a corrente contínua caracteriza-se por um fluxo 
2 min. 
5 min. 
10 min. 
controle 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
36 
 
 
unidirecional e ininterrupto de partículas carregadas. Esse tráfego da corrente 
elétrica através de íons contidos nos líquidos produz calor por efeito Joule. Sua 
intensidade tem relação direta com a resistência específica do meio utilizado. Jadoul 
et al. (1999) corroboram essa ideia afirmando que o efeito Joule ocorre inicialmente 
no estrato córneo. O aumento de temperatura que ocorre neste local durante a 
iontoforese pode de ser estimado. Segundo Prausnitz (1996), uma corrente de baixa 
voltagem (1 V) por 1 minuto através da pele pode gerar um aumento de temperatura 
de 0,14º C. É importante ressaltar que esses modelos citados converteram em calor 
a energia dissipada e podem superestimar o calor obtido através da iontoforese. Os 
mesmos autores ainda afirmam que o calor gerado pela iontoforese é mínimo. 
O calor gerado pela iontoforese contribui para a desorganização do estrato 
córneo, proporcionando um aumento de permeabilidade do mesmo. Guirro (2002) 
afirma que, em todas as aplicações de correntes polarizadas, produz-se uma 
vasodilatação sob os eletrodos, a qual é acompanhada pelo aumento da 
temperatura. Todas as reações químicas liberam energia e aumentam a temperatura 
local. Na vizinhança de ambos os eletrodos, produz-se uma vasodilatação ativa, 
sendo mais pronunciada no polo negativo. Esta hiperemia galvânica é um efeito 
vasomotor que não se restringe somente à pele, mas penetra nos estratos abaixo 
dela (subcutâneo, fáscia e músculos superficiais). Melhorando a irrigação 
sanguínea, observa-se uma elevação de temperatura de 2 a 3ºC (GUIRRO, 2002). A 
citação acima corrobora a temperatura mensurada durante os ensaios de aplicação 
de iontoforese, sendo que a média de aumento de temperatura foi de 2ºC. 
Outra explicação para a degradação do ativo pela iontoforese é a eletrólise. 
Segundo Borges (2006), quando a corrente contínua é aplicada sobre a superfície 
corporal, íons positivos (cátions) e íons negativos (ânions) que estão dissolvidos nos 
fluidos corporais são movimentados, de acordo com sua polaridade, em direção à 
região subcutânea, próxima à colocação dos eletrodos na superfície da pele. Isso é 
chamado de dissociação eletrolítica ou eletrólise. Os ânions seguem em direção ao 
polo positivo (ânodo) e os cátions em direção ao polo negativo (cátodo). Esse 
movimento é chamado eletroforese e é o princípio da iontoforese. 
Robinson (2001) afirma que, após a concentração de íons, ocorrerá reação 
química específica sob cada eletrodo em meio aquoso, com formação de ácidos no 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
37 
 
 
ânodo (liberação de oxigênio) e bases no cátodo (liberação de hidrogênio). 
Outro aspecto a ser considerado é que a diminuição de concentração de 
ácido ascórbico pode também ser justificada pela difusão do mesmo através da 
membrana de acetato de celulose, já que os experimentos foram realizados sobre a 
célula de difusão e posteriormente coletou-se o gel para a análise eletroquímica. 
 
4.3 Análises espectrofotométricas 
 
4.3.1 Análise de liberação do ácido ascórbico 
Primeiramente foram construídas curvas de calibração para posterior aplicação 
da iontoforese. As curvas de calibração foram construídas no intervalo de 
concentração de 7,812 x 10-6 a 1,25 x 10-4%. 
Através da equação da reta gerada no gráfico de absorbância, y= -0,00174 + 
1447,09603x R= 0,9983 pode-se calcular a concentração obtida de ácido ascórbico 
liberada para o meio. 
Figura 11- Curva de calibração para a concentração de ácido ascórbico. 
 
 
Fonte: a autora 
 Pode-se observar na Figura 11 que a absorbância aumenta à medida que 
aumenta a concentração do ativo ácido ascórbico. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
38 
 
 
Os gráficos foram obtidos a partir da análise da absorbância das diferentes 
amostras de gel com hidroxietilcelulose e gel com hidroxietilcelulose associado ao 
ácido ascórbico 5%, com e sem a aplicação da iontoforese em diferentes tempos, 
sendo estes 2, 5 e 10 minutos. Nos ensaios de liberação com membrana de acetato 
de celulose, através de varredura na faixa espectral (190-900 nm) foram 
considerados os valores próximos a 250 nm como a região de absorbância máxima, 
conforme se pode ver nas Figuras 12 e 13. 
Figura 12- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose, sem a aplicação de iontoforese in vitro 
 
Fonte: a autora. 
Figura 13- Liberação do ácido ascórbico nos tempos de 0, 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose sem a aplicação de iontoforese in vitro. 
 
 
Fonte: a autora 
 Através da curva de fluxo de liberação do ácido ascórbico em função do 
tempo na membrana de acetato de celulose (Figura 12), obteve-se a equação da 
reta y= a + bx, onde, a= 0,22449, b= 13,70422, R= 0,9615. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
39 
 
 
 Na Figura 14 são apresentados os valores de absorbância da aplicação de 
iontoforese in vitro nos tempos 2, 5 e 10 minutos. 
Figura 14- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de acetato de celulose, com aplicação de iontoforese in vitro 
 
Fonte: a autora. 
 
Figura 15- Liberação do ácido ascórbico em membrana de acetato de celulose com 
a aplicação de iontoforese in vitro 
 
 
Fonte: a autora 
 
 
Através da curva de concentração de ácido ascórbico através da membrana 
de acetato de celulose com a aplicação de iontoforese (Figura 15), obteve-se a 
equação da reta y = a + bx, onde a= 0,25561, b= 16,20613; R= 0,9434 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
40 
 
 
Considerando a difusão na membrana de acetato de celulose, para o tempo 
de 2 minutos, não foi encontrada diferença significativa entre a utilização e não 
utilização de iontoforese (t = 0,7388, p = 0,4788). Para o tempo de 5 minutos e 10 
minutos, as médias de liberação com aplicação de iontoforese foram 
significativamente superiores que sem utilização de iontoforese (t = -2,5544, p = 
0,0267) e (t = -2,7816, p = 0,0155), respectivamente. 
Ebihara et al. (2003)analisaram a permeação do ácido ascórbico em ratos, 
porém sua análise de presença de ácido ascórbico foi realizada por carbono 14, 
verificando a meia-vida do ácido ascórbico após a aplicação da iontoforese. O 
resultado obtido pelos autores foi de um incremento significativo da presença de 
ácido ascórbico na circulação sanguínea e diminuição do mesmo na derme. 
Na tabela 1, são apresentados os valores de ácido ascórbico liberado nos 
tempos 2, 5 e 10 minutos in vitro em termos de concentração. 
 
Tabela 1- Concentração do ácido ascórbico liberado membrana de acetato de 
celulose in vitro 
Tempo (minutos) 2 5 10 
Concentração sem a aplicação 
de iontoforese (10-5%) 
7,51 13,14 33,14 
Concentração com a aplicação 
de iontoforese (10-5%) 
10,98 13,90 39,54 
Fonte: a autora 
 
Comparando-se os valores obtidos no tempo de 2 minutos, a liberação foi 
46,20 % maior quando da aplicação de iontoforese. Já no tempo de 5 minutos foi 
5,78 % maior e no tempo de 10 minutos foi 19,31 % maior em termos de liberação 
do ativo. 
 Um estudo realizado por Tomoda et al. (2011) afirma que a utilização 
combinada de fármaco cumarina 6 em forma de nanopartículas e iontoforese pode 
oferecer muitos benefícios, já que houve um aumento significativo de permeação 
quando comparado à difusão passiva. 
 A vitamina C, é uma substância hidrossolúvel. Alguns autores concordam que 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
41 
 
 
drogas hidrofílicas permeiam mais em regiões hidrofílicas, que contém poros 
pequenos, favorecendo as substâncias com massa molecular menos que 300 g/mol, 
como é o caso do ácido ascórbico (massa molecular 176 g/mol). Na presença de 
baixas correntes são criadas novas vias de permeação, e as moléculas da 
substância percorrem um novo caminho, com poros maiores (MANABE et al., 2000; 
FIALHO; CUNHA, 2004; ROZMAN et al., 2009). 
 
4.3.2 Análise da permeação do ácido ascórbico 
 Nas Figuras 16, 17, 18 e 19 tem se a permeação do ácido ascórbico sobre 
biomembrana de pele de cobra sem e com aplicação de iontoforese in vitro. 
 Na avaliação destes ensaios foram considerados somente duplicata de 
resultados, em função da variabilidade da biomembrana e pelo fato de estar no limite 
de quantificação da técnica de detecção utilizada. 
Figura 16- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de permeação do ácido 
ascórbico 5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 
minutos sobre membrana de pele de cobra, sem a aplicação de iontoforese in vitro 
 
Fonte: a autora 
Figura 17- Permeação do ácido ascórbico em biomembrana de pele de cobra sem a 
aplicação de iontoforese in vitro 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
42 
 
 
 
Fonte: a autora 
 
 Através da curva de concentração da quantidade permeada através da 
biomembrana de pele de cobra, obteve se a equação da reta y= a + bx onde, a= 
005779 e b= 1,46718 , R= 0,9836. 
Figura 18- Varredura espectrofotométrica dos ensaios de difusão do ácido ascórbico 
5% associado a gel com hidroxietilcelulose nos tempos de 2, 5 e 10 minutos sobre 
membrana de pele de cobra, com aplicação de iontoforese in vitro 
 
Fonte: a autora 
 
 
 
Figura 19- Permeação de ácido ascórbico em biomembrana de pele de cobra com a 
aplicação de iontoforese in vitro 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
43 
 
 
 
Fonte: a autora 
 
 Através da curva de fluxo da permeação do ácido ascórbico em biomembrana 
de pele de cobra, com a aplicação de iontoforese em função do tempo obteve se a 
equação da reta y= a + bx, onde a= 0,0997 e b= 2,27368 e R= 0,9349. 
 Na tabela 2 são apresentados os valores obtidos em termos de concentração 
de ácido ascórbico permeado na biomembrana de pele de cobra in vitro nos tempos 
2, 5 e 10 minutos. 
Tabela 2- Concentração do ácido ascórbico permeado membrana de pele de cobra 
Tempo (minutos) 2 5 10 
Concentração sem a aplicação 
de iontoforese (10-6%) 
8,87 23,75 33,94 
Concentração com a aplicação 
de iontoforese (10-6%) 
24,40 33,55 43,85 
 
 Comparando-se os valores obtidos no tempo de 2 minutos, a liberação foi 
175,08 % maior quando da aplicação de iontoforese. Já no tempo de 5 minutos foi 
41,26% maior e no tempo de 10 minutos foi 29,19 % maior em termos de liberação 
do ativo. 
Del Rio-Sancho et al. (2012) avaliaram o fluxo transdérmico do cloridrato de 
memantina, bem como sua permeação através de membrana de orelha de suíno, 
utilizando a célula de difusão vertical de Franz, e afirmam que a quantidade de 
fármaco retida aumenta logaritmicamente à medida que aumenta o fluxo 
transdérmico da substância. A importância desse achado é justificada, pois o efeito 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
44 
 
 
reservatório poderia levar a uma acumulação do fármaco no estrato córneo quando 
aplicado topicamente sem a presença da iontoforese. No caso do ácido ascórbico, a 
aplicação e permanência tópica do ativo é desejado, uma vez que este possui ação 
clareadora de manchas, atuando na melanina presente na epiderme cutânea. 
Pinnel et al. (2002) ainda afirmam que a aplicação diária de ácido L-ascórbico 
tópico a 15% formulado em pH 3,2, após três dias, atingiu nível 20 vezes maior de 
saturação no tecido aplicado (pele de suíno) do que no controle (pele de suíno sem 
aplicação). Após a saturação do reservatório da pele, o ácido L-ascórbico manteve-
se estável e presente no tecido com meia-vida de aproximadamente quatro dias. O 
pH do ácido ascórbico associado ao gel de hidroxietilcelulose foi mensurado e este 
ficou em 3,2. Gallarte et al. (1999) realizaram experimentos de solução de ácido 
ascórbico em diferentes valores de pH e observaram que os valores de pH em torno 
de 3,0 são mais estáveis e apresentam uma menor degradação quando comparados 
aos valores de pH 4,0; 5,0 e 7,0. 
 
4.3.3. Liberação passiva versus liberação sem a comunicação dos eletrodos na 
superfície da membrana de acetato de celulose 
Também realizou- se triplicatas da aplicação de iontoforese em membrana de 
acetato de celulose, nos mesmos moldes e parâmetros utilizados anteriormente, 
porém, separou-se a área da membrana com uma placa de vidro, como 
demonstrado na Figura 20, impedindo o fluxo de corrente elétrica superficial e 
incentivando que o fluxo de corrente acontecesse pela solução receptora de PBS 
(pH 6,6) (SILVA et al., 2012). 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
45 
 
 
Figura 20- Detalhe da aplicação de iontoforese com a célula dividida por placa de 
vidro isolando os eletrodos de forma que a comunicação ocorra através da solução 
receptora. 
 
Fonte: a autora 
 
Nas análises realizadas verificou-se menores valores de absorbância em 
comparação à liberação em experimentos com célula de difusão convencional, não 
sendo possível a quantificação, porém a partir destes valores pode-se inferir que 
menores quantidades de ácido ascórbico foram difundidas pelo sistema. 
Através dos dados obtidos, pode se perceber que na presença de íons 
competitivos na solução receptora, houve uma diminuição de fluxo. Rim e Rasadi 
(1986) observaram o mesmo em relação ao fluxo de benzoato. Estes citam que o 
fluxo de benzoato aumentou commaiores concentrações do ativo e houve uma 
queda no fluxo com a adição de íons competitivos. Portanto o fluxo da substância 
utilizada pode ser maximizado evitando a utilização de substâncias iônicas no 
compartimento doador em um sistema de permeação e liberação por iontoforese. Os 
autores ainda enfatizam que a utilização de concentrações maiores de ativo pode 
significar altos custos na produção de produtos ou solubilidade limitada, enquanto 
que concentrações baixas do ativo não comprometem a liberação da substância, de 
acordo com os resultados encontrados. 
A utilização de uma solução receptora água/álcool 1:1(FDA, 1997), possibilita 
a influência somente da corrente elétrica na resistência da membrana, já que a 
resistência da pele diminui à medida que a concentração de sais aumenta na 
solução receptora. Porém, em experimentos in vitro em uma voltagem constante, a 
diminuição da resistência da membrana promove posteriormente um aumento da 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
46 
 
 
densidade da corrente com conseqüente aumento de fluxo do soluto, no entanto, o 
aumento da densidade da corrente em humanos pode gerar queimaduras cutâneas. 
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que a aplicação de corrente 
elétrica constante gerará uma menor diferença de potencial através da pele, o que 
reduz a condução do campo elétrico gerado. Ainda é preciso citar a competição de 
íons entre o soluto e a solução receptora, à medida que a concentração da solução 
receptora aumenta, o fluxo total de soluto diminui (LIN et al., 1997). 
 
 
4.3.4. Considerações finais: degradação, fluxo, liberação versus permeação. 
 A partir das curvas apresentadas foi possível realizar a análise do fluxo de 
difusão pela área da membrana de acetato de celulose utilizada. O fluxo de ácido 
ascórbico através da membrana de acetato de celulose aumentou em função do 
tempo com a aplicação de iontoforese. Estes resultados corroboram a literatura, na 
qual se percebe o incremento da liberação de ativos à medida que aumenta o tempo 
de exposição da corrente. 
Através dos cálculos obtidos com a construção da equação da reta dos gráficos 
de liberação, fez-se análise estatística a partir do teste t e pode-se afirmar que o 
fluxo de ácido ascórbico através da membrana de acetato de celulose sem a 
aplicação de iontoforese foi de J= 5,159 ± 0,2831 µmol L-1. cm-². h-1 e com a 
aplicação da iontoforese o fluxo de ácido ascórbico aumentou para J= 16,71 ± 
0,08779 µmol. L-1. cm-². h-1, estatisticamente significativo para p< 0,05. É possível 
inferir que a velocidade de liberação do ácido ascórbico foi aumentada com a 
aplicação de iontoforese através da membrana de acetato de celulose. Pode-se 
verificar o aumento na Figura 21. 
 Já para sistemas com biomembrana de pele de cobra, que simulam o estrato 
córneo humano, o fluxo obtido, para sistemas com e sem aplicação de iontoforese 
foi de J= 2,27363 µmol. L-1. cm-². h-1 e 2,67576 µmol. L-1. cm-². h-1, respectivamente 
(Figura 22). Avaliando os resultados obtidos verifica-se que, para as condições 
testadas, não há diferença de fluxo de permeação para sistemas com e sem 
iontoforese. Ou ainda pode-se dizer que a velocidade de permeação não aumentou 
frente a aplicação de iontoforese através da biomembrana de muda de pele de 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
47 
 
 
cobra. 
 
Figura 21- Gráfico comparativo do fluxo de ácido ascórbico 5% associado a gel com 
hidroxietilcelulose através da membrana de acetato de celulose, sem e com 
aplicação de iontoforese in vitro 
 
Fonte : a autora 
 
 
Figura 22- Gráfico comparativo do fluxo de ácido ascórbico 5% associado a gel com 
hidroxietilcelulose através da biomembrana de pele de cobra, sem e com aplicação 
de iontoforese in vitro 
 
Fonte: a autora 
 
 A concentração da droga e seu impacto no fluxo iontoforético é um parâmetro 
bastante estudado e discutido. Um simples aumento na quantidade de droga na 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
48 
 
 
formulação, não necessariamente aumenta o número de moléculas transportadas na 
membrana; as propriedades físico- químicas da droga podem afetar a capacidade da 
molécula de interagir com as estruturas dos tecidos durante o transporte 
iontoforético. As formas de sais das drogas são preferíveis para o transporte de 
iontoforese devido à alta densidade de carga e solubilidade (FIALHO; CUNHA, 
2004). 
 Comparando estes resultados com estudos prévios publicados (KOGAN; 
GARTI, 2006), verifica-se que em estudos associando iontoforese e ácido ascórbico, 
em pele de ratos, somente 0,3% do princípio ativo estudado permeou, em 
associação à iontoforese, sendo que neste estudo os parâmetros estudados foram 
10 V por 20 segundos e avaliação da quantidade de ácido ascórbico após 4 horas 
(EBIHARA, et al.). Ainda cabe mencionar que a pele dos ratos possui pouca 
similaridade com a pele humana (GALLARTE, 1999), justificando o presente estudo 
onde a biomembrana de pele de cobra simula com maiores detalhes o estrato 
córneo humano (DUTRA et al., 2013). Já em outro trabalho publicado, onde o 
princípio ativo estudado foi o fosfato ascorbil- sódico, que devido as suas alterações 
estruturais, apresenta maior estabilidade em comparação ao ácido ascórbico 
(CHORILLI, 2009), para o tempo de aplicação de 30 minutos, aproximadamente 10% 
do princípio ativo foi difundido, em membranas celulósicas hidrofílicas (SPICLIN, 
2003). 
Li et al. (2005) afirmam que a iontoforese aumenta o transporte de fármacos 
através das membranas por dois mecanismos, basicamente: eletroforese e 
eletrosmose. Eletroforese é a facilitação do movimento de espécies iônicas através 
da aplicação do campo elétrico. Eletrosmose auxilia o transporte de espécies 
neutras ou carregadas eletricamente através do fluxo gerado pelo campo elétrico e o 
solvente. 
Em relação à permeação gerada pela iontoforese, diversos fatores podem 
influenciar o mecanismo de transporte de substâncias por essa aplicação, entre eles 
destacam-se a estrutura do fármaco (peso molecular), o comportamento dos íons do 
soluto em solução, incluindo a condutividade, a resistência do transporte do íon 
através do tecido, a composição dos veículos utilizados, e a influência de outros íons 
presentes no processo de transporte (FIALHO; CUNHA, 2004). 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
49 
 
 
De acordo com Li et al. (2004), a permeação aumentada através da corrente 
elétrica dependerá do campo elétrico gerado e da duração da aplicação da 
iontoforese. Essa afirmação corrobora os achados no estudo, pois, à medida que 
aumentou o tempo de aplicação da iontoforese, aumentou a liberação de ácido 
ascórbico para o meio receptor. 
Pode-se citar, por exemplo, que a aplicação da corrente elétrica ocasionou 
uma queda na resistência da pele. Na pesquisa realizada por OH et al. (1995), a 
mudança ocorreu em todas as aplicações realizadas, inclusive, nos 10 primeiros 
segundos do início do fluxo de corrente, o que seria uma justificativa para o 
comportamento do ativo ácido ascórbico após a aplicação da iontoforese. 
Molokhia et al.(2007), relatam em seus estudos que é possível que haja uma 
maior permeação através da membrana com uma maior densidade de corrente 
elétrica. Porém, relatam que não houve diferença significativa na profundidade de 
permeaçãocom a utilização de 2 e 4 mA. Os mesmos autores sugerem que o tempo 
de exposição à corrente elétrica também aumenta a permeação das substâncias 
pesquisadas e sugerem um tempo de 20 a 60 minutos de aplicação, contudo, o 
ácido ascórbico apresentou tendência à degradação em um período de tempo de 10 
minutos, no presente estudo, por avaliação eletroquímica. 
 O estrato córneo submetido à iontoforese tem a sua hidratação aumentada. 
Alguns autores relatam que há uma diminuição na resistência da pele com a 
hidratação, sua condutância é aumentada e o fluxo de íons aumenta linearmente 
pela hidratação. Assim, a sua resistência à passagem da corrente diminui. Correntes 
de baixa frequência geram uma desestabilização do estrato córneo apenas no local 
onde são aplicadas (JADOUL et al., 1999; EBIHARA et al., 2003). Djabri et al. (2012) 
confirmam que a utilização de mecanismos de corrente elétrica de baixa intensidade 
para a transferência transdermal de fármacos é eficaz, uma vez que a liberação 
ocorre de forma gradual e sem desconforto para o paciente. 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
50 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
Resultados deste estudo corroboram o que a literatura apresenta, uma vez 
que o fluxo de liberação do ativo ácido ascórbico ocorreu de forma progressiva, 
conforme o aumento de tempo de exposição à corrente elétrica gerada pela 
iontoforese. 
Sugere-se que a aplicação de corrente elétrica de baixa potência tem a 
capacidade de oxidar o princípio ativo ácido ascórbico em meio com gel 
hidroxietilcelulose em tempos maiores que 5 minutos, demonstrado nos 
voltamogramas apresentados. 
Sabendo-se que houve uma degradação dos sistemas estudados, após a 
aplicação da técnica de iontoforese por 10 min, torna-se fundamental o 
conhecimento aprofundado de seus efeitos ao interagir com tecidos, uma vez que a 
acorrente elétrica sobre o princípio ativo pode causar uma alteração da estrutura 
molecular e assim, a ação clareadora de manchas e ativadora dos fibroblastos, do 
ativo estudado, já comprovado, pode não mais existir. 
Outro fator importante a ser analisado é a permeação e liberação do princípio 
ativo que pôde ser observado nos valores de absorbância apresentando variação de 
acordo com a membrana utilizada. Assim, a aplicação da iontoforese é uma 
facilitadora da permeação e liberação do princípio ativo ácido ascórbico. 
Quanto ao fluxo de ácido ascórbico pode-se perceber que a corrente elétrica 
de baixa potência, tem a capacidade de acelerar o fluxo do princípio ativo ácido 
ascórbico em membrana de acetato de celulose, com tendência a um aumento de 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
51 
 
 
permeação, porém sugere-se a continuidade de estudos envolvendo outras 
membranas, que apresentem uma similaridade ainda maior com a pele humana, 
aliado a técnicas analíticas mais sensíveis para aprimorar os estudos de permeação 
deste princípio ativo. 
Ainda para trabalhos futuros, sugere-se: 
Avaliar a permanência da atividade antioxidante do ácido ascórbico após 
exposição à iontoforese; 
Avaliar a ação nos tecidos da estrutura molecular resultante após à exposição 
à iontoforese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
AZULAY, M. M. et al. Vitamina C. An. Bras. Dermatol, v. 78, n. 3, p. 265-272, 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-
05962003000300002&script=sci_arttext>. Acesso em: 10 out. 2012. 
 
BARRY, B.W. Drug delivery routes in skin: a novel approach. Adv. Drug Deliv. Rev. 
54: S31-S40, 2002. 
 
BAUMANN, L. Dermatologia Cosmética: Princípios e Prática. Rio de Janeiro: 
Revinter, 2004. 
 
BORGES, F. S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções 
estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. 
 
CHORILLI, M. et al. Ensaios biológicos para avaliação de segurança de produtos 
cosméticos . Rev. Ciên. Farm. Básica Apl. V. 30, p. 19- 30, 2009. 
 
CURDY, C. et al. Piroxicam delivery into human stratum corneum in vivo: 
iontophoresis versus passive diffusion. J. Control Release, 76: 73-79, 2001. 
 
DALCIN, K. B.; SCHAFFAZICK, S. R.; GUTERRES, S. S. Vitamina C e seus 
derivados em produtos dermatológicos: aplicações e estabilidade. Caderno de 
Farmácia, UFRGS, v. 19, n. 2, p. 69-79, 2003. 
 
DJABRI, A.; GUY, R. H. Transdermal ionthophoresis of ranitine: an opportunity in 
paediatric drug therapy. International Journal of Pharmaceutics, v. 435, p. 27-32, 
2012. 
 
DEL RIO SANCHO, S. et al. Transdermal absortion of memantine - Effect of chemical 
enhancers, ionthophoresis, and role of enhancer lipophilicity. European Journal of 
Pharmaceutics and Biopharmaceutics, 2012. Disponível em: 
<http://dx.doi.org/10.1016/j.ejpb.2012.06.005> Acesso em: 14 Out. 2012. 
 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
53 
 
 
DUTRA, C.; BIANCHETTI, P.; STÜLP, S. Avaliação da difusão e permeação cutânea 
in vitro de acetato de hidrocortisona tópica comercial. Scientia Plena, v. 9, n. 10, 
2013. 
 
ESTEVE, M. M. Estudo de um complexo ativo para prevenção do envelhecimento 
cutâneo. Cosmetics & Toiletries, v. 2, p. 31-40, 1990. 
 
ESTEVE, M. M. Envelhecimento Cutâneo. Cosm. Toiletries, v. 6, p. 42-50, 1994. 
 
EBIHARA, M. et al. Iontophoresis promotes percutaneous absorption of L-ascorbic 
acid in rat skin. Journal of Dermatological Science, v. 32, p. 217-222, 2004. 
 
FDA guidance for Industry: dissolution testing of immediate release solid oral dosage forms, 
August 1997; extended release solid oral dosage forms: development, evaluation and 
application of in vitro/in vivo correlations, September 1997. 
 
FIALHO, S. L.; CUNHA, A. S.; Iontoforese no transporte ocular de drogas. Arquivo 
Brasileiro de Oftalmologia, v. 65, p. 839-845, 2004. 
 
FIORUCCI, A. R.; SOARES, M. H. F. B.; CAVALHEIRO, E. T. G. A importância da 
Pharm. Sci. Technol vitamina C na sociedade através dos tempos. Química Nova 
na Escola, n. 17, p. 3-7, 2002. 
 
FITZPATRICK, R. E.; ROSTAN, E. F. Double-blind, Half-face Study Comparing 
Topical Vitamin C Vehicle for Rejuvenation of Photodamage. Dermatological 
Surgery, v. 28, n. 3, p. 231-236, 2002. 
 
FORNARO, A.; COICHEV, N. Ácido L-ascórbico: reações de complexação e de 
óxido-redução com alguns íons metálicos de transição. Quím. Nova [online]. v.21, 
n.5, pp. 642-650. ISSN 0100-4042, 1998. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/qn/v21n5/2936.pdf> Acesso em: 20 Out. 2012. 
 
GALLARTE, M. et al. On the stability of ascorbic acid in emulsified systems for 
topical and cosmetic use. Internatinal Journal of Pharmaceutics, v. 188, p. 233-
241, 1999 
 
GUO, J. H.; SKINNER, G. W.; HARCUM, W. W.; BHARNUM, P. E.; Pharm. Sci. 
Technol. Today, v. 1, p. 254, 1998. 
 
GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia Dermato-funcional. 3. ed. São 
Paulo: Manole, 2002. 
 
HIRATA, L. L.; SATO, M. E. O.; SANTOS, C. A. M. Radicais Livres e o 
Envelhecimento Cutâneo. Acta Farm. Bonaerense, 23 (3): 418-24, 2004. 
 
HUMBERT, P. Topical vitamin C in the treatment of photoaged skin. Eur. J. 
Dermatol, v. 11(2), p. 172-3, 2001. 
 
JADOUL, A.; BOUWSTRA, J.; PRÉAT, V. Effects of iontophoresis and 
electroporation on the stratum corneum – Review of the biophysicalstudies. 
Advanced Drug Delivery Reviews, v. 35, p. 89-105, 1999. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
54 
 
 
 
KALIA, Y. N. et al. Ionthophoretic drug delivery. Adv. Drug Deliv. Rev., v. 56, p. 619-
658, 2004. 
 
KAMYABI, M. A.; SHAFIEE, M. A. Electrocatalytic Oxidation of Dopamine, Ascorbic 
Acid and Uric Acida t Poly-2, 6- Diaminopyridine on the surface of carbon 
nanotubes/GC electrodes. J. Braz. Chem. Soc.v. 23, p. 593-601, 2012. 
KEDE, M. P.; SABATOVICHT, O. Dermatologia Estética. 2 ed. São Paulo: Ed. 
Atheneu, 2009. 
 
KOGAN, A.; GARTI, N. Microemulsions as transdermal drug delivery vehicles. 
Advances in Colloid and Interface Science. V. 123, p. 369-385, 2006. 
 
LEDUC, S. Electric ions and their use in medicine. Liverpool: Reabman Ltda, 1908. 
In: Banga AK, Chie YW. Iontophoretic delivery of drugs: fundamentals, developments 
and biomedical applications. J Control Rel 1988; 7: 1-24. 
 
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica. Trad. A. 
A. Simões e W. R. N. Lodi. São Paulo: Sarvier, 1993. 
 
LI, S. K.; MOLOKHIA, S. A.; JEONG, E. K. Assessment of subconjunctival delivery 
with model ionic permeants and magnetic resonance imaging. Pharmaceutical 
Research, v. 21, p. 2175-2184, 2004. 
 
LI, S. K. et al. Influence of asymetric donnor – receiver ion concentration upon 
transcleral iontophoretic transport. Journal of Pharmacological Science, v. 94, p. 
847-860, 2005. 
 
LIMA, A. L. S. et al. Avaliação dos Efeitos da Radiação Gama nos Teores de 
carotenóides, Ácido Ascórbico e Açúcares do Fruto Buriti do Brejo (Mauritia flexuosa 
L.). Acta Amazônica, v. 39(3), p. 649-654, 2009. 
 
LIN et al. UV photoprotection by combination topical antioxidants vitamin C and 
vitamin E. J. Am. Acad. Dermatol, v. 48, n.6, 2003 
 
LIU, X. et al. Elsevier, Sensors and Actuators. B. Chemical, v. 113, p. 106-111, 
2006. 
 
LOW, J.; REED, A. Eletroterapia Explicada: Princípios e Prática. 3 ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
 
LUPO, M. P. Antioxidants and vitamins in cosmetics. Clin. Dermatol, v. 19, n. 4, p. 
467-473, 2001. 
 
MAIA, A. M. et al. Ação das vitaminas antioxidantes em cosméticos. Revista Racine, 
v. 65, p. 52-60, 2001. 
 
MALPASS, G. R. P.; MOTHEO, J. A. Screening process for Activity Determination of 
Conductive Oxide Electrodes for Organic Oxidation. J. Braz. Chem. Soc. Vol. 19, n 
4, p. 672- 678, 2008. 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
55 
 
 
 
MEGRAB, N. A.; WILLIAMS, A. C.; BARRY, B. W. O. Estradiol permeation across 
human skin, silastic and snake skin membranes: the effects of ethanol/water co-
solvent systems. International Journal of Pharmaceutics, v. 116, p. 101-112, 1995. 
 
MOTA, A. C. V. et al. Estudo de liberação in vitro do filtro solar p-metoxicinamato de 
octila incluso em lipossoma e â-ciclodextrina. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 29, 
n. 3, p. 285-289, 2008. 
 
MOLOKHIA SA, JEONG EK, HIGUCHI WI, LI SK. Examination of penetration routes 
and distribution of ionic permeants during and after transscleral iontophoresis with 
magnetic resonance imaging. International Journal of Pharmaceutis. 2007 Apr 20; 
335(1-2):46-53. Epub 2006 Nov 3. 
 
 
NUNES, R. S. et al. Estudo de padronização da pele de cobra espécie – Boa 
constrictor - como modelo de estrato córneo para permeação de fármacos. Scientia 
Plena, v. 1, n. 7, p. 171-175, 2005. 
 
NUSGENS B. V. et al. Topically applied vitamin C enhances the mRNA level of 
collagens I and III, their processing enzymes and tissue inhibitor of matrix 
metalloproteinase 1 in the human dermis. J. Invest Dermatol, v. 116(6), p. 853-9, 
2001. 
 
OLIVEIRA, A. S.; GUARANTINI, M. I.; CASTRO, C. E. S. Fundamentação teórica 
para iontoforese. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 9, n. 1, p. 1-7, 2009. 
 
O’KEEFE, T. Ascorbic Acid and Stable Ascorbate Esters as Sources of Vitamin C in 
Aquaculture Feeds. Singapore: American Soybean Association – United Soybean 
Board, 8 p. ASA Technical Bulletin, Vol. AQ48-2001. 
 
OH, S.; GUY, R. H. Effects of iontophoresis on the electrical properties of human skin 
in vivo. International Journal of Pharmaceutics, v. 124, p. 137-142, 1995. 
 
OCHOA-BRUST, G. J. et al. Acta Obstetricia et Gynecologica 
Scandinavica. Jul2007, Vol. 86 Issue 7, p783-787. 5p. 1 Chart. DOI: 
10.1080/00016340701273189. , Base de dados: Academic Search Elite 
 
PINNEL, S. R. et al. Topical L-ascorbic acid: percutaneous absorption studies. 
Dermatology Surgery, v. 27(2), p. 137-42, 2001. 
 
PINNEL, S. R. Cutaneous photodamage, oxidative stress, and topical antioxidant 
protection. J. Am. Acad. Dermatol, v. 48(1), p.1-19, 2003. 
 
PRAUSNITZ, M. R. The effects of electric current applied to skin: a review for 
transdermal drug delivery. Advance Drug Delivery Review, v. 18, p. 395-425, 1996. 
 
RAOOF, Jahan Bakhsh; OJANI, Reza; BAGHAYERI, Mehdi. Turkish Journal of 
Chemistry. Feb2013, Vol. 37 Issue 1, p36-50. 15p. 1 Diagram, 3 Charts, 9 Graphs. 
DOI: 10.3906/kim-1112-54. , Base de dados: Academic Search Elite 
B
D
U
 –
 B
ib
lio
te
ca
 D
ig
ita
l d
a 
U
N
IV
AT
E
S 
(h
tt
p:
//w
w
w
.u
ni
va
te
s.b
r/
bd
u)
56 
 
 
 
REYNOLDS, J. E. The Extra Pharmacopedia. 29 ed. London: Pharmaceutical, 1. p. 
1254-1256, 1989. 
 
RICHTER, E. M. et al. Quím. Nova, 26, 6, p. 839-843, 2003. Disponível em: 
<http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2003/vol26n6/10-AR02256.pdf>. Acesso em: 
15 set. 2012. 
 
ROBINSON, A. J. Eletrofisiologia clínica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. 
 
ROZMAN, et al. Temperature- Sensitive Microemulsion Gel: An effective Topical 
Delivery System for Simultaneous Delivery of Vitamins C and E. Pharm. Sci. Tech, 
v. 10, n. 1, 2009 
 
RUMSEY, S. C.; LEVINE, M. Absorption, transport, and disposition of ascorbic acid in 
humans. Nutritional Biochemistry, v. 9, p. 116-130, 1998. 
 
SCOTTI, L. et al. "Modelagem molecular aplicada ao desenvolvimento de moléculas 
com atividade antioxidante visando ao uso cosmético." Brazilian Journal of 
Pharmaceutical Sciences 43.2 (2007): 3-12. 
 
SHAKKTHIVEL, P.; CHEN,S.-M. Simultaneous determination of ascorbic acid and 
dopamine en the presence of uric acid on ruthenium oxide modified electrode. 
Biosensors and Bioelectronics. v. 22, p. 1680-1687, 2007. Disponível em: 
<http://www.sciencedirect.com/science/journal/09565663/22/8> Acesso em: 16 set. 
2012 
 
SILVA, M. R.; SILVA, M. S.; OLIVEIRA, J. S. Estabilidade de Ácido Ascórbico em 
Pseudofrutos de Caju-do-Cerrado Refrigerados e Congelados. Pesquisa 
Agropecuária Tropical, v. 34(1): p. 9-14, 2004. 
 
SILVA SM, HU L, SOUSA JJ, PAIS AA, MICHNIAK-KOHN BB.A combination of 
nonionic surfactants and iontophoresis to enhance the transdermal drug delivery of 
ondansetron HCl and diltiazem HCl. Eur J Pharm Biopharm. 2012 Apr; 80(3):663-
73. Epub 2011 Nov 25. 
 
SPICLIN, P. et al. Sodium ascorbyl phosphate in topical microemulsions. 
International Journal of Pharmaceutics. V. 256, p. 65-73, 2003. 
 
TOMODA, K. et al. Enhanced transdermal delivery of indomethacin loaded PLGA 
nanoparticles by iontophoresis. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 88, p. 
706-710, 2011. 
 
UPADHYAY, D. N.; YEGNARAMAN, V. Effect of thiourea and substituted thioureas on 
copper underpotential deposition on gold. Material Chemistry and Physics, v. 62, p. 
247- 253, 2000