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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faculdade de Ciências Econômicas A ORIGEM DO CAPISTALISMO (CAP. 4 e 5) ELLEN WOOD Dezembro de 2018 Rio de Janeiro INTRODUÇÃO O objetivo foi fazer uma resenha sobre os dois capítulos (4 e 5) da obra: A Origem do Capitalismo, do autora Ellen Meiksins Wood. Devido à importância de seu trabalho para fundamentar o surgimento do Capitalismo. A proposta da autora de definir a origem do capitalismo passa por rever a questão da ‘naturalidade’ sobre o surgimento do mesmo, sendo essa a sua principal intenção, ela faz isso questionando a colocação do capitalismo sendo algo natural e destacando suas maneiras particulares de representar uma forma social, bem como uma quebra com formas sociais antecessoras. CAP. 4: A ORIGEM AGRÁRIA DO CAPITALISMO A autora explica que o feudalismo não é uma condição suficiente para que se chegue no capitalismo, fala também contra as cidades e o comércio como as origem fundamentais deste sistema econômico. Ela defende a tese de que o capitalismo teve origens fundamentalmente agrárias, tendo surgido na Inglaterra pelas mudanças no modo de produção e depois se espalhando pelo mundo esse sistema econômico. Ellen Wood evidencia no inicio do texto, argumentando que o capitalismo tem o feudalismo como condição necessária, mas não condição suficiente, ou seja ocorreu outras influencias, justificando que a partir do feudalismo se pode ter vários resultados. A visão, muito comum, de que as cidades são capitalistas, e quando elas puderam se desenvolver livremente o capitalismo finalmente ascendeu, dá a esse sistema uma aparência natural, as praticas de “comerciar, permutar e troca” à qual Adam Smith se referiu, e oculta a percepção da sua singularidade histórica, como um produto de condições bem especificas. Desde o surgimento da agricultura, os camponeses tinham posse dos meios de produção. Quando outras classes se apropriavam do produto do trabalho destes, isso se dava por meios extra- econômicos, como uso da coerção direta. Por outro lado, no sistema capitalista, a apropriação por parte dessas outras classes se dá atrases de meios quase que unicamente econômicos, pois os produtores aqui não são os donos dos meios de produção. No capitalismo, praticamente tudo é produzido para o mercado, e tanto os trabalhadores quanto os donos do capital dependem do mercado para sobreviver. O mercado se infiltrou na produção de alimento; algo que não tinha acontecido anteriormente, e o resultado disso tudo é a competição, acumulação e maximização do lucro ao máximo, umas das premissas do capitalismo. A essência do mercado era a de comprar barato e vender caro, não existindo a busca por uma produção mais eficiente de maneira mais abrangente. O comercio, tinha como ênfase principalmente as famílias ricas, pois os bem de luxo tinham baixo volume e alto valor agregado, eram os mais fácies de serem transportados. Não havia um único mercado integrado, e era isso que possibilitava o comércio funcionar dessa forma. Os comerciantes compravam barato em um mercado e revendiam em outro mercado isolado por um preço muito maior. Com os monopólios nacionais de atividades desse tipo, a competição era baixa ou inexistente, e apenas a circulação de mercadoria era estimulada, e não a produção das mesmas. A Inglaterra foi diferente dos outros países da Europa, passou por um grande processo de unificação, já havendo desde cedo uma centralização do poder, diferente nos casos europeus. A agricultura era a base material da economia, e a aristocracia inglesa, embora não possuísse poderes extra-econômicos, podia exercer coerção económica, pois desde cedo a Inglaterra já possuía uma grande concentração de terra. A aristocracia para se sustentar, exercia pressão em seus arrendatários para que a produção dos seus territórios fosse cada vez maior, sob a pena de arrendar a terra para outra pessoa. Não produzir competitivamente passou a significar perder a terra, e com isso o mercado passa a ser não apenas uma oportunidade para os que nele ingressam, mas sim um imperativo. Na França, para comprar como caso da Inglaterra, o campesinato tinha a terra garantida a uma taxa nominal fixa, com isso não ocorreu um estímulo para que a produção crescesse. Quando a aristocracia aqui tentava obter mais dos camponeses, os meios para isso eram extra-econômicos, como através da aplicação de impostos, tendo como resguardo fatores políticos, militares, etc. A renda da terra na Inglaterra, ao invés de ser fixa, era variável, e ia aumentando conforme a produtividade média do país ia aumentando, o que mantinha a pressão constante para o aumento da produção. A Inglaterra com o passar do tempo passou a executar ações coercitivas para terminar com o direito consuetudinário do campesinato. Uma parcela considerável da população que ia perdendo os seus meios de subsistência, enquanto a concentração de terras crescia, e aos poucos a tensão social foi aumentando dadas essas circunstâncias. A agricultura altamente produtiva passou a poder sustentar uma grande população não dedicada à produção agrícola, e uma parte assalariada que demandava bens de consuma baratos. Essas condições foram essenciais para o posterior desenvolvimento do capitalismo industrial. O “melhoramento”, que significa essencialmente um aumento da produtividade agrícola por unidade de trabalho, e possibilitava um aumento do lucro. Esse conceito englobava diversos atores, desde novas técnicas de plantio até a criação de novos instrumentos agrícolas. Porém, ele também se referia uma maior concentração da terra, principalmente através da eliminação do uso improdutivo de terras. Na Inglaterra havia terras comunais, e até as terras privadas podiam ser usadas pelos menos afortunados para colherem as sobras da colheita e não passarem fome. Porém, o processo capitalista foi eliminando esse uso da terra, com a ascensão de um uso que pode ser classificado como propriedade exclusiva da terra, que vai além do conceito de propriedade privada. O processo de cerramento foi como o aumento do melhoramento na Inglaterra tomou forma, e as tensões criadas por ele foram uma grande fonte de ressentimento na Guerra Civil Inglesa. Inicialmente, o Estado teve uma certa resistência à continuidade desse processo, porém após a Revolução Gloriosa ele se institucionalizou e os cerramentos parlamentares começaram. A tese de John Locke sobre a propriedade privada se passa sobre o processo de melhoramento. Ele critica os aristocratas que apenas recebem renda e não fazem nada, ou o comerciante que só compra barato e vende caro, já que o foco deveria ser a melhora da produção agrícola. Melhorar a terra gera uma produção maior, e qualquer um que faça isso está beneficiando a sociedade, e isso é um argumento em favor dos cercamentos. A colonização também encontra aqui justificativa, se as terras das Américas não eram usadas de forma produtiva, era um dever dos europeus se apropriar delas e melhorá-las, já que os ingleses teriam uma missão de melhorar o mundo. Na ultima parte deste capitulo, explica que com as mudanças no modo de produção acarretaram em uma mudança na luta de classes. Na França, em que quem quisesse ter privilégios poderia buscar fazer parte do Estado e se beneficiar com impostos, ou seja, aristocracia francesa estava atenta a manutenção dos seus cargos elevados e privilégios nobiliárquicos, já na Inglaterra os proprietários não eram estimulados a terem uma participação maior no Estado, mas sim um aumento na produtividade para que os seus lucros pudessem aumentar. Conflitos por propriedade eram mais importantes do que questões extra econômicas, e assim a reação dos camponeses aqui passou a ser uma de fazer oposição aos cercamentos e o desenvolvimento do próprio sistema capitalista, uma vez que este geravam desigualdades sociais e vários outros problemas. CAP. 5: DO CAPITALISMO AGRÁRIO AO CAPITALISMO INDUSTRIAL: ESBOÇO SUCINTO Não foram os comerciantes nem os fabricantes que dirigiram o processo que impulsionou o desenvolvimento inicial do capitalismo. A transformação das relações sociais de propriedade se firmou inicialmente no campo, e a transformação do comércio e da indústria ingleses foi mais resultado do que causa da transição para o capitalismo na Inglaterra. O comercio podiam funcionar perfeitamente dentro de um sistema não capitalista. A denominação “capitalismo agrário” tem sido usada, até esse momento, sem considerar o trabalho assalariado seja como o seu cerne, pois o trabalho assalariado é central no capitalismo. A relação do capitalismo já estava instaurada na agricultura inglesa antes da proletarização da força de trabalho. Vale a pena ressaltar que para Marx e outros pensadores, os latifundiários que viviam da renda capitalista da terra, arrendatários que viviam do lucro e trabalhadores que viviam do salário, era visto por eles como características definidora das relações do capitalismos agrários na Inglaterra. No inicio dos tempos modernos, a agricultura britânica era suficientemente produtiva para sustentar um número grande de pessoas que não se dedicavam mais à produção agrícola e ter excedente na produção para poder exportar. Isso comprova que apenas técnicas de cultivo particularmente eficientes fazia um aumento na produção e utilizando menos “mão-de-obra”. A produtividade agrícola da Inglaterra teve uma capacidade “impar” de sustentar a explosão populacional e como precisava de menos força de trabalho acabou gerando esse excedente de pessoas desocupadas, esses fatores que ajudaram a alimentar a industrialização na Inglaterra. A desapropriação dos pequenos produtores, cujo destino, como migrantes desalojados, eram tipicamente Londres deu-se inicio ao crescimento dessa capital, já em outros países europeus que se deu de forma diferente, o padrão típico era uma população urbana dispersa entre várias cidades importantes. Esse crescimento populacional representou a unificação crescente não somente do Estado inglês, mas de um mercado nacional. Essa imensa cidade era o eixo do comércio inglês. Era, a um tempo, um grande ponto de trânsito do comércio nacional e internacional e uma vasta consumidora dos produtos ingleses, inclusive de sua produção agrícola. O crescimento de Londres, simbolizou o capitalismo emergente da Inglaterra: seu mercado cada vez mais único, unificado, integrado e competitivo; sua agricultura produtiva e sua população desapropriada. O sistema de comércio mais vasto na qual surgiu o capitalismo inglês, e não teria surgido sem ele. As “leis de movimento” econômicas nascidas na Inglaterra rural criaram um tipo inteiramente novo de sistema mercantil, no qual não dependia exclusivamente do comércio exterior, mas de um mercado interno altamente desenvolvido, com uma população crescente que já não se dedicava à produção de bens do cotidiano. Londres em si era um mercado maciço de bens de consumo primários e era o eixo desse mercado interno crescente, se diferenciando dos outros. Vinha aparecendo um sistema de comércio mundial proveniente da Grã - Bretanha, e especificamente de Londres, que depois viria a substituir a “infinita sucessão de operações de arbitragem entre mercados separados, diferentes e distintos que constituíra até então o comércio exterior”. Mas a Grã-Bretanha desenvolveu um no impulso imperialista: não apenas a antiga avidez pré-capitalista de terras e pilhagem (embora ela não desaparecesse, é claro), mas uma expansão, para o exterior, dos mesmos imperativos capitalistas que estavam impulsionando o mercado interno: os imperativos da produção competitiva e do aumento do consumo. Sem a riqueza criada pelo capitalismo agrário, ao lado de motivações inteiramente novas de expansão colonial — motivações diferentes das de antigas formas de aquisição territorial -, o imperialismo britânico seria algo muito diferente do motor do capitalismo industrial em que veio a se transformar. Sem o capitalismo inglês provavelmente não haveria nenhum tipo de sistema capitalista: foram as pressões competitivas provenientes da Inglaterra, especialmente de uma Inglaterra industrializada, que compeliram outros países a promoverem seu próprio desenvolvimento econômico em direções capitalistas. Nações que ainda agiam com base em princípios pré-capitalistas de comércio, ou numa rivalidade geopolítica e militar que mal diferia, em princípio, dos antigos conflitos feudais pelo território e pela pilhagem, foram guiadas pelas novas vantagens competitivas da Inglaterra a promover seu próprio desenvolvimento econômico em moldes semelhantes. Devemos reconhecer não apenas a plena força dos imperativos capitalistas, as compulsões da acumulação, da maximização do lucro e da produtividade crescente do trabalho, mas também suas raízes sistêmicas, para sabermos exatamente por que elas funcionam como funcionam. CONCLUSÂO Ellen Wood descreve em seus capítulos, outros países com características semelhantes a Inglaterra não foram capazes de dar origem o Capitalismo, deram origem a outras coisas, porém as condições imposta a população Inglesa na época, foram fatores preponderantes para a base do surgimento do Capitalismo.