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Tekhne e Logos, Botucatu, SP, v.9, n.2, set., 2018. 
ISSN 2176 – 4808 
_____________________ 
1Graduanda em Agronegócio pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu. Av. José Ítalo Bacchi, S/N - Jd. 
Aeroporto. CEP: 18606-851 - Botucatu-SP. E-mail: simplicio.anap@gmail.com 
2Docente da Faculdade de Tecnologia de Botucatu. 
 
___________________________________________________ 
Recebido em dezembro de 2017 e aceito em maio de 2018. 
MELHORAMENTO GENÉTICO: UTILIZAÇÃO DE ESCORES VISUAIS NA 
PECUÁRIA DE CORTE 
 
GENETIC IMPROVEMENT: USE OF VISUAL SCORE IN CUTTING LIVESTOCK 
 
Ana Paula Góes Simplício1 Fernanda Cristina Pierre2 
 
RESUMO 
 
A maior rentabilidade da pecuária está no uso de metodologias que forneçam resultados de 
forma eficiente com padrão de qualidade que atenda aos mercados mais exigentes, sejam eles 
internos ou externos. O uso de escores visuais como ferramenta para o melhoramento genético 
destaca-se, entre esses métodos, como uma alternativa relativamente simples, que não exige 
aquisição ou uso de máquinas e equipamentos específicos, tornando sua adoção viável do 
ponto de vista financeiro. O estudo foi realizado com base em revisões bibliográficas e 
consultas de aplicabilidade a campo, visando ao aperfeiçoamento dos processos de seleção, 
capazes de agregar valor econômico e qualidade ao longo da cadeia produtiva. 
 
Palavras-Chave: Avaliação Corporal. Gado de Corte. Melhoramento Animal. 
 
ABSTRACT 
 
The greatest profitability of livestock farming is the use of methodologies that provide results 
in an efficient way with a quality standard that meets the most demanding markets, be it internal 
or external. Among these methods, the use of visual scores as a tool for genetic improvement 
stands out as a relatively simple alternative, which does not require acquisition or use of specific 
machines and equipment, making its adoption viable from a financial point of view. The study 
was carried out based on bibliographical reviews and field applicability queries, aiming at 
perfecting the selection processes, capable of adding economic value and quality throughout 
the production chain. 
 
Key words: Body Evaluation. Beef cattle. Animal Breeding. 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
A finalidade do melhoramento genético, de um modo geral, é alcançar patamares mais 
elevados de produção, produtividade e/ou de qualidade do produto em equilíbrio com o sistema 
de produção e as exigências do mercado (ROSA et al., 2013). No caso da bovinocultura de 
corte, esta melhoria baseia-se na escolha correta dos animais aos quais será concedida a 
oportunidade de participar do processo de constituição da geração subsequente, quer sejam eles 
indivíduos de uma mesma raça ou de raças diferentes, técnicas que constituem, 
respectivamente, as estratégias de seleção e de cruzamentos (MENEZES et al., 2017). 
De acordo com Euclides Filho (2009), a prática do melhoramento genético no Brasil, 
realizados nos primórdios do período colonial, somente passaram a ser mais objetivamente 
organizados a partir do início do século XX, com a implantação dos livros de registro 
genealógico. Lentamente, alguns avanços passaram a ser observados, com a realização de 
provas de ganho de peso introduzidas na década de 1950 e, principalmente, por meio das 
chamadas provas zootécnicas (controle de desenvolvimento ponderal, provas de ganho de peso 
e testes de progênie), no final dos anos 60. 
Em contrapartida, a genética molecular progrediu excepcionalmente após descoberta do 
DNA em 1953, por James Watson e Francis Crick, possibilitando o desenvolvimento de 
métodos de análise da estrutura e função do material genético, de equipamentos com capacidade 
para análise automatizada de grande quantidade de amostras, de métodos estatísticos e de 
ferramentas de informática, resultando na ciência conhecida como genômica. Porém, o desafio 
de esclarecer os mecanismos determinantes da variação genética de características mais 
complexas, entre as quais estão inseridas a maioria das características de interesse econômico 
dos animais, ainda permanece por ser alcançado (REGITANO, 2004). 
Atualmente, dentre os diversos programas de melhoramento genético, o uso de escores 
visuais vem sendo adotado na estimativa da carcaça animal e a precocidade com que este 
chegará ao abate. Basicamente, o objetivo desta técnica é identificar animais que atendam à 
viabilidade de criação conforme as condições do ambiente no qual está inserido, em conjunto 
com as exigências do mercado consumidor, de forma eficiente e no menor tempo possível. 
Segundo De Faria et al. (2007), um programa de melhoramento genético que leva em 
consideração somente características de desenvolvimento ponderal como ganho em peso, por 
exemplo, não seria apropriado, uma vez que a composição corporal do animal não deve ser 
ignorada. Escores para conformação, musculosidade e precocidade de terminação são 
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características importantes para seleção de animais que produzem mais carne ou rendimento de 
carcaça desejável em menor tempo. 
Ainda segundo os autores, para que a inclusão de escores visuais em programas de 
melhoramento seja eficaz, é importante que o método de avaliação escolhido seja aplicado 
corretamente. O aprimoramento dos métodos para a predição dos componentes de variação tem 
sido estudado por pesquisadores, uma vez que todo trabalho de avaliação dos valores genéticos 
individuais de diversas características de importância econômica utiliza essas estimativas. 
Conhecer as previsões de herdabilidade e correlações genéticas das características morfológicas 
com as de crescimento, reprodução e qualidade da carcaça colabora para as informações destas 
características com o desempenho produtivo de bovinos e, portanto, sobre a inclusão destes 
escores de avaliação visual em programas de melhoramento genético, com a finalidade de obter 
progresso genético para um biótipo desejável, por meio da seleção. 
Este trabalho organiza-se como uma revisão bibliográfica sobre a utilização e métodos 
de escores visuais no Brasil e o uso das características morfológicas em programas de seleção 
na bovinocultura de corte. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
2.1. Escores Visuais 
 
Os primeiros registros no melhoramento genético da bovinocultura começaram com a 
avaliação visual, levando em consideração a associação dos biótipos morfológicos com animais 
mais produtivos, considerando-se o olho humano como a principal ferramenta capaz de 
identificar animais de características superiores para seu posterior acasalamento. Atualmente 
esse método de avaliação continua sendo empregado, porém de forma mais uniformizada 
devido à implantação de metodologias de avaliação visual nos programas de melhoramento 
genético animal (CARREÑO, 2015). 
No Brasil, de acordo com Fries (1996), as avaliações visuais em programas de 
melhoramento genético em bovinos, começaram a ser oficialmente utilizadas a partir de 1974 
no Programa de Melhoramento de Bovinos (PROMEBO), que exigia, além das pesagens às 
idades padrão, a avaliação visual dos indivíduos com base em duas técnicas: escore de 
conformação (EC) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o sistema 
de avaliação Ankony, que se fundamenta numa escala absoluta de 1 a 10 para algumas 
características que podem ser ponderadas visualmente (PRESTES et al., 2013), como 
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acabamento de carcaça, tamanho da ossatura, musculosidade,
aprumos, diferenciação racial e 
sexual (DE FARIA et al., 2007). 
A inclusão de parâmetros de escores visuais nos programas de melhoramento genético 
busca ajudar na seleção de animais mais eficientes, sem que fique restrito somente às variações 
de peso em relação à idade. De acordo com Carreño (2015), os escores visam quantificar a 
proporção dos diferentes tecidos da carcaça (músculo, osso e gordura) dos animais no ponto de 
abate, bem como identificar os indivíduos que demonstram acabamento precoce (quantidade 
mínima de gordura necessária para o abate), contribuindo para melhorar as características de 
carcaça. 
A fim de obter os melhores resultados, diferentes métodos de avaliação dos escores 
visuais têm sido propostos. Nos primórdios, os valores eram atribuídos inteiros, com base em 
uma referência absoluta, como é o caso das características lineares de tipo em gado de leite, 
onde é utilizado para especificar determinadas características morfológicas que aprimoram a 
eficiência da vaca não pelo aumento de sua produtividade, mas atribuído à redução dos custos 
produtivos. Posteriormente, Fries (1996) sugeriu que os escores fossem utilizados apoiados em 
uma referência relativa, neste caso, um determinado rebanho seria referencial, sendo que o 
escore atribuído a cada animal dependerá da média do rebanho, e não mais de uma referência 
absoluta. Esse procedimento tem como finalidade aumentar a variabilidade fenotípica nas 
avaliações, visto que com a metodologia anterior a distribuição dos fenótipos era concentrada 
em torno de uma quantidade reduzida de escores. 
A avaliação das características de carcaça por meio de escores visuais apresentam vários 
pontos positivos: facilidade, ao permitir avaliar uma quantidade relativamente grande de 
animais em curto espaço de tempo; custo baixo, por não exigir uso de nenhum equipamento ou 
tecnologia; e finalmente, não é invasiva, nem interfere na integridade do animal, promovendo 
a inclusão dos escores nos programas de melhoramento genético. Em contrapartida, também 
apresenta alguns pontos negativos que deixam dúvida se realmente ajudam no aumento da 
qualidade de carcaça devido a baixa correlação com estas características. A maioria dos estudos 
aplicados a campo mostram baixas correlações fenotípicas, principalmente quando os escores 
são analisados em idades que não são próximas ao abate (GORDO, 2014). Para as correlações 
genéticas, os resultados têm sido semelhantes (DE FARIA et al., 2007). Outro ponto importante 
é a subjetividade das avaliações, uma vez que ao serem mensuradas pelo olho humano, o risco 
do erro é eminente (CARREÑO, 2015). 
 
 
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2.2. Noções de Exterior Aplicadas Aos Bovinos 
 
Uma das regras fundamentais para aplicação das avaliações visuais parte da premissa 
de que só podem ser adotadas de forma relativamente eficaz em grupos de indivíduos 
denominado grupos de contemporâneos (GC), que são oriundos de um mesmo ambiente, 
mesmo grupo genético, mesmo sexo, nascidos em uma mesma estação, submetidos exatamente 
aos mesmos manejos nutricionais e sanitários. Avaliar este grupo de indivíduos, identificando 
visualmente diferenças entre eles, torna-se um método eficiente porque as diferenças serão 
resultantes dos efeitos genéticos e não dos efeitos ambientais (ROSA et al., 2013). 
Alguns aspectos merecem uma discussão mais elaborada para as avaliações visuais de 
tipo, destacando-se os aprumos, dos aspectos tidos como definidores de raça e alguns 
indicadores fenotípicos de fertilidade (QUADRO 1). 
 
Quadro 1 - Aspectos para avaliação visual de tipo 
APRUMOS 
CONCEITO 
Refere-se à condição normal dos membros de sustentação do animal. 
Aprumos defeituosos ou fracos levam a um baixo desempenho 
reprodutivo devido ao esforço de macho e fêmea durante a monta e 
menor vida útil. Embora não haja estimativas de herdabilidade, 
indivíduos com problemas devem ser eliminados do rebanho. 
AVALIAÇÃO 
As pernas devem se mover em direção reta para frente; os cascos 
devem ser do mesmo tamanho, escuros e fortes; joelhos não devem 
estar edemaciados ou inchados; pernas bem afastadas; ossatura forte 
e recoberta por musculatura bem desenvolta. 
ASPECTOS 
RACIAIS 
CONCEITO 
Atributos étnicos têm um grande valor de mercado e impacto 
econômico considerável. Indivíduos da mesma raça apresentam 
maior probabilidade de ter um número maior de genes comuns entre 
si do que a média da população da mesma espécie. 
AVALIAÇÃO 
Animais que apresentam as mesmas características (fenótipo), 
apresentam comportamento produtivo equivalente. 
PROPRIEDADES 
REPRODUTIVAS 
CONCEITO 
Considerada a característica mais importante do ponto de vista 
econômico da seleção. Rebanhos com alto desempenho reprodutivo, 
considerando a precocidade sexual e longevidade produtiva, 
apresentam respostas à seleção superiores à de rebanhos comuns em 
reprodução. 
AVALIAÇÃO 
FÊMEA 
Vacas de estatura mais elevada são menos férteis ou 
mais tardias; pelos grosseiros, eriçados, com 
escurecimento refletem baixa atividade hormonal 
ovariana; novilha ou vaca jovem com úbere carnudo 
ou com depósitos de gordura indica baixa habilidade 
maternal; temperamento bravio, cabeça elevada 
aparentando espantados indicam alta função da 
tireoide. 
MACHO 
Volume e forma dos testículos indicam correlação 
com a idade à puberdade das futuras filhas; touros com 
padrão de crescimento superior são sexualmente mais 
tardios; o escurecimento da pelagem é sinal da libido 
do reprodutor; os músculos devem ser bem 
desenvoltos e definidos, musculatura proeminente e 
rígida favorece na escolha. 
 Fonte: Adaptado de ROSA et al. (2013). 
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2.3. Avaliação da Condição Corporal 
 
As diferenças entre os animais quando se trata da condição corporal indicam variações 
genéticas e/ou influência do ambiente entre eles. 
De acordo com De Faria et al. (2007), os dados coletados podem passar por análise 
genética, sendo importantes entre várias situações, dentre as quais destacam-se: 
 Comparação veloz, segura e simples de rebanhos ou de animais, sob diferentes 
condições de manejo, ambiente ou tratamento; 
 Seleção de fêmeas para inclusão em programas de reprodução; 
 Decisão quanto ao balanceamento alimentar ou descarte de fêmeas; 
 Seleção de fêmeas levando em consideração produtividade, avaliando a qualidade 
dos bezerros gerados; 
 Decisão no manejo de animais em recria e engorda; 
 Subsídios na compra e venda de animais. 
 
Os autores ainda ressaltam a importância da avaliação da condição corporal das fêmeas 
dentro de um rebanho devido ao manejo reprodutivo, pois, mesmo sendo subjetiva, demonstra 
o estado nutricional do rebanho em um determinado momento, permitindo correções no manejo 
nutricional. Seguindo este princípio, surgiu a metodologia pioneira de avaliação visual proposta 
por Nicholson e Butterworth na África no ano de 1986, com animais zebuínos. O plano 
basicamente pontua os animais de um a nove, separando-os em categorias através da análise da 
cobertura muscular e de gordura, observando os seguintes aspectos: 
 Processo transverso da coluna vertebral; 
 Íleos, ísquios e costelas; 
 Forma da musculatura (côncava, plana ou convexa); 
 Cobertura muscular na região dorso-lombar; 
 Cupim, pescoço, maça do peito e inserção da cauda. 
A descrição das pontuações por escore é apresentada na Tabela 1: 
 
 
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Tabela 1 - Sistema de escore visual para
avaliação da condição corporal 
Escore Condição Descrição 
Um a três Muito magra Falta de musculatura. Espinhas dorsais agudas ao tato. 
Ílios, ísquios, inserção da cauda e costelas proeminentes. 
Quatro Magra Costelas, ílios e ísquios ainda visíveis. Processo transverso 
das vértebras lombares não pode ser visto individualmente. 
Garupa ligeiramente côncava. 
Cinco Moderada Paleta e garupa com cobertura muscular média. Últimas 
costelas visíveis, boa musculatura sem acúmulo de gordura 
Seis Boa Espinhas dorsais não podem ser vistas, mas podem ser 
sentidas. Os ílios não são mais visíveis. Boa musculatura e 
alguma gordura na inserção da cauda. Aparência lisa. 
Sete Gorda Animal suavemente coberto de musculatura, mas os 
depósitos de gordura não são acentuados. As espinhas 
dorsais podem ser sentidas com pressão firme, mas são 
mais arredondadas que agudas. Cupim bem cheio e 
acúmulo de gordura na inserção da cauda 
Fonte: De Faria et al. (2007). 
 
Segundo Jimenez (2013), vacas gestantes que apresentam escores visuais abaixo de 
quatro (muito magras), na época da desmama, deverão receber suplementação alimentar a fim 
de atingir escore de cinco a seis, nas quais já se enquadram em condições moderadas a boa ao 
parto, conforme Figura 1. 
 
Figura 1 - Vaca com escore corporal 2 (muito magra). 
 
Fonte: De Faria et al. (2007). 
 
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Ainda de acordo o autor, vacas com escore corporal muito elevado propiciam ao 
acúmulo de gordura nos órgãos internos, contribuindo para a redução da fertilidade, conforme 
Figura 2. 
 
Figura 2 - À esquerda, vaca com escore 5 (moderada); à direita, escore 8 (muito gorda). 
 
Fonte: Adaptado de De Faria et al. (2007). 
 
Conforme citado neste trabalho, existem alguns métodos que interpretam, de maneira 
simples, o perfil do animal através da avaliação visual da condição corporal por escores 
(KOURY FILHO, 2001). 
Dessa maneira, para estabelecer uma avaliação visual da condição corporal por escore, 
é necessário utilizar métodos que interpretam, de maneira simples, o perfil do animal (KOURY 
FILHO, 2001). No Brasil, os métodos mais comuns no melhoramento genético são: o CPMU, 
EPMURAS o MERCOS. 
 
2.3.1. MÉTODO CPMU 
 
Desenvolvido pela empresa GenSys, refere-se às seguintes características: o escore de 
conformação (C), considera o comprimento, a largura, a profundidade e a aparência geral do 
animal; a precocidade (P) é a capacidade do animal em armazenar reservas de gordura, 
potencializando a precocidade na terminação; a musculosidade (M) leva em conta a massa 
muscular; e por fim, o umbigo (U) representa o tamanho e posicionamento do prepúcio. 
Levando em consideração apenas quatro características, este programa pode não ter a eficiência 
desejada, visto que não analisa pontos importantes como características sexuais e aprumos (DE 
FARIA et al., 2007). Neste método, os escores são relativos ao grupo de contemporâneo, e não 
de forma absoluta, sendo a escala utilizada de um a cinco, sendo a maior pontuação a 
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representante do grau mais favorável. Um animal que comparado ao seu grupo de 
contemporâneos for considerado intermediário (três pontos) para determinada característica 
servirá de referência para a classificação dos demais que estão abaixo ou acima da média. 
 
2.3.2. MÉTODO EPMURAS 
 
Essa metodologia foi desenvolvida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu 
(ABCZ) com o intuito de identificar animais que, nas condições viáveis de criação e em 
conjunto com o mercado consumidor, cumpram seu objetivo de forma eficiente e em menor 
tempo (ROSA et al., 2013). 
a) Estrutura corporal (E): corresponde visualmente a área animal, visto de lado, 
olhando-se basicamente para o comprimento corporal e a profundidade de costelas. 
b) Precocidade (P): avalia o biótipo mais precoce, baseado na deposição de gordura 
subcutânea, buscando animais que demonstram melhores profundidades de costelas 
em relação à altura de membros. Em animais mais jovens, onde, ainda não 
apresentam gordura de cobertura, o objetivo é encontrar a formação que corresponda 
à deposição nos indivíduos de forma precoce, os quais, serão os indivíduos com mais 
extensão de costelas em relação à altura de seus membros. Índices de deposição de 
gordura subcutânea é um ponto positivo para a avaliação do tipo precoce. 
c) Musculosidade (M): a musculosidade é a avaliação através da evidência de massas 
musculares bem distribuídas pelo corpo. 
d) Umbigo (U): é avaliado a partir da adoção de uma referência do tamanho e do 
posicionamento do umbigo, indivíduos que apresentam prolapso de prepúcio devem 
ser penalizados. 
e) Caracterização racial (R): corresponde a todos os itens previstos nos padrões 
raciais das respectivas raças envolvidas na avaliação, pois várias características 
raciais não são demonstradas esteticamente como a funcionalidade no ambiente no 
qual está inserido. 
f) Aprumos (A): os animais são avaliados pelas proporções, direções, angulações e 
articulações dos membros anteriores e posteriores. 
g) Sexualidade (S): busca masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas, sendo 
que essas características deverão ser tanto mais expressivas acompanhando a idade 
cronológica dos animais avaliados. É avaliado os genitais externos, que devem ser 
funcionais, de desenvolvimento coerente com a idade cronológica. 
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No método EPMURAS, os escores visuais variam de um a seis para estrutura corporal, 
precocidade, musculosidade e umbigo; e de um a quatro para características raciais, aprumos e 
sexualidade (MOTA et al., 2013). 
 
2.3.3. MÉTODO MERCOS 
 
Surgiu com o intuito de identificar animais que agrupam maior número de 
características de valor econômico e de aprimorar aspectos relacionados à composição de peso 
animal. As avaliações são feitas preferencialmente na época da desmama e ao sobreano, 
entretanto, podem ser feitas a qualquer idade do animal (DE FARIA et al., 2007). 
a) Musculosidade (M): considera a distribuição, desenvolvimento, volume e 
comprimento dos músculos no corpo do animal, tendo como foco a parte posterior 
devido ao valor de mercado, bem como valorizar animais que demonstram 
precocidade de desenvolvimento muscular. 
b) Estrutura física (E): analisa a sustentação do animal como cascos proporcionais e 
íntegros, ligamentos ou articulações firmes, largura dos ossos e aprumos como um 
todo. 
c) Aspectos raciais (R): observa-se a pelagem, pigmentação da pele e as mucosas, 
analisando ânus e vulva, o períneo e tetas, buscando identificar os animais que 
condizem melhor ao perfil da raça e que apresentem precocidade sexual. 
d) Conformação (C): avalia o esqueleto do animal, comprimento do corpo, abertura 
de peito (amplitude torácica), arqueamento e comprimento das costelas, a largura e 
o comprimento da garupa (à qual se alia facilidade de parto). Desvios de coluna 
como lordoses deverão ser condenados. 
e) Ônfalo (O): umbigo deve apresentar tamanho e posicionamento ideal. Machos de 
umbigo demasiadamente comprido, criados de forma extensiva podem ferir o 
prepúcio em talos de gramíneas, podendo comprometer o órgão reprodutor. 
f) Aspectos (S): analisa as características sexuais de machos e fêmeas como os órgãos 
genitais externos, devendo ser funcionais e condizentes com a idade cronológica. 
Características secundárias como forma e tamanho do cupim, pescoço e cabeça 
devem ser mais expressivas nos machos e mais suaves nas fêmeas. 
 
Ainda
segundo os autores, a avaliação é comparativa, e a pontuação dada a um animal 
é sempre relativa aos demais, só possuem significado em se tratando do grupo contemporâneo 
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ao qual ele pertence, não sendo possível comparar os melhores animais de grupos 
contemporâneos diferentes. A maior pontuação representa o grau mais favorável. 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A seleção funcional em gado de corte busca atender requisitos de impacto econômico 
ao longo da cadeia produtiva da carne, visando satisfazer as necessidades e demandas de 
mercado. Algumas características podem (e devem) ser mensuradas com o uso de ferramentas 
objetivas como, por exemplo, espessura de gordura, peso dos animais, altura, perímetro 
escrotal, dentre tantas outras. Porém, para outras características de mesma importância, não há 
instrumentos que façam essa análise. Para este caso a avaliação visual humana é a ferramenta 
indicada na tomada de decisão. A fim de que a avaliação seja eficiente e complemente a seleção 
objetiva, alguns pontos devem ser levados em consideração, como a habilidade do avaliador 
em ponderar as diferenças entre os animais, para formação de grupos de contemporâneos, 
atribuindo correlação genética. 
 
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