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2019
1a Edição
GeoGrafia Humana e da 
PoPulação
Karoline Kolosinski Obal
Talita Cristina Zechner Lenz
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Karoline Kolosinski Obal
Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
OB12g
 Obal, Karoline Kolosinski
 Geografia humana e da população. / Karoline Kolosinski Obal; Talita 
Cristina Zechner Lenz. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 219 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0303-4
1. Geografia humana. – Brasil. 2. Geografia da população. – Brasil 
I. Lenz, Talita Cristina Zechner. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 304.6
III
aPresentação
Realizar uma leitura geográfica da realidade requer que o profissional, 
o pesquisador, e até mesmo os licenciados tenham uma base sólida no 
que diz respeito à tarefa. A leitura envolve um binômio entre os aspectos 
físicos e humanos da ciência geográfica e, quando realizada em conjunto, 
proporciona uma abordagem totalizadora, permitindo que a sociedade possa 
compreender e intervir sobre a realidade.
Para tanto, neste livro de estudos, será disponibilizada uma série 
de discussões teóricas que visam dar embasamento para que você, futuro 
professor, possa conhecer o viés humano da Ciência Geográfica. Em um 
primeiro momento, trataremos sobre um breve apanhado da história de 
construção da Geografia Humana e seus conceitos, como espaço, território 
e paisagem etc. Não menos importante, a relação sociedade e natureza, bem 
como espaço e tempo serão contextualizados. Vamos compreender que não 
existe como separar o homem de sua relação com a natureza, pois é dela que 
se efetivam a produção e organização daquilo que conhecemos como ciência 
geográfica.
Nosso foco estará pautado também na Geografia da População, com 
as teorias demográficas de maior destaque, bem como o perfil demográfico 
da população mundial. Assim, poderemos compreender como se dão as 
desigualdades no mundo, sejam elas sociais, econômicas, políticas etc. Ainda, 
como a sociedade, por meio dos usos necessários do espaço para a vida da 
população, se apropria da natureza, e quais os desafios do século XXI em 
relação à saúde e energia para os povos do planeta.
Outros aspectos relevantes para a discussão dizem respeito à 
estrutura da população sobre a ótica da idade, por exemplo, quais os desafios 
e onde se localizam as populações mais ou menos jovens. Ainda, os aspectos 
relacionados ao mundo do trabalho em relação a uma população que está 
no processo de envelhecimento, bem como os desafios alimentares e de 
sustentabilidade do planeta. Encerraremos nosso debate com a abordagem 
das migrações recentes, visando compreender o todo do debate que tanto 
gera conteúdo nos últimos anos. 
Convidamos, desta maneira, você, estudante, a iniciar conosco o 
trajeto de aprendizagem sobre os temas que são extremamente pertinentes 
para compreendermos e atuarmos em nossa realidade. Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRIA, OS DUALISMOS, AS INTERFACES ENTRE O BINÔMIO 
SOCIEDADE E NATUREZA E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA 
GEOGRAFIA HUMANA ............................................................................................ 1
TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO .............. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ORIGEM DA GEOGRAFIA ENQUANTO CIÊNCIA ...... 3
3 CIÊNCIA GEOGRÁFICA: DA QUANTIFICAÇÃO À BUSCA DA ANÁLISE CRÍTICA ..... 10
4 GEOGRAFIA HUMANA: POR QUAL MOTIVO? ....................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 – OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO ANALISAR AS 
RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO? ............................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 BUSCA DA TOTALIDADE DA RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA ................................. 19
3 ESPAÇO-TEMPO: DIALÉTICA DA PRODUÇÃO DA MATERIALIDADE NO ESPAÇO ...... 23
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 – CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: 
 ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO ............................................................................ 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 ESPAÇO: O CONCEITO QUE DÁ SENTIDO AO ESTUDO GEOGRÁFICO ......................... 33
3 TERRITÓRIO: BUSCA PELA COMPREENSÃO DE UMA PORÇÃO DO ESPAÇO ............. 37
4 REGIÃO: ANÁLISE DO MEIO POR RECORTES ......................................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
TÓPICO 4 – CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: 
PAISAGEM E LUGAR ..................................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 PAISAGEM: A MATERIALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIEDADE E NATUREZA .......... 49
3 LUGAR: ENTRE O INDIVÍDUO E O MUNDO ............................................................................. 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................62
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63
UNIDADE 2 – O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA ........................ 65
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA 
POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA ........................................................... 67
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67
sumário
VIII
2 O QUE SE ENTENDE POR GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO? QUAL SUA RELAÇÃO 
 COM A DEMOGRAFIA? .................................................................................................................... 67
3 A EXPANSÃO DA POPULAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA ................................................ 75
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS ...... 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 CONCEITOS DEMOGRÁFICOS PARA ESTUDAR A POPULAÇÃO ..................................... 85
3 POPULAÇÃO ABSOLUTA E DENSIDADE DEMOGRÁFICA .................................................. 86
4 TAXA DE NATALIDADE .................................................................................................................... 95
5 TAXA DE FECUNDIDADE ................................................................................................................ 98
6 TAXA DE MORTALIDADE ................................................................................................................ 101
7 EXPECTATIVA DE VIDA OU ESPERANÇA DE VIDA ............................................................... 109
8 ESTRUTURA ETÁRIA ......................................................................................................................... 111
9 TEORIAS DEMOGRÁFICAS............................................................................................................. 113
9.1 TEORIA MALTUSIANA ................................................................................................................. 114
9.2 TEORIA NEOMALTHUSIANA .................................................................................................... 115
10 TEORIA REFORMISTA OU MARXISTA ...................................................................................... 116
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122
TÓPICO 3 – A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL .............................. 125
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125
2 A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL .................................................. 125
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 143
UNIDADE 3 – TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO ...... 145
TÓPICO 1 – O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE ................................................ 147
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147
2 A QUESTÃO DOS MOVIMENTOS POPULACIONAIS ............................................................. 147
3 FATOS RELEVANTES SOBRE O PANORAMA DAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS 
 NA ATUALIDADE ............................................................................................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 163
TÓPICO 2 – A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL .............................................................. 165
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 165
2 O MOVIMENTO DE EMIGRAÇÃO DOS BRASILEIROS ......................................................... 165
3 PRINCIPAIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO 
BRASIL .................................................................................................................................................. 168
4 REDES MIGRATÓRIAS ...................................................................................................................... 175
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 181
TÓPICO 3 – DESAFIOS PARA A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA 
 FOME E A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .................. 183
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 183
2 APONTAMENTOS SOBRE A QUESTÃO DA FOME .................................................................. 183
IX
3 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E A TRANSIÇAO DA ESTRUTURA ETÁRIA ..... 194
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 197
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 209
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 210
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 213
X
1
UNIDADE 1
BREVE HISTÓRIA, OS DUALISMOS, 
AS INTERFACES ENTRE O BINÔMIO 
SOCIEDADE E NATUREZA E OS 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA 
GEOGRAFIA HUMANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• compreender a geografia humana enquanto um ramo da ciência geográfi-
ca dedicada ao estudo totalizante e interpretativo das interações socieda-
de e espaço;
• examinar os dualismos em torno de sociedade-natureza e espaço-tempo. 
São relações indissociáveis e devem estar presentes em todas as análises 
geográficas;
• identificar as relações estabelecidas entre o espaço e o conceito estrutu-
rante da geografia, território e região, escalas de análise espacial e as suas 
especificidades;
• analisar a paisagem e o lugar enquanto recortes dentro do espaço geográ-
fico. São capazes de revelar, cada um com sua maneira, as interações das 
dinâmicas entre sociedade e espaço.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades que têm o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA 
DEFINIÇÃOTÓPICO 2 – OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO 
ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E 
ESPAÇO-TEMPO? 
TÓPICO 3 – CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO 
TÓPICO 4 – CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA 
DEFINIÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico abordaremos as questões relativas à estruturação da geografia 
enquanto ciência, buscando dar ênfase ao ramo geografia humana. Para tanto, 
analisaremos que o homem sempre esteve em contato com a leitura de espaço, 
por ser uma necessidade ao desenvolvimento das suas atividades. Assim, o 
conhecimento geográfico foi algo inerente ao homem desde a pré-história, sendo 
sistematizado conforme o seu horizonte geográfico se expandia. 
Vislumbraremos, de maneira breve, a sistematização da geografia e 
os primeiros passos da geografia humana sob o viés de duas escolas (alemã e 
francesa), para enfim ser concebida como uma ciência. Poderemos compreender 
que a relação entre o homem e o meio estava sempre presente, mesmo que 
mascarada por outros discursos. Enfim, serão pontuadas as áreas específicas 
desempenhadas pela geografia humana.
Por fim, as exposições deste tópico sobre a história da Geografia Humana 
e sua definição estarão baseadas na pontuação de suas áreas específicas. Podemos 
citar, neste momento, a Geografia Agrária, Urbana, Econômica, da População, 
entre tantas outras, que constituem o todo da abordagem humana, no entanto 
sem excluir de suas análises os aspectos naturais, pois a Geografia preocupa-se 
primordialmente em realizar a leitura da relação existente entre o homem e o 
meio, a sociedade e a natureza. Bons estudos!
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ORIGEM DA GEOGRAFIA 
ENQUANTO CIÊNCIA
A geografia, como veremos adiante, é uma ciência que está em constante 
processo de transformação e devido, sobretudo, à dinâmica própria da sociedade, 
do refazer-se constantemente.
A construção do pensamento geográfico passou por diversos períodos até 
chegar ao que hoje conhecemos como ciência geográfica. Lencioni (2003) chama a 
atenção para a diferença existente entre dois aspectos: conhecimento geográfico 
e geografia:
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
4
● Conhecimento geográfico: constitui-se como o conhecimento sobre o mundo. 
Está presente em toda civilização, pois viver significa conhecer o espaço 
circundante e produzir interpretações a partir de experiências, mesmo elas 
sendo simples.
● Geografia: os conhecimentos sistematizados que servem para dar origem a 
uma ciência, o que ocorreu somente no século XIX.
Para darmos conta da compreensão, trabalharemos a seguir, de maneira 
breve, o primeiro dos dois aspectos. Assim, podemos nos apoiar ainda em 
Lencioni (2003) quando a autora explana sobre a falta de precisão quando falamos 
em datação. Para ela, a geografia não pode ser datada a partir de uma época 
específica, visto que não há como conceber a vida humana na superfície terrestre 
sem a existência de conhecimentos geográficos.
 
Andrade (1992) afirma que a aplicação e o conhecimento geográfico 
já existiam desde a pré-história, desenvolvendo-se quando a civilização se 
desenvolveu. Também houve o aumento do ritmo e da capacidade de dominar 
e modificar a natureza para utilização dos recursos que estavam disponíveis. 
Assim, vamos refletir: de que maneira os conhecimentos geográficos serviam ao 
homem pré-histórico? Qual a aplicação de determinado tipo de conhecimento em 
seu cotidiano?
Na pré-história e na antiguidade, o conhecimento geográfico era 
utilizado basicamente para desenhar roteiros a serem seguidos, indicar recursos 
que estavam disponíveis para a exploração, vinculando-se profundamente à 
cartografia e à astronomia. De certa maneira, a sobrevivência de alguns grupos 
humanos dependia, de forma direta, da relação que estes estabeleciam com o 
espaço.
A ampliação do conhecimento geográfico se tornou uma necessidade 
ainda mais importante na medida em que as atividades de comércio e colonização 
se desenvolviam no mundo civilizado. Para termos uma noção mais ampla do 
conhecimento para os diferentes povos, acompanharemos a figura a seguir, que 
organiza essas informações de maneira direta.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
5
FIGURA 1 – CONHECIMENTO GEOGRÁFICO
FONTE: A autora
IMPORTANT
E
Geografia é uma palavra grega que deriva do termo geographia. Geo significa 
“Terra” e graphia “descrever”, ou seja, a geografia pode ser entendida como a descrição ou 
estudo da Terra.
Por esse e por outros motivos os gregos podem ser considerados os primeiros geógrafos, 
visto que foram os pioneiros na construção de um conhecimento metódico e relacionado 
à diferenciação do mundo, conhecimento sobre clima, marés, rios e a superfície da Terra 
(ANDRADE, 1992; LENCIONI, 2003). No contexto, podemos ainda conhecer uma figura de 
destaque: Estrabão, um filósofo grego que se dedicava à geografia e à história. Para ele, o 
saber geográfico é uma forma de conhecer o mundo e atender às necessidades humanas, 
sendo também um saber considerado estratégico.
Os próximos, na linha de sucessão do desenvolvimento de conhecimentos 
geográficos, são os Árabes. Lencioni (2003) evidencia a necessidade de os povos 
nômades desenvolverem a orientação e o conhecimento dos lugares. Assim, 
conseguiriam realizar sua mobilidade territorial com assertividade.
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
6
Chamamos a sua atenção para o período conhecido como Idade Média, 
pois nele que o pouco conhecimento geográfico foi produzido e compartilhado, 
visto que a igreja realizava o controle e a regulação de todo o material produzido, 
considerado “profano”.
A valorização, recuperação e atualização do conhecimento geográfico se 
deram em virtude das trocas mercantis, baseando-se essencialmente em torno de 
relatos de viagens. Contudo, foi no renascimento, um dos últimos períodos antes 
da sistematização da geografia, e com a crença da razão, que o homem buscou 
compreender o mundo de maneira mais efetiva.
 
Podemos conhecer mais duas figuras importantes na história do 
conhecimento geográfico: Foster e Kant. Considerados importantes pesquisadores 
da geografia, desenvolveram ideias gregas e romanas e partiram para o estudo 
dos recortes da superfície (MOREIRA, 2006).
As ações de Kant chamam a atenção. Ele passou a se dedicar ao ensino da 
geografia como uma disciplina, pois considerava que esta surgia da necessidade 
de entender a Terra como morada do homem e ainda refletir sobre a relação 
homem-natureza (LENCIONI, 2003).
Foi somente no século XIX que a geografia começou a ser sistematizada 
de maneira mais efetiva, tornando-se uma ciência autônoma. Andrade (1992) 
considera que não é fácil estabelecer ao certo o que é a geografia. Realiza um 
debate em torno da compartimentação da ciência em esferas específicas, o que 
teria de fato ocorrido em virtude do alargamento do conhecimento científico, 
tornando o domínio total difícil de ser conseguido por uma pessoa. 
Ainda, considera que a expansão do capitalismo pelo mundo fez crescer 
a formação de especialistas, que entendiam algumas áreas do conhecimento 
de maneira mais profunda e restrita. Para Andrade (1992), o cenário fez com 
que os estudiosos possuidores de uma visão global diminuíssem, reduzindo e 
neutralizando a capacidade crítica.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
7
FIGURA 2 – SISTEMATIZAÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
FONTE: A autora
Observamos que, na Figura 2, existem dois eixos: escola alemã e escola 
francesa. Através dos dois caminhos de análise que a geografia passa a ser 
considerada uma ciência, buscando um objeto de análise e um método de pesquisa 
e produção de conhecimento.
Existiram diferenças estruturais e de função entre essasduas perspectivas 
do fazer geográfico. Iremos nos concentrar, em um primeiro momento, na escola 
alemã. Moraes (2007) considera que foram Alexander von Humboldt (1769-1859) 
e Karl Ritter (1779-1859) os precursores da geografia. Era um momento em que, 
na Alemanha, a questão do espaço era primordial.
 
A Alemanha do século XIX se constituía em um aglomerado de feudos, 
inexistia um estado nacional, bem como uma unidade política e econômica. 
Assim, o capitalismo surge, sem romper com os elementos feudais. Há a união da 
produção para o mercado com o trabalho servil.
Sobre os dois estudiosos, Ritter se dedicou a estudar o recorte para 
compreender o todo, acreditando em uma individualidade regional, baseado em 
estudos antropocêntricos e no estudo dos lugares. Assim, seus trabalhos davam-
se de “observação em observação”.
Já quando falamos em Humboldt, entendia a geografia como uma 
síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Ele propõe um “empirismo 
raciocinado”, ou seja, a intuição nas pesquisas e estudos a partir da observação 
(MORAES, 2007).
 
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
8
Utilizaram o método da observação e da descrição, inventariando 
elementos do planeta. Conforme aponta Andrade (1992, p. 83), “o conjunto da 
obra dos dois sábios alemães respondia ao desafio da sociedade europeia em 
que viviam, tanto em função da dominação capitalista como para a formação da 
unidade da Alemanha”.
 
Um segundo momento de continuidade na geografia alemã aconteceu 
com Friedrich Ratzel (1844-1904). Diferentemente de seus antecessores, vivenciou 
um período de constituição do Estado Nacional, vindo a criar instrumentos para a 
visão expansionista alemã (MORAES, 2007). Elaborou a teoria do “espaço vital”.
IMPORTANT
E
Segundo a teoria do “Espaço Vital”, o homem retira do espaço o suficiente 
para a sua sobrevivência e o que espaço tem a oferecer condicionaria a vida do homem. 
Assim, deveria haver um equilíbrio entre a população de uma dada sociedade e os recursos 
disponíveis para suprir suas necessidades, definindo suas potencialidades em progredir e suas 
permanências territoriais.
Em termos de método, Ratzel não realizou grandes avanços. Manteve 
a ideia de geografia enquanto uma ciência empírica, baseada na observação e 
na descrição. Como desdobramentos de suas propostas surgiram a geopolítica, 
com autores como Kjellen, Mackinder e Haushofen, bem como a corrente 
“ambientalista” e o determinismo geográfico (MORAES, 2007).
Segundo Andrade (1992), apesar do trabalho desses estudiosos, a geografia 
demorou a ser aceita nas universidades, tornando-se um ramo do conhecimento 
meramente informativo e de catalogação de rios, montanhas, mares, climas, 
cidades, recursos.
 
A partir de agora, a discussão se dará em torno da segunda coluna da 
Figura 2, a escola francesa. Foi justamente em um cenário de críticas em relação 
à forma de fazer a geografia (que observamos até este ponto) que Paul Vidal de 
La Blache (1845-1918), estudioso francês, realizou suas contribuições em meio à 
ciência que se encontrava em sistematização.
 
Moraes (2007) esclarece que, diferentemente do contexto em que a geografia 
alemã foi desenvolvida, a geografia na França se dará em meio a um país já unificado 
desde o século XVI. O poder já havia se dividido entre o reino e a burguesia, em 
um sistema capitalista já presente. Contudo, existiam problemas internos, entre o 
proletariado e a burguesia, e problemas externos, nas lutas expansionistas contra a 
Alemanha, vindo a perder os territórios de Alsácia e Lorena que eram vitais para a 
industrialização do país, pois eram encontradas reservas de carvão.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
9
No período, a geografia se desenvolve com o apoio do estado francês. La 
Blache exprime, em seus estudos, um tom mais liberal, condizente com a revolução 
francesa. As críticas realizadas à geografia de Ratzel estavam relacionadas, em um 
primeiro momento, à politização do discurso do pensador alemão. A geografia 
necessitava servir ao Estado. Em um segundo momento, ao naturalismo, 
que reduzia o homem a um simples objeto. Por fim, à antropogeografia, que 
considerava que havia uma determinação da história pelas condições naturais, ou 
seja, o homem era analisado a partir do ponto de vista biológico (MORAES, 2007).
La Blache elaborou a teoria do “gênero de vida”. As regiões poderiam 
proporcionar o desenvolvimento da sociedade e, ainda, segundo Moraes (2007), 
haveria uma situação de equilíbrio entre a população e os recursos, construída 
historicamente pelas sociedades. Contudo, a teoria considerava que alguns 
fatores poderiam levar a uma mudança no gênero de vida, como o esgotamento 
dos recursos existentes, que impulsionaria a população a migrar.
Por fim, Moraes (2007) chama a atenção para o fato de que foi a La 
Blache quem se utilizou do discurso da neutralidade científica, o que acabou por 
mascarar o discurso ideológico do estado francês.
DICAS
Indicamos, para a leitura mais aprofundada do tema, o livro “Geografia: Ciência 
da Sociedade”, escrito por Manuel Correia de Andrade (1922-2007). O autor aborda a geografia 
desde a antiguidade até o início do século XXI, anexando ao debate vasto referencial sobre a 
geografia brasileira. 
Manuel nasceu na Zona da Mata pernambucana, filho de senhores de engenho. Segundo 
relatos de colegas geógrafos, sempre se manteve aberto e progressista quanto aos debates 
de cunho social. Foi autor de centenas de escritos e livros, entre eles “A terra e o homem no 
Nordeste”, em 1963. Foi exilado durante a ditadura militar, estando em universidades de países 
como a França.
Realizamos, até o momento, o apanhado geral entre as duas escolas, alemã 
e francesa, que deram origem e trataram de sistematizar a geografia enquanto 
ciência. Agora, devem ser objeto de reflexão as diferentes ligações estabelecidas 
entre a geografia e o estado, bem como os desdobramentos da proximidade em 
relação ao direcionamento das pesquisas e produções da época.
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
10
3 CIÊNCIA GEOGRÁFICA: DA QUANTIFICAÇÃO À BUSCA 
DA ANÁLISE CRÍTICA
O processo do “fazer” ciência muda constantemente, de acordo com 
processos de mutação ocasionados na realidade. Assim, começamos a perceber 
que a ciência, de modo geral, busca, por meio de objetos de estudos e métodos 
próprios, realizar a leitura e a intervenção sobre o real, ou seja, a realidade.
Assim, realizaremos uma discussão em torno de mais alguns períodos de 
produção geográfica, para entendermos como chegamos até o momento. Alfred 
Hettner (1859-1941) e Richard Hartshorne (1899-1992) surgem como expoentes na 
construção do pensamento geográfico. 
O primeiro, um geógrafo alemão, retomou as ideias de Ritter, este que 
nos referimos em um momento anterior, sobre a individualidade regional, 
porém seus estudos são deixados de lado e retomados somente na década de 
1930, pelo segundo, Hartshorne, nos Estados Unidos (MORAES, 2007). E s t e 
acha desnecessário estabelecer um objeto de estudo próprio da geografia. Essa 
ciência deveria estudar os elementos da superfície terrestre e suas inter-relações. 
Hartshorne vive em um período de afirmação estadunidense e funda a geografia 
idiográfica e monotética, as quais não nos aprofundaremos neste momento. A 
última é um esboço para a geografia quantitativa, pois inclui o uso de informações 
e tecnologia em suas análises. Para Moraes (2007), o geógrafo deixou uma rica base 
de dados e levantou questões válidas, contudo as respostas foram insatisfatórias 
ou equivocadas.
 
Entretanto, existiram, no período, fatos que marcaram a realidade vivida 
no mundo, como a Segunda Guerra Mundial e a expansão de novas formas 
de pensar o ato de produção e consumo. A geografia, por ser uma ciência 
dinâmica, consequentemente começa a conhecer um movimentode renovação, 
principalmente a partir da década de 1950, desenrolando-se até 1970. Passou a se 
basear no positivismo lógico e na revolução teorético-quantitativa (ANDRADE, 
1992).
As razões da crise se deram em virtude das alterações na base social. 
Com o desenvolvimento do capitalismo a realidade se tornou mais complexa, 
ocasionando uma crise nas técnicas tradicionais de análise. As lacunas lógicas e 
formulações também foram ponto de crítica.
 
Uma das correntes que surgiu a partir da renovação foi a geografia 
pragmática que efetua uma crítica em relação à insuficiência da análise tradicional. 
Houve forte vinculação com o planejamento público e privado (CORRÊA, 1995). 
Troca-se o empirismo da observação direta pelo empirismo abstrato de dados 
filtrados por estatísticas.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
11
Ainda, surge a geografia quantitativa, na qual tudo poderia ser explicado 
com o uso de métodos matemáticos. Tudo seria passível de ser expresso em 
termos numéricos e compreendido na forma de cálculos. O cenário apresentado 
brevemente, vindo de uma corrente pragmática, segundo Moraes (2007), 
constituiu-se como um instrumento de dominação da burguesia e um aparato do 
estado capitalista.
Já na década de 1970 surge a chamada geografia crítica, fundada no 
materialismo histórico e dialético. Busca romper com a geografia tradicional e com 
a teorético-quantitativa. Assim, o espaço reaparece como conceito fundamental 
(CORRÊA, 1995), principalmente nas análises e estudos do geógrafo Milton 
Santos (1998, 2006).
IMPORTANT
E
Milton Santos (1926-2001) foi um geógrafo brasileiro tido como o principal 
nome na geografia humana. Formou-se em 1948 na Universidade Federal da Bahia. Foi 
exilado em virtude da ditadura militar a partir do ano de 1964. No período, foi professor 
convidado em diversas universidades no mundo, como França, Canadá e também em países 
latino-americanos, como a Venezuela. Buscou, acima de tudo, desenvolver teorias que 
conseguissem dar suporte à realidade vivenciada pelos países em desenvolvimento. 
Entre suas contribuições, encontramos a teoria dos circuitos da economia urbana e do 
meio técnico-científico-informacional. Foi autor de dezenas de livros e centenas de textos 
geográficos. Para mais informações, você pode acessar o site disponível em: <http://
miltonsantos.com.br/site/>, mantido pela família do professor Milton Santos. É possível 
encontrar os escritos disponibilizados. Acesso em 18 jan. 2019.
Como grande influenciador de Milton Santos temos o filósofo e sociólogo 
francês Henry Lefebvre (1901-1991). Para ele, o espaço era o lócus da reprodução 
das relações sociais de produção, ou seja, o espaço de reprodução da sociedade. 
Para Santos, a sociedade só se torna concreta por meio de seu espaço, do espaço 
que ela produz. Por outro lado, o espaço só é compreensível por meio da sociedade 
(CORRÊA, 1995). Perceba que nem há como falar de um ou de outro de maneira 
dissociada. 
A geografia humanista surge também na década de 1970, porém de 
forma diferente da geografia crítica e teorético-quantitativa. Realiza suas análises 
baseada na subjetividade, no sentimento, na experiência e nos simbolismos. 
Um dos principais pensadores da corrente é Yi-FU Tuan. Nessa perspectiva, o 
foco de análise centra-se no espaço vivido, com raízes na tradição vidaliana e na 
psicologia de Piaget (CORRÊA, 1995).
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
12
Percebemos, no resgate histórico acerca da geografia, que o conhecimento 
geográfico teve sua expansão ao mesmo passo em que houve a ampliação do 
horizonte geográfico pelo homem, na busca de entender o todo e as partes do 
todo, ou seja, o mundo em que vivemos.
4 GEOGRAFIA HUMANA: POR QUAL MOTIVO? 
Até o momento realizamos uma retomada histórica acerca da geografia, 
mas como podemos entender o contexto de uma ciência chamada de humana? 
Para responder a essa pergunta, utilizaremos autores que vislumbraram, ao longo 
de seu processo acadêmico, o conhecimento geográfico buscando sua totalidade.
Pode-se atrelar o início da abordagem de geografia como humana nos 
trabalhos realizados por Vidal de La Blache. Foi o geógrafo responsável por 
inserir uma visão historicista à geografia.
 
Quando a geografia foi se consolidando no seu (re)fazer, baseado na 
realidade que se apresenta como algo dinâmico, podemos chegar a definições de 
geografia humana como a de Pierre Deffontaines (1894-1978), que afirma que a 
geografia delimitou seu estudo como humano em função de realizar a análise das 
ações do homem sobre a Terra. Para ele:
Esse ramo da geografia tem, pois, bem o direito de se intitular “humana”. 
Legitimamente, deve fazer parte dos estudos que constituem o 
humanismo, apresenta-se mesmo como seu coroamento, encarregada, 
como é, de estabelecer o balanço material da obra humana, espécie de 
conclusão concreta das ciências do homem (DEFFONTAINES, 2005, 
p. 94).
Podemos perceber que o autor realiza essas afirmações baseado no fato 
de a geografia realizar o apanhado das ações humanas materializadas sobre a 
natureza, ou seja, o meio. Corroborando para a afirmação, encontramos os 
estudos do também geógrafo Max Sorre (1880-1962).
Segundo Sorre (2003, p. 137), “a geografia humana é a parte da geografia 
geral que trata dos homens e suas obras desde o ponto de vista de sua distribuição 
na superfície terrestre”. Ainda afirma que se trata de uma “descrição científica 
das paisagens humanas e de sua distribuição no globo”. 
Para ele, a geografia é a disciplina dos espaços terrestres, da análise do 
homem a partir do ponto de vista das conexões e dos conjuntos. Para tanto, 
considera que não se deve separar as esferas de análise, sejam elas físicas ou 
humanas:
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
13
Hoje, mais que nunca, a geografia humana registra a repercussão 
em todas as partes dos acontecimentos que ocorrem nos países 
mais distantes, a interdependência que envolve todos os pontos do 
ecúmeno. Sua tendência sintética nos convida a não separar jamais os 
traços de ordem humana do seu contexto físico e vivo (SORRE, 2003, 
p. 138).
Assim, observamos que mesmo que a geografia seja chamada de humana, 
são importantes também as conexões estabelecidas com o meio, constituído de 
uma materialidade física e/ou natural. Em relação ao homem, deve-se pensar em 
sua unidade, totalidade e, sobretudo, em suas contradições (SORRE, 2003).
Em função da busca por uma análise totalizante e pela especificidade dos 
seus pontos de estudo físicos e humanos, a geografia humana sempre desenvolveu 
ligações com outros ramos científicos, como a sociologia, antropologia, economia, 
filosofia etc. Contudo, diferencia-se das demais por se preocupar com a localização 
espacial dos fenômenos e incluir em seus debates os aspectos relacionados ao 
espaço.
DICAS
Sobre o debate acerca da geografia, indicamos que assista ao vídeo: “D-22 - 
O que é Geografia?”. Com base na entrevista de pesquisadores como Lívia de Oliveira, do 
Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP de Rio Claro, José Bueno Conti e Antônio 
Carlos Robert Moraes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o debate 
elucida o que é a Geografia, qual seu campo de estudo, as relações com outras ciências, 
entre outros temas pertinentes. O vídeo tem cerca de 15 minutos e se encontra disponível no 
link: <https://www.youtube.com/watch?v=YktYwin3sk0>. Acesso em: 3 jan. 2019. 
Outro material que pode acrescentar na temática sobre geografia humana é o vídeo do 
Prof. Dr. Carlos Póvoa. Com duração de cerca de nove minutos, o professor explana sobre o 
cotidiano do fazer geográfico. 
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=vapRLpm0hdE>. Acesso em: 3 jan. 2019. 
Destacamos ainda que, dentro das análises de geografia humana 
desenvolvidas no Brasil, temos nomes importantes, como Milton Santos e Maria 
Laura Silveira, que estudamo território brasileiro e sua materialidade por meio 
dos sistemas de objetos e sistemas de ações. 
Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Carlos Walter Porto-Gonçalves debatem 
sobre as relações estabelecidas no campo brasileiro; Ana Fani Alessandri Carlos 
e Ermínia Maricato, sobre a urbanização no Brasil; Eliseu Savério Sposito, Ruy 
Moreira e Antonio Carlos Robert Moraes, em relação à gênese da geografia e a 
epistemologia, entre tantos outros mestres e doutores que buscam acompanhar o 
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
14
debate acerca dos novos desafios impostos tanto ao homem quanto ao meio nos 
últimos tempos. No que diz respeito à geografia humana, esta se especializa em 
algumas áreas específicas, como:
• geografia econômica;
• geografia política;
• geografia cultural;
• geografia agrária;
• geografia urbana;
• geografia industrial;
• geografia da população.
São algumas das linhas de pesquisa. A última delas, a geografia da 
população, será nosso objeto de análise na próxima unidade deste livro de estudos. 
Contudo, apesar do afunilamento, o essencial é priorizar a relação estabelecida 
entre o homem e o espaço que o cerca e a realidade como é posta, bem como as 
diversas questões em relação às ações do ser humano. 
Conforme Andrade (1992), antes de ser um saber científico, a geografia 
é também um saber popular, estando ligada e dependente das relações sociais. 
Poderemos compreender e estabelecer relações sobre o conceito de geografia 
humana com mais propriedade à medida que formos desenvolvendo os demais 
temas da Unidade 1.
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• O saber acerca da geografia pode ser dividido em: a) conhecimento geográfico 
(quando se fala dos saberes concebidos pelo homem desde a antiguidade); b) 
ciência geográfica (conhecimentos em relação ao homem e ao espaço que foram 
sistematizados em um ramo específico da ciência a partir do século XIX).
• A geografia, enquanto ciência, sistematizou-se com base em duas perspectivas 
diferentes: a) escola alemã (baseada nos estudos de Humboldt e Ritter, em 
um contexto espacial de uma Alemanha ainda fragmentada em feudos e 
com a inserção do capitalismo tardio. Buscava, com seus estudos, motivar a 
identidade nacional alemã); b) escola francesa (teve como principal estudioso 
Vidal de La Blache, também considerado o precursor da geografia humana. O 
contexto encontrado na França era de uma unificação nacional desde o século 
XVI, ou seja, bem mais antiga do que a alemã). 
• Houve uma mudança de enfoque quando a geografia deixa de ser uma ciência 
que tenta explicar o mundo por padrões e modelos matemáticos de estatística. 
Busca uma análise mais ligada à realidade vivenciada no mundo, a qual 
apresentava cada vez mais desafios, principalmente após a Segunda Guerra 
Mundial e a década de 1970.
• Milton Santos foi um dos geógrafos humanos responsáveis por buscar conceitos 
que se aproximassem da realidade de países em desenvolvimento, sobretudo 
os latino-americanos.
• A geografia humana busca uma análise mais interpretativa sobre a relação 
sociedade e natureza, visto que o homem é constituído de intencionalidades 
nos seus atos. O assunto será mais bem elucidado nos tópicos que seguem.
• Vimos também que a geografia humana possui ramos específicos como a 
geografia da população, a qual será abordada na Unidade 2.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Sobre os momentos pelos quais o conhecimento geográfico se desenvolveu, 
até o mais recente, relacione cada um dos períodos com as suas respectivas 
explicações:
1- Pré-história/Antiguidade.
2- Gregos.
3- Escola alemã.
4- Escola francesa.
5- Geografia humana.
( ) Desenvolveu-se em um território fragmentado, visto que não constituía-
se como um estado nacional. A geografia passa a se configurar como 
conhecimento para motivar o sentimento de nacionalismo.
( ) Conhecimento geográfico se desenvolveu por meio de conhecimentos 
práticos, observações e explorações da Terra, como trajetos e relatos de 
viagens.
( ) Visão sobre a geografia baseada na relação homem x meio, amparada 
na interpretação de atores e agentes dos processos, ou seja, as ações 
desempenhadas pelo homem.
( ) Sua contribuição está ligada ao fato de conceberem a Geographia como os 
conhecimentos relacionados à superfície terrestre, bem como realizarem 
levantamentos metódicos sobre pontos do globo.
( ) Visão do homem como um ser ativo na relação estabelecida com o meio. 
Início de uma geografia conhecida atualmente como humana.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) 1 - 5 - 2 - 4 - 3.
b) ( ) 3 - 5 - 4 - 2 - 3.
c) ( ) 3 - 1 - 5 - 2 - 4.
d) ( ) 5 - 1 - 3 - 4 - 2.
2 Analise a afirmação: “Entre os ramos da geografia humana se destacam: a 
geografia da população (estuda os padrões de distribuição da população e os 
processos temporais), geografia econômica (trata da distribuição geográfica 
dos fatores econômicos e suas consequências nas diversas regiões, países 
etc.), geografia cultural (estuda as relações mútuas entre os seres humanos 
e a paisagem), geografia urbana (centraliza as aglomerações humanas 
manifestadas nas cidades) [...]”. 
FONTE: QUE CONCEITO. Conceito de geografia humana. 2018. Disponível em: <http://
queconceito.com.br/geografia-humana>. Acesso em: 22 ago. 2018. 
Com base no fragmento de texto, assinale a alternativa CORRETA sobre os 
estudos de geografia humana:
AUTOATIVIDADE
17
a) ( ) A geografia humana visa entender as relações estabelecidas entre a 
sociedade e ambiente, como espaço geográfico, de forma ampla, totalizante 
e interpretativa. 
b) ( ) Geografia humana pode ser compreendida por meio do estudo de dados 
estatísticos apenas, da influência do meio natural sobre a sociedade.
c) ( ) Conhecida como geografia humana, atualmente este ramo da ciência 
preocupa-se com a análise descritiva do meio pelo homem.
d) ( ) A geografia humana concebe seus estudos a partir de uma visão 
centralizada nas ações humanas, diminuindo os aspectos naturais 
concernentes a determinado espaço.
3 Analise o fragmento de texto:
“A distinção entre geografia física e geografia humana foi sendo realizada 
sob diversas óticas. De um lado, os naturalistas e geógrafos ditos “físicos” 
deram uma expressiva contribuição para a divisão, devido à necessidade de 
classificar, mapear, enquadrar, compreender e modelar as relações ecológicas, 
biogeográficas, hidroclimáticas e geomorfológicas por meio da observação 
e compreensão da natureza e seus processos formadores. De outro lado, 
evoluía uma geografia voltada para a compreensão das formas e processos da 
sociedade, pautada nas ciências humanas, como a economia, a sociologia, a 
antropologia, dentre outras”
FONTE: LATUF, M. de O. Geografia física ou humana ou será apenas geografia? 2007. 
Disponível em: <http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/694/719>. 
Acesso em: 31 ago. 2018.
Ao estudarmos o processo histórico pelo qual a geografia passou até ser 
considerada ciência identificada a partir de dois ramos específicos, sendo a 
geografia física e a humana, é possível dizer que o fazer geográfico se refez 
ao passo em que o cenário mundial se transformou. Reflita sobre o tema, em 
especial sobre a geografia humana, e responda: Qual o papel da geografia 
humana na análise da superfície terrestre?
18
19
TÓPICO 2
OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO 
ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E 
ESPAÇO-TEMPO?
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, você já deve ter percebido que, ao longo do tempo, as 
coisas tendem a mudar no mundo e a análise que nós fazemos está em constante 
crescimento, uma vez que buscamos interpretar e buscar mais conhecimento. A 
geografia é também dinâmica e busca captar os movimentos presentes no espaço 
geográfico. 
Podemos perceber, no tópico anterior, que a estruturação das correntes 
foi um processo longo e que das perspectivas de cada pesquisador surge um tipo 
de análise.A geografia humana então leva em consideração as interações entre 
espaço e sociedade.
Durante o tópico, elucidaremos algumas questões em relação à dialética 
estabelecida nos dualismos entre sociedade e natureza e espaço e tempo. Para que 
haja uma análise interpretativa, devem ser levados em consideração esses pares. 
Vamos ficar incialmente com o debate sobre a relação sociedade e natureza.
2 BUSCA DA TOTALIDADE DA RELAÇÃO SOCIEDADE-
NATUREZA
Para iniciarmos o debate sobre os dualismos na ciência geográfica, torna-
se necessário compreender como se deram os desdobramentos em torno da 
relação sociedade-natureza. Assim, Moreira (1982) afirma que a natureza social 
do espaço geográfico está relacionada ao fato de que os homens, por pertencerem 
ao reino animal, sentem fome, sede, frio, ou seja, necessidades de ordem física. 
Contudo, a diferença entre um homem e um animal se relaciona ao fato de que 
o homem consegue suprir as necessidades, modificando a “primeira natureza”. 
Transformando-a, o homem transforma a si mesmo.
Com a evolução do homem no seu fazer sobre o mundo, tornou-
se necessário, para se apropriar da natureza, conhecer suas leis. Para tanto, 
desenvolveu-se a ciência, responsável por investigar e elaborar o conhecimento 
sobre o mundo desde o século XVII. No entanto, Rodrigues (1998) considera que 
20
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
a ciência, mesmo sendo produto do desenvolvimento social, é tida como exterior 
e superior ao homem, além de ter sido sacralizada.
 
Em relação à ciência geográfica, esta tem como objeto de estudo o espaço 
composto por objetos naturais, sociais e ações realizadas pela sociedade. É passível 
de análise em pelo menos mais quatro conceitos: território, região, paisagem e 
lugar (CORRÊA, 2000).
Assim, a questão ambiental coloca a necessidade de releitura da produção, 
do consumo, da distribuição, a complexidade ecossistêmica e as relações que 
se estabelecem ao longo do tempo e no espaço (RODRIGUES, 1998). A autora 
ainda afirma que são considerados o “meio ambiente", o ambiente e a natureza 
como bens comuns, mas o “bem comum” está, na verdade, apropriado em 
parcelas, em forma de mercadorias ou de territórios (apropriáveis também como 
mercadorias) de Estado-Nação. Assim, Suertegaray (2007) considera que se torna 
mister compreender como o ambiente/natureza se relaciona na discussão sobre a 
dicotomia existente na formulação da ciência geográfica.
Quando a geografia, no século XIX, passou à denominação de ciência não 
havia no mundo científico a integração entre as ciências da natureza e as ciências 
humanas, gerando más interpretações. Estas deram origem à fragmentação da 
ciência geográfica (SUERTEGARAY, 2007).
A busca da articulação entre natureza e sociedade não foi tarefa fácil 
para os geógrafos. Construir uma ciência de articulação na época em 
que surgiu oficialmente a geografia pareceria ser como remar contra 
a maré, pois neste período a visão de ciência dominante privilegiava 
a divisão entre ciências da natureza e da sociedade (SUERTEGARAY; 
NUNES, 2001, p. 15).
Assim, as correntes de pensamento da geografia foram influenciadas 
conforme cada período e suas lógicas, como o determinismo alemão de Ratzel, 
o possibilismo francês de La Blache, a geografia teorética/quantitática, a corrente 
fenomenológica ou geografia humanística e a geografia crítica, bem como as 
abordagens mais recentes da ciência em questão. Lembre-se que já falamos sobre 
tais correntes no tópico anterior.
Rodrigues e Rodrigues (2014, p. 225) chamam a atenção para o fato de que 
a dinâmica exposta na ressignificação da abordagem sobre natureza na ciência 
geográfica possibilita a análise sobre a relação sociedade/natureza. Assim, é 
possível entender “fatos, ideias, ações, relações, ligações, fenômenos, discursos 
que se constituem como meio e resultado do processo de transformação da 
realidade”.
 A relação entre as correntes determinista e possibilista seria a responsável 
pela fragmentação dos estudos da sociedade e dos estudos da natureza, fazendo 
com que o positivismo se apropriasse cada vez mais da ciência geográfica 
(SUERTEGARAY, 2007).
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
21
Os deterministas veem a natureza como uma condição de 
desenvolvimento das sociedades dotadas de alta causalidade, seus 
opositores entendem os recursos do meio como possibilidades para a 
ação humana, como o elemento da causação na organização do espaço 
(MORAES, 1997, p. 92).
O positivismo, com Auguste Comte, teve sua base na neutralidade. A 
sociedade era conduzida pelas leis naturais, sendo sociedade e natureza estudadas 
segundo os mesmos métodos e processos. As ciências se ocupavam então com 
a observação neutra dos fenômenos. O que vale ressaltar é que a corrente de 
pensamento surgiu de uma crítica revolucionária e passou a ser uma ideologia 
conservadora como o estabelecimento da ordem industrial burguesa (OLIVEIRA, 
2005).
Em relação à geografia quantitativa, entendia a natureza apenas como 
um recurso, sendo necessária sua catalogação para ser mais bem utilizada nos 
planejamentos (SUERTEGARAY, 2007). Já a abordagem realizada pela Teoria 
Geral dos Sistemas (a relação entre o organismo passa a ser vinculada com o meio, 
podendo-se criar modelos através do sistema computacional) insere o homem 
nos estudos, diferenciando-se da abordagem positivista anterior. No entanto, o 
homem passa a ser analisado sob a ótica de ação antrópica, não respondendo à 
totalidade da relação sociedade e natureza, visto que as questões sociais ainda 
não são abordadas de maneira ativa (SUERTEGARAY, 2007).
Em relação à geografia humanista, esta ao utilizar a fenomenologia como 
método, atentou-se mais com a subjetividade da interação entre o homem e meio 
do que com a natureza ou ambiente em si (MORAES, 2007). Enfim, a análise sobre 
a abordagem do tema realizado na Geografia Crítica, foi entendida por Mendonça 
(1994) como pobre, uma vez que ao focar-se demasiadamente na organização do 
espaço por meio das relações sociais de produção, não considerou a temática 
ambiental de maneira efetiva.
 
“Se o marxismo, enquanto método exclusivo, revelou-se limitado 
quanto ao tratamento mais globalizante da temática ambiental, o positivismo, 
por seu lado, não satisfez enquanto paradigma segundo o qual tal análise se 
desenvolveria” (MENDONÇA, 1994, p. 58). O autor deixa claro que o problema 
está relacionado ao método utilizado para a interpretação da relação sociedade e 
natureza. Apenas um método pode se tornar insuficiente visto que a relação diz 
respeito a aspectos complexos.
Podemos entender que as relações exercidas entre sociedade e natureza 
vão além do que até então a ciência geográfica havia desenvolvido, tornando-se 
essencial o desenvolvimento e utilização de novas abordagens. Não que modelos 
trabalhados anteriormente tenham que ser descartados, mas a complexidade do 
mundo atual exige que esses modelos sejam trabalhados em análises conjuntas, 
tanto na geografia quanto com outras ciências. Mendonça (1994, p. 66) chama a 
atenção para a nova abordagem realizada:
22
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Nesta nova abordagem, o meio ambiente deixa de receber aquela 
“tradicional” visão descritiva/contemplativa por parte da geografia 
como se fosse um santuário que existe paralelamente à sociedade. O 
meio ambiente é visto então como um recurso a ser utilizado e como 
tal deve ser analisado e protegido, de acordo com as suas diferentes 
condições, numa atitude de respeito, conservação e preservação.
Tentando realizar a análise complexa e interdisciplinar, Suertegaray 
(2010, p. 10) expõe que “ao contar a história da sociedade, nem podemos deixar, 
entretanto, de considerar o processo de socialização da natureza e, com ela, a do 
próprio homem”, ou seja, háa busca em contemplar tanto os aspectos naturais 
quanto os aspectos sociais.
 
A autora busca realizar uma nova leitura da abordagem marxista 
utilizada pela geografia crítica, compreendendo que é possível utilizá-la fazendo 
uma análise totalizante. Contudo, a pesquisadora faz o uso de tal abordagem em 
conjunto com outras. “Assim, o ambiente na geografia pode ser compreendido 
pela relação sociedade/natureza, gerando cenários complexos e conflituosos 
pela transformação da natureza e a transformação da natureza do homem” 
(SUERTEGARAY, 2007, p. 13).
A geografia tem como objeto de estudo o espaço. É no espaço que o 
homem organiza as suas atividades produtivas e onde se dão as relações 
sociais. O homem, ao longo do tempo, apropriou-se da natureza para 
produzir seus meios de sobrevivência. A maneira como o homem se 
apropriou da natureza se deu de modos distintos ao longo do tempo. 
Portanto, sociedade e natureza constituem um par dialético e estão 
contidos no espaço. Lembrando que Milton Santos enfatiza que o espaço 
é uma acumulação desigual de tempos (CLEMENTE, 2007, p. 198).
Com tal afirmação de Clemente (2007), podemos evidenciar que a relação 
sociedade/natureza se constitui como um ponto de investigação da ciência 
geográfica. Ao longo do tempo se (re)constrói.
FIGURA 3 – LEITURA DA RELAÇÃO SOCIEDADE X NATUREZA
FONTE: A autora
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
23
Podemos perceber que os pontos encontrados na figura dizem respeito à 
relação que precisa ser entendida em sua totalidade. São os pontos encontrados 
que permitirão perceber, de maneira mais pontual, a lógica envolta no processo 
de produção capitalista.
3 ESPAÇO-TEMPO: DIALÉTICA DA PRODUÇÃO DA 
MATERIALIDADE NO ESPAÇO
A discussão em torno da dualidade dentro da ciência geográfica já 
permitiu perceber as relações entre sociedade-natureza. Atentemo-nos, a partir 
de agora, para os questionamentos sobre o dualismo espaço-tempo.
 
Vamos nos apoiar, em um primeiro momento, nas pesquisas de Serra 
(1984, p. 3). Ao iniciar o debate em torno da dualidade entre espaço-tempo, de 
maneira muito interessante, ele introduz as seguintes perguntas: “Onde está 
isso? Quando isso aconteceu?”. Para ele, as perguntas, ao serem respondidas, 
precisarão, de uma maneira ou de outra, estar ligadas ao espaço e ao tempo.
O autor ainda cita que não há como a geografia se encarregar apenas do 
espaço e da História ficar responsável somente pela abordagem do tempo, uma 
vez que esses dois conceitos se encontram diretamente inter-relacionados e a 
fragmentação causaria um grande problema.
Esse é um dos problemas mais apaixonantes e difíceis em geografia. O 
casamento entre o tempo e o espaço se dá porque há, sempre, homens 
usando o tempo e o espaço. Da mesma forma que nem se entende o 
espaço sem o homem, a noção de tempo também não existe sem o 
homem. Se as duas noções se casam, aparecem juntas e indissolúveis, 
é porque o homem vive no universo (SANTOS, 1998b, p. 82).
Suertegaray e Nunes (2001) chamam a atenção para a discussão 
necessária sobre o tempo, para refletir a respeito do significado na geografia 
sob três perspectivas. Na primeira, os autores afirmam que a ideia de tempo na 
modernidade enquanto uma seta, fazia menção à noção de progresso e evolução. 
Foi determinada ideia que submeteu o espaço ao tempo.
Os autores dão prosseguimento ao debate falando da segunda perspectiva, 
sobre o contexto econômico e político, no qual existe uma valorização do tempo 
em relação ao espaço. Assim, há a afirmação de que “o desenvolvimento técnico 
da sociedade atual superou as dimensões espaciais pela aceleração do tempo, 
estando o espaço subordinado à técnica e a sua velocidade” (SUERTEGARAY; 
NUNES, 2001, p. 20).
Na terceira perspectiva sobre espaço-tempo, o espaço é entendido como 
elemento para a reprodução do capital, que se reproduz por meio de uma 
intensificação e homogeneização das técnicas. Há uma aceleração do tempo e dos 
processos naturais.
24
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Santos (1998b) afirma que é por meio da leitura das técnicas que há uma 
empirização do tempo no espaço, pois o último não existe sem uma materialidade. 
Torna-se assim possível uma sistematização das características de cada época. 
Tal realidade é possível, pois os sistemas técnicos são utilizados e desenvolvidos 
conforme diferentes épocas, tempos e são difundidos. O que chama a atenção 
é o fato de que, atualmente, os sistemas técnicos se difundem de maneira mais 
efetiva por praticamente todo o planeta, visto a dimensão espacial tomada pela 
globalização.
 
Contudo, devemos realizar um ponto de destaque no debate. Determinados 
sistemas técnicos se distribuem sobre o globo em pontos específicos para serem 
usados conforme uma seletividade social hierárquica.
Assim, temos o desenvolvimento dos conceitos dos meios técnicos por 
Milton Santos. São analisadas as relações espaciais pelas técnicas no tempo. Dessa 
maneira, antes existia um meio natural, que foi aos poucos sendo substituído pelo 
meio técnico. No entanto, a evolução chegou ao que hoje consideramos como 
meio técnico-científico-informacional. Podemos identificar também a relação 
sociedade e natureza presente. 
IMPORTANT
E
Para Santos (1998b), o meio técnico-científico-informacional é a imagem 
materializada da relação espaço-tempo. Por meio do conceito, podemos compreender que 
os objetos técnicos do período atual tendem a ser técnicos e informacionais ao mesmo 
tempo. Eles estão na base da utilização, produção e funcionamento do espaço, constituídos 
de intencionalidades dos agentes hegemônicos.
Almeida (1982) considera que quando o espaço se torna mais complexo, 
existem linhas de continuidade que se entrecruzam, sendo que os espaços pontuais 
de encadeamento produtivo, por exemplo, surgiram em momentos específicos. 
Assim, o autor chama a atenção para o fato de que são os acontecimentos 
históricos anteriores capazes de explicar o cenário em questão. “Por via direta, do 
espaço para o próprio espaço, ou indireta, de um espaço qualquer sobre outros 
espaços, a herança histórica irá influir decisivamente no que são hoje tais espaços, 
econômica, social e culturalmente” (ALMEIDA, 1982, p. 9).
Apesar das variáveis históricas explicarem as transformações 
sofridas pelos espaços até a atualidade, estas são difíceis de serem 
dimensionadas por se constituírem basicamente pela transmissão de 
traços culturais (exemplo: técnicas agrícolas trazidas pelos colonos 
italianos e adaptadas; organização de seus espaços de produção no 
Vale do Itajaí-Açu) (ALMEIDA, 1982, p.12).
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
25
Para Almeida (1982), a geografia se torna ímpar em relação às demais 
ciências do homem, pois o passado é materializado em objetos concretos, 
evidenciados por meio da paisagem, com elementos tanto novos, quanto 
herdados.
FIGURA 4 – SUCESSÕES E COEXISTÊNCIA NO TEMPO
FONTE: A autora
Podemos perceber que existem distinções entre o tempo e estas podem se 
apresentar como uma série de sucessões de tempos diferentes, o chamado tempo 
histórico. Já em relação ao tempo concreto, tem como características a coexistência 
e a simultaneidade de temporalidades por meio de diferentes agentes que usam 
os lugares conforme suas lógicas. Todos os processos são de fato materializados 
no espaço, enquanto este se constitui em um sistema de objetos (materialidade 
existente, natural e criada) e sistemas de ações (da sociedade/homem).
Para Serra (1984), o espaço geográfico é pensado a partir da ideia de 
superfície terrestre e sob diferentes ambientes em função de questões naturais, 
além de morada do homem. Assim, já podemos considerar, a partir deste ponto, 
a ideia de história. Por se constituir habitat original do homem, este, ao refazer-se, 
também apresenta característicaspontuais.
26
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Uma caracterização essencialmente materialista de espaço e de 
tempo é a que conceitua o tempo como sendo dotado de apenas 
uma dimensão, ou seja, os corpos só podem mover-se em uma única 
direção, do passado para o futuro, enquanto que o espaço, como 
forma de ser da matéria, tem seu caráter tridimensional, ou seja, 
todo corpo material possuindo três dimensões – comprimento, altura 
e largura – e podendo mover-se em três dimensões reciprocamente 
perpendiculares. Diante disso, uma vez os corpos somente podendo 
mover-se do passado para o futuro, o tempo adquire o caráter de 
irreversibilidade, pois flui apenas para diante, o que torna impossível 
voltar ao passado (SERRA, 1984, p.8).
Almeida (1982) evidencia que mesmo as decisões tomadas em tempo 
presente se relacionam de uma maneira ou de outra ao passado. Assim, a ciência 
geográfica busca uma explicação na relação entre o espaço, sistema de objetos e o 
sistema de ações pelo homem. Terá que utilizar um tempo, o presente que estará 
ligado ao agora, e terá de utilizar também as variáveis históricas (ALMEIDA, 1982).
Por fim, temos dois exemplos de abordagem geográfica levando em 
consideração a dualidade entre espaço-tempo. A primeira delas diz respeito aos 
estudos de Santos (2001). Ao realizar uma discussão em torno dos estudos sobre 
cidades, afirma que existe a necessidade de uma periodização para conhecer a 
história. É necessária ainda, segundo o mesmo autor, a dominação da noção de 
espaço e da divisão do tempo em períodos conforme a escala de análise escolhida.
O segundo exemplo foca na compreensão dos estudos sobre relevo. 
Suertegaray e Nunes (2001, p. 19) afirmam que é necessário compreender 
também o desenvolvimento social da humanidade, do crescimento e da relação 
entre ciência e tecnologia, pois as esferas “produzem objetos técnicos capazes 
de acelerar o tempo do que fazer e, acelerando o tempo, modificam processos 
qualitativa ou quantitativamente”.
 
Espaço e tempo, assim, são encarados por muitos como duas faces 
de uma mesma moeda, responsáveis pela explicação não apenas da 
paisagem, como também da funcionalidade dos espaços. No último 
caso a funcionalidade variará do mais elementar (cultura preexistente), 
onde o modo de produção exerce um papel fundamental ao mesmo 
tempo influenciando o espaço e sendo por ele influenciado, até o 
mais complexo, mercê de interdependências de toda natureza e das 
raízes históricas que determinaram ou influenciaram o modo de viver 
(ALMEIDA, 1982, p. 15).
Podemos perceber, depois dos nossos estudos sobre dualidade, que espaço 
e tempo devem ser analisados integralmente se visam à análise totalizadora. 
Existem realidades históricas capazes de revelar as lógicas relacionadas aos 
agentes e suas ações materializadas no substrato terrestre, que chamamos de 
espaço (SANTOS, 1998b). 
Percebemos que existe de fato uma relação estabelecida entre os dois 
conceitos, pois a sociedade, ao realizar-se, usa o tempo para usar o espaço, 
produzindo uma materialidade capaz de revelar os processos em curso.
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
27
DICAS
Sugerimos uma atividade a ser desenvolvida no âmbito do ensino dos conceitos 
de espaço e tempo, baseada na Base Nacional Comum Curricular - BNCC. As aulas podem 
ser adaptadas conforme a realidade vivenciada em sala de aula pelo professor. Inclusive, 
se desejar, pode trocar a localização aqui utilizada (Curitiba/PR) pela de seu município de 
atuação. Acompanhe:
Tema: A RELAÇÃO ESPAÇO/TEMPO MATERIALIZADA NUMA RUA DE UM GRANDE 
CENTRO URBANO
TURMA: 6º ano.
BNCC:
- Unidade temática: O sujeito e seu lugar no mundo.
- Objetivos de conhecimento: Identidade sociocultural.
- Habilidades: (EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e 
os usos desses lugares em diferentes tempos.
Conteúdo:
- Relação espaço-tempo.
- Uso do espaço pelo homem.
- Modificações das paisagens urbanas.
Desenvolvimento:
A BNCC evidencia a importância de trabalhar no ensino de geografia os conceitos de 
espaço-tempo de maneira articulada, como um processo. Chama a atenção para que o 
aluno expanda o contexto imediato de sua vida, visando aprender novas formas de realizar 
um raciocínio geográfico baseado em compreender amplamente a realidade.
 
Assim, nossa proposta baseia-se na análise da Rua XV de Novembro em Curitiba/ PR e 
sua mudança física e simbólica ao longo dos anos em função de uma (re)funcionalização 
urbana.
1º Momento: Após feitos apontamentos com os alunos sobre a relação espaço-tempo, 
paisagem e lugar, bem como esclarecido o papel do homem na transformação da natureza, 
realizar com os alunos uma atividade no laboratório de informática. Os alunos devem utilizar 
o Google Maps, com o recurso Street View, o que possibilitará que possam ter uma visão 
360º da Rua XV de Novembro, em Curitiba. Simule com a turma uma visita, peça para que 
eles analisem a paisagem por meio das imagens, que identifiquem as pessoas que estão 
na rua, o comércio, se existem vendedores informais, o tipo das construções. Em seguida, 
peça para que a turma observe o primeiro plano da imagem, ou seja, as fachadas das lojas, 
visto que o espaço é amplamente utilizado na atualidade para o comércio. Logo após, peça 
para que movam a imagem para cima para que identifiquem o tipo de construção na parte 
superior das lojas. Os alunos poderão perceber que a arquitetura é mais antiga, geralmente 
casarões. Indague-os se as lojas e os casarões fazem parte do mesmo tempo histórico. Logo 
os alunos poderão perceber que não. Assim, insira o debate sobre porque ocorreu. 
2º Momento: A aula será destinada à pesquisa, também no laboratório de informática. Os 
alunos devem tentar identificar a história da Rua XV de Novembro. Para a tarefa, um site 
oficial de consulta pode ser o da Câmara Municipal de Curitiba, disponível no seguinte link: 
http://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=26154#&panel1-1 - Acesso em 18 jan. 2019. 
Nele, encontra-se a matéria: “Curitiba Ontem e Hoje: as histórias e as memórias por trás das 
http://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=26154#&panel1-1
28
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
fotos’’, com imagens e a história da rua, que foi fechada ao trânsito de veículos na década de 
1970 visando melhorar a mobilidade urbana da metrópole paranaense. Podem ser inseridos 
na atividade os temas de rugosidade, termo cunhado pelo geógrafo Milton Santos, que diz 
respeito às “heranças espaciais constituídas em diferentes tempos do processo histórico” 
(OLIVEIRA, 2015, p.7), para explicar como os casarões antigos da rua foram transformados 
em lojas e outros espaços de comércio em período mais recente.
3º Momento: Nesta aula, a produção dos alunos poderá voltar-se para o nível local, ou 
seja, pode-se pedir para que produzam um trabalho com fotos antigas do bairro ou cidade 
onde vivem, comparando com os novos usos e materialidades existentes. Como resultado 
da atividade, pode-se produzir uma amostra fotográfica na escola, apresentando as ações 
do homem. Assim, a relação entre espaço e tempo será mais palpável, tendo a capacidade 
de raciocínio geográfico. É preciso lembrar que a relação entre sociedade e espaço se 
manifesta constantemente, com características distintas em cada local.
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A leitura de sociedade e natureza passou por diferentes abordagens nas 
correntes geográficas, sendo mais aceita e utilizada nas últimas décadas do 
século XX e em período mais recente.
• A realidade é dinâmica e a dinamicidade é realizada justamente a partir da 
interação entre homem-meio. Para tanto, torna-se necessária a busca por 
análises que sejam, de fato, totalizantes e interpretativas.
• A ciência geográfica é dinâmica. Suas formas de análisedo espaço e suas 
escalas se constituem em um processo que não está pronto e acabado, mas que 
sempre realiza intervenções nas formas de se pensar geograficamente.
• A relação sociedade-natureza se dá pelo fato de que o homem, precisando 
de um substrato físico para se desenvolver, relaciona-se com o espaço se 
apropriando da natureza, transformando-a. Assim, sociedade e natureza não 
podem ser pensadas separadamente.
• A sociedade usa o espaço ao longo do tempo, resultando em materialidades 
técnicas. Estas podem empirizar os usos realizados em diferentes tempos e que 
se entrecruzam.
• Espaço e tempo são responsáveis pela explicação e funcionalidade da paisagem.
30
1 “No primeiro caso, o crescimento do centro-oeste e da Amazônia vem 
provocando o povoamento de áreas anteriormente subpovoadas e isoladas, 
criando novos fluxos e ampliando a produção econômica, muitas vezes com 
o sacrifício das populações locais ― índios e posseiros ― e com a destruição 
da floresta. A expansão do povoamento é altamente predatória, podendo-se 
admitir que a destruição da floresta pelas madeireiras, seguida da cultura da 
soja e da pecuária extensiva, provocam fortes impactos sobre a população 
local e os imigrantes que chegam à área e modificam as paisagens e as 
condições ecológicas” 
FONTE: ANDRADE, M. C. de. Brasil: globalização e regionalização. Geographia, Rio de 
Janeiro, v. 3, n. 5, p.7-17, 2001. 
Em relação ao exposto no texto anterior, marque a opção INCORRETA:
a) ( ) Podemos entender o trecho anterior com base na relação sociedade-
natureza, pois fica clara a evidência da influência do homem sobre o espaço 
e as consequências de tais interferências.
b) ( ) Neste fragmento há a afirmação de que o povoamento de áreas 
consideradas vazios demográficos pode afetar a diversidade biológica local.
c) ( ) Há uma relação conflituosa sendo desenhada. Povos locais tratam 
da floresta como meio de subsistência, enquanto os migrantes, em boa 
parte, têm objetivos específicos ao deslocarem-se para estas áreas, como a 
produção de monocultura.
d) ( ) Pode-se entender com base no fragmento de texto que há uma 
movimentação política para a migração em direção ao centro-oeste e 
Amazônia em função da falta de terras no restante do país.
2 Analise as informações a seguir e marque a opção INCORRETA em relação 
à dualidade espaço-tempo.
a) ( ) A dualidade espaço-tempo pode ser considerada existente por meio de 
duas perguntas: Onde? Quando? Assim, tanto o conceito de espaço se fará 
presente, quanto o de temporalidade.
b) ( ) Não se pode entender o homem sem o espaço e nem o tempo sem a 
presença do homem, pois ele confere lógica. Assim, a relação espaço-tempo 
se faz presente em toda a análise espacial.
c) ( ) A empirização do tempo é discutida pelos geógrafos desde a 
sistematização da geografia. Contudo, ainda não houve, de fato, uma 
técnica que permitisse identificar os momentos no espaço de maneira 
física e concreta.
d) ( ) O meio técnico-científico-informacional permite identificar os objetos 
técnicos no espaço, sobretudo no período atual. Esses objetos novos e 
herdados do passado com uma nova ressignificação, dão o passo de relações 
entre sociedade e espaço.
AUTOATIVIDADE
31
3 “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos 
os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado para 
uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, 
isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em 
cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação para 
a outra se dá de maneira particular. A parte do "natural" e do "artificial" 
também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo” 
FONTE: SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 
Com base no texto e nos apontamentos do Tópico 2, explique como o meio 
natural se transformou no que hoje consideramos como meio técnico-científico-
informacional.
32
33
TÓPICO 3
CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, você já conseguiu identificar em seus estudos o objeto central 
de análise da ciência geográfica? Pudemos perceber, nos últimos tópicos, que 
a geografia passa constantemente por uma reconstrução. Assim, a geografia, 
enquanto ciência, teve um longo processo para a sistematização em si. Um dos 
pontos de debate girou em torno do seu objeto de estudo.
 
Também em tópicos anteriores desta unidade, percebemos que o interesse 
acerca da superfície terrestre sempre foi muito claro para os seres humanos. 
Contudo, somente após muito esforço teórico e conceitual podemos afirmar que 
o objeto central dos estudos geográficos é um conceito chamado de espaço. 
Em nossos estudos durante a Unidade 3, visualizaremos tanto o conceito 
de espaço quanto os conceitos de território e região, além de avançarmos 
na compreensão de quais são as análises que vêm sendo desenvolvidas por 
pesquisadores da geografia humana.
2 ESPAÇO: O CONCEITO QUE DÁ SENTIDO AO ESTUDO 
GEOGRÁFICO
O espaço foi um conceito abordado em algumas correntes do pensamento 
geográfico, da geografia tradicional à teorético-quantitativa, contudo focaremos 
nossos estudos nas concepções mais recentes acerca do debate espacial. Assim, 
iniciaremos nossas exposições amparados na afirmação de Castro, Gomes e 
Corrêa (2012), de que o espaço é o objeto da geografia.
 Assim, “o desafio é discutir as diferentes maneiras como as práticas sociais 
interagem com esse espaço, apropriam-se dele, transformam-no e se revelam 
em uma ordem coerente, que deve ser interpretada pela geografia” (CASTRO; 
GOMES; CORRÊA, 2012, p. 7).
Começamos a perceber que o espaço é algo que deve ser analisado com 
base nas ações cunhadas pelo homem. São tais ações as responsáveis por conferir 
novos aspectos, pois houve uma transformação, ou seja, o espaço deve ser 
entendido como algo dinâmico.
34
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
FIGURA 5 – ESPAÇO GEOGRÁFICO URBANO
FONTE: <https://pxhere.com/pt/photo/1432043>. Acesso em: 25 ago. 2018
Na figura anterior observamos um exemplo de espaço representado por 
uma cidade, a de Vitória, no estado do Espírito Santo. Podemos notar as ações 
humanas sobre uma base física natural. Ainda, podemos mais uma vez inserir 
no debate o geógrafo Milton Santos, visto que foi ele quem se dedicou durante 
alguns anos para a identificação de estruturas que contextualizassem o papel de 
destaque do espaço na geografia. Para Santos (1988b), o espaço é um “conjunto 
indissociável”, ou seja, que não pode ser analisado separadamente de sistemas de 
objetos e sistemas de ações. Segundo o autor, podemos compreender pela ótica 
de que de um lado estão tanto objetos naturais quanto sociais. Ainda, para que 
haja a produção do espaço, existem também as ações por meio dos agentes da 
sociedade que irão colocar o processo em circulação.
O espaço deve ser considerado como um conjunto indissociável de 
que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, 
objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que preenche e 
anima, ou seja, a sociedade em movimento. O conteúdo (da sociedade) 
não é independente da forma (os objetos geográficos), e cada forma 
encerra uma fração do conteúdo. O espaço, por conseguinte, é isto: um 
conjunto de formas, pois têm um papel na realização social (SANTOS, 
1988, p. 30-31).
Façamos uma análise entre a figura anterior e a afirmação do autor. 
Podemos identificar que existem os objetos naturais (o mar, o morro), objetos 
sociais (construções como a ponte, os prédios ao fundo etc.) e que existe uma vida 
que preenche o espaço, pois a sociedade não é imóvel, mas desenvolve suas ações 
do cotidiano.
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
35
Assim, “o espaçonão é nem uma coisa nem um sistema de coisas, senão 
uma realidade relacional: coisas e relações juntas” (SANTOS, 1988b, p. 30). 
Corrêa (1995) explica que o espaço também pode ser entendido como lócus, um 
lugar de reprodução de relações sociais produtivas, pois o processo produtivo 
e as relações entre os agentes precisam de uma base para o desenvolvimento. 
Encontramos aí o espaço.
IMPORTANT
E
“O espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados 
pelos objetos, naturais e artificiais” (SANTOS, 1988b, p.78).
O espaço, em relação às relações sociais de produção, acaba por ser o 
resultado de todas as instâncias relativas à produção, como relações produtivas, 
de circulação, distribuição e comércio de bens produzidos. Podemos aqui utilizar 
um exemplo real das indústrias de confecção e vestuário que vêm se instalando 
na região Nordeste. 
O Rio Grande do Norte, que ocupa posições de importância em relação à 
mão de obra ocupada no setor, possui um sistema de objetos naturais e um sistema 
de objetos sociais, como as infraestruturas logísticas, que permitem a instalação 
de certas indústrias de confecção. Nos processos de instalação e produção existe 
um sistema de ações, direcionadas conforme alguns agentes, que possibilita a 
existência de um Circuito Espacial Produtivo de Têxteis e Confecções (ARROYO; 
GOMES, 2013).
FIGURA 6 – NOÇÃO DE ESPAÇO
FONTE: A autora
36
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Para Santos (2006), existe uma relação estabelecida entre o homem e o meio 
por meio da técnica. O fazer, produzir e criar do homem fazem com que haja a 
construção de um espaço dotado de um sistema de objetos, tanto naturais quanto 
sociais. Estes devem ficar em conjunto com um sistema de ações desenvolvido 
pelo próprio homem. Saquet e Silva (2008, p. 31) realizam a seguinte explanação:
Desse modo, o espaço, além de instância social que tende a reproduzir-
se, tem uma estrutura que corresponde à organização feita pelo 
homem [...]. O espaço social corresponde ao espaço humano, lugar de 
vida e trabalho: morada do homem, sem definições fixas. O espaço 
geográfico é organizado pelo homem vivendo em sociedade e, cada 
sociedade, historicamente, produz seu espaço como lugar de sua 
própria reprodução.
 
O processo de construção e reconstrução do espaço aconteceu 
inicialmente a partir de uma natureza formada por objetos naturais que foram 
sendo substituídos por objetos artificiais e técnicos, transformados em natureza 
artificial. 
O espaço é, portanto, um sistema de objetos artificiais que condicionam 
os sistemas de ações. Estas, então, tendem a criar um novo sistema de objetos, 
tornando o espaço algo dinâmico e em constante transformação (SANTOS, 2006).
 
O autor ainda chama a atenção para o fato de que o reconhecimento dos 
objetos na paisagem é capaz de apresentar as relações que existem no lugar. Para 
a realização da análise, Corrêa (2000) apresenta algumas categorias:
Categorias Descrição
FORMA Aspecto visível. Ex.: Casa, bairro, cidade etc.
FUNÇÃO Papel que deve ser desempenhado pela forma ou objeto. Ex.: Moradia, trabalho, lazer, compras.
ESTRUTURA Natureza econômica e social.
PROCESSO Estrutura em movimento e ação.
TABELA 1 – CATEGORIAS DE ANÁLISE DO ESPAÇO
FONTE: Adaptado de: Corrêa (2000) e Saquet e Silva (2008)
Observamos que existem quatro categorias de análise do espaço que 
irão se relacionar entre si. Para que possamos ter a dimensão do espaço criado 
historicamente por um sistema de objetos e ações, torna-se necessário reconhecer 
a forma, que é o aspecto visível, que pode formar um padrão espacial. A função 
é a tarefa, o objetivo a ser desempenhado pela forma, ou objeto criado. Contudo, 
será por meio da estrutura que se tornará possível reconhecer a história do 
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
37
espaço. O processo será a ação realizada sobre a estrutura em seu movimento 
de transformação (CORRÊA, 2000). Somente a análise interpretativa das quatro 
categorias juntas possibilita uma análise totalizadora sobre o espaço.
DICAS
O livro “O espaço urbano”, do professor Roberto Lobato Corrêa, faz uma análise 
interessante acerca da cidade. Busca identificar os usos e os agentes relacionados ao espaço 
urbano. É fragmentado e articulado ao mesmo tempo, reflexo e condicionante da sociedade. 
Encontramos símbolos e campos de luta. 
FONTE: CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.
Existem diversas maneiras de analisarmos o espaço geográfico, seja ele 
urbano, rural, industrial. Contudo, Castro, Gomes e Corrêa (2012) afirmam que 
nenhuma das diversas leituras que são possíveis de realização é superior, mas que 
revelam as diferentes faces do objeto central dos estudos geográficos. Seguiremos 
agora com a discussão em torno do conceito de território.
3 TERRITÓRIO: BUSCA PELA COMPREENSÃO DE UMA 
PORÇÃO DO ESPAÇO
Ao perguntarmos sobre território para alguém ou para uma turma de 
alunos em uma aula de geografia, por exemplo, logo o conceito será associado 
ao território de uma determinada espécie, pois muitos tendem a associar alguns 
temas geográficos com os explanados nas aulas de ciências ou biologia. Alguns 
também poderão responder que território pode ser entendido como o território 
nacional brasileiro. Contudo, será que a ciência geográfica compreende de tal 
maneira o conceito?
Santos (2006) expõe que, realmente, o território pode ser um nome político 
para o espaço de um país. Contudo, mesmo que a existência de um país suponha a 
existência de um território, a existência de uma nação nem sempre supõe a posse 
de um território, ou a existência de um estado. Então, pode existir territorialidade 
sem estado, mas não um estado sem território. Haesbaert e Limonad (2007) 
partem da discussão de que devemos levar em consideração alguns pontos ao 
tratarmos sobre o tema conceitual de território:
• Espaço e território não são sinônimos, pois o conceito de território é mais 
amplo. 
• O território é uma construção entre a sociedade e o espaço geográfico e que se 
desenvolve com as relações de poder exercidas.
38
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
• A dimensão subjetiva do território diz respeito à consciência, apropriação, 
identidade territorial. Já a dimensão objetiva pode ser ligada à dominação do 
espaço, por ações políticas e econômicas.
 Assim, o espaço se torna território pela apropriação e dominação social. 
Raffestin (1993, p. 43) elucida que “espaço e território não são termos equivalentes”, 
sendo o espaço anterior ao território, pois são as relações de poder que poderão 
delimitar um território (SOUZA, 1995).
IMPORTANT
E
O espaço é anterior ao território. O espaço se torna território pela apropriação e 
dominação social, que podem ser exercidas por diferentes agentes.
Para Haesbaert e Limonad (2007, p. 43), nas sociedades modernas, o 
território é visto pelo seu viés utilitarista, para dominar e atender às necessidades 
humanas e, ainda, “no mundo moderno capitalista, a fragmentação territorial 
interna ao sistema é uma necessidade vital para a sua reprodução”. Em certos 
contextos é necessário que haja a não homogeneização do território, como pela 
questão dos países industrializados. É necessário que existam territórios com 
menos capacidade técnica, porém que sejam fornecedores de produtos primários 
para as suas indústrias.
Para Sposito (2004), o estudo do território deve ser realizado juntamente 
com a ideia de relacioná-lo com o tempo, com a história. A afirmação corrobora 
para o fato de que existem construção e reconstrução dos territórios. Como afirma 
Souza (1995), o movimento se dá desde a escala local à global e dentro de escalas 
temporais que podem ser contadas por meio de séculos, décadas, anos, semanas 
e dias, podendo existir em apenas um período ou permanentesou cíclicos.
Podemos fazer um exercício rápido e pensar: quais são os territórios 
cíclicos que existem em minha cidade? A resposta poderá surgir ao lembrar-se, por 
exemplo, de uma fração do espaço, constituída em territorialidades em períodos 
distintos do dia. Uma avenida, por exemplo, durante o dia, pode servir como 
passagem de caminhões e carros para o transporte de cargas ou como locomoção 
para pessoas irem realizar compras. A mesma avenida, no período noturno, pode 
ter outra territorialidade, como a existência de casas noturnas, com a presença 
de jovens com outros intuitos. Observaremos uma área de obsolescência em dois 
momentos: 
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
39
Pessoas trabalhando no comércio e em pequenas oficinas: 
pessoas fazendo compras ou indo fazer compras.
Aposentados jogando cartas; mães com crianças.
Prostitutas fazendo trottoir; prostitutas e seus clientes em 
hotéis de alta rotatividade.
Limite do território das prostitutas.
FIGURA 7 – TERRITORIALIDADE CÍCLICA
FONTE: Souza (1995, p. 89)
O exemplo apresenta, de maneira visual, um território cíclico. Durante 
o dia, pessoas trabalham e fazem compras, mães com seus filhos estão em 
um espaço específico e, no mesmo dia, porém em período noturno, é possível 
encontrar prostitutas com seus clientes.
Para Souza (1995), a partir das relações humanas, são também estabelecidas 
relações de poder. O poder sempre estará ligado às relações sociais. Assim, o 
território também se fará presente em toda espacialidade social, pois o homem 
estará também presente. Reis (2005, p. 69) analisa o aspecto:
Ora, o poder inscreve-se em processos, estruturas, códigos, linguagens, 
objetos, relações. A inserção em relações de poder submete alguns, na 
medida em que os atores são desiguais, mas a fração de poder também 
os capacita, especialmente quando o seu uso permite criar outras 
redes relacionais [...]. Um poder inferior de um ator perante um dado 
contexto que o submete pode ser convertido num poder equilibrado 
noutros contextos relacionais.
40
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Para Reis (2005), as relações estabelecidas entre os atores em relação à 
ligação com o poder podem mudar em virtude dos contextos. Assim, um ator que 
em um contexto específico é desprovido de poder, pode manifestá-lo com mais 
intensidade em outro momento.
Podemos ainda falar em um viés de análise do território como sendo o 
território usado. A nova concepção de território está vinculada ao fato de que a 
realidade se apresenta dinâmica. Tornando-se mais complexa, devemos buscar 
também aprimorar os conceitos na busca por uma análise que dê conta de ser 
totalizante e interpretativa.
 
Santos (2006) enfatizam que o conceito de território usado busca analisar 
sistematicamente a constituição do território. Assim, Silveira (2008) afirma que 
inexiste uma forma de ser explicado sem seu uso ou projetos que foram pensados:
[...] uma periodização é necessária, pois os usos são diferentes nos 
diversos momentos históricos. Cada periodização se caracteriza por 
extensões diversas de formas de uso, marcadas por manifestações 
particulares interligadas que evoluem juntas e obedecem a princípios 
gerais, como a história particular e a história global, o comportamento 
do Estado e da nação (ou nações) e, certamente, as feições regionais 
(SANTOS, 2006, p. 20).
 
Silveira (2008) considera o território usado uma forma-conteúdo. Para a 
autora, ainda em outros textos, há a afirmação de que um dado momento histórico 
pode ser reconhecido por meio das materializações encontradas no território 
(SILVEIRA, 2011).
O território não é apenas o conjunto dos sistemas naturais e de 
sistemas de coisas sobrepostas; o território tem que ser entendido 
como o território usado, não o território si. O território usado é o chão 
mais a identidade [...]. O território é o fundamento do trabalho; o lugar 
da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida 
(SANTOS, 2007, p. 14).
Há a inserção de uma nova perspectiva no debate, a da identidade. 
Ao refletirmos sobre o território de um dado município ou cidade, podemos 
constatar que existem materialidades que indicam como se mantêm os lugares 
do trabalho, das trocas comerciais, as trocas em relação às esferas do ensino, da 
espiritualidade e assim por diante.
Silveira (2008) afirma que o território usado inclui, além da figura do 
estado, também a figura de todos os demais agentes. O conceito busca, segundo 
a autora, a abordagem de uma existência total e não só a noção de um espaço 
considerado econômico. Por esse motivo seria o sinônimo de espaço banal, ou 
seja, o espaço de todas as existências. Assim, a história é formada por todas as 
pessoas, instituições e indivíduos, independentemente da forma e força de 
atuação de cada um.
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
41
“Todavia, se as formas são importantes, também são as ações humanas, 
o comportamento no território das pessoas, das instituições, das empresas, 
determinando um dinamismo que varia segundo sua origem, sua força, sua 
intencionalidade, seus conflitos” (SILVEIRA, 2011, p. 5). Santos (1998b) corrobora 
para o fato quando afirma que o território usado se refere a objetos e ações, 
verificados no que conhecemos como espaço humano ou habitado.
Assim, compreendemos que o território é posterior ao espaço e que este 
pode ser analisado segundo várias perspectivas, entre elas o território a partir de 
seus usos. Seguiremos, então, com a explanação acerca do conceito de região.
4 REGIÃO: ANÁLISE DO MEIO POR RECORTES
Na busca por compreender as lógicas impostas ao espaço, devemos tentar 
identificar as relações invisíveis que conferem certas características a uma dada 
porção do meio geográfico. O conceito de região se manifesta não apenas como 
um recorte isolado da busca, mas como um ponto de análise que vai muito além, 
pois sofre influências internas e externas.
 
Assim, para compreendermos o conceito de região mais utilizado, 
principalmente em sala de aula, retomaremos o conceito com base nas correntes 
geográficas.
Corrente Região
DETERMINISTA Compreendida como a identificação de características 
físicas e naturais.
POSSIBILISTA Composta e caracterizada pelas formas de vida vegetal 
e animal.
REGIONAL Considerada uma unidade de fenômenos 
heterogêneos.
NOVA 
GEOGRAFIA
Definida em simples ou complexas, hegemônicas ou 
funcionais.
GEOGRAFIA 
CRÍTICA
Entendida não só pelo viés natural e físico, mas pelas 
relações entre a sociedade e a natureza.
FONTE: A autora
TABELA 2 – A REGIÃO NAS CORRENTES DE PENSAMENTO GEOGRÁFICO
Com base nos estudos de Gonçalves e Ribeiro (2001) e analisando a tabela 
anterior, podemos sistematizar como o conceito de região foi cunhado dentro de 
pelo menos cinco correntes de análise na geografia. O contexto vivenciado por 
cada uma tende a repercutir nas formas de entender o espaço.
42
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
• Corrente determinista: buscava a justificativa de interesses expansionistas de 
Bismarck (nobre, diplomata e político prussiano que viveu no final do século 
XIX). Ratzel se apoiava na teoria Darwinista para justificar a existência de uma 
raça superior, ou seja, a superioridade estava ligada, naquele momento, a leis 
naturais. O discurso voltava-se para o equilíbrio necessário entre quantidade 
de população e de recursos. A região, neste contexto, era um apanhado das 
características físicas e naturais.
• Corrente possibilista: desenvolvida em oposição ao determinismo alemão, pois 
França e Alemanha estavam envolvidas em disputas territoriais, a corrente 
foi desenvolvida por La Blache, também no final do século XIX. A sociedade 
era considerada nos estudos, porém entendida de maneira simplista como 
população,sem levar em conta alguns pontos de análise que teriam atenção 
somente anos mais tarde. O homem era influenciado pelas características 
naturais, contudo havia a possibilidade de interferir e modificar o espaço, daí o 
nome possibilismo. A região era o conjunto de formas de vida vegetal e animal.
• Corrente regional: desenvolvida inicialmente por Ritter no século XIX, ganhou 
destaque nos Estados Unidos da América somente após os anos de 1940 com 
os estudos do geógrafo Hartshorne. A corrente ganha impulso no mundo 
em virtude dos interesses da expansão das grandes corporações e interesses 
estatais. A diferenciação de áreas nas pesquisas ganha destaque. Influenciada 
pelas ideias de Hartshorne, a única coisa que deveria ser foco de análise seria 
o caráter variável da superfície terrestre, estudada por meio dos recortes 
regionais heterogêneos, ou seja, que apresentam um caráter diverso.
• Nova geografia: foi fortemente influenciada pelo uso do computador, números 
e dados, buscando a precisão na análise e melhora do planejamento a serviço 
do capital. Houve o desenvolvimento de uma geografia analítica. A natureza 
era entendida como várias informações que podiam matematicamente ser 
relacionadas. A região seria um conjunto de lugares específicos e diferentes. 
Contudo, analisados em comparação a outras regiões, seriam menos diferentes 
entre si.
• Geografia crítica: o desenvolvimento aconteceu na década de 1970. Buscava 
analisar as contradições por meio de dados quantitativos e qualitativos. 
Baseada no método do materialismo histórico-dialético. Analisa os movimentos 
contraditórios da realidade, as relações sociais ligadas à produção, visando à 
transformação e à emancipação. Leva em conta a realidade que já foi vivida. 
Trabalha com a dialética, ou seja, o diálogo entre as contradições e os conflitos, 
baseada na visão de que a parte é o todo e o todo é a parte. Defende a relação 
entre teoria e prática, além de entender a interação entre sociedade e natureza, 
ou seja, como os processos sociais interferem na natureza. A região passa a ser 
vista além da natureza isolada, mas das relações estabelecidas com a sociedade.
Após conhecermos cada uma das correntes geográficas, fica claro que o 
conceito de região passou por um processo histórico de adaptação e de diferentes 
leituras. Podemos manifestar que, de fato, houve uma visão naturalista aplicada 
aos seus estudos, sendo abordada por meio de estatísticas e números. Somente 
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
43
em período mais recente culmina na compreensão de que a região pode e deve 
ser entendida levando em consideração tanto os aspectos naturais quanto os 
sociais, pois a ciência geográfica é uma ciência social. Haesbaert (2010, p. 171) 
ainda afirma que: 
A regionalização, ao propor identificar parcelas do espaço articuladas 
ou dotadas de relativa coerência que sirvam como instrumentos 
para nossas pesquisas, revela, ao mesmo tempo, articulações ligadas 
indissociavelmente à ação concreta do controle, produção e significação 
do espaço pelos sujeitos sociais que as constroem no entrecruzamento 
entre múltiplas dimensões (econômica, política, cultural…) - ainda que 
uma delas, variável de acordo com o contexto geográfico e histórico, 
possa se impor e, de algum modo, “amalgamar” as demais.
Assim, quando se regionaliza uma determinada parcela do espaço, a ação, 
a de regionalizar, revela as articulações e as ações de produção do espaço pelos 
sujeitos sociais em esferas, como a cultural e a econômica. Lembremo-nos de que 
as ações desenvolvidas nos âmbitos econômico, cultural ou político expressam 
também relações com o meio físico ou natural.
 
Então, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza, 
desde os anos de 1940/1950, as regionalizações oficiais do território brasileiro. O 
mais novo estudo sobre os estados do Brasil foi lançado recentemente, no ano de 
2017. Abordaremos as Regiões Geográficas Imediatas:
44
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e
Regiões Geográficas Intermediárias 2017
• Havendo mais de um polo de mesma hierarquia, estipulou-se a seguinte regra:
se as populações dos polos urbanos forem equivalentes, o nome da Região
Geográfica Imediata é formado pelos nomes de todos os polos de mesma hie-
rarquia, ordenados pelo tamanho da população; e se a população de um dos
polos urbanos superar em 50% a população do(s) outro(s) polo(s), o nome da
Região Geográfica Imediata é igual ao do polo de maior população.
Os nomes das Regiões Geográficas Intermediárias foram definidos a partir do 
polo de maior hierarquia urbana. Havendo mais de um polo de mesma hierarquia, 
foram adotados os seguintes critérios gerais:
#Y #Y
#Y
#Y
#Y #Y #Y
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
!.
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A
N
O
A
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L
Â
N
T
I
C
O
-10°
O
 C
 E
 A
 N
 O
-30°
TRÓPICO
 DE CAP
RICÓRNI
O
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
-40°-50°-60°-70°
ECUADOR
-20°
-30°
-70° -60° -50° -40°
-30°
-20°
-10°
0°
P 
 A
 C
 Í
 F
 I
 C
 O
0°
ECUADOR
PALMAS
VITÓRIA
BELÉM
MANAUS
FORTALEZA
TERESINA
MACEIÓ
SALVADOR
BELO
HORIZONTE
CURITIBA
CUIABÁ
RECIFE
SÃO PAULO
MACAPÁ
RIO BRANCO
SÃO LUÍS
JOÃO PESSOA
ARACAJU
FLORIANÓPOLIS
RIO DE JANEIRO
PORTO ALEGRE
PORTO
VELHO
BOA VISTA
CAMPO
GRANDE
NATAL
BUENOS AIRES
LA PAZ
SANTIAGO
MONTEVIDEO
CAYENNE
ASUNCIÓN
GOIÂNIA
BRASÍLIA
PARANÁ
B A H I A
TOCANTINS
SERGIPE
ALAGOAS
PERNAMBUCO
PARAÍBA
RIO GRANDE
DO NORTE
CEARÁ
MARANHÃO
AMAPÁ
A M A Z O N A S
ACRE
RONDÔNIA
P A R Á
MATO GROSSO
G O I Á S
MINAS GERAIS
MATO GROSSO DO SUL ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
SANTA CATARINA
RIO GRANDE DO SUL
RORAIMA
PIAUÍ
D.F.
C
 
 H
 
 I
 
 
 L
 
 E
C O L O M B I A
A R G E N T I N A
V E N E Z U E L A
P E R Ú
P A R A G U A Y
U R U G U A Y
SURINAME GUYANE
GUYANA
B O L I V I A
ILHA DE
MARAJÓ
Cabo Raso do Norte
Cabo Orange
I. Caviana
I. de Itaparica
La. Mangueira
La. Mirim
La. dos Patos
I. de Santa Catarina
I. de São Francisco
Arquip. de Abrolhos
I. da Trindade
Atol das Rocas
Regiões Geográficas
Imediatas - 2017
Convenções
!. Capital Federal
!. Capitais Estaduais
Eixos Rodoviarios
Ferrovias
Limite Estadual
Hidrografia
Regiões Geográficas Imediatas100 0 100 200 300 Km
PROJEÇÃO POLICÔNICA
ESCALA : 1 : 27 000 000
BOGOTÁ
Mapa 1 - Divisão Regional do Brasil - Regiões Geográficas Imediatas - 2017
Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia. 
MAPA 1 – DIVISÃO REGIONAL DO BRASIL (REGIÕES GEOGRÁFICAS IMEDIATAS – 2017)
FONTE: <https://www.ibge.gov.br/apps/regioes_geograficas/>. Acesso em: 27 ago. 2018
A nova divisão regional do Brasil, segundo as Regiões Geográficas 
Imediatas, evidencia um novo quadro regional vinculado aos processos sociais, 
políticos e econômicos que ocorrem em todo o território nacional. Na divisão, 
deixa-se de regionalizar com base nos estados da federação, passando aos 
municípios.
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
45
IMPORTANT
E
A divisão do Brasil em regiões é uma preocupação que esteve presente desde 
a criação do IBGE. A necessidade de um conhecimento aprofundado do Território Nacional, 
visando, na década de 1940, mais diretamente à integração e, nas divisões posteriores, à 
própria noção de planejamento como suporte à ideia de desenvolvimento, passou a 
demandar a elaboração de divisões regionais mais detalhadas do país, ou seja, baseadas 
no agrupamento de municípios, diferentemente das divisões até então realizadas pelo 
agrupamento dos estados federados. 
No século XX, foram elaboradas pelo IBGE, divisões regionais contemplando os conceitosde Zonas Fisiográficas (década de 1940), Microrregiões e Mesorregiões Homogêneas (1968 e 
1976) e Mesorregiões e Microrregiões Geográficas (1989). Além disso, diversos artigos foram 
publicados na Revista Brasileira de Geografia tratando da regionalização do país. 
FONTE: <https://www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/cartas-e-mapas/redes-
geograficas/15778-divisoes-regionais-do-brasil.html?=&t=o-que-e>. Acesso em: 27 ago. 
2018.
A região deve ser pensada como um recurso analítico e como uma categoria 
prática, ligada à diferenciação do espaço (HAESBAERT, 2010). Souza (1976), 
desde o final de 1970, afirmava que a região é uma unidade do planejamento 
territorial, quando passa a ser entendida como algo estruturado e sobre a qual 
podemos movimentar alguns elementos que permitem que haja um processo 
de desenvolvimento. Assim, a região pode ser referência para o planejamento 
urbano e regional de um determinado espaço.
Sobre o movimento permanente da história, Silveira (2003, p. 410) expõe 
que a região recebe e é produtora de eventos no mundo, pois podem ser criadas 
e recriadas formas materiais e sociais, “daí a necessidade de captar não apenas 
as formas, mas também a vida que se desenvolve. A cada novidade da história, 
a extensão e os limites dos fenômenos regionais mudam”. A autora ainda alerta 
para o fato de que:
Hoje, mais do que em épocas anteriores, existe a necessidade de 
entender o significado do período em cada região, as transformações, 
o uso atual do território, para que as regiões possam ser, de um 
lado, interlocutoras, mas, de outro lado e sobretudo, produtoras de 
condições aptas para o trabalho e a vida da população nos lugares 
(SILVEIRA, 2003, p. 415).
Assim, podemos considerar que o exercício da regionalização deve estar 
atrelado às mudanças que ocorrem no espaço ao longo do tempo. O estudo por 
meio da análise em regiões deve ser atual para captar o movimento da sociedade 
e para propiciar condições mais adequadas para a vida da população.
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O espaço é o conceito fundamental da ciência geográfica. Pode ser compreendido 
com um sistema de objetos. Fazem parte objetos naturais e sociais. O sistema de 
ações do espaço diz respeito às ações do ser humano. É a relação estabelecida 
entre os dois sistemas que forma o que conhecemos como espaço.
• Uma maneira de identificar o tempo materializado no espaço é por meio das 
técnicas, ou seja, dos sistemas técnicos. O homem utiliza o espaço em diferentes 
momentos.
• O território é um conceito estruturante da geografia posterior ao espaço. Por 
meio da apropriação e dominação que este recebe a conotação territorial.
• O território pode ser compreendido também como território usado a partir da 
atuação dos diversos agentes da sociedade e dos usos que cada um impõe ao 
território.
• A região, por ser uma porção do espaço, pode revelar, quando analisada, as 
articulações quanto à produção espacial no meio físico, político, econômico ou 
cultural.
• Regionalizar é facilitar a análise do espaço para, entre outras coisas, conhecer 
as especificidades, servindo também ao planejamento espacial. 
47
1 “A primeira divisão regional estabelecida oficialmente ocorreu em 1941, 
quando o governo Vargas resolveu desenvolver uma política de organização 
territorial, comandada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O 
geógrafo Fábio de Macedo Soares Guimarães, dispondo, ainda, de pouco 
conhecimento do território brasileiro (1941) e poucos recursos, fez a divisão 
em grandes regiões naturais, seguindo a orientação de Ricchieri, admitindo 
a existência de cinco unidades: a Amazônia ou região Norte, o Nordeste, 
compreendendo duas sub-regiões, a Oriental e a Ocidental, o Leste, também 
dividido em duas porções, a Setentrional e a Meridional, o Sul e o Centro-
Oeste (ANDRADE, 1987, p. 12)”. 
FONTE: ANDRADE, M. C. de. Brasil: globalização e regionalização. Geographia, Rio de 
Janeiro, v. 3, n. 5, p. 7-17, 2001.
Analisando as informações e o conceito trabalhado durante este tópico sobre 
região, marque a opção INCORRETA:
a) ( ) Para realizarmos a primeira regionalização brasileira, levamos em conta, 
basicamente, os fatores naturais, gerando inadequação no momento das 
análises baseadas nessas regiões. Tudo era diferente da realidade total dos 
locais.
b) ( ) O recorte regional pode considerar diversos critérios para sua efetivação, 
desde os fatores naturais, até os fatores socioeconômicos.
c) ( ) A nova regionalização realizada pelo IBGE, das Regiões Geográficas 
Imediatas, considera como critério a existência de microbacias hidrográficas 
para seu recorte, pois há a preocupação com o uso pelas populações locais.
d) ( ) A regionalização é um recorte de áreas com características semelhantes 
entre si. São regionalizadas para facilitarem a análise do espaço geográfico. 
Portanto, podem existir várias regionalizações de uma mesma porção de 
espaço.
2 O território usado irá conter tanto as ações do passado, cristalizadas em 
objetos, como as ações do presente, que ainda estão em curso. Percebe-se que 
no refazer contínuo do território, tanto o passado quanto presente expressos 
nas materialidades, em objetos e normas, irão modificar as ações sobre tais e 
serão, ao mesmo tempo, modificados. Haverá uma dialética entre o território 
e os homens, no movimento do refazer ao longo da história.
A afirmação anterior pode ser comparada com qual dualidade? Assinale com 
F para FALSO e V para VERDADEIRO.
( ) Relação espaço-tempo.
( ) Geografia Física x Geografia Humana.
( ) Técnica-fluidez.
( ) Relação sociedade-natureza.
AUTOATIVIDADE
48
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V- F - V - V.
b) ( ) F - V- F - F.
c) ( ) V - F - F- V.
d) ( ) V - F - V - F.
3 Observe a imagem da Hidrelétrica de Itaipu e o fragmento de texto que se 
segue:
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Itaipu>. Acesso 
em: 1 set. 2018.
“O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também 
contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações não considerados 
isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá [...]. O espaço 
é hoje um sistema de objetos, cada vez mais artificial, povoado por sistemas de 
ações igualmente imbuídos de artificialidade e cada vez mais tendentes para 
fins estranhos ao lugar e aos seus habitantes”
FONTE: SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
Ao analisar a foto e o fragmento de texto faça uma análise evidenciando as 
relações estabelecidas entre sociedade-natureza. Ainda, identifique os sistemas 
de objetos (naturais e sociais) e os sistemas de ações presentes no espaço.
49
TÓPICO 4
CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, damos continuidade ao estudo em torno dos conceitos de 
análise da ciência geográfica. Perceba que estamos criando um aparato teórico 
sobre a geografia, em especial voltado para a geografia humana. Com a síntese 
das informações, podemos interpretar o mundo, o espaço e suas relações.
 
O conceito de paisagem e o de lugar vêm de encontro aos conceitos de 
espaço, território e região, uma vez que criam subsídios de análise. A pergunta 
é: será que conseguimos realizar a leitura de mundo com apenas um conceito, 
apenas analisando a paisagem? Para a compreensão do território, necessitamos 
entender as relações estabelecidas no lugar e as materialidades da paisagem?
Assim, realizaremos uma breve explanação sobre como, por meio 
da paisagem, podemos identificar os objetos naturais e sociais, bem como as 
transformações que o homem impõe ao espaço.
 
O conceito de lugar, contudo, será apresentado visando estabelecer as 
relações entre o local, o global e o indivíduo que vive no lugar enquanto aquele 
que pode captar as dinâmicas locais. Sigamos com a discussão teóricapara 
embasar nossa compreensão sobre tais relações.
2 PAISAGEM: A MATERIALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES 
SOCIEDADE E NATUREZA
A paisagem é um dos conceitos fundamentais na análise geográfica do 
espaço. A análise paisagística sempre esteve presente em trabalhos científicos 
de geógrafos do mundo todo. Contudo, Santos (1988b) adverte para a diferença 
latente entre a paisagem e espaço. A paisagem manifesta a materialização de um 
dado momento da sociedade, já o espaço seria a sociedade e a paisagem. Contudo, 
ler o espaço pressupõe entender a sua dinâmica, o seu movimento.
O conceito de paisagem e o de região já foram considerados como o 
objeto de estudo da geografia, havendo um tempo em que ambos os conceitos 
eram considerados sinônimos. Santos (1988b) afirma que é fato que no começo 
da história do homem era possível compreender certa semelhança entre os dois 
50
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
conceitos, mas que hoje essa confusão é impossível, visto que a ciência geográfica 
procura cada vez mais compreender as mudanças da sociedade e explicá-las por 
meio de conceitos com leituras contextualizadas.
O autor considera que a paisagem, além daquilo que a visão consegue 
perceber, é também perceptível por cores, movimentos, odores e sons, ou seja, 
perpassa nossa percepção, sendo que cada pessoa pode apresentar, de maneiras 
distintas, a percepção sobre uma mesma paisagem.
Ortigoza (s.d., p. 52), em seus estudos, concebia “a paisagem como a 
expressão materializada do espaço geográfico, interpretando-a como um conjunto 
de formas, que, num dado momento, exprime as heranças que representam as 
sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza”.
IMPORTANT
E
A paisagem é uma porção da configuração territorial que é possível abarcar com 
a visão. Existe por meio de suas formas, criadas em momentos históricos diferentes, porém 
que coexistem no momento atual.
Uma discussão que perpassa o debate é a de paisagem natural. Ortigoza 
(s.d.), baseada em Santos (1988b), adverte para o fato de que alguns pesquisadores 
consideram que a paisagem intocada é inexistente, mesmo que seja possuidora 
de muitos aspectos naturais. Já foram mapeadas e são passíveis de serem 
vigiadas via satélite, o que materializa a interferência do homem. Assim, a autora 
considera que todas as paisagens podem ser, de alguma maneira, consideradas 
humanizadas, construídas ou transformadas.
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
51
Paisagem 
natural
Início da 
modificação 
da paisagem
Industrialização - 
Matéria-prima
FIGURA 8 – TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM PELA AÇÃO DO HOMEM
FONTE: A autora
Evidenciamos uma paisagem inicialmente natural. Após passar por um 
processo de exploração mineral, modifica-se. O minério extraído será inserido 
em um processo produtivo, por exemplo, e modificará outra paisagem quando os 
trilhos de um trem são colocados em uma determinada porção do espaço.
 
Ortigoza (s.d.) afirma, então, que as principais modificações das paisagens 
tiveram início com o processo de industrialização e com a crescente demanda por 
matéria-prima. Tais ações fizeram com que paisagens fossem modificadas em um 
ritmo cada vez mais constante, corroborando com a afirmação de Santos (1988), 
que define a paisagem artificial como aquela transformada pelo homem, sendo 
um conjunto de formas naturais e artificiais.
 
O autor supracitado explana sobre o fato de a paisagem ser sempre 
heterogênea entre si, ou seja, apresenta-se de maneira não homogeneizada. O 
cenário se dá quando o homem interfere na natureza através da técnica, ou seja, 
em cada período da história as técnicas são aprimoradas e/ou aperfeiçoadas 
através do avanço da própria técnica, da ciência e da informação (SANTOS, 2012).
Assim, a construção da paisagem se dá de maneira contínua e consequente, 
pois é impossível se materializar de uma única vez ou por um único evento. Em 
uma paisagem, podemos encontrar objetos distintos que foram, em diferentes 
momentos, utilizados para certas lógicas de produção, elas estando ativas ou não 
(SANTOS, 1988b).
52
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Perceba que a paisagem é a materialização das mudanças acarretadas pelo 
uso do espaço pelo homem, instituídas de historicidade. Deve-se pensar em sua 
análise com base nas condições econômicas, políticas e culturais, visando abarcar 
a totalidade de sua realidade.
Contudo, de que maneira podemos, de fato, compreender a paisagem de 
um determinado espaço? Podemos refletir sobre o assunto com base na seguinte 
afirmação: “A compreensão da paisagem sempre representou, para os geógrafos, 
um caminho importante para o entendimento do movimento do tempo impresso 
no espaço geográfico” (ORTIGOZA, s.d., p. 51). Contudo, para que se compreenda 
a paisagem, há a necessidade de uma descrição que, somente por meio da análise, 
poderá levar de fato à compreensão do todo.
observação
análise
descrição decomposição
leiturainterpretação
IMAGEM 9 – PROCESSO DE ESTUDOS PARA A COMPREENSÃO DA PAISAGEM
FONTE: A autora
Podemos perceber, por meio da visualização da figura, que existem 
algumas etapas para que de fato se chegue à compreensão da paisagem. De 
acordo com os passos traçados por Ortigoza (s.d.), deve-se observar e descrever 
a paisagem, realizar uma decomposição e uma leitura das informações coletadas, 
resultando em uma interpretação passível de gerar uma análise do contexto 
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
53
encontrado na materialização da relação entre sociedade e natureza. Há a 
possibilidade da análise das paisagens tanto sob a perspectiva de uma paisagem 
eminentemente urbana e de outra rural. Dedicaremos nosso foco na última:
“[...] trabalhar questões que envolvem as paisagens rurais é essencial 
para compreendermos tanto a dinâmica econômica, quanto a dos 
indivíduos que nelas estão inseridos, além de promover um resgate 
aos estudos teóricos e conceituais que envolvem o termo paisagem 
na geografia. Assim, esse estudo é relevante, pois pesquisas voltadas 
ao entendimento das atividades agropecuárias são de importância 
considerável para a compreensão dos processos/elementos/sujeitos 
que (re)criam as paisagens rurais conforme determinadas motivações” 
(VERONEZZI; FAJARDO, 2015, p. 208).
Em relação às paisagens urbanas: 
A paisagem urbana é, portanto, a materialização das complexas 
relações entre sociedade, natureza, política e economia construídas 
no tempo-espaço da cidade. Ou seja, essa paisagem é produto dos 
conflitos gerados por essas inter-relações. Ao mesmo tempo em que 
é produto, também reproduz novas contradições (ORTIGOZA, s.d., 
p. 55).
Percebemos que existem especificidades em relação aos espaços. O 
primeiro, rural, tende a materializar uma paisagem da monocultura e da técnica 
integrada às formas de produção e formas de resistência, como as vivenciadas 
pela agricultura familiar.
 
Em relação à cidade, ainda mais dinâmica, apresenta paisagens variadas 
e mais artificiais e o ritmo de mudanças é acelerado. As paisagens de hoje podem 
ser outras amanhã. Sobre o tema, Ortigoza (s.d., p. 56) adverte para o fato de que:
A existência da cidade-mercadoria pressupõe a criação de uma 
paisagem embelezada, positiva e agradável. Curitiba, através de um 
longo processo de planejamento urbano voltado para o city marketing, 
produziu vários parques, melhorou a circulação urbana e valorizou a 
cultura, tudo visando “à venda” da paisagem. Na cidade-mercadoria, 
a paisagem é a parte mais valorizada.
Assim, a paisagem carrega também intencionalidades dos agentes que se 
manifestam no espaço, bem como a materialização de temporalidades diferentes. 
Para Ortigoza (s.d., p. 57), “a paisagem é um objeto teórico de grande relevância 
para a geografia, capaz de revelar o nível das representações visuaisdo mundo 
moderno”.
 
Por fim, a autora explana sobre o conceito como um componente no ensino 
de geografia nas séries iniciais. Para ela, os alunos podem buscar analisar as ações 
da sociedade que são materializadas na paisagem, pois pode-se ver a história da 
relação sociedade e natureza. É, por meio da leitura, que são identificados pontos 
visuais que permitem perceber o desenvolvimento econômico e produtivo da 
sociedade.
54
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
IMPORTANT
E
Você já deve ter relacionado a palavra paisagem com algum lugar turístico, 
certo? É uma das maiores associações realizadas pelos alunos em sala de aula quando 
começamos a introduzir o conceito no ensino de geografia. Quando questionados sobre o 
que é paisagem, os alunos descrevem espaços, geralmente naturais, que representam algum 
ponto turístico, como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, por exemplo.
Vieira e Oliveira (2012, p. 10) afirmam que “porção visível do espaço, 
a paisagem é o grande símbolo do turismo, sendo plenamente utilizada como 
recurso para o desenvolvimento da atividade. Para o turismo, a paisagem é 
reconhecida por seu valor estético e exótico”.
Os autores ainda consideram que a paisagem age como um agente 
intermediador, fazendo uma ligação entre o turista e o espaço, conceito 
estruturante da geografia, como já mencionamos anteriormente.
Para que o processo ocorra de maneira efetiva, ou seja, para que o 
indivíduo, considerado turista, tenha o impulso de sair do local e ir até outro 
espaço, muitas vezes diferente daquele vivenciado no seu cotidiano, é necessário 
criar um desejo. 
O impulso se dará por meio da visualização do espaço turístico em questão, 
materializado nas belezas expressas em uma paisagem. A lógica é perfeitamente 
descrita por Vieira e Oliveira (2012) quando falam do conteúdo simbólico da 
paisagem, que influi no imaginário humano.
Já Bolson (2004) evidencia o valor da paisagem para o turismo quando 
afirma que existe a necessidade de promover uma relação afetiva entre o turista 
e o espaço turístico. Se o indivíduo gostar da experiência vivenciada no lugar, 
poderá se tornar um “propagandista” para outras pessoas. Percebemos, com os 
apontamentos realizados pela autora, que a importância do aspecto se dá ao fato 
de que o turismo é uma atividade econômica. Ainda, quanto mais se cativa o 
turista, mais possibilidades são criadas para o giro de capital no lugar. 
3 LUGAR: ENTRE O INDIVÍDUO E O MUNDO
Acadêmico, os conceitos apresentados até o momento, em nossos estudos, 
foram os de espaço, território, região e paisagem. Assim como a ordem desta 
unidade do livro de estudos, o conceito de lugar, situado por último, também foi 
devido à ciência geográfica ser uma das últimas a ser trabalhada e estruturada. 
Para tanto, acompanharemos a discussão conceitual que segue.
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
55
O conceito de lugar se constitui como um dos mais recentes pontos de 
debate dentro da ciência geográfica. Foi somente a partir da década de 1970 que 
alguns geógrafos, impulsionados pelos novos desafios impostos ao mundo e 
suas consequências, começaram a pensar na relação próxima que o indivíduo 
desenvolvia com o lugar.
FIGURA 9 – CONCEPÇÕES CONCEITUAIS DE LUGAR NA GEOGRAFIA
FONTE: A autora
Rodrigues (2015) afirma que a geografia passou a entender o lugar como 
uma categoria de análise a partir da corrente geografia humanista, pois alguns 
autores passaram a se debruçar sobre os estudos das relações estabelecidas entre 
o sujeito e o lugar, ocorrendo suas vivências cotidianas. Em relação à chamada 
geografia crítica, esta se preocupa em como o lugar e o sujeito poderão ser inseridos 
em um mundo plenamente globalizado, ou seja, busca entender a singularidade 
dos lugares em relação à homogeneização do mercado global.
Para Rodrigues (2015), são os geógrafos humanistas que irão se interessar 
pelo lugar a partir de uma análise fenomenológica, exprimindo o lugar a partir 
das experiências com o espaço. Yi Fu Tuan foi um dos geógrafos que estudou 
sobre o lugar sob tal perspectiva. Rodrigues (2015, p. 5041), ao analisar a sua obra, 
ressalta que:
Também é preciso tempo para adquirir-se um sentido de lugar. Para 
Tuan, quanto mais tempo vive-se em um lugar, melhor, mais profunda 
e significativa será a experiência, pois o passado é um elemento 
fundamental na constituição do apego. Em várias passagens, o autor 
alerta para o fato de que a experiência constitui os lugares, e o faz em 
escalas diversas: lar como vivência primeira, cidade como centro de 
símbolos significantes, bem como os bairros, as regiões e o Estado-
Nação. Todavia, à medida que a escala muda (saindo do lar para a 
nação), o indivíduo perde, progressivamente, o relacionamento direto 
com o espaço, remetendo para uma compreensão mais fragmentada.
56
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Analisando o fragmento de texto, podemos perceber que a relação do 
espaço com o indivíduo tem seu foco na vivência e na subjetividade. Contudo, 
podemos perceber, a partir dos estudos da autora, que a visão sobre o lugar 
passou a ser alvo de análise da corrente crítica, uma vez que alguns geógrafos 
consideravam uma visão excludente de lugar.
Na nova perspectiva, que pode ser visualizada na segunda coluna da 
figura anterior, a globalização tem um papel de destaque, pois teria influência na 
fragmentação dos espaços, assim, a leitura deveria ser realizada em torno do local 
com o global (SANTOS, 2001; RODRIGUES, 2015). 
Sob a égide, o lugar considerado como espaço de resistência e mobilização 
seria a base para a revolução contra as injustiças advindas com a globalização. Há 
ainda a possibilidade de que, pela articulação dos agentes locais, seria possível 
a busca por autonomia, em empreitadas sobre um futuro que seja diferente da 
massificação que surge com a homogeneização global.
Para compreendermos tal perspectiva, focaremos, a partir deste ponto, 
na análise sobre as produções realizadas por Milton Santos em diversos escritos 
sobre o tema. Assim, Santos (2006, p. 212) elucida inicialmente sobre o tema 
assinalando que “cada lugar é, a sua maneira, o mundo”, porém ainda é diferente 
dos demais.
No lugar existe um cotidiano compartilhado entre pessoas, firmas e 
instituições, assim conflito e cooperação são a base da vida em comum. Na escala, 
cada agente exerce uma ação própria. Podemos analisar, por exemplo, o lugar a 
partir da ótica da mundialização, uma vez que todos os lugares se mundializam, 
criando:
• Lugares globais simples: apenas alguns vetores da modernidade atual se 
instalam.
• Lugares globais complexos: metrópoles. Há profusão de vetores.
Temos a noção de que, apesar das lógicas globais se fazerem presentes 
em diversos lugares do globo, ainda existem as especificidades entre cada lugar. 
Podemos analisar determinado aspecto observando as paisagens presentes na 
figura a seguir:
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
57
FIGURA 10 – LUGARES GLOBAIS SIMPLES E COMPLEXOS
FONTE: <https://pxhere.com/pt/photo/652970>. Acesso em: 28 ago. 2018.
Na figura, a primeira paisagem diz respeito a uma pequena cidade do interior. 
Ali apenas alguns elementos da globalização irão se instalar. Pode ser que as pessoas 
tenham acesso à internet, aparelhos eletrônicos modernos, que a cidade tenha sua 
economia pautada na exportação de algum produto agrícola ou bem primário. Contudo, 
é a segunda paisagem que irá nos remeter à ideia de maior complexidade, ou seja, em 
metrópoles e grandes cidades é onde se fazem mais presentes as materialidades da 
modernidade. Encontramos espaços que estão diretamente vinculados a lógicas globais 
de produção, para tanto, São Paulo/SP é um exemplo de cidade da fluidez, do tempo 
rápido, pois se concentramnela grande parte das tomadas de decisão administrativas 
de empresas globais que estão instaladas no Brasil.
Já em relação ao indivíduo e ao lugar, devemos levar em consideração 
que “a experiência do indivíduo é essencial para entender aspectos do lugar que 
ninguém, que não o tenha vivenciado pessoalmente, poderia saber” (RODRIGUES, 
2015, p. 5039).
DICAS
No lugar, podemos perceber também a relação do indivíduo com a cultura. 
Há, de um lado, uma cultura de massa, considerada uma uniformização e, de outro, a 
cultura popular, representada pelo homem e seu entorno. Para compreender um pouco 
da relação, você pode assistir ao 
vídeo da música “No Meio do 
Pitiú”, da cantora Dona Onete. O 
vídeo foi gravado no Mercado Ver 
o Peso, em Belém/PA, com o ritmo 
musical do Carimbó, música típica 
da região Norte brasileira. Há a 
representatividade da cultura e do 
indivíduo deste lugar. 
FONTE: <https://www.youtube.
com/watch?v=CkFpmCP-R04>. 
Acesso em: 4 jan. 2018.
58
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Existe, de fato, uma relação entre lugar e cotidiano, assim certos usos 
desse lugar dizem respeito a diferentes atores e perspectivas. Há, porém, uma 
realidade própria do lugar em relação à racionalidade hegemônica que é imposta.
 
Percebemos que existe uma razão global e uma razão local que em cada 
lugar se superpõe e que tanto se associam quanto se contrariam (SANTOS, 2006). 
Contudo, na escala do globo, o motor implacável que realiza reorganizações de 
ordem econômica, social, política e geográfica é mais-valia. A competitividade 
tem grande papel. Observemos a relação entre lógicas globais e locais:
FIGURA 11 – ORDEM GLOBAL E LOCAL SOBRE OS LUGARES
FONTE: A autora
Assim, segundo a análise da figura, visualizamos que cada lugar é, ao 
mesmo tempo, objeto de uma razão local e global, que convivem dialeticamente. 
No entanto, existem especificidades entre elas. Enquanto uma ordem global segue 
uma única racionalidade ao lugar, a ordem local reage respondendo de maneira 
específica, conforme a sua própria.
 
Em relação ao debate, Santos (2006), ao falar sobre a busca de lugares 
produtivos por empresas, evidencia que o lugar deve ser considerado como um 
tecido. As condições tanto naturais, quanto criadas, como infraestrutura, recursos 
humanos etc., terão o poder de afastar ou atrair os empreendimentos. São algumas 
das questões analisadas sob o viés da chamada geografia econômica.
Santos (2006), porém, afirma que a ordem que é trazida pelos vetores 
da hegemonia no local causa uma desordem. Além de conduzir a mudanças 
funcionais e estruturais, ainda traz um objetivo, uma finalidade, como sendo o 
próprio mercado global. 
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
59
O lugar desempenha um papel importante, pois é um espaço vivido que, 
ao mesmo tempo que permite uma renovação de experiências, também uma 
dialética entre o passado e o futuro. Assim, viver no lugar proporciona uma 
experiência de pensar sobre o mundo, buscar entendê-lo (SANTOS, 2001).
Podemos ainda falar dos governos globais, como o Banco Mundial e o 
Fundo Monetário Internacional, que cuidam de interesses globais, que interferem 
direta ou indiretamente quando investem localmente em infraestruturas e 
transformação dos transportes (SANTOS, 2006). O autor ainda alerta para o fato 
de que existe o uso do dinheiro público para infraestruturas que irão dar suporte 
à necessidade das grandes empresas ao invés de responder e dar solução aos 
problemas sociais e locais.
 
Enfim, as discussões em torno do conceito são muitas. Contudo, o lugar, 
acima de tudo, pode ser tido “como o lócus do sujeito que o constrói, ao mesmo 
tempo em que constitui a si mesmo se relacionando com o mundo e com a 
coletividade social” (RODRIGUES, 2015, p. 5036). 
60
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Leitura do espaço geográfico através das categorias: lugar, paisagem e 
território
Analúcia Bueno dos Reis Giometti
Sandra Elisa Contri Pitton
Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza
INTRODUÇÃO
Buscar a compreensão da realidade não é uma tarefa somente da geografia, 
mas dos diversos ramos do saber científico. Surge assim uma questão: qual a 
contribuição da geografia para o entendimento do mundo (realidade) em que 
vivemos? Como a geografia, enquanto disciplina escolar, pode organizar seu 
corpo de conhecimentos e torná-lo acessível ao aluno, para que ele seja capaz de 
realizar uma leitura “correta” da realidade que o cerca?
 
A geografia defronta-se assim com a tarefa de analisar o espaço geográfico 
como uma categoria para compreender a realidade. Com a abordagem, o ensino 
da geografia direcionado para o Fundamental confere ênfase ao estudo do meio 
como resultante da ação do sujeito social responsável pela construção do lugar, 
da paisagem e do território.
 
Tais categorias devem ser consideradas em suas inter-relações e conexões, 
dada a dinâmica do espaço geográfico, o qual constitui uma categoria central da 
geografia. Ao longo da história da ciência, foram concebidas de diversas maneiras. 
Porém, não é nosso escopo retomá-las.
O espaço geográfico como objeto de estudo vai além da dinâmica do 
espaço físico e, hoje, o grande desafio que se coloca é compreender a inter-relação 
entre sociedade e natureza. A categoria deve ser analisada, transformada, criada 
e produzida pela sociedade à medida que o homem se apropria da natureza, 
que guarda a especificidade de ser permanentemente (re)elaborada pelo fazer 
humano. 
Assim, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), “o 
espaço geográfico é historicamente produzido pelo homem, enquanto organiza 
econômica e socialmente sua sociedade” (BRASIL, 2000, p. 109). Na perspectiva, 
o espaço geográfico deve ser entendido como uma totalidade dinâmica em que 
interagem fatores naturais, socioeconômicos e políticos.
No conceito de espaço geográfico está implícita a ideia de articulação entre 
natureza e sociedade. Na busca da articulação, a geografia tem que trabalhar, de 
um lado, com os elementos e atributos naturais, procurando não só descrevê-los, 
mas entender as interações existentes entre eles; e de outro, verificar a maneira 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 4 | CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
61
pela qual a sociedade está administrando e interferindo nos sistemas naturais. 
Para perceber a ação da sociedade é necessário adentrar em sua estrutura social, 
procurando apreender o seu modo de produção e as relações socioeconômicas 
vigentes.
Os estudos geográficos, ao possibilitarem a compreensão das relações 
sociedade-natureza, induzem à noção de cidadania, levando o aluno a analisar 
suas ações como agente ativo e passivo do meio ambiente e, portanto, capaz de 
transformar o espaço geográfico. 
Assim, as práticas pedagógicas devem estar voltadas aos problemas da 
comunidade na qual os alunos estão inseridos, pois é a escala espacial local em 
que sua ação transformadora pode ser imediata. No que diz respeito à AÇÃO, há 
a necessidade tanto de conhecimentos e habilidades, quanto de execução de um 
processo que mude a percepção e a conduta, o qual passa pela sensibilização e 
afetividade.
É necessário também que os professores estejam preparados para 
considerar no seu trabalho a própria dimensão individual dos seus alunos, 
pois “[...] mudar valores requer o alto conhecimento do indivíduo-sujeito” 
(CARVALHO, 2004, p. 42).
FONTE: GIOMETTI, Analúcia Bueno dos Reis; PITTON, Sandra Elisa Contri; ORTIGOZA, Silvia 
Aparecida Guarnieri. Leitura do espaço geográfico através das categorias: lugar, paisagem e 
território. 2018. Disponível em: <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/47175/1/
u1_d22_v9_t02.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.
62
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• A paisagem se constitui como um conceitofundamental na análise geográfica do 
espaço. Contudo diferencia-se do espaço, porque a paisagem é a materialização 
de um momento da sociedade, já o espaço em si é tanto a paisagem quanto a 
sociedade.
• Apesar do processo de modificação das paisagens ter tido uma dinâmica 
com a industrialização, é na atual fase da globalização que ganha ritmos mais 
constantes e diversos.
• A paisagem é composta tanto por elementos naturais quanto artificiais e possui 
a intencionalidade dos agentes materializada em temporalidades diferentes. 
Identificamos aqui a relação espaço-tempo e sociedade-natureza.
• Em relação ao conceito de lugar, este possui duas formas principais de 
abordagem. A primeira delas diz respeito a experiências subjetivas entre o 
sujeito e o lugar. A segunda visa analisar a fragmentação dos espaços e o lugar 
com suas especificidades frente ao mundo homogeneizado.
• A quantidade de vetores da modernidade poderá caracterizar lugares globais 
simples e lugares globais complexos.
• O lugar pode ser entendido como “lugar” do sujeito que o constrói e constrói-
se com ele, e o ponto com relações com o mundo e a sociedade.
63
AUTOATIVIDADE
1 Analise o texto a seguir:
“Nas línguas orientais, o sentido de paisagem é mais atrelado à natureza. O 
termo mânzar, em árabe, pode ser traduzido como algo relativo ao panorama, 
ponto de vista. Em chinês, o termo chaiin choinre significa montanha e água e 
fon tin poderia ser traduzido como imagem do vento” 
FONTE: SILVA, A. S. de A. Trilhando a paisagem: uma abordagem de conceitos e diálogos. 
Revista Eletrônica História, Natureza e Espaço, v. 5, n. 2, p. 2, 2016.
No texto, a autora faz referência a palavras orientais que se referem à paisagem. 
Assim, marque a opção que contém uma afirmação CORRETA sobre o conceito:
a) ( ) A paisagem é o conceito que define o poder exercido sobre os sujeitos.
b) ( ) A paisagem pode conter não apenas elementos naturais, mas também 
sociais.
c) ( ) Ler a paisagem depende de dados numéricos e estatísticos.
d) ( ) Paisagem refere-se a obras de arte e fotos de lugares naturais.
2 Observe a paisagem de Manhattan, cidade de Nova York:
Disponível em: <https://pxhere.com/pt/photo/867432>. Acesso em: 1 set. 2018.
Em relação ao conceito de lugares globais, responda com F para FALSO e V 
para VERDADEIRO.
 
( ) Na paisagem, podemos identificar um Lugar Global Simples, pois as 
atividades desenvolvidas no recorte são basicamente de comércio.
( ) Os lugares globais complexos podem ser caracterizados pela presença de 
muitos vetores da modernidade. Na foto, é possível identificar o alto grau 
de incentivo ao consumo.
64
( ) Lugares globais simples são entendidos como aqueles que possuem pouca 
quantidade de objetos da modernidade, comumente áreas rurais. Assim, a 
foto não representa o conceito.
( ) Na paisagem da foto de Nova York, são representados objetos da 
modernidade que estão presentes em boa parte das capitais nacionais do 
mundo em virtude da atual fase da globalização.
Assinale a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – F – F.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F. 
d) ( ) F – V – V – F. 
3 Sabendo que os conceitos de Espaço, Território, Região, Paisagem e Lugar 
são importantes para a compreensão da relação sociedade-natureza, e que 
não há possibilidade de realizar a leitura do espaço sem acabar referindo-se 
a uma das categorias de análise, reflita sobre a seguinte afirmação: 
Na atual fase da globalização, torna-se mister entender o espaço geográfico a 
fim de compreender os agentes e as intencionalidades postas em questão. Para 
isso, podemos utilizar as categorias de Paisagem e Lugar. Como os conceitos de 
Paisagem e Lugar podem colaborar para a compreensão da leitura de espaço?
65
UNIDADE 2
O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO 
CAMPO DA GEOGRAFIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• conhecer a evolução histórica do conceito de geografia da população; 
• compreender os principais conceitos e teorias atrelados ao campo da geo-
grafia da população e da demografia;
• reconhecer as diferenças espaciais relacionadas ao processo de distribui-
ção da população mundial.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O 
ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E 
POPULACIONAIS
TÓPICO 3 – A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
66
67
TÓPICO 1
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O 
ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico de abertura desta unidade, você aprenderá como ocorre o 
estudo da população no campo da geografia. Para tanto, retomaremos, de maneira 
sintética, como o conceito de geografia da população surgiu e se consolidou ao 
longo do tempo. Outro objetivo deste tópico é o de mostrar qual a relação da 
geografia da população com a demografia, com vistas a entender quais elementos 
de estudo aproximam os dois campos disciplinares e quais as nuances que 
distinguem as duas áreas.
Além disso, serão analisados os principais aspectos que costumam ser 
abordados nos estudos populacionais e quais são as possibilidades metodológicas 
de trabalho com tais elementos.
Vamos conhecer e explorar a rica e vasta área da geografia, que ajuda 
a compreender a diversidade e a complexidade de fenômenos que permeiam a 
população humana. 
2 O QUE SE ENTENDE POR GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO? 
QUAL SUA RELAÇÃO COM A DEMOGRAFIA?
A geografia da população é um ramo da geografia humana que se 
concentra no estudo científico das pessoas, suas distribuições espaciais e 
densidade. Para estudarem tais fatores, os geógrafos populacionais examinam o 
aumento e a diminuição da população, os movimentos das pessoas ao longo do 
tempo, os padrões gerais de assentamento e outros assuntos como ocupação e 
como as pessoas formam o caráter geográfico de um lugar (BRINEY, 2018).
 
Acerca da definição de população, Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 15) 
lembram que “população é um conjunto de habitantes em um dado lugar em um 
certo tempo”. Damiani (1991, p. 8) complementa afirmando que “a população 
constitui a base e o sujeito de toda atividade humana”.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
68
FIGURA 1 – A DIVERSIDADE DA POPULAÇÃO
FONTE: <https://www.thoughtco.com/population-geography-overview-1435468>. Acesso em: 
16 set. 2018.
Observando o campo de estudo da geografia da população sob um prisma 
histórico, ressalta-se que entre 1953 e 1990 a geografia populacional definiu-se 
como um estudo sistemático da (1) descrição simples da localização dos números 
e características da população; (2) a explicação da configuração espacial dos 
números e características e (3) a análise geográfica do fenômeno populacional, 
ou seja, as inter-relações entre as diferentes áreas de estudo da população e 
seus relacionamentos com os outros campos de estudo da geografia (economia, 
ambiente, humanidade etc.) (GREGORY et al., 2009).
A geografia populacional, ou geografia da população (os termos têm 
o mesmo significado), procura demonstrar como as variações espaciais na 
distribuição, composição, migrações e crescimento das populações se relacionam 
com as variações espaciais na natureza dos lugares (CLARKE, 1976). Em uma 
perspectiva histórica, após a Segunda Guerra Mundial, a geografia populacional 
tornou-se institucionalizada como uma subdisciplina preocupada com as 
afirmações empiristas e positivistas sobre as variações espaciais na distribuição, 
composição e crescimento das populações (GREGORY et al., 2009).
 
Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 25) sustentam que o objetivo da 
geografia da população é “identificar e analisar fenômenos que acontecem e se 
reproduzem no espaço geográfico, visando entender como afetam as relações na 
complexidade da sociedadee nos diversos grupos populacionais”.
 
Clarke (1976), em um esforço de síntese, procurou identificar os principais 
temas estudados no âmbito da geografia da população. Para o referido autor, a 
lista de características humanas de interesse prático para o geógrafo populacional 
(ponto de partida para os estudos) pode ser equiparada com aquelas que aparecem 
https://www.thoughtco.com/population-geography-overview-1435468
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
69
nos cronogramas de enumeração de recenseamento (no Brasil, utiliza-se o censo) 
e nos sistemas de registro vital das nações. Seguindo a linha de pensamento, as 
características humanas se dividem em três grupos:
Números absolutos:
• (i) características físicas: idade, sexo, raça, morbidade, inteligência;
• (ii) características sociais: estado civil, família, residência, alfabetização, 
educação, língua, religião, nacionalidade, etnia;
• (iii) características econômicas: indústria, ocupação, renda;
• Dinâmica populacional: fertilidade, mortalidade, migração, mudança.
Evidentemente, outros temas podem emergir como possibilidades de 
estudos no bojo da geografia da população. A intenção de mostrar os três grandes 
grupos é a de ajudar você, acadêmico, a compreender quais dados empíricos 
podem ser utilizados como ponto de partida para a elaboração de perguntas de 
pesquisas no campo da geografia populacional.
 
Dantas, Morais e Fernandes (2011, p. 12) discorrem sobre a diversidade 
de temas trabalhados pela geografia da população em face ao complexo mundo 
que nos circunda:
A Terra vai se transformando em um ambiente plural, levando 
à Geografia da População outras variáveis que precisam ser 
compreendidas para completar as chaves de leitura que compõem o 
seu arquivo de interpretação. Assim, aos aspectos biológicos agregam-
se a organização cultural, política, econômica e territorial da sociedade, 
que repercutem, por exemplo, no número de pessoas empregadas 
(população economicamente ativa), no número de pessoas que se 
deslocam de um lugar para outro e nas razões e consequências 
da mobilidade (migração), no número de pessoas que nascem e 
morrem em um local (crescimento populacional) e no número de 
pessoas que vivem em uma localidade e na forma como ocupam o 
espaço (distribuição populacional). A busca pela compreensão dos 
fenômenos que geram as diferenças, suas causas e consequências 
conduz a análise da dinâmica populacional que, na perspectiva da 
Geografia da População, é investigada a partir da espacialização dos 
seguintes aspectos: crescimento, migrações, estrutura e distribuição 
populacional. 
Outra área de estudo que também se ocupa em estudar a população é a 
demografia. Wood (2012) explica que o termo demografia deriva do grego antigo 
demos, ou seja, população ou pessoas. Ainda, graphe, o verbo descrever. 
O estudo da demografia interessa para muitas disciplinas das ciências 
sociais, incluindo a geografia, com ênfase especial na organização espacial: a 
localização de lugares, pessoas, um evento e as conexões entre lugares e paisagens. 
Os geógrafos da população estão interessados em mudanças populacionais (tanto 
no crescimento quanto no movimento), especialmente no que se refere ao meio 
ambiente e aos recursos naturais da Terra.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
70
Verifica-se, assim, que demografia e geografia da população, embora 
sejam parecidas, reservam particularidades. No caso da geografia, a ênfase é 
particularmente no espaço e, assim, a geografia populacional distingue-se da 
demografia, que é a ciência da população vista como um único tópico. Na prática, 
enquanto o demógrafo se preocupa com números e processos demográficos, 
especialmente para unidades políticas como totalidades, o geógrafo populacional 
está mais preocupado com as variações de população e suas relações com os 
fenômenos físicos, culturais e econômicos (CLARKE, 1976).
A respeito do estudo da população no plano da demografia, Araujo, 
Taveira e Fogaça (2016, p. 17) ponderam que:
Para a demografia, há dois modos principais de tratar os dados 
de população: estático e dinâmico. Os aspectos estáticos estão 
relacionados ao tamanho e à composição de uma população; já 
os aspectos dinâmicos envolvem variáveis demográficas básicas 
que são suscetíveis a mudanças e a relações mútuas que conferem 
multiplicidade aos resultados, como as taxas de mortalidade, 
nascimento, migração etc. 
As contribuições na geografia populacional têm sido interdisciplinares 
há muito tempo, até porque as epistemologias “geográficas” (particularmente 
aquelas relacionadas ao meio ambiente, lugar e espaço) foram desenvolvidas de 
várias maneiras como parte do pensamento elucidado em diferentes disciplinas, 
incluindo economia, sociologia e demografia (GREGORY et al., 2009).
IMPORTANT
E
Você se recorda qual é o significado da palavra epistemologia? Epistemologia, 
do grego episteme, conhecimento. Em sentido mais estrito, é a disciplina filosófica que 
estuda a natureza, a origem e os limites do conhecimento. É o estudo crítico de postulados, 
conclusões e métodos de uma ciência em particular, considerada do ponto de vista de sua 
evolução, a fim de determinar a origem lógica, o valor e o alcance científico e filosófico. 
Ainda é formação dos conceitos científicos, a história das ciências. Em sentido mais amplo, 
teoria do conhecimento. A principal questão epistemológica está no que realmente podemos 
conhecer e com que grau de certeza (...). 
FONTE: PERES, Marly N. Dicionário básico escolar de filosofia. São Paulo: Global, 2013. p. 106.
Com relação às principais metodologias utilizadas no plano da geografia 
da população, Clarke (1976) comenta que assim como a demografia, a geografia 
populacional também trabalha com dados estatísticos. Contudo, ambas abarcam 
também uma abordagem qualitativa. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
71
Os demógrafos examinam várias qualidades físicas, intelectuais e 
de caráter da população para ver suas conexões com aspectos quantitativos, 
enquanto os geógrafos da população se esforçam para desvendar as complexas 
inter-relações entre os ambientes físico e humano, de um lado, e a população, de 
outro. A explicação e a análise das inter-relações são a substância real da geografia 
populacional.
IMPORTANT
E
O propósito essencial da matéria é bem mais amplo e profundo que a tarefa 
elementar de estabelecer onde as pessoas vivem, seu número e tipo. Como em todos os 
demais campos da Geografia, o mero “onde” das coisas não pode ser aceito como uma 
definição suficiente do campo e do propósito da Geografia da População. 
Entender o perfil da população de um país é fundamental para o delineamento de políticas 
públicas nas áreas de saúde, educação, habitação e sistema previdenciário, bem como para 
a elaboração de análises, estudos e prognósticos sobre o desenvolvimento demográfico e 
socioeconômico da nação. 
Para traçar o perfil populacional, são realizados os censos demográficos, pesquisas detalhadas 
e abrangentes por meio dos quais são levantadas informações referentes ao número total 
de habitantes, à distribuição da população pelo território, à porcentagem de acesso da 
população aos serviços capazes de assegurar saúde e bem-estar etc.
Graças ao fluxo de informações, que foi se tornando mais complexo e rico nas últimas décadas, 
passa a ser possível compreender os movimentos e processos estruturais da sociedade. À 
medida que o tratamento de dados foi se especializando conceitual e metodologicamente 
e que o progresso técnico criou ferramentas de tratamento e recuperação de dados mais 
adequadas, tornou-se possível uma maior desagregação dos níveis de análise – ou seja, 
um detalhamento mais preciso, que constitui uma ferramenta essencial à realização de 
intervenções na forma de políticas públicas localizadas. 
FONTE: <http://www.tiberiogeo.com.br/texto/GeografiaPopulacaoUva.pdf>.Acesso em: 25 
out. 2018.
Para exemplificar como os fluxos de informações permitem análises mais 
sofisticadas dos traços da população atualmente, selecionamos o gráfico a seguir.
http://www.tiberiogeo.com.br/texto/GeografiaPopulacaoUva.pdf
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
72
GRÁFICO 1 – GRÁFICO EXEMPLIFICA COMO AS INFORMAÇÕES SOBRE A POPULAÇÃO PODEM 
SER ANALISADAS
FONTE: IBGE (2015, p. 33)
Gráfico 2.7 - Probabilidade de morte dos jovens de 15 a 29 anos de 
idade, por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2014
Óbitos por 1.000 pessoas
Brasil Norte Nordeste
Total Homens Mulheres
Sudeste
22,3
48,5
11,4
30,1
13,8
31,6
48,7
33,7
8,7
21,4
35,8
8,9
22,624,5
6,5
15,714,5
6,3
Sul Centro-Oeste
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
A leitura do gráfico evidencia a probabilidade de morte dos jovens de 15 
a 29 anos nas grandes regiões do Brasil. Entre os homens, note que os números 
nas regiões Norte (48,7 óbitos por mil) e Nordeste (48,5 óbitos por mil) são 
significativamente superiores aos observados para as regiões Sudeste (22,3 óbitos 
por mil) e Sul (24,5 óbitos por mil). A mortalidade das mulheres revela, por outro 
lado, padrão mais estável entre as regiões, além de menor intensidade, sugerindo 
maior exposição dos homens − especialmente das regiões Norte e Nordeste do 
país. A evidência está na mortalidade masculina, que possui padrões semelhantes 
em todas as grandes regiões (IBGE, 2015). 
Assim, o conhecimento das técnicas elementares da demografia é 
indispensável para o geógrafo da população. Portanto, os geógrafos populacionais 
devem estar cientes dos métodos de demografia (CLARKE, 1976). Colaborando 
com o entendimento, Gregory et al. (2009) comenta que, na atualidade, em termos 
metodológicos, maior ênfase vem sendo colocada em métodos qualitativos e métodos 
mistos, adequados para abordar um amplo espectro de assuntos de natureza humana, 
incluindo aspectos como sentimentos (como o grau de satisfação ou insatisfação que 
as pessoas sentem ao morar em determinado local), aspirações e discursos.
 
Em relação à informação, debates vigorosos têm procurado caminhar 
no sentido do pluralismo metodológico, apoiando-se no desenvolvimento de 
abordagens de métodos mistos e quase com a exclusão de técnicas de método 
único, como a preservação de campos mais especializados, como a demografia. 
Gregory et al. (2009) adverte que a especialização metodológica tendeu a 
exagerar a divisão entre aqueles que usam a ferramenta quantitativa, qualitativa 
e etnográfica, em um momento em que muitas agendas requerem abordagens 
flexíveis e plurais.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
73
IMPORTANT
E
Você sabe o que é uma pesquisa etnográfica?
A etnografia é uma metodologia das ciências sociais, principalmente da disciplina de 
Antropologia, em que o principal foco é o estudo da cultura e o comportamento de 
determinados grupos sociais. Literalmente, etnografia significa descrição cultural de um povo 
(do grego ethnos, que significa nação e/ou povo e graphein, que significa escrita). 
As análises qualitativas como um todo têm tido muito destaque nos últimos tempos. A 
pesquisa qualitativa deixou de ser vista e descrita como aquilo que ‘não é quantitativo’, mas 
como um campo a ser explorado e estudado. Da mesma forma que a pesquisa quantitativa, 
vários enfoques e técnicas diferentes podem ser aplicados, dependendo do interesse e objeto 
do pesquisador.
De uma forma geral, as pesquisas qualitativas têm como ponto principal entender, descrever 
e, algumas vezes, explicar os fenômenos sociais e culturais de grupos sociais e/ou indivíduos.
A etnografia surge no fim do século XIX e início do século XX com a necessidade de 
pesquisadores entenderem de forma mais adequada e aprofundada comunidades e grupos 
sociais. Até então, todo conhecimento provinha de especulação da filosofia social, sem 
contato nenhum com a sociedade. Os pesquisadores da época chegaram à conclusão de 
que apenas o contato real em campo poderia descrever melhor a cultura de um povo.
Aqui chegamos em um dos principais pontos relacionados à etnografia: a pesquisa 
etnográfica tem como foco entender a cultura de comunidades e grupos sociais. (Estudar 
a cultura envolve um exame aprofundado dos comportamentos, costumes, crenças, entre 
outras coisas compartilhadas dentro daquela comunidade).
A etnografia como método
O método etnográfico é diferente de outros modos de fazer pesquisa qualitativa. Ele segue 
alguns princípios e, neste livro, vamos aprendê-los e aplicá-los ao universo digital:
• Pesquisa de campo (conduzido no local em que as pessoas convivem e socializam).
• Multifatorial (conduzido pelo uso de duas ou mais técnicas de coleta de dados).
• Indutivo (acúmulo descritivo de detalhe).
• Holístico (retrato mais completo possível do grupo em estudo).
FONTE: INSTITUTO BRASIEIRO DE PESQUISA E ANÁLISE DE DADOS. O que é pesquisa 
etnográfica? 2018. Disponível em: <https://www.ibpad.com.br/blog/comunicacao-digital/o-
que-e-pesquisa-etnografica/>. Acesso em: 24 out. 2018.
Damiani (1991, p. 7) também defende a utilização de métodos que 
ultrapassem o uso apenas de dados quantitativos pela geografia da população, 
propondo o uso de métodos combinados: 
https://www.ibpad.com.br/blog/comunicacao-digital/o-que-e-pesquisa-etnografica/
https://www.ibpad.com.br/blog/comunicacao-digital/o-que-e-pesquisa-etnografica/
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
74
Não é a geografia da distribuição diferenciada da população no globo 
terrestre que aspiramos. A da primeira aproximação com o fenômeno 
humano através das quantidades de população. A que se vale da 
visualização de cores diferentes manchando cada país, ou cada lugar, 
para retratar, em um mapa, seu “lugar” no universo das “diferentes” 
quantidades de população. Observemos que o quantitativismo 
leva à imagem superficial do fenômeno social para quem quer 
captar, exatamente, a essência qualitativa, as relações escondidas. A 
geografia, hoje, não se contenta mais com a leitura do espaço como 
um invólucro de conteúdos indiferentes, que tardiamente preenchem. 
Vamos abdicar dos números? Não exatamente. Vamos relacioná-los 
imediatamente com as qualidades. 
Observe o mapa a seguir:
FIGURA 2 – POPULAÇÃO ABSOLUTA DO RIO GRANDE DO SUL EM 2010
FONTE: <https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/populacao-absoluta>. Acesso em: 30 set. 2018.
https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/populacao-absoluta
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
75
Partindo de uma técnica de pesquisa quantitativa, o mapa revela quais 
municípios concentram, em termos absolutos, maior parcela da população no 
estado do Rio Grande do Sul. O mapa poderia, por exemplo, estimular reflexões 
e perguntas de pesquisas de natureza qualitativa, tais como: quais fatores 
históricos explicam a elevada concentração populacional observada no município 
de Uruguaiana? Ainda, quais motivos econômicos estão relacionados à alta 
concentração populacional identificada nos municípios vizinhos de Pelotas e Rio 
Grande? Notem que não existem métodos melhores ou piores. O que ocorre é que 
cada método é capaz de revelar uma dimensão do objeto de análise, não sendo 
possível identificar um método favorito ou superior. Cada um cumpre seu papel 
no sentido de contribuir com o estudo da realidade observada.
3 A EXPANSÃO DA POPULAÇÃO AO LONGO DA 
HISTÓRIA
Para finalizar este tópico, vamos acompanhar a reportagem a seguir, que 
explica como se deu a expansão da população pelo mundo ao longo da história. 
Animação do Museu de História Natural de Nova York mostra a ocupação do 
globo. Ainda, faz projeções para o futuro.
A humanidade demorou 200 mil anos para chegar à população de 
1 bilhão de pessoas. Depois, 200 anos foram suficientes para que o número 
chegasse a 7 bilhões. O crescimento é mostrado de forma clara em um vídeo de 
cinco minutosfeito pelo Museu Americano de História Natural.
Na produção, intitulada “A população humana através do tempo”, é 
possível acompanhar o crescimento da humanidade desde o surgimento dos 
primeiros homo sapiens na África (há 200 mil anos) e do início da migração 
pelo globo (há 100 mil anos). A população permaneceu inferior a 1 milhão de 
pessoas até o advento da agricultura, ainda na pré-história.
No primeiro ano d.C., a humanidade se aproximava dos 170 milhões. A 
partir de então, a concentração de 1 milhão de pessoas é representada no vídeo 
com um pontinho amarelo. Os sinais aparecem na época nas regiões centrais 
da Europa, no nordeste do que hoje é a Índia, na China, e em algumas partes 
da África e do Oriente Médio. Acompanhe!
Houve apenas um grande declínio
O vídeo mostra a ascensão da civilização Maia nas Américas por volta 
do ano 500. Na época, a população mundial chegava a 177 milhões. Quando do 
surgimento do Islã, em 622, 181 milhões. Ainda, o crescimento segue em relação 
à epidemia de varíola no Japão, entre 735 e 737, e da invenção da pólvora, no 
século seguinte.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
76
O primeiro e único raro declínio da população global acontece no século 
14, com a epidemia de peste negra na Europa e Ásia. A população, que já havia 
atingido 385 milhões de pessoas, regride drasticamente em poucos anos para 
343 milhões.
No final do século 15, os europeus chegam às Américas, o tráfico 
transatlântico de escravos é estabelecido e o crescimento populacional começa a 
aparecer em partes inéditas do mapa. No século 18, com a revolução industrial 
e mais de 600 milhões de habitantes, pontinhos amarelos começam a pipocar 
freneticamente, embora ainda concentrados nas mesmas regiões do início da 
migração populacional.
 
Os últimos 200 anos
A marca de 1 bilhão é atingida em 1800, quando o crescimento 
populacional global já adquire outro ritmo (nem mesmo as duas Guerras 
Mundiais foram capazes de contê-lo). A partir do século 20, os pontinhos 
amarelos aparecem em todos os continentes, virando por vezes grandes 
manchas douradas nos espaços em que os pingos se sobrepõem pelo excesso. 
O crescimento vertiginoso pós-revolução industrial se deu por diversos 
fatores, em particular ao desenvolvimento de tecnologias que aumentaram 
a produção de alimento com a chamada Revolução Verde e aos avanços da 
medicina, que fizeram com que as taxas de mortalidade caíssem. Segundo o 
Museu de História Natural, o ritmo de crescimento populacional tem diminuído 
nos últimos anos com a queda das taxas de fertilidade, em especial nos países 
mais desenvolvidos. De acordo com as projeções, a população mundial deve 
chegar a 11 bilhões em 2100.
 
FONTE: NEXO JORNAL. O ritmo do crescimento da população mundial ilustrado 
em um vídeo de 5 minutos. 2016. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/
expresso/2016/11/15/O-ritmo-do-crescimento-da-popula%C3%A7%C3%A3o-mundial-
ilustrado-em-um-v%C3%ADdeo-de-5-minutos>. Acesso em: 29 set. 2018. 
DICAS
Para finalizar este tópico, deixamos como sugestão uma proposta de plano de 
aula, que permite ao professor trabalhar temas atrelados à geografia da população com alunos 
do ensino médio. O conteúdo está disponível no Portal do Professor, do MEC. Acompanhe a 
dica População brasileira: perfil demográfico em transição.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/15/O-ritmo-do-crescimento-da-popula%C3%A7%C3%A3o-mundial-ilustrado-em-um-v%C3%ADdeo-de-5-minutos
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/15/O-ritmo-do-crescimento-da-popula%C3%A7%C3%A3o-mundial-ilustrado-em-um-v%C3%ADdeo-de-5-minutos
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/15/O-ritmo-do-crescimento-da-popula%C3%A7%C3%A3o-mundial-ilustrado-em-um-v%C3%ADdeo-de-5-minutos
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
77
MODALIDADE/NÍVEL DE 
ENSINO
COMPONENTE 
CURRICULAR
TEMA
Ensino Médio Geografia
Organização e distribuição 
mundial da população
Estrutura curricular
Dados da aula
O que o aluno poderá aprender com a aula:
• Reconhecer as características gerais da demografia brasileira, identificando suas principais 
transformações nas últimas décadas.
• Identificar fatores responsáveis por transformações na demografia brasileira.
• Identificar os impactos sociais, econômicos, políticos e culturais na sociedade brasileira 
decorrentes da atual configuração demográfica.
 
Duração das atividades
6 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Censo demográfico e recenseamento: definição, órgão realizador, critérios de realização.
População brasileira: composição etária, étnica, demográfica, distribuição espacial.
Estratégias e recursos da aula
Aula sugerida para a segunda série do ensino médio.
Atividade 1
Para a atividade, os alunos precisarão do livro didático e do atlas geográfico escolar.
 
Obs.: O tema População brasileira faz parte do conteúdo programático de qualquer atlas 
geográfico e de qualquer livro didático do ensino fundamental e médio. O professor deverá 
solicitar aos alunos para que observem os mapas da distribuição espacial da população 
brasileira, IDH por estado e ou região, correntes migratórias etc. Em dupla, os alunos deverão 
responder às questões propostas. As respostas serão anotadas no caderno e a socialização 
dos resultados ocorrerá por meio de um diálogo realizado no fim das investigações, quando 
o professor propor a formação de um grande círculo na sala de aula.
1 Observe a distribuição espacial da população brasileira e tire algumas conclusões.
2 Estabeleça algumas hipóteses para explicar a irregularidade na distribuição espacial da 
população no território brasileiro.
3 Identifique fatores que expliquem a maior concentração populacional nos estados 
litorâneos e, particularmente, nas regiões metropolitanas.
4 Identifique fatores que expliquem a baixa densidade demográfica observada em grandes 
áreas do interior do país. Enumere algumas das áreas.
5 Quais áreas recebem maior número de migrantes? Quais áreas mais perdem população?
6 Identifique fatores que expliquem a atração e a expulsão de pessoas dos lugares.
Após o diálogo proposto para a socialização dos resultados, o professor deverá estimular 
os alunos para que identifiquem a forma como são levantadas e registradas as informações 
oficiais referentes à população brasileira.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
78
Atividade 2
Considerando o caráter dinâmico da sociedade, será proposta uma pesquisa mais diversificada 
sobre a temática da população brasileira. Como atividade inicial, os alunos deverão ler o 
texto: As mudanças na população brasileira. 
FONTE: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/4383/1/AS-MUDANCAS-NA-
POPULACAO-BRASILEIRA/Paacutegina1.html>. Acesso em: 5 abr. 2019.
A leitura deverá ser feita no laboratório de informática ou em texto impresso e distribuído 
pelo professor, intercalando os alunos leitores, de modo a garantir a participação de todos. 
Os alunos deverão ser orientados para que anotem aspectos relevantes, estimulando um 
diálogo dirigido no fim da leitura.
O professor deverá propor a formação de seis grupos, distribuindo um tema para cada um. A 
indicação dos temas ocorrerá por sorteio.
Grupo 1: IBGE: Quando surgiu e o que faz o 
órgão?
FONTE: http://maranhaomaravilha.blogspot.
com.br/2010_08_01_archive.html
Por meio da leitura e interpretação das fontes 
sugeridas, identificar o contexto histórico em 
que foi criado o IBGE; sua função e como é 
realizado o censo no Brasil.
 
Fontes de pesquisa:
IBGE: principais funções:
http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/
eventos/missao/instituicao.shtm
Coleta:
http://censo2010.ibge.gov.br/coleta
Evolução da população brasileira:
http://twixar.me/W9qK
Grupo 2: Envelhecimento da população 
brasileira
FONTE: http://twixar.me/z9qK
FONTE: http://twixar.me/t9qK
 
Por meio da leitura e interpretação das 
fontes sugeridas, identificar o percentualde 
idosos do país e sua evolução censitária; 
os fatores que contribuem para o aumento 
da expectativa de vida e os desafios do país 
diante do fato.
Fontes de pesquisa
Número de idosos dobrou nos últimos 20 
anos: http://twixar.me/B9qK
Expectativa de vida dos brasileiros: http://
twixar.me/Y9qK
O rápido envelhecimento da população 
brasileira: http://twixar.me/V9qK
http://www.mundovestibular.com.br/articles/4383/1/AS-MUDANCAS-NA-POPULACAO-BRASILEIRA/Paacutegina1.html
http://www.mundovestibular.com.br/articles/4383/1/AS-MUDANCAS-NA-POPULACAO-BRASILEIRA/Paacutegina1.html
http://maranhaomaravilha.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html
http://maranhaomaravilha.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html
http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/eventos/missao/instituicao.shtm
http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/eventos/missao/instituicao.shtm
http://censo2010.ibge.gov.br/coleta
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
79
Grupo 3: Redução da natalidade no Brasil
 
FONTE: http: / /geograf ianaminhavida .
blogspot.com.br/2012/02/2-ano-ensino-
medio.html
FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/
ensino-medio/todos-caminhos-levam-
urbe-428071.shtml
Por meio da leitura e interpretação das 
fontes sugeridas, identificar os fatores que 
influenciam a queda nas taxas de natalidade 
e os reflexos do fato na composição da 
pirâmide etária do país. Comparar a pirâmide 
etária brasileira com a de países ricos e a de 
países pobres.
Fontes de pesquisa
Redução na taxa de natalidade explica 
queda no número de matrículas no ensino 
fundamental, diz Undime: http://abre.ai/SBg
Taxa de fecundidade no Brasil: http://www.
mundoeducacao.com.br/geografia/taxa-
fecundidade-no-brasil.htm
Grupo 4: Aumento de mulheres chefes de 
domicílio
 
FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/a-forca-
das-mulheres-da-cidade-8708999
FONTE: http://abre.ai/SBh
Por meio da leitura e interpretação das 
fontes sugeridas, identificar fatores que têm 
contribuído para a emancipação feminina 
brasileira, destacando aspectos históricos, 
políticos, econômicos, culturais e sociais. 
Reconhecer as principais transformações na 
organização familiar em decorrência da urbano-
industrialização e da emancipação feminina.
 
Fontes de pesquisa
Mulheres chefes de domicílios em camadas 
pobres: trajetória familiar, trabalho e relações 
de gênero: http://www.abep.nepo.unicamp.
br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_787.pdf
Mulheres chefes de família não são mais 
pobres e nem sozinhas, diz pesquisadora: 
http://abre.ai/SBi
Participação da mulher no mercado de 
trabalho cresce, mas salário ainda é menor: 
http://abre.ai/SBh
http://geografianaminhavida.blogspot.com.br/2012/02/2-ano-ensino-medio.html
http://geografianaminhavida.blogspot.com.br/2012/02/2-ano-ensino-medio.html
http://geografianaminhavida.blogspot.com.br/2012/02/2-ano-ensino-medio.html
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/todos-caminhos-levam-urbe-428071.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/todos-caminhos-levam-urbe-428071.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/todos-caminhos-levam-urbe-428071.shtml
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/taxa-fecundidade-no-brasil.htm
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/taxa-fecundidade-no-brasil.htm
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/taxa-fecundidade-no-brasil.htm
http://oglobo.globo.com/rio/a-forca-das-mulheres-da-cidade-8708999
http://oglobo.globo.com/rio/a-forca-das-mulheres-da-cidade-8708999
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_787.pdf
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_787.pdf
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
80
Grupo 5: Analfabetismo no Brasil
 
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/
educacao/ult305u14455.shtml
Por meio da leitura e interpretação das fontes 
sugeridas, identificar a evolução histórica do 
analfabetismo no Brasil e a configuração 
socioespacial do fenômeno na atualidade, 
bem como as políticas públicas para a sua 
erradicação.
 
Fontes de pesquisa
Mapa do analfabetismo no Brasil: http://abre.
ai/SBj
Analfabetismo no Brasil: http://educador.
brasilescola.com/politica-educacional/
analfabetismo-no-brasil.htm
Brasil tem quase 13 milhões de analfabetos: 
http://abre.ai/SBk
Grupo 6: Composição da população brasileira
 
FONTE: http://abre.ai/SBl
FONTE: http://abre.ai/SBm
Por meio da leitura e interpretação das fontes 
sugeridas, identificar a caracterização da 
população brasileira quanto à composição da 
cor e das etnias, destacando a miscigenação 
e a diversidade cultural decorrente do 
fenômeno.
 
Fontes de pesquisa
Censo 2010: população do Brasil deixa de ser 
predominantemente branca: http://abre.ai/
SBn
O Brasil mostra a sua cor: http://abre.ai/SBm
Cada grupo apresentará o resultado de suas investigações por meio de um jornal falado. A 
elaboração de um pequeno vídeo feito por eles, utilizando seus aparelhos de telefonia móvel, 
poderá enriquecer o conteúdo. Além de entrevistas, eles poderão fotografar o cotidiano 
da própria família ou da população local. As imagens e os vídeos deverão refletir o tema 
pesquisado.
Os alunos poderão entrevistar professores da escola, familiares, colegas e especialistas da 
cidade sobre a temática que estão estudando. Para a realização das entrevistas, terão que 
elaborar previamente as questões, fazer os contatos, marcar horários, entre outras ações que 
demandam estudo, organização e cooperação entre os membros do grupo.
Para a apresentação do jornal falado, os alunos deverão indicar quem atuará como âncora, 
repórteres externos e entrevistados. Assim, o conhecimento adquirido durante as investigações 
poderá ser formatado como notícia, dando uma outra conotação à comunicação. Tal forma 
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u14455.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u14455.shtml
http://educador.brasilescola.com/politica-educacional/analfabetismo-no-brasil.htm
http://educador.brasilescola.com/politica-educacional/analfabetismo-no-brasil.htm
http://educador.brasilescola.com/politica-educacional/analfabetismo-no-brasil.htm
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA
81
de apresentação exercita a capacidade de síntese e a transposição da linguagem. Ainda, 
considerando um sistema de avaliação baseado em notas (não em menção), apresenta-
se uma sugestão de pontuação para as competências e habilidades a serem observadas 
durante as apresentações orais.
Domínio de 
conteúdo
Espontaneidade durante 
as apresentações: 
argumentação, gestos, 
domínio da linguagem oral
Comunicação 
interpessoal: 
interação com 
os ouvintes
Vídeos: clareza, 
objetividade, ilustração, 
domínio da norma culta 
da língua portuguesa
3,0 2,0 2,0 3,0
Atividade 3
O encerramento da aula ocorrerá com duas atividades a serem realizadas pelos alunos: 
a) redação de um texto narrativo-dissertativo, sintetizando o aprendizado adquirido; b) 
resolução de questões de vestibulares, ENEM, e concursos públicos referentes à temática 
pesquisada, selecionadas e apresentadas pelo professor.
O texto dissertativo constitui-se em um valioso indicador da apreensão dos alunos sobre 
a temática em estudo. A partir de equívocos ou defasagens conceituais apresentadas, o 
professor deverá retomar alguns aspectos, aproximando a turma dos objetivos propostos no 
início da aula.
As questões selecionadas constituem-se em oportunidade para revisão e fixação de conceitos, 
além do treino para os processos seletivos. A aplicação das questões pode atender a dois 
propósitos: 1) exercitar a cooperação entre os colegas. No caso, a resolução deverá ocorrer 
em dupla ou em grupo; 2) possibilitar a aferição da aprendizagem. No caso, a aplicação 
assemelha-se a uma avaliação simulada e a resolução deve ocorrer individualmente.
Recursos Complementares
Matriz de referências do ENEM: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=13318&Itemid=310&msg=1Avaliação
O diálogo coloca-se como recurso mediador fundamental nas relações de ensino e 
aprendizagem. Assim, a participação dos alunos e o seu envolvimento na temática em 
estudo devem ser considerados pelo professor.
Em relação às apresentações dos alunos, o professor deverá considerar o conteúdo 
apresentado e as expressões de comunicação: fala, gestos, espontaneidade, interação etc. 
FONTE: PORTAL DO PROFESSOR – MEC. 2013. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.
gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=50927>. Acesso em: 4 fev. 2019.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13318&Itemid=310&msg=1
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13318&Itemid=310&msg=1
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=50927
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=50927
82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A geografia da população é um ramo da geografia humana que se concentra no 
estudo científico das pessoas, suas distribuições espaciais e densidade.
• População é um conjunto de habitantes em um dado lugar e em um certo 
tempo.
• O objetivo da geografia da população é identificar e analisar fenômenos que 
acontecem e se reproduzem no espaço geográfico, visando entender como 
afetam as relações na complexidade da sociedade e dos diversos grupos 
populacionais.
• O termo demografia deriva do grego antigo demos, ou seja, população ou 
pessoas, e graphe, ou seja, descrever. O estudo da demografia interessa muitas 
disciplinas das ciências sociais, incluindo a geografia, com ênfase especial na 
organização espacial: a localização de lugares, pessoas, um evento e as conexões 
entre lugares e paisagens.
• Demografia e geografia da população, embora sejam parecidas, reservam 
particularidades. No caso da geografia, a ênfase é particularmente no espaço e, 
assim, a geografia populacional distingue-se da demografia, que é a ciência da 
população vista como um único tópico.
• Assim como a demografia, a geografia populacional também trabalha com 
dados estatísticos, mas ambas abarcam também uma abordagem qualitativa.
• Entender o perfil da população de um país é fundamental para o delineamento 
de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, habitação e sistema 
previdenciário, bem como para a elaboração de análises, estudos e prognósticos 
sobre o desenvolvimento demográfico e socioeconômico da nação.
 
• O conhecimento das técnicas elementares da demografia é indispensável para 
o geógrafo da população.
83
AUTOATIVIDADE
1 Os campos de estudo trabalhados no campo da geografia são abrangentes 
e envolvem distintos aspectos, como o econômico, o ambiental, o social e 
o cultural. Por conta da amplitude, a área do conhecimento criou distintas 
especialidades. Em relação ao campo da geografia que estuda a população, 
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A geografia demográfica analisa as razões pelas quais as pessoas deixam 
o seu local de residência e passam a morar em outro local. 
b) ( ) A geografia da população é um ramo da geografia humana que se 
concentra no estudo científico das pessoas, suas distribuições espaciais e 
densidade.
c) ( ) A demografia populacional estuda as imbricações que se dão entre o 
fenômeno do aumento da expectativa de vida e sua relação com o uso das 
áreas urbanas.
d) ( ) A geografia populacional está fundamentalmente focada no modo como 
as ocupações humanas interferem na produção de resíduos. 
2 A geografia e a demografia são dois campos disciplinares que apresentam 
interfaces, desde sua origem até os dias atuais. Acerca do assunto, analise 
as sentenças a seguir:
I - O termo demografia deriva do grego antigo demos, ou seja, população ou 
pessoas e graphe, ou seja, descrever. 
PORQUE
II - O estudo da demografia interessa muitas disciplinas das ciências sociais, 
incluindo a geografia, com ênfase especial na organização espacial: a localização 
de lugares, pessoas, um evento e as conexões entre lugares e paisagens.
Em relação às asserções, assinale a opção CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa 
da I. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
3 O conceito de método vem do grego methodos (“caminho” ou “via”) e 
refere-se ao meio usado para alcançar um fim. O método científico refere-
se, portanto, ao conjunto dos passos necessários para obter conhecimentos 
válidos (científicos) por meio de instrumentos fiáveis. Em relação aos 
métodos utilizados no campo da geografia da população, assinale a 
alternativa CORRETA:
84
a) ( ) São de natureza exclusivamente quantitativa.
b) ( ) Variam confirme o enfoque de análise. 
c) ( ) São de natureza preferencialmente qualitativa.
d) ( ) São objetivos e numéricos.
85
TÓPICO 2
PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS 
DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é apresentar os principais conceitos e teorias que 
balizam os estudos na área da geografia da população. Para começar, iremos 
mostrar termos de uso recorrente, como taxa, razão, proporção e idade.
Depois, iremos analisar os conceitos de população absoluta, densidade 
demográfica, taxa de natalidade, taxa de fecundidade, taxa de mortalidade, 
expectativa de vida e estrutura etária. Tais conceitos serão trabalhados apoiados 
em exemplos e dados empíricos para uma compreensão adequada dos conteúdos. 
Por fim, serão apresentadas as principais teorias demográficas. 
2 CONCEITOS DEMOGRÁFICOS PARA ESTUDAR A 
POPULAÇÃO
Conforme estudamos no tópico anterior, a demografia e a geografia da 
população estão interligadas. Ainda, para que o geógrafo possa desenvolver 
estudos e pesquisas com desenvoltura e destreza apropriada, faz-se necessária 
a compreensão, além do domínio dos principais conceitos demográficos. Então, 
é preciso selecionar os conceitos utilizados com maior frequência para explicar 
e trazer exemplos práticos de sua aplicação para facilitação do entendimento. 
Vamos conhecê-los? Para auxiliar no entendimento dos conceitos demográficos, 
leia com atenção o quadro a seguir, para reconhecer e compreender termos que 
são usados com frequência no campo da demografia, e que, por conseguinte, 
estarão presentes na explicação dos conceitos que selecionamos para este tópico. 
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
86
Taxa
Representa o volume de um dado específico em uma 
determinada população ou grupo em um determinado período 
de tempo. Como exemplo, temos as taxas de natalidade e de 
mortalidade. Em outro momento, o termo taxa pode representar 
a soma do crescimento populacional. 
Razão
É a relação entre diferentes valores, como a diferença da 
quantidade de população entre homens e mulheres, a diferença 
entre as faixas etárias etc. 
Proporção
É a grandeza de um determinado dado, que é originado 
do mesmo grupo populacional em relação ao seu total. Por 
exemplo, a proporção de crianças de 0 a 4 anos em relação ao 
total da população. 
Idade
Corresponde à faixa etária dos indivíduos da população. A 
idade pode ser definida por ano, mês e dia. Nos levantamentos 
de dados e para algumas análises, é comum a formação de 
grupos etários que funcionam como agrupamentos de classes 
para que a dinâmica populacional possa ser mais facilmente 
interpretada, como a faixa etária entre 30 e 34 anos completos. 
FONTE: Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 26)
QUADRO 1 – PRINCIPAIS TERMOS USADOS NOS ESTUDOS DEMOGRÁFICOS
Agora que você já viu ou revisitou os significados dos principais termos, 
partimos para a análise dos conceitos.
 
3 POPULAÇÃO ABSOLUTA E DENSIDADE 
DEMOGRÁFICA
População absoluta é o termo que “designa o número total de habitantes 
de um determinado lugar e também pode ser definido como umapopulação fixa, 
ou seja, que tem suas casas ou moradias fixas em um lugar” (ARAUJO; TAVEIRA; 
FOGAÇA, 2016, p. 28). Leia a seguir a matéria que discorre sobre os dez países 
mais populosos do mundo:
OS 10 PAÍSES MAIS POPULOSOS DO MUNDO
Atualmente, segundo a Organização das Nações Unidas – ONU – no 
ano de 2018 chegamos na marca de 7.632.819.325 habitantes no planeta, um 
número impressionante, ainda mais se o compararmos com a população 
mundial em anos anteriores, como:
1950 – 2.525.778.669 de habitantes. 
1970 – 3.691.172.616 de habitantes. 
1990 – 5.320.816.667 de habitantes. 
2010 – 6.916.183.482 de habitantes.
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
87
Mais de 7,6 bilhões de pessoas não se encontram distribuídas 
igualitariamente pela Terra. Assim, existem países muito populosos, ou seja, 
com uma grande população absoluta.
Veremos agora a lista dos 10 (dez) países mais populosos do mundo.
1° CHINA – 1.415.045.928 HABITANTES EM 2018
Localizada na Ásia, a China possui a maior população dentre todos os 
países do mundo, apresentando a cifra bilionária de 1.415.045.928 habitantes 
(2018). Apresentava, em 2010, 1.359.821.465, em 2014, 1.393.783.836. Portanto, o 
país apresenta um crescimento populacional contínuo, apesar das medidas de 
controle de natalidade promovidas pelo governo chinês, que limitam o número 
de filhos em um por casal na área urbana e dois na área rural. No entanto, 
segundo estimativas da ONU, a população chinesa deverá crescer até 2031 e, 
a partir daí, deverá reduzir, chegando em 2050 com 1.384.976.976 habitantes.
2° ÍNDIA – 1.354.051.854 HABITANTES EM 2018
Também com uma população bilionária, a Índia se destaca com a 
segunda maior população do mundo: 1.354.051.854 habitantes (2018). Em 2010, 
a população era de 1.205.624.648 habitantes e há estimativas de que chegue 
a 1.620.050.849 habitantes em 2050, se tornando bem superior à população 
chinesa.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
88
3° ESTADOS UNIDOS – 326.766.748 HABITANTES EM 2018
Na terceira colocação e com uma população bem menor que China 
e Índia, encontramos os Estados Unidos. Em 2018, havia uma população de 
326.766.748 habitantes. O país possui uma população que está em constante 
crescimento, o que se deve, principalmente, à boa qualidade de vida e ao 
elevado número de imigrantes. Em 2010, os EUA apresentavam 312.247.116 
habitantes, devendo chegar, em 2050, com 400.853.042 habitantes.
4° INDONÉSIA 266.794.980 HABITANTES EM 2018
Ocupando a quarta colocação, encontramos a Indonésia. Em 2018, 
apresentava uma população de 266.794.980 habitantes. A ONU estima que a 
população do país chegue a 321.377.092 habitantes em 2050.
5° BRASIL 210.867.954 HABITANTES EM 2018
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
89
O Brasil ocupa a quinta colocação dentre os países mais populosos 
do mundo. Segundo a ONU, em 2018 sua população chegou a 210.867.954 
habitantes. Veja a seguir a evolução da população brasileira:
1950 – 53.974.725 habitantes. 
1960 – 72.775.883 habitantes. 
1970 – 96.060.361 habitantes. 
1980 – 121.740.438 habitantes. 
1990 – 149.648.341 habitantes. 
2000 – 174.504.898 habitantes. 
2010 – 195.210.154 habitantes.
A ONU estima que o Brasil venha a contar com 231.120.024 habitantes 
no ano de 2050.
6° PAQUISTÃO 200.813.818 HABITANTES EM 2018
Em sexto lugar está o Paquistão, tendo, em 2018, um total de 200.813.818 
habitantes. O país apresentou, em 2010, o número de 173.149.306, podendo 
chegar, em 2050, em 271.081.825.
7° NIGÉRIA 195.875.237 HABITANTES EM 2018
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
90
A Nigéria é o único país do continente africano presente nesta lista. 
Apresenta uma população de 195.875.237 habitantes, fato que lhe confere a 
sétima posição dentre os mais populosos do mundo. O país, em 2010, tinha 
159.707.780 habitantes. Comparando a população de 2010 com a de 2018, 
nota-se um incrível crescimento populacional de quase 36 milhões de pessoas. 
Devido ao acelerado crescimento, estima-se que, em 2050, o país atinja a 
população de 440.355.062 pessoas.
8° BANGLADESH 166.368.149 HABITANTES EM 2018
Assim como ocorre em outros países menos desenvolvidos, Bangladesh 
vê sua população crescer rapidamente, chegando a 166.368.149 habitantes. 
Apresentava, em 2010, 151.125.475 pessoas e estima-se que, em 2050, chegue 
a 201.947.716 pessoas.
9° RÚSSIA 143.964.709 HABITANTES EM 2018
Chegamos na nona colocação e encontramos a Rússia com 
143.964.709 habitantes. Apresentava, em 2010, o número de 143.617.913 
habitantes. Em 2050, deverá reduzir-se a 120.896.083 habitantes segundo 
estimativas da ONU.
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
91
10° JAPÃO 127.185.332 HABITANTES EM 2018
O Japão também vê sua população reduzir. Atualmente (2018), o 
país nipônico tem uma população de 127.185.332 pessoas, no entanto, o 
número era de 127.352.833 em 2010. Seguindo o ritmo, em 2050 deverá contar 
com 108.329.351 habitantes, quantidade bem menor que a atual.
FONTE: MUNDO DA GEOGRAFIA. Os 10 países mais populosos do mundo. 2015. Disponível 
em: <http://www.mundodageografia.com.br/os-10-paises-mais-populosos-mundo/>. Acesso 
em: 15 out. 2018. 
Por sua vez, a densidade demográfica ou populacional estuda o número 
médio de pessoas em uma área, dividindo o número de pessoas presentes pela 
área total. Normalmente, os números são dados como pessoas por quilômetro 
quadrado (BRINEY, 2018).
Observe no mapa a seguir a densidade demográfica nas regiões do Brasil.
http://www.mundodageografia.com.br/os-10-paises-mais-populosos-mundo/
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
92
FIGURA 3 – MAPA DENSIDADE DEMOGRÁFICA DO BRASIL EM 2010
FONTE: <https://www.infoescola.com/mapas/mapa-da-densidade-demografica-do-brasil/>. 
Acesso em: 17 out. 2018.
Observe no mapa como a distribuição da população ocorre de forma 
irregular no Brasil. Enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste revelam ser pouco 
povoadas, a faixa próxima ao litoral apresenta maior densidade demográfica. 
Ainda, é elevada a concentração da população na região sudeste.
É notável que a parcela mais expressiva da população está concentrada na 
área litorânea, em especial no entorno de São Paulo e do Rio de Janeiro. A principal 
explicação é que se trata de uma consequência de um passado que implantou, 
nas proximidades da costa, os primeiros e mais estáveis pontos de povoamento. 
Parcela expressiva dos pontos deriva da colonização liderada por portugueses, que 
ocorreu no Brasil. Como havia a exportação, foram sendo formadas aglomerações 
urbanas próximas da costa, uma maneira de facilitar o transporte de produtos até os 
portos e facilitando a comunicação com Portugal. A criação de Brasília e de capitais 
planejadas como Belo Horizonte e Teresina colaboraram com o espraiamento da 
população para outras áreas do país (IBGE, 2010).
Outros dois aspectos centrais na análise da densidade demográfica 
referem-se à industrialização e à urbanização. Exemplo do processo é a Região 
Sudeste, que apresenta elevada concentração populacional por conta.
 
https://www.infoescola.com/mapas/mapa-da-densidade-demografica-do-brasil/
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
93
Por outro lado, as extensões de terra com densidades demográficas mais 
baixas situam-se principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste. 
Além disso, áreas do interior nordestino, como o oeste baiano e o sul do Maranhão 
e Piauí, também são pouco habitadas. O processo está vinculado às condições 
naturais e à dinâmica histórica de cada região. Por exemplo, a floresta amazônica 
abarca várias áreas destinadas a Unidades de Conservação e, no cerrado do 
Planalto Central, encontram-se áreas destinadas à produção de commodities 
agrícolas, explicando os baixos indicadores de povoamento.
Em relação à densidade demográfica, Briney (2018) menciona que existem 
vários fatoresque afetam a densidade populacional e estes são frequentemente 
objetos de estudo dos geógrafos populacionais. Tais fatores podem estar 
relacionados ao ambiente físico, como clima e topografia, ou relacionados ao 
ambiente social, econômico e político de uma área. Por exemplo, áreas com climas 
rigorosos, como a região do Vale da Morte da Califórnia, são pouco povoadas. Por 
outro lado, Tóquio e Singapura são densamente povoadas devido a seus climas 
amenos e seu desenvolvimento econômico, social e político.
IMPORTANT
E
Você já havia ouvido falar do Vale da Morte, situado na Califórnia, nos Estados 
Unidos? Acompanhe a reportagem a seguir e conheça mais sobre a inóspita localidade.
 
Um passeio pelo Vale da Morte, o lugar mais quente do mundo.
Bem-vindos ao Vale da Morte, ao lugar que especialistas dizem ser o mais quente de nosso 
planeta. Na inóspita paisagem, com uma geografia "marciana", no leste da Califórnia, no dia 
10 de julho de 1913, o termômetro marcou a temperatura mais alta já registrada na história: 
56,7 °C.
Habitado por ao menos mil anos pela tribo dos Timbisha, o Vale da Morte ganhou o nome 
dos aventureiros que se atreveram a cruzá-lo no início do século 19, atraídos pela febre de 
ouro.
Em 1994, o local foi declarado parque nacional. Atualmente, cerca de um milhão de pessoas 
visitam o Vale da Morte a cada ano para poderem desfrutar de sua espetacular paisagem 
desértica. Entrar no lugar quando as previsões meteorológicas apontam para temperaturas 
superiores a 53°C não parece ser uma boa ideia.
Contudo, é fácil não se dar conta dos riscos, até o momento em que se está sob sol ardente 
com uma estrada pela frente que parece levar ao infinito. 
Bacia de Badwater
A Bacia de Badwater é o ponto mais baixo da América do Norte e um dos lugares mais secos 
e quentes do mundo. Situado a 85,5 metros abaixo do nível do mar, trata-se da atração mais 
emblemática do parque.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
94
As chuvas anuais na bacia, cuja superfície está coberta por uma grossa camada de sal, 
não chegam a 50 milímetros e há anos em que a chuva nem dá as caras. As temperaturas 
infernais registradas em Badwater, especialmente nos meses de verão, têm muito a ver com 
a geografia do lugar. Quando o ar ao nível do solo esquenta e começa a subir, ele acaba 
sendo bloqueado pelas montanhas que circulam a bacia e pela pressão atmosférica.
A ação cria correntes de ar quente circular que fazem com que, mesmo se estando na 
sombra, o calor seja insuportável. De acordo com os meteorologistas, aqui são registradas as 
temperaturas constantes mais elevadas da Terra. 
No centro de visitantes de Furnace Creek, no dia 10 de julho de 1913, o termômetro alcançou 
56,7°C, uma temperatura que, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 
foi a mais alta já registrada.
Por décadas acreditava-se que o recorde pertencia à localidade de Al Azizia, na Líbia. 
Contudo, no ano passado, especialistas da OMM determinaram que a temperatura medida 
no local, de 58 °C, em setembro de 1922, se deu por um erro humano. Assim, o título de lugar 
mais quente do planeta regressou ao Vale da Morte.
Na entrada do centro de visitantes um termômetro digital marca uma temperatura que oscila 
entre os 126ºF e 128ºF (na faixa de 53ºC).
FONTE: BBC. Um passeio pelo Vale da Morte, o lugar mais quente do mundo. 2013. 
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/07/130702_vale_da_
morte_bg>. Acesso em: 24 out. 2018.
Assim, a ocupação humana em áreas com condições ambientais extremas 
requer medidas de planejamento e adaptação que abarcam ações no âmbito 
público e privado. Como ações do âmbito público, é possível mencionar a criação 
de áreas de “ponto de encontro”, como em praças públicas na cidade de Lima, 
no Peru, em virtude da possibilidade de incidência de terremotos e tsunamis. 
Há, ainda, um amplo conjunto de ações realizadas pelos próprios moradores 
para que possam tornar a experiência de habitação mais confortável e segura. 
Residentes de áreas extremamente secas, por exemplo, passam a utilizar aparelhos 
umidificadores para a minimização de desconfortos respiratórios. Ainda, 
populações que residem em áreas com incidência de tornados aprenderam, ao 
longo da história, a construir casas com estruturas de pedras (e outras técnicas e 
materiais considerados aptos para minimização de possíveis danos) e residências 
com “porões” (abrigo em caso de necessidade). Observe as figuras:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/07/130702_vale_da_morte_bg
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/07/130702_vale_da_morte_bg
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
95
FIGURA 4 – PONTO DE ENCONTRO EM CASO DE ABALOS SÍSMICOS E TSUNAMIS EM LIMA 
(PERU)
FONTE: <https://www.tess.tur.br/blog/2018/10/4/miraflores-lima-peru>. Acesso em: 7 fev. 2019.
FIGURA 5 – RESIDÊNCIA EM OKLAHOMA (EUA), REGIÃO ONDE OCORREM TORNADOS
FONTE: <http://abre.ai/SBq>. Acesso em: 7 fev. 2019.
4 TAXA DE NATALIDADE
A taxa bruta de natalidade é o número de nascidos vivos em um 
determinado ano para cada mil pessoas em uma população. Para calcular, é 
necessário dividir o número de nascidos vivos em um ano pela população total 
da sociedade e multiplicar os resultados por 1.000 (WOOD, 2012). Observe a 
fórmula exposta a seguir:
https://www.tess.tur.br/blog/2018/10/4/miraflores-lima-peru
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
96
FIGURA 6 – FÓRMULA PARA CALCULAR A TAXA DE NATALIDADE
FONTE: Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 35)
Em relação ao uso do indicador, Wood (2012) comenta que se trata de um 
indicador “bruto” porque é baseado em toda a população, não apenas na mulher 
em idade fértil. Corroborando, Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 35) pontuam 
que, “para alguns demógrafos, o indicador é superficial, pois envolve em seu 
cálculo parte da população que não está em idade de reprodução, e isso pode 
mascarar resultados. No entanto, a taxa é amplamente utilizada”. 
A taxa de natalidade varia muito entre os países. Segundo Wood (2012), 
a taxa de natalidade nos EUA é estimada em cerca de 14, um pouco mais alta 
quando comparada com a maioria dos países europeus, mas um pouco mais 
baixa em comparação à Ásia, América Latina e África. Vários países africanos 
têm taxas brutas de nascimento que excedem 40. Veja as variações da taxa de 
natalidade por países no mapa a seguir.
FIGURA 7 – MUNDO: MAPA DE NATALIDADE EM 2013
FONTE: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_taxa_bruta_de_
natalidade.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018.
No Brasil, no ano 2000, a taxa bruta de natalidade por mil habitantes era de 
20,86. Já em 2015, o número caiu para 14,16. As oscilações da taxa são retratadas 
a seguir. 
https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_taxa_bruta_de_natalidade.pdf
https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_taxa_bruta_de_natalidade.pdf
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
97
GRÁFICO 2 – BRASIL: TAXA BRUTA DE NATALIDADE POR MIL HABITANTES – 2000 A 2015
FONTE: <https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-brutas-de-natalidade.html>. 
Acesso em: 28 out. 2018.
Quais fatores e eventos históricos ajudam a compreender a redução da 
taxa de natalidade que está em curso em diversos países? Acompanhe alguns 
fatores que interferiram na dinâmica:
IMPORTANT
E
Natalidade no Brasil, por Eduardo Freitas
Com a nova realidade urbana da população, algumas mudanças de ordem social, econômica 
e cultural aconteceram, resultando na queda do número de filhos por família. Ainda, outros 
fatores também contribuíram para a queda do crescimento populacional do país:
 
• Redução do trabalho familiar: Era uma prática comum no meio rural. Consistia em ter 
muitos filhos para exercer atividades nas propriedades rurais, assim a família não precisava 
pagar um trabalhador assalariado. Com a urbanização, a característica foi sendo substituída, 
poisa vida nas cidades exigia maiores gastos.
 
• Queda nos números de casamento precoce: A realidade rural promovia o casamento 
entre pessoas muito jovens. Já nos centros urbanos as pessoas contraem matrimônio com 
idades mais elevadas e tendem a ter poucos filhos. 
 
https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-brutas-de-natalidade.html
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
98
• Custos com filhos: Oferecer uma boa qualidade de vida e educação a um filho no contexto 
urbano requer elevados gastos financeiros (educação, saúde, alimentação adequada 
etc.). Assim, os pais começaram a planejar mais o número de filhos a serem concebidos, 
adequando-o ao orçamento familiar. A vida no campo não exigia grandes gastos, por não 
haver preocupação com educação, transporte etc. 
 
• A mulher profissional: quando as mulheres tinham como função somente cuidar da casa e 
dos filhos, elas não ocupavam atividades profissionais. Contudo, com a urbanização, a mulher 
começou a contribuir com o mercado de trabalho. Com a ocupação remunerada, esta não 
encontrava tempo e nem recursos para ter muitos filhos, passando para o segundo plano, uma vez 
que a prioridade era manter o emprego, além de ajudar na composição do orçamento familiar. 
 
• Métodos anticoncepcionais: Nas cidades existe maior circulação de informações, 
facilitada pelos meios de comunicação e pelos próprios médicos. No contexto, surgiram 
procedimentos que impediam a gestação, algo que não ocorria em áreas rurais. 
FONTE: FREITAS, Eduardo. Natalidade no Brasil. 2018. Disponível em: <https://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/natalidade-no-brasil.htm>. Acesso em: 30 set. 
2018. 
5 TAXA DE FECUNDIDADE
“A taxa de fecundidade indica o número médio de filhos que uma mulher 
teria ao final de sua idade reprodutiva, se os padrões de comportamento vigentes 
forem mantidos” (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011, p. 68). Trata-se de 
um indicador relevante para a análise da dinâmica demográfica. Araujo, Taveira 
e Fogaça (2016, p. 35) explicam que:
A taxa de fecundidade é a relação entre o número de nascidos vivos e 
a população em idade de reprodução ativa em um determinado ano. 
O mais habitual é que o cálculo seja feito com a população feminina 
e, para ser considerada em idade reprodutiva, uma mulher deve estar 
na faixa entre 15 e 49 anos. Para o cálculo, ocorre a divisão das idades 
em grupos de cinco anos completos. O primeiro grupo é da faixa etária 
dos 15 aos 19 anos e assim sucessivamente. 
Para computar a taxa de fecundidade, supõe-se que uma mulher que 
atinja uma idade específica no futuro terá a mesma probabilidade de ter um filho 
do que uma mulher daquela idade hoje. Claro, nem sempre é o caso (WOOD, 
2012).
 
 A taxa de fertilidade dá uma ideia melhor do tamanho das famílias e as 
consequências para mulheres e homens jovens (WOOD, 2012). De modo geral, “a 
taxa de fecundidade igual a 2,1 é considerada a taxa de reposição, isto é, em uma 
situação na qual as mulheres têm, em média, 2,1 filhos ao longo de sua vida, o 
tamanho da população se mantém estável” (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 
2011, p. 68). Hoje, as taxas de fertilidade estão caindo em quase toda parte e, em 
alguns países, elas estão caindo drasticamente (WOOD, 2012).
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/natalidade-no-brasil.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/natalidade-no-brasil.htm
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
99
Observe, no gráfico a seguir, o comportamento da taxa de fecundidade 
em termos globais.
GRÁFICO 3 – GRÁFICO TAXA DE FECUNDIDADE MUNDIAL
FONTE: <https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.TFRT.
IN?end=2016&start=1960&view=chart>. Acesso em: 20 out. 2018.
No plano internacional, um dos casos mais emblemáticos de diminuição 
da taxa de fertilidade é a China. Conforme pondera Wood (2012), depois que a 
China instituiu sua “política de filho único”, que restringiu os casais a um filho, 
sua taxa de fertilidade caiu de mais de 6 para menos de 2. O autor lembra que, 
apesar da queda na taxa de fertilidade, um país com uma grande porcentagem de 
jovens geralmente experimentará um crescimento contínuo da população. 
Em relação à redução das taxas de fecundidade no âmbito internacional, 
acompanhe a seguir o trecho do capítulo “Como a história tratou a relação 
entre população e desenvolvimento econômico”, de Ana Amélia Camarano. Ela 
discorre sobre a diminuição da taxa de fertilidade.
https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.TFRT.IN?end=2016&start=1960&view=chart
https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.TFRT.IN?end=2016&start=1960&view=chart
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
100
IMPORTANT
E
Ponderações de Ana Amélia Camarano acerca da diminuição da fertilidade
Dos 202 países sobre os quais temos informações, oitenta já apresentam taxa de fecundidade 
abaixo de 2,14, garantindo a reposição de suas populações. 50% deles localizam-se na 
Europa e, 18%, na América Latina (catorze países) (UNITED STATES, 2013). No total, trinta 
países experimentam taxa de fecundidade inferior a 1,5 filho, considerada muito baixa. A taxa 
apresenta níveis em torno da metade do necessário para a reposição de suas populações, a 
saber: Sul e Leste da Europa, Rússia e Ásia Oriental.
 
As regiões já estão vivenciando uma diminuição rápida de suas populações (MCNICOLL, 
2013). A taxa de fecundidade total da América Latina e do Caribe atingiu, entre 2000 e 2004, 
60% do valor máximo já observado (REHER, 2007). Além disso, a queda da mortalidade em 
todas as idades tem feito com que a expectativa de vida alcance, hoje, níveis observados nos 
países desenvolvidos apenas a partir de 1970 (WILSON, 2013).
A experiência da Tailândia, descrita por Jones (2011, p. 267), sintetiza a grande mudança que 
os países em desenvolvimento viveram nos últimos cinquenta anos. Em 1986, as políticas de 
população focavam na necessidade de redução da alta taxa de fecundidade, que estava em 
torno de seis filhos por mulher.
Em 2011, o Fundo de População das Nações Unidas – United Nations Fund for Population 
Activities (UNFPA) – recomendou que as políticas tailandesas considerassem a necessidade 
de adoção de medidas para que a taxa de fecundidade não declinasse abaixo do nível vigente, 
que era de 1,5 filho por mulher. 
Portugal vive a crise demográfica mais grave de sua história. Pode perder, nas próximas duas 
décadas, em torno de 1 milhão de habitantes, quase 10% de uma população de 10,6 milhões. 
Seria um resultado da queda da fecundidade e da emigração devido à crise econômica 
(MELLO, 2013). Na Itália, os níveis de fecundidade vigentes estão levando à redução de 
metade da população em menos de quarenta anos e à inversão da pirâmide etária (LIVI-
BACCI, 2001). A força de trabalho japonesa já vem declinando há mais de quinze anos e a da 
Coreia do Sul está começando a declinar (JONES, 2011). 
FONTE: CAMARANO, Ana Amélia. Como a história tratou a relação entre população e 
desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: IPEA, 2014.
No Brasil, a taxa de fecundidade segue em ritmo de declínio, como 
evidencia o gráfico a seguir.
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
101
GRÁFICO 4 – VARIAÇÃO DA TAXA DE FECUNDIDADE NO BRASIL ENTRE 2000-2015
FONTE: <https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-fecundidade-total.html>. 
Acesso em: 26 out. 2018.
Camarano (2014, p. 58) opina que, “atualmente, ter filhos é uma expressão 
de confiança no futuro, na segurança da vida que um indivíduo pode esperar para 
seus filhos. A confiança é afetada pelas restrições políticas, sociais e econômicas”. 
Você concorda com o ponto de vista? Reflita sobre os possíveis fatores que podem 
estimular uma família a querer ter (ou não) mais ou menos filhos.
 
Ainda em caráter reflexivo, cabe apontar que a redução na taxa de 
natalidade, sob um olhar positivo, parece indicar uma preocupação maior com 
o planejamento familiar. Seria um possível impacto positivo, considerandoque famílias planejadas tendem a oferecer condições mais adequadas para o 
desenvolvimento de uma criança. Por outro lado, sob a ótica dos países, a redução 
na taxa de natalidade tem se mostrado como um elemento de preocupação para 
as nações que experimentam uma redução expressiva na parcela da população, 
revelando um possível impacto negativo.
6 TAXA DE MORTALIDADE
É o número de mortes em um determinado ano para cada mil pessoas na 
população. Calcula-se o número de mortes em um ano, dividido pela população 
total e multiplicado por 1.000 (WOOD, 2012).
https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-fecundidade-total.html
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
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FONTE: Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 37)
FIGURA 8 – CÁLCULO TAXA DE MORTALIDADE
Acerca do cálculo da taxa de mortalidade, Araujo, Taveira e Fogaça (2016, 
p. 37) explicam que:
É também calculada para cada faixa etária com o intuito de identificar 
quais são os grupos que correm maior risco de morte. Há uma 
porcentagem mínima de mortes constantes referentes à idade, 
portanto, uma parcela da população morre por consequência da 
idade avançada, isto é, está relacionada com a longevidade do grupo 
populacional e até mesmo com a fisiologia individual de cada ser 
humano. Assim, a taxa de mortalidade costuma apresentar resultados 
variados e de grande significância para os estudos da população.
Um breve olhar sobre a história mostra que, tipicamente, no passado, as 
taxas mais altas foram encontradas na África, Ásia e América Latina (acima de 
20). As taxas mais baixas ocorreram na Europa, América do Norte e Austrália 
(menos de 10) (WOOD, 2012).
 Nos últimos anos, no entanto, as taxas de mortalidade nos países em 
desenvolvimento diminuíram drasticamente à medida que antibióticos, vacinas e 
pesticidas se tornaram disponíveis em todas as partes do mundo (WOOD, 2012).
O incremento no número de idosos em diversos países irá demandar 
medidas de adaptação por parte do setor público e privado, propiciando melhores 
condições de vida para a população idosa. O rol de prováveis adaptações é vasto 
e inclui, por exemplo, medidas práticas e simples, como a redução no tamanho 
dos degraus dos ônibus para facilitação da entrada e saída de passageiros idosos. 
No setor industrial, é ampla a possibilidade de desenvolvimento de produtos 
inovadores que possam melhorar o bem-estar da camada mais envelhecida da 
população. A notícia a seguir evidencia a tendência:
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
103
IMPORTANT
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Novas tecnologias tornam a vida do idoso mais segura e independente
Novos serviços e inovações tecnológicas prometem dar maior segurança para os mais velhos 
que, apesar de alguma dificuldade na locomoção ou de muitos lapsos de memória, querem 
continuar levando uma vida independente.
A designer lituana Egle Ugintaite recebeu o grande prêmio da empresa Fujitisu, no Japão, ao 
apresentar o modelo de uma "bengala do futuro". O equipamento, batizado como "the aid" 
(o auxílio), serve para mais do que se apoiar. Como funções da bengala "high-tech" estão a 
medição da pressão arterial e pulsação sanguínea e um sistema de navegação GPS para que 
os mais esquecidos não percam o caminho de casa.
Enquanto isso não vira realidade, as pessoas que têm habilidade com smartphones já possuem 
recursos para não se perderem. O aplicativo Tell My Geo possui um navegador GPS e guarda 
um histórico de saúde do usuário para alguma emergência. Se a pessoa preferir aparelhos 
mais simples, a empresa Cell Design oferece o celular BP, que vem com teclas grandes para 
facilitação do manuseio e visualização dos números. É compatível com aparelhos auriculares. 
Possui também um botão para chamar ajuda em situações de emergência e sensores de 
queda, que ligam para os familiares do idoso no caso de um movimento brusco. O aparelho 
já está disponível no Brasil pela internet.
Para quem precisa tomar muitos remédios em horários e quantidades bem definidas, a 
empresa americana Vitality Inc. oferece, apenas nos Estados Unidos, as Glow Caps. São 
tampas de remédios que vêm com sensores e transmissores acoplados.
Na hora marcada para se tomar o medicamento, uma luz acende sobre a cápsula. Se, mesmo 
assim, a tampa não for aberta, a GlowCap aciona sucessivos alarmes sonoros. Persistindo 
fechada, o sistema faz uma ligação automática para um telefone cadastrado.
Também nos Estados Unidos, a Rescare, empresa que oferece serviços de home-care, possui 
um serviço de cuidado a distância. A tecnologia usada é semelhante à de um sistema de 
videoconferência. O serviço, chamado "Rest Assured" (descanso garantido, em tradução 
livre), conecta o idoso a profissionais de saúde e familiares.
O serviço de assistência já está disponível no Brasil. Trata-se de um painel ligado a uma central 
telefônica e instalado na casa. Em caso de emergência, o idoso aciona um alarme em forma 
de colar ou pulseira que fica junto com ele. O alarme avisa uma central de atendimento que 
ligará para telefones de pessoas que podem socorrer.
CASAS ADAPTADAS
As inovações tecnológicas não se restringem a equipamentos. No futuro, será possível 
encontrar casas completamente adaptadas para o abrigo de um idoso.
O Agelab, unidade do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) que estuda o 
envelhecimento, desenvolveu o projeto de uma cozinha capaz de monitorar as atividades que 
acontecem, utilizando a tecnologia empregada pela Nasa para monitoramento de satélites.
O sistema tem, como base, a instalação de aparelhos de medição de amperagem (corrente 
elétrica) de altíssima precisão ligados a utensílios da casa. O uso dos objetos, como uma 
cafeteira, por exemplo, é então registrado por um servidor capaz de perceber qualquer 
anormalidade na rotina do idoso.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
104
Uma das criações do Agelab é uma lata de lixo "inteligente". Houve o uso de antena de rádio, 
etiquetas especiais que podem ser lidas pela lixeira e uma balança digital. Assim, ela consegue 
registrar quais itens foram consumidos e a quantidade de informações para parentes do idoso.
O serviço da Intel, chamado GE Quiet Quare (cuidado silencioso), utiliza um conceito 
semelhante: sensores instalados na casa detectam os movimentos dos idosos. Portas 
e cápsulas de remédios também são capazes de monitorar o que está acontecendo. Um 
servidor armazena as informações e, usando um código algorítmico (sequência de instruções 
bem definidas), analisa-as e percebe se algo está errado.
FONTE: <https://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017417.shtml>. 
Acesso em: 8 fev. 2018.
No âmbito das políticas públicas, as adaptações deverão ocorrer em virtude de três 
transformações centrais decorrentes da elevação da população idosa: aumento do tempo de 
permanência da população no mercado de trabalho, a iminência de repensar e reestruturar 
o sistema de previdência e o aumento da demanda por serviços de saúde, tendo em vista as 
necessidades de saúde típicas da camada populacional. 
No mapa a seguir, apresenta-se a variação das taxas de mortalidade em diferentes países.
https://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017417.shtml
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
105
Note que é elevado o número de países que se encontram na faixa de 5 a 10 %. Por sua vez, 
é discreto o número de países que se enquadram na faixa de menos de 5%. Sobre os países 
com maiores percentuais de mortalidade, se situam no continente africano e na Rússia.
FONTE: FOLHA. Novas tecnologias tornam a vida do idoso mais segura e independente. 
2012. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/
ult10384u1017417.shtml>. Acesso em: 15 abr. 2019.
Vuuren (2017) identificou os cinco principais motivos das altas taxas de 
mortalidades encontradas no continente, a saber:
• Infecções do trato respiratório inferior: As principais causas de morte na 
África são as infecçõesdo trato respiratório inferior, que atingem as vias 
aéreas e os pulmões. De origem diversa, originam-se de muitos vírus e 
bactérias e, ocasionalmente, de fungos ou parasitas. As doenças mais comuns 
são bronquite ou pneumonia. A pneumonia é responsável, sozinha, por 16% 
das mortes globais de crianças menores de cinco anos, com uma participação 
significativamente maior na África (VUUREN, 2017).
• HIV/AIDS: O vírus da imunodeficiência humana tem como alvo o sistema 
imunológico, restringindo a capacidade do indivíduo de se defender contra 
infecções e cânceres. A fase mais grave da doença é conhecida como AIDS, e pode 
levar entre 2 a 15 anos para se desenvolver, dependendo da pessoa infectada. 
As drogas antirretrovirais suprimem a replicação do vírus no corpo, ao mesmo 
tempo em que permitem que o sistema imunológico se fortaleça. Em 2015, 
foram estimadas 760.000 mortes por HIV/AIDS e complicações relacionadas na 
África. A redução de 24% surgiu devido a um melhor diagnóstico e tratamento 
e mais informações sobre a condição (VUUREN, 2017).
• Doenças diarreicas: A diarreia é definida como a ocorrência de três ou mais fezes 
líquidas por dia ou mais do que o normal para uma pessoa. Muitas vezes, é um 
sintoma de uma infecção viral, bacteriana ou parasitária. De acordo com os 
Centros de Controle e Prevenção de Doenças, 88% das mortes na categoria em 
todo o mundo são devido à água contaminada, falta de saneamento e higiene 
insuficiente. É a segunda principal causa de morte de crianças menores de 
cinco anos em todo o mundo. A morte é causada por desidratação, desnutrição, 
má absorção de nutrientes ou complicações infecciosas. Desde 2010, as mortes 
diminuíram de 725.000, ou 8% das mortes na região, para 643.000 (ou 7%) 
(VUUREN, 2017).
• Acidente vascular encefálico: Um acidente vascular cerebral acontece quando o 
fluxo sanguíneo para uma região do cérebro é interrompido por um coágulo ou 
sangramento, privando o corpo de oxigênio e nutrientes. Muitas vezes, a pessoa 
morre ou sofre danos permanentes. As mortes por derrame aumentaram nos 
últimos cinco anos, de 406.595 (4,4% das mortes) para 451.000 mortes (4,9%) 
em 2015 (VUUREN, 2017).
https://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017417.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/treinamento/mais50/ult10384u1017417.shtml
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
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• Doença cardíaca isquêmica: Doença cardíaca isquêmica refere-se ao 
estreitamento das artérias do coração devido ao acúmulo de placas. Menos 
oxigênio atinge partes do coração que estão além da obstrução. A morte ocorre 
quando uma artéria repentinamente se torna completamente bloqueada, 
causando sérios danos ao coração. Mais comumente, isso é conhecido como 
um ataque cardíaco (VUUREN, 2017).
Hays (2008) pontua que a má qualidade do ar e da água em muitas áreas 
e a prevalência do tabagismo intenso e do uso de álcool (especialmente entre os 
homens) exacerbam a má saúde geral do país. Os cuidados de saúde preventivos 
são de baixa prioridade. As condições médicas que causam a morte com maior 
frequência são as doenças cardiovasculares (causa de mais da metade das mortes), 
câncer, doenças respiratórias e diabetes. 
No início dos anos 2000, o declínio dos padrões de saúde e a habitação 
levaram ao aumento de doenças transmissíveis, como tuberculose, difteria e 
cólera. Entre as crianças, a má nutrição aumentou a incidência de anemia, úlceras 
estomacais, distúrbios endócrinos e deficiência de iodo, fatores que ajudam 
a explicar as taxas de mortalidade encontradas. Ainda, na Rússia, a taxa de 
mortalidade por acidentes de trânsito é quase o dobro da taxa na Europa Ocidental 
e, em 2005, cerca de 36.000 pessoas morreram em decorrência do abuso de álcool.
Hays (2008) explica ainda que as condições de saúde na Rússia diminuíram 
nos anos 90. Além disso, a desaceleração econômica prolongada do início e meados 
da década de 1990 aumentou a incidência de desnutrição, reduzindo a resistência 
a doenças comuns. Outro fato verificado é que somente os indivíduos que têm 
seus próprios jardins recebem um suprimento regular de frutas e legumes. 
Mesmo sob o sistema soviético, a dieta média da Rússia foi classificada como 
deficiente. Então, a população agora mostra os efeitos cumulativos das condições 
de vida anteriores, bem como as limitações atuais (HAYS, 2008).
 
Os países que apresentam taxas de mortalidade reduzidas são aqueles que 
oferecem condições de vida adequadas aos seus habitantes. Assim, as taxas de 
mortalidade diminuíram consideravelmente nos países em desenvolvimento nos 
últimos anos devido a algumas razões: i) acesso a medicamentos de controle de 
doenças; ii) programas de saúde pública; iii) aumento no número de hospitais de 
demais instalações médicas; iv) acesso e disseminação da educação; v) aumento 
da oferta de alimentos e vi) aumento da expectativa de vida.
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
107
Brasil registra alta de mortalidade infantil após décadas de queda
País não registrava crescimento desde a década de 1990, informam dados do 
Ministério da Saúde. Crise econômica e zika explicariam alta na mortalidade.
A mortalidade infantil, em 2016, interrompeu décadas de quedas de 
mortes de bebês no Brasil, mostram dados do Ministério da Saúde. Pela 1ª vez 
desde 1990, o país apresentou alta na taxa: foram 14 mortes a cada mil nascidos 
em 2016. Houve um aumento de 4,8% em relação a 2015, quando 13,3 mortes (a 
cada mil) foram registradas.
Desde 1990, o país apresentava queda média anual de 4,9% na 
mortalidade. Nos anos 1980, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística), o Brasil chegou a registrar 82,8 mortes por mil nascimentos. Em 
1994, a taxa chegou a 37,2 e, em 2004, a 21,5. Acompanhe a evolução, segundo 
os dados enviados pelo ministério.
FONTE: IBGE
Saneamento básico e vacinação ajudaram a diminuir taxa no Brasil
A taxa de mortalidade infantil também é usada em relatórios 
internacionais como indicador de desenvolvimento de modo geral, diz a Unicef.
A Unicef registra que, historicamente, a queda da mortalidade infantil 
no Brasil está associada a uma série de melhorias nas condições de vida e na 
atenção à saúde da criança: segurança alimentar e nutricional, saneamento 
básico e vacinação.
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
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A instituição diz que a maior parte dos óbitos se concentra no primeiro 
mês de vida, evidenciando a importância dos fatores ligados à gestação, ao 
parto e ao pós-parto. Contudo, principalmente as mortes pós-neonatais (após 
os 27 dias de vida), estão relacionadas às condições socioeconômicas, diz a 
Unicef.
Mortes por zika e cuidados
 
Desde 2015, o Brasil teve 351 mortes de fetos, bebês e crianças associadas 
ao vírus da zika, mostrou último boletim do ministério, com dados coletados 
até dia 14 de abril de 2018. Em relação às notificações (e casos não confirmados), 
os estados que apresentaram maior número foram: Pernambuco (175), Bahia 
(103), Rio de Janeiro (88), Minas Gerais (71) e Ceará (69). Confira a divisão por 
região (não há mortes na Sul).
Segundo o boletim, de todos os casos confirmados, 72,8% casos 
estavam recebendo algum tipo de cuidado em saúde. Em relação ao protocolo 
do Ministério da Saúde, 24% casos estavam recebendo o tratamento completo 
(puericultora – orientações após o nascimento, estimulação precoce e atenção 
especializada). Dificuldades de locomoção e de vagas, além da complexidade 
do tratamento, podem justificar a ausência de todo o tratamento.
FONTE: G1. Brasil registra alta de mortalidade infantil após décadas de queda. 2018. 
Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/brasil-registra-alta-de-mortalidade-
infantil-apos-decadas-de-queda.ghtml>. Acesso em: 21 out. 2018. 
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/brasil-registra-alta-de-mortalidade-infantil-apos-decadas-de-queda.ghtml
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/brasil-registra-alta-de-mortalidade-infantil-apos-decadas-de-queda.ghtmlTÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
109
7 EXPECTATIVA DE VIDA OU ESPERANÇA DE VIDA
A expectativa de vida ao nascer mede o número médio de anos que uma 
criança pode esperar viver se as taxas atuais de mortalidade persistirem (WOOD, 
2012). É importante salientar que a taxa de expectativa de vida é diferente para 
homens, com mulheres sobrevivendo mais tempo em quase todos os países.
Segundo Desjardins (2019), embora as mulheres revelaram ter uma 
expectativa de vida mais longa em quase todas as sociedades humanas na última 
década do século XX, o tamanho da vantagem variou muito. Por exemplo: nos 
EUA, a variação na expectativa de vida entre homens e mulheres foi de 73,4 anos 
para homens e 80,1 anos para mulheres, uma diferença de 6,7 anos. Na França foi 
de 7,8 anos e, no Reino Unido, de 5,3 anos. A discrepância foi muito maior em 
alguns países, com a diferença contatada na Rússia, atingindo mais de 12 anos. 
Contudo, em outros países, como a Índia e em Bangladesh, a variação foi muito 
discreta: 0,6 ano e 0,1 ano, respectivamente (DESJARDINS, 2019).
Assim, para Desjardins (2019), a diversidade na longevidade mundial 
indica que a diferença na mortalidade entre os sexos não é puramente biológica 
e que existem fatores sociais. As mulheres, provavelmente, têm uma vantagem 
biológica que permite com que vivam mais, mas no passado (e em vários lugares, 
ainda hoje) o status e as condições de vida anularam o benefício.
Ainda, as mulheres tendem a se envolver em menos comportamentos 
prejudiciais para a saúde porque desfrutam mais dos avanços, recorrendo, 
com maior frequência (em relação aos homens), aos cuidados de saúde quando 
necessário. Além disso, os hormônios femininos estariam ligados a uma maior 
longevidade (DESJARDINS, 2019).
Observações indicam que o crescente excesso de mortalidade masculina 
nos países industrializados poderia ser explicado pelo aumento das chamadas 
doenças/moléstias que são mais tipicamente masculinas. Ex.: exposição aos 
perigos do local de trabalho em um contexto industrial, alcoolismo, tabagismo e 
acidentes de trânsito, que aumentaram consideravelmente ao longo do século XX 
(DESJARDINS, 2019). Em 2012, Mônaco teve a maior expectativa de vida (89,68) 
e, o Chade, a menor (48,69) (WOOD, 2012).
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
110
FIGURA 9 – MÔNACO: PAÍS COM MAIOR EXPECTATIVA DE VIDA EM 2012
FIGURA 10 – CHADE: PAÍS COM MENOR EXPECTATIVA DE VIDA EM 2012
FONTE: <https://www.mirror.co.uk/lifestyle/travel/europe-short-haul/monaco-grand-prix-cheap-
holiday-10385265>. Acesso em: 26 out. 2018.
FONTE: <https://mirjamdebruijn.wordpress.com/2014/09/22/chad-not-yet-a-breeding-ground-
for-voices/>. Acesso em: 26 out. 2018.
A baixa expectativa de vida do Chade decorre de uma combinação de 
fatores, incluindo a pobreza e as condições sociais e de saúde (WOOD, 2012). A 
agitação política também levou a baixas taxas de expectativa de vida no Chade, 
onde a violência entre grupos étnicos provoca muitas mortes (WOOD, 2012). Por 
sua vez, a elevada expectativa de vida em Mônaco está atrelada a alguns fatores: 
expressiva concentração de riqueza; a população usufrui de uma dieta saudável, 
conhecida como “dieta do mediterrâneo” (rica em frutos do mar, frutas e legumes); 
o estilo de vida da população inclui atividades ao ar livre (como nadar, caminhar 
e correr) e a população dispõe de um excelente sistema de saúde.
 
https://www.mirror.co.uk/lifestyle/travel/europe-short-haul/monaco-grand-prix-cheap-holiday-10385265
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https://mirjamdebruijn.wordpress.com/2014/09/22/chad-not-yet-a-breeding-ground-for-voices/
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TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
111
No Brasil, em 2015, a expectativa de vida era de 75,5. No gráfico a seguir 
é exposta a esperança de vida de cada UF.
GRÁFICO 5 – UNIDADES DA FEDERAÇÃO: ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER (2015)
FONTE: <http://www.jornal3idade.com.br/?p=11369>. Acesso em: 20 out. 2018.
 
 
 Fonte: Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2000-2030. 
 
Para os homens e as mulheres as maiores expectativas de vida ao nascer pertenceram ao Estado de 
Santa Catarina, 75,4 e 82,1 anos, respectivamente, uma diferença de 6,7 anos em favor das mulheres. No caso 
dos homens, a menor expectativa de vida foi encontrada em Alagoas (66,5 anos), quase 9 anos inferior ao valor 
observado em Santa Catarina. Uma recém-nascida em Santa Catarina esperaria viver em média 8,1 anos a mais 
do que uma recém-nascida no Estado de Roraima (Gráfico 5 e 6). 
 
Os Estados do Maranhão e Piauí possuem expectativas de vida masculina na casa dos 66,0 anos, 
valores bem inferiores à média nacional, que é de 71,9 anos (Gráficos 5). 
 
Em cinco estados a expectativa de vida ao nascer das mulheres ultrapassam os 80 anos, todos nas 
regiões Sul e Sudeste do país (Gráfico 7). 
 
A mortalidade é diferencial por sexo, a masculina é sempre superior à feminina. Contudo, a 
expectativa de vida dos homens em Santa Catarina (75,4 anos) é superior a das mulheres dos Estados de 
Roraima (74,0 anos), Maranhão (74,2 anos), Rondônia (74,8 anos), Piauí (75,1 anos) e Amazonas (75,2 anos) 
(Gráficos 5 e 6). 
Observe como é expressiva a diferença de expectativa de vida entre 
o primeiro e o último colocado do gráfico: enquanto Santa Catarina lidera o 
ranking, chegando a 78,7 anos, o Maranhão fica com 70,3. A variação apresentada 
está atrelada às condições de vida disponíveis em cada unidade federativa. Estas 
podem contribuir de modo positivo ou negativo e incluem elementos como acesso 
a serviços de saúde de qualidade, saneamento básico adequado, bons níveis de 
educação etc.
8 ESTRUTURA ETÁRIA
 
A estrutura etária de uma população é a distribuição de pessoas entre 
várias idades (CROSSMAN, 2018). Assim, apresenta-se como uma ferramenta útil 
para geógrafos, cientistas sociais, especialistas em saúde pública e saúde, analistas 
de políticas e formuladores de políticas. Ilustra as tendências da população, como 
taxas de nascimentos e mortes.
 
Segundo Crossman (2018), o estudo da estrutura etária é relevante porque 
dele decorre uma série de implicações sociais e econômicas na sociedade, tais 
como entender os recursos que devem ser alocados para a assistência infantil, 
escola e saúde. Ainda, no plano das implicações sociais familiares, podemos saber 
se existem mais crianças ou idosos em sociedade.
 
http://www.jornal3idade.com.br/?p=11369
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
112
Araujo, Taveira e Fogaça (2016, p. 43) mencionam que:
Para analisar a estrutura de uma população, há um histograma, 
ou seja, um gráfico criado para representar o comportamento da 
população. O gráfico tem o nome de pirâmide etária, pirâmide de 
idades ou pirâmide demográfica e divide a população em grupos 
etários e por sexo, permitindo a compreensão do número de crianças, 
jovens e idosos.
Na sequência, estão expostas as pirâmides etárias do Brasil de 1980 e 2010. 
GRÁFICO 6 – BRASIL: PIRÂMIDE ETÁRIA 1980
FONTE: <https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000403.pdf>. 
Acesso em: 10 fev. 2019.
GRÁFICO 7 – BRASIL: PIRÂMIDE ETÁRIA 2010
FONTE: <https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_piramide.
php?ano=2010&codigo=&corhomem=88C2E6&cormulher=F9C189&wmaxbarra=180>. Acesso 
em: 10 fev. 2019.
https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000403.pdf
https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_piramide.php?ano=2010&codigo=&corhomem=88C2E6&cormulher=F9C189&wmaxbarra=180
https://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_piramide.php?ano=2010&codigo=&corhomem=88C2E6&cormulher=F9C189&wmaxbarra=180
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
113
Noteque, até a década de 1980, o Brasil era considerado um país jovem, 
tendo em vista a predominância da faixa etária. A pirâmide de 2010 revela que 
ocorreram transformações expressivas, caracterizadas pelo amadurecimento dos 
seus habitantes. Atenção também para o aumento da expectativa de vida: na 
década de 80, era discreta a participação da população na faixa de 75 a 79 anos e, 
em 2010, ocorreu um incremento na faixa.
Sobre as transformações ocorridas na pirâmide etária do Brasil, o IBGE 
(2010, p. 38) pontua que:
A estrutura etária da população brasileira em 2010 reflete as mudanças 
ocorridas nos parâmetros demográficos a partir da segunda metade 
do século XX. Houve declínio rápido dos níveis de mortalidade a 
partir da Segunda Guerra Mundial, além da diminuição dos níveis de 
fecundidade desde os anos 60. Os dois declínios determinaram o padrão 
de envelhecimento da população brasileira, com: 1. Estreitamento da 
base da pirâmide, em função da diminuição dos níveis de fecundidade 
e 2. Alargamento do topo da pirâmide etária, em função da redução 
dos níveis de mortalidade.
 Complementando a análise, verifica-se que: 
Até a década de 1940, predominavam altos níveis de fecundidade 
e mortalidade no país. Com a diminuição do último componente 
da dinâmica demográfica e a manutenção dos altos níveis de 
fecundidade, o ritmo do crescimento populacional brasileiro evoluiu 
para quase 3,0% ao ano na década de 1950. No começo de 1960, inicia-
se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade, acentuando-se na 
década seguinte. O fato fez com que as taxas de crescimento também 
caíssem (SIMÕES, 2016, p. 30). 
DICAS
Para complementar seus estudos, assista ao vídeo disponível no link a seguir, que 
discorre sobre as mudanças na pirâmide etária brasileira e apresenta uma projeção de pirâmide 
para 2050. FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/video/video/A-pir%C3%A2mide-
et%C3%A1ria-do-Brasil-ao-longo-das-gera%C3%A7%C3%B5es>. Acesso em: 8 abr. 2019.
9 TEORIAS DEMOGRÁFICAS
Diversas teorias foram concebidas para a explicação do crescimento 
da população. Dentre tais teorias, destacam-se a Teoria Malthusiana, Teoria 
Neomalthusiana e a Teoria Reformista ou Marxista. 
https://www.nexojornal.com.br/video/video/A-pir%C3%A2mide-et%C3%A1ria-do-Brasil-ao-longo-das-gera%C3%A7%C3%B5es
https://www.nexojornal.com.br/video/video/A-pir%C3%A2mide-et%C3%A1ria-do-Brasil-ao-longo-das-gera%C3%A7%C3%B5es
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
114
9.1 TEORIA MALTUSIANA
Em 1978, um economista britânico chamado Thomas Malthus tornou-
se o primeiro crítico a notar que a população mundial estava aumentando 
rapidamente, mais do que os alimentos necessários para sustentá-la. Malthus 
usou os princípios do crescimento exponencial versus crescimento linear para 
enfatizar seu ponto de vista (WOOD, 2012).
Para Malthus, a população aumenta exponencialmente, enquanto que 
os alimentos crescem a uma taxa aritmética. O crescimento exponencial, como 
ilustrado pelos números de série 2,4,8,16,32 (taxa geométrica), ocorreria porque 
uma vez que as crianças nascem, elas crescem para ter seus próprios filhos 
(WOOD, 2012).
Assim, uma vez que a base populacional se tornasse grande “demais”, a 
população não iria estabilizar imediatamente se as pessoas passassem a ter menos 
filhos. Assim, o crescimento linear de alimentos é representado pela série 2,3,4,5,6 
(taxa aritmética), porque, segundo Malthus, mesmo com novas tecnologias 
agrícolas, as terras cultiváveis são limitadas (WOOD, 2012).
Para ilustrar a definição, observe a figura a seguir:
FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DA TEORIA DE MALTHUS
FONTE: <https://sites.google.com/site/sabendomaiscg/teorias>. Acesso em: 7 fev. 2019.
Dantas (2011, p. 32) sintetiza que a teoria populacional de Malthus se 
baseava nas seguintes proposições:
(i) A capacidade biológica do ser humano para se reproduzir é maior 
do que a sua capacidade para aumentar a oferta de alimentos; (ii) as 
formas de controlar o crescimento populacional podem ser preventivas, 
via diminuição do número de nascimentos, e positivas, através do 
aumento do número de mortes, que se encontram continuamente 
em operação em uma sociedade dada; (iii) o controle definitivo da 
capacidade reprodutiva do ser humano é dado pela limitação da oferta 
de alimentos. 
https://sites.google.com/site/sabendomaiscg/teorias
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
115
Malthus reconheceu que o crescimento populacional poderia ser 
interrompido pelo controle da natalidade e/ou pela abstinência. Para impedir os 
problemas que poderiam advir da falta de alimentos, Malthus defendia a ideia de 
“sujeição moral”, que se refere ao controle da natalidade mediante a abstinência 
sexual e de casamentos tardios. De modo geral, Malthus vislumbrava um futuro 
em que a fome certamente prevaleceria, acompanhada de doenças e guerras 
(WOOD, 2012).
9.2 TEORIA NEOMALTHUSIANA
Uma síntese das principais características da teoria demográfica apresenta-
se no texto a seguir, elaborado por Rodolfo Alves Pena:
IMPORTANT
E
Teoria neomalthusiana
A Teoria Neomalthusiana defende o controle do crescimento populacional para conter o 
avanço da miséria nos países subdesenvolvidos.
A Teoria Neomalthusiana ou Neomalthusianismo é uma teoria demográfica desenvolvida 
a partir da reelaboração das ideias do pensador inglês Thomas Malthus (1736-1834). A 
perspectiva, em linhas gerais, preconiza a difusão de medidas governamentais para a 
intensificação do controle do crescimento da população, principalmente em países 
considerados subdesenvolvidos ou periféricos.
Thomas Malthus, em sua obra Ensaio Geral sobre a População, argumentava que a relação 
entre a quantidade de habitantes no mundo era desproporcional à quantidade de alimentos 
e recursos naturais disponíveis, de modo que o crescimento populacional seria muito 
mais intenso que o crescimento produtivo. No entanto, Malthus não defendia o controle 
populacional comandado pelo Estado e, muito menos, por meio da adoção de métodos 
contraceptivos, em uma perspectiva conhecida como malthusianismo.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por aquilo que se concebeu por explosão 
demográfica, quando a população mundial começou a aumentar de maneira vertiginosa. A 
taxa de crescimento manteve-se ativa principalmente nos países subdesenvolvidos, em que 
a população passou a contar, gradativamente, com melhorias sanitárias que possibilitaram a 
elevação da expectativa de vida.
Assim, muitos passaram a temer que as previsões de Malthus pudessem, de certo modo, 
concretizar-se com um eventual caos proporcionado pelo crescimento vertiginoso 
da população mundial. Então, muitos passaram a defender a utilização de métodos 
contraceptivos, afirmando que o nível de desenvolvimento das nações estaria relacionado 
com o crescimento das taxas de fecundidade.
Portanto, a teoria Neomalthusiana propôs o resgate dos ideais de Malthus, além de que o Estado 
deveria estabelecer medidas de controle do crescimento da população, principalmente pela 
disseminação de métodos anticoncepcionais. Para os neomalthusianos, o desenvolvimento 
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
116
da qualidade de vida e da economia de um país ou região perpassa necessariamente pelo 
controle da população. Eles apontam que as causas da miséria da população mais pobre são, 
entre outros fatores, associadas com o elevado número de filhos por família.
Apesar da perspectiva ser, atualmente, muito contestada na geografia, na sociologia e nos 
estudos demográficos, ela foi (e ainda é) muito presente em políticas públicas de inúmeros 
países, como o Brasil. Em muitos casos, pílulas anticoncepcionais ou camisinhas são 
distribuídas gratuitamente ou a preços muito baixos. Na Índia, por exemplo, foram adotadas, 
até mesmo, medidas de esterilização da população em algumas regiões. Ainda, há a 
divulgação na mídia do planejamento familiar com a ideia de que a família ideal é composta 
basicamentepor, no máximo, dois filhos por casal.
FONTE: PENA, Rodolfo F. Alves. Teoria neomalthusiana. 2018. Disponível em: <https://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/teoria-neomalthusiana.htm>. Acesso em: 15 set. 
2018.
10 TEORIA REFORMISTA OU MARXISTA
A teoria reformista ou marxista é contrária às teorias demográficas 
anteriores. “As ideias reformistas se opunham totalmente às ideias neomalthusianas 
e Malthusianas. Ao contrário do que pensam as duas, que a pobreza é causada 
pela grande população, os reformistas acreditam que a grande população é que 
é causada pela pobreza” (JESUS, 2018, p. 1). Assim, “de acordo com a teoria 
reformista, se não houvesse pobreza as pessoas teriam acesso à educação, 
saúde, higiene etc., o que regularia, naturalmente, o crescimento populacional“ 
(MIRANDA, 2009, p. 1).
A teoria está embasada nos pensamentos de Karl Marx, que propunha 
que o problema da pobreza do mundo está relacionado com a má distribuição de 
renda. Por conseguinte, a corrente defende que o problema da pobreza deveria 
ser solucionado com políticas públicas que proporcionassem a ascensão social da 
classe pobre (JESUS, 2018).
Para finalizar o tópico, acompanhe a dica de aula sobre os conteúdos 
relacionados às dinâmicas populacionais e as principais teorias demográficas.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/teoria-neomalthusiana.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/teoria-neomalthusiana.htm
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
117
IMPORTANT
E
Dinâmica populacional – as taxas de mortalidade a partir das teorias 
malthusiana e neomalthusiana
Autor: Bruno Muniz Figueiredo Costa 
Coautor (es): Bárbara da Silva Santiago
Estrutura Curricular
MODALIDADE/NÍVEL 
DE ENSINO
COMPONENTE 
CURRICULAR
TEMA
Ensino Médio Geografia
Organização e distribuição 
mundial da população
Dados da aula
O que o aluno poderá aprender com a aula
• Identificar a importância da taxa de mortalidade como elemento da dinâmica populacional.
• Relacionar aspectos da dinâmica populacional e suas implicações geográficas.
• Refletir acerca das intencionalidades implícitas nas teorias demográficas.
Duração das atividades
4 encontros de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Noções demográficas de taxa de natalidade, taxa de mortalidade, taxa de fecundidade 
e expectativa de vida.
Estratégias e recursos da aula
ENCONTRO 1
Momento 1 – introdução/motivação:
O professor iniciará a sua prática propondo a seguinte questão:
Como seria se o mundo fosse uma vila de 100 pessoas?
 
Na sequência, será exibido o vídeo Se o mundo fosse uma aldeia.
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=3LGVtg06u2s>. Acesso em: 4 fev. 2019. 
https://www.youtube.com/watch?v=3LGVtg06u2s
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
118
Momento 2 – leitura/interpretação de poema:
Cada aluno receberá um impresso com o poema Enjoadinho, de Vinícius de Moraes. FONTE: 
<http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/86964/>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Será realizada leitura individual, além da interpretação do poema pelos alunos. O professor 
deverá alertá-los para a importância da natalidade nas diversas sociedades.
 
Momento 3 – debate:
O professor convidará os alunos a realizarem um debate a partir da seguinte questão:
Considerando o que foi apresentado pelo vídeo e pelo poema, você acredita que as condições 
ruins da vila possam estar relacionadas à taxa de natalidade?
O professor deverá orientar o aluno a relacionar o que interpretou do poema e o que foi 
apresentado pelo vídeo para refletir e debater sobre uma condição biológica humana 
(reprodução) e as más condições ambientais do planeta.
ENCONTRO 2
Momento 1 – introdução/motivação:
Os alunos receberão cópias impressas contendo a sinopse do livro As intermitências da 
morte, de José Saramago. FONTE: <http://waniafacure.blogspot.com.br/2012/04/dica-de-
livro-as-intermitencias-da.html>. Acesso em: 30 abr. 2018.
A sinopse será lida individualmente por cada aluno e será associada ao conteúdo do curta 
brasileiro. FONTE: <http://www.youtube.com/watch?v=LaEYmp1DwPI>. Acesso em: 30 abr. 
2018.
Durante a atividade, os alunos deverão ser orientados pelo professor e buscar, na sinopse e 
no curta, elementos que indiquem a importância da morte na sociedade.
Momento 2:
Considerando tudo o que foi trabalhado até aqui, o professor entregará aos alunos uma 
cópia do planisfério a seguir. Tomando-o como base, os alunos deverão produzir uma 
representação livre a partir da seguinte questão: E se a morte parasse de matar?
http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/86964/
http://waniafacure.blogspot.com.br/2012/04/dica-de-livro-as-intermitencias-da.html
http://waniafacure.blogspot.com.br/2012/04/dica-de-livro-as-intermitencias-da.html
http://www.youtube.com/watch?v=LaEYmp1DwPI
TÓPICO 2 | PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS
119
Momento 3:
Cada aluno apresentará aos demais a sua representação, discutindo as ideias e impressões 
presentes.
 
Como tarefa, o professor organizará a turma em dois grupos e orientará o aluno a considerar 
a possibilidade de o mundo ser uma vila com cem habitantes e pensar em como essa vila 
seria se a situação proposta por Saramago em seu livro acontecesse.
Os grupos deverão se organizar e confeccionar uma maquete que apresente a vila na 
condição proposta por Saramago.
Para ajudar na elaboração do material, os alunos devem acessar: <http://www.frangonerd.
com.br/curiosidades/e-se-o-mundo-fosse-uma-aldeia-de-100-pessoas>. Acesso em: 30 
abr. 2018.
 
ENCONTRO 3
 
Momento 1 – introdução/motivação:
Texto 1 – Crescimento populacional. FONTE: <http://www.terrabrasil.org.br/noticias/materias/
pnt_problemasamb.htm>. Acesso em: 8 abr. 2018.
Texto 2 – População e recursos. FONTE: MINC, Carlos. Ecologia e cidadania. São Paulo: 
Moderna, 1998. p. 73-74.
 
A partir da leitura e interpretação dos textos individualmente, os alunos deverão responder:
1 Qual é a opinião de cada autor sobre a questão do crescimento 
populacional versus disponibilidade de recursos naturais no planeta?
Momento 2 – Trabalho com vídeos:
Será exibido aos alunos o documentário A gaiola dos ratos. FONTE: <http://www.youtube.
com/watch?v=3G8D2mj9bU8&feature=relmfu>. Acesso em: 8 abr. 2018.
Momento 3 – Apresentação das maquetes:
Os dois grupos apresentarão as suas maquetes, expondo suas ideias e debatendo o tema, 
considerando, inclusive, os textos e vídeo utilizados no encontro.
Como tarefa, a partir do que veio sendo discutido nos últimos encontros, a turma 
continuará organizada nos mesmos dois grupos. A cada grupo, será entregue uma cópia 
com um dos dois resumos sobre as teorias demográficas malthusiana e neomalthusiana, 
disponíveis em: <http://educacao.uol.com.br/geografia/teorias-demograficas-malthusianos-
neomalthusianos-e-reformistas.jhtm>. Acesso em: 30 abr. 2018.
 
Cada grupo será orientado a ler o material e a elencar aspectos importantes. Como 
tarefa, cada grupo irá organizar um seminário sobre a teoria que recebeu. Sugerimos que a 
reflexão deva incidir sobre alguns aspectos:
Contexto em que a teoria se desenvolveu.
Possíveis intencionalidades no desenvolvimento da teoria.
O tratamento dado às taxas de mortalidade na teoria.
Aplicações da teoria.
http://www.frangonerd.com.br/curiosidades/e-se-o-mundo-fosse-uma-aldeia-de-100-pessoas
http://www.frangonerd.com.br/curiosidades/e-se-o-mundo-fosse-uma-aldeia-de-100-pessoas
http://www.terrabrasil.org.br/noticias/materias/pnt_problemasamb.htm
http://www.terrabrasil.org.br/noticias/materias/pnt_problemasamb.htm
http://www.youtube.com/watch?v=3G8D2mj9bU8&feature=relmfu
http://www.youtube.com/watch?v=3G8D2mj9bU8&feature=relmfu
http://educacao.uol.com.br/geografia/teorias-demograficas-malthusianos-neomalthusianos-e-reformistas.jhtm
http://educacao.uol.com.br/geografia/teorias-demograficas-malthusianos-neomalthusianos-e-reformistas.jhtm
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
120
ENCONTRO 4
 
Momento1 – Apresentação dos seminários
Cada grupo apresentará o seminário que organizou. Poderão utilizar filmes, documentários, 
imagens etc.
Momento 2 – Debate/síntese das atividades
Após a apresentação dos seminários, os grupos deverão debater o papel atribuído às taxas de 
mortalidade dentro das teorias abordadas.
Recursos Complementares:
Livros:
DAMIANI, Amélia Luisa. População e geografia. São Paulo: Contexto, 2002.
SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
SMITH, David J. Se o mundo fosse uma vila: como vivem 6 bilhões de pessoas. São Paulo: 
Melhoramentos, 2004.
 
Filme: Se o mundo fosse uma aldeia. Direção: Peter Moss. Ano: 2005. Duração: 24min.
Avaliação
 
A avaliação é um importante elemento do processo educativo e seus critérios devem ser 
amplamente discutidos entre o professor e a turma. Entendemos que deva ser realizada ao 
longo de todo o processo e, como auxílio, sugerimos os seguintes critérios:
Participação durante todas as atividades.
Comprometimento e empenho na realização das atividades.
Poder de argumentação durante as discussões e debates.
Domínio do tema (principalmente em relação às noções de teorias demográficas e suas 
intencionalidades).
FONTE: PORTAL DO PROFESSOR – MEC. Dinâmica populacional – as taxas de mortalidade 
a partir das teorias malthusiana e neomalthusiana. 2012. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40798>. Acesso em: 4 fev. 2019.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40798
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40798
121
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Taxa representa o volume de um dado específico em uma determinada 
população ou grupo em um determinado período de tempo. 
• Razão é a relação entre diferentes valores, como a diferença da quantidade de 
população entre homens e mulheres.
• Proporção é a grandeza de um determinado dado que é originado do mesmo 
grupo populacional em relação ao seu total.
• População absoluta é o termo que designa o número total de habitantes de um 
determinado lugar. Também podemos definir como uma população fixa, ou 
seja, que tem suas casas ou moradias fixas em um lugar.
• A densidade demográfica ou populacional estuda o número médio de pessoas 
em uma área dividindo o número de pessoas presentes pela área total.
• Existem vários fatores que afetam a densidade populacional e estes são, 
frequentemente, objetos de estudo dos geógrafos populacionais.
• A taxa bruta de natalidade é o número de nascidos vivos em um determinado 
ano para cada mil pessoas em uma população.
• A taxa de fecundidade indica o número médio de filhos que uma mulher teria 
ao final de sua idade reprodutiva se os padrões de comportamento vigentes 
fossem mantidos.
• Taxa de mortalidade é o número de mortes em um determinado ano para cada 
mil pessoas na população.
• A expectativa de vida ao nascer mede o número médio de anos que uma criança 
pode esperar viver se as taxas atuais de mortalidade persistirem.
• A estrutura etária de uma população é a distribuição de pessoas entre várias idades.
• Em 1978, Thomas Malthus tornou-se o primeiro crítico a notar que a população 
mundial estava aumentando mais rapidamente do que os alimentos necessários. 
Malthus usou os princípios do crescimento exponencial versus o crescimento linear.
• A Teoria Neomalthusiana defende o controle do crescimento populacional 
para conter o avanço da miséria nos países subdesenvolvidos.
• Os Reformistas acreditam que a grande população é causada pela pobreza.
122
AUTOATIVIDADE
1 Sobre a educação da geografia, analise a seguir. A localização, o mapeamento 
de dados e as informações espaciais não encerram um estudo geográfica, 
mas confirmam seu início.
 
Porque
Tal análise ocorre quando o aprendiz se volta ao processo de produção do 
espaço e o confronta com a configuração espacial de determinado mapa.
Acerca das asserções, assinale a opção correta: 
a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira. 
c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa.
d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição 
verdadeira. 
e) ( ) As duas asserções são proposições falsas.
2 Com 20 milhões de habitantes, Moçambique é um dos mais preocupantes 
focos do vírus HIV. Um em cada sete adultos. A precariedade do acesso 
aos cuidados básicos de saúde e a falta de informações compõem o cenário 
para a disseminação do HIV. Metade dos quase 100.000 mortos pela doença, 
todos os anos, tem entre 30 e 44 anos. 
Em termos demográficos, a doença em foco afeta negativamente Moçambique, 
de forma mais direta, no seguinte aspecto:
a) ( ) Expectativa de vida.
b) ( ) Índice de fecundidade.
c) ( ) Imigração estrangeira.
d) ( ) Migrações internas.
e) ( ) Saldo migratório. 
3 O fenômeno dos jovens que não trabalham e nem estudam (geração “nem 
- nem”) cresce em todo mundo. No Brasil, o relatório destaca que a taxa 
da geração “nem - nem” é maior entre as mulheres negras. O IBGE mostra 
uma população de 9,6 milhões de jovens, a maioria mulheres, que integra o 
grupo dos “nem – nem”, ou um em cada cinco brasileiros na faixa entre 15 a 
29 anos.
Considerando o fenômeno geração "nem - nem", que produz mudanças no 
mundo do trabalho, avalie as seguintes afirmações.
123
I- O texto revela que o fenômeno da geração dos que nem trabalham e 
nem estudam cresce no mundo todo, permitindo deduzir que não é um 
problema apenas dos países em desenvolvimento como o Brasil.
II- O estudo da OIT demonstra um nível preocupante de desemprego da 
população jovem mundial, que também não está buscando uma capacitação 
profissional e educacional, comprometendo a mobilidade social.
III- O Brasil se destaca na pesquisa dos "nem - nem" pelo índice de mulheres 
negras na situação, confirmando um grave problema social brasileiro: 
historicamente, os negros apresentam indicadores sociais mais baixos.
IV- Muitos dos que integram o grupo dos "nem - nem" são mulheres, o que 
torna os dados intrigantes, pois as mulheres se destacam no mercado de 
trabalho, e a maternidade faz com que a escolaridade e o crescimento 
profissional sejam contínuos.
É CORRETO apenas o que se afirma em:
a) ( ) I e IV.
b) ( ) II e III.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I, II e III.
e) ( ) I, II e IV.
124
125
TÓPICO 3
A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A distribuição espacial da população mundial ocorre de modo heterogêneo, 
com áreas muito populosas e outras com discreto número de habitantes. Vamos 
conhecer quais são as principais áreas que concentram os maiores volumes 
populacionais. Iremos descobrir quais continentes se destacam no aspecto e qual 
a sua localização espacial no globo terrestre. 
2 A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
O estudo da geografia da população revela que, desde o início das 
civilizações, as pessoas ocuparam e se distribuíram de forma desigual sobre 
a superfície do planeta. Os geógrafos populacionais estudam onde as pessoas 
residem, incluindo os locais onde a população está crescendo mais e com que 
rapidez o crescimento populacional está ocorrendo, conforme vimos no tópico 
anterior. Os geógrafos também explicam o motivo das taxas de população serem 
diferentes em lugares diferentes. Assim, é pertinente analisar a população sob o 
prisma de diferentes escalas: local, regional e global.
 
O termo distribuição da população refere-se ao arranjo de locais na 
superfície da terra onde as pessoas vivem (WOOD, 2012). As bilhões de pessoas 
na Terra estão distribuídas de forma muito desigual, com algumas áreas de terra 
quase desabitadas, outras escassamente povoadas e outras ainda densamente 
povoadas. Vamos conhecer algumas características de talprocesso tão intrigante? 
Para começar, observe o mapa a seguir:
126
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
FIGURA 12 – MAPA DENSIDADE DEMOGRÁFICA MUNDO
FONTE: <https://www.mapsofindia.com/worldmap/population-density.html>. Acesso em: 27 
out. 2018.
Para interpretarmos e analisarmos o mapa, partiremos de algumas 
reflexões e apontamentos elaborados por Wood (2012) acerca do processo de 
distribuição espacial da população em escala global. Acompanhe os pontos 
realçados pelo autor:
• Quase 90% de todas as pessoas vivem ao norte do equador. Apenas 10% vive 
no hemisfério sul. Existem muitas razões para a distribuição desigual, mas um 
fator importante é que mais terras na superfície da Terra ficam ao norte do 
equador (WOOD, 2012). 
• Mais da metade de todas as pessoas vive em cerca de 5% das terras, e quase 
9% com menos de 20%. Áreas urbanas em rápido crescimento dominam cada 
vez mais o mundo, com pessoas deixando áreas rurais e aglomerando-se nas 
cidades e vilas (WOOD, 2012).
• A maioria das pessoas vive em áreas próximas ao nível do mar. Quanto 
maior a altitude, menor o número de habitantes. A maioria das terras aráveis 
está em altitudes mais baixas, tais como áreas próximas a rios e oceanos, 
proporcionando acesso à água e podendo facilitar o transporte (WOOD, 2012).
https://www.mapsofindia.com/worldmap/population-density.html
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
127
• Dois terços da população mundial concentram-se em um raio de 480 km do 
oceano. Muitos que vivem no interior se estabelecem nos vales dos rios. Desde 
o início, os humanos se congregaram em torno dos cursos de água, e o padrão 
ainda é evidente no mundo de hoje (WOOD, 2012).
Notamos como é concentrado o processo de espraiamento da população 
pelo mundo. Chamamos atenção diante de algumas tendências identificadas 
já nas antigas civilizações, como a preferência por residir na proximidade dos 
cursos d´água. Na atualidade, a intensificação do processo de urbanização é a 
maior responsável pelas grandes aglomerações populacionais. 
As razões para a distribuição desigual da população podem ser divididas 
em duas grandes categorias: física e humana. Tais fatores podem ter um efeito 
positivo ou negativo na densidade populacional. Observe:
Fatores Físicos Fatores Humanos
Paisagem: Íngreme/Plana Recursos: Muitos/Poucos
Clima: Quente/Seco/Frio Indústria: Manufatura/Turismo
Vegetação: Pastagem/Floresta Políticas Públicas: Incentivar/ 
Desestimular o crescimento
Água: Disponível/Indisponível Conflitos étnicos, religiosos e/
políticos: Não há/Há
QUADRO 2 – FATORES QUE INTERFEREM NA DENSIDADE POPULACIONAL
FONTE: A autora
Vamos examinar agora quais são as grandes áreas que apresentam maior 
concentração populacional? Conforme pontua Wood (2012), dois terços da 
população mundial concentram-se em quatro regiões, a saber: leste da Ásia, sul 
da Ásia, sudeste da Ásia e Europa Ocidental. As regiões estão localizadas no 
Hemisfério Norte entre 10º e 55º de latitude norte, exceto na parte mais ao sul do 
sudeste da Ásia. Venha descobrir os principais traços que caracterizam cada uma 
das regiões. 
Leste da Ásia: cerca de um quinto de todos os seres humanos vive no leste 
da Ásia, que é formado pelo leste da China, as ilhas do Japão, a península coreana 
e a ilha de Taiwan (WOOD, 2012).
128
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
FIGURA 13 – MAPA LESTE ASIÁTICO
FONTE: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/asia---leste-asiatico-divisao-politica.
htm>. Acesso em: 28 out. 2018.
A população chinesa concentra-se perto da costa do Pacífico e da ilha de 
Taiwan (WOOD, 2012).
FIGURA 14 – CIDADE DE HUANG, ÁREA DENSAMENTE POVOADA NA CHINA
FONTE: <https://www.reference.com/geography/huang-river-called-china-s-sorrow-
cfab4d483c18c5e>. Acesso em: 28 out. 2018.
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/asia---leste-asiatico-divisao-politica.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/asia---leste-asiatico-divisao-politica.htm
https://www.reference.com/geography/huang-river-called-china-s-sorrow-cfab4d483c18c5e
https://www.reference.com/geography/huang-river-called-china-s-sorrow-cfab4d483c18c5e
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
129
FIGURA 15 – CIDADE DE YANGTZE: ÁREA DENSAMENTE POVOADA NA CHINA
FONTE: <https://china.findworkabroad.com/viewarticle/1>. Acesso em: 28 out. 2018.
A China é o país mais populoso do mundo, porém a maioria da parte 
ocidental, principalmente desertos e montanhas, é pouco habitada. A China tem 
mais de 150 cidades em crescimento com mais de um milhão de habitantes, mas 
dois terços da população ainda vivem em áreas rurais. Em contraste, cerca de três 
quartos de todos os japoneses e coreanos vivem em áreas urbanas (WOOD, 2012).
Sul da Ásia: Wood (2012) assinala que mais de um quinto da população 
mundial vive no sul da Ásia, incluindo Índia, Paquistão, Bangladesh e a ilha do 
Sri Lanka. Grande parte da população está concentrada nos vales do rio Indus 
e Ganges e ao longo das duas longas costas da Índia, representadas no mapa a 
seguir.
https://china.findworkabroad.com/viewarticle/1
130
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
FIGURA 16 – MAPA DO SUL DA ÁSIA
FONTE: <http://www.freeworldmaps.net/asia/southasia/political.html>. Acesso em: 28 out. 2018.
Como a China, muitas regiões do sul da Ásia são rurais. Embora muitas 
grandes cidades estejam localizadas na região, cerca de apenas um quarto das 
pessoas vive em áreas urbanas (WOOD, 2012).
Sudeste asiático: Cerca de 500 milhões de pessoas vivem no sudeste da 
Ásia, principalmente em uma série de ilhas da costa da Ásia, incluindo Java, 
Sumatra, Bornéu, Papua Nova Guiné e Filipinas (WOOD, 2012), as quais podem 
ser vistas no mapa a seguir.
http://www.freeworldmaps.net/asia/southasia/political.html
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
131
FIGURA 17 – MAPA SUDESTE ASIÁTICO
FONTE: <http://www.geographicguide.com/asia/maps/southeast.htm>. Acesso em: 28 out. 2018.
Milhares de ilhas compõem o país da Indonésia, o quarto país mais 
populoso do mundo. Como os asiáticos do leste e do sul, a maioria dos asiáticos 
do sudoeste vive em áreas rurais (WOOD, 2012). 
Europa: A única área de concentração populacional não asiática é a 
Europa, uma região que inclui dezenas de países de tamanhos variados (WOOD, 
2012). No mapa a seguir, observa-se a densidade populacional de alguns países 
da Europa, observe.
http://www.geographicguide.com/asia/maps/southeast.htm
132
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
FIGURA 18 – RANKING DOS 10 PAÍSES COM AS MAIORES E MENORES TAXAS DE DENSIDADE 
POPULACIONAL
FONTE: <http://abre.ai/SBv>. Acesso em: 28 out. 2018.
Os países que lideram o ranking com menor densidade demográfica, Islândia, 
Noruega e Finlândia, são famosos pelo clima frio e invernos extremamente rigorosos. 
Outro fato interessante é que, ao utilizarem a densidade demográfica como indicador, 
países com pequena extensão territorial assumem posição de realce nas concentrações 
populacionais, como é o caso de Mônaco, Gibraltar e República de Malta.
 
Em contraste com a população, que ocupa as três regiões asiáticas, a 
população da Europa concentra-se principalmente em áreas urbanas e menos de 
20% dos seus habitantes habitam a zona rural (WOOD, 2012).
Em relação às condições de habitação em localidades com elevada 
densidade demográfica, os aspectos favoráveis e desfavoráveis decorrentes da 
concentração variam de acordo com cada cidade e país. Ainda assim, estando 
cientes de tais particularidades, elencamos a seguir alguns vantagens e 
desvantagens decorrentes das condições de aglomerações populacionais.
De acordo com Pettinger (2017), os possíveis benefícios de uma elevada 
densidade populacional incluem:
 
a) Economias de escala na infraestrutura nacional, pois caso existam redes de 
estradas e sistemas de trens conectando diferentes partes do país, uma maior 
densidade populacionalajudará a reduzir os custos médios da rede de transporte.
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
133
b) Dependendo do país e do nível de desenvolvimento, as áreas urbanas tendem 
a ser mais eficientes energeticamente em comparação às áreas rurais. Por 
exemplo, em áreas remotas, as pessoas terão que percorrer um longo caminho 
até as lojas. Em áreas urbanas densamente povoadas, lojas e instalações 
provavelmente estarão a uma curta distância.
c) Áreas urbanas com elevada densidade populacional podem estimular 
a construção de sistemas de transportes mais eficientes, como sistemas 
ferroviários subterrâneos.
d) Sob o prisma das atividades econômicas, altos níveis de densidade populacional 
podem engendrar uma maior disponibilidade de capital intelectual, em virtude 
da localização mais próxima das instituições de ensino superior e maior oferta 
de oportunidades de emprego.
e) Historicamente, o aumento da população era temido por conta do aumento 
da demanda por alimentos e de uma eventual dificuldade de acesso. Contudo, 
perante a globalização, a experiência revela que os países estão cada vez mais 
interdependentes e não precisam ser autossuficientes. Assim, o acesso aos 
alimentos está muito mais condicionado aos fatores econômicos.
 
Pettinger (2017) aponta também os problemas que podem decorrer 
quando a densidade populacional de uma área é muito elevada, a saber:
 
a) Poluição: A qualidade do ar geralmente é ruim em áreas densamente 
construídas e o aumento da população torna mais difícil reduzir a poluição e 
melhorar a qualidade do ar.
b) Limite na melhoria da produtividade agrícola. Países com alta densidade 
populacional são mais propensos para a importação de alimentos.
c) Problemas ambientais: O aumento global da população é tão acentuado que 
está tendo impactos incertos na escala global. Assim, a tecnologia tem sido 
incapaz de mitigar os impactos no uso de matérias-primas e da poluição. 
d) Mobilidade: Com maiores densidades populacionais surgem grandes 
problemas de mobilidade e de transporte, a menos que existam soluções 
satisfatórias e que integrem os diferentes modais de transportes. 
e) Diminuição das áreas verdes das cidades, que afetam a qualidade de vida. Muitas 
pessoas valorizam os espaços verdes como um fator importante na qualidade de vida. 
f) Limite para novas estradas. O aumento da população leva a uma maior demanda por 
transporte. Com o aumento da construção, há espaço limitado para a nova estrada.
DICAS
Para finalizar este tópico, deixamos uma dica de vídeo no link a seguir, intitulado 
Desafios para governar metrópoles e cidades. O vídeo apresenta o ponto de vista de 
diversos especialistas que tratam da questão do planejamento urbano em áreas com elevada 
densidade populacional. 
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=4PDV4cwuNkI>. Acesso em: 9 abr. 2019.
https://www.youtube.com/watch?v=4PDV4cwuNkI
134
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
LEITURA COMPLEMENTAR
A geografia da população na sala de aula: oficina com recursos didáticos 
diversificados
INTRODUÇÃO 
Na Geografia Escolar, o estudo da população ainda é marcado pelo 
predomínio de conceitos e estatísticas que ocultam as reais condições de 
existência da sociedade e aumentam o desinteresse dos alunos pela disciplina. 
Os debates sobre as classes sociais, as diferenças culturais dos indivíduos, seus 
comportamentos e fluxos migratórios, quase sempre, são negligenciados através 
de aulas expositivas que se apoiam no livro didático como instrumento favorito 
para a memorização de conteúdos que os alunos não transformam em saber.
 
Por isso, o objetivo deste artigo é apresentar uma proposta de ensino-
aprendizagem para que a população deixe de ser tratada como algo abstrato, 
quantitativo e dissociado da vida dos estudantes. Buscamos ainda contribuir 
para superação de uma Geografia mnemônica e descritiva, que insiste em se 
fazer presente nas escolas, como obstáculo à afirmação da Geografia Crítica, já 
propalada há mais de três décadas (KAERCHER, 2007; VESENTINI, 2009).
 Partimos da hipótese de que os recursos didáticos têm papel importante 
no processo de ensino-aprendizagem, já que servem de apoio ao professor na 
mediação entre o conhecimento vivido no cotidiano e aquele construído na sala de 
aula. A metodologia adotada segue os preceitos da pesquisa-ação (MONCEAU, 
2005; TRIPP, 2005) através de uma revisão bibliográfica que foi problematizada 
na prática das visitas de planejamento e da oficina realizada na Escola São José, 
no município de Sobral/CE.
Na oficina, dados da população local foram coletados na internet e 
correlacionados às informações demográficas disponíveis nos livros didáticos. 
A partir de uma abordagem multiescalar que integrou recursos didáticos 
diversificados (livro didático, gráficos, tabelas, maquetes, coleta de dados 
na internet), a pesquisa comprovou que é possível trabalhar a Geografia da 
População de forma interessante e prazerosa e ainda fomentar várias estratégias 
de ensino-aprendizagem que despertem nos alunos a reflexão crítica sobre o 
lugar e o mundo.
Vale ressaltar que o trabalho congrega resultados das atividades do 
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), 
desenvolvido entre 2011- 2013, no Laboratório de Ensino de Geografia da 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA-CE). A seguir, apresentamos uma 
breve revisão da teoria que embasou a pesquisa-ação.
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
135
O ESTUDO DA POPULAÇÃO NAS AULAS DE GEOGRAFIA 
O estudo da população nas aulas de Geografia deve ser voltado para a 
compreensão da sociedade, considerando sua evolução, distribuição, estrutura 
econômica e diversidade sociocultural. Para tanto, é necessário considerar os dados 
demográficos e ir além destes para entender os modos de vida, a mobilidade e os 
tipos de produção que caracterizam a população na sua totalidade e diversidade.
 
Para trabalhar o tema população na sala de aula, segundo Rua (1993, p. 
145), “é necessário que se fale de ‘gente’ e não de números. Qualquer estudo 
de população tem que deixar evidentes o seu modo de vida e o seu tipo de 
produção. Se isto não for feito, a população continuará como algo abstrato e 
quantitativo”. Corroborando, Damiani (2001) e Scarlato (2001) também reforçam 
a importância da abordagem qualitativa na Geografia da População, porém sem 
deixar de lado os números e estatísticas cujas informações permitem conhecer as 
particularidades socioeconômicas da sociedade.
 O estudo da população é objeto de várias disciplinas, dentre elas a 
Geografia. Seu enfoque se direciona para as relações manifestadas entre as 
coletividades humanas e o espaço. No âmbito escolar, as orientações curriculares 
nacionais preceituam que:
 
A geografia que compõe o currículo do ensino fundamental e médio 
deve preparar o aluno para: localizar, compreender e atuar no 
mundo complexo, problematizar a realidade, formular proposição, 
reconhecer as dinâmicas existentes no espaço geográfico, pensar e 
atuar criticamente em sua realidade [...] (BRASIL, 2006, p. 43). 
Callai (1999, p. 58) também reforça os preceitos quando afirma que a 
Geografia da sala de aula:
[...] deve permitir que o aluno se perceba como participante do espaço 
que estuda, onde os fenômenos que ali ocorreram são resultados da 
vida e do trabalho dos homens e estão inseridos em um processo de 
desenvolvimento [...]. O aluno deve estar dentro daquilo que está 
estudando e não fora, deslocado e ausente daquele espaço, como é a 
Geografia que ainda é muito ensinada na escola: uma Geografia que 
trata o homem como um fato a mais na paisagem, e não como um ser 
social e histórico. 
Na perspectiva, o olhar geográfico da população deve buscar apreendê-la 
na sua diversidade e totalidade, levando os alunos a “transitarem” entre as escalas 
local-global e confrontarem as suas realidades através de dados quantitativos e 
qualitativos que se complementam.
 Os professoresde Geografia precisam estar aptos a promover leituras 
multiescalares da população por meio de construtivas situações de ensino-
aprendizagem que se ampliam e se diversificam com os avanços das pesquisas e 
publicações crescentes.
 
136
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
É preponderante que os docentes busquem a contínua formação e adequem 
sua prática às mudanças em curso na sociedade da informação. É preciso ser 
um mediador das aprendizagens (e não mais o dono do saber) que conduz o 
seu trabalho de forma a valorizar/organizar as informações trazidas pelos alunos 
para que eles desenvolvam a autonomia na construção do conhecimento.
 O professor deve buscar meios para superar problemas como o desinteresse 
dos alunos e/ou as deficiências do ambiente escolar, o que pode ocorrer com a 
utilização de recursos didáticos, tanto tradicionais, quanto modernos.
 
Nas aulas de Geografia, recursos como quadro, mapa e livro didático 
continuam sendo importantes para professores e alunos explorarem textos, 
imagens e representações que desenvolvam habilidades basilares à aprendizagem 
geográfica, tais como: observação, descrição, correlação, representação, análise e 
síntese (CALLAI, 1999).
Todavia, tais recursos, por si só, não são suficientes, como nenhum outro 
poderia ser. Cabe ao professor incorporar também recursos modernos, baseados 
nas multimídias (como o computador, internet, Datashow, lousa eletrônica, tablet 
etc.) e produzir aulas realmente desafiadoras e significativas para o aluno. Assim, 
é importante que o professor busque meios para:
Motivar e despertar o interesse dos alunos; Favorecer o 
desenvolvimento da capacidade de observação; Aproximar o aluno da 
realidade; Visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem; 
Oferecer informações e dados; Permitir a fixação da aprendizagem; 
Ilustrar noções mais abstratas; Desenvolver a experimentação concreta 
(ABENSUR, 2010, p.10).
Passini (2007, p. 103) adverte que, independentemente de serem 
tradicionais ou tecnológicos, “não são os recursos didáticos que transformam as 
aulas de reprodução em aulas de construção”. Portanto, é o direcionamento do 
professor, através do seu planejamento, que possibilitará escolher os recursos 
mais apropriados e as estratégias de acordo com os conteúdos e objetivos a serem 
alcançados na aula.
 
Acreditamos na possibilidade de aprimorar o estudo da população nas 
aulas de Geografia com o uso de recursos didáticos diversificados que permitam 
ao aluno ir além da abordagem estatístico-demográfica e incorporar a criatividade 
e a criticidade da análise qualitativa.
 
Além do uso de recursos didáticos diversificados, defende-se a sua 
construção por parte do professor e especialmente do aluno, já que tais recursos:
[...] mais do que ilustrar, têm por fim levar o aluno a trabalhar, a 
investigar, a descobrir e a construir. Assumem, assim, aspecto funcional 
e dinâmico, enriquecendo a experiência do aluno, aproximando-o da 
realidade e oferecendo oportunidade de atuação (NÉRICE, 1985, p. 
326). 
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
137
Propomos, assim, trabalhar a população, associando recursos tradicionais, 
como os dados disponíveis nas tabelas e pirâmides populacionais dos livros didáticos, 
e recursos modernos, como o computador e a internet para a captura de dados locais.
É possível coletar no portal do IBGE perfis municipais, mapas, gráficos, 
tabelas e links interessantes (como o IBGE teen), que podem fomentar o ensino-
aprendizagem da população com o enfoque sobre os lugares de vivência dos 
alunos. Na proposta, eles podem ser coautores do saber, não apenas assimilando 
o conhecimento pronto e instituído nos sites (comparando com o livro didático), 
mas permitindo recriar conceitos geográficos e metodologias de ensino a partir 
da descoberta de novas informações e recursos.
Orientados pelo professor, os alunos podem capturar na internet dados 
sobre os municípios e os distritos que fomentem o debate sobre a estrutura, 
evolução e mobilidade da população local.
Assim, os alunos podem interpretar os dados e confrontá-los com a 
realidade, observando ainda que alguns conceitos apresentados no livro didático 
(como densidade demográfica, populoso, povoado, IDH, PIB per capita) são 
médias matemáticas que nem sempre expressam a real situação das pessoas e 
dos lugares. Cavalcanti (2006, p. 20) também alerta:
 
O ensino de Geografia, assim, não deve se pautar pela descrição 
e enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e 
observáveis na sua aparência (na maioria das vezes impostos à 
“memória” dos alunos). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao 
aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas 
suas contradições. 
Embora importantes, os dados estatísticos brutos, muitas vezes, 
“camuflam” as desigualdades de classes, os conflitos e a dinâmica espacial 
da população na luta pela sobrevivência cotidiana. A interpretação e o debate 
devem ser buscados no estudo da população nas aulas de Geografia para não se 
sobrevalorizar a estatística diante da reflexão crítica sobre as relações sociais que 
resultam na produção do espaço.
 
Vale reforçar que não se defende o desprezo dos dados estatísticos 
nas aulas de Geografia. Ao contrário, entendemos que os dados, por si só, são 
representações aproximadas da realidade que contribuem para a aprendizagem 
espacial dos alunos. Os dados disponíveis nos livros didáticos, por exemplo, 
podem servir de estímulo inicial para professores e alunos complementá-los 
com pesquisas na internet, atualizá-los e compará-los com as diversas realidades 
espaciais dos fenômenos em análise.
 A culminância do trabalho com recursos didáticos diversificados pode ser 
a realização de debates sobre a distribuição da população e os fluxos migratórios, 
tendo como escalas preferenciais de representação o país, o estado, o município 
e até o bairro, onde os alunos podem relatar seus conhecimentos e experiências 
cotidianas.
138
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
Baseados nos preceitos teórico-metodológicos, planejamos e realizamos 
uma oficina com estratégias e recursos didáticos diversificados para trabalhar a 
população nas aulas de Geografia.
 
DA TEORIA À AÇÃO: OFICINA DE RECURSOS DIDÁTICOS 
DIVERSIFICADOS 
Um dos principais objetivos do PIBID/CAPES é contribuir para a 
articulação teoria prática na formação de professores. É imprescindível aos 
bolsistas a aproximação do cotidiano escolar, o engajamento no planejamento e 
em atividades pedagógicas que aperfeiçoem o processo de ensino-aprendizagem. 
A escola é o espaço da ação do PIBID, o “laboratório social” onde a teoria e a 
prática (maturadas na universidade) se fecundam para a construção da futura 
práxis docente.
 
De tal modo, a escola também é campo e objeto da pesquisa-ação, ou 
seja, de “toda tentativa continuada, sistemática e empiricamente fundamentada 
de aprimorar a prática” (TRIPP, 2005, p. 443). Seguindo a acepção, adotamos, 
nas atividades do PIBID/Geografia da UVA, o método da pesquisa-ação para 
investigar-intervir em uma situação do ensino de Geografia de uma escola de 
Sobral.
 Antes de apresentarmos a escola, vale destacar a advertência de Monceau 
(2005, p. 469) de que, embora guardem particularidades, “pesquisa-ação e 
pesquisa-intervenção necessariamente não se excluem”.
 
A escola escolhida para ação-intervenção foi a São José, em Sobral, onde 
são oferecidas as modalidades de ensino fundamental e médio. Localizada no 
bairro Dom Expedito, a unidade de ensino possui amplo espaço físico, boa 
infraestrutura e eficiente gestão pedagógica que facilitaram o planejamento e a 
realização das oficinas sobre a utilização SIDRA, o banco de dados demográficos 
do portal do IBGE.
O laboratório de informática, por exemplo, conta com vinte e três 
computadores ligados à internet e ainda há na escola o projeto de nome “Um 
Computador por Aluno (UCA)”, que distribui laptops com acesso wi-fi paracada discente usar sob a orientação dos professores, tanto nas aulas, quanto em 
pesquisas direcionadas.
As oficinas foram realizadas em duas turmas do 7º ano do Ensino 
Fundamental, com acompanhamento do professor de Geografia que, em 
entrevista, afirmou ter dificuldades de ensinar o tema população devido ao 
predomínio da abordagem quantitativa nos livros didáticos e da falta de tempo 
para pesquisar outros recursos e metodologias.
 
Quando indagado sobre como trabalhava a temática nas suas aulas, ele 
assim se pronunciou:
 
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
139
As populações, particularmente, acham um pouco complicado 
trabalhar porque são muitos números, mas, como disse, o livro 
didático possui boa qualidade e ajuda muito. O livro possui boas 
informações, não todas, é claro. Por isso, quando posso, procuro outras 
fontes nos atlas do IBGE, na internet, em jornais e revistas. Depois de 
ter conhecido os materiais, levo para os alunos pesquisarem e depois 
realizo seminários, discussões e avaliações. Nós temos dificuldades de 
encontrar como trabalhar população e outros conteúdos nas aulas de 
Geografia, por conta do tempo e das tarefas.
O depoimento é revelador, não só da pertinência da temática e da ação 
proposta na oficina, mas também da confluência de esforços tanto da parte do 
docente, quanto da universidade, através de programas inovadores como o 
PIBID. O mesmo professor reconhece:
 
Acho interessante e valioso o que vocês estão fazendo porque as 
instituições responsáveis pelas escolas não se preocupam em fazer 
esses trabalhos, quando temos projetos é muito rápido, em uma 
semana terminamos. Contudo, o PIBID vai estar conosco por dois anos 
e já apresenta bons resultados. Os meninos na sala falam das oficinas 
de vocês, das maquetes, internet, vídeos e imagens fotográficas. 
Aprendem de uma forma divertida, inclusive os alunos levam para as 
aulas os conhecimentos adquiridos nas oficinas e, sem dúvidas, para 
casa.
 A boa recepção do professor e da escola facilitou o planejamento coletivo 
da oficina, integrando uma sondagem prévia dos alunos e a discussão das 
estratégias de ensino com o docente entrevistado. Na pesquisa exploratória, não 
foi difícil perceber que a população era um conteúdo já abordado nas turmas. 
Contudo, os alunos demonstraram ter sido guiados só pelo livro didático e não 
conseguiram estabelecer relações com a realidade local.
Propomos, então, a consulta à internet para a coleta de dados sobre Sobral, 
os distritos e municípios adjacentes.
 
Os canais temáticos IBGE teen (para adolescentes) e IBGE 7 a 12 chamaram 
muito a atenção dos alunos pelas cores e conteúdos elaborados para as faixas 
etárias específicas. O SIDRA foi outra ferramenta trabalhada, pois permite a coleta 
de dados agregados, de forma rápida e eficiente, através de tabelas, gráficos e 
cartogramas. Diante das muitas informações disponíveis, o desafio posterior foi 
sistematizá-las de modo prático e ágil para a próxima aula.
 Para manuseio do SIDRA, é necessário ao professor um conhecimento 
prévio do seu funcionamento, das tabelas disponíveis, o que não é difícil, pois 
existem muitos tutoriais explicativos. Nosso roteiro de pesquisas no SIDRA foi 
o seguinte: na tela inicial, optamos por iniciar a busca pelo território e não pelo 
tema de pesquisa. Selecionamos a unidade territorial de A – Z, clicando na aba 
município. Uma série de tabelas com dados de Sobral apareceu e clicamos na de 
número 200 que corresponde à “População por sexo, situação por grupo de idade 
– amostra – características gerais da população”. Os alunos puderam, então, 
capturar dados do município referentes aos Censos Demográficos de 2000 e 2010.
 
140
UNIDADE 2 | O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA
As informações mais atualizadas do SIDRA foram um chamativo aos 
alunos para a comparação com os gráficos e tabelas disponíveis no livro didático. 
Listamos alguns parâmetros para observação, tais como: crescimento, distribuição 
espacial e diferenças socioeconômicas. O objetivo era que os alunos fizessem uma 
análise mais objetiva da situação de Sobral em relação à população do país e do 
mundo.
Além da análise comparativa, iniciamos, na terceira aula, um debate sobre 
o que os dados revelavam da população de Sobral, a partir de questões colocadas 
na lousa: Sobral é um município populoso? É povoado? Quando comparado 
à Fortaleza e São Paulo, como se apresenta? Quais as áreas mais adensadas 
de Sobral? São as melhores para se morar? Quem mora nas áreas? As taxas de 
natalidade e mortalidade indicam boa qualidade de vida em Sobral? A população 
cresce com a imigração? Conhecem amigos ou parentes que emigraram de Sobral? 
E os imigrantes, de onde vêm? O que buscam na cidade?
Os alunos eufóricos respondiam, ao mesmo tempo, as indagações do 
mediador da oficina, fazendo associações entre os conteúdos do livro didático 
e aqueles coletados na internet. O debate rendeu bons momentos de interação/
reflexão, sobressaindo-se algumas questões: A população cresce com a imigração? 
Conhecem amigos ou parentes que emigraram de Sobral? E os imigrantes, de 
onde vêm?
Essas questões tiveram repercussão porque grande parcela dos alunos 
conhecia pessoas que migraram para grandes centros urbanos no Brasil e muitos 
deles eram filhos de imigrantes que vieram de municípios circunvizinhos para 
Sobral em busca de emprego e melhoria de vida.
 
Após o debate, partimos para a culminância da oficina, para o trabalho 
com outros recursos didáticos que contribuíssem para a assimilação ativa dos 
conteúdos e para desenvolver outras habilidades dos próprios alunos. Pedimos 
que pesquisassem com familiares e nas associações dos seus bairros fotografias, 
recortes de jornais e documentos que resgatassem um pouco da história local, do 
processo de povoamento e expansão. Também poderiam fazer vídeos curtos com 
entrevistas e fotos sobre a ocupação atual.
 
No último encontro, os alunos motivados com as atividades propostas 
trouxeram vídeos e fotos que foram impressas no laboratório da escola para 
ilustrar os cartazes produzidos por eles mesmos nos minutos iniciais da última 
aula. Os trabalhos expostos no quadro foram apresentados pelos grupos e 
revelavam, tanto pelas imagens, quanto pelos dados exibidos, vários contrastes 
sociais nos bairros de Sobral, demonstrando problemas como a desaceleração 
do crescimento da população, a segregação socioespacial, a nova dinâmica dos 
fluxos migratórios (tais como migrações intermunicipais e de retorno), a ocupação 
desordenada etc.
TÓPICO 3 | A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL
141
A abordagem multiescalar entre o município, o país e o mundo permitiu 
ao aluno entender como o local participa do nacional e do global, muitas vezes, 
reproduzindo ou ampliando as suas contradições. Daí o porquê de Milton Santos 
(1996, p. 252) afirmar categoricamente: “cada lugar é, da sua maneira, o mundo”.
 
Assim, são sujeitos e objetos de uma Geografia viva que também precisa 
ser ativa na escola, para que esta, de fato, amplie o conhecimento do mundo e 
contribua para a cidadania.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
A experiência do PIBID demonstra que a parceria universidade-escola 
é importante e pode produzir novos saberes e fazeres que facilitem o processo 
de ensino-aprendizagem. A pesquisa-ação sobre recursos didáticos é uma 
das estratégias possíveis para ampliar a parceria e melhorar a formação de 
professores e dos estudantes da Educação Básica. Na oficina realizada, avaliamos 
o papel dos recursos didáticos no estudo da população nas aulas de Geografia. 
Constatamos que servem de mediadores da relação teoria-prática e, quando 
diversificados, servem também para desenvolver diferentes capacidades - 
cognitivas, procedimentais e atitudinais.
 
Portanto, concluímos que é preciso diversificar os recursos e estratégias 
para ensinar a população nas aulas de Geografia, valendo-se não apenas do 
livro didático, da exposição oral e da resolução de exercícios,mas também de 
vídeos, fotografias, músicas, jogos, pesquisas na internet e outras multimídias 
que propiciem ao aluno explorar, de forma criativa e prazerosa, outras formas de 
conhecimento e de vivência do mundo.
FONTE: BARROS, Antonia M.; DE ASSIS, Lenilton Francisco. O ensino-aprendizagem da 
população na geografia escolar: oficina com recursos didáticos diversificados. Geosaberes, v. 6, 
n. 11, p. 1-2, 2015.
142
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O estudo da geografia da população revela que, desde o início das civilizações, 
as pessoas ocuparam e se distribuíram de forma desigual sobre a superfície do 
planeta.
• É pertinente analisar a população sob o prisma de diferentes escalas: local, 
regional e global. 
• O termo distribuição da população refere-se ao arranjo de locais na superfície 
da terra onde as pessoas vivem.
• Quase 90% de todas as pessoas vivem ao norte do equador. Apenas 10% vive 
no hemisfério sul.
• Muitas pessoas vivem em cerca de 5% das terras, e quase 9% com menos de 
20%.
• A maioria das pessoas vive em áreas próximas ao nível do mar. Quanto maior 
a altitude, menor o número de habitantes.
• Dois terços da população mundial concentram-se em um raio de 480 km do 
oceano. Muitos que vivem no interior se estabelecem nos vales dos rios.
• Na atualidade, a intensificação do processo de urbanização é a maior 
responsável pelas grandes aglomerações populacionais.
• As razões para a distribuição desigual da população podem ser divididas em 
duas grandes categorias: física e humana.
• Dois terços da população mundial concentram-se em quatro regiões, a saber: 
leste da Ásia, sul da Ásia, sudeste da Ásia e Europa Ocidental.
143
1 Ao contrário do que alguns imaginaram, o grande problema demográfico do 
século XXI não é o crescimento, nem o número total de habitantes do nosso 
planeta. Assinale o item que não corresponde aos desafios demográficos do 
século XXI:
a) ( ) O rápido envelhecimento da população em geral, principalmente nos 
países mais desenvolvidos.
b) ( ) As migrações em massa de regiões ou países ricos para aqueles 
subdesenvolvidos pré-industriais.
c) ( ) A recente expansão da obesidade.
d) ( ) Os diversos tipos de preconceitos étnicos, culturais e outros.
e) ( ) A fome ou subnutrição de uma significativa parcela da população 
mundial.
2 No mundo, estima-se que metade da população viva em aglomerados 
urbanos. Já são 17 cidades, ao todo, com mais de 10 milhões de habitantes. 
As características da urbanização fazem com que o processo seja um gerador 
de problemas ambientais e um problema ambiental em si:
Porque 
A urbanização cria não apenas novas paisagens, mas novos ecossistemas, 
dependendo de grandes áreas externas para obtenção de energia, alimentos, 
água e outros materiais. Em relação às asserções, assinale a opção correta.
 
a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira. 
b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma 
justificativa correta da primeira.
c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma 
proposição falsa. 
d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma 
proposição verdadeira. 
e) ( ) As duas asserções são proposições falsas.
3 Atualmente, o crescimento demográfico mundial tem sido acompanhado 
pela expansão de grandes cidades. Acerca do assunto, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Metade da população mundial vive no sul da Ásia, incluindo Índia, 
Paquistão, Bangladesh e a ilha do Sri Lanka.
b) ( ) Um terço dos europeus reside na Holanda, importante polo náutico e 
econômico da Europa.
AUTOATIVIDADE
144
c) ( ) Mais de um quinto da população mundial vive no sul da Ásia, incluindo 
Índia, Paquistão, Bangladesh e a ilha do Sri Lanka. 
d) ( ) Um quarto da população mundial situa-se na América Latina, tendo em 
vista o clima ameno e agradável encontrado na região. 
4 O envelhecimento da população está modificando as características da 
população da Europa. As pessoas com mais de 60 anos deverão chegar, nas 
próximas décadas, a 30% da população. A população está cada vez mais 
velha devido aos diversos avanços da medicina e da ciência, que trabalham 
em conjunto para um bem-estar diário.
Isso ocorre em função do:
a) ( ) Aumento da longevidade e do crescimento vegetativo.
b) ( ) Aumento da natalidade e diminuição da longevidade.
c) ( ) Crescimento vegetativo e aumento da taxa de natalidade.
d) ( ) Declínio da taxa de mortalidade e diminuição da longevidade.
e) ( ) Declínio da taxa de natalidade e aumento da longevidade.
145
UNIDADE 3
TEMAS EMERGENTES NOS 
ESTUDOS DA GEOGRAFIA 
DA POPULAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• reconhecer aspectos relevantes sobre os fenômenos migratórios na atuali-
dade;
• conhecer aspectos centrais do fenômeno da emigração dos brasileiros; 
• compreender as implicações do envelhecimento populacional nos planos 
econômico e social;
• entender as implicações geográficas atreladas ao problema da fome mun-
dial.
Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada tópico 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
TÓPICO 2 – A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
TÓPICO 3 – DESAFIOS PARA A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO: 
O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO 
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
146
147
TÓPICO 1
O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Os deslocamentos populacionais na atualidade são complexos e envolvem 
distintos fatores em sua composição. Precisamos procurar entender como se 
engendram os fluxos populacionais na atualidade, almejando desvendar quais 
elementos estimulam a saída dos residentes de uma localidade e quais, por sua 
vez, atuam como atrativos de novos moradores.
Assim, o objetivo inicial deste tópico é desvendar os principais fatores 
econômicos, culturais e ambientais que interferem na dinâmica. Na sequência, 
serão apresentados e analisados fatos relevantes sobre o panorama das migrações 
na atualidade. 
2 A QUESTÃO DOS MOVIMENTOS POPULACIONAIS
As pessoas mudam de um lugar para outro constantemente, geralmente 
dentro de um recorte espacial relativamente pequeno. Por exemplo, as pessoas 
movem-se de casa para o trabalho, para centros comerciais, escolas ou centros 
recreativos e religiosos. Determinado tipo de movimento repetitivo e que 
ocorre dentro de um curto prazo e em certa regularidade, de maneira geral, 
pode ser chamado de circulação. Conforme vimos na unidade anterior, alguns 
dos movimentos podem receber denominações específicas, como é o caso dos 
movimentos pendulares. A migração é um tipo diferente de movimento porque 
envolve uma mudança permanente (ou de longo prazo) para um novo local, seja 
dentro de um mesmo país ou de um país para outro.
 
Wood (2012) recorda que a migração produz mudanças importantes na 
vida dos indivíduos e para as regiões onde eles mudam. Observa-se que quando as 
realocações ocorrem além das fronteiras de um único país, elas afetam as estruturas 
populacionais de ambas as áreas de origem e de destino, tornando-se, assim, objeto 
de estudo da geografia. Contudo, quais seriam as principais razões para a migração?
Para começar, é necessário distinguir que a migração pode ser forçada ou 
voluntária. Um exemplo de migração involuntária foi o transporte forçado de 10 
milhões de africanos para o hemisfério ocidental como escravos a partir do século 
XVI. Outro exemplo seria o deslocamento ocorrido em 1990, quando os soldados 
sérvios forçaram os albaneses étnicos a fugir de suas casas em Kosovo (WOOD, 
2012).
 
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
148
 Sob o ponto de vista das migrações que não são forçadas, existem 
inúmeras razões pelas quais as pessoas migram voluntárias, mas a maioria delas 
é econômica (WOOD,2012). De acordo com Wood (2012), existem alguns fatores 
que “repelem”, isto é, tendem a estimular a saída de pessoas de um determinado 
local, além de fatores que “puxam”, ou seja, atraem movimentos populacionais.
 
Vamos examinar alguns dos fatores, acompanhe:
a) Fatores econômicos
As pessoas costumam pensar em deixar lugares que têm poucas 
oportunidades de emprego para imigrar para lugares onde os empregos estão 
disponíveis. A oportunidade está nos olhos de quem vê, pois pode não existir na 
realidade (WOOD, 2012). 
Acerca do ponto ressaltado por Wood (2012), é pertinente ressaltar que, 
para além das condições concretas que tendem a fomentar o deslocamento de 
pessoas para trabalhar, tais como a presença de uma base industrial sólida ou 
pujança no setor de serviços, devemos reconhecer que se criam percepções e 
cenários imaginados e, às vezes, idealizados sobre o local para onde se objetiva 
migrar. Para que as “promessas imaginárias” que foram criadas se cumpram, 
vários fatores irão interferir, tais como a disponibilidade ou não do migrante de 
aceitar um determinado tipo de emprego, o nível de capacitação requerido para 
o trabalho versus o grau de instrução disponível, a capacidade de adaptação ao 
novo ambiente etc.
 
Ainda, para ilustrar, agricultores podem ser expulsos de suas terras por 
causa de seca e podem decidir construir e seguir com as suas vidas nas cidades 
vizinhas. A atração das cidades pode ser reforçada pelo crescimento industrial e 
pelos empregos que acompanham. Mesmo que não haja empregos suficientes, 
os fatores de atração podem ser tão fortes que os migrantes têm um pequeno 
incentivo para retornar às fazendas (WOOD, 2012).
Em relação às migrações motivadas por busca de oportunidades de 
trabalho no plano internacional, um estudo da Organização Internacional do 
Trabalho (2008, p. 1) realça que: 
A migração internacional, ou seja, o fluxo de mulheres e homens que 
se deslocam de um país à procura de um trabalho digno e de melhores 
condições de vida, sempre aconteceu ao longo da História. Contudo, 
no início do século XXI, a migração tornou-se um dos temas mundiais 
de primeiro plano, passando a ocupar um lugar de topo na agenda 
política a nível nacional, regional e internacional. Quase todos os 
países são afetados pela migração, como países de origem, de trânsito 
ou de destino e, frequentemente, pela conjugação das três situações. 
No atual mundo globalizado, as forças motrizes da migração são as 
disparidades de rendimentos e de riqueza, as oportunidades de um 
trabalho digno, a segurança humana, as tendências demográficas e as 
redes sociais.
 
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
149
Complementando, o mesmo estudo salienta que: 
A migração para fins de emprego pode contribuir para o 
desenvolvimento dos países de origem, graças à remessa de fundos, à 
migração de retorno e ao empenho das comunidades transnacionais (a 
diáspora). Os migrantes que regressam aos países de origem trazem de 
volta capital humano, capital financeiro (as suas poupanças) e capital 
social (contatos e acesso a redes). O regresso de migrantes, tal como a 
diáspora, facilita o desenvolvimento de novos mercados, a criação de 
laços comerciais (entre países de origem e de destino), a transferência 
de tecnologia e as reformas econômicas e políticas nos países de origem 
(ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2008, p. 1).
Verificamos, então, que os fatores econômicos de atração e de “repulsa” 
existem em todas as escalas, do local ao global. As pessoas não só se movem de 
um continente ou país para outro. Também se movem entre regiões dentro de 
países e até mesmo entre bairros de uma cidade. Assim, os fatores econômicos 
ajudam a explicar o movimento mundial geral de pessoas das áreas rurais para 
as urbanas durante os séculos XIX e XX (WOOD, 2012).
 
Para exemplificar o processo, observe a imagem a seguir, de trabalhadores 
migrantes empregados em Dubai.
FONTE: <https://www.migrationpolicy.org/article/labor-migration-united-arab-emirates-
challenges-and-responses>. Acesso em: 2 jan. 2019.
FIGURA 1 – TRABALHADORES MIGRANTES EM DUBAI: ÍNDIA, BANGLADESH E PAQUISTÃO SÃO 
OS PRINCIPAIS PAÍSES DE ORIGEM DOS TRABALHADORES MIGRANTES TEMPORÁRIOS NOS 
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
https://www.migrationpolicy.org/article/labor-migration-united-arab-emirates-challenges-and-responses
https://www.migrationpolicy.org/article/labor-migration-united-arab-emirates-challenges-and-responses
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
150
Leia o fragmento de notícia selecionado e exposto a seguir, que discorre 
sobre os motivos que estimulam o deslocamento de pessoas para o trabalho nos 
arredores de Dubai:
IMPORTANT
E
Migração de trabalho nos Emirados Árabes Unidos: desafios e respostas
Froilan T. Malit Jr. e Ali Al Youha
Nas últimas décadas, os Emirados Árabes Unidos (EAU) (um dos países ricos em petróleo 
mais proeminentes do mundo) tornaram-se um destino popular para os trabalhadores 
temporários que procuram oportunidades de emprego e melhores padrões de vida. Em 
2013, os Emirados Árabes Unidos tinham o quinto maior estoque migrante internacional do 
mundo, com 7,8 milhões de migrantes (de uma população total de 9,2 milhões), de acordo 
com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com os imigrantes, que vêm particularmente da Índia, Bangladesh e Paquistão compreendendo 
mais de 90% da força de trabalho privada do país, os Emirados Árabes atraem migrantes de 
baixa e de alta qualificação devido à atratividade econômica, relativa estabilidade política e 
infraestrutura moderna.
 
Fortemente dependente de mão de obra estrangeira para sustentar o crescimento econômico 
e o alto padrão de vida no país, o governo dos Emirados Árabes Unidos introduziu, em 1971, 
um programa temporário de trabalhadores convidados chamado Sistema de Patrocínio Kafala, 
que permite que pessoas físicas nacionais, expatriados e empresas, contratem trabalhadores 
migrantes. O sistema Kafala colocou uma série de desafios para os formuladores de políticas 
dos EAU, tanto no plano nacional quanto aos olhos dos espectadores internacionais.
 
O principal deles é garantir oportunidades econômicas para os cidadãos dos Emirados Árabes 
Unidos, além de procurar superar as lacunas das políticas públicas a fim de assegurar que os 
migrantes não sejam vítimas de abusos trabalhistas e de direitos humanos nos Emirados 
Árabes Unidos.
 
Nos últimos anos, o governo dos Emirados Árabes Unidos reformou substancialmente 
suas leis para tratar das preocupações daqueles que condenam o sistema Kafala por expor 
trabalhadores migrantes, especialmente trabalhadores domésticos, à práticas abusivas. 
Apesar dos esforços, as organizações de direitos humanos e de imigrantes afirmam que 
práticas trabalhistas abusivas ainda persistem. 
FONTE: MIGRATION POLICY INSTITUTE. Migração de trabalho nos Emirados Árabes 
Unidos: desafios e respostas. 2013. Disponível em: <https://www.migrationpolicy.org/article/
labor-migration-united-arab-emirates-challenges-and-responses>. Acesso em: 2 jan. 2019.
https://www.migrationpolicy.org/article/labor-migration-united-arab-emirates-challenges-and-responses
https://www.migrationpolicy.org/article/labor-migration-united-arab-emirates-challenges-and-responses
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
151
b) Fatores culturais 
Os fatores culturais são importantes responsáveis por engendrar 
migrações involuntárias. Exemplo foram as milhões de pessoas enviadas para 
outros países como escravos ou como prisioneiros, como aconteceu da África 
às Américas durante os séculos XVII, XVIII e XIX. Em tempos mais recentes, 
refugiados foram forçados a migrar de suas casas e não podem retornar por 
medo de perseguição por causa de sua religião, raça, nacionalidade ou opiniões 
políticas (WOOD, 2012).
Exemplos dos movimentos populacionais desencadeados por fatores 
culturais na atualidade são os palestinos e afegãos. Segundo Wood (2012), 
refugiados doAfeganistão fugiram da prolongada guerra civil que começou 
quando a União Soviética invadiu o país em 1979.
 
Observe, no gráfico a seguir, os principais destinos que os afegãos 
enfrentaram em 2017: 
GRÁFICO 1 – FLUXO DE REFUGIADOS E SOLICITANTES DE REFÚGIO
FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-e-para-onde-
v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU>. Acesso em: 2 jan. 2019.
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-e-para-onde-v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-e-para-onde-v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
152
IMPORTANT
E
Você se recorda qual o significado da expressão refugiado? Vamos 
recapitular?
Refugiado: O termo se aplica a todo aquele que foge de seu país de origem alegando 
“fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo 
social ou opiniões políticas”, em situações nas quais “não possa ou não queira regressar”, 
com determinadas formas de proteção de acordo com convenções da ONU. No Brasil, o 
refúgio também pode ser aplicado em casos de “graves e generalizadas violações de direitos 
humanos”. A categoria inclui também pessoas em situação “semelhante à de refugiado”, ou 
seja, que enfrentam riscos fora de seu país, mas cujo status como refugiado ainda é incerto.
Solicitante de refúgio: Consiste na pessoa que ingressou em um país e solicitou 
legalmente refúgio, mas ainda não recebeu uma resposta de seu pedido. 
 
FONTE: NEXO JORNAL. De onde saem (e para onde vão) os refugiados segundo a ONU. 
2018. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-
e-para-onde-v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU>. Acesso em: 2 jan. 2019.
Em relação aos fatores culturais que interferem nas dinâmicas de migração, 
verifica-se que a maioria das migrações tem sido baseada na religião. É o caso, 
por exemplo, segundo Wood (2012), dos muçulmanos que migraram o recém-
criado país do Paquistão e outras áreas muçulmanas da Índia, e dos hindus que 
migraram para fora das áreas muçulmanas.
 
Ainda, os fatores de ordem cultural envolvem também as mudanças de 
política e as formas de controle do governo, que podem ser consideradas mais 
ou menos atrativas para a população e, assim, sendo capazes de estimular fluxos 
populacionais.
c) Fatores ambientais
Como as comunicações e o transporte melhoraram durante o século XX 
e início do século XXI, quando possível, as pessoas preferem e optam por morar 
em ambientes mais agradáveis. Como exemplo, mencionamos os adensamentos 
populacionais que se formaram próximos às regiões litorâneas ou próximos a áreas 
que oferecem conforto térmico, como as montanhas e belas paisagens. Assim, é 
possível identificar alguns fatores ambientais que interferem na mobilidade das 
populações, a saber: 
Clima: A maioria das áreas esparsamente povoadas do mundo tem 
climas desagradáveis e inabitáveis de seres humanos, incluindo frio extremo, 
calor ou seca. Embora os seres humanos sejam notavelmente adaptáveis em sua 
capacidade de viver em uma grande variedade de climas, geralmente preferem 
os trópicos úmidos e subtropicais ou latitudes médias (WOOD, 2012).
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-e-para-onde-v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU
https://www.nexojornal.com.br/grafico/2018/06/25/De-onde-saem-e-para-onde-v%C3%A3o-os-refugiados-segundo-a-ONU
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
153
FIGURA 2 – IMAGEM DA CIDADE DE INNSBRUCK, SITUADA NA ÁUSTRIA
FIGURA 3 – CAMPOS DO JORDÃO - SP
FONTE: <https://www.bedooin.com/en/innsbruck-tirol-austria.html>. Acesso em: 2 jan. 2019.
FONTE: <https://www.booking.com/hotel/br/casa-lake-view-2-campos-do-jordao.pt-br.html>. 
Acesso em: 2 jan. 2019.
Elevações: A maioria das regiões de povoações dispersas em latitudes 
médias e altas são elevações onde o clima tende a ser mais frio. No entanto, os 
habitantes dos trópicos muitas vezes preferem viver em altitudes mais elevadas, 
onde vales e bacias montanhosas proporcionam refúgios de calor excessivo 
(WOOD, 2012). Ocorre também, no caso de países quentes, a formação de áreas 
nas quais situam-se residências de lazer na montanha, que funcionam como uma 
segunda residência e um local para as famílias se deslocarem aos fins de semana 
ou no período de férias, como em Campos do Jordão, SP.
https://www.bedooin.com/en/innsbruck-tirol-austria.html
https://www.booking.com/hotel/br/casa-lake-view-2-campos-do-jordao.pt-br.html
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
154
Litoral: As pessoas se instalam ou se aproximam do litoral na maior parte 
da costa da Europa, da Ásia, da Austrália e da América do Sul, onde as principais 
cidades se agrupam em torno da borda de cada continente. Na Austrália, metade 
da população total vive em apenas cinco cidades portuárias e a maioria das 
pessoas vive em áreas costeiras próximas (WOOD, 2012). Grandes partes do 
interior da América do Sul são formadas por planícies secas, ou pampas, e a 
maioria das cidades está localizada ao longo da costa, em parte, porque muitas 
foram fundadas pelos espanhóis e portugueses orientados para a exportação 
durante o período colonial (WOOD, 2012).
FIGURA 4 – IMAGEM DA CIDADE DE GOLD COAST, NA COSTA LITORÂNEA DA AUSTRÁLIA
FONTE: <http://abre.ai/SBy>. Acesso em: 2 jan. 2019.
Doenças/epidemias: Embora a medicina moderna tenha alterado tais 
fatores de forma significativa, historicamente a doença tem afetado as escolhas 
de migração dos seres humanos. Por exemplo, após a queda do Império Romano 
Antigo, a Itália e outras áreas da região do Mediterrâneo foram expressivamente 
despovoadas por uma epidemia de malária (WOOD, 2012). As doenças em 
animais podem afetar as escolhas humanas de colonização, como a doença 
do sono, que ataca as vacas (mas não os humanos) na África Oriental. Como 
as pessoas dependem pesadamente de gado para o sustento, tribos inteiras 
migraram para longe das áreas infestadas, deixando-as despovoadas ao longo da 
história (WOOD, 2012).
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
155
3 FATOS RELEVANTES SOBRE O PANORAMA DAS 
MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS NA ATUALIDADE
No mundo cada vez mais interconectado de hoje, a migração internacional 
tornou-se uma realidade que toca quase todos os cantos do globo. O transporte 
moderno se tornou mais fácil, mais barato e mais rápido para as pessoas se 
deslocarem em busca de emprego, oportunidade, educação e qualidade de vida. 
No mesmo tempo, o conflito, a pobreza, a desigualdade e a falta de meios de vida 
sustentáveis obrigam o cidadão a deixar suas casas para buscar um futuro melhor 
para si e suas famílias no exterior (UNITED NATIONS, 2017). Na sequência, 
destacamos os principais fatos evidenciados pelo Relatório Internacional de 
Migração de 2017 - UNITED NATIONS, 2017.
• O número de migrantes internacionais em todo o mundo continuou a crescer 
velozmente nos últimos anos, atingindo 258 milhões em 2017, ultrapassando 
os 220 milhões em 2010 e 173 milhões em 2000. 
• Mais de 60% de todos os migrantes internacionais vivem na Ásia (80 milhões) 
ou na Europa (78 milhões). A América do Norte ocupou o terceiro lugar no 
maior número de migrantes internacionais (58 milhões), seguido de África 
(25 milhões), América Latina e Caribe (10 milhões) e Oceania (8 milhões). 
• Em 2017, dois terços (67 por cento) de todos migrantes internacionais 
viviam em apenas vinte países. O país que concentra a maior quantidade 
de migrantes internacionais é o Estados Unidos, chegando a 50 milhões 
de migrantes. Arábia Saudita, Alemanha e Rússia ocuparam o segundo, 
terceiro e quarto (respectivamente) maior número de migrantes em todo o 
mundo (cerca de 12 milhões cada um). Após, temos Reino Unido da Grande 
Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (quase 9 milhões). 
• Em 2016, o número total de refugiados e solicitantes de asilo no mundo 
foi estimado em 25,9 milhões. A Turquiarecebeu a maior população de 
refugiados em todo o mundo, com 3,1 milhões de refugiados e solicitantes 
de asilo (asilados). Após, temos Jordânia (2,9 milhões), o Estado Palestina 
(2,2 milhões), Líbano (1,6 milhão) e Paquistão (1,4 milhões). Um solicitante 
de asilo é uma pessoa que foge de seu país de origem, entra em outro país e 
solicita asilo, ou seja, o direito à proteção internacional. Uma pessoa se torna 
um requerente de asilo fazendo um pedido formal de direito de permanecer 
em outro país e mantém o status até que o pedido seja concluído. 
• Em 2017, dos 258 milhões de migrantes internacionais em todo o mundo, 
106 milhões nasceram na Ásia. A Europa foi a região de nascimento do 
segundo maior número de migrantes (61 milhões). Em seguida, temos a 
América Latina e Caribe (38 milhões) e África (36 milhões).
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
156
• Em 2017, a Índia foi o maior país de origem dos migrantes internacionais 
(17 milhões), seguido de México (13 milhões). Outros países de origem com 
grandes populações migrantes incluem Rússia (11 milhões), China (10 milhões), 
Bangladesh (7 milhões), Síria (7 milhões) e Paquistão e Ucrânia (6 milhões cada). 
• As mulheres compõem pouco menos da metade de todos migrantes 
internacionais. A participação das mulheres migrantes caiu de 49% em 2000 
para 48% em 2017. Ainda, as mulheres migrantes superam os migrantes 
masculinos na Europa, América do Norte, Oceania e América Latina e 
Caribe, enquanto na África e na Ásia, particularmente, e Ásia Ocidental, os 
migrantes são predominantemente homens.
• Em 2017, a idade média dos migrantes internacionais em todo o mundo foi 
de 39 anos, um discreto aumento em relação aos 38 anos, média registrada 
em 2000. Contudo, em algumas regiões, a população de migrantes está 
se tornando mais jovem. Entre 2000 e 2017, a idade média dos migrantes 
internacionais diminuiu na Ásia, América Latina e Caribe e Oceania. 
• Entre 2000 e 2015, o saldo positivo das migrações contribuiu para 42 por 
cento do crescimento da população na América do Norte e 31% em Oceania. 
Na Europa, em vez de crescer dois por cento, o tamanho da população teria 
caído um por cento na ausência do fluxo de migrantes.
FONTE: UNITED NATIONS. International migration report. 2017. Disponível em: <http://
www.un.org/en/development/desa/population/migration/publications/migrationreport/docs/
MigrationReport2017_Highlights.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2018.
Diante dos apontamentos, propomos uma reflexão que relaciona a questão 
das migrações com o modelo de desenvolvimento, acompanhe:
IMPORTANT
E
Refugiados: uma situação que reflete o modelo de desenvolvimento de uma 
humanidade adoecida
Século XXI em andamento. O que, em princípio, seria um período a evocar um status ‘positivo’ 
de modernidade, revela um momento histórico em que lacunas cíclicas de humanização 
são refletidas na quantidade de refugiados pelo planeta. Segundo o Alto Comissariado das 
Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), ultrapassam 20 milhões de pessoas (refugiados e 
solicitantes de refúgio) e mais de 36,6 milhões de deslocados internos. 
A mola propulsora do quadro desagregador continua sendo conflitos, guerras e o avanço de 
extremos climáticos. Tudo é reflexo do Antropoceno, que escancara as “limitações” de nós, 
seres humanos, no que se refere às relações entre nós e com o meio ambiente. Em 20 de 
junho, Dia Mundial dos Refugiados, se reforça, nesta data simbólica, mais uma oportunidade de 
repensar a forma de sermos agentes ativos na mudança da engrenagem de vida no planeta.
http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2017_Highlights.pdf
http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2017_Highlights.pdf
http://www.un.org/en/development/desa/population/migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2017_Highlights.pdf
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
157
A abertura das nações para receber os cidadãos(ãs) fica cada vez mais delicada, pois 
envolve configurações culturais, socioeconômicas e políticas. Aqui, no Brasil, passamos 
pela experiência no que tange, por exemplo, aos haitianos, sírios e venezuelanos, entre 
outros povos. Segundo o governo brasileiro, em 2017, existiam no país 10.141 refugiados, 
provenientes de 80 países e mais de 30 mil pedidos a serem analisados pelo Comitê Nacional 
para os Refugiados (Conare). Estamos em 2018, e o processo é ascendente.
Ao mesmo tempo, os imensos campos de refugiados pelo mundo são o retrato de um cenário 
que tende a se agravar. Como não se impactar ao ver a situação em Dadaab, no Quênia, 
que abriga principalmente refugiados da guerra civil da Somália. São praticamente 500 mil 
pessoas. Por mais de uma vez, já foi anunciado que iria ser fechado. Ou então, observar 
o campo de Dollo Ado, na Etiópia, e Kakuma, também no Quênia e Jabalia, na Faixa de 
Gaza (Palestina). São crianças, adultos e idosos que se veem praticamente exilados da “vida”, 
em um processo de resiliência que é difícil de mensurar.
Quando vimos a situação das populações de países insulares, com o aumento do nível do 
mar; ou em nações, nas quais a seca provoca um êxodo cada vez maior, percebemos que o 
problema é ainda mais complexo.
A existência de mecanismos jurídicos e legais nacionais e internacionais não é suficiente para 
chegar à cerne do problema. O arcabouço é formado pela Convenção sobre Refugiados, 
de 1951, e seu protocolo sequente em 1967, com a adesão de 150 países signatários; 
como também pela Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes, de 2016, que 
teve a participação de 193 estados. Afinal, as raízes do problema são reflexo do modelo de 
desenvolvimento adotado. Portanto, se existem os mesmos pilares, é difícil percebermos 
resultados diferentes.
Nas propostas da Agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização 
das Nações Unidas (ODS/ONU), até o ano de 2030, o parágrafo 4 propõe que “ninguém será 
deixado para trás e que objetivos e metas serão atendidos para todas as nações e povos e 
todos os segmentos da sociedade”.
A ACNUR destaca que, no parágrafo 23, há a seguinte menção: “aqueles cujas necessidades 
estão refletidas na agenda incluem [...] pessoas refugiadas e deslocadas internas para que 
possam ser tomadas novas medidas e ações efetivas de acordo com o direito internacional, 
a fim de remover obstáculos e restrições, fortalecer o apoio e atender às necessidades 
específicas das pessoas que vivem em áreas afetadas por emergências humanas complexas 
e em áreas afetadas pelo terrorismo”.
Na prática, é possível buscar princípios individuais e coletivos, que vão desde doações, 
trabalhos voluntários e, principalmente, possibilitar a mudança de olhar sobre o tema, pois 
este não está distante como equivocadamente possamos pensar.
Caso observarmos com mais atenção, os próprios processos internos migratórios brasileiros 
são um exemplo disso. Quando os direitos de quilombolas, povos indígenas são desrespeitados, 
por muitas vezes, existem os deslocamentos forçados. Quando sabemos que existem 52 
milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil, será que não é um indício mais do 
que emergente que nos faça pensar na mudança de paradigmas no mundo, partindo do local 
para o global? Muitos se tornam deslocados internos, outros não têm a chance de sobreviver.
FONTE: INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Refugiados: uma situação que reflete o 
modelo de desenvolvimento de uma humanidade adoecida. 2018. Disponível em: <http://
www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580245-refugiados-uma-situacao-que-reflete-o-modelo-
de-desenvolvimento-de-uma-humanidade-adoecida>. Acesso em: 1º abr. 2019. 
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580245-refugiados-uma-situacao-que-reflete-o-modelo-de-desenvolvimento-de-uma-humanidade-adoecida
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580245-refugiados-uma-situacao-que-reflete-o-modelo-de-desenvolvimento-de-uma-humanidade-adoecidahttp://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580245-refugiados-uma-situacao-que-reflete-o-modelo-de-desenvolvimento-de-uma-humanidade-adoecida
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
158
Para estimular o debate sobre a questão das migrações internacionais na 
atualidade, sugerimos o seguinte plano de aula para abordar o tema:
DICAS
Aula: Migrações internacionais e a crise dos refugiados
Ensino Fundamental II
Autoria: Ana Lúcia de Araújo Guerrero
Conteúdos
• Conceitos de migração, emigração, imigração, fluxo migratório, conflito, cultura, crise, 
refugiados, direitos humanos.
• Tipos de conflitos e questões humanitárias.
Objetivos
• Compreender o significado dos conceitos de migração, emigração, imigração, fluxo 
migratório, conflito, cultura, crise, refugiados, direitos humanos.
• Conhecer as origens dos fluxos migratórios relacionados aos refugiados.
• Ler e interpretar textos informativos, imagens, mapas temáticos, gráficos e tabelas que 
trazem dados e informações referentes às migrações no mundo contemporâneo.
• Elaborar um seminário com o tema Conflitos, migrações e os refugiados no mundo atual.
• Apresentar o seminário para a turma.
1ª Etapa: Sensibilizando para o tema
Antes de iniciar, consulte os links sugeridos na área Para Organizar o seu Trabalho e Saber 
Mais. O professor poderá selecionar alguns e deixar para consulta na sala de aula desde o 
início das atividades. 
Inicie a proposta de estudo com uma leitura compartilhada da última reportagem mencionada 
no item 8 da Seção Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais. Ela trata do aumento do 
fluxo migratório de africanos na Europa no ano de 2015: “As ações do Alto Comissariado das 
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)”.
Dê atenção também aos países de onde saem os imigrantes e ao mapa das rotas de imigração 
rumo à Europa. Com a turma, identifique as causas da migração na Eritréia, Somália, Nigéria, 
Gâmbia e Sudão. Na lousa, monte um esquema de síntese das informações destacadas pela 
turma.
 
2ª Etapa: Conhecendo os tipos de migração relacionados aos conflitos no mundo 
contemporâneo
Na etapa, a turma assistirá a um episódio do programa Sem Fronteiras, mencionado no item 
2 da Seção Para Organizar o seu Trabalho e Saber Mais. Os alunos deverão identificar causas, 
consequências, tipos de migração e características dos fluxos migratórios atuais, anotando-os. 
 
Depois, o professor mediará uma discussão com o título: Como ocorrem migrações 
contemporâneas associadas a conflitos políticos, religiosos e étnicos? A partir da discussão 
realizada, os alunos se organizarão em duplas ou trios para elaborar uma resposta por escrito para 
a questão proposta. A resposta deverá ser construída na forma de um pequeno texto narrativo.
 
TÓPICO 1 | O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE
159
Os pequenos grupos trocarão os textos entre si para que colegas apreciem a produção 
escrita, indicando lacunas, falhas, trechos interessantes e que merecem destaque. 
 
Depois da intervenção inicial, os grupos reelaborarão seu texto e farão uma apresentação oral 
de cada produção na forma de uma roda de leitura. 
3ª Etapa: Pesquisando sobre os fluxos migratórios e a crise dos refugiados na Europa
Os estudantes serão organizados em pequenos grupos (preferencialmente duplas) para 
pesquisarem as origens dos fluxos migratórios recentes na Europa e sua relação com os 
refugiados. Sugerimos que os textos dos sites indicados nos itens 4, 5, 7 e 8 da Seção Para 
Organizar o seu Trabalho e Saber Mais sejam o material de consulta inicial dos alunos.
 
O professor orientará na organização da turma, que se dividirá para pesquisar os seguintes temas:
• Migrações e refugiados do Afeganistão.
• Migrações e refugiados da Turquia.
• Migrações e refugiados da Síria.
• Migrações e refugiados da Macedônia.
• Migrações e refugiados da Eritréia.
• Migrações e refugiados da Somália.
• Migrações e refugiados da Nigéria.
• Migrações e refugiados da Gâmbia.
• Migrações e refugiados do Sudão.
 
Cada grupo deverá identificar, de acordo o seu tema de estudo: as causas e as consequências 
das migrações, os locais para onde os imigrantes se deslocam, as políticas de ajuda humanitária 
e de respeito aos direitos humanos adotadas pelos países que recebem os imigrantes, as 
tensões e as propostas contrárias à abertura das fronteiras aos imigrantes e imagens e dados 
estatísticos capazes de ilustrar o conteúdo pesquisado.
 
4ª Etapa: Apresentação dos seminários
Na etapa final, cada grupo apresentará o seminário, resolvendo as dúvidas que surgirem. 
Sempre que necessário, o professor poderá intervir de modo a garantir a coerência e 
veracidade das informações e a continuidade da dinâmica de apresentações. O saber ouvir e 
o respeito aos turnos de fala são elementos fundamentais. Sugerimos que cada grupo tenha 
um tempo de, aproximadamente, vinte a trinta minutos para se apresentar.
Ao final de cada apresentação (ou do conjunto de apresentações), o professor poderá solicitar 
uma avaliação da turma em relação aos seminários apresentados, destacando os pontos positivos 
e as ações propositivas para a melhoria do trabalho com seminários em situações futuras.
Materiais relacionados
O documentário Migrações: Um Retrato do Nomadismo Contemporâneo trata da diáspora 
portuguesa no mundo atual. Ele está disponível no link. 
O programa Sem Fronteiras, do canal de TV a cabo GloboNews, disponível no link, trata das 
relações entre as crises econômicas e as mudanças nos fluxos migratórios, principalmente 
no que se refere à entrada de migrantes em países em desenvolvimento.
O texto aborda o papel do Brasil na rota das migrações atuais como polo de atração de 
pessoas oriundas de países vizinhos (Bolívia, Paraguai), do Caribe e da África (Nigéria, Angola, 
Moçambique). No mesmo sentido, o texto aborda como o Brasil se insere no contexto 
internacional das emigrações e das imigrações.
https://www.youtube.com/watch?v=xr9lUm96dpQ
https://www.youtube.com/watch?v=_iFPmHV7e5s
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2003/ju226pg2b.html
http://brasildebate.com.br/o-brasil-na-rota-das-migracoes-internacionais/
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
160
Os textos a seguir tratam de aspectos conceituais relacionados ao tema deste plano de aula, 
explicando as causas e as consequências dos principais fluxos migratórios do mundo atual:
http://bit.ly/2j7Gl0e
http://bit.ly/2jeXOpZ
http://bit.ly/2irOpdo
 
Sobre os motivos das migrações ocorridas nos últimos dez anos, as seguintes reportagens 
ajudam a entender o fenômeno e a relacioná-lo às questões humanitárias:
 
http://bit.ly/2iko2YL
http://bit.ly/1w4Ikna
http://bit.ly/2ikd8SE
http://rfi.my/2jeOaUu
http://glo.bo/1OgG6YY
 
O texto orienta o professor nos elementos fundamentais a serem abordados no estudo do 
fenômeno das migrações.
 
No link o professor encontra um texto que relaciona as migrações à xenofobia, tema 
importante dentro do estudo proposto.
 
A Organização das Nações Unidas tem publicações periódicas sobre a situação dos migrantes 
e dos refugiados no mundo. Há vários materiais, dentre os quais destacamos o Relatório do 
Secretário-Geral: Migrações Internacionais e Desenvolvimento e ações do Alto Comissariado 
das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). 
 
O jornal O Globo disponibilizou uma reportagem acompanhada de gráficos sobre o fluxo 
migratório mundial desde a década de 1950. No mesmo sentido, a reportagem trata das 
migrações contemporâneas e da crise dos refugiados na Europa Ocidental. 
FONTE: INSTITUTO CLARO EMBRATEL. Migrações internacionais e a crise dos refugiados. 
2018. Disponível em: <https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-
ensinar/planos-de-aula/migracoes-internacionais-e-a-crise-dos-refugiados/>. Acesso em: 1 
abr. 2019. 
http://bit.ly/2j7Gl0e
http://bit.ly/2jeXOpZ
http://bit.ly/2irOpdo
http://bit.ly/2iko2YL
http://bit.ly/1w4Ikna
http://bit.ly/2ikd8SE
http://rfi.my/2jeOaUu
http://glo.bo/1OgG6YY
http://acervo.novaescola.org.br/geografia/pratica-pedagogica/gente-chega-gente-sai-488822.shtmlhttp://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/migracoes-e-xenofobia-motivacao-politica-e-economica.htm
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2015/09/06/um-olhar-sobre-a-pior-crise-de-migracao-desde-a-segunda-guerra-mundial.htm
https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/migracoes-internacionais-e-a-crise-dos-refugiados/
https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/migracoes-internacionais-e-a-crise-dos-refugiados/
161
Neste tópico, você aprendeu que:
• A migração é um tipo diferente de movimento porque envolve uma mudança 
permanente (ou de longo prazo) para um novo local, seja dentro de um mesmo 
país ou de um país para outro.
• A migração produz mudanças importantes na vida dos indivíduos e nas 
regiões para onde mudam. 
• Quando as realocações ocorrem além das fronteiras de um único país, afetam 
as estruturas populacionais de ambas as áreas de origem e de destino.
• A migração pode ser forçada ou voluntária.
• A migração internacional, ou seja, homens e mulheres que se deslocam de um 
país à procura de um trabalho digno e de melhores condições de vida, sempre 
aconteceu ao longo da História. 
• No início do século XXI, a migração tornou-se um dos temas mundiais de 
primeiro plano, passando a ocupar um lugar no topo na agenda política a nível 
nacional, regional e internacional. 
• Quase todos os países são afetados pela migração como países de origem, de 
trânsito ou de destino e, frequentemente, pela conjugação das três situações.
• Os migrantes que regressam aos países de origem trazem de volta capital 
humano, capital financeiro (as suas poupanças) e capital social (contatos e 
acesso a redes).
• Os fatores culturais são importantes responsáveis por engendrar migrações 
involuntárias.
• Em relação aos fatores culturais que interferem nas dinâmicas de migração, 
verificamos que a maioria das migrações tem sido baseada na religião.
• A maioria das áreas povoadas do mundo tem climas desagradáveis e inabitáveis 
de seres humanos, incluindo frio extremo, calor ou seca. 
• Embora os seres humanos sejam notavelmente adaptáveis em sua capacidade 
de viver em uma grande variedade de climas, geralmente preferem os trópicos 
úmidos, subtropicais ou latitudes médias.
RESUMO DO TÓPICO 1
162
• Os habitantes dos trópicos muitas vezes preferem viver em altitudes mais 
elevadas, onde vales e bacias montanhosas proporcionam refúgios de calor 
excessivo.
• Verifica-se a tendência das pessoas se instalarem ou se aproximarem do litoral 
na maior parte da costa da Europa, da Ásia, da Austrália e da América do Sul, 
onde as principais cidades se agrupam em torno da borda de cada continente.
• Embora a medicina moderna tenha alterado tais fatores de forma significativa, 
historicamente a doença tem afetado as escolhas de migração dos seres 
humanos.
• O número de migrantes internacionais em todo o mundo continuou a crescer 
velozmente nos últimos anos.
• Mais de 60% de todos os migrantes internacionais vivem na Ásia (80 milhões) 
ou na Europa (78 milhões).
• Em 2017, a Turquia recebeu a maior população de refugiados em todo o mundo.
• Em 2017, dos 258 milhões de migrantes internacionais em todo o mundo, 106 
milhões nasceram na Ásia.
163
1 O Ministério da Justiça brasileira, entre 2009 e o primeiro semestre de 2011, 
regularizou a permanência no Brasil de 18.004 bolivianos. De acordo com 
as estatísticas, os bolivianos são a comunidade estrangeira que mais cresce 
em São Paulo, e a principal motivação para o deslocamento é a busca por 
emprego.
No contexto, o deslocamento feito pelos bolivianos:
a) ( ) Coloca-os na condição de imigrantes em território brasileiro.
b) ( ) Corresponde a um processo de migração pendular.
c) ( ) Classifica-os como emigrantes no espaço brasileiro.
d) ( ) Configura um processo de migração sazonal.
2 (PATARRA, 2005) A Conferência Internacional sobre População e 
Desenvolvimento, realizada em 1994 no Cairo, da qual o Brasil é signatário, 
apresenta a questão das migrações internacionais. O documento considera 
as migrações internacionais contemporâneas inter-relacionadas ao processo 
de desenvolvimento, destacando a pobreza e a degradação ambiental 
aliadas à ausência de paz e segurança e às situações de violações de direitos 
humanos. O documento ressalta os efeitos positivos que a migração 
internacional pode assumir. Ainda, incita os governos a analisarem as causas 
da migração, na tentativa de transformar a permanência em determinado 
país em opção viável para todos. São considerados três tipos de migrantes 
internacionais: migrantes documentados, migrantes não documentados e 
refugiados e asilados.
FONTE: PATARRA, N. L. Migrações internacionais de e para o Brasil contemporâneo: 
volumes, fluxos, significados e políticas. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n.3, p. 
23-33, 2005. 
Considerando a problemática apresentada e os tipos de migrantes 
internacionais, avalie as afirmações a seguir:
I - Acerca dos migrantes com documentação, o Estado brasileiro deve 
considerar a possibilidade de conceder a eles e aos membros de suas famílias 
tratamento regular, igual ao concedido a seus próprios nacionais, no que 
diz respeito aos direitos humanos fundamentais.
II - O Estado brasileiro deve implementar ações que visem à redução do número 
de migrantes não documentados, à prevenção do tráfico internacional de 
pessoas e à proteção contra a xenofobia.
III - O Estado brasileiro deve tomar medidas apropriadas para resolver 
conflitos, promover a paz e a reconciliação e beneficiar os refugiados e 
asilados, oferecendo alojamento adequado, educação, serviços de saúde e 
outros serviços sociais necessários.
AUTOATIVIDADE
164
É CORRETO o que se afirma em:
a) ( ) I, apenas.
b) ( ) III, apenas.
c) ( ) I e II, apenas.
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.
3 (IANNI, 1996) As migrações transnacionais, intensificadas e generalizadas 
nas últimas décadas do século XX expressam aspectos particularmente 
importantes da problemática racial, um dilema também mundial. Deslocam-
se indivíduos, famílias e coletividades para lugares próximos e distantes, 
envolvendo mudanças mais ou menos drásticas nas condições de vida e 
trabalho, em padrões e valores socioculturais. Deslocam-se para sociedades 
semelhantes ou radicalmente distintas, algumas vezes compreendendo 
culturas ou mesmo civilizações totalmente diversas.
FONTE: IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do século XX teve um papel 
importante na formação social e econômica de diversos estados nacionais. 
Uma razão para os movimentos migratórios nas últimas décadas e uma 
política migratória atual dos países desenvolvidos são:
a) ( ) A busca de oportunidades de trabalho e o aumento de barreiras contra 
a imigração.
b) ( ) A necessidade de qualificação profissional e a abertura das fronteiras 
para os imigrantes.
c) ( ) A desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acautelamento dos bens 
dos imigrantes.
d) ( ) A expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos imigrantes qualificados.
e) ( ) A fuga decorrente de conflitos políticos e o fortalecimento de políticas 
sociais.
165
TÓPICO 2
A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Agora que já compreendemos, de modo geral, alguns dos principais 
fatores que estimulam a saída dos residentes do seu país para outras localidades, 
e conhecemos também o panorama geral que descreveu características relevantes 
sobre os deslocamentos populacionais na atualidade, vamos nos debruçar sobre 
algumas particularidades do caso brasileiro.
O objetivo deste tópico é reconhecer os aspectos centrais do processo de 
emigração dos brasileiros, procurando apresentar quais são os seus principais 
destinos, os motivos mais expressivos que explicam as saídas e descrever algumas 
características do modo de vida que assumem no novo país de residência. Vamosconferir juntos?
2 O MOVIMENTO DE EMIGRAÇÃO DOS BRASILEIROS
Conforme você estudou ao longo do curso, historicamente, o Brasil 
sempre foi uma nação de imigrantes, os quais foram responsáveis pela ocupação 
das mais diversas áreas do nosso país. Por sua vez, o movimento de emigração 
costuma ser menos conhecido, e neste tópico iremos desvendar um pouco do 
processo.
 
Para iniciar, observe o mapa que revela como se dá a distribuição dos 
emigrantes brasileiros pelo mundo.
166
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
FIGURA 5 – MUNDO: ESTIMATIVAS DA DISTRIBUIÇÃO DE EMIGRANTES BRASILEIROS
FONTE: <http://abre.ai/SBz>. Acesso em: 7 jan. 2018.
Observe no mapa que, em termos continentais, a maior concentração de 
emigrantes brasileiros ocorre na América do Norte, estando expressivamente na 
frente da América do Sul, continente que ocupa a segunda colocação. Por sua 
vez, em termos comparativos, a África é o continente que apresenta a menor 
concentração de emigrantes brasileiros.
 
Particularmente, o principal destino dos brasileiros que deixam o Brasil é 
o Estados Unidos, conforme revela o quadro a seguir. Acompanhe:
AMÉRICA DO NORTE
Estados Unidos 1.380.000
Canadá 30.000
AMÉRICA DO SUL
Paraguai 200.000
Bolívia 50.000
Argentina 37.000
Uruguai 30.000
Venezuela 26.000
Suriname 20.000
Guiana Francesa 8.000
EUROPA
Inglaterra 180.000
Espanha 159.000
Portugal 136.000
Alemanha 91.000
Itália 85.000
França 80.000
Suíça 57.000
República da Irlanda 18.000
QUADRO 1 – BRASILEIROS RESIDENTES NO EXTERIOR: PRINCIPAIS CONCENTRAÇÕES 
POPULACIONAIS EM 2011
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
167
PACÍFICO 
Japão 230.000
Austrália 45.000
OUTROS PAÍSES
_________________ 238.000
Total 3.100.000
FONTE: Margolis (2013, p. 19)
O dado que mais chama atenção é a expressiva concentração de brasileiros 
que residem nos Estados Unidos. Na sequência, iremos examinar alguns fatores 
históricos que ajudam a compreender a concentração de emigrantes, bem como, 
iremos examinar algumas características da rota emigratória, apontando algumas 
particularidades da vida cotidiana dos brasileiros nos Estados Unidos. Também 
iremos analisar alguns aspectos atrelados à ida dos brasileiros para o Japão, 
Portugal e outros países que ocupam posição de realce.
Margolis (2013) alerta para a dificuldade de dados precisos com relação 
ao número de brasileiros que reside no exterior, pois uma questão relevante 
que permeia a discussão é o caráter da legalidade ou da ilegalidade dos 
emigrantes. “Quem mora ilegalmente em país reluta em se apresentar e se deixar 
ser contabilizado em censos e pesquisas” (MARGOLIS, 2013, p. 20). Assim os 
números apresentados servem como uma estimativa média, esta que contribui 
no delineamento de cenários e pode servir como “insumo” para reflexões e 
perguntas de pesquisas vindouras. Tais pesquisas podem tentar desvendar, por 
exemplo, motivações específicas para emigrar para uma determinada região de 
um certo país.
Ainda, esperamos que os números relativos aos brasileiros que moram no 
Japão sejam mais precisos, considerando que, desde o início da década de 1990, 
muitos brasileiros que lá residem (a maioria descendente de japoneses) foram 
legalmente autorizados a residir e a trabalhar naquele país (MARGOLIS, 2013).
 
Ao tentarmos entender porque algumas pessoas vão embora do Brasil, é 
necessário pontuar quais são os principais tipos de emigração. Evidentemente, a 
tentativa de apontar os tipos mais recorrentes de emigração é sempre insuficiente, 
quando pensamos que é possível imaginar um amplo espectro de fatores. Estes 
podem estimular a emigração de uma pessoa, como o rompimento de uma relação 
amorosa e o desejo de constituir uma vida em um novo local. Ainda assim, fazendo 
uma ressalva inicial, historicamente, pesquisadores têm procurado organizar os 
fluxos emigratórios em algumas categorias, que permitam tecer comparações e 
análises entre si. Então, uma importante contribuição vem de Truzzi (2008, p. 
200), conforme apresenta-se a seguir:
168
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
Classificação das migrações
Locais: Quando o indivíduo se desloca para um mercado (seja este 
de trabalho, de terras, seja matrimonial) geograficamente 
contíguo, que normalmente já é familiar. 
Circulares: Quando o indivíduo se desloca para um mercado por 
determinado intervalo de tempo definido, a partir do qual 
retorna à origem.
De carreira: O indivíduo se desloca respondendo a oportunidades de 
ocupação de postos oferecidos por uma organização.
Em cadeia: Envolve o deslocamento de indivíduos motivados por uma 
série de arranjos e informações fornecidas por parentes e 
conterrâneos já instalados no local de destino. 
QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS MIGRAÇÕES
FONTE: Truzzi (2008, p. 200)
3 PRINCIPAIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A SAÍDA 
DOS BRASILEIROS DO BRASIL 
Margolis (2013) recomenda que, para entender os fluxos migratórios 
internacionais, é necessário lançar o olhar para a causa do fluxo original, como 
também para os fatores que os mantêm.
É pertinente realçar que o movimento de emigração engendra diversas 
fluxos, tais como os fluxos informacionais (envolvem as informações sobre onde 
ficar, como organizar a viagem, quais são os documentos necessários etc.), fluxos 
financeiros (como e por quem será pago o deslocamento até o país destino, como 
e de onde virão os recursos para manter economicamente a pessoa no novo país, 
o possível envio de remessas de dinheiro para a família que ficou no país de 
origem etc.), além do fluxo de pessoas. Note que, dependendo de como puder ser 
classificada a migração, ela irá desencadear fluxos distintos.
 
Vejamos um exemplo: se uma pessoa se mudar para o Canadá porque 
a empresa na qual ela trabalha no Brasil ofereceu uma vaga de trabalho no 
referido país, todo o trâmite de mudança irá ocorrer dentro dos parâmetros legais 
estabelecidos e a remuneração é acordada previamente. Os principais fluxos já 
são conhecidos e passíveis de serem identificados. Por sua vez, outra pessoa pode 
migrar sem ter um emprego anteriormente acordado, sem saber exatamente onde 
vai morar e “tentar a sorte” no novo país, engendrando, no processo de estabelecer 
sua residência, fluxos particulares e distintos do exemplo anterior.
 
Em relação aos fluxos informacionais, no Brasil, o Ministérios das Relações 
Exteriores é um dos responsáveis por disponibilizar informações e orientações para os 
brasileiros que pretendem viver no exterior e procuram ser empregados no novo país.
 
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
169
O Ministério do Trabalho, em conjunto com o Ministério das Relações 
Exteriores, procura organizar informações e recomendações a fim de minimizar o 
número de migrantes brasileiros em condições ilegais, pois “além das dificuldades 
de adaptação dos migrantes, aqueles em situação irregular sofrem ainda mais 
pela exploração, pelo medo de serem deportados e pela discriminação” (MTE, 
2007, p. 9). Assim, é pertinente realçar que a autorização para trabalhar em um 
país diferente do seu país de origem ocorre mediante a concessão de vistos. 
Acompanhe, na sequência, as orientações elaboradas com relação aos brasileiros 
que desejam trabalhar no exterior:
IMPORTANT
E
OBTENÇÃO E TIPOS DE “VISTO” 
Tipos de “visto”
• Existem vários tipos de “visto” para quem deseja viajar: “visto para turista”, “visto para 
estudante”, “visto para trabalho”, “residência temporária”, “residência permanente” etc. 
• Cada país tem diferentes tipos de “visto” e regras próprias. 
• O tempo que você poderá ficar no país de destino será determinado pela autoridade 
migratória na chegada ao país ou quando da concessão de visto ou autorização de 
residência. Verifique bem qual foi o prazo autorizado no seu caso. 
• Lembre-se: a simples concessão do “visto” não significa que você poderá entrar no país! 
Autoridades migratórias nos aeroportos e postos de fronteira poderão impedir seu ingresso. 
• Algunspaíses não exigem “visto” para turistas brasileiros. Mas isso não significa permissão 
legal para estudar ou trabalhar!
Obtenção de “visto”
• Um emprego legal no exterior exige a autorização do governo do país onde se quer 
trabalhar. Na maior parte dos casos, a autorização deve ser obtida na embaixada ou nos 
consulados do país (veja a lista em: www.abe.mre.gov.br). 
• A autorização é dada por meio de um “visto” para trabalho ou para residência. 
• O “visto” é um carimbo ou uma etiqueta colada no passaporte pelo consulado ou embaixada 
estrangeira. 
• Importante: Trabalhar ou residir em outro país sem “visto” apropriado é uma irregularidade 
migratória que pode acarretar punições e deportação. 
• Também estará irregular no país o estrangeiro que permanecer além do prazo concedido. 
• É o procedimento adotado pela maioria dos países, inclusive pelo Brasil.
FONTE: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Brasileiras e brasileiros no exterior: 
informações úteis. 2007. Disponível em: <http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/
cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018.
http://www.abe.mre.gov.br
http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf
http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf
170
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
FIGURA 6 – A MIGRAÇÃO PARA O TRABALHO REQUER A CONCESSÃO DE VISTOS
FONTE: <https://moraremportugal.com/preciso-de-visto-para-trabalhar-em-portugal/>. Acesso 
em: 9 jan. 2018.
Conforme vimos, os motivadores econômicos, atrelados à busca de novas 
oportunidades de trabalho, exercem relevante influência nos fluxos emigratórios. 
A relação entre qualificação profissional e colocação no mercado de trabalho, 
em termos macro de comparação, tendem a variar conforme o país de destino. 
Margolis (2013, p. 20) explica que:
Os imigrantes brasileiros em Portugal e Austrália – em contraste com 
os de outros países – em geral conseguem trabalhar nas áreas em 
que se formaram. No Japão, por outro lado, apesar de muitos terem 
diploma de nível superior, os nipo-brasileiros estão empregados no 
chamado setor dos “três Ks” da economia japonesa: têm empregos 
que são kitui (árduos), kitanai (sujos) e kiken (perigosos), e os próprios 
japoneses se esquivam destes.
Outra particularidade com relação aos brasileiros que vão para o Japão, 
conforme aponta Patarra (2005), é que além dos motivadores econômicos, os traços 
culturais e étnicos, tal como a rede de parentesco, são componentes decisivos na 
configuração e dinâmica do fluxo migratório.
 
Feitos os esclarecimentos iniciais, no intuito de reforçarmos que o 
movimento de deslocamento para residir em outro país precisa ser estruturado 
adequadamente respeitando alguns passos, serão apontados alguns fatores que 
estimulam a emigração de brasileiros.
A partir de meados dos anos 1980, os brasileiros vinham lutando contra 
altos índices de desemprego e subemprego, baixos salários, custo de vida alto e, até 
1994, inflação fora do controle. A classe média brasileira, em particular, foi atingida 
severamente por tais condições, tornando difícil demais manter o padrão de vida e 
minando, assim, suas expectativas. A inflação é um bom exemplo de um dos problemas 
enfrentados pela classe média do Brasil durante a primeira década de emigração 
significativa do país – mais ou menos de 1985 a 1994 (MARGOLIS, 2013).
https://moraremportugal.com/preciso-de-visto-para-trabalhar-em-portugal/
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
171
Ainda, a pesquisadora comenta que:
 
Todas as condições – salários inadequados, alto custo de vida, poucas 
oportunidades de bons empregos e a permanente incerteza econômica 
– tornaram sombrios os horizontes de muitos brasileiros. Quando 
pensavam no futuro e sentiam pouquíssima esperança de melhora da 
situação econômica do Brasil, emigrar tornava-se cada vez mais uma 
saída do tipo “não tenho nada a perder” (MARGOLIS, 2013, p. 23).
Em síntese, a primeira onda mais expressiva de emigração estava atrelada 
à busca de melhores condições econômicas para se viver. Outra curiosidade 
apontada por Margolis (2013) é de que nos primeiros anos da emigração, o 
movimento contou com a participação de homens, que correspondiam a 70% das 
pessoas que tinham migrado. Nos anos de 1990, a participação das mulheres nos 
fluxos migratórios foi paulatinamente aumentando e, por volta dos anos 2000, 
estima-se que a proporção entre os sexos já se equilibrava.
A leitura do panorama econômico do período permite entender a 
conjuntura de um determinado momento histórico e contribui no entendimento 
dos fatores que estimularam a saída de brasileiros do território nacional, 
sobretudo, com destino aos Estados Unidos. Ainda assim, ressalta-se que “a 
questão da movimentação de pessoas apresenta um caráter de alta complexidade, 
pois envolve os mais diversos motivos e ocorre por meio de dinâmicas variadas” 
(ARAUJO; TAVEIRA; FOGAÇA, 2016, p. 133).
 
Em seu estudo sobre migrações, Patarra (2005) ressalta alguns pontos que 
contribuem para o debate sobre o assunto.
IMPORTANT
E
Apontamentos sobre os movimentos populacionais de e para o Brasil
- Os movimentos migratórios internacionais de e para o Brasil foram percebidos como 
inseridos na reestruturação produtiva em nível internacional. Assim, a crise financeira, o 
estancamento do processo de desenvolvimento, o excedente de mão de obra crescente, a 
pobreza, a ausência de perspectiva de mobilidade social entre outras causas, estariam na raiz 
da nova questão social.
 
- Percebia-se não se tratar de uma inversão de tendência - o Brasil não seria um país de 
imigração que passou a ser de emigração. Em outras palavras, não teria passado de receptor 
a expulsor de população. O contexto, o significado, os volumes, os fluxos, as redes e outras 
dimensões importantes, no contexto interno e internacional, passavam a ser completamente 
distintos de tudo o que, sob a mesma rubrica, sucedera no passado. Embora em menor 
escala, o contexto dos movimentos internacionais que envolviam o Brasil indicava a entrada 
de novos contingentes de estrangeiros, com características absolutamente distintas das dos 
movimentos anteriores.
 
172
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
- Com exceção do caso dos “brasiguaios”, percebia-se que os migrantes não eram os mais 
pobres. Em sua maioria, os movimentos estavam atingindo os jovens adultos de camadas 
médias urbanas.
 
- Ao contrário de algumas análises conjunturais que associavam a saída de brasileiros 
à década perdida (anos 80) ou à conjuntura do Governo Collor, o estudo caracterizava a 
questão social como inerente à nova etapa da globalização e afirmava que, portanto, esta 
tinha “vindo para ficar”.
 
- Percebia-se que, sob a rubrica migração internacional, aglutinavam-se processos e 
fenômenos distintos. Estes envolviam tanto questões fundiárias não resolvidas (como no 
já tradicional caso das migrações Brasil-Paraguai) quanto percepções e anseios de grupos 
sociais específicos frente a uma mobilidade social truncada no país (como no caso do “rumo 
ao Primeiro Mundo”), com tarefas remuneradas de baixa qualificação e manuais. Percebiam-
se modalidades de movimentos populacionais emergentes no contexto do capitalismo 
internacional e próprias da globalização atual, como a configuração do mercado dual da 
economia, a entrada de pessoal técnico-científico qualificado, situações de “fuga de cérebros” 
etc.
 
- Embora de diminuta expressão numérica, a entrada e a saída de pessoas do território nacional 
nunca cessaram. Poder-se-ia dizer que o Brasil se beneficiou da “invasão de cérebros” vindos 
de países vizinhos, muitos afugentados pelos regimes autoritários dos anos 70, bem como a 
entrada de europeus, nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
 
- Finalmente, percebia-se a emergente questão das remessas (as transferências unilaterais 
no balanço de pagamentos do Brasil)que já se apresentavam em expansão. Na verdade, as 
remessas cresceram expressivamente nos anos 90 e tiveram como pico o ano de 1992: de 
834 milhões de dólares, em 1990, para 1.556 bilhão, em 1991; 2.243, em 1992; 1.653, em 1993; 
2.588, em 1994 e 3.076 bilhões de dólares, em 1995 (KLAGSBRUNN, 1996).
FONTE: PATARRA, Neide Lopes. Migrações internacionais de e para o Brasil 
contemporâneo: volumes, fluxos, significados e políticas. São Paulo em perspectiva, 
v. 19, n. 3, p. 23-33, 2005.
As observações feitas por Patarra (2005) refletem a diversidade de situações 
e possibilidades envolvidas nos processos de emigração. Dentre os aspectos 
ressaltados pela autora, menciona-se a questão dos chamados “brasiguaios”. 
Você já ouviu falar do assunto? Venha conosco e acompanhe a explicação a seguir:
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
173
IMPORTANT
E
Quem são os brasiguaios?
O termo brasiguaio está referido aos contingentes de brasileiros que imigraram para a região 
de fronteira em território paraguaio a partir da década de 1950. Em sentido comum, o termo 
é apenas uma construção linguística que se faz pela composição dos termos brasileiro e 
paraguaio. Assim, é utilizado pela imprensa e no cotidiano com significativa imprecisão para 
se referir a diferentes grupos e situações sociais envolvendo os imigrantes brasileiros que se 
dirigiram para o território paraguaio, tendo retornado ou não daquele país. 
Ao longo do tempo, desde a sua origem em 1985, o termo brasiguaio vem recebendo 
diferentes sentidos. Tais sentidos estão relacionados ao ambiente de conflitos e aos atores 
brasileiros e paraguaios, envolvidos em disputas pela posse de áreas territoriais e seus 
desdobramentos no Paraguai, mas também pelo acesso a direitos e políticas públicas no 
Brasil. Mais do que uma questão etimológica, os sentidos são reveladores das disputas que se 
travam no processo de construção de uma identidade social, notadamente em uma região 
de fronteira. A problemática das identidades vem assumindo uma importância crescente na 
atualidade. A sua valorização está relacionada a diversos fatores, como os deslocamentos 
populacionais e a diversificação de significados diante das amplas transformações que se 
processam em pontos e níveis distintos das relações sociais no ambiente da sociedade global.
FONTE: COLOGNESE, Silvio Antônio. Brasiguaios: uma identidade na fronteira Brasil/
Paraguai. Tempo da Ciência, v. 19, n. 38, p. 132, 2012. 
Com relação aos brasileiros que decidem morar nos Estados Unidos, 
Margolis (2013) relata em seu estudo que os imigrantes brasileiros dizem que nos 
EUA eles são mais valorizados por seu trabalho no Brasil, mesmo que tenham 
empregos que não aceitariam ter no Brasil. Quanto às ocupações exercidas pelos 
brasileiros no referido país, Margolis (2013) identificou que é expressivo o número 
de mulheres que se desloca para lá para o trabalho como faxineira.
O tema da emigração de mulheres merece alguns apontamentos atrelados 
à perspectiva dos direitos humanos. Historicamente, já ocorreram diversos casos 
que foram noticiados pela mídia ou que você talvez já tenha ouvido algum 
relato de um “amigo do amigo” sobre a história de alguma mulher que foi para 
o exterior, encantada por uma proposta de trabalho “maravilhosa”, seja como 
modelo, empregada, secretária entre outras e que acabou se envolvendo em 
alguma situação abusiva ou de exploração. No intuito de evitar determinado tipo 
de situação e visando informar no sentido de proteger as mulheres, o Ministério 
das Relações Exteriores elaborou algumas recomendações direcionadas para as 
brasileiras que desejam emigrar. São orientações relevantes. Acompanhe a seguir:
174
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
IMPORTANT
E
Migração feminina
 
A migração feminina já representa 51% das migrações internacionais. Também no Brasil 
houve aumento no número de mulheres que migram sozinhas em busca de melhores 
oportunidades de vida. Assim, surgem novos desafios em termos de proteção aos seus 
direitos humanos.
 
Ao migrarem, as mulheres, muitas vezes, desempenham atividades domésticas (faxineiras, 
babás, atenção a idosos e doentes, cozinheiras etc.) e no comércio e serviços (garçonete, 
dançarina, modelo, balconista de supermercado, atendente de loja de roupas etc.). Também 
é grande a demanda dos países desenvolvidos por mulheres estrangeiras para serem inseridas 
no mercado do sexo. Há registros de convites para trabalhos domésticos ou serviços que 
resultaram no ingresso forçado no mercado do sexo.
 
A oferta de casamento com estrangeiros é outra realidade crescente. Existem registros de 
casamentos que se tornaram a porta de entrada para várias modalidades de exploração, 
trabalho forçado ou privação de liberdade.
 
Existem vários registros de situações de exploração de mulheres brasileiras no exterior. Por 
exemplo: trabalhos que não correspondem às expectativas e se revelam desumanos; a 
promessa não concretizada de permissão de residência e trabalho regular; vida sob constante 
ameaça, sem possibilidade de desligar-se do trabalho assumido; cerceamento de liberdade, 
nos casos de casamento com estrangeiros.
 
Para evitar situações de exploração, certifique-se da seriedade das pessoas ou agências de 
emprego que oferecem oportunidades no exterior e de agências ou propostas de casamento. 
Caso aconteça com você, entre em contato com o consulado brasileiro. É importante 
sempre deixar um telefone de contato com sua família ou conhecidos. Nunca entregue seu 
passaporte a ninguém, nem se desfaça dele ao chegar no lugar de destino. 
FONTE: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Brasileiras e brasileiros no exterior: 
informações úteis. 2007. Disponível em: <http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/
cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2018.
Acerca das ocupações típicas dos homens brasileiros no exterior, Margolis 
(2013, p. 43) pontua que:
Em cidades nos Estados Unidos e na Europa, talvez a ocupação 
masculina mais comum seja no setor de restaurantes, enquanto nos 
subúrbios norte-americanos muitos brasileiros se empregam na 
construção civil – primordialmente em reformas, carpintaria, colocação 
de telhados e pinturas – e também em paisagismo. No Japão, por outro 
lado, a maioria dos homens trabalha na indústria manufatureira.
A pesquisadora comenta ainda a situação dos brasileiros que se mudaram 
para Portugal e explica que, por conta da fluência e familiaridade com a língua, 
brasileiros com elevado nível de qualificação ocupam postos de trabalhos 
condizentes com a sua área de formação e qualificação (MARGOLIS, 2013).
 
http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf
http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/images/cartilhas/brasileiros-no-exterior.pdf
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
175
Contribuindo com o debate, Patarra (2005, p. 27) comenta sobre a 
emigração rumo aos Estados Unidos:
O país tem sido, de fato, o destino de um expressivo volume de 
brasileiros, em sua maioria jovens e pertencentes à classe média, 
que entram clandestinamente e se ocupam com trabalhos não 
qualificados. Ao contrário do que aconteceria em seus países de 
origem, propicia um orçamento maior e a possibilidade de formar 
uma certa poupança. Outro aspecto do fenômeno é que de fato os 
migrantes se sujeitam a um rebaixamento de seu status social em prol 
da recompensa financeira imediata [...]. Assim, a imigração torna-se 
uma boa estratégia econômica, a partir da qual as redes de relações 
são formadas e fortalecidas e fomentam ainda mais o fluxo migratório. 
Avançando, Patarra (2005, p. 27) pontua alguns aspectos relacionados à 
migração dos brasileiros para a Europa: 
Já a emigração brasileira para a Europa deve-se, em grande parte, 
a fatores históricos e culturais decorrentes do próprio processo 
migratório brasileiro. Este, até pouco tempo atrás, caracterizava-
se como receptor de população, com predominância dos fluxosprovenientes de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha etc. De modo 
geral, o perfil dos emigrantes que se dirigem à Europa assemelha-se 
ao dos que se dirigem aos Estados Unidos, embora, neste caso, parece 
traços culturais constituem dimensão importante na decisão de migrar.
4 REDES MIGRATÓRIAS
 
Após discorrermos sobre as características empíricas dos fluxos 
emigratórios que partem do Brasil, finalizamos o tópico apresentando o conceito 
de Redes Migratórias, que sintetiza os relatos e aspectos analisados anteriormente. 
Acompanhe: 
As redes migratórias podem ser entendidas, resumidamente, como 
uma série de ligações interpessoais de amizade ou parentesco entre 
migrantes com uma característica em comum: o local de origem. As 
conexões de uma rede de migrantes constituem uma formação social 
que pode facilitar o acesso a um emprego em outro país, por exemplo. 
A expansão das redes pode reduzir os custos e riscos da movimentação 
de pessoas, e isso acaba promovendo o crescimento dos movimentos 
migratórios, o que expande ainda mais as redes e assim por diante 
(ARAUJO; TAVEIRA; FOGAÇA, 2016, p. 133).
Assim, há conexão entre os migrantes, migrantes anteriores e não 
migrantes tanto na área de origem como na área de destino, mediante a construção 
de vínculos de parentesco, amizades. Surge certa necessidade de “pertencer”, de 
procurar encontrar outros brasileiros para se sentir, de alguma forma, acolhido 
e compreendido. Os contatos que os membros da rede estabelecem derivam de 
laços ocupacionais, familiares, culturais ou afetivos. Assim, determinado tipo de 
rede caracteriza-se por canalizar, filtrar e interpretar informações pertinentes aos 
migrantes e articulando significados, recursos e comportamentos (TRUZZY, 2008). 
176
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
Em relação às redes que se formam, o fragmento do texto exposto a seguir, 
retirado do Caderno Migração: o Brasil em Movimento, reforça o entendimento. 
Acompanhe:
FIGURA 7 – A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NOS LOCAIS DE DESTINO
FONTE: <https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/10.-caderno_migracao_
baixa.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2019.
https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/10.-caderno_migracao_baixa.pdf
https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2015/02/10.-caderno_migracao_baixa.pdf
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
177
DICAS
Verifique as duas sugestões que elencamos para ampliar o debate:
1) Confira o link da série denominada O Mundo Segundo os Brasileiros, para que você possa 
conhecer várias curiosidades sobre o modo de vida de cada país. 
Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCX5z9GJp1TDbLEiTczxJ2Gw/featured. 
Acesso em: 11 abr. 2019.
2) Vale lembrar que a questão dos deslocamentos populacionais, sejam de imigração e 
emigração, envolve aspectos relacionados aos direitos humanos e à xenofobia. O link a 
seguir irá direcioná-lo para o vídeo Xenofobia: um crime silencioso que fala a respeito da 
xenofobia no Brasil na atualidade. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=a93gRuIwW80. Acesso em: 11 abr. 2019.
DICAS
Selecionamos uma dica de plano de aula referente aos movimentos migratórios. 
Acompanhe: 
Fluxos migratórios: movimentos populacionais
Entenda quais são os motivos e as questões geográficas envolvidas nas migrações.
Autoria: Júlia Bittencourt
Nível de ensino: Ensino Fundamental II
Conteúdos
• Fluxos migratórios.
• Movimentos populacionais.
Objetivos
• Compreender o conceito de fluxos migratórios.
• Conhecer os motivos que levam aos movimentos migratórios.
• Entender as questões geográficas envolvidas nas migrações.
1ª Etapa: O que são fluxos migratórios?
Nesta etapa, o professor irá introduzir o assunto da aula, Fluxos Migratórios, com uma 
explicação do que significa o ato de “migrar”. O educador deverá interagir com a classe para 
melhor entendimento do aluno, perguntando se há alguém que não é originalmente do local 
em que se está agora, e se não, de onde é.
Os fluxos migratórios consistem em movimentos populacionais dentro ou fora do mesmo 
território, iniciados por diferentes fatores e em diferentes contextos históricos.
No Brasil, existem algumas regiões que são historicamente mais atrativas. O principal fator 
responsável é o econômico, pois o modelo capitalista cria espaços privilegiados que irão 
atrair a população em busca de melhores condições de vida.
https://www.youtube.com/watch?v=a93gRuIwW80
178
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
Para entender melhor os movimentos migratórios, é necessário compreender alguns 
conceitos básicos:
Fatores de repulsão: É o que leva uma população a deixar determinado local. Os principais são:
• Socioeconômico: desemprego, subemprego, pobreza. 
• Políticos: perseguições, guerras, conflitos.
• Naturais: catástrofes naturais, fenômenos cíclicos (seca).
Fatores de atração: Melhores condições de vida e trabalho.
Migrações internas (nacionais) e migrações externas (internacionais).
Perfil do migrante: Quem migra e por qual motivo?
Principais fluxos internos e externos.
2ª Etapa: Os tipos de migração
Aqui, o aluno irá conhecer os diferentes tipos de movimentos migratórios que existem. 
Novamente, o professor deverá questionar o estudante se ele ou alguém próximo, de sua 
família ou conhecidos, faz ou já fez alguns dos movimentos migratórios.
Movimento pendular: Ida e volta. O migrante vai e volta todos os dias em diferentes locais, por 
exemplo, o trabalhador das regiões metropolitanas. Existem cidades próximas às grandes metrópoles 
chamadas de “cidades dormitórios”. Os trabalhadores residem, mas não trabalham, saindo todos os 
dias para as grandes cidades e voltando. É o movimento de pêndulo, ou seja, de ida e volta.
Sazonal: Migração realizada por temporada. Por exemplo, no verão, quando há um fluxo 
grande de pessoas para os litorais, havendo depois o retorno.
Transumância: Motivos climatológicos, também sazonais. Por exemplo, no período de 
chuva, a retirada das boiadas para regiões não alagadas.
Êxodo rural: Movimento que leva o trabalhador do campo a deixar o interior para procurar 
oportunidades de trabalho nas cidades.
Nomadismo: Povos tradicionalmente nômades, que não estabelecem residência fixa por 
muito tempo em um local específico.
3ª Etapa: Implicações
Nesta etapa, iremos discorrer sobre as consequências dos fluxos migratórios para os locais 
onde eles ocorrem.
As consequências das migrações podem ser várias, tanto para os locais de partida quanto 
para os de chegada.
Os locais de partida podem sofrer, principalmente, com a falta de mão de obra, já que há um 
número muitas vezes expressivo de homens e mulheres em idade de trabalho que deixam os 
locais; envelhecimento precoce da população, predominando uma população de idosos, o 
que gera estagnação econômica. A diminuição do desemprego pela diminuição da demanda 
por trabalho também é uma das consequências para os locais de partida.
Nos locais de chegada a migração vai cumprir diversos papéis, que vão desde o intercâmbio 
cultural entre a cultura de fora e a cultura local, criando uma identidade cultural específica 
para os locais de chegada, como também o problema de preconceito/xenofobia sofrido por 
aqueles que chegam de diferentes lugares. Economicamente, os locais de chegada podem 
TÓPICO 2 | A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL
179
sofrer com inchaço populacional, desemprego, falta de estrutura para atendimento das 
populações recém-migradas, como moradia, saúde e educação. Movimentos migratórios 
importantes foram responsáveis, por exemplo, pelo processo de favelização de grandes 
centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo.
4ª Etapa: Atividade – Você é migrante?
O aluno deverá realizar uma atividade que servirá como ferramenta de avaliação. Ele colocará 
em prática os conceitos que aprendeu em sala de aula.
Para a atividade, o estudante irá realizar entrevistas com seus vizinhos, parentes mais velhos, 
moradores antigos davizinhança para descobrir se existem migrantes no seu convívio 
próximo. O aluno deverá montar um questionário para a entrevista e, assim, poderá identificar 
se há migrantes e qual o movimento migratório que foi ou é feito.
O questionário que é base para os alunos deve conter:
1 – Você nasceu aqui?
2 – Em qual ano nasceu?
3 – Se não, onde nasceu?
4 – Se não nasceu, qual o ano em que veio residir aqui?
5 – Conhece ou conheceu alguém que veio de fora? Se sim, de onde?
6 – Alguém na sua família veio de fora? Se sim, qual região?
7 – Você trabalha no mesmo lugar em que mora?
8 – Se não, trabalha onde? Mora onde?
9 – Você sabia que realiza movimento migratório?
10 – O que é um migrante para você?
5ª Etapa: Exercícios de revisão do conteúdo: Após a exposição dos resultados das 
entrevistas, serão realizados exercícios para a fixação e revisão dos conteúdos já 
aprendidos nas aulas.
1 A migração pode ser definida como:
a) ( ) A entrada de migrantes em um determinado país.
b) ( ) A saída de migrantes de um determinado país para outro.
c) ( ) O deslocamento populacional pelo território de um país.
d) ( ) As políticas públicas de controle de natalidade implantadas pelo governo para controlar 
o crescimento populacional.
e) (x) Qualquer deslocamento espacial realizado por uma pessoa ou por parte de uma 
população.
2 Qual o nome das pessoas que migram do seu país de origem para um outro:
a) ( ) Emigrante.
b) ( ) Migrante.
c) (x) Imigrante.
d) ( ) Peregrino.
e) ( ) Gringo.
3 (FEI/São Bernardo do Campo) Migrações pendulares são:
a) ( ) Movimentos ligados às atividades pastoris.
b) ( ) Movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos.
c) ( ) Troca de imigrantes entre as grandes regiões.
d) ( ) Deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo.
e) (x) Movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.
FONTE: INSTITUTO CLARO EMBRATEL. Fluxos migratórios: movimentos populacionais. 
2012. Disponível em: https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/
planos-de-aula/entenda-os-conceitos-de-fluxos-migratorios/. Acesso em: 28 mar. 2019. 
https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/entenda-os-conceitos-de-fluxos-migratorios/
https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/entenda-os-conceitos-de-fluxos-migratorios/
180
Neste tópico, você aprendeu que:
• Em termos continentais, a maior concentração de emigrantes brasileiros ocorre 
na América do Norte, estando expressivamente na frente da América do Sul, 
continente que ocupa a segunda colocação. 
• A África é o continente que apresenta a menor concentração de emigrantes 
brasileiros.
 
• O principal destino dos brasileiros que deixam o Brasil é o Estados Unidos.
• Quem mora ilegalmente em país reluta em se apresentar e se deixar ser 
contabilizado em censos e pesquisas.
• Para entender os fluxos migratórios internacionais é necessário lançar o olhar 
para a causa do fluxo original, como também para os fatores que os mantêm.
• O Ministério do Trabalho, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, 
procura organizar informações e recomendações a fim de minimizar o número 
de migrantes brasileiros em condições ilegais.
• Existem vários tipos de “visto” para quem deseja viajar para o exterior: “visto 
para turista”, “visto para estudante”, “visto para trabalho”, “residência 
temporária”, “residência permanente” etc. 
• Os motivadores econômicos, atrelados à busca de novas oportunidades de 
trabalho, exercem relevante influência nos fluxos emigratórios.
• O deslocamento de brasileiros para o Paraguai, que ocorreu a partir da década 
de 1950, foi motivado por políticas paraguaias que almejavam atrair agricultores 
para que houvesse a modernização da agricultura. 
• A primeira onda mais expressiva de emigração brasileira estava atrelada à 
busca de melhores condições econômicas para viver.
• O tema da emigração de mulheres merece alguns apontamentos atrelados à 
perspectiva dos direitos humanos.
• As redes migratórias podem ser entendidas, resumidamente, como uma série 
de ligações interpessoais de amizade ou parentesco entre migrantes com uma 
característica em comum: o local de origem.
RESUMO DO TÓPICO 2
181
AUTOATIVIDADE
1 Analise as seguintes asserções. Em nenhum lugar do mundo verifica-se 
dinâmica de migração internacional tão intensa como a existente entre o 
México e os Estados Unidos da América (EUA). Mais de 5% da população 
nascida no México residiu nos EUA em 1990. A fronteira entre os dois países 
é a mais transposta no mundo. 
PORQUE 
Os imigrantes mexicanos atravessam a fronteira com os EUA diariamente 
para compor a divisão territorial complexa existente e configurada após o 
funcionamento do NAFTA, demonstrando a força do padrão de integração e 
das resultantes políticas de incentivos. 
Acerca das asserções, assinale a opção CORRETA :
a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma 
justificativa correta da primeira.
b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é 
uma justificativa correta da primeira.
c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira e, a segunda, uma 
proposição falsa.
d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa e, a segunda, uma 
proposição verdadeira.
e) ( ) Tanto a primeira quanto a segunda são proposições falsas. 
2 Visto é uma autorização condicional concedida por um determinado tempo. 
Neste sentido, eles podem ser de diversos tipos. A este respeito, assinale a 
alternativa INCORRETA sobre as principais modalidades de visto:
a) ( ) Visto para turista.
b) ( ) Visto para atividades artríticas.
c) ( ) Visto para estudante.
d) ( ) Visto para trabalho. 
3 A migração pode ser definida como:
a) ( ) A entrada de migrantes em um determinado país.
b) ( ) A saída de migrantes de um determinado país para outro.
c) ( ) O deslocamento populacional pelo território de um país.
d) ( ) As políticas públicas de controle de natalidade implantadas pelo governo 
para controlar o crescimento populacional.
e) ( ) Qualquer deslocamento espacial realizado por uma pessoa ou por parte 
de uma população.
182
183
TÓPICO 3
DESAFIOS PARA A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO: 
O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO 
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No plano da Geografia da População, diversos temas compõem o leque 
de reflexões dos autores da área. Para este tópico, selecionamos dois assuntos 
para analisarmos: a questão da fome mundial e as implicações do envelhecimento 
populacional. 
O problema da fome é latente em países em desenvolvimento e, felizmente, 
o panorama do Brasil vem melhorando nas últimas décadas.
Por sua vez, o tema do envelhecimento populacional está atrelado 
a fatores que interferem na estrutura etária do país e que serão estudados de 
maneira pormenorizada com base em um estudo desenvolvido pelo IBGE. Venha 
conosco e boa leitura!
2 APONTAMENTOS SOBRE A QUESTÃO DA FOME
 
O direito à alimentação, o direito relacionado a não morrer de fome, 
representa um dos fundamentos dos direitos humanos e políticos internacionais 
e nacionais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, o Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1964, e a Declaração 
do Milênio das Nações Unidas, de 2000 referem-se à liberdade da fome como um 
direito humano básico e inalienável. A realidade, contudo, é diferente (GREGORY 
et al., 2009).
A pobreza e a fome fazem parte da paisagem do século XXI. Um indicador 
da pobreza refere-se à capacidade que os indivíduos possuem de garantir 
alimentos suficientes para a condução de uma vida saudável e ativa. Assim, a ideia 
de segurança alimentar domiciliar refere-se aos acessos físico e econômico para 
uma alimentação adequada para todos os membros da família, sem a perspectiva 
de perda do acesso (GREGORY et al., 2009).
O mapa a seguir oferece um panorama sobre o problemada fome na 
atualidade.
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
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Mapa del hambre de 2018
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TÓPICO 3 | DESAFIOS PARA A GEO. DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO ENV. POPULACIONAL
185
O mapa revela que a situação da fome no Brasil apresentaindicadores 
favoráveis, enquanto a situação de Madagascar, Zâmbia e de Uganda é alarmante. 
Na América do Sul, a pior situação é a da Bolívia.
 
O debate sobre a questão da fome envolve a situação de desnutrição, que 
se refere a condições físicas que resultam da interação de dieta inadequada, baixo 
consumo de alimentos, desequilíbrio nutricional e doenças. Todas as condições 
(mensuradas por meio de indicadores, como crescimento infantil, relação entre 
peso e altura, massa corporal, peso ao nascer etc.) podem ser resultado de 
diferentes tipos de segurança alimentar (GREGORY et al., 2009).
Comunidades rurais pobres, por exemplo, podem ter dúvidas sobre 
a disponibilidade de alimentos por conta de fatores como safra ou condições 
climáticas. Assim, a condição de vulnerabilidade alimentar está intimamente 
atrelada com os tipos de direitos e proteções a diferentes classes, gêneros, idades 
e grupos sociais.
No Brasil, o problema da fome é analisado a partir de um enquadramento 
que varia entre segurança alimentar (quando não há problemas relacionados ao 
acesso à alimentação) até a insegurança alimentar grave (quando existe falta de 
alimentos). Acompanhe no quadro a seguir:
QUADRO 3 – CATEGORIAS CONSIDERADAS AO SE ESTUDAR O PROBLEMA DA FOME NO BRASIL
FONTE: Pontes et al. (2018, p. 228)
A World Food Program USA (2019) aponta quais são os principais motivos 
que desencadeiam o problema da fome, a saber:
 
a) Pobreza
As pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza global, sobrevivendo com 
menos de US$ 1,90 por dia, não podem pagar por alimentos nutritivos. A situação 
os torna fisicamente e mentalmente mais fracos e debilitados e, assim, menos aptos 
para o ganho do dinheiro necessário (WORLD FOOD PROGRAM USA, 2019). 
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
186
FIGURA 9 – POBREZA, UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ATRELADOS À FOME
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
b) Conflitos
A segurança alimentar é uma questão de segurança nacional. Quando 
o conflito entra em erupção, os mercados são interrompidos, as economias 
desmoronam e os alimentos se tornam escassos (WORLD FOOD PROGRAM 
USA, 2019). 
FIGURA 10 – OS CONFLITOS E AS GUERRAS CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DA FOME 
MUNDIAL
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
TÓPICO 3 | DESAFIOS PARA A GEO. DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO ENV. POPULACIONAL
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c) Desastres naturais
Terremotos e furacões podem destruir comunidades inteiras, fazendas 
e toda a infraestrutura disponível, deixando famílias desabrigadas e famintas 
(WORLD FOOD PROGRAMA USA, 2019). 
FIGURA 11 – OS DESASTRES NATURAIS AFETAM O PROBLEMA DA FOME
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
d) Mudanças climáticas 
Condições climáticas extremas, como enchentes e secas, tornam os alimentos 
em crescimento mais difíceis e mais arriscados de serem cultivados, especialmente 
para pequenos agricultores que não têm acesso à tecnologia e às ferramentas 
apropriadas para se adaptar (WORLD FOOD PROGRAM USA, 2019).
FIGURA 12– AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS DIFICULDADES PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
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e) Falta de acesso
Acessos físicos e econômicos limitados podem tornar um caso difícil 
para as pessoas encontrarem os alimentos que precisam, especialmente em áreas 
remotas do mundo onde as estradas e os mercados são escassos (WORLD FOOD 
PROGRAM USA, 2019).
FIGURA 13 – A FALTA DE ACESSO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A FOME MUNDIAL
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
f) Falta de acesso à educação 
Sem habilidades básicas de alfabetização e um claro entendimento de 
nutrição, saneamento e higiene, as famílias mais pobres do planeta estão presas 
em um ciclo de pobreza e fome (WORLD FOOD PROGRAM USA, 2019).
FIGURA 14 – A FALTA DE ACESSO À EDUCAÇÃO ESTÁ ATRELADA AO PROBLEMA DA FOME
FONTE: <https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/>. Acesso em: 10 jan. 2018.
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
https://www.wfpusa.org/wfps-work/problems-of-hunger/
TÓPICO 3 | DESAFIOS PARA A GEO. DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO ENV. POPULACIONAL
189
Em relação ao problema da fome no Brasil, a situação tem melhorado no 
período recente, tal como sintetiza a reportagem exposta a seguir.
Fome cai no Brasil em dez anos, aponta relatório da ONU
Jonas Valente
A fome no Brasil caiu em um intervalo de dez anos. O levantamento do 
Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018, divulgado hoje 
(11), foi feito por cinco agências das Nações Unidas e mapeou o quadro de 
segurança alimentar no país e no restante do mundo.
Os autores do estudo compararam o grau de subnutrição (ou fome, no 
jargão popular) da população em dois momentos: no biênio 2004-2006 e no 
biênio 2015-2017. No caso do Brasil, o índice caiu de 4,6% para menos de 2,5% 
no período de análise. Os dados não mostram uma evolução anual.
A pesquisa também trabalhou com outros indicadores, como o grau de 
insegurança alimentar grave e problemas no desenvolvimento em crianças de 
até cinco anos de idade. Contudo, nos dois temas o relatório não traz resultados 
para o Brasil, indicando que não existiam dados disponíveis.
O levantamento também avaliou indicadores de obesidade e anemia 
em mulheres em idade fértil (15-49 anos), porém em outro período de análise 
– em 2012 e em 2016. Em ambos os quesitos houve aumento nos índices. O 
percentual de mulheres obesas passou de 19,9% para 22,3%. Já a ocorrência de 
anemia passou de 25,3% para 27,2%.
Em uma leitura mais ampliada, os dados sobre subnutrição revelam que 
o índice no Brasil ficou abaixo da média registrada na América Latina (4,9%), 
no biênio 2015-2017. Outros países tiveram reduções expressivas no período de 
2004-2006 a 2015-2017, como o Peru (de 19,8% para 8,8%) e Equador (de 17% 
para 7,8%). De um modo geral, a fome aumentou no continente e impulsionada 
pelos índices da Venezuela.
Em 2014, o Brasil saiu do mapa da fome, quando o índice de segurança 
alimentar ficou abaixo dos 5%.
Mundo
O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, em 
2018, apontou também o crescimento da fome em todo o mundo. O número 
de pessoas na condição foi de 804 milhões para 821 milhões entre 2016 e 2017.
http://www.fao.org/3/I9553ES/i9553es.pdf
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-09/fome-cresce-na-america-do-sul-impulsionada-pela-venezuela-diz-onu
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-10/alimentacao-fao-recomenda-que-brasil-garanta-seguranca-nutricional
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
190
Segundo as agências responsáveis pelo estudo, no ritmo atual não 
será possível erradicar a fome até 2030, um dos objetivos do desenvolvimento 
sustentável.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL. Fome cai no Brasil em dez anos. 2018. Disponível em: http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/fome-cai-no-brasil-em-dez-anos-aponta-
relatorio-da-onu. Acesso em: 18 jan. 2019. 
DICAS
Aproveite para assistir ao breve documentário, de aproximadamente 3 minutos, 
que relata a trajetória do problema da fome no Brasil. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/agencias-da-onu-apoiam-documentario-sobre-historia-da-fome-no-brasil/. Acesso 
em: 12 abr. 2019.
Em relação ao problema da Fome no Brasil, o autor Josué de Castro 
contribuiu expressivamente com estudos na área, sendo que o livro “Geografia 
da Fome”, de 1946 é considerado um marco no campo de estudo. As ideias geraistrabalhadas no livro estão expostas na resenha que se apresenta a seguir: Resenha 
do livro: Geografia da Fome. 
Aos 38 anos de idade, Josué de Castro publica sua obra de maior 
repercussão, Geografia da fome, que veio a ser traduzida em mais de 25 idiomas. 
O livro, de 1946, é uma referência no estudo do tema, e logo foi reconhecido 
com o Prêmio Pandiá Calógeras, da Associação Brasileira dos Escritores e com 
o Prêmio José Veríssimo, da Academia Brasileira de Letras. Josué explica o 
objetivo do trabalho:
"Em nosso ensaio de natureza ecológica tentaremos, pois, analisar os 
hábitos alimentares dos diferentes grupos humanos ligados a determinadas 
áreas geográficas. É preciso descobrir as causas naturais e as causas sociais 
que condicionaram o seu tipo de alimentação, com suas falhas e defeitos 
característicos e procurando verificar até onde os defeitos influenciam a estrutura 
econômico-social dos diferentes grupos estudados. Assim, acreditamos poder 
trazer alguma luz explicativa a inúmeros fenômenos de natureza social até 
hoje mal compreendidos por não terem sido levados na devida conta os seus 
fundamentos biológicos".
O mapeamento do Brasil a partir de suas características alimentares 
deixou clara a trágica situação da fome no país, que não poderia mais ser 
atribuída a fenômenos naturais, mas a sistemas econômicos e sociais que 
poderiam ser transformados para o benefício da população.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/fome-cai-no-brasil-em-dez-anos-aponta-relatorio-da-onu
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/fome-cai-no-brasil-em-dez-anos-aponta-relatorio-da-onu
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/fome-cai-no-brasil-em-dez-anos-aponta-relatorio-da-onu
https://nacoesunidas.org/agencias-da-onu-apoiam-documentario-sobre-historia-da-fome-no-brasil/
https://nacoesunidas.org/agencias-da-onu-apoiam-documentario-sobre-historia-da-fome-no-brasil/
TÓPICO 3 | DESAFIOS PARA A GEO. DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO ENV. POPULACIONAL
191
A área do sertão nordestino é caracterizada pelas secas periódicas 
que, quando ocorrem, levam seus habitantes ao limite da inanição. A área é 
denominada por Josué como área de fome epidêmica. Mais do que o clima, 
o maior problema é a falta de recursos, de meios de transporte e de políticas 
públicas para a região. Já na região da zona da mata nordestina e em grande 
parte do território brasileiro, a maior parte da população sofre de uma fome 
permanente, sofrendo carências na alimentação cotidiana. 
Denominando tal tipo de fome como fome endêmica, Josué também 
demonstra como ela se manifesta ocultada por outras doenças que se instalam 
facilmente em organismos enfraquecidos. Ela se faz sentir nas doenças 
carenciais, tais como beribéri, a pelagra, o raquitismo, de modo muito mais 
sutil, por insuficiência de proteínas, minerais e vitaminas, que apenas se 
revelam por lassidão, irritabilidade, nervosismo ou falta de apetite. Se a falta 
total de alimentos constitui uma causa importante da mortalidade, o número 
é diminuto comparado às debilidades que o regime alimentar defeituoso 
provoca.
Para explicar o quadro de um país de fome como o nosso e buscar ações 
para reverter, não é possível deixar de considerar o desequilíbrio causado pelo 
modelo de crescimento industrial exclusivo sem alterações na estrutura arcaica 
da agricultura e pelo tipo de economia voltado para interesses estrangeiros 
desde a época do colonialismo até o atual neocolonialismo do capital 
internacional.
"É mesmo a característica essencial do desenvolvimento econômico 
do tipo colonialista, bem diferente do desenvolvimento econômico autêntico 
de tipo nacionalista. O colonialismo promoveu pelo mundo uma certa forma 
de progresso, mas sempre a serviço dos seus lucros exclusivos, ou quando 
muito associado a um pequeno número de nacionais privilegiados que se 
desinteressavam pelo futuro da nacionalidade, pelas aspirações políticas, sociais 
e culturais da maioria. Daí o desenvolvimento anômalo, setorial, limitado a 
certos setores mais rendosos, de maior atrativo para o capital especulativo, 
deixando no abandono outros setores básicos, indispensáveis ao verdadeiro 
progresso social".
Com este importante trabalho, Josué de Castro demonstrou que era 
possível construir uma ciência que teria por objeto de estudo problemas 
específicos de países subdesenvolvidos e que fosse capaz de explicar a situação 
dos países sem recorrer aos mitos de inferioridade racial, de fatalismo ou de 
determinismo geográfico. Ainda, apontava para a necessidade de transformar 
a estrutura agrária para aumentar a oferta de alimentos e fortalecer o mercado 
interno.
Conheça este material na íntegra, acessando: http://www.projetomemoria.art.
br/JosuedeCastro/cont_pens1.htm. Acesso em: 28 mar. 2019. 
http://www.projetomemoria.art.br/JosuedeCastro/cont_pens1.htm
http://www.projetomemoria.art.br/JosuedeCastro/cont_pens1.htm
UNIDADE 3 | TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO
192
Para finalizarmos as discussões relacionadas ao problema da fome, 
apresentamos um plano de aula que aborda a questão a partir de uma perspectiva 
interdisciplinar.
DICAS
Cinema e Educação: Fome de Doce – Um Menino Muito Maluquinho
Autora: Cláudia Mogadouro
Nível de ensino: Ensino Fundamental II
Conteúdos
Educação alimentar, saúde bucal e bem-estar.
Objetivos
• Refletir sobre educação alimentar, saúde bucal e bem-estar.
• Conhecer ou reconhecer a obra do escritor Ziraldo.
• Pensar a alimentação relacionando-a às culturas locais. 
• Pensar a cronologia a partir das diversas fases da criança.
1ª Etapa: Exibição do episódio “Fome de Doce”
 • O episódio deve ser visto antes pelo (a) professor (a) que deve avaliar se há necessidade 
ou não de explicar que a história é contada em tempos históricos diferentes. Em geral, após 
alguns minutos, as crianças captam a diferença dos atores e da trama. A não explicação 
dessa estratégia pode ser um elemento desafiador para as crianças. Mas, caso sejam crianças 
muito pequenas e o professor julgar necessário, pode ser feita uma introdução explicando a 
narrativa em três tempos. 
• O (a) professor (a) pode iniciar a atividade perguntando à classe quem conhece a obra de 
Ziraldo, o personagem Menino Maluquinho, ou mesmo quem já viu a série na TV. 
 
2ª Etapa: Ciências - Debate sobre alimentação saudável
 • A dificuldade de a criança gostar de alimentos saudáveis e/ou alimentos diversos é o tema 
do episódio. A criança muitas vezes recusa a comida alegando não ter fome, mas o que ela 
quer é doce. Na parte do episódio em que o garoto está com 5 anos, a questão é a “fome de 
doce”. Curiosamente, a mãe de Maluquinho é odontopediatra e, para sua desilusão, descobre 
que o filho não está escovando bem os dentes e já tem duas cáries.
• Na outra parte do episódio, em que Maluquinho já tem 10 anos, a questão é não querer 
experimentar novos alimentos. O avô, que está para chegar do Japão, pede que a família o 
receba com um jantar japonês. Maluquinho vê charme e chama seus amigos, mas ele não 
sabia que teria que experimentar peixe cru, entre outros alimentos “diferentes”. Sua amiguinha 
diz que é preciso certa “maturidade” para se comer comida japonesa e ele não quer passar 
vergonha na frente dela.
• O que a criança quer quase sempre não é o mais saudável. A série O Menino Muito 
Maluquinho mostra o ponto de vista da criança (“tenho fome de doce”, “que nojo de peixe 
cru”, “não quero verdura”) e as consequências mais imediatas da desobediência ou da 
TÓPICO 3 | DESAFIOS PARA A GEO. DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA FOME E A QUESTÃO DO ENV. POPULACIONAL
193
superação. No caso do menino menor, uma dor de barriga. Quando ele está maior, o desafio 
de experimentar alimentos diferentes que ele acha que não gosta. O debate deve deixar 
aflorar os reais hábitos das crianças, permitindo que uns contem aos outros o que comem, o 
que já superaram, alguma experiência