Afinal, qual a melhor diferenciação entre Coisa e Bem? #DIREITODASCOISAS

Caro colega, acho difícil você simplesmente encontrar uma definição/diferença sobre cada uma delas, pois cada pessoa interpreta de um jeito. Na minha opinião, "coisa" é o gênero do qual "bem" é espécie. Citarei alguns doutrinadores da qual estudei e possuem entendimentos diversos,para que te ajude a chegar em uma decisão, espero te ajudar! 

Caio Mário da Silva Pereira entende que "bem" é gênero, enquanto "coisa", espécie: "Bem é tudo que nos agrada. [...] Os bens, especificamente considerados, distinguem-se das coisas, em razão da materialidade destas: as coisas são materiais e concretas, enquanto que se reserva para designar imateriais ou abstratos o nome bens em sentido estrito."

Silvio Rodrigues entende que "coisa" é gênero, enquanto "bem" é espécie: "[...] coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. [...] bens são coisas que, por serem úteis e raras, são sucetíveis de apropriação e contêm valor econômico".

Um dos doutrinadores mais atuais, Carlos Roberto Gonçalves, concorda com o entendimento de Silvio Rodrigues, e em seu livro de "Direito das Coisas", acrescenta: "Segundo o art. 202 do Código Civil português, 'diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas'. Coisas são bens corpóreos: existem no mundo físico e hão de ser tangíveis pelo homem (CC alemão, §90; CC grego, art. 999."

Caro colega, de antemão agradeço pelo pronto auxílio em tentar esclarecer a difícil temática, objeto da pergunta.

Por cursar o 7º período confesso que foi meu primeiro momento com a matéria direito das coisas, motivo pelo qual, desconheço todos os assuntos como também os principais doutrinadores.

No entanto, por ser de gosto popular, tentei me socorrer da obra de Carlos Roberto Gonçalves, que inclusive, o nobre colega citou. Para meu espanto, só me proporcionou mais dúvidas. O fato é que o ilustre civilista peca em certas contradições como tentarei mostrar a seguir.

No início de sua obra ele é bastante claro, ao afirmar que: “Coisa é gênero do qual bem é espécie”. Nesse sentindo seria verdadeiro dizer que coisa sempre será bem, no entanto, nem sempre bem será uma coisa.

Utilizando-me da referência que o ilustre colega utilizou, na qual Carlos Roberto, confirma e cita o dizer de Silvio Rodrigues: “Coisas são bens corpóreos...”. Ora, dizer que coisa é bem corpóreo resulta em dois entendimentos: O primeiro é de que existem bens incorpóreos, do contrário, não haveria necessidade de se especificar o bem; o segundo é que, ao especificar o bem, ele diz que os bens incorpóreos não são coisa, o que fere o entendimento central dele, qual seja o de que coisa é gênero do qual bem é espécie.

Não sei se consegui me fazer claro, e também não sei se minha interpretação está correta, mas foi algo que me chamou atenção (lembrando que posso estar falando besteira). Tentei então ler outra doutrina desta vez do jurista Fábio Ulhôa Coelho que conseguiu atrair minha afeição. Segundo ele, coisa compreende duas acepções, uma em sentido lato e outra em sentido estrito. Na primeira, coisa significa aquilo que tem valor econômico (os bens) como também o que é insuscetível de mensuração pecuniária, portanto, coisa é gênero (tudo o que existe além dos sujeitos) do qual os bens são espécies (o que tem valor econômico). Na segunda acepção, coisa significa os bens corpóreos, dotados de existência física, que ocupam lugar no espaço, nesse sentido, os bens incorpóreos (obra literária, marca registrada entre outros) e os direitos (direito à vida, crédito) não são coisa, portanto, bens é gênero do qual coisa é espécie.

O interessante foi que Fábio Ulhôa confirmou o meu entendimento, mas, honestamente, ainda não consigo, objetivamente, responder a pergunta. Reitero o agradecimento pela ajuda!