Responsabilidade objetiva ou subjetiva. Teorias aplicáveis.
Responsabilidade é uma obrigação. Responsabilidade é um vínculo que nasce da lei. Para vivermos em sociedade nós estamos sujeitos à observância de um conjunto de normas ou mandamentos que nos delimita o comportamento. A partir do momento em que o nosso comportamento é delimitado pela lei, estaremos sujeitos ao que a lei prescrever. Ou seja, se cumprirmos, estamos em conformidade ao próprio mandamento legal. Se não, recebemos a sanção prevista legalmente.
Para compreendermos o instituto da responsabilidade temos que levar em consideração as diferentes noções que responsabilidade envolve. São elas a responsabilidade civil, penal ou administrativa.
A responsabilidade civil nasce da necessidade da preservação do patrimônio das pessoas que vivem em sociedade. A responsabilidade civil é conseqüência de um dano ao patrimônio alheio.
A responsabilidade penal nasce de um ataque à vida de alguém. As leis penais protegem os bens mais valiosos do ser humano que são a vida e outros. A responsabilidade no campo penal está ligada ao cometimento dos modelos de comportamento chamados de “tipos” legais. Ao cometer as ações descritas nos tipos penais, a pessoa comete um crime e se torna penalmente responsável.
A responsabilidade administrativa é fruto do descumprimento de determinações das leis administrativas.
Independentemente das teorias, a responsabilidade será objetiva quando dispensar o exame da culpa ou do dolo da pessoa no comportamento que pesou sobre o patrimônio do particular, causando-lhe danos.
A responsabilidade subjetiva exige a constatação da culpa ou do dolo do agente no evento que danificou a propriedade particular.
Tanto a responsabilidade subjetiva quanto a objetiva requerem que os danos que tenham sido causados ao patrimônio de particulares sejam reparados. Ou seja, a responsabilidade civil do Estado pode ser subjetiva ou objetiva.
A concepção civilística ou subjetiva da responsabilidade civil do Estado foi a primeira contestação ao que existia até então: a teoria da irresponsabilidade estatal que prevalecia nos Estados absolutistas.
Pela responsabilidade civil subjetiva, era necessária a constatação e a prova da própria participação do agente com dolo ou culpa.
Devido a dificuldades de aplicação a própria teoria subjetiva perdeu terreno para a teoria objetiva da responsabilidade do Estado.
Também entendida como a concepção publicística da responsabilidade do Estado, considerada a terceira fase evolutiva do instituto, a responsabilidade objetiva seria a publicização do instituto da responsabilidade civil do Estado. Ou seja, a situação não mais seria resolvida em termos civilisticos, mas de direito públicos.
Fonte: Auto: Francisco Mafra - Algumas anotações sobre responsabilidade do Estado e os Direitos fundamentais dos cidadãos. Doutrina: “O Servidor Público e a Reforma Administrativa”, Rio de Janeiro: Forense, no prelo.
A responsabilidade subjetiva do Estado é aquela em que deve-se demonstrar a culpa do agente causador do dano. Desdobra-se em duas teorias, muito bem explicadas por Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
“Teoria da culpa individual (atos de império x atos de gestão)
Todavia, a responsabilidade do Estado dependeria da distinção entre atos de império e atos de gestão, influenciada pela denominada “Teoria do Fisco”, que diferenciava o Estado “propriamente dito”, dotado de soberania, e o Estado “Fisco”, que se relacionava com particulares sem poder de autoridade.3 No primeiro caso (atos de império), o Estado em posição de supremacia em relação ao particular, em razão de sua soberania, não seria responsabilizado por eventuais danos (ex.: poder de polícia). No segundo caso (atos de gestão), o Estado se despe do seu poder de autoridade e atua em igualdade com o particular (ex.: contratos), abrindo caminho para sua responsabilidade com fundamento no Direito Civil.
Nesse caso, a responsabilidade dependeria da identificação do agente público e da demonstração da sua culpa, o que dificultava, na prática, a reparação dos danos suportados pelas vítimas, especialmente em virtude da complexidade da organização administrativa.
Teoria da culpa anônima (culpa do serviço)
A partir da consagração da teoria da Faute du service (culpa do serviço ou culpa anônima ou falta do serviço), a responsabilidade civil do Estado dependeria tão somente da comprovação, por parte da vítima, de que o serviço público não funcionou de maneira adequada. Em vez de identificar o agente público culpado (culpa individual), a vítima deveria comprovar a falha do serviço (culpa anônima).4 Assim, por exemplo, em caso de enchente, basta que a vítima comprove o entupimento dos bueiros de águas pluviais, sem a necessidade de identificar o agente público omisso.
A teoria da culpa anônima pode ser caracterizada por uma das seguintes situações:
a) serviço não funcionou;
b) serviço funcionou mal; e
c) serviço funcionou com atraso.”
(Direito Administrativo. e-book. 31ª ed. pg. 808-809)
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