A sátira e a comédia têm a função de provocar o riso e fazer pensar. Ou seja, servem para fazer crítica social e motivar o leitor a refletir sobre ...

O propósito da sátira na obra "Auto da barca do inferno", de Gil Vicente, publicada em 1517, é fazer uma crítica social e moral da sociedade portuguesa da época, representando a passagem de almas para o céu ou para o inferno. A sátira é dirigida a diferentes grupos sociais, como o clero, a nobreza e o povo, e utiliza elementos cômicos para expor os vícios e as hipocrisias desses grupos. Os alunos devem identificar esses elementos no texto, como as falas dos personagens, as situações apresentadas e as características dos mesmos.

A sátira é uma estratégia literária em que se utiliza o humor para ridicularizar um tema, pessoa ou instituição e fazer uma crítica. ​​​​​​​A cena mostra um diálogo entre o diabo-barqueiro e o frade no momento do juízo final. O frade é ridicularizado e tem o seu comportamento criticado. O barqueiro pede que o frade suba na barca que o levará ao inferno e o frade fica surpreso. Diz que, por ser membro do clero e rezar muito, teria direito à salvação. Seu comportamento, porém, não condiz com os votos que fez ao se tornar frade.

Na análise dessa cena do auto, o professor deve mostrar aos alunos os seguintes elementos que indicam sátira: o frade chega cantando e dançando, de mãos dadas com a namorada e portando armas e escudo de esgrima. Fica claro que o frade não renunciou aos prazeres mundanos, pois namorava, frequentava bailes e lutava esgrima.

Assim, o humor está justamente na surpresa que o frade sente ao ser levado ao inferno pelo diabo. A crítica que se constrói no texto, portanto, é aos membros do clero que não obedecem às regras da Igreja.