"Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue sendo...

"Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de virtude) fazê-lo mesmo quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do direito e a doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por seus diferentes deveres, como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona um motivo ou outro com a lei."

Nesse fragmento, podemos perceber que Kant estabelece uma relação entre o direito e a moral. Acerca disso, podemos concluir que:

o direito e a moral são o mesmo. Dessa forma, quando se viola uma norma de conteúdo moral, atenta-se diretamente contra a ordem jurídica vigente

a conduta moral refere-se às vontades internas do próprio indivíduo. Já o direito, é imposto por uma ação exterior e ela se concretiza no momento de seu cumprimento, ainda que as razões que levaram ao cumprimento delas não sejam morais.

a coerção, tanto nas normas de conteúdo moral quanto nas normas jurídicas, é determinante, uma vez que é a possibilidade de se impor, por meio da força que as normas regulam, à liberdade do indivíduo.

direito e moral são absolutamente diversos. Logo, o cumprimento de uma norma jurídica, mesmo que de forma espontânea, não é uma demonstração de virtude moral.

a norma jurídica é complementar à norma de conteúdo moral, uma vez que é por meio da norma de conteúdo moral que uma sociedade positiva e a transforma em norma jurídica.