O servidor público víncula-se de modo especial com a Administração Pública sujeitando-se às determinações estatutárias. O que diz a constituição?
Ao estar investido no cargo por concurso público, deve cumprir sua função de acordo com o conjunto de competências que lhe são legalmente atribuídas. No exercício de sua função está sujeito ao cumprimento de deveres sendo-lhe proibidas determinadas condutas.
O desenvolvimento da atividade do servidor público atribui-lhe um singular caráter de dignidade. Em vista do exercício de sua função, não poderá exercer outras atividades, ainda que legais, honestas, idôneas, e fora do horário de seu expediente. Assim é que, zelando pela qualidade da atividade pública, proibe-se ao servidor público o exercício de gerência de empresa privada.
Lei 8.112/90: Estatuto dos servidores civis da União:
Art. 117. Ao servidor é proibido:
X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, salvo a participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída par prestar serviços a seus membros e exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário.
Lei 6.174/70: Estatuto dos servidores civis do Estado do Paraná:
Art. 285. Ao funcionário é proibido:
VII – enquanto na atividade, participar de diretoria, gerência, administração, Conselho Técnico ou Administrativo de empresa ou sociedade comercial ou industrial:
a) Contratante ou concessionária de serviço público estadual;
b) Fornecedora de equipamento ou material de qualquer natureza ou espécie, a qualquer órgão estadual.
Lei Complementar 92/02: Estatuto dos Auditores Fiscais do Estado do Paraná:
Art. 114. Ao Auditor Fiscal, além das demais vedações previstas na legislação referente aos funcionários civis do Estado, é proibido:
II – exercer atividade comercial ou participar de sociedade empresarial, exceto como acionista ou quotista.O Estatuto dos servidores da União, 8112/90, art. 132, preconiza que a demissão será aplicada também nos casos de transgressão dos incisos IX a XVI, do art. 117, compreendendo, pois, o inciso X, que é o caso da participação de gerência ou administração de sociedade privada.
Há que se considerar que, no mundo dos fatos, podem ocorrer as seguintes alternativas, didaticamente separadas:
a) Gerência exercida de fato com ou sem vínculo empregatício;
b) Gerência exercida com ou sem cláusula apontando a responsabilidade gerencial;
c) Apontamento em cláusula da responsabilidade gerencial isolada ou em conjunto mas sem exercê-la de fato.
O primeiro passo é verificar se, documentalmente, pelo Contrato Social, resta comprovada a inserção do servidor como sócio e como gerente.
Todavia, não basta constar o nome do servidor como gerente da empresa no Contrato Social para tipificar infringência que tem como conseqüência a demissão.
Ainda que houvesse esporádicos atos gerenciais, a penalidade de demissão seria desproporcional ao modo como o bem jurídico foi ofendido pelo servidor.
A proibição objetiva preservar a boa, contínua, regular e zelosa prestação do serviço exercido pelo agente público.
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