O dever de motivar os atos administrativos nunca foi expressamente assegurado em nenhuma constituição brasileira. Por essa razão, a doutrina administrativa jamais foi uníssona sobre a obrigatoriedade de motivação. Nesse singelo trabalho demonstrarei que, hodiernamente, em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional, a motivação se tornou em uma obrigatoriedade na edição dos atos administrativos.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.
Se o ato administrativo é manifestação unilateral de vontade da Administração, e se a administração pública só pode fazer aquilo que a lei permite (legalidade estrita), é possível concluir que qualquer ato administrativo só será válido se encontrar fundamento em lei. Portanto, deve haver lei permitindo a edição de tal ou qual ato.
Ocorre que a edição normas primárias (lei ordinária, lei complementar, etc) somente é possível porque a Constituição não só autoriza essa edição, como também estabelece o procedimento de criação de leis (processo legislativo) e seus limites. Ou seja, a Constituição é o fundamento de validade de qualquer lei.
Diante do exposto, podemos concluir que, se o ato administrativo tem fundamento na lei, e a lei na Constituição, em última instância o ato administrativo encontra seu fundamento também na Constituição, e por isso deve respeito a ela.
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