Buscar

Limite da multa por mora em contratos firmados entre Pessoas Jurídicas

O artigo 52 do Código de Defesa do Consumidor estabelece o limite de 2% para multas pelo descumprimento de obrigações em que a parte seja um "consumidor" segundo os termos da lei.

 

Alguem sabe me dizer se tem umajurisprudência/doutrina que afaste esse limite de 2% para os casos em que as partes não sejam consumidores.?

💡 2 Respostas

User badge image

Gabriela Cipoleta

No Código Civil de 1916, a taxa de juros moratórios, quando não convencionada entre as partes, era de 6% ao ano, conforme dispunha o artigo 1.062. Se convencionada, deveria observar o limite estabelecido pela Lei de Usura (Decreto nº 22.626, de 1933) a qual determinava que os juros convencionados pelas partes não poderiam ser "superiores ao dobro da taxa legal", ou seja, não poderiam exceder o percentual de 12% ao ano. 

Por essa razão, até a entrada em vigor do novo Código Civil, o limite de juros que poderiam ser cobrados em empréstimos por pessoa física ou pessoa jurídica, não financeira, não poderia ultrapassar o percentual de 12% ao ano.

Os juros moratórios serão convencionais ou legais, segundo tenham sido ou não estabelecidos pelas partes no contrato celebrado. Se não forem convencionados pelas partes, os juros corresponderão àquele que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.

Cabe assinalar que parte da doutrina afirma que o Decreto nº 22.626/33, conhecido como a Lei de Usura, foi revogado tacitamente pelo novo Código Civil, fundamentando a sua revogação no fato do Código Civil de 2002 regular novamente por inteiro a matéria de juros, e assim, a taxa convencionada entre as partes para os juros moratórios não possuiria limites, desde que livremente acordada.

De outra parte, há doutrinadores que afirmam que a Lei de Usura não foi revogada pelo novo Código Civil, e a taxa convencionada entre as partes, quanto aos juros, não poderia ser superior ao dobro da taxa legal (art. 1º do Dec. 22.626/33).

O artigo 5º da referida lei admite que pela mora dos juros contratados estes sejam elevados de 1% ao mês, e não mais.

O artigo 406 do novo Código Civil determina que os juros moratórios legais "serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional", e o Código Tributário Nacional limita em 1% ao mês os juros de mora, se a lei não dispuser de modo diverso, consoante § 1º do artigo 161.

Fazendo uma interpretação sistemática do artigo 406 do Código Civil, do artigo 161, § 1º do Código Nacional Tributário e do artigo 5º da Lei de Usura (Dec. 22.626/33), o limite da taxa de juros moratórios legais é de 1% ao mês, e 12% ao ano.

O Código de Defesa do Consumidor não dispõe de forma expressa sobre a taxa aplicável a juros de mora, mas a doutrina e a jurisprudência indicam o valor de 1% ao mês, ou 12% ao ano, a mesma taxa legal de juros moratórios estabelecida pelo artigo 406 do Código Civil vigente.

Diante do esposado, deve ser observado que as partes não possuem plena liberdade contratual em relação aos juros adotados, (exceto as Instituições Financeiras que tem legislação própria), devendo se ater ao limite legalmente estabelecido, e assim, a margem de liberdade está adstrita ao limite imposto pela legislação em vigor.

Questão importante a ser levantada sobre esse limite de juros é verificar se pode ou não ser aplicada a taxa SELIC.

Não há Jurisprudência pacifica a respeito, havendo, no entanto, tendência ao reconhecimento do limite de 1% ao mês, segundo a regra do Código Tributário.

 

(http://www.epm.tjsp.jus.br/Sociedade/ArtigosView.aspx?ID=3091)
1
Dislike0
User badge image

Paduan Seta Advocacia

Na verdade, o limite de 2% para as multas pelo descumprimento das obrigações, prevista no Código de Consumidor, é apenas para as relações de consumo.

Sendo assim, no caso em que não há relação de consumo, o limite é outro. Como não há posição de superioridade entre as partes, aplica-se o Código Civil.

Nesse caso, dependerá muito de qual é o contrato, quais as obrigações envolvidas e assim por diante. Entretanto, a jurisprudência tem entendido que multas entre 10 e 20% são válidas. Isso porque, como as partes estão em pé de igualdade, há liberdade e clareza no momento da negociação das cláusulas. Portanto, apenas as cláusulas claramente abusivas é que são consideradas inválidas.

Entretanto, a multa nunca poderá exceder o valor total da obrigação, conforme previsto no artigo 412 do Código Civil:

Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais