Quais argumentos poderiam ser usados para uma defesa sobre a descriminalização das drogas?
Mateus Fagundes
Conforme José Nabuco Filho:
"Apesar do caráter pecaminoso que muitos gostam de atribuir ao crime, o fato é que nenhuma conduta é naturalmente criminosa. Na verdade, é a sociedade que escolhe quais condutas devem receber o rótulo de crime e essa escolha varia de acordo com ela mesma, sociedade, e o momento histórico.
Muitas condutas ainda permanecem como crimes muito mais por uma tradição que por legitimidade do controle penal. Nem sempre a melhor forma de se proteger um bem jurídico, ou as pessoas, é através da criminalização."
Quanto à descriminalização das drogas, saliente-se que "a política criminal se baseia na repressão e há anos que o Estado brasileiro gasta fortunas na manutenção dessa guerra, sem que se obtenha proveito algum. A verdade é que a atual política não é eficaz na diminuição do uso [...] e, como efeito colateral, gera diversos crimes secundários, como tráfico de armas, corrupção e homicídios, entre outros. Esses crimes derivam diretamente da proibição, pois ninguém precisa de fuzil para transportar cigarro ou bebida alcóolica."
Há quem suscite, ademais, o forte argumento de que o Estado não deve intervir na liberdade individual dessa forma. Seria ilegítimo.
Guilherme Burzynski Dienes
Gastos públicos:
-Repressão policial;
-Judiciário (sistema penal), logo contratação de mais juízes;
-SUS - no final das contas, o adicto vai para o Centro de Atenção Psicosocial, fora as diversas doenças derivadas do uso de drogas a médio e longo prazo, além da própria morte do consumidor;
-Sistema Prisional - não há presídios para tantos traficantes;
-Tráfico de armas existe pois há demanda: quem possui dinheiro para comprar um fuzil AR-15 no crime? Ladrão de carros que não, apenas traficantes, pois é a atividade de empresa criminosa mais lucrativa;
-Tráfico de seres humanos, pois qualquer empresário diversifica suas operações para diluir o risco entre elas. O dinheiro feito pelo tráfico de drogas dá a oportunidade que haja o tráfico de seres humanos, seja para trabalho escravo ou escravidão sexual;
-Exposição da droga a menores, pois apesar da previsão do ECA, são eles os primeiros a ter contato com as drogas hoje.
Logo, comprometemos diversos serviços públicos em prol do ideal do "mundo sem drogas", que racionalmente ninguém acredita que acontecerá, portanto o gasto é injustificado e seria melhor revertido na forma de impostos para o governo se fosse controlado, mas pensemos nas drogas lícitas: sabia que um adesivo de nicotina para parar de fumar é mais caro em um mês do que o que um fumante gasta em uma carteira/dia em 30 dias? Ironicamente, os impostos dos cigarro são para o SUS, mas isso só no papel.
Antonio Carlos de Santana
Há muitos argumentos, dentre eles a questão da saúde pública.
O promotor do Rio Grande do Sul ainda justifica que a partir do que se extrai da carta magna, mostra-se coerente utilizar-se do Direito Penal para a proteção da saúde pública, pois a própria constituição brasileira tutela de forma relevante esse bem jurídico. (Marcelo Lemos Dornelles, 2011, p. 296-297)
Vicente Greco Filho, citando a Corte Constitucional Italiana, afirma:
.A razão jurídica da punição daquele que adquire, guarda ou traz consigo para uso próprio é o perigo social que sua conduta representa. Mesmo o viciado, quando traz consigo a droga, antes de consumi-la, coloca a saúde pública em perigo, porque é fato decisivo na difusão dos tóxicos. Já vimos ao abordar a psicodinâmica do vício que o toxicômano normalmente acaba traficando, a fim de obter dinheiro para aquisição da droga, além de psicologicamente estar predisposto a levar outros ao vício, para que compartilhem ou de seu paraíso artificial ou de seu inferno” (Vicente Greco Filho. Tóxicos, Prevenção – Repressão. São Paulo: Saraiva, 11ª ed., 1996, p. 112-113)
No entanto, de acordo com os estudos técnicos da Confederação Nacional dos Municípios, intitulado mortes causadas pelo uso de substâncias psicotrópicas no Brasil, “os transtornos mentais comportamentais advindos do uso da cocaína levaram a óbito no Brasil, do ano de 2006 ao ano de 2010, 354 pessoas.” (CNM, 2012. p.20). (Grifo nosso)
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta.
Redação e Linguagem Forense
•UCDB
Rânily Ribeiro
Compartilhar