Qual conduta deverá ser tomada frente o quadro de incapacidade de engravidar?

Depende do motivo pelo qual há dificuldade de engravidar.

Se o motivo está relacionado a uma alteração fisiológica que interfere na produção satisfatória dos hormônios sexuais e hipofisiários relacionados a produção e maturação dos gametas, um tratamento hormonal controlado e adequado pode funcionar. Uma alteração da função hormonal da tireóide também pode interferir, apesar de não agir diretamente sobre os processos de maturação dos gametas e preparação das gônadas sexuais para produção de gametas, essa glândula interfere no metabolismo geral do corpo e interfere no padrão adequado de secreções glandulares. Portanto, uma alterações da produção de hormônios tireóideos pode atingir tanto a produção adequada de gametas quanto na manutenção de uma gestação pelo trato reprodutivo feminino, por exemplo.

Quando a motilidade dos espermatozoides é baixa por motivos não relacionados à ineficiência da produção hormonal e consequente maturação do gameta pelo homem, mas por uma alteração das condições ambientais ideais no trato reprodutivo feminino, por exemplo, por gerar uma resposta imunológica alta devido a uma recorrente inflamação ou infecção, os espermatozoides poderão ser prejudicados ou mesmo destruídos em seu caminho pelo trato reprodutivo feminino. Ou, o motivo da baixa motilidade do espermatozoide pode estar associado a outros fatores fisiológicos nas gônadas sexuais ou estruturas relacionadas do trato reprodutivo masculino, como alterações na expressão de moléculas no túbulo seminífero do epidídimo, por exemplo, associados a defeitos genéticos. Nesses casos são recomendados técnicas de reprodução assistida, como fertilização in vitro e inseminação artificial.

Fertilização in vitro facilita a fecundação dos gametas, geralmente fora do corpo da mulher, utilizando técnicas de biotecnologia. Existem variações das técnicas de fertilização in vitro, uma delas é a ICSI, que consegue realizar a fecundação de um espermatozoide e um óvulo que virão se desenvolver em um embrião a ser implantada na parede uterina da mulher. Além das técnicas biológicas que levaram a esses gametas a serem fecundados pra formar o embrião, existem intervenções clínicas e farmacológicas, incluindo estudo do melhor período do ciclo reprodutivo feminino, para que esse procedimento de implantação ocorra aumentando as chances de nidação do embrião, processos críticos para iniciar um processo gestacional. A fertilização in vitro é muito recomendada em casos de alteração desfavorável da anatomia das trompas uterinas, fator que pode prejudicar tanto a fecundação quanto o processo de nidação adequados do embrião em desenvolvimento.

Inseminação artificial consiste em transferir por meio de procedimento clínico o sêmen ou esperma, contendo os espermatozoides, para o trato reprodutivo feminino. Atualmente, as técnicas de inseminação artificial têm evoluído para aumentar o sucesso da fecundação, aliadas com análises dos casos específicos do paciente, existem técnicas diferenciadas de inseminação, que associadas à administração de fármacos específicos que podem levar ao aumento da receptividade do trato reprodutivo feminino aos espermatozoides. Inseminação artificial pode ser recomendada para casos onde o trato reprodutivo feminino e suas condições fisiológicas e anatômicas tendem a dificultar ou diminuir as chances de fecundação.

Existem casos que necessitam de intervenções cirúrgicas para pacientes com mioma ou endometriose. O objetivo desses procedimentos não precisa estar relacionado ao desejo de engravidar, mas se há um desses problemas em uma mulher com intenção de engravidar eles devem ser tratados antes de qualquer tentativa para aumentar as chances de obter uma gestação. Isso se deve ao fato de a parede uterina ser imprescindível durante os processos de nidação e desenvolvimento placentário. Portanto, é necessária a manutenção da saúde da parede uterina tornando-a apropriada estes processos críticos para iniciar um processo gestacional.  

A endometriose pode ser tratada por meio de administração hormonal adequada, somente em casos onde a anatomia do útero é alterada os procedimentos cirúrgicos são recomendados, tentando remover ao máximo parte de tecidos formadores de lesões endometrióticas.

Miomas podem ser tratados por medicamentos específicos ou por procedimentos cirúrgicos. O surgimento de miomas pode acontecer durante a gravidez, a técnica mais apropriada para lidar com o mioma durante este período é a embolização do mioma, que consiste de uma técnica radiologia intervencionista, injetando minúsculas partículas esféricas no local do mioma, essas partículas bloqueiam o fluxo sanguíneo, induzindo morte do mioma. Caso mioma esteja estabelecido antes da gravidez o caso deve ser estudado de maneira a buscar o melhor método para eliminação das fibras alteradas do miométrio, sem prejudicar ou remover aparelho reprodutivo da mulher que ainda deseja ter filhos.

Pacientes com histórico de utilização de anticoncepcionais por período prolongado também podem ter dificuldades em engravidar, isso se deve ao fato de possuírem endométrio fino, o que dificulta o processo de nidação do embrião. Contudo, tratamentos com hormônios relacionados a progesterona, podem favorecer o reestabelecimento desse tecido glandular.

O tema da pergunta é vasto. Aqui há intenção de resumir superficialmente uma resposta a uma pergunta complexa.

Obrigada!!!

A infertilidade é uma doença que afeta o casal, onde ele é incapaz de conceber uma criança naturalmente ou levar uma gravidez a termo após 1 ano de relações sexuais constante ( pelo menos 3 vezes por semana) sem o uso de MAC (método contraceptivo). O tratamento da infertilidade geralmente começa com a medicação. Também podem ser utilizadas técnicas de reprodução assistida , como inseminação artificial ou fertilização in vitro (FIV), tuboplastia, incubação assistida e PGD.