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pablo sergio vieira

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1 - Remição da Pena

 

A remição é um instituto de execução penal baseado na pena do preso, e é apenas aplicável para o condenado que cumpre pena em regime fechado ou semi-aberto. Consiste em através do trabalho, o preso ter a duração da sua condenação reduzida, ou seja, equivale ao cumprimento de parte da pena mediante labor.

Este direito à remição foi trazido ao ordenamento jurídico pátrio através da Lei de Execução Penal, LEP, lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984.

Com efeito, a aludida lei federal vigente no Brasil tem disposto no artigo 1º, o seu objetivo, qual seja: “...efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.”. Ela visa um tratamento digno aos presos, para que uma vez saindo da prisão, não tenham muitas dificuldades para se readaptar à sociedade da qual eles haviam se afastado, e assim possam construir uma história íntegra e honrosa.

No que tange ao procedimento existente para que seja alcançada tal remição, se faz mister tecer breves comentários: o presidiário deverá preencher uma ficha de requerimento fornecida pelo devido órgão carcerário responsável por este, e após o correto preenchimento, será encaminhada ao administrador do cárcere. Este, por sua vez, deve fazer uma listagem de todos os requerimentos desta natureza, ficando à espera do aparecimento de uma oportunidade de trabalho prisional.

A contagem do tempo para efeito de remição se obtém da seguinte forma: para cada três dias trabalhados, um dia será reduzido na pena, como prega o artigo 126, § 1º da LEP.  Então, se um preso trabalha, v.g., 300 dias terá 100 dias abatidos no tempo de duração da pena.

Vale ressaltar que existe uma divergência, não muito abordada doutrinariamente, acerca da interpretação do citado art. 126 da LEP. A minoria acredita, como ensina MARCELO POLACHINI PEREIRA “que o tempo da pena remida deverá ser somado à pena privativa de liberdade cumprida, para fins de benefícios, tais como a progressão de regime, livramento condicional, indulto, etc...”. Ao passo em que, a maioria entende que deve ser reduzido do total da pena imposta, o tempo remido, e deste resultado serão calculados os prazos para aqueles benefícios.

Como exemplo POLACHINI apresenta: “... um condenado à reclusão por 5 anos e 6 meses, ou seja, 66 messes, a serem cumpridos, inicialmente no regime semi-aberto. Assim, para que fosse atingido o prazo necessário para a progressão ao regime aberto de cumprimento de pena, deveria o setenciado cumprir 1/6 da reprimenda que lhe foi imposta, isto é, 11 meses de reclusão, consoante lhe garante o art. 112 da LEP.”

Se neste mesmo exemplo o preso remiu 60 (sessenta) dias de sua pena, seguindo o entendimento minoritário da doutrina, o condenado após cumprir 9 (nove) meses de reclusão, conseguiria a progressão do regime, pois obteve 2 (dois) meses de pena remidos pelo trabalho. Ao seguir o entendimento contrário e majoritário, que é mais gravoso, o preso terá a pena de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses, descontados os dois meses remidos, desta pena, 1/6 (tempo necessário para haver progressão de regime) significaria 10 (dez) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, o que quer dizer: o condenado permaneceria 50 (cinqüenta) dias a mais no regime semi- aberto, conforme prega essa segunda corrente.

Como a LEP é omissa a este respeito, e há a aplicação no ordenamento jurídico brasileiro da analogia in bonan partem, ou seja, para favorecer o réu, visto que a analogia in malam partem é proscrita no Direito Penal. Com isso, haveria de ser mais utilizada a corrente minoritária, pois visa o favorecimento do réu, que mais rapidamente poderia atingir a sua progressão de regime.

O preso que trabalha dentro do estabelecimento penal ou da Delegacia de Polícia tem que assinar uma folha de ponto, e esta é enviada mensalmente à Vara de Execução Penal para que haja a homologação dos dias remidos. Após a realização da homologação, a folha é juntada ao processo, sendo este enviado ao setor de cálculo, onde os dias remidos serão abatidos do tempo total da condenação.

Acertadamente FELIPPE BORRING ROCHA em seu artigo a respeito da remição penal afirmou que: “Como se sabe, o mal do encarceramento se alimenta principalmente da letargia gerada pelo ócio forçado, que corrói a personalidade e a conduta do preso num ambiente já marcado pela hostilidade e promiscuidade física e moral...”.

Partindo-se desta perspectiva, tem-se que o trabalho é necessário psicologicamente para o preso, colaborando para melhorar a sua expectativa em relação a todos os aspectos relevantes da vida, pois na prisão ele só tem contato com a marginalidade. Este fato é propício para que ele volte ao convívio da sociedade ainda mais violento e, portanto mais perigoso do que como quando ele foi posto “atrás das grades”.

Seguindo este entendimento, é de bom tom relembrar o art. 4º da Constituição do Estado da Bahia, que no seu inciso XI determina: “será preservada a integridade física e moral dos presos, facultando-se-lhes assistência médica, jurídica e espiritual, aprendizado profissionalizante, trabalho produtivo e remunerado, além de acesso a informações sobre os fatos ocorridos fora do ambiente carcerário, bem como aos dados relativos ao andamento dos processos de seu interesse e à execução das respectivas penas”.

Com isso, há de se proporcionar ao preso um ambiente saudável físico e psicologicamente, meio fundamental para que ele possa desenvolver uma atividade produtiva que lhe sirva de garantia para reduzir a duração da sua pena, e também, para a sua ressocialização ao retorno à vida do lado de fora do cárcere.

Necessária se faz, a garantia do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, pois, assim o direito penal estará conseguindo frear o ius puniendi, alcançando desta forma, verdadeiramente um Estado Democrático de Direito.

Portanto, o garantismo deve ser mais forte na execução da pena, pois nesse momento o réu está hiposuficiente, tornando-se fundamental, propiciar garantias mínimas a ele, visando manter a dignidade do ser humano.

A pena, a depender do momento, terá a função de evitar a ocorrência de delitos. Já em outras circunstâncias, visa retribuir o mal que foi causado, sendo o limite dessa retribuição: a Culpabilidade.

A pena possui, ainda, uma função simbólica, segundo a qual vende-se uma imagem de controle e segurança, quando na verdade as normas ou são ineficazes, ou são inválidas ou inclusive, não são vigentes, e a sociedade imagina estar protegida. Porém, ela é vulnerável a qualquer tipo de lesão.

Quanto à função da pena, pode-se afirmar que é ímpar, uma vez que protege os bens jurídicos conforme os ditames PRINCIPIOLÓGICOS FUNDAMENTAIS, como por exemplo, o Princípio Dinâmico, cujo preceito é que os fatos sejam interpretados de acordo com o momento em que se vive.

Há também neste âmbito, os Princípios: da Humanidade das Penas, segundo o qual só se pode aplicar uma pena que não atente, nem atinja a dignidade da pessoa humana; do Princípio da Intranscendência das Penas cujo entendimento é que a pena não pode passar da pessoa do condenado; do Princípio da Individualização da Pena com o ditame legal que a pena deve ser adequada e correspondente àquele setenciado; do Princípio da Não Perpetuação das Penas, onde determina que as penas não podem ser indeterminadas, elas não podem ser perpétuas. Sendo o limite atual no Brasil, a pena de 30 (trinta) anos.

E por fim, há que se falar no princípio de grande relevância, qual seja: o Princípio da Proporcionalidade, segundo o qual a pena há de ser compatível com o prejuízo que foi causado. Não podendo ser aplicada pena desproporcional ao dano causado.

Outrossim, CLAUS ROXIN estabelece uma série de limites para o direito de punir, afinal para ele o direito penal é uma forma subsidiária de prevenção de ocorrência de crimes. As primeiras formas de prevenção são, dentre outras, educação e religião. Seguindo esse entendimento o mestre PAULO QUEIROZ defende a idéia do direito penal como radicalmente mínimo, ou seja, o direito penal seria a última forma de combater o delito.

 

1.1. Remição Ficta

Conforme dados colhidos por SÉRGIO TIBÚRCIO DOS SANTOS SILVA, tem-se que “há penitenciárias no Brasil que possuem padarias, áreas de psicultura e suinocultura, fábrica de vassouras, trabalhos artesanais, criatórios de patos e galinhas, fábricas de bolas, atividades de pintura, marcenaria, cozinha, serviços gerais, etc...”, ou seja, há um vasto leque de possibilidades para o preso ingressar numa atividade laboral.

Em face à incumbência do Estado de oferecer trabalho ao condenado, em cumprimento de pena privativa de liberdade, ou àquele a quem se impôs medida de segurança detentiva, cabe a ele investir em instrumentos de trabalho para este preso, como: maquinários, instalações de fábricas, entre outros, ou até mesmo, incentivar empresas privadas a funcionar no presídio utilizando a mão-de-obra carcerária.

Se a empresa privada tem o seu funcionamento dentro do estabelecimento penal, além de dispor do espaço físico, não precisando pagar por isto, tem as despesas com água e luz divididas com o Estado. Portanto, por representar vantagem para o empreendimento privado, tem que existir uma forte publicidade para que ele funcione dentro da prisão, pois também é vantagem para o Estado, que terá à disposição dos presos, trabalho garantido.

Além das vantagens ao setor privado, já expostas, tem-se a grande questão de que os presos estão ávidos por trabalho, ou seja, eles serão muito produtivos e o salário deles, como já foi dito anteriormente, custa mais barato do que o de um trabalhador livre.

Porém, nem sempre o Estado age como deveria, no mais das vezes ele não investe, ou até mesmo, há uma certa impotência por parte dele quanto ao trabalho dos presidiários. É o que acontece, e.g, na Penitenciária Lemos Brito, Bahia, que possui uma estamparia, mas esta não funciona, pois sob a alegação estatal de que não há dinheiro para pagar aos especialistas que se dirijam àquele local, e ensinem aos presos como funcionam as máquinas que lá estão sem funcionamento algum. Ademais, o setor privado não demonstra interesse em arcar com as expensas deste ensino, não havendo modo da estamparia que lá está instalada iniciar a sua produção através do trabalho profissionalizante dos presos.

Com efeito, poder-se-ia aplicar no citado exemplo a remição ficta, que significa: o preso ao requerer trabalho e não obtendo resposta positiva do Estado, seja porque não há local onde trabalhar ou porque não há mais vagas, terá computado como remidos os dias, desde o recebimento do seu requerimento por parte da administração carcerária, em que não trabalhou por falta de oportunidade dada pelo governo. Consiste em dizer com isso, que se o preso requer trabalho e não há nenhum disponível para ele, hão de ser abatidos os dias em que não trabalhou, porém estaria trabalhando se só dependesse de sua vontade, do tempo de execução da sua pena.

É de bom alvitre enaltecer o método utilizado no procedimento supracitado, pois este é de âmbito administrativo-carcerário, e não judiciário. Desta forma, não haveria, teoricamente, uma protelatória burocratização do procedimento aludido, facilitando sobremaneira o alcance do detento ao seu almejado trabalho. E por via de conseqüência, não se aumentaria, o já abarrotado, serviço do Poder Judiciário... 

Porém, na Bahia não há a aplicação deste instituto, o que soa bastante prudente, pois se o preso tivesse a sua pena reduzida através deste instituto, não haveria os benefícios previstos na remição mediante trabalho, que mais se interessa por embutir no condenado o espírito ressocializador.

Nesta perspectiva, a remição ficta mais seria uma forma de punir o Estado face à sua inércia, desinteresse ou impotência quanto ao trabalho no cárcere. Porém, em nada colaboraria com o aspecto psicológico do preso e nem com a esperança da sociedade de que esse preso ao voltar para a sociedade livre esteja com nova mentalidade, voltada para o que seja legalmente permitido.

 

1.2. Remição Através da Doação de Órgãos

Surgiu no Estado do Rio de Janeiro a idéia de utilizar o instituto da remição penal cuja aplicação hodierna é mediante o trabalho do condenado, por uma nova forma de redução da pena, qual seja: através da doação de órgãos (!?). Contudo, ocorreram inúmeras críticas a respeito deste projeto, pois como se daria a valoração dos órgãos e a efetiva correspondência na redução da duração da pena?

Como crítico ferrenho deste projeto encontra-se o professor e advogado GAMIL FÖPPEL, que em suas explanações, inclusive ironiza este novo instituto idealizado no Rio de Janeiro, pois para ele é de difícil imaginação, por exemplo, que “para um rim doado, reduza 3 meses da pena do preso, para um estômago doado sejam abatidos da pena o total de 4 meses, e assim por diante, chegando a um absurdo tal que se o condenado doasse o cérebro, seria extinta a sua punibilidade”.

De certo, então, é afirmar que daquele projeto não se extrairia o fim a que se destina a remição da pena, através do trabalho do condenado. Mediante o trabalho visa-se a ressocialização do preso, que estando em contato com uma atividade laborativa cotidiana, ocupará boa parte do seu tempo na prisão com algo produtivo, e que lhe é de muito valor. Ademais, aquele que não tinha uma profissão antes de condenado ao cárcere, aprenderá um ofício, sendo que nos dois casos ao sair da prisão o preso terá mais chances de ingressar no mercado de trabalho, seguindo o seu caminho legalmente, do que aquele condenado que não executou nenhum trabalho durante o tempo em que estava preso, acumulando com isso, ainda mais raiva, angústia e periculosidade no seu “currículo criminal”.

Neste diapasão, forçoso é afirmar que o projeto de remição penal mediante doação de órgãos é uma verdadeira aberratio iures, com total descabimento, uma vez que em nada colaborará para que o preso desenvolva responsabilidades e, para que quando finda a sua pena, veja o quão importante é o trabalhar lícito como forma de seu sustento.

Enquanto mediante o trabalho, a remição poderá alcançar um objetivo ainda maior do que o pretendido, que é uma melhor reação da sociedade em relação ao retorno do preso ao convívio social.

Trabalho realizado, mediante a orientação do professor Gamil Föppel, pelos alunos do 4º ano B – Noturno:

-          Juliana Fernandez Fernandez

-          Sávio Mahmed

 

 

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