sobre Habeas Corpus nº82.424/RS

O caso Ellwanger Castan é o paradoxo entre Liberdade de expressão e o crime de Racismo.

A questão controvertida seria se os seus livros revisionistas caracterizariam racismo contra a etnia judaica, uma vez que questionavam a própria existência do holocausto.

Na prática, se você já leu um livro de Ellwanger Castan sabe que seria basicamente permitir que Mein Kampf fosse escrito no Brasil, sendo que a constituição por si põe uma gravidade maior ao crime de racismo: seria racismo questionar a desgraça de uma etnia? seria racismo questionar a existência de escravidão no Brasil?

É óbvio que sim, pois pessoas não morreram sem motivo na segunda guerra mundial, e os diversos relatos demonstram apenas que de fato ocorreu o assassinato em massa de judeus, sejam as estatísticas quais forem.

A questão básica é: você pode ridicularizar ou minimizar o sofrimento de uma etnia que se reúne pela religiosidade, atestando como provas científicas material historiográfico de fontes questionáveis? Não.

Em conflito com dois direitos fundamentais se utiliza os princípios da razoabilidade (adquiridos dos EUA) e da proporcionalidade (adquiridos da Alemanha): a questão básica é que a noção de justiça se prevalece. Robert Alexy trata dos julgamentos feitos posteriormente na Alemanha, onde pessoas se utilizavam de leis nazistas por exemplo para se livrar no marido e assim vai no livro Conceito e Validade Jurídica.

A questão básica é que acima de todos os princípios na CF, está a dignidade da pessoa humana, como fundamento da RFB.

O crime de racismo foi instituído para garantir essa dignidade, haja vista que liberdade de expressão possuímos, mas podemos ser responsabilizados civil ou penalmente eventualmente pelo que dissemos, mas faça um paradoxo com os EUA: nos EUA, o FBI fiscaliza grupos neonazistas e seus movimentos, para eventualmente prendê-los se eles cometerem algum ilícito. No Brasil, a Polícia Federal, que recebe mais que o FBI, não faz nada disso.