O que ocorre é que a previsão legal para cobertura dos menores sob guarda para recebimento de eventuais prestações de beneficios previdenciários foi retirada da Lei de Benefícios por efeito da Lei 9528/97, o que gerou uma grande discussão sobre o direito ou não desses menores a competir na Classe I de dependentes.
Filhos ou equiparados, menores de 21 ou até maiores, caso possuam alguma incapacidade. No caso, se estão sob guarda, tecnicamente se equiparam a filhos, eu acredito.
Lei 8.213. Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
De acordo com Frederico Amado [2015]: Até o advento da Medida Provisória 1.523. de 11.10.1996, convertida na Lei 9.528/97, o menor sob guarda também era considerado dependente, tendo sido excluído desse rol em razão do elevado número de avós que
colocavam os seus netos sob guarda apenas para instituir eve ntual pensão
por morte previdenciária.
Todavia, há discussão acerca da norma especial do ECA prevalecer sobre a norma previdenciária:
ECA. Art. 33, § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.
O STJ, no EREsp 801.214-BA, Rel. Min. Nilson Naves, julgados em 28/5/2008, o STJ entendeu que o ECA era norma de cunho genérico e a Lei 9.528 era especial e prevalecia sobre o ECA.
Todavia, no RMS 36.034-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 26/2/2014, o STJ entendeu que o ECA prevalecia sobre a norma previdenciária do Estado do MT (não o Regime Geral da 8.213) com o seguinte fundamento:
Depende. Segundo a Lei de Custeio, o menor sob guarda NÃO é dependente. Já o ECA, diz que sim. Ambas as leis entram no Príncipio Especialidade; isso gera celeumas, provocando jurisprudência à respeito, mas sem pacificação do tema. Para concursos, deve-se adotar uma postura simples: qual das leis específicas está em seu edital? Se for a 8213/91, adote-a. Se for o ECA, dê-lhe preferência.
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