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Leia o texto a seguir: (...) "Em termos objetivos, a língua dificilmente pode ser tomada como um critério para definir nação, a não ser como invenção de uma elite letrada, no processo de homogeneização cultural, inerente à formação das nações modernas. A língua não é, contudo, criação meramente artificial (HOBSBAWN, 1990). No caso de José de Alencar, percebe-se que o seu projeto de padronização de uma “língua brasileira” é, em princípio, ancorado na língua indígena e, posteriormente, em uma língua falada pelo povo, proveniente da poesia popular, como mostram suas muitas contendas linguísticas. A imagem de uma nação unificada foi geralmente acompanhada de campanhas de alfabetização do povo no Brasil e na América Latina no século XIX. A necessidade de ampla campanha de alfabetização, com intuito de educar e civilizar o povo, é a tônica da maior parte dos escritores e ensaístas brasileiros, sobretudo dos republicanos, que vinculavam educação e cidadania. No Ceará, por exemplo, já em 1874, os escritores da denominada Academia Francesa fundaram a Escola Popular, em que promoviam palestras abertas ao povo. Alguns conhecidos escritores brasileiros proferiram palestras nessa escola. Entre eles podemos citar: Capistrano de Abreu, Araripe Júnior e Senador Pompeu. José Veríssimo é paradigmático em se tratando de um projeto de educação nacional com vistas ao progresso e à civilização no Brasil. Não foi a alfabetização, entretanto, o fator determinante para a integração linguística das várias populações à língua hegemônica, pois os índices escolares eram ínfimos. As populações indígenas e africanas das Américas foram historicamente integradas à língua hegemônica por outros meios, decorrentes de um longo processo de colonização (CARVALHO, 1998; COSTA, 2004). No esforço de unificação política da nação, uma língua foi padronizada para usos literários e administrativos (HOBSBAWN, 1990; MIGNOLO, 2003). No caso do Brasil, esses projetos de definição da “língua brasileira” descartaram as línguas indígenas e africanas como dignas de se constituírem como língua oficial do país, pois os letrados as consideravam primitivas ou bárbaras. Estas línguas deveriam ser dissolvidas na língua nacional, com o aproveitamento de alguns vocábulos, expressões e dicções, que corroborariam a autenticidade do português brasileiro." (...) Fonte: Revista do Programa de Pós-Graduação em História (UFRGS). José de Alencar: o povo, a língua e a literatura Carlos Fonseca de Alencar, Manoel. Disponível em https://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/90928/63858Links to an external site. Acesso em 25/09/2025. Considerando o texto apresentado, sobre o projeto de construção da identidade nacional e da língua brasileira no século XIX, com destaque para a atuação de José de Alencar, avalie as afirmativas: I. O projeto de padronização de uma "língua brasileira" idealizado por José de Alencar inicialmente buscou inspiração na língua indígena e, posteriormente, voltou-se para a língua falada pelo povo, presente na poesia popular, como meio de se afastar do modelo puramente português. II. A busca pela homogeneização cultural foi um elemento central na formação das nações modernas, sendo que a língua, nesse contexto, foi largamente utilizada como um critério de definição de nação, especialmente por uma elite letrada. III. A alfabetização foi considerada a única e principal via de integração linguística das populações indígenas e africanas à língua hegemônica no Brasil do século XIX, conforme o texto ressalta os altos índices escolares da época. IV. Os projetos de definição da "língua brasileira" empreendidos pela elite letrada optaram por descartar as línguas indígenas e africanas como possíveis línguas oficiais, classificando-as como primitivas ou bárbaras, aceitando apenas o aproveitamento pontual de alguns vocábulos e expressões. É correto o que se afirma em:
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Gisele Ribeiro

há 2 meses

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há 2 meses

Vamos analisar cada afirmativa: I. O projeto de padronização de uma "língua brasileira" idealizado por José de Alencar inicialmente buscou inspiração na língua indígena e, posteriormente, voltou-se para a língua falada pelo povo, presente na poesia popular, como meio de se afastar do modelo puramente português. Verdadeiro, essa afirmativa está correta, pois o texto menciona que Alencar se inspirou na língua indígena e na língua popular. II. A busca pela homogeneização cultural foi um elemento central na formação das nações modernas, sendo que a língua, nesse contexto, foi largamente utilizada como um critério de definição de nação, especialmente por uma elite letrada. Verdadeiro, essa afirmativa também está correta, pois o texto discute a homogeneização cultural e o papel da língua na definição da nação. III. A alfabetização foi considerada a única e principal via de integração linguística das populações indígenas e africanas à língua hegemônica no Brasil do século XIX, conforme o texto ressalta os altos índices escolares da época. Falso, essa afirmativa é incorreta, pois o texto afirma que a alfabetização não foi o fator determinante para a integração linguística, e que os índices escolares eram ínfimos. IV. Os projetos de definição da "língua brasileira" empreendidos pela elite letrada optaram por descartar as línguas indígenas e africanas como possíveis línguas oficiais, classificando-as como primitivas ou bárbaras, aceitando apenas o aproveitamento pontual de alguns vocábulos e expressões. Verdadeiro, essa afirmativa está correta, pois o texto menciona que as línguas indígenas e africanas foram descartadas como línguas oficiais. Com base na análise, as afirmativas corretas são I, II e IV. Portanto, a alternativa que contém todas as afirmativas verdadeiras é: I, II e IV.

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