Os antecedentes mais remotos dos direitos humanos encontram-se consubstanciados no denominado período axial, onde se estabeleceram as diretrizes fundamentais em vigor até hoje, v. g., a igualdade.
Nesse sentido, leciona Fábio Konder Comparato:
“[...] é a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. Lançavam-se, assim, os fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para
afirmação da existência de direitos universais, porque a ela inerentes”.
Nesse período podemos dizer que houve um nascimento espiritual do ser humano, onde cada ser racional é dotado de valor próprio.
2.2 Os direitos humanos na Idade Média
A Idade Média é marcada pela organização feudal, sendo a posse da terra o critério que diferenciava os grupos sociais. De um lado, os senhores, cuja riqueza advinha da posse territorial e do trabalho servil; de outro, os servos, vinculados à terra e sem possibilidade de ascender socialmente.
Segundo Fábio Konder Comparato:
“Toda a Alta Idade Média foi marcada pelo esfacelamento do poder político e econômico, com a instauração do feudalismo. A partir do século XI, porém, assiste-se a um movimento de reconstrução da unidade política perdida. Duas cabeças reinantes, o imperador carolíngeo e o papa, passaram a disputar asperamente a hegemonia suprema sobre o território europeu. Ao mesmo tempo, os reis, até então considerados nobres de condição mais elevada que os outros (primi inter pares), reivindicaram para as suas coroas poderes e prerrogativas que, até então, pertenciam de direito à nobreza e ao clero.”
Malgrado a organização feudal, foi nesse período da história que surgiu um dos grandes instrumentos de limitação do poder, qual seja: a Magna Charta Libertatum.
A Magna Charta Libertatum, de 15.6.1215, dentre outras garantias, previa: a) multa proporcional ao delito cometido pelo infrator; b) previsão do devido processo legal; c) livre acesso à Justiça; d) liberdade de locomoção; e) livre entrada e saída do país.
Nesse momento, construíram-se os direitos e garantias individuais e políticos clássicos (liberdades públicas), surgidos institucionalmente a partir da Magna Carta Inglesa de 1215.
Para Paulo Bonavides são “os direitos da liberdade, os primeiros a constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e políticos, que em grande parte correspondem, por um prisma histórico, àquela fase inaugural do Constitucionalismo do Ocidente”.
Assim, a Carta Magna de 1215 é tida para muitos como o documento que deu origem aos direitos fundamentais.
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Direito Constitucional I
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