A compreensão do sistema nervoso humano e de suas complexas funções tem percorrido uma longa trajetória, que se estende desde as especulações filosóficas da Antiguidade até as rigorosas investigações científicas da contemporaneidade. Inicialmente, muitas civilizações atribuíam a sede das emoções e do pensamento a órgãos como o coração, ou a entidades espirituais, com pouca ou nenhuma distinção entre mente e corpo. Observações anatômicas rudimentares, como as do Egito Antigo, demonstravam algum conhecimento sobre a existência do cérebro, mas sem uma clara associação funcional. Avanços significativos começaram a surgir com pensadores como Galeno, cujas teorias sobre os "espíritos animais" circulando pelos nervos, embora imprecisas, representaram um esforço inicial para mecanizar a função cerebral. No Renascimento e na Idade Moderna, figuras como René Descartes propuseram modelos que, apesar de ainda imbuídos de dualismo, tentavam localizar a interação entre mente e corpo em estruturas cerebrais específicas. Contudo, foi a partir do século XIX que a neurociência começou a se consolidar como um campo científico empírico. A introdução de técnicas avançadas de microscopia e coloração, como as desenvolvidas por Golgi e Cajal, permitiu a visualização detalhada das células nervosas, enquanto estudos de lesões cerebrais e estimulação elétrica em animais e humanos começaram a correlacionar áreas específicas do cérebro com funções cognitivas e motoras. Essa era marcou uma mudança paradigmática, afastando-se das especulações metafísicas para adotar uma abordagem baseada na observação, experimentação e na busca por bases biológicas concretas para o comportamento e a mente. Com base na evolução histórica da compreensão do sistema nervoso, apresentada no texto, identifique a alternativa que descreve um marco fundamental na transição do pensamento filosófico para a abordagem científica da neurociência e assinale-a.