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A união homoafetiva, configura mutação constitucional?

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Mércia Almeida Leite

É possível compreender bem a aplicação da mutação constitucional no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132 do Rio de Janeiro convertida em ação direta de inconstitucionalidade 4277. O voto confere a mudança da interpretação dada ao art. 1.723 do Código Civil, utilizando-se da interpretação conforme a Constituição para excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como uma entidade familiar (BRITTO, Voto na ADI 4277 e ADPF 132/RJ; p. 49)

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DLRV Advogados

Temos que a mutação constitucional consiste no processo informal de reforma através do qual são atribuídos novos sentidos ao texto constitucional, mediante atividade interpretativa, sem alteração do seu conteúdo. 

O STF, em decisões recentes, promoveu uma mudança de entendimento: ampliou-se o conceito de família previsto no artigo 226 da CRFB.

"Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado."

O artigo 1.723 do Código Civil assim dispõe:

"Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família."

Apesar da letra da lei civil reconhecer a união estável apenas entre homem e mulher, o STF, em julgamento com efeito vinculante, dando interpretação conforme a Constituição ao Art. 1.723 do Código Civil, garantiu o reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar.

De acordo com o tribunal, o artigo 226 da CRFB "confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa."

O conceito de família, constante no referido artigo constitucional, que antes tinha uma interpretação mais restritiva, fora ampliado.

Por esse motivo, segundo a corte, não se pode interpretar o artigo 1.723 do Código Civil no sentido de excluir as uniões homoafetivas.

Desta forma, podemos afirmar que o reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar é um salutar exemplo de mutação constitucional. 

 

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