Cabe controle judicial sobre o ato administrativo discricionário?

Olá! Cabe sim, afinal de contas, a análise do Judiciário não poderá ser afastada (princípio da inafastabilidade da Jurisdição). Mas lembre-se: o mérito da decisão não deve-se ser controlada, pois trata-se de escolha discricionária que a lei dá ao administrador. Para Alexandre Mazza, o mérito "Trata-se de um juízo de conveniência e oportunidade que constitui o núcleo da função típica do Poder Executivo, razão pela qual é vedado ao Poder Judiciário controlar o mérito do ato administrativo" (Mazza, Alexandre. Manual de direito administrativo – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016). Logo, cabe ao Judiciário verificar eventual ofensa ao Regime Jurídico Administrativo e a legalidade do ato. Essa é a visão da corrente clássica.

Porém, uma corrente moderna (e que vem crescendo, sendo mencionada no exame da OAB em 2010/3) diz permitir o controle do mérito, mas não para alterá-lo, mas tão somente anular o ato. Leva-se em conta, então, a razoabilidade/proporcionalidade da decisão, a teoria dos motivos determinantes - se o ato atendeu aos pressupostos fáticos ensejadores da sua prática - e a ausência de desvio de finalidade - se o ato foi praticado visando atender ao interesse público geral. Lembrando que não caberá ao Juiz a função discricionário do Administrador. Nesse último caso, o ato voltará para o Administrador que levará em conta a decisão jurídica. Espero ter ajudado.

(Por favor, se gostou da resposta, aprove-a. É a forma mais gentil de agradecer-me pela resposta solidária.)

Resposta bem elaborada!

Não, o Poder Judiciário não pode se intrometer no mérito administrativo porque isso representaria uma clara violação ao princípio da Separação de Poderes, como já consolidado na jurisprudência dos tribunais superiores. Pode, sim, verificar os aspectos de legalidade dos atos administrativos