Conceitue modernidade e direito moderno e o paradigma jusnaturalista moderno

Conceitue modernidade e direito moderno e o paradigma jusnaturalista moderno.

A modernidade começa com a abertura de eventos de extraordinária repercussão, como a conquista da América, que coloca para os juristas novos problemas com relação ao direito de conquista e descoberta, o direito de posse, a invenção, o tesouro, o direito ao mar e sobre tudo a questão da liberdade indígena. A modernidade também desperta um sentimento de tolerância ao enfrentar o diferente. A tolerância volta a ser discutida a partir da reforma protestante e das guerras de religião, que impõem novos objetos de reflexão. Os estados são obrigados a tratar os dissidentes religiosos, tarefa que não seria fácil. Porém é o debate sobre tolerância religiosa que antecipará o debate a respeito da democracia, do respeito ao dissidente político.

Acompanhando esses eventos, está um desenvolvimento econômico baseado em uma economia monetizada e mercantil, formando um mercado, surgindo assim o início do capitalismo. O capitalismo é o alargamento das trocas mercantis, que dá destaque aos grandes comerciantes da massa dos pequenos mercadores.

Mais um elemento desse processo é a consolidação dos Estados nacionais na forma régio e soberano do poder, que reivindicará uma exclusividade no poder político. Além disso, a guerra dos Estados nacionais já não se trata de guerras dinásticas. Contando agora com exércitos de mercenários financiados, necessitando de crédito frente aos banqueiros, determinando um rearranjo das rendas feudais e sua destinação, tendo um efeito político e econômico que está associado tanto ao desenvolvimento das justificativas jurídicas do poder régio quanto das promessas e títulos de crédito.

Portanto, a nova visão do Direito, elaborada nos séculos XVII e XVIII sob o nome de direito natural, se origina desses processos e eventos históricos como o desenvolvimento capitalista, o fim da cristandade, a conquista da América e a afirmação de um Estado nacional. Essa nova teoria política e jurídica deve entreter-se com assuntos de soberania, como a relação entre o soberano e os súditos. É nessa linha que temos os grandes pensadores modernos como Maquiavel e Tomas Hobbes, discutindo em torno do poder soberano e Locke e Grócio acerca da liberdade individual e tolerância religiosa. O mercado como sistema social e a liberdade de trocas, proporcionará um sistema de contratos e promessas, nesta linha estão os jusnaturalistas e os novos civilistas como Pufendolf, Domat e Pothier.

Com a modernidade passamos a ter um jusnaturalismo moderno que cresce em um meio racionalista e individualista, a sociedade passa a ser encarada como a soma de indivíduos isolados, que se organizam por formas de contrato social, tornando o novo direito contratualista.

Neste período o homem passa a ser considerado um ser egoísta e como fonte principal do Direito é responsável por diversas transformações, tornando o direito cada vez mais procedimentalista, levando em conta uma ética dos deveres, do cumprimento de regras e de obediência a procedimentos.

O direito natural moderno impõe um novo paradigma jusnaturalista, se tornando uma luta contra a ordem pré-liberal, pré-burguesa e pré-capitalista. Foi por esse motivo que a revolução francesa e americana, será travada em termos jusnaturalistas, com a inovação do direito natural como arma de combate, justamente contra o antigo regime, usando ideologias filosóficas no processo revolucionário como o iluminismo.

O primeiro esforço do jusnaturalismo é escapar da esfera teológico-filosófica, para firmar-se como província dos juristas, este desenvolvimento levou dois séculos para atingir a codificação moderna e liberal, em que a disciplina de direito natural entrará para fazer parte do ensino como base da razão jurídica, serão os luteranos alemães que lhe darão a forma final dentro das faculdades do direito.

Como podemos ver a modernidade foi um momento de grandes transformações e acontecimentos, onde nasceram grandes pensadores e grandes descobertas, é um momento de mudanças importantes para os procedimentos jurídicos e para o pensamento jusnaturalista além ser responsável por ideologias revolucionarias de liberdade e justiça