Como solucionar esse caso clinico?

Para facilitar, vamos separar a análise em exames bioquímicos e sintomas clínicos.

Em relação aos sintomas clínicos, é possível inferir:

1. Dores intensas na região abdominal: dores na região abdominal pode significar diversas coisas, caso tivessem informações sobre qual região específica do abdômens dói mais, poderia ser um pouco mais conclusivo. Dores na região abdominal podem ser por conta de inflamação intestinal, apendicite, gases, problemas no fígado e dentre outras. 
2. Taquicardia: caracteriza-se pelo aumento da frequência cardíaca 
3. PA 80/50 mm de Hg: pressão baixa (pressão arterial menor que 120/80 mm de Hg) que pode ter como causa problemas circulatórios.
4. Dispneia: é uma sensação de dificuldade ao respirar, pode ocorrer por causas cardíacas ou pulmonares. As causas cardíacas podem estar relacionadas com obstruções no fluxo sanguíneo diminuindo o aporte de oxigênio ao coração ou anemia, pois o transporte de oxigênio está prejudicado visto que as hemácias estão mal formadas ou em baixa concentração. Como não há informações sobre hemograma e juntamente com a taquicardia, as causas cardíacas são as mais prováveis para a dispneia.
5. Febre: as causas da febre são diversas, mas são comuns em infecções, processos inflamatórios ou uso de algum medicamento. 

Em relação aos resultados dos exames bioquímicos é possível inferir:

1. Glicose: o valor da glicose acima do valor de referência, isoladamente, não indica muita coisa. O paciente pode ter se alimentado há pouco tempo, então a glicemia estaria alterada. Outra alternativa seria diabetes, mas não há informações sobre o histórico do paciente ou outro exame que confirme a doença (por exemplo, hemoglobina glicada).

2. Amilase: a amilase é uma enzima produzida pelo pâncreas e pelas glândulas salivares, sua função é atuar na digestão do amido e do glicogênio. A amilase alta poderia indicar pancreatite ou insuficiência renal.

3. Lipase: a lipase também é uma enzima produzida pelo pâncreas, mas que é responsável por quebra moléculas de gordura. Os níveis elevados de lipase podem indicar pancreatitie. 
 

• Como os níveis das duas enzimas pancreáticas estão muito elevados, é provável que isso indique uma pancreatite aguda.

4. AST: aspartato aminotransferase é uma enzima presente no fígado. A ALT alta pode indicar comprometimento do fígado como cirrose ou hepatite e pancreatite, mas a enzima também está presente no coração, podendo indicar infarto.

5. ALT: alanina aminotransferase também é uma enzima presente no fígado e a alteração dos seus níveis pode ser um sinal de hepatite, mas também está presente no coração.

6. Gama GT: gama glutamil transpeptidase é uma enzima encontrada principalmente no fígado e ductos biliares. Níveis alterados da gama GT podem indicar alterações hepáticas, especialmente associadas ao consumo de álcool.

6. ALP: a fosfatase alcalina também é uma enzima hepática e níveis acima do valor de referência podem indicar problemas no fígado.

7. Bilirrubina direta e bilirrubina total: a bilirrubina é um pigmento da bile, que é produzida e armazenada no fígado. O aumento dos níveis de bilirrubina direta pode indicar problemas no fígado ou vias biliares.  

• Como 4 enzimas associadas ao fígado, além da bilirrubina direta e total, estão acima dos níveis de referência, é possível concluir que o paciente tem algum problema hepático que pode ser decorrente do uso de álcool.

8. LD: a enzima lactato desigrogenase (LDH) é encontrada em diversos tecidos, entretanto, quando  em concentrações altas, indica dano a algum tecido. Juntamento com a análises das enzimas hepáticas e pancreáticas, a LD pode estar alterada por dano a esses dois tecidos. 

9. Ureia: a ureia é o principal produto do metabolismo de proteínas, é formada no fígado e filtrada e eliminada pelos rins. Níveis elevados de ureia, inicialmente, indicam problemas renais, mas no caso deste paciente possivelmente sugerem alterações hepáticas, visto que a ureia é produzida no fígado antes de ser filtrada pelos rins.

10: Creatinina: a creatinina é um produto da degradação da fosfocreatina no músculo. Níveis elevados de creatinina sugerem alterações na função dos rins. Neste caso, o nível de creatinina não está tão alto, mas sua elevação pode indicar que o rim está começando a ter problemas de filtração, provavelmente por conta do problema hepático e que está sobrecarregando os rins para eliminarem ureia que é um composto tóxico.

11. Cálcio: os níveis de cálcio no sangue estão um pouco abaixo dos valores normais de referência. A hipocalcemia é uma condição que ocorre associada à pancreatite aguda.

12: Albumina: a função da albumina no corpo humano está relacionada com a manutenção da pressão coloido-osmótica e valores baixos de albumina sugerem pancreatite, cirrose e insuficiência renal crônica.

13: Proteínas totais: o valor de referência para proteínas totais é normalmente de 6 a 8 g/dL. Valores menores de proteínas totais podem indicar doenças hepáticas e doenças renais.

A partir de todos os dados, os dois principais diagnósticos são: pancreatite aguda e cirrose, que pode ser de origem alcoolica ou não. É possível dizer que o paciente em questão consome álcool há anos, levando a um quadro de cirrose que pode ser confirmado através do exames AST, ALT, GamaGT, ALP e bilirrubina que estão todos acima do nível máximo de referência. O consumo prolongado e excessivo de álcool também pode causar pancreatite e alguns sintomas de pancreatite aguda são febre, taquicardia, pressão baixa e dores abdominais, além da baixa concentração de cálcio e albumina no sangue. Como a cirrose e a pancreatite causam danos nos tecidos, é justificado os níveis altos de LD.

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