A faculdade de concentrar o débito, em princípio é do devedor (o fazendeiro que irá separar os bois, o feirante...).
Qual a razão para isso?
É para facilitar no pagamento, ou seja, se alguém tiver que escolher as coisas que seja o devedor para lhe ser menos onerosa. Contudo, não é uma regra cogente, ou seja, as partes podem livremente acordar acerca da concentração.
Não pode o devedor ser compelido a entregar as piores coisas, mas também não está obrigado a entregar as melhores. O que o legislador quer é um equilíbrio, ou seja, uma base, um ponto de equilíbrio (art.244 CC/2002).
Portanto, a concentração do débito, nas obrigações de dar coisa incerta, é do devedor da obrigação (ao feirante, no caso da compra dos tomates....). Isto porque se objetiva facilitar o pagamento, por ficar menos oneroso para o devedor.
A obrigação de dar coisa incerta se diferencia da obrigação de dar coisa certa pela ausência de qualidade no ato de celebração, devendo tal característica ser indicada no momento da escolha, que salvo convenção em contrário cabe ao devedor por força de lei. O momento da escolha é chamado de concentração de débito ou concentração da prestação devida, devendo prevalecer o princípio da Qualidade Média. O devedor possui, salvo convenção em sentido contrário, o prazo de cinco dias para efetuar a escolha sob pena de preclusão e transmissão deste direito para o credor que possui igual prazo. Se as duas partes ficarem inertes, resta ao judiciário efetuar a escolha. Se o inadimplemento da obrigação ocorrer após a concentração de débito, aplicam-se as regras da obrigação de dar coisa certa. O raciocínio muda se o inadimplemento se der antes da escolha, cabendo ao devedor, mesmo sem culpa, providenciar a prestação, afinal o processo de escolha ainda não aconteceu. Esta consequência pode onerar o devedor, além do esperado, por isso é preciso cautela a depender do caso concreto. A luz do princípio da razoabilidade é preciso analisar se o contrato ficou tão desequilibrado a ponto de impor sacrifício financeiro exagerado ao devedor, dando possibilidade a uma rescisão contratual através do judiciário. Portanto a obrigação do devedor não é incondicionável, podendo ser relativizada pela onerosidade excessiva.
Dispõe o capítulo I do Livro das Obrigações do Código Civil, na seção que trata das obrigações de dar coisa incerta, o seguinte:
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Assim, depreende-se que, caso não haja acordo entre as partes para que a concentração (escolha) do débito seja feita pelo credor, devedor ou terceiro, deverá fazê-lo o devedor.
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Direito Civil - Obrigações e Responsabilidade Civil
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