É possível o direito de superfície de subsolo ou de espaço aéreo? justifique e fundamente sua resposta.

Sim, é possível o direito de superfície de subsolo e de espaço aéreo, conforme dispõe o Art. 21 §1º da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), desde que este atenda às normas urbanísticas.

Pela regulamentação do Estatuto da Cidade, o direito de superfície autoriza o uso do  subsolo e do espaço aéreo, como disposto a seguir: "Artigo 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis. § 1o O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística".

No entanto, para o Código Civil, apenas o uso do solo estaria autorizado de plano pela concessão do direito de superfície, nos termos do artigo 1.369, que dispõe:

 O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão".

Diante da celeuma, a direção indicada pelo Enunciado 93 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal foi a seguinte: "93 — Art. 1.369: As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície não revogam as relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano".

 Assim, apesar do conflito de regras no tempo, ambos os diplomas continuam vigindo, com aplicações consoantes a cada um dos objetivos por eles traçados. Desta forma, no caso da concessão do direito de superfície ter por objetivo o desenvolvimento urbano, conforme traçado pelo estatuto da cidade, a concessão e a exploração da superfície devem pautar-se nos moldes da Lei 10.257, permitindo-se, ainda que silente o acordo de concessão, a exploração do subsolo e do espaço aéreo como forma de promover a função social da propriedade.