o Estado não responde, em princípio, por atos legislativos que venham a causar danos a terceiros. Fa-lo-á, todavia, se restar comprovado que "a lei inconstitucional causou dano ao particular", como tem decidido o STF. Há crescente oposição aos que sustentam a irresponsabilidade do Estado por atos legislativos, não encontrando guarida os fundamentos daquela posição (dizem que a natureza soberana da função legiferante e a impessoalidade como características dos atos normativos etc. afastam a responsabilidade).
Em verdade, apenas a lei em tese dificilmente permitirá a apuração da responsabilidade do Estado; leis de efeitos concretos, por outro lado, sempre admitem cogitar da responsabilidade do Estado, como ocorre nas desapropriações. O Poder Legislativo responde objetivamente por atos administrativos, não se confundindo com o exercício de sua função precípua;
Alderico, obrigada por responder. Mas e quanto à omissão legislativa? O que você entende a respeito da possibilidade ou não de o Estado ser responsabilizado? E em quais circunstâncias?
A questão não é pacífica. No entanto, o Professor Rafael Carvalho Rezende de Oliveira defende que é possível sim a responsabilidade civil do ente federativo por omissão legislativa.
“Em relação aos casos em que a própria Constituição estabelece prazo para o exercício do dever de legislar, o descumprimento do referido prazo, independentemente de decisão judicial anterior, já é suficiente para caracterização da mora legislativa inconstitucional e consequente responsabilidade estatal. Nos demais casos, a inexistência de prazo para o exercício do dever de legislar por parte do Poder Legislativo impõe a necessidade de configuração da mora legislativa por decisão proferida em sede de mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Com a decisão judicial que reconhece a omissão legislativa, o Estado é formalmente constituído em mora, abrindo-se caminho para respectiva responsabilidade.
No caso da ADI por omissão, o STF, ao julgar procedente a ação, intimará o Poder competente para a adoção das providências necessárias e, tratando-se de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias, na forma do art. 103, § 2.º, da CRFB. Ultrapassado o prazo fixado ou ausente a providência legislativa dentro de prazo razoável, os lesados poderão pleitear a responsabilidade civil do respectivo Ente federado. Da mesma forma, reconhecida a mora legislativa no âmbito do mandado de injunção, os respectivos impetrantes (decisão inter partes) podem responsabilizar o Estado.” (Curso de Direito Administrativo. 6ª ed. pg. 828)
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Direito Administrativo e Direito Constitucional
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