Defendido por Thiago Mota (2015), no qual expõe que “somente as pessoas a quem o direito reconhece (civilmente) como mulheres podem ser o passivo do crime”, mas comenta a possibilidade de a transexual ser vítima do crime de feminicidio se esta tiver feito a cirurgia de redesignação de gênero e alterado o registro civil.
https://jus.com.br/artigos/42981/o-transexual-como-vitima-do-feminicidio
Existe divergência, é preciso ter em mente que o feminicídio entrou no Código Penal através da Lei 13.104/2015, cuja intenção era dar um tratamento legal mais rígido a quem tentasse ou lograsse êxito no homicídio praticado contra mulher, desde já cabe diferenciar o feminicídio do femicídio, este trata-se do "mero" homicídio de pessoa do sexo feminino, ja aquele é mais abrangente, o feminicídio ocorre quando há o assassinato de mulher no contexto de violência doméstica e familiar ou quando envolve o menosprezo ou discriminação à condição de simplesmente ser mulher. Tendo em vista isso, deve-se analisar juridicamente a condição da pessoal transexual, o transexual é alguém que possui uma dictomia físico-psíquica, onde possui um sexo físico, o orgão sexual, distinto de sua conformação sexual psicológica, neste caso, a cirurgia de redefinição de sexo, ou neocolpovulvoplastia, seria o meio adequado para dirimir esta diferença, salientando que o transexual não se confunde com o travesti, este apesar de se travestir como pessoa do sexo feminino, em tese não possui a característica de confusão de identidade de gênero.
Agora vem a problemática, duas correntes divergem acerca do tema, uma é mais conservadora ou restrita, que dispõe que a cirurgia de alteração de sexo, por mais que faça uma redefinição estética do órgão sexual, ainda assim não é mulher, é uma questão genética, considerando que geneticamente o que define homem ou mulher é o cromossomo, e se baseando nisto, esta corrente acredita que em virtude disso, o transexual, mesmo após cirurgia não pode ser passível de receber a proteção advinda da lei 13.104/2015.
A segunda corrente é mais moderada, com uma definição menos restrita, menos biológica e mais social e jurídica do conceito de mulher, em suma defende que se o transexual tiver feito a cirurgia de transgenitalização definitivamente, e consequentemente houver feito a retificação de seu registro civil, lhe deve ser dispensado o tratamento de acordo com sua nova característica física, considerando que sua característica psicológica já o identificava perante si mesmo e perante a sociedade como mulher. Ocorre a união de dois critérios nesta corrente para a defenição se transexual pode ser figura passiva no feminicídio ou não, o critério bio-psicológico, vez que a cirurgia de mudança de sexo consegue unir definitivamente o sexo biológico com o psicológico com o qual o transexual se identifica, e o critério jurídico que ocorre com a alteraçãop do registro civil.
Logo, se o transexual vai ser figura passiva do crime de feminicídio vai depender da convicção jurídica do aplicador do direito que se alinhar com esta ou com aquela corrente doutrinária.
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