A jurisdição é o poder-dever que o Estado possui de dizer o direito em concreto, se tratando de poder inerte, indelegável, imperativo, inafastável, exercido por quem dele é investido, substituindo a vontade dos particulares e possuindo potência para tornar a decisão definitiva.
Vejamos as características apontadas, uma a uma:
Substitutividade: ao exercer a jurisdição, o Estado-Juiz substitui a vontade das partes e determina aquilo que pareça mais adequado ao caso em análise, de acordo com o ordenamento jurídico, considerado como um todo. É a característica que afasta, como regra, a possibilidade de autotutela, em que as partes pessoalmente buscam a satisfação de seus direitos ("justiça com as próprias mãos").
Definitividade: todo processo caminha para a definitividade, por meio de provimento jurisdicional que, esgotados os recursos ou os prazos, bem como superada as possibilidades de ação rescisória ou revisional, tendem a se tornar definitivos, sem possibilidade de modificação (obs: lembramos que, excepcionalmente, o STF trouxe hipótese de impossibilidade de trânsito em julgado: quando se tratar de sentença eivada de inconstitucionalidade).
Imperatividade: o cumprimento do provimento jurisdicional independe da vontade das partes, se impondo sobre os jurisdicionados, podendo o Estado-juiz se valer, inclusive, de meios coercitivos para obrigar a obediência a suas deciões.
Inafastabilidade: o princípio da Inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário é previsto no art. 5º,, da CRFB e informa que nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direitos podem ser afastadas da apreciação do Poder Judiciário. Com isso, sequer a lei infraconstitucional pode obstar o alcance do Judiciário pelos jurisdicionados, salvo nas hipóteses excepcionais trazidas pela própria CRFB, como é o caso da jurisdição condicionada da justiça desportiva, de requerimentos previdenciários e do Habeas Data.
"Art. 5º. [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;"
Indelegabilidade: impossibilidade da atividade jurisdicional ser delegada a terceiros. É que apenas um órgão é competente para julgamento de cada causa, o que se conclui por meio da análise da CRFB/88 e do CPC/15, pois ainda que haja conflito aparente de competência, apenas um órgão será considerado para processar e julgar e mais ninguém poderá atuar nesse sentido.
Inércia: a jurisdição é inerte, não podendo, em regra, agir a menos que seja provocada, a partir de quando ela poderá agir por impulso oficial. Assim, a jurisdição não é poder para iniciativa de processos (art. 2º, do CPC: "o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.");
Investidura: a jurisdição somente poderá ser exercida por aquele que for regularmente investido pelo Estado da autoridade de juiz, de acordo com os ditames constitucionais, que devem ser fielmente observados.
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