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Como se da a extradição (direito penal)

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Vanessa

A extradição é um ato de soberania estatal recorrente ao longo da história, tomando força nos tempos atuais devido ao alto processo de integração de certas regiões que facilitou a livre circulação de pessoas, sendo um instituto que tem como objetivo principal evitar, mediante cooperação internacional, que um indivíduo deixe de sofrer as consequências jurídico-penais de um crime cometido.

A extradição no Brasil é prevista no artigo 5o, incisos LI e LII da Constituição de 1988, sendo detalhada no Título IX da Lei no 6.815/1980, vulgo "Lei dos Estrangeiros". Podem ser extraditados todos os estrangeiros e brasileiros naturalizados com comprovado envolvimento em tráfico de drogas ou que sejam acusados de crimes comuns (nos naturalizados, o crime deve ter ocorrido antes da naturalização). Brasileiros natos não podem ser extraditados.

O renomado jurista Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em sua obra Direito Internacional Público, Curso Elementar, avalia a extradição como a "entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de pessoa que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena (...). A extradição pressupõe sempre um processo penal: ela não serve para a recuperação forçada do devedor relapso ou do chefe de família que emigra para desertar dos seus deveres de sustento da prole"2. 

Nas palavras do professor Hildebrando Accioly, extradição é "o ato mediante o qual um Estado entrega a outro Estado indivíduo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que já se ache condenado por aquele, após haver-se certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos".3

Insta salientar que, não há diferença entre o tratado de extradição ou a promessa de reciprocidade, no que concerne a obrigação de entregar o extraditando, caso seu processo seja deferido pelo Supremo Tribunal Federal. Em ambos os casos, o executivo é obrigado a entregar a pessoa ao país requerente sem o poder de impedir a extradição. A principal diferença entre essas situações é que no caso de promessa de reciprocidade, a extradição será regida exclusivamente pelas normas de Direito Interno do país requerido, já em casos de existência de tratados, será regida pelas disposições desse, como uma norma especial em relação às normas internas de caráter geral. Portanto, depois de autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, no caso brasileiro, o Estado requerente tem a garantia de que a extradição será efetivada.

O pedido de extradição é feito por vias diplomáticas pelo Estado requerente, cabendo a análise ao Supremo Tribunal Federal. Durante o processo, que é também acompanhado pela Procuradoria-Geral da República, o extraditando fica à disposição da justiça brasileira (Prisão Preventiva para Extradição), sendo interrogado e podendo defender-se por meio de advogado. Se a extradição for concedida, inicia-se a contagem de 60 dias para que o indivíduo seja retirado do território nacional; caso contrário, ele é posto em liberdade. Se a extradição for negada, não serão aceitos outros pedidos baseados no mesmo fato.

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DLRV Advogados

A extradição é um ato solene de cooperação penal entre países, que consiste na entrega de uma pessoa, acusada (instrutória) ou condenada (executória) por um ou mais crimes, ao país que a reclama. 

Na extradição passiva, o procedimento inicia-se com uma nota verbal feita pela embaixada do país que pede a entrega ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil. 

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, no uso de suas atribuições, repassa o pedido ao Ministério da Justiça, o qual realiza o juízo de admissibilidade, e encaminha através de ofício ao Supremo Tribunal Federal, a quem compete a analise legal do pedido. O processo é distribuido para um Ministro-Relator.

A analisar o referido pedido, a primeira ação do relator é analisar a expedição ordem de prisão do estrangeiro. A partir desse momento, o Ministério da Justiça é posicionado como o elo entre a embaixada do país requerente e o Judiciário brasileiro, que tem a guarda da pessoa. 

O preso é interrogado pelo ministro-relator ou pelo juiz do local em que o extraditando estiver, por meio de carta de ordem. Ato contínuo, e deflagrado o prazo de defesa. Encerrando esta fase, o processo segue para a Procuradoria Geral da República (PGR), que após analisar o pedido do país requerente e o depoimento do preso, o procurador-geral da República, de maneira detalhada e fundamentada emite um parecer sobre o assunto e devolve o processo ao relator.

Depois de analisar os autos, o relator prepara seu voto e leva o processo a julgamento pelos demais ministros, no plenário da Corte.

O primeiro passo, então, é a análise dos requisitos para extradição. Entre essas condições estão:

  • a exigência de que o ato cometido no país requerente seja considerado crime também no Brasil;
  • o crime não estar prescrito;
  • o extraditando não ter realmente a nacionalidade brasileira; e
  • a condenação não ultrapassar o limite para pena máxima no Brasil, que é de 30 anos, ou não ser pena de morte. 

Nos casos em que a pena é de morte, ou superior a 3 décadas, ao ser extraditado terá a garantia de cumprir 30 anos no máximo.

Se o Plenário do STF indeferir o pedido de extradição, o Executivo comunica a decisão ao país e o estrangeiro poderá ser solto e continuar no Brasil, dependendo da regularidade do seu visto ou da intenção do Estado de deportá-lo.

Caso, após, análise detalhada e minuciosa dos autos, o Plenário defira o pedido de extradição, essa decisão é imediatamente comunicada ao Ministério da Justiça para que ele entregue o preso ao país requerente. 

Em alguns casos, o estrangeiro pede asilo ou refúgio ao Brasil, por meio do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça. Caso seja concedido o refúgio, ele passa a ter direitos e os deveres dos estrangeiros no Brasil e recebe carteira de identidade, carteira de trabalho e documento de viagem.

Na extradição ativa, o Ministério da Justiça recebe do Poder Judiciário a documentação relativa ao pedido de extradição. Cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania (DRCI/SNJC) realizar a análise de admissibilidade da documentação, a fim de verificar se está de acordo com o previsto em Tratado específico ou na Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro). Em caso positivo, o pedido de extradição é encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores ou à autoridade central estrangeira, a fim de ser formalizado ao país onde se encontra o foragido da Justiça brasileira.

A documentação formalizadora de um pedido de extradição pode variar, a depender do tratado ou do acordo que se utiliza como base fundamentadora. 

Em caso de urgência, poderá ser solicitada ao país requerido, pelo Ministério da Justiça, a prisão preventiva para fins de extradição, com o encaminhamento de informações relacionadas ao mandado de prisão expedido pelo Juízo solicitante e/ou eventual decisão condenatória, assim como notícia de localização do extraditando no território nacional.

Após notícia de prisão, o pedido de extradição deverá ser formalizado pelas autoridades brasileiras, no prazo previsto no Tratado ou na Convenção, se houver, ou no prazo concedido pelo Estado requerido, contados, em regra, a partir da efetivação da custódia ou da data da cientificação da embaixada brasileira existente, no Estado requerido, sobre esta prisão. 

Sendo deferida a extradição pelo país requerido, as autoridades brasileiras deverão retirar o extraditando do território estrangeiro no prazo previsto em Tratado ou em Convenção, se houver, ou na data estipulada pelo Governo requerido. Caso não se promova a sua retirada, no prazo estabelecido, o indivíduo poderá ser colocado em liberdade no país requerido, não sendo possível solicitar novamente a extradição dessa pessoa fundamentada nos mesmos motivos apresentados na extradição que foi perdida.

Fonte (adaptado):

https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10267/Extradicao-no-direito-brasileiro

http://www.justica.gov.br/news/entenda-o-processo-de-extradicao

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