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Projeto de lei estadual, de origem parlamentar, que criou um programa social, no âmbito da administração estadual, não foi vetado pelo (continua)

Projeto de lei estadual, de origem parlamentar, que criou um programa social, no âmbito da administração estadual, não foi vetado pelo anterior governador do estado e assim se converteu em lei. Com base nesta premissa, responda de forma fundamentada: A) esta lei é constitucional? B) Pode o atual governador propor uma ADIN perante o STF ou há impedimento? DICA: vejam a SUM 05/STF

💡 2 Respostas

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Pedro Octávio Doin

A) A lei é inconstitucional, por não se tratar de atividade sujeita à disciplina legislativa, não tendo o poder legislativo competência para deliberar a respeito da conveniência e da oportunidade para a criação de Programas Sociais, tarefa esta precípua do Poder Executivo, que possui poder discricionário para tal deliberação. Estender esta prerrogativa ao Poder Legislativo é permitir que o legislador administre, invadindo área privativa de outro Poder, violando assim o princípio da separação dos poderes, como nos ensina a melhor doutrina e a jurisprudência. Assim, a inconstitucionalidade decorre da regra da separação de poderes, prevista na Magna Carta em seu artigo segundo.

B) O Governador pode propor uma ADIN, conforme legitimidade conferida pelo artigo 2º, inciso V da lei 9868/99. Vale ressaltar o julgado a seguir: "O Governador do Estado e as demais autoridades e entidades referidas no art. 103, incisos I a VII, da Constituição Federal, além de ativamente legitimados à instauração do controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos, federais e estaduais, mediante ajuizamento da ação direta perante o Supremo Tribunal Federal, possuem capacidade processual plena e dispõem, ex vida própria norma constitucional, de capacidade postulatória. Podem, em consequência, enquanto ostentarem aquela condição, praticar, no processo de ação direta de inconstitucionalidade, quaisquer atos ordinariamente privativos de advogado." (ADI 127-MC-QO, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 20-11-1989, Plenário, DJ de 4-12-1992).

          Ademais, cabe ressaltar que a súmula 5 do STF considera o desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo formal do Direito, como ocorre no caso em questão, um vício jurídico de gravidade inquestionável. Neste sentido, nem mesmo a aquiescência do Chefe do Executivo, mediante sanção ao projeto de lei, ainda quando dele seja a prerrogativa usurpada, tem o condão de sanar esse defeito jurídico radical, de modo que não há que se falar em convalidação.

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DLRV Advogados

A) É inconstitucional.

Tal lei, ao criar um programa social no âmbito da Administração Estadual, adentra na organização e no funcionamento da Administração, cabendo a iniciativa do projeto de lei privativamente ao Governador do Estado.

Trata-se de interpretação do artigo 61, parágrafo 1º, II, “b” e “e”, da CRFB, aplicável aos Estados devido ao princÌpio da simetria:

"Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;"

Neste sentido, já se manifestou o Superior Tribunal Federal (ADI 2294 e 2329), entendendo que leis que instituem programas e benefícios sociais são de competência privativa do Governador do Estado (organização administrativa), seguindo o que atribui ao Executivo a Constituição Federal.

Permitir que a iniciativa destes projetos de lei sejam realizadas por parlamentares viola o princípio da separação dos poderes.

B) Sim. É possível que o atual governador maneje ADIN em face da lei em comento, uma vez que é um dos legitimados do artigo 103 da Constituição.

 

"Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; "

Quanto ao enunciado da súmula nº 5 do STF, é cediço que esta já se encontra superada, e que provém de entendimento datado de 1963.

 

 

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