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Qual o objetivo da criação do Estado segundo Hobbes?

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daureny silva dos reis

Considerado como um dos teóricos do poder absolutista em vigor na Idade Moderna, Thomas Hobbes viveu entre 1588 e 1679. Para Hobbes, o Estado deveria ser a instituição fundamental para regular as relações humanas, dado o caráter da condição natural dos homens que os impele à busca do atendimento de seus desejos de qualquer maneira, a qualquer preço, de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões.

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Daniel Santarem

Para Hobbes, a vida no estado de natureza, ou seja, anterior à criação do Estado, seria curta, violenta e pobre. A natureza humana inclina os indivíduos para um estado de perpétua disputa e conflito, onde haveria uma “guerra de todos contra todos”. Nessa situação, o medo levaria as pessoas a fundarem o Estado. Um “contrato” entre os indivíduos então seria estabelecido, onde estes concordariam em abrir mão de parte de suas liberdades e em obedecer ao poder de Estado. Em contrapartida este deveria garantir a paz e a lei, para que os seres humanos pudessem viver sem medo, trabalhar, prosperar e etc.

Desta forma, a preferência de Hobbes pelo Absolutismo, como forma mais eficiente para se gerir o Estado, segundo Norberto Bobbio, se dá pela seguinte razão:
          “(...)o Absolutismo que caracteriza o poder do Estado nada mais é do que a projeção do Absolutismo natural da relação exclusiva existente de homem para homem e o refúgio natural das consequências mortais do inevitável conflito no qual os homens vivem em Estado de natureza. A legitimação que daí resulta é a mais radical jamais concebível, pois que afunda suas raízes na própria natureza humana e na "analogia das paixões" próprias do homem individual. Dessa forma, finalmente, Hobbes complementa a revolução de Maquiavel, fundamentando o Absolutismo da política no Absolutismo do homem e fundando a brutalidade necessária do poder no Estado na simples consideração de que este é uma criação artificial do homem a quem ele recorre para moderar na história a tragicidade do seu destino de lupus, que não pode ser senão a morte. O raciocínio é elementar: as paixões humanas, naturais e prejudiciais, não são pecado senão a partir do momento em que uma lei as proíbe; mas a lei deve ser feita e para esse fim deve ser nomeada uma pessoa dotada de autoridade. Injustiça, lei e poder são três anéis da mesma cadeia lógica que procura permitir a sobrevivência artificial do homem.
          Em conclusão, também para Hobbes, a essência da soberania está no Absolutismo e na unicidade do poder, de tal forma que as vontades humanas individuais estejam subordinadas a uma só vontade: "Isto é mais do que um consenso ou um acordo: é uma unificação de todas as vontades numa mesma pessoa, feita por meio de um pacto de cada homem com cada homem..." (Leviatã, capítulo XVII). O Estado, de homem artificial, se transforma em deus mortal, "... uma pessoa, de cujos atos cada indivíduo de uma grande multidão, com pactos recíprocos, se fez autor, a fim de que possa usar a força e os meios de todos eles, quando achar oportuno, para a paz e defesa comum" (ibidem).”

 

Bibliografia

Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998; pp. 5 e 6.

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