O que se entende por Estado Democrático de Direito? (art. 1º da CF)

Estado Democrático de Direito é o Estado onde todos os seus indivíduos estão a baixo da lei, por isso essas leis devem ser observadas por todos. Nesse sentido entende-se também que as leis são elaboradas de maneira democrática, já que quem as elabora, o poder legislativo, são os representantes do povo que são escolhidos através do voto direto. 

O termo Estado de Direito foi elaborado por Robert Von Mohl, jurista alemão, no século XIX. Em seus estudos e trabalhos Mohl buscou sintetizar a relação entre o Estado e o Direito, entre a politica e a lei. Ambas as relações devem ser estreitas.

SegundoJosé Joaquim Gomes Canotilho, jurista e professor de Direito, em oposição a “Estado de não-Direito”, o Estado de Direito deve ser entendido como o Estado propenso e organizado ao Direito; é um Estado ou organização político-estatal com tarefas e atividades limitada pelo direito. O Estado não-Direito em suas palavras é

“  Aquele em que o poder político se proclama desvinculado de limites jurídicos e não reconhece aos indivíduos uma esfera de liberdade ante o poder protegida pelo direito"

No Estado de Direito há uma estrutura estatal em que o poder público é definido e controlado por uma Constituição, em que o poder público é regido por normas jurídicas. As principais características do Estado de Direito são :

• Império da lei: Lei imposta a todos; o Estado possui personalidade jurídica;
• Separação dos poderes: Não há anulação mútua, nem interrelações nocivas, entre os 3 Poderes;
• Prevalência dos direitos fundamentais: Respeito ao direito do indivíduo, sobretudo respeito aos direitos sociais e coletivos;

Um Estado Democrático de Direito é aquele no qual a pessoa, o cidadão, é entendido como FIM e não MEIO, ou seja: a FINALIDADE do Estado é promover o bem estar dos indivíduos e não o contrário, como acontece em Estados absotutistas nos quais o indivíduo é visto como meio para sustentar o Estado.
Quanto a sua estrutura, um Estado Democrático de Direito tem uma Constituição com quatro características fundamentais: a) promover a vedação ao arbítrio, ou seja, o chefe de estado não pode mandar como quer, suas decisões precisam ser legítimas, partir da vontade do povo e não pode ser inconstitucional; b) estabele a tripartição do poder, separando-o em Legislativo, Executivo e Judiciário, para não centralizar o mesmo nas mãos de um único indivíduo, característica de Estados absolutistas; c) impõe deveres, mas também define direitos fundamentais, de caráter social e individual que são intocáveis; d) E, ao contrário das antigas monarquias, nas quais o poder do rei advinha de Deus, e da modernidade quando a fonte do poder era a razão pura, o poder emana sempre do povo.