Ayaan H. Ali, cineasta nascida na Somália, fez um filme sobre a vida das mulheres
submetidas ao Alcorão. Em entrevista à Revista Veja, afirmou que o filme causou revolta
entre os líderes muçulmanos. Perguntada como a platéia não religiosa (na Europa)
recebeu o filme, respondeu: “De forma positiva, mas eu esperava uma dose maior de
indignação dos liberais laicos (...). Em nome da convivência multicultural, do respeito às
tradições de outrem, esses intelectuais do Ocidente hesitam em colocar em evidência a
situação subjugada da mulher dentro do Islã. Eles têm receio de ofender, de suscitar
cólera, e assim ajudam a perpetuar o sofrimento e a injustiça. Ora, aqui não cabem
relativismos. Abuso e mutilação sexual são crimes, e ponto final. Hoje, agora, já!” Revista
Veja, n. 25, ano 38, 22 de junho de 2005). Quando a cineasta conclui afirmando que
“abuso e mutilação sexual são crimes”, está se referindo a atos contrários ao Direito
Positivo ou ao Direito Natural? Explique, fazendo a distinção entre esses dois direitos.
Está se referindo aos atos contrários ao Direito Natural.
Segundo Massaro, o jusnaturalismo, ou o direito natural, é a corrente de pensamento jurídico-filosófica que pressupõe a existência de uma norma de conduta intersubjetiva universalmente válida e imutável, fundada sobre a peculiar ideia da natureza preexistente em qualquer forma de direito positivo que possa formar o melhor ordenamento possível para regular a sociedade humana, principalmente no que se refere aos conflitos entre os Estados, governos e suas populações.
Segundo o filósofo Nicola Abbagnano, "o direito positivo nunca se adéqua completamente a lei natural, porque o direito positivo contém elementos variáveis e mutáveis em todo o lugar e em todo o tempo, portanto, segundo esta corrente de pensamento, as normas de direito positivo seriam realizações imperfeitas que apenas se aproximariam das normas do direito natural".
Vemos, na questão, que a Somália autoriza, em seu Direito Positivo, atos que são inaceitáveis ante o Direito Natural.
Segundo Norberto Bobbio, dois são os critérios pelos quais aristóteles distingue direito natural de direito positivo:
O direito positivo também é conhecido como o pensamento que dispõe a superioridade da norma escrita sobre a não escrita (direito natural).
A norma positiva é a norma posta pelo homem, portanto, possuindo eficácia limitada, e sendo válida somente nos locais nos quais a observa, bem como, é constantemente alterada.
Os positivistas defendem que o direito positivo é o único capaz de dizer o direito, conforme menciona Tércio Sampaio Ferraz Júnior em seu livro Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, denominação: “A tese de que só existe um direito, o positivo nos termos expostos, é o fundamento do chamado positivismo jurídico”.
Contrários ao direito natural. Pois o direito a vida, a dignidade e intregalidade da pessoa são os pressupostos para a formaçao do direito positivo, sendo inerentes ao direito natural. O direito positivo é o conjunto de normas e regras de um país que coloca no "papel" o direito natural. Quando o direito positivo se afasta do direito natural acaba criando leis injustas para toda a comunidade.
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Fundamentos das Ciências Sociais, Psicologia Aplicada ao Direito, História do Direito e Introdução ao Estudo do Direito
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