Vlw galera mais linda!
A resposta para tal questão pode, como foi, ser respondida pelo caso prático a seguir, lembrando ao estudante do direito que o conhecimento profundo pode ser alcançado também no estudo pessoal do casos práticos disponiveis para consulta na jurisprudência.
Uma recente decisão do STJ, em que foi relatora a ministra Isabel Gallotti, rejeitou embargos declaratórios que alegavam que a decisão da Corte havia violado o art. 10, do CPC, que veda ao juiz surpreender as partes com fundamento acerca do qual não tiveram oportunidade de debater (EmbDecl. no REsp 1280825).
O caso envolveu a fixação de prazo prescricional em ação que discutia ilícito contratual. No julgamento da causa, foi aplicado o artigo 205 (prescrição decenal), em vez do artigo 206, parágrafo 3º, V (prescrição trienal), ambos do Código Civil.
Como as partes não discutiam que a prescrição era trienal, divergindo apenas em relação ao termo inicial da contagem do triênio, a embargante entendeu que, “ao adotar fundamento jamais cogitado por todos aqueles que, até então, haviam-se debruçado sobre a controvérsia (partes e juízes), sem que sobre ele previamente fossem ouvidas as partes, o colegiado desconsiderou o princípio da não surpresa (corolário do primado constitucional do contraditório – CF, artigo 5º, LV), positivado no artigo 10 do CPC de 2015”.
A ministra relatora realizou um importante aclaramento do sentido da expressão “fundamento”, utilizada no dispositivo legal em questão:
(a) o fundamento jurídico, que é aquele que constitui a causa de pedir, a circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no julgamento da causa, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação;
(b) o fundamento legal, a regra do art. 10 se aplica ao fundamento jurídico e não ao fundamento legal, que é aplicado de ofício pelo magistrado. Acrescentou a ministra:
“Pouco importa que as partes não tenham aventado a incidência do prazo decenal ou mesmo que estivessem de acordo com a incidência do prazo trienal. Houve ampla discussão sobre a prescrição ao longo da demanda, e o tema foi objeto de recurso, tendo essa turma, no julgamento da causa, aplicado o prazo que entendeu correto, à luz da legislação em vigor, conforme interpretada pela jurisprudência predominante na época para ações de responsabilidade civil por descumprimento contratual”
Referências
Fundamento Jurídico: É o motivo que justifica a existência da ação, baseado na lei ou nos princípios de ordem jurídica.
Fundamento Legal: São os artigos da lei em que se baseiam para estabelecer algo em um caso particular.
Fundamento legal é a norma, de fundamento positivo. Ele corresponde à norma prevista em lei, que diz respeito a certo direito. Não é necessário, em regra, que se indique na petição inicial ou demais peças processuais, os fundamentos legais do direito pleiteado. Isto porque, pelo princípio do “iura novit curia”, o juiz já conhece o direito. A exceção dá-se em caso que o tema abordado na peça processual versar sobre direito estrangeiro ou direito local (municipal). Nestas hipóteses, deverá se indicar os fundamentos legais, já que o juiz não é obrigado a conhecer de direito estrangeiro ao de seu país, nem de município específico. Contrariamente ao fundamento legal, é o que se entende por fundamento jurídico. Enquanto um é a positivação da norma, o fundamento jurídico representa a subsunção do fato à norma. Diz respeito ao fato em si, amparado por uma ordem legal, por um direito positivamente previsto.
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Direito Processual Civil III
•FSP
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