Uma norma pode ter validade sem ter eficácia?

Sim.

A validade de uma norma se refere ao atendimento aos aspectos formais e materiais exigidos na CF/88. Para respeitar o requisito formal, por exemplo, uma lei deve respeitar o quórum de votação estalebecido pela constituição ou ao órgão ou à autoridade competente para a edição de determinado normativo. Além disso, quanto ao requisito material, é importante frisar que algumas matérias só podem ser tratadas por lei complementar como, por exemplos, a instituição do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CRFB).

A eficácia, por sua vez, está relacionada à aptidão de uma norma regular situações e produzir efeitos práticos junto aos seus destinatários.

Então, mesmo que uma norma seja plenamente válida e vigente, esta pode ainda não ser eficaz, como é o caso da lei tributária que deverá respeitar a anterioridade nonagesimal ou, em certos casos, a noventena.

Exemplo: lei municipal que altera a base de cálculo do IPTU, publicada em 20 de novembro de 2014, possuindo em seu texto esse mesmo dia como data de vigência. Conforme a CF/88 (artigo 150, §1º), as alterações da base de cálculo do IPTU são exceções apenas ao princípio da noventena, devendo obediência ao princípio da anterioridade.

Assim, mesmo que publicada em 20 de novembro de 2014, portanto plenamente vigente, a produção de efeitos (eficácia) somente se dará em 1º de janeiro de 2015, obedecendo ao princípio da anterioridade anual. A lei já está em vigor, mas ainda não possui eficácia, não produzindo os efeitos que lhe são próprios quanto às alterações da base de cálculo. (Exemplo do Prof. Aluisio Neto do Estratégia Concursos)