Descomplicadamente...
É muito importante não confundir Direito Administrativo com a Ciência da Administração. Esta consiste no estudo das técnicas e estratégias para melhor planejar, organizar dirigir e controlar a gestão governamental. O certo é que o Direito administrativo define os limites destro dos quais a gestão pública (Ciência da Administração) pode ser validamente realizada.
Quadro comparativo entre Direito Administrativo e Ciência da Administração
Direito Administrativo | Ciência da Administração
Ramo jurídico | Não é ramo jurídico
Estuda princípios e normas de direito | Estuda técnicas de gestão pública
Ciência deontológica (normativa) | Ciência social
Fixa limites para a gestão pública | Subordina -se às regras do Direito Administrativo
Mazza, Alexandre Manual de direito administrativo / Alexandre Mazza. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
Celso Antônio Bandeira de Mello entende que há uma certa diferença entre essas expressões. Para o autor, a Ciência do Direito Administrativo se tornou um recorte do Direito Administrativo propriamente dito (Direito Administrativo incluiria outros ramos do Direito, como o Previdenciário, o Tributário e o Financeiro). Vejamos.
“Feitas estas considerações fica esclarecido o conteúdo da afirmação inicial de que o direito administrativo e o ramo do direito publico que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem.
Se, na conformidade do exposto, o Direito Administrativo coincide com o conjunto de normas (princípios e regras) que tem o sobredito objeto, ter-se-ia de concluir, logicamente, que a “Ciência do Direito Administrativo” consideraria como pertinente a sua esfera temática a integralidade de tudo o que estivesse compreendido na função administrativa. Sem embargo, não é isto que ocorre.
Certas parcelas do campo recoberto pela função administrativa, isto e, certos capítulos do Direito Administrativo são excluídos de sua orbita de estudos e tratados em apartado, como ramos do Direito - caso do “Direito Tributário”, do “Direito Financeiro”, do “Direito Previdenciário” - conquanto se constituam em unidades temáticas tão sujeitas ao regime jurídico administrativo como quaisquer outras.n Consequentemente, os cursos, os manuais, os tratados de Direito Administrativo, não consideram como matéria enquadrável em seu âmbito de cogitações estes capítulos que serao objeto, isto sim, da “Ciência” do Direito Tributário, do Direito Financeiro, do Direito Previdenciário e dos respectivos cursos, manuais etc.
Isto significa que, em termos práticos, o Direito Administrativo sofre uma amputação em seu âmbito real.” (Curso de Direito Administrativo, 30ª ed, pgs. 37-38)
A diferença mais apontada pela doutrina, no entanto, é a relativa às expressões Direito Administrativo e Ciência da Administração, conforme explica Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
“Autores italianos, espanhóis e portugueses reagiram contra o método de estudo do Direito Administrativo, adotado pela Escola Exegética. Começou-se a ampliar o objeto de estudo do Direito Administrativo, procurando-se fixar os princípios informativos de seus institutos, mas aliando-se a isso o estudo da Ciência da Administração, que envolve matéria de política administrativa e não matéria jurídica propriamente dita. Essa orientação de unir o Direito Administrativo e a Ciência da Administração foi seguida, na Itália, principalmente por Federico Persico e Lorenzo Meucci, na Espanha, por Vicente Santamaria de Paredes e, em Portugal, por Guimarães Pedrosa.
Posteriormente, graças à influência dos próprios doutrinadores italianos (Carlos Francesco Ferraris, Wautrain Cavagnari e Orlando) e dos alemães (Lorenz von Stein e Loening), separou-se a matéria relativa à Ciência da Administração. Isto se deu em decorrência do crescimento de seu objeto de estudo, pois, na segunda metade do século XIX, com a Revolução Industrial, o Estado teve que intervir na ordem social para solucionar os problemas econômicos gerados pelo Estado liberal.
Sentiu-se a necessidade de separar essa atividade do Estado, de ingerência na ordem social, da sua atividade de natureza jurídica.
Ficou para o Direito Administrativo a atividade jurídica do Estado, tendo por objeto a tutela do Direito, com exclusão das funções legislativa e jurisdicional e, para a Ciência da Administração, a atividade social, incluindo as várias formas de ingerência positiva e direta do Estado-poder nas áreas da saúde, educação, cultura, economia, previdência e assistência social (cf. Cretella Júnior, 1966, v. 1:182). Esta divisão justifica-se plenamente, uma vez que a matéria que constitui objeto da Ciência da Administração é aquela concernente à valoração da interferência do Estado na ordem econômica e social, abrangendo os aspectos da utilidade e oportunidade dessa atuação; enquanto o Direito Administrativo é complexo de normas e princípios jurídicos que regem a organização administrativa em seus vários aspectos, bem como as relações da Administração Pública com os particulares.
Sob certo aspecto, o Direito Administrativo sofreu uma redução em seu objeto, porque toda a matéria concernente à política administrativa, envolvendo estudos sobre utilidade e conveniência de uma ou outra forma de atuação do Estado na ordem social, ficou confiada à Ciência da Administração, que não faz mais parte do currículo dos cursos jurídicos, integrando a Ciência Política.” (Direito Administrativo. e-book. 31ª ed. pg. 92-93)
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