Buscar

Quais os principais aspectos da Sociologia?

💡 2 Respostas

User badge image

Danny Alves

--> Divisão de trabalho social: numa sociedade cada individuo deve exercer uma função específica, seguindo direitos e deveres, em busca da solidariedade social;


--> As pessoas se educam influenciadas pelos valores da sociedade onde vivem;

--> A sociedade está estruturada em pilares, que se manifestam através de expressões;


--> Existem fenômenos sociais que devem ser analisados e demonstrados com técnicas especificamente sociais;
-->  A sociedade é algo que está fora e dentro do homem ao mesmo tempo, graças ao que se adota de valores e princípios morais.
1
Dislike0
User badge image

LR

Por Sociologia podemos compreender ser “a ciência da sociedade, entendendo-se por sociedade o campo das relações intersubjetivas” (ABBAGNANO, 2007: 1083), usualmente referida para indicar “qualquer tipo ou espécie de análise empírica ou teórica que se refira aos fatos sociais, ou seja, às efetivas relações inter-subjetivas, em oposição às ‘filosóficas’ ou ‘metafísicas’ da sociedade, que pretendem explicar a natureza da sociedade como um todo, independentemente dos fatos e de modo definitivo” (ABBAGNANO, 2007: 1083). Ou seja, é objeto de estudo da sociologia tudo o que possa ser tomado como fato social, e por fato social entende-se ser todas as relações inter-subjetivas presentes na sociedade. Assim, mando, poder, coerção, consenso, são exemplos de termos sempre presentes, pois havendo relação social, ou seja, havendo um forma qualquer de convivência humano, há objeto a ser estudado pela sociologia.

São três os autores considerados patronos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx. Mesmo que cada qual apresente teorias distintas, o que há em comum entre eles é a seguinte compreensão: “O poder, o Estado, o dever político, são vistos como elementos do ‘social’, quer representem uma ‘função’ na sociedade civil, quer revelem, em vez disso em forma institucional, a coercitividade como elemento da ‘luta de classes’.” (BOBBIO, 1993: 1217). Tomando como elemento de diferenciação conceitos como religião, família e economia, a síntese de cada uma das teorias é a seguinte:

1) Em Durkheim a família, religião e economia são representações do coletivo, e por isso são aspectos presentes na vida humana, produzidos pelo tempo e pelos sucessivos consensos estabelecidos entre os homens de uma mesma sociedade. Só são dignos de análise pois não apenas perduram no tempo como é possível verificar, mesmo que de em diferentes formatos, em diversas sociedades a existência dessas categorias e a influência delas na organização social, como conjunto de regramentos para a conduta em uma dada sociedade. Para além disso, Durkheim compreende que a possibilidade de mudança só é possível mediante ao tempo. O divórcio por exemplo, em um primeiro momento o divórcio não era prescrito por lei, mesmo que o casal vivesse em separação de corpos, a mulher que, estando casada pois não havia a possibilidade jurídica do divórcio, que se relacionasse com outro homem era considerada adultera e criminosa. Em um segundo momento, quando diversos casais passaram a viver em situação de separação de corpos, o divórcio passou a ser previsto pela lei. O crime, como o adultério, não é só considerado normal como é esperado pela sociedade que se cometam crimes, pois representa ao mesmo tempo a possibilidade aberta para mudança e a evolução da sociedade, como um limite de transformação que torna por exemplo grandes e abruptas revoluções algo impossível. O crime é normal e esperado, o adultério é normal e esperado, o patológico, que poderia por exemplo ser um grupo grande de trabalhadores em greve, é considerado uma ofensa ao regramento social e por isso deve ser reprimido a qualquer custo.

2) Em Marx o conceito de família, religião e economia é sempre visto de sob a perspectiva do materialismo histórico. A essência do materialismo histórico é a descrição feita por Marx de práxis. A Práxis neste contexto “designa o conjunto de relações de produção e trabalho, e a ação transformadora que a revolução deve exercer sobre tais relações” (ABBAGNANO, 2007: 922). Em se tratando de práxis material, e humana tendo que vista que a produção material só se concretiza através da dominação da natureza pelo homem, ou seja, através do trabalho, elementos do transcendental não são passiveis de reconhecimento. Assim essa recusa à metafisica é inescapável pois o materialismo histórico marxista “baseia-se inteiramente na ação concreta do homem que, por suas necessidades históricas, opera e transforma a realidade.” (LINGUORI; VOZA, 2017: 300). Marx compreende que “‘a religião, a família, o Estado, o direito, a moral, a ciência, a arte, etc. são apenas modos particulares de produção’” (BOBBIO, 1993: 740). Para o autor , “a personalidade humana é constituída intrinsecamente (em sua própria natureza) por relações de trabalho e de produção que o homem participa para prover suas necessidades” (ABBAGNANO, 2007: 750). Assim, não são essas relações (de trabalho e de produção) que produzem a forma com que o homem pensa, com que o homem concebe seu próprio mundo, e sim é a forma com que o homem concebe o mundo, ou seja é “A ‘consciência’ do homem (suas crenças religiosas, morais, políticas etc.)” é que são os elementos que produzem as citadas relações. Podemos então definir o materialismo histórico da seguinte forma: “as formas assumidas pela sociedade ao longo de sua história dependem das relações econômicas predominantes em certas fases dela.” (ABBAGNANO, 2007: 750). Essa tese é formulada a fim de se apresentar como contraponto à visão de Hegel. Se em Hegel, “é a consciência que determina o ser social do homem”, em Marx “é o ser social do homem que determina a sua consciência” (ABBAGNANO, 2007: 750). Nas palavras de Marx: “ ‘Em sua vida produtiva em sociedade, os homens participam de determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade: relações de produção que correspondem a certa fase de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. Esse conjunto de relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, que é a base real sobre a qual se erige uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas sociais de consciência. [...] Portanto, o modo de produção da vida material em geral condiciona o processo da vida social, política e espiritual’ (...).” (ABBAGNANO, 2007: 750). Marx compreende que “ ‘a religião, a família, o Estado, o direito, a moral, a ciência, a arte, etc. são apenas modos particulares de produção’” (BOBBIO, 1993: 740). Ao passo que os intelectuais que precederam Marx conjecturavam um cenário onde o homem estaria em estado de natureza tal que, fadado a insustentabilidade por diversas razões, os homens se aglutinariam por vontade própria, em torno de uma vida comunitária onde seria possível organizar a reprodução material da vida, assim é a consciência do homem o aspecto organizativo da produção material (Estado, econômica, etc), é a vontade do homem que condiciona a existência do Estado. Marx entende que em realidade que “O modo de produção da vida material” é o que condiciona “o processo social, político e espiritual da vida” (BOBBIO, 1993: 741). Por fim: “ ‘A vida material dos indivíduos, que não dependem em absoluto de sua pura ‘vontade’, o seu modo de produção e a forma de relações, que se condicionam reciprocamente, são a base real do Estado em todos os estádios nos quais ainda é necessária a divisão do trabalho, totalmente independente da vontade dos indivíduos. Estas relações reais não são absolutamente criados pelo poder do Estado; são, antes, essas relações o poder que cria o Estado.” (BOBBIO, 1993: 740).

3) Em Weber a questão religiosa (a família é expressão da religião) é central para explicar a questão econômica. Weber afirma-se, e de fato era, pertencente a classe burguesa. Dessa forma ele julgava estar atestando sua própria fé. Como burguês, sentindo-se e agindo segundo sua classe, vivia então de acordo com os modos vigentes de uma moralidade protestante. Entretanto, assumir isso não significa aprovava a beatice religiosa, era inclusive indiferente ao culto religioso. Ao contrario disso, significava que Weber compreendia o valor instrumental da religião na composição da própria burguesia, ao passo que compreendia que os valores protestantes eram os valores burgueses. Quando escreve A ética protestante e o espirito capitalista (1904), verifica que há na moralidade religiosa certos regramentos econômicos característicos da lógica capitalista. Weber declara então sua fé nos seguintes termos: "Sou um membro da classe burguesa. Sinto-me como tal, fui educado de acordo com suas concepções e seus ideais. No entanto, é de vocação (Beruf) da nossa ciência dizer o que não se gosta de ouvir — de dizê-lo para o alto e para baixo, inclusive para a própria classe [...]. Não foi a burguesia, por sua própria força, que criou o Estado alemão. Uma vez criado, houve no comando da nação uma figura de César, feita de cepa diferente da burguesa [...]. É claro que grande parte da alta burguesia deseja o aparecimento de um novo César que a proteja das classes populares ascendentes, tanto quanto da tendência ao reformismo social vinda do alto, tendência esta que lhe parece ser a das dinastias alemãs.’” (POLLAK, 1996: 89). A teoria weberiana, para de compreender o sistema capitalista, estrutura sua análise da seguinte forma: “a) delimitou a distinção entre uma formação católica e outra protestante, em que a diferença estaria alocada na perspectiva de uma educação humanista (católica) em confronto com uma mais técnica (protestante); b) empreendeu uma análise do ‘espírito capitalista’ (não o sistema econômico e a empresa capitalista), articulado a uma ética de vida em torno da dedicação ao trabalho e da bisca da riqueza, considerados como dever moral.” (WEBER, 2016: 8 – 9). A grande preocupação do autor, o que Weber buscou resolver em sua teoria, foi “a questão do poder, da iniciativa, da conduta e das ações que quase se naturalizam com o passar dos tempos, relacionadas, portanto, a uma dimensão de poder, porque há uma aceitação voluntária em torno de um tipo de conduta considerada como válida” (WEBER, 2016: 10).

Referência bibliográfica:

POLLAK, Michael. Max Weber: elementos para uma biografia sociointelectual (parte II). In MANA 2(2): 85-113, 1996.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito capitalista. São Paulo: Martin Claret, 2016.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 4ed, 1966.

DURKHEIM, Émile. 1999. Da divisão do trabalho social, São Paulo: Martins Fontes:1-109.

RODRIGUES, José Albertino. Émile Durkheim. São Paulo: Editora Ática, 2005.           

LIGUORI, Guido; VOZA, Pasquale. Dicionário Gramsciniano: 1926 - 1937. São Paulo: Boitempo, 2017.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857 – 1858: esboços da critica econômica. supervisão editorial Mario Duayer; tradução Mario Duayer, Nélio Schneider (colaboração de Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman). São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011 [3° reimpressão: agosto de 2016].

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta.

User badge image

Outros materiais