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Explique sobre negócio jurídico.

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Santos Martins

Negócio jurídico é uma subcategoria da modalidade relação jurídica. Relação jurídica, por sua vez, "consiste em um vínculo entre dois ou mais sujeitos de direito, segundo formas que são previstas pelo ordenamento jurídico e geram direitos e/ou obrigações para as partes".

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

Os negócios jurídicos ou atos jurídicos negociais são manifestações de vontade por meio das quais se cria relações jurídicas, unilatera, bilateral ou plurilateralmente, com possibilidade de escolha da aderência a determinada situação, bem como de suas consequências, criando, modificando, transferindo, conservando ou extinguindo direitos.

O negócio jurídico deve preencher aos requisitos do art. 104, do CC, para ser válido:

"Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei."

Ademais, a manifestação de vontade deve ser livre e desembaraçada para que possua aptidão para produzir os efeitos. Essa questão é tão importante, que o Código Civil elencou uma série de hipóteses de invalidade, seja pela anulação ou pela nulidade.

Vamos conferir:

Os negócios jurídicos são nulos, não se convalidando, não podendo haver confirmação, podendo ser alegadas as nulidades pela parte interessada, pelo Ministério Público quando couber intervir ou pelo juiz, de ofício, ocorrendo nas hipóteses do art. 166, do CC:

"Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;

IV - não revestir a forma prescrita em lei;

V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados."

Ademais, são anuláveis, ou seja, podem ser convalidados, ratificados e dependem de provocação da parte interessada, estando sujeito a prazo decadencial, nas hipóteses do art. 171, do CC:

"Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente;

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores."

Lembramos que os relativamente incapazes figuram no art. 4º, do CC:

"Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

 II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;      

 III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;     

IV - os pródigos."

Por fim, quanto aos vícios ou defeitos do negócio jurídico:

Defeito ou vício do  negócio jurídico ocorre quando há determinada imperfeição, de consentimento ou social, que macule a livre e desembaraçada declaração da vontade ou que busque lesar terceiros, o que pode gerar anulação do negócio jurídico celebrado, desde que requerida pela parte interessada, no prazo decadencial de 4 anos, a contar dos fatos previstos no art. 178, I e II, do CC:

"Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:

I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;"

Os vícios ou defeitos dos negócios jurídicos estão regulados entre os arts. 138 e 165, do CC e podem ser de consentimento ou sociais.

1) Vícios de consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão;

2) Vícios sociais: fraude contra credores.

a) Do erro ou ignorância:

Ocorrerá quando "as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio." (art. 138, do CC). Devemos destacar que o erro é uma falha na percepção daquele que realiza o negócio jurídico, não sendo induzido ou ludibriado por qualquer pessoa.

A Lei Civil traz, ainda o que se chama erro essencial ou substancial (art. 139, do CC):

"Art. 139. O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico."

b) Do dolo:

No dolo existe a ação da outra parte ou de terceiros para induzir à falsa percepção de quem pratica o negócio jurídico. Quando o dolo for fundamental para a prática do negócio, este será anulável (art. 145, do CC).

Lembramos que o dolo acidental se trata daquele que macula o consentimento, mas que não dá causa à celebração do negócio jurídico, ou seja, com ou sem dolo o negócio seria praticado, mas em outras condições. Assim, não gera anulação, mas enseja perdas e danos (art. 146, do CC).

O dolo pode ser manifesto ou por meio do silêncio intencional, bem como pela omissão dolosa, ensejando a anulação do negócio quando for essencial e perdas e danos quando for acidental (art. 147, do CC).

Por fim, pode haver dolo de terceiro, quando este induz alguém a erro para que haja prática do negócio jurídico. Neste caso, se a parte a quem aproveite tivesses ou devesse ter conhecimento, poderá haver anulação. Se a parte não sabia e nem deveria saber, responde o terceiro por perdas e danos (art. 148, do CC).

c) Da Coação:

Nos termos do art. 151, do CC "a coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens".

Pode o juiz, ainda, com base nas circunstâncias, decidir pela coação quando se tratar de pessoa não pertencente à família do paciente (art. 151, §único, do CC).

Lembramos que a ameaça do exercício normal de um direito e o temor reverencial não se consideram coação (art. 153, do CC).

Da mesma forma, "vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos" (art. 154, do CC), mas "subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto". (art. 155, do CC)

d) Do Estado de Perigo:

Conforme dita o art. 156, do CC, "configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa."

Quando se tratar de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz analisará o caso concreto (art. 156, §único, do CC)

e) Da Lesão:

Já a lesão, ocorrerá "quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta." (art. 157, do CC), lembrando que "não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito." (art. 157, §2º, do CC).

f) Da fraude contra credores:

Único vício social do negócio jurídico, temos aqueles negócios praticados por devedores com intuito de lesar credores ou, como informa o art. 158, do CC: "os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos."

Os mesmo direitos são resguardados aos credores cuja garantia se torne insuficiente, mas lembramos que em todo caso, só poderá pleitear anulação aquele credor que já o era ao tempo da prática do ato.

Ademais, por fraude contra credores, "serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante" (art. 159, do CC).

Indo além o Código civil fez previsão do art. 163, do CC, no seguinte sentido: "presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor"

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