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RESUMOS DE ÉTICA NA SAÚDE

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Welson Vicente

Aula 1
Ética: O termo ética deriva de éthos, que significa modo de ser, e, por isto, define-se com frequência a ética como a
doutrina dos costumes ou hábitos adquiridos pelo homem. Aristóteles tornou a ética uma disciplina autônoma no
domínio da filosofia moral. Para ele, o campo ético deveria investigar as características do bem, da perfeição e da
felicidade que são atribuídas ao homem, com o fim de ajustá-los à orientação prática da conduta humana. Ele
considerava que toda “ação humana está orientada para a realização de algum bem, ao qual estão unidos o prazer e a
felicidade”.
Moral: A conceituação de moral, por sua vez, abrange os costumes, ou seja, representa o conjunto das regras de
conduta admitidas numa época ou por um grupo de homens. Ela distingue-se do que é investigado no campo ético, na
medida em que “este último domínio se ocupa de uma moral ligada aos fatos, incorporando valores aceitos pelos
homens ao se inter-relacionarem socialmente” (SKLAR: 2008). Seguindo este sentido, a ética pode ser com preendida,
como propõe Sánchez Vázquez (2002, 23), de “teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade”.O ato moral, portanto, provocado por um ser humano real e contextualizado historicamente, deve ser
avaliado sob o código moral que vigora na sociedade daquele que promoveu a ação.
Ética grega:A reflexão ética autônoma no mundo grego aparece apenas com Sócrates que, combatendo os sofistas,
acreditou na estabilidade das leis, dos princípios verdadeiros e universais das normas, conferindo a elas um valor
intrínseco. A partir dele, o termo ética se afasta tanto do sentido originário de morada quanto de equilíbrio das paixões,
tal como Heráclito e Demócrito respectivamente entendiam. Este avanço foi possível sob a elaboração de um método,
denominado maiêutica, que levasse os diversos cidadãos a uma vida virtuosa.
Ética cristã e moderna: A transformação do cristianismo na religião oficial de Roma no século IV trouxe novos
sentidos para as doutrinas éticas gregas. O período medieval caracteriza-se por uma profunda fragmentação
econômica e política, devido ao surgimento de duas classes que marcam o regime feudal: os senhores feudais, donos
absolutos de terras ou feudos, e os camponeses e servos, os quais eram vendidos e comprados com as terras às q uais
pertenciam e que não podiam abandonar. Nesse quadro, a religião garante certa unidade social, pois a política
depende da Igreja exercendo um forte poder es piritual e centralizando integralm ente a vida intelectual. Sob essas
circunstâncias, “a moral concreta, efetiva, e a ética como doutrina moral estão impregnadas (...) de um conteúdo
religioso que encontramos em todas as manifestações da vida medieval” (SÁNCHEZ VÁZQUEZ: 2002,275-276). Nesse
período, os pensadores cristãos conceberam uma nova ética que encontra em Deus os princípios da vida moral. A esta
nova ética denomina-se teonomia (théos, em grego, significa Deus). Estes pensadores aproveitaram as doutrinas
gregas das virtudes e da correspondência do bom ao verdadeiro, agregando-as ao corpo de uma ética cristã, negando,
por outro lado, fundamentos éticos naturalistas e hedonistas, incompatíveis com as ideias morais cristãs.
Considerando, ainda, que o homem é um peregrino que se prepara para uma vida futura ultraterrena, rejeitaram a
busca da felicidade (eudemonia) que caracterizou grande parte do pensamento grego. Ironicamente, no entanto, a
ética cristã de igualdade é lançada no momento histórico em que os homens conhecem as maiores desigualdades: a
divisão entre escravos e homens livres, ou entre servos e senhores feudais. A história da ética ganha um novo rumo,
entre os séculos XIV e XVI (Renascimento) a partir da valorização do homem nas ciências e nas artes. Retomam -se
algumas tendências éticas antigas no início da Renascença, demarcando-se o início do que se conhece como ética
moderna (séculos XVI-XIX). Este período é marcado pela criação de uma nova sociedade que substitui a ordem feudal
da Idade Média, sob uma série de mudanças. No plano econômico, há o incremento de forças produtivas em função do
desenvolvimento científico, mediante uma perspectiva científica mais prática (Francis Bacon). No plano social, temos o
aparecimento de uma nova classe social a burguesia inicialmente na França (com a Revolução Francesa, 1789),
desenvolvendo-se, no século seguinte, principalmente na Inglaterra. Como consequência, vemos a implantação de um
sistema em que o trabalhador, ao trocar sua força de trabalho por um salário, não é dono dos meios de produção;
esses passam ao domínio da classe burguesa que, ao vender as mercadorias produzidas pelos trabalhadores, atribui
um sobrevalor ao produzido, obtendo uma mais-valia ou lucro: o capitalismo.
Ética contemporânea e relativismo ético: A Ecologia Social, integrando os estudos do homem e de seus
ecossistemas através da compreensão da direta correlação entre natureza e cultura, demonstra que as relações deste
com a sociedade passam necessariamente pela sanidade de suas relações não só com os demais membros de sua
espécie, como também pelo modo relacional que estabelece consigo próprio e com seu ambiente. O esfacelamento
deste conjunto inviabiliza qualquer tentativa de desenvolvimento. Não há desenvolvimento social sem antes a formação
de uma ética que baseie os pressupostos fundamentais de uma sociedade e, todo o problema do desenvolvimento,
segundo estes autores, reside justamente na ausência desta ética por parte, não apenas dos governos, mas também
do próprio modelo de ciência que arbitra o sistema teórico de sustentação das políticas governamentais.
Aula 2
Bioética história
As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda Guerra Mundial, quando o
mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código
ético para normatizar os estudos e experiências relacionados a seres humanos.O objetivo primordial da Bioética é
discutir as questões relativas à vida e a saúde, principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas
posteriores aos debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates se restrinjam
a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de aspectos delicados e extremamente complexos.
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante busca por mais desenvolvimento
tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida
 
 
 
humana passa a ser concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debat e ético sobre a
sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto pode ser feito para que as pessoas em
geral vivam mais e melhor.Para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da
interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação: (1)
descritiva, voltada para a descrição e análise destes conflitos; (2) normativa, com relação a tais conflitos, no duplo
sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles
considerados corretos; e (3) protetora, no sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma
disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos” (Schramm, F.R. 2002.
Bioética para quê? Revista Camiliana da Saúde, ano 1, vol. 1, n. 2 jul/dez de 2002 ISSN 1677-9029, pp. 14-21).
A Bioética atua de modo a solucionar questões práticas decorrentes de intervenções médicas e científicas
sobre o ser humano. Esta atuação se divide em três tipos distintos de procedimentos. São eles:
Descritivo Voltado para a descrição e análise dos conflitos produzidos pela interação entre o ser hu mano e as
práticas científicas.
Normativo Direcionado para a prescrição de procedimentos médicos e científicos corretos e pela proibição de
procedimentos reprováveis eticamente.
Protetor Atua de modo a proteger os envolvidos em algum tipo de disputa de interesses e valores, priorizando a
defesa da parte mais fraca.
Para objetivar estas atuações, a Bioética se sustenta em alguns conceitos básicos:
O princípio do duplo efeito: O principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais
considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos. A primeira destas condições se refere ao fato de que
a ação em si, não deve ser má. Isto significa dizer que o mal não pode ser meio para produção do bem, assim como
um ato mau não pode ser moralmente aceito mesmo que produza benefícios. 
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