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o uso do crack é um problema sociológico?

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LR

De antemão, uma diferenciação é necessária: o conceito de ‘problema sociológico’ não é o mesmo conceito de ‘problema social’. Feita esta diferenciação, o uso do crack pode ser considerado um problema sociológico e um problema social. A dependência química gerada pelo uso do crack é uma questão a ser tratada do ponto de vista médico. O uso de crack se torna um problema social, e não apenas médico, no seguinte sentido: há uma polêmica a respeito de qual tratamento deve ser dado em casos de aglutinação de pessoas dependentes do uso de crack e outras drogas em determinados locais da cidade, para citar o exemplo paulistano a Cracolândia. Deve-se tratar os dependentes químicos como um caso de polícia ou de saúde? Reprimir violentamente os moradores da região (dependentes e não dependentes químicos), resolve a questão? Quando o uso do crack se torna um problema social, e se tornando um problema social há a necessidade de trata-lo de forma institucional, ou seja, através do ação do Estado, o uso de crack passa a ser um problema sociológico, e isso significa que passa a ser um objeto de estudos das ciências sociais que inclui especialmente a disciplina de sociologia, não podendo excluir-se de ser um possível objeto de estudos da antropologia e da ciência política, por exemplo.

Rui expõe a questão nos seguintes termos: “Não há quem, no Brasil, não tenho ouvido falar da ‘cracolândia’ paulistana. Ela é fonte inesgotável de notícias, de histórias e de pânico. A mais famosa territorialidade de uso de crack do país é considerada lugar que se deve evitar, lugar de perigo, lugar degradado. Também de degredo. E, por isso mesmo e em vários aspectos, lugar de grande atração. Pensar sobre ela exige criatividade e rigor.” (RUI, 2014: 91).

Em Gomes e Adorno o debate surge da seguinte forma: “O que seria afinal uma hierarquia de uso, senão uma classificação externa desligada de lugares e contextos? No espaço da Cracolândia fica expressa uma relação entre o lugar social, ou o lugar por onde passaram as trajetórias dos sujeitos apresentados, e o uso de uma droga. Predomina no cenário mais conservador da sociedade a perspectiva da retirada e do internamento compulsório desses usuários. Essa ação busca enquadrá-los como os intratáveis que devem ser submetidos à força ao tratamento psiquiátrico, o que contraria o movimento da reforma psiquiátrica ocorrido no Brasil. Por outro lado, a ação de redução de danos, que é apoiada pelo Ministério da Saúde, necessita de um maior fortalecimento e de maior articulação institucional para poder se legitimar como uma ação de atenção e de garantia de direitos.” (GOMES e ADORNO, 2011: 584-585).

 

Referências bibliográficas:

RUI, Taniele. Usos da “Luz” e da “cracolândia”: etnografia de práticas espaciais. In Saude soc. [online]. 2014, vol.23, n.1, pp.91-104.

GOMES, Bruno Ramos e ADORNO, Rubens de Camargo Ferreira. Tornar-se ‘nóia’: trajetória e sofrimento social nos ‘usos de crack’ no centro de São Paulo. In Etnográfica v. 15 n. 3 Lisboa jun. 2011

 

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