No tocante às relações de consumo, é correto afirmar que a reparação do dano moral coletivo está previsto CDC?
Na seção II, do Código de Defesa do Consumido, que trata da Responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, tem o art. 17, "Para os efeitos desta seção, equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento.
"Logo, basta ser "vitima"de um produto ou serviço para ser privilegiado com a posição de consumidor legalmente protegido pelas normas sobre responsabilidade objetiva peo fato do produto presentes no CDC." (Marques, 2013, p.550)
Comentário ao Codigo de Defesa do Consumidor
Trata-se de uma questão polêmica.
O artigo 6º do CDC traz a seguinte disposição:
"Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;"
Para a ministra Nancy Andrighi (STJ) o CDC foi um divisor de águas no enfrentamento do tema. No julgamento do REsp 636.021, a ministra afirmou que o artigo 81 do código do consumidor rompeu com a tradição jurídica clássica, de que só indivíduos seriam titulares de um interesse juridicamente tutelado ou de uma vontade protegida pelo ordenamento.
"Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum."
Para a ministra, a evolução legislativa acerca do dano moral coletivo reconhece que a lesão a um bem difuso ou coletivo corresponde a um dano não patrimonial. Para ela, "criam-se direitos cujo sujeito é uma coletividade difusa, indeterminada, que não goza de personalidade jurídica e cuja pretensão só pode ser satisfeita quando deduzida em juízo por representantes adequados".
No entanto, ainda é polêmica a possibilidade de ocorrência de dano moral coletivo. A 1ª Turma do STJ (REsp 971.844), por exemplo, entendeu ser necessária a vinculação do dano moral "com a noção de dor, sofrimento psíquico e de caráter individual, incompatível, assim, com a noção de transindividualidade – indeterminabilidade do sujeito passivo, indivisibilidade da ofensa e de reparação da lesão".
No REsp 598.281, asseverou-se que a vítima do dano moral deve ser, necessariamente, uma pessoa, uma vez que "a ofensa moral sempre se dirige à pessoa enquanto portadora de individualidade própria; de um vultus singular e único".
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